Reportagem de turismo

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SequĂŞncia DidĂĄtica Reportagem de Turismo Eliana Gagliardi Heloisa Amaral


INTRODUÇÃO Professor, trabalhar com sequências didáticas (SD) de gêneros discursivos contribui muito para que o aluno desenvolva sua competência leitora-escritora de seus alunos. Além disso, esse trabalho tem características de projeto interdisciplinar porque envolve, muitas vezes, conhecimentos de diferentes disciplinas. É o caso da reportagem de turismo. Para elaborar um texto no gênero, os alunos precisarão conhecer a história e a geografia do lugar, por exemplo. Da história, além de dados oficiais, poderão contar com as memórias de pessoas que vivem na região há algum tempo. Da geografia, precisarão conhecer dados demográficos, econômicos, ter informações sobre relevo, hidrografia, vegetação etc. Além disso, terão que utilizar habilidades, como fotografar, filmar, editar que já dominam, o que é bom por valorizar as experiências e aprendizagens não escolares, muito valiosas. Em alguns casos, cadernos ou livros com sequências didáticas são organizados como material para o aluno. Neste caso, a sequência do trabalho está em suas mãos. Você conduz as atividades e as organiza (ou reorganiza) de modo a encaixá-las em sua rotina de sala de aula, a adaptar à idade-série de seus alunos etc. A elaboração desta sequência visa o trabalho com alunos do fundamental I (5º ano) e II (6º, 7º anos), mas ela pode ser adaptada para alunos mais velhos. O trabalho com as SD, de conduzido adequadamente, torna-se bastante animado e produtivo. Experimente e comprove!


DICAS INICIAIS Um aspecto importante a ser considerado no caso de uma reportagem de turismo é que você precisa, inicialmente, ajudar seus alunos a redescobrir o lugar onde eles vivem. Muitas vezes, quando moramos há muito tempo em certo lugar, ficamos "cegos" sobre suas belezas naturais e sobre sua cultura. Antes de iniciar o trabalho com seus alunos, sugerimos que você faça um “esquentamento” preparatório. Para aquecer a meninada, que tal procurar fazer com que eles olhem o lugar onde vivem de uma forma nova, curiosa, descobrindo ou redescobrindo coisas interessantes? A primeira atividade pode ser somente uma conversa. Você poderia pedir que eles imaginassem a seguinte situação: alguns parentes pretendem visitá-los e querem conhecer o lugar onde eles vivem; seria bem legal levá-los para dar uma volta!  A que lugares levariam os parentes? Na cachoeira? Nas praias? Na igreja de São Bonifácio? No clube? Shopping?  Será que existe uma ocasião melhor para a visita? Na Semana Santa, quando as ruas estarão enfeitadas para a procissão? Na ocasião da Festa do Divino, da festa do Peão e Boiadeiro? No aniversário da cidade? Tanta coisa! Puxe pelas memórias dos alunos e coloque todo mundo no clima de redescobrir a cidade! Para se escrever uma reportagem sobre as atrações de um determinado lugar, é necessário, primeiro, conhecê-lo, ou seja, descobrir o que nele existe de agradável, diferente ou pitoresco e que possa interessar às pessoas que desejam viajar. Como as reportagens de turismo costumam ser publicadas principalmente em revistas, sugere-se é a construção de um ambiente em sala de aula semelhante ao de uma redação de revista, o que ajudará a criar um clima apropriado para a produção desse gênero de discurso. O faz-de-conta pode entusiasmar a todos. Se a classe "virar" a redação de uma revista, você será o editor local e os alunos serão os repórteres que recolherão as informações e farão a redação final da reportagem de turismo. Como “repórteres”, eles podem, dentro do possível, visitar alguns lugares de sua cidade para escolher e descrever para os leitores aqueles que possam mais interessá-los quando de uma possível visita. Podem também fazer entrevistas com artesãos, festeiros, responsáveis por reservas ecológicas e outras pessoas que possam fornecer dados para a reportagem que deverá ser escrita conforme as recomendações de seu "editor", o professor da classe, você. As informações colhidas nesse momento são dados essenciais para a realização do texto de uma reportagem de turismo.


As entrevistas A tarefa dos “repórteres” seria entrevistar antigos moradores, que poderiam dar informações sobre a história da cidade, artesãos, que poderiam falar sobre as características de seu trabalho, responsáveis por parques florestais, museus, igrejas etc., que teriam informações sobre os aspectos interessantes do lugar. Também poderiam ser entrevistados donos de hotéis, pousadas, campings e restaurantes, para saber o que eles podem oferecer para os turistas e quanto cobram por isso. Para isso, você poderia dividir seus alunos em pequenos grupos voltados, cada qual, para a realização de um tipo de entrevista. Ou poderia convidar diferentes pessoas para serem entrevistadas na escola e cada grupo entrevistaria uma delas. Poderia também ser usado o telefone, a internet. Para a realização das entrevistas, sugerimos o roteiro a seguir.  Nome do entrevistado e tempo de residência no lugar.  O que sabe sobre: a fundação e o desenvolvimento da cidade; sobre músicas e danças típicas da região; suas festas e origem das mesmas; sobre artesanato local, matéria prima utilizada e pontos de vendas. As visitas Se os locais já forem conhecidos dos alunos, você pedirá que eles relatem o que sabem. É importante que os alunos deem o nome das atrações, digam sua localização, as formas de acesso e deem outras informações como altura das montanhas e cachoeiras, quilometragem das trilhas, se há guias disponíveis para contratar, se é preciso levar roupas e calçados especiais e equipamentos para a prática de esportes. Caso desconheçam atrações do lugar, precisam colher informações sobre as belezas naturais da localidade (montanhas, praias, cachoeiras, trilhas, etc.) e, neste caso, excursões podem ser organizadas para que os alunos as observem e descrevam. Em ambos os casos, você orientará os alunos sobre o que deve ser escrito e observado. Nossas sugestões se encontram no quadro que segue.


Sugestões de observação sobre o local a ser visitado:

 as facilidades ou dificuldades de acesso, se é possível ir de carro ou somente

 quantos quilômetros, aproximadamente, tem o caminho,  se dá para entrar na água, em caso de ser praia ou cachoeira,  se necessário ou não levar roupas especiais,  se tem bar ou restaurante nestes locais e o que servem ou se é necessário levar lanche,

 se for montanha, qual a paisagem que se avista, a altura ,  o melhor horário para visitação e  o nome da atração! Além dessas informações que podem vir de entrevistas e visitas, há outras mais gerais que precisam constar das reportagens: épocas mais favoráveis para as visitas, locais para compras, serviços como bancos, postos turísticos, hospitais e que podem facilitar a viagem. Outras informações interessantes são aquelas que se referem à economia do lugar: os produtos da lavoura, da pecuária, da indústria. Muitos lugares, em função de sua economia, atraem os visitantes por meio de comidas típicas, bebidas diferenciadas e outros produtos que são vendidos em estabelecimentos locais. Os grupos deverão socializar as informações, lendo para a classe suas entrevistas ou relatos de observação das atrações naturais. Outra forma de socializar as informações é organizar um mural na classe.


ENSINAR A ESCREVER UMA REPORTAGEM DE TURISMO Preparar seus alunos para uma produção escrita não quer dizer criar expectativas de que façam um texto muito elaborado, como se fossem adultos. O que se espera é que escrevam uma reportagem de turismo que revele um ponto de vista infantil ou juvenil sobre o tema tratado. a) Situação de produção Leia juntamente com seus alunos, algumas reportagens de turismo para que eles possam nelas observar e refletir sobre a situação em que se produz tal gênero de reportagem: quem escreve, para quem escreve, com qual finalidade, em qual veículo de comunicação, qual o momento da publicação.

Nova Catarina por Marilda R. de Colasso

Aconchegada entre as montanhas catarinenses, Nova Catarina tem clima ameno durante o verão. No inverno, quando a temperatura costuma cair muito, o turista pode ser surpreendido com uma paisagem rara no Brasil: os telhados cobertos de neve. Localizada no sul do país, no Estado de Santa Catarina, Nova Catarina reúne belezas naturais e culturais que encantam os turistas. Os traços da colonização alemã são marcantes em toda a cidade. Os alemães que ali se estabeleceram no início do século XX moldaram a região conforme a arquitetura de sua terra natal, além de enriquecerem a cultura trazendo receitas culinárias deliciosas. A fabricação de chocolates é um exemplo típico. Os viajantes não resistem a essas delícias que têm fama nacional. Nova Catarina atrai os esportistas que gostam de fazer escaladas arriscadas. Outros viajantes, menos ousados, poderão subir em morros mais baixos para apreciar a belíssima vista do vale do Rio das Cobras. Há guias turísticos na cidade, que acompanham os viajantes nessas caminhadas. A hospedagem pode ser feita no Hotel Hackmann, que oferece todas as refeições por um preço razoável, ou em pequenas pousadas e no camping da cidade. Para aproveitar bem os passeios, é importante trazer botas ou tênis confortáveis. Se vier no inverno, não deixe de trazer agasalhos bem quentes. Retirado da revista "Alegria de Viajar", fevereiro de 2000, Prosópolis/SD.


Após a leitura da reportagem acima, você pode perguntar aos seus alunos:  Quem é o autor da reportagem?  Qual o objetivo ou finalidade dela?  Quem, possivelmente, seria seu leitor?  Onde e quando foi publicada?

 o autor do texto é Marilda R. de Colasso, repórter da revista de turismo "Alegria de Viajar", de circulação nacional. Ela é, provavelmente, uma pessoa que ganha a vida escrevendo; deve gostar de viajar e de apresentar ao público os diferentes lugares que existem por aí;

 o objetivo ou finalidade do autor é atrair o público leitor a viajar para a cidade de Nova Catarina; o autor antecipa os possíveis interesses de seus leitores para descrever as atrações do lugar;

 o público leitor de seu texto é formado, provavelmente, por leitores interessados em visitar diferentes lugares;

 o lugar e o tempo de produção desse texto é uma revista atual de turismo "Alegria de Viajar" - com seu editor chefe que pretende vendê-la para pessoas interessadas em viajar. Se achar conveniente, leia com eles outras reportagem e faça as mesmas perguntas. Consultar anexo com outras reportagens de turismo.

b) Informações O texto de reportagem sobre as atrações de uma localidade, em geral, traz algumas informações básicas que vão ser apresentada aos leitores interessados em conhecer diferentes lugares. Leia com seus alunos a reportagem de turismo abaixo, como um primeiro exemplo. Depois, apresente outras, publicadas em jornais e revistas, para que os alunos possam observar não só as particularidades de cada reportagem, mas também o que elas têm em comum.


VITÓRIA DAS ÁGUAS CLARAS por Viviane Carneiro Vitória das Águas Claras é uma pequena cidade do interior do Pará onde a natureza ainda está muito preservada. O turista interessado em conhecê-la pode viajar por barco ou avião. Há barcos e aviões que saem de Belém do Pará e vão até Vitória das Águas Claras. Se o viajante escolher ir pelos rios, terá que viajar às terças e quintas, que são os dias da semana em que saem os barcos. Aviões partem de Belém todos os dias, na parte da tarde, mas custam mais caro. E, atenção! Os horários nem sempre são respeitados. A pequena Vitória das Águas Claras existe desde o século XIX. Sua fundação está ligada a uma antiga lenda: dizia-se que havia ouro nos rios da região. Os mineradores chegaram, fundaram a pequena vila e logo desistiram de procurar o minério. Não havia ouro, mas a região era tão bonita que alguns resolveram ficar e trazer suas famílias. Esta foi a origem da cidade. As maiores atrações de Vitória das Águas Claras são os rios transparentes. O viajante poderá admirar os peixes de várias espécies como se estivesse olhando um aquário. É possível passear de barco para conhecer aldeias indígenas e comprar as belas cerâmicas que seus habitantes fazem. De todas as atrações de Vitória das Águas Claras, porém, a maior é a simpatia de seus habitantes. São pessoas calmas e alegres, gostam de boas conversas. A hospedagem é simples. Há algumas pousadas como a de Dona Rita, famosa por sua comida. A diária não assusta: R$ 50,00, com café da manhã e almoço, para o casal. Outras pousadas têm preço mais em conta. Como os rios parecem chamar você para um bom mergulho, é importante trazer roupas de banho. Retirado da revista "Alegria de Viajar", março de 2002)


