Revista Adventist World - Setembro 2009

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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia

S e te m b ro 2 0 0 9

Aulas,

Cultura e

Cristo

ARTIGO ESPECIAL

A

da ronteira F Última américa do norte Veja página 11


Se te mbro 2009

IGREJA

EM

AÇÃO

Editorial............................. 3 A R T I G O

D E

C A P A

Aulas, Cultura e Cristo

Por Sandra Blackmer ....................... 16

S A R A H

L E E / E D U C A Ç Ã O

D N A

A Escola Holbrook para Indígenas tem transformado e direcionado vidas por 35 anos.

A R T I G O

E S P E C I A L

Notícias do Mundo

3

Janela 7

Como os adventistas cumprem a missão em uma terra de contrastes extremos.

Chipre por Dentro

Visão Mundial 8

A Última Fronteira da América do Norte

Por Judy Thomsen ............................ 11

Notícias & Imagens

A Cura de Cristo em um Mundo em Mudança

PERGUNTAS

BÍBLICAS

Abismos Tenebrosos para os Anjos Maus ............... 26 Por Angel Manuel Rodríguez

DEVOCIONAL

Faltas Ocultas

Por Olga Valdivia ........................................................................ 14 Evitar o pecado é tão importante quanto fazer o que é certo? CRENÇAS

FUNDAMENTAIS

Seu Apoio Divino

Por Aecio E. Cairus ..................................................................... 20 Avaliando o ministério difuso do Espírito Santo. ESPÍRITO

DE

BÍBLICO

O Conflito do Tempo do Fim no Apocalipse ................ 27 Por Mark A. Finley

PROFECIA

Através das Lentes da Alegria

Por Jud Lake ................................................................................ 22 Suas mensagens têm muito mais que “deveres” e “obrigações”. HERANÇA

ESTUDO

ADVENTISTA

O Enfermeiro Guerreiro

Por Marcos Paseggi...................................................................... 24

A incrível história de Kalbermatter.

INTERCÂMBIO

29 29 30 31

MUNDIAL

Cartas O Lugar de Oração Intercâmbio Mundial Intercâmbio de Ideias

O Lugar das Pessoas ............................. 32 Tradução: Sonete Magalhães Costa

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 5, nº 9, setembro de 2009.

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www.portuguese.adventistworld.org


A Igreja em Ação EDITORIAL Acima de Tudo, Curando

O

sermão havia terminado. O hino de apelo tinha sido cantado. Proferi a bênção final, concluindo a série sobre o poder de Jesus para curar. Então, um pastor foi até o microfone. – Vamos fazer algo um pouco estranho hoje à noite – ele disse, com apreensão óbvia. A congregação parou no mesmo instante, sem saber o que fazer. – Exatamente quatro anos atrás –, ele continuou – logo após a apresentação de um dueto ao piano, neste prédio, a esposa de um de nossos pastores sofreu grave acidente no caminho de volta para casa. O acidente a deixou com ferimentos permanentes nos braços e pernas. Hoje, porém, quatro anos mais tarde, ela volta ao piano com a mesma colega, para tocar com apenas uma mão, como testemunho do poder restaurador de Deus. Impressionadas, as centenas de pessoas voltaram aos seus assentos quando as primeiras notas do inesperado dueto começaram a soar cautelosamente. Percebi que os lábios das pessoas, em todo o salão, formavam as palavras de louvor: “Acima de forças, acima de reis, Que a natureza e tudo que se fez…”* Como se estivéssemos assistindo a quatro anos de cura compactados em um momento, sentimos a música florescer e crescer em confiança, à medida que os dedos encontravam as teclas familiares.

Acorde após acorde, apenas três mãos tocavam, enquanto a música expandia a esperança de muitos no salão, que estavam orando, havia muito tempo, para que tal graça um dia acontecesse. O pastor que havia feito a apresentação, agora chorava. Dezenas de pessoas secavam as lágrimas com as mãos e com lencinhos, enquanto outros – homens e mulheres – deixavam que elas caíssem, totalmente impressionados. “Mas na cruz, por amor de mim, Morreu Jesus, sozinho até o fim. Mesmo assim, em humilhação, Morrendo só pensando em mim; Acima de tudo .” O aplauso foi instantâneo e insistente. Centenas se levantaram, não para honrar as musicistas, mas para celebrar a cura, ainda em andamento, e uma história que nunca poderemos esquecer. O povo de Deus está faminto de tais momentos, pois eles são a evidência de que o Adventismo, no cerne, tem que ver com transformação de vidas e com a cura da mente, não apenas mudança de ideias. Quando nos reunirmos em nome de Cristo, assumamos o compromisso de contar e cantar as histórias sobre Seus milagres. O culto, em sua essência, é a nossa festa semanal sobre o amor que nos encontra e nos cura. É a antevisão do dia em que Jesus fará todas as coisas maravilhosamente novas.

— Bill Knott *Tradução livre do hino “Above All”, para que o leitor tenha uma ideia da mensagem da letra.

NOTÍCIAS DO MUNDO Paulsen diz que ênfase da Igreja sobre saúde pode ajudar a curar o mundo

Igreja Adventista mobiliza-se para fortalecer parcerias em saúde global ■ Os adventistas do sétimo dia devem associar-se a outras organizações de saúde na oferta de cuidados primários de saúde em nível mundial, um pedido que insta com os membros da denominação e com as instituições a deixar as abordagens individualistas e oferecer atendimento às comunidades, disse Jan Paulsen, presidente da Associação Geral, no dia 7 de julho. As observações de Paulsen foram feitas na abertura do congresso sobre

saúde global, que estudou formas para atingir metas de saúde pública com diversas parcerias e também como as organizações com base religiosa (FBOs) desempenham tal esforço. Os líderes de saúde da igreja também esperam demonstrar o papel que um estilo de vida total e espiritual pode desempenhar no cuidado primário e encontrar terreno comum ao trabalhar em parceria. (Veja, na íntegra, as considerações do Pr. Paulsen nas páginas 8-11 desta edição)

PROMOVENDO PARCERIAS: Jan Paulsen, presidente da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, fala no Congresso de Saúde Global e Estilo de Vida em Genebra, no dia 7 de julho. Os organizadores do congresso tentam reforçar parcerias com a Organização Mundial de Saúde, que, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, trabalha para melhorar a saúde no mundo. A N S E L

O L I V E R / A N N

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A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS), agência das Nações Unidas, tem procurado promover parcerias com FBOs, que realizam mais de 40% dos cuidados primários em alguns países. No dia 6 de julho, líderes da Igreja Adventista reuniram-se em uma conferência de alto nível com líderes da OMS em Genebra, Suíça, para explorar formas eficazes de parcerias, principalmente com a execução das Metas de Desenvolvimento para o Milênio, da ONU. Líderes de ambos os organismos têm-se reunido várias vezes nos últimos dois anos, culminando esse trabalho com o Congresso Mundial sobre Saúde e Estilo de Vida, realizado em Genebra. Em seu principal discurso, Paulsen incentivou o envolvimento da comunidade como um caminho para os

adventistas expressarem seus valores numa era de globalização. Tal envolvimento, disse ele, definiria a percepção pública sobre a abordagem da igreja na área da saúde primária. Uma concepção individualista e fechada sobre si mesma do cristianismo está absolutamente em contradição com um Salvador que ia ao encontro das pessoas para restaurar os olhos dos cegos, curar leprosos e a mulher emocionalmente abalada”, disse Pausen. “Reclusos, não poderemos

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expressar nossa fé e nosso desejo de imitar a Cristo.” Paulsen falou para cerca de 500 líderes da igreja mundial, num auditório lotado, na Universidade de Genebra, local do congresso. Durante seu discurso de aproximadamente meia hora, Paulsen disse que a igreja continuará a priorizar, facilitar, financiar e apoiar os profissionais da área médica e de cuidado da saúde por meio de sua rede de mais de 600 hospitais, clínicas e postos médicos. Os 150 anos da denominação, sempre dando ênfase à saúde, também destacam a educação sanitária, defesa do vegetarianismo e vida livre do álcool e das drogas. Paulsen também expressou sua preocupação de que as parcerias entrem em contradição com a missão da Igreja, dizendo: “Alguns criticaram, e com razão, a perspectiva escatológica que serve simplesmente para nos reconciliar com a miséria atual. Aguardar (o retorno de Cristo) não é um exercício passivo, mas algo que exige ação no presente.” A ênfase que a igreja dá à saúde, disse Paulsen, não deve ser apenas um mal a ser tratado, definindo o que é saudável para comer ou beber, ou a formação de profissionais de saúde. “Nossa abordagem sobre saúde é um conceito que engloba tudo o que contribui para a plenitude da existência humana”, disse ele. Um funcionário da Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que os adventistas do sétimo dia, no passado, às vezes agiam com exclusivismo, mas disse que a parceria é bem-vinda. “Penso que a Igreja Adventista está pronta para se relacionar oficialmente conosco”, disse Ted Karph, funcionário do Departamento de Parcerias da OMS. “A igreja está aqui para começarmos uma parceria, o que significa que algo já mudou”, disse Karpf.

Referindo-se ao encontro, Jean Duff, diretor-executivo do Centro de Ação Interdenominacional sobre a Pobreza no Mundo, reconheceu a Igreja Adventista como “parceira fiel em mobilizar sua infraestrutura de saúde e congregacional” para colaborar no programa interconfessional antimalária, em Moçambique. Vários líderes do Ministério da Saúde da igreja concordaram com os comentários de Paulsen. “A meu ver, ele definiu uma nova direção”, disse Chester Kuma, diretor associado do Ministério da Saúde da Igreja, no sul do Pacífico. “Ele lançou um grande desafio para a Igreja, levando-nos de volta ao básico. É um bom lembrete sobre compaixão, e isso ajuda os pobres.” Elie Honore, diretor do Ministério de Saúde para a igreja na região interamericana, disse que os comentários de Paulsen não eram dirigidos apenas a líderes de saúde da igreja, mas a muitos outros segmentos. “Temos representantes [no congresso] do Departamento de Educação, da Associação Ministerial, bem como da área administrativa”, declarou Honore. “Ele nos lembrou de perguntas que deveríamos fazer. Não vamos apenas manter ideias ou teorias, mas abrir os olhos para a comunidade e cumprir nossa missão como igreja.” O Congresso de Saúde Global e Estilo de Vida continuou até o dia 10 de julho. Participaram também outros oradores e apresentadores, como David Williams, professor de saúde pública da Universidade Harvard; Sir Michael Marmot, diretor do Instituto Internacional para a Sociedade e Saúde, e Alex Ross, diretor da OMS para o Programa de Parcerias e Reforma das Nações Unidas. – Reportagem de Ansel Oliver, diretor assistente de notícias da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.


W I L M A R F O T O

D O

D E PA R TA M E N T O

D E

Esquerda: CONSULTA: Wilmar Hirle, ao centro, instrui equipe da União Ásia do Pacífico Norte sobre venda de livros. Direita: REVISTA DE SAÚDE: O presidente da União Ásia do Pacífico Norte, Jairyong Lee, e o diretor do Departamento de Publicações, Dae Sung Kim, seguram um exemplar de Best Life, nova revista adventista do sétimo dia sobre saúde, na China.

Literatura Evangelística Adventista Abre Caminho na China e Mongólia ■ Para que o cristianismo produza impacto constante na Mongólia e na China, de acordo com os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia da região, é necessário mais literatura na língua local. Wilmar Hirle, diretor associado do Ministério de Publicações da Associação Geral, visitou recentemente os líderes na China e na Mongólia para discutir o crescimento da Igreja Adventista e sua grande necessidade de literatura adventista traduzida para os idiomas nativos. Hirle encontrou-se com líderes locais em Pequim para saber sobre o crescimento do movimento adventista na China e a recente publicação de uma revista adventista sobre saúde. Jairyoung Lee, presidente da Divisão Asiática do Pacífico Norte (NSD), e Dae Sung Kim, diretor de publicações da mesma divisão, descreveram a situação atual. “A China é um grande país em muitos sentidos”, disse Lee. “É o país mais populoso do mundo, mas é também o que apresenta o maior desafio em relação à missão adventista, por causa da situação política. Vejo um tremendo potencial para o trabalho da Igreja Adventista.”

H I R L E

P U B L I C A Ç Ã O

Segundo David Ng Kok Hoe, diretor de publicações da União/Missão Chinesa, há cerca de 400 mil membros adventistas na China, dirigidos por 100 pastores. Não há associações ou uniões, mas simplesmente igrejas mães, filhas e netas. Dos aproximados seis bilhões de pessoas que vivem na Terra, menos da metade tem acesso à leitura da mensagem adventista em seu idioma nativo. Até recentemente, os adventistas na China nunca tiveram um programa oficial de evangelismo da página impressa. O programa “Um Livro para Jesus” foi criado para alcançar aqueles que não têm acesso à literatura adventista. “É um projeto muito grande”, disse Hoe. “Tenho certeza de que se fôssemos realizá-lo por nós mesmos, seria impossível. Mas temos uma grande família mundial adventista, e este mundo pertence a Deus.” Falando com Hirle, Lee disse que há aproximadamente 200 livrarias cristãs na China e eles planejam abrir cinco livrarias adventistas em futuro próximo. Os líderes também discutiram a criação da primeira revista adventista chinesa de saúde, Best Life (Viva

Melhor). Embora o começo seja pequeno − apenas cinco mil cópias estão circulando agora – tanto a necessidade quanto o potencial são grandes. Na China, há 1,3 bilhão de pessoas e muitas delas enfrentam poluição, estresse e aglomeração nas grandes cidades. Milhões lutam contra o fumo e o álcool. Como resultado, informações confiáveis sobre como abordar questões de saúde serão proveitosas, com o aumento do desenvolvimento da nação. A revista Best Life foi lançada em outubro de 2008, e Lee disse que a divisão espera ser possível aumentar a circulação para 50 mil nos próximos anos. “Entendemos que haverá muitas dificuldades”, disse Lee, “mas o Senhor certamente tem nos ajudado. Quando vimos o primeiro exemplar da revista de saúde sair do prelo, demos muitas graças a Deus.” No passado, era muito difícil conseguir permissão do governo chinês para imprimir livros e revistas, especialmente publicações religiosas. Os líderes adventistas chineses dizem que se sentem abençoados por terem tido a cooperação do governo chinês para publicar a revista Best Life. Recentemente, foi votado publicar o livro Vida de Jesus, versão condensada de O Desejado de Todas as Nações, em grandes quantidades para a população chinesa. Segundo Hirle, os líderes de publicação chineses esperam publicar um milhão de cópias na primeira edição.

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A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO

“Estamos muito animados com esse projeto”, disse Lee. “Na China, nunca houve literatura ou material impresso suficiente. Se pudermos publicar centenas de milhares e até milhões de cópias do Vida de Jesus e distribuí-los entre os membros de nossa igreja, faremos um grande impacto em nossas comunidades locais .” Hirle também viajou à Mongólia para dialogar sobre a crescente necessidade de literatura evangelística. Segundo Paul Kotanko, presidente da Missão da Mongólia, “há ali apenas 2,9 milhões de pessoas em uma área pouco menor que o Estado do Alaska. Desde 1990, com o fim do comunismo, há grande interesse por religião. Hoje, protegido pela constituição da Mongólia, que garante liberdade religiosa, os cristãos somam apenas 3% da população.” Os livros adventistas do sétimo dia ainda não foram traduzidos para o Khalkha Mongol, idioma falado por 90% da população daquele país. Segundo Hirle, cinco livros, inclusive o Sinais de Esperança, do evangelista adventista Alejandro Bullón, já estão sendo traduzidos para o idioma nativo. “Esse projeto será muito benéfico”, disse Kotanko. “Há grande necessidade de literatura para apresentarmos ao público. A necessidade mais premente é de tradutores e editores que compreendam as crenças e os ensinos adventistas do sétimo dia para traduzir materiais para o idioma mongol.” Kotanko também disse que a igreja na Mongólia é formada por membros jovens e entusiastas, que estão ansiosos para ler livros sobre a mensagem de Jesus. – Reportagem de Érica Richards, editora estagiária da Adventist World, com informações do Departamento de Publicações da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.

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AUTORES DO ESTUDO: David Wilkinson e Peter Phillips, da Universidade Durham, pesquisaram sobre conhecimento bíblico no Reino Unido. F O T O S :

U N I V E R S I D A D E

D U R H A M

Pesquisas Mostram que Conhecimento da Bíblia Diminui no Reino Unido ■ O conhecimento da Bíblia está diminuindo no Reino Unido. Menos de uma pessoa em vinte são capazes de dizer quais são os Dez Mandamentos, segundo recente pesquisa da Universidade Durham. Sob o patrocínio de uma associação de igrejas nacionais, entidades de caridade e agências bíblicas, mais de 900 pessoas de formação religiosa e não religiosa foram entrevistadas em vários locais em toda Inglaterra e País de Gales sobre o conhecimento da Bíblia. Os resultados iniciais [britânicos] da Pesquisa Nacional de Conhecimento Bíblico mostraram que 62% não conhecem a parábola do filho pródigo e 60% não sabem nada sobre o bom samaritano. Quarenta por cento não sabem que a tradição, entre os cristãos, de trocar presentes no Natal vem da história dos Reis Magos que trouxeram ouro, incenso e mirra para o bebê Jesus. Enquanto apenas 5% das pessoas sabem todos os Dez Mandamentos, 16% não sabem nenhum.

A despeito do sucesso do musical José e o Maravilhoso Casaco Colorido, 57% não sabem absolutamente nada sobre José e seus irmãos. As pessoas entrevistadas que frequentam igreja também mostraram falta de conhecimento bíblico, pois 72% nada sabem sobre Daniel na cova dos leões; desses, um pensou que Daniel fosse “o rei leão”. Outro disse que Davi e Golias é o nome de uma ovelha, enquanto 57% foram incapazes de contar corretamente a história de Jesus acalmando a tempestade no Mar da Galileia. O conhecimento da Bíblia está diminuindo especialmente entre o grupo abaