ENTRELUZ HELENO BERNARDI
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ENTRELUZ FOTOGRAFIAS VÍDEOS OBJETOS
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Vista da exposição Entreluz Galeria Coleção de Arte Rio de Janeiro 2010
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Entreluz “Entreluz” é um conjunto de trabalhos que se desenvolvem a partir da apropriação da pintura Narciso, de Caravaggio. Em fotografias e vídeo, uma reprodução da obra de Caravaggio é espelhada sobre uma lâmina de água em movimento, dando origem a reflexos distorcidos.
Caravaggio (Michelangelo Merisi, 1571-1610) Narciso alla fonte / 1797-1599 Óleo sobre tela / 113 x 95 cm Galleria Nazionale d’Arte Antica / Roma
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Narciso #1 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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Narciso #3 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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Narciso #9 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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Narciso #13 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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Narciso #18 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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Narciso #24 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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Pรกg. anterior Narciso #32 Fotografia / 77 x 115 cm 2007-2010
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SĂŠrie Narciso 24 de 39 fotografias / 77 x 115 cm cada 2007-2010
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No vídeo “Narciso”, a superfície de água em movimento reflete uma imagem indefinida. Com a redução da turbulência, começa-se a reconhecer o reflexo da figura de Narciso. Antes que esta imagem se forme por completo, o vídeo se encerra.
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Stills de vídeo Narciso 30” 2007-2010
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No vídeo “Entreluz”, uma tela em branco é preenchida com tinta preta. À medida que a ação transcorre, surge a imagem do artista, em ação, refletida na superfície. Stills de vídeo Entreluz 2’12” 2010
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Sempre agora Gesso cromado e purpurina DimensĂľes variĂĄveis 2010
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Entreluz Roberto Corrêa dos Santos portanto agora a face conduz o corpo à sua curvatura – a face vê a face sua e outra em estranho e próximo esplendor – eis a estender os braços para apoiar-se e no conforto ver-se – ver-se a si como se possível – ver-se no côncavo modo de contemplar-se – a câmera de um cinema sem filme mas não vazio de películas tremula – gera a câmera lâminas a brilharem no escuro – possuir a si como se possível e na clareza ardente das tintas negras – amar afoga – amar afoga terá pensado enquanto a vestida carne dança – em quantos movimentos de instantes de um se avizinhando da imagem sua e outra pode alguém colorir em nova vez e diferentemente esta fresta de paixão – devagar devagar – lenta a luz arvora-se – algo de belo e terrível incide sob sobre sob sob sob – trinta e nove portas de saída e entrada qual um número secreto – trinta e nove portas de saída e entrada para talvez o líquido estendido explicar ser aquilo apenas aquilo e não quem – e aquele que bem o vira e bem o colocara em tela partiu em idade de igual número – um leque para baixo nasce ali cortante – reconheçam-se desde sempre os perigos das duplicidades – e se o esquema do dois não fosse o fator que determina a cena e sim os diagramas das dobras das dobras das dobras de – uma vida abre-se com esse pensar súbito de que vento em tudo há – o vermelho entra pela janela de local algum onde o afeto se encontra ou esteve – tremereis – um fazer-se paciente está a processar-se – um pincel macio e móvel põe-se a construir o obtuso lago – estratégias plásticas e argumentativas percorrem os sítios da pesquisa que ora se dá – de cima mira-se a ocorrência potencialmente letífica – na púrpura o deslumbramento da ausência exata quem sabe a vir – essas figuras alguém julgou nutriram o ocidente – e já não são figuras ou narrativas sequer ficcionismos ou fantasmagorias – matérias sim e sim de arte
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e vida em hora de reverterem-se – findam os apoios de explicações férreas para traços tantos e cruzados aqui aqui aqui e de maneira imediata e simples – basta desembaraçar-se das coisas fixas e ditas para dissolver maus sentidos quanto ao mal de ontem e de lá – pois e se e talvez tudo se opera sem origem ou fim ou tempo ou motivo – ocorre simplesmente ocorre – observa-se daqui o que ocorre – o fato da ocorrência – como ir porém em frente havendo a água o espelho o reflexo – tremereis – sangue claridade sombra e assim é – um título pula o substantivo e a circunstância e clama o verbo e a luz pois se trata de saúde e clínica – a matéria conhece seus próprios trabalhos constitutivos e acompanha o desmonte de sua trama e não nomeia de tempo o espaço a ruir e a erguer-se a ruir a erguer-se e sublinha alegre ser isso o sinal de vida mais e mais e de haver força mesmo quando juntíssima aos quase afogamentos por afeto ou carícia ou esquecimento ou desejo ou – basta não basta não basta não – o olho inquietado mira o olho inquietado – o olho tranquiliza-se por deparar-se com seu suposto par em sítio comum – obras muitas conjugam-se sem precisarem de elos entre uma e uma – legiões viram a obra – legiões cataram nela sensores – legiões aglutinam-se ao redor da obra de letra que da obra pictórica se apoderou com fim de reter e fundar uma ciência que tomba e levanta e tomba – legiões obedeceram ao fundo dado à obra – e já sem fundo e distante dos códigos a obra opera opera como se suave deflagrasse um ato assustante conceitual e belo – a obra acolheu os abraços estes estes nas salas estas estas das salas estas estas – se uma curva do mesmo diferido restou rocha e eco nada abala o impulso para que ressoe e ressoe e ressoe seu poder acústico – se uma curva do mesmo diferido restou flor nada se faz obstáculo para que úmida surgisse surgisse surgisse saltando única por sobre o naufrágio – rastros de nomes e nomes pelos bosques das telas dos objetos das cenas desenham-se em águas e em crânio de áurea luz e neles juno poussin diotima bernardi ramnusia damisch jacques plotino merisi paolo jarman schlomo naso etcetcetcetcetcetcetcetetcetcetcetcetcetcetcetetcetcetcetc
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– portanto agora a face conduz o corpo à sua curvatura – a face vê a face sua e outra em estranho e próximo esplendor – eis a estender os braços para apoiar-se e no conforto ver-se – ver-se a si como se possível – ver-se no côncavo modo de contemplar-se – a câmera de um cinema sem filme mas não vazio de películas tremula – gera a câmera lâminas a brilharem no escuro – possuir a si como se possível e na clareza ardente das tintas negras – amar afoga – amar afoga terá pensado enquanto a vestida carne dança – em quantos movimentos de instantes de um se avizinhando da imagem sua e outra pode alguém colorir em nova vez e diferentemente esta fresta de paixão – devagar devagar – lenta a luz arvora-se – algo de belo e terrível incide sob sobre sob sob sob sob sob sob sob sob sob sob sobre
Texto publicado no catálogo da exposição Entreluz Galeria Coleção de Arte / Rio de Janeiro 2010
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Entreluz Parte integrante da caixa ÍNDEX H2O Ação e Arte 2016
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