Após a leitura, faça perguntas para seus alunos: Onde se localiza a cidade? Como chegar lá? Locais de acomodação? Clima? O que o repórter escreve sobre a história local? E sobre sua natureza? Pela leitura podemos observar que:  o autor indica a localização e descreve os meios de transporte e os caminhos que os viajantes poderão utilizar para chegar ao lugar – “Pequena cidade do interior do Pará”; “O turista interessado em conhecê-la pode viajar por barco ou avião. Há barcos e aviões...”  o autor demonstra que os turistas poderão ficar bem acomodados nos locais de hospedagem que o lugar oferece – “A hospedagem é simples. Há algumas pousadas como a de Dona...”  ele também ressalta as condições gerais do lugar e indica tipos de roupa e de acessórios necessários que o turista deve levar para garantir seu conforto – “As maiores atrações de Vitória das Águas Claras são os rios transparentes”, “Como os rios parecem chamar as pessoas um bom mergulho, é importante trazer roupas de banho.”  o autor alerta os futuros viajantes para possíveis contratempos que poderá ter durante a viagem – “E, atenção! Os horários nem sempre são respeitados.”  escreve resumidamente sobre a história do local – “A pequena Vitória das Águas Claras existe desde o século XIX...” A seguir proponha que os alunos se reúnam em pequenos grupos para fazer a leitura de reportagens em jornais e revistas, publicadas recentemente, e peça que respondam às mesmas perguntas.


c) Organização do texto Peça aos seus alunos que observem, nas reportagens lidas, se a informações essenciais aparecem sempre em uma mesma ordem, ou seja, se os autores das reportagens sempre seguem uma mesma organização. Se você escolheu reportagens diversas para seus alunos lerem, eles chegarão à conclusão que as reportagens de turismo trazem sempre algumas informações básicas. Porém, podem ser organizadas de maneiras bem diferentes. Os autores dos textos podem iniciar a reportagem localizando a cidade e como se tem acesso à ela: "Localizado no interior do Rio de Janeiro, o município de Três Rios fica na divisa com Minas Gerais." Outras vezes, ele inicia pelos aspectos históricos, pois estes são os mais relevantes para atrair os turistas: "O povoado que deu origem à capital do Ceará nasceu em volta da fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, construída em 1649 por holandeses que dominavam o território". Outras vezes ainda, a reportagem começa pelo que a localidade tem de mais exuberante em termos de belezas naturais: "Os contornos sinuosos da Serra do Mar que margeiam o oceano, definem um litoral repleto de recortes com enseadas e baías cheias de ilhas. As mais de oitenta praias de Ubatuba são pequenas e cercadas por paredões rochosos". O autor da reportagem considera, para elaborar sua reportagem, tanto o que o local indicado por ele tem de mais importante, como os diferentes interesses do leitor imaginado por ele: se esse leitor for uma pessoa que gosta de lugares sem muita agitação, ele destacará esses aspectos do lugar: "Um dos orgulhos da cidade é não ter um carnaval animado. Em compensação, oferece-se um dos visuais mais bonitos do litoral cearense".


d) Algumas características da linguagem de uma reportagem de turismo Para descrever ao leitor as atrações de um determinado lugar, o autor da reportagem costuma lançar mão de alguns recursos de linguagem. Leia com seus alunos o exemplo a seguir: "Quando você chega a Barro Branco, a 75 km de capital do estado e olha o mar verde quebrando diante das falésias coloridas, com pescadores e artesãos trabalhando sob o sol, logo pensa: "Isso aqui parece cenário de novela." Pois Barro Branco foi mesmo cenário de novela e preserva intacta a casa que serviu de moradia ao personagem principal. Depois, filmes e novelas usaram aquelas paisagens em suas produções. Compreende-se. Barro Branco, que fica na chamada Costa do Sol Nascente, é uma praia apaixonante e tudo ali só faz aumentar essa sensação. Da caminhada pelo labirinto de falésias ao bate-papo com os meninos que estão aprendendo a fabricar as garrafinhas com figuras de areia colorida, tudo parece bonito em Barro Branco." Adaptado da reportagem "Praias do Ceará", texto de Mario Viana e fotos de Ivan Carneiro, publicado na revista "Viaje Mais Por Menos", São Paulo, Editora Europa, março de 2002.

Depois de ler, converse com seus alunos e vá dirigindo o olhar deles para alguns usos da linguagem do repórter:

   

como ele trata o leitor? usa adjetivos? quais? qual o tempo verbal mais usado? Eles, ao final da conversa, podem ter percebido que o repórter parece convidar o leitor a olhar a cidade com ele. "Quando você chega a Barro Branco ... e olha (ou seja, você olha) o mar verde quebrando diante das falésias coloridas, com pescadores e artesãos trabalhando sob o sol, logo pensa (ou seja, você pensa): “Isso aqui parece cenário de novela." Vê-se que ele quer tornar o leitor uma espécie de companheiro próximo: chama o leitor de você (poderia chamar o leitor de senhor ou nem mencioná-lo), divide com ele a beleza de um cenário que certamente o leitor viu porque apareceu em uma novela, em rede nacional de televisão. É como se ele dissesse: "Lembra-se daquele lugar lindo que viu na novela? Você pode vê-lo de perto, ele não é um lugar de sonho, existe na realidade."


O autor da reportagem usa: 

adjetivos - é importante observar que o autor de uma reportagem sobre atrações de um determinado lugar, ao fazer sua descrição, qualifica sempre estas diferentes atrações ou a própria localidade.

verbos no presente – observar que a maioria dos verbos está no presente, levando o leitor, por meio desse recurso, a se colocar na situação apresentada.

o pronome de tratamento “você” - também é importante observar que o repórter descreve os locais apresentados como se estivesse conversando com o leitor; um recurso de linguagem para conseguir esse efeito é chamar o leitor de “você”.

Em seguida, é importante que os alunos leiam em conjunto novas reportagens de turismo, observando as orientações acima e outras particularidades dessa linguagem. Nesse momento, você pode escolher uma reportagem que fale dos aspectos históricos do lugar (quando conta a história do lugar, o autor usa os verbos no passado), uma outra, na qual o repórter formula perguntas pelo leitor, como se certa pergunta fosse uma dúvida do próprio leitor e ele mesmo a responde. Por exemplo, quando o autor escreve: “Comida mineira? Tem também...” Para que os alunos consolidem o que aprenderam sobre as características das reportagens de turismo, proponha que leiam mais algumas, daquelas publicadas em revistas especializadas. ELABORAÇÃO DE SÍNTESE DE ROTEIRO Junto com seus alunos, realize uma síntese de roteiro para uma reportagem de turismo que deverá ser mais ou menos como este:

1. localização da cidade; 2. diferentes formas de acesso; 3. história do lugar; 4. diferentes atrações da localidade, tanto as culturais como as naturais; 5. indicação dos lugares onde o visitante poderia se hospedar, comer e se divertir; 6. sugestões sobre o que levar para vestir, o que comprar, como aproveitar melhor a viagem, o que evitar, etc.


OUTRAS ATIVIDADES Você pode propor aos seus alunos mais algumas atividades para que eles possam aperfeiçoar seu conhecimento sobre reportagens de turismo. 1 - Leia abaixo os dois começos de reportagens e sublinhe as palavras utilizadas pelo redator da reportagem de turismo para encantar os futuros visitantes. a) "Para os turistas que vão às cidades surgidas com a descoberta das minas das Gerais pelos bandeirantes paulistas, rever a história colonial do Brasil é um passeio maravilhoso." b) "Os contornos sinuosos da Serra do Mar que margeiam o oceano definem um litoral recortado com enseadas e baías encantadoras, cheias de ilhas. As mais de oitenta magníficas praias de Ubatuba são pequenas e cercadas por paredões rochosos". 2 – Que tal colocar na lousa algumas frases e pedir que seus alunos as completem com adjetivos? Sugerimos algumas, que podem ser completadas com os adjetivos: sinuosos, majestosa, verdejante.

  

De Congula vemos uma (majestosa) cadeia de montanhas que divide os estados de Fatu e Caterá. Os (sinuosos) rios percorrem as terras do pantanal e morrem no mar. Caminhando por entre a (verdejante) paisagem, pode-se avistar as (magníficas) aves que lá fazem seus ninhos.

3- Os redatores procuram escrever de um modo coloquial, como se a reportagem fosse uma conversa com o leitor. Leia os trechos abaixo e diga quais as palavras que ele usa para indicar proximidade do leitor. a)"O centro da cidade é o trampolim: dele você mergulha na história." (Chama o leitor) b) "Em Silva Xavier há restaurantes internacionais para todos os gostos. Comida mineira? Tem também, e nada como pedir um "mané sem jaleco" espécie de baião-de-dois com lombo assado." (O repórter faz a pergunta e a responde, como se estivesse respondendo a uma pergunta do o leitor). 4 - Muitas vezes, os autores de reportagens turísticas usam expressões que acreditam que o leitor conheça. Nos trechos que vêm a seguir, identifique estas expressões curiosas. a)"A cidade ferve o ano inteiro ..." b) "É possível vê-los e até desfilar numa escola na Passarela - todas elas têm alas para "gringos". c) "Ela sedia dois badalados festivais anuais - o de cinema, em janeiro, e o de gastronomia em agosto."


5 - Outros autores parecem descrever as paisagens como quem pinta um quadro. Pensamos que os alunos podem perceber este modo de descrever, se escutarem sua leitura e tentarem descobrir o que causa esta impressão de quadro: palavras que descrevem as formas, linhas e cores das paisagens e o modo como a luz se reflete nelas. Vamos observar como isso se dá no primeiro texto abaixo: a) "A maresia da manhã que nasce esfumaçada, a extensa faixa de areia, compondo uma atmosfera diáfana, tudo parece enaltecer o lugar. Da praia, vêse o Farol dos Naufragados e a Fortaleza de Araçatuba. “ “A manhã nasce esfumaçada”, isto é, não nasce simplesmente ou de qualquer outro modo; a atmosfera é diáfana, isto é, deixa passar a luz, sem que os objetos sejam vistos com nitidez. No segundo texto, temos outra descrição desse tipo: b) "O sol se põe do outro lado da montanha, deixando o céu ligeiramente rosado. Essa luz reflete-se na cachoeira que despenca do alto de 145 metros, em meio ao verde da mata. Ver essa maravilha exige um pouco de sacrifício: o turista deve caminhar cerca de 7 quilômetros numa trilha íngreme.” “A luz se reflete na cachoeira que despenca do alto de 145 metros.” Assim escrevendo, o autor nos faz “ver” esta paisagem: uma cachoeira provavelmente rosada pelo reflexo da luz; uma cachoeira que cai de um lugar alto e que por ser alto faz com que a cachoeira despenque. Se fossemos pintar essas paisagens, teríamos boas indicações. Que tal pedir a seus alunos que façam desenhos a partir dessas descrições? 6 – Outra sugestão é que apresente aos seus alunos a foto de uma paisagem (pode ser a de uma revista) e peça que eles a descrevam como fariam alguns autores que escrevem reportagens turísticas: como se pintassem um quadro.


Você pode fazer uma síntese, junto com seus alunos, sobre a linguagem de uma reportagem de turismo. A síntese seria mais ou menos assim:  descrição da localidade,  linguagem convidativa,  verbos geralmente no presente - quando faz suas descrições,  verbos no passado - quando se trata da história,  uso de adjetivos;  conversar com o leitor, dirigindo-se a ele por meio da palavra “você” e formulando perguntas no lugar desse leitor.

PRODUÇÃO COLETIVA e PRODUÇÃO INDIVIDUAL Você pode fazer as duas sugestões de produção (coletiva e individual) ou somente uma delas. a) Produção coletiva A partir dessas informações obtidas nas visitas e nas entrevistas, e também do estudo realizado anteriormente, você produzirá, juntamente com os alunos, a escrita coletiva de uma reportagem de turismo. A escrita coletiva é uma forma de ensino na qual o professor registra o texto que os alunos formulam oralmente, mas o aperfeiçoa, isto é, ele escreve da maneira como os alunos "ditam", com todos os erros e problemas, mas vai questionando a classe no sentido de melhorar a escrita. A intervenção do professor, neste momento, é vital para que haja um crescimento da escrita desses alunos. O que estamos propondo é uma forma de atuação na qual o professor nem abandona o aluno, aceitando tudo que ele dita, com todos os erros e problemas, nem se limita a uma correção individual tradicional, onde os erros são apontados, mas onde não se discute com os alunos as razões desses erros e os meios de superá-los. Você deve encaminhar a discussão elaborando perguntas do tipo:


É assim mesmo que se escreve esta palavra?

Não falta nenhuma letra nesta palavra?

Quem acha que esta frase ficaria melhor escrita de outra maneira? Vamos tentar?

Vamos pensar em outra palavra no lugar desta para não ficar muito repetitivo?

Que tal fazer uma alteração, deslocando esta frase para depois?

Será que não está faltando um adjetivo para acompanhar esta palavra?

Acho que estão faltando algumas informações tais como...

O que podemos inserir para que o texto fique mais atrativo para o leitor?

O questionamento e o registro feitos pelo professor, as alterações e as correções feitas com a participação de todos são grandes auxiliares para o progresso na escrita. Nesse momento você pode trabalhar, também, com algumas dificuldades que são muito comuns, como organização de parágrafos, pontuação, uso de maiúsculas em nomes próprios, etc. b) Produção individual Uma boa maneira de auxiliar os alunos em sua produção individual é deixar à vista de todos três materiais:

 Os dados obtidos por meio das entrevistas e visitas;  O roteiro de informações básicas;  O quadro com as características de linguagem. Os alunos podem, a partir desse momento, escrever individualmente um primeiro rascunho de sua reportagem de turismo. Certamente algumas palavras que serão utilizadas pelos alunos causam dúvidas na hora de escrever. Conforme as dúvidas forem surgindo, você pode colocar no quadro essas palavras, para que todos os alunos possam fazer uma conferência da ortografia.


c) Autoavaliação Depois que terminarem, você poderá auxiliá-los a fazer uma autocorreção, colocando a tabela abaixo no quadro ou reproduzindo cópias para os alunos, se for possível. Os alunos poderão conferir se sua redação está satisfatória antes de passá-la limpo. 1. Indicou a localização do lugar? Por exemplo: “Catapeva, localizada a 250 km da capital...”; 2. Descreveu as diferentes formas de acesso? Ex: Você pode chegar em Catapeva por barco ou avião”. 3. Contou de forma resumida, a história do lugar? ”Foi fundado no século XVI por missionários da ordem de São Bonifácio que...” 4. Indicou os lugares onde o turista poderá se hospedar, comer e se divertir? Ex: “Se você quer mais conforto, hospede-se na Pousada do Boni...” 5. Deu sugestões sobre o que levar para vestir, o que comprar, como aproveitar melhor a viagem, o que evitar, etc? Ex: “Roupas confortáveis e tênis são indispensáveis. Como a temperatura cai à noite, leve casacos bem quentes.“ 6. Usou e abusou dos adjetivos? “Suas deslumbrantes paisagens ...”, “Seus rios de águas cristalinas...” 7. Descreveu as atrações de forma a chamar a atenção do leitor para o lugar? 8. Usou os verbos no presente? Ex: “O viajante percorre um trecho de mata e chega na Cachoeira do Rolado ” 9. Quando resumiu a história do lugar, usou o verbo no passado? ”Modengo foi palco de muitas lutas”. 10. Verificou se fez parágrafos e usou pontuação? 11. Lembrou de colocar letra maiúscula nos nomes próprios, início de parágrafos e após as pontuações? 12. Corrigiu os erros de ortografia? 13. Escreveu com uma letra bem legível, para que todo mundo possa entender? Depois que os textos forem revistos pelos alunos, você poderá fazer uma correção final, antes de ela ser digitada e ilustrada com fotos para serem conhecidas pelo público leitor. Bom trabalho!!!


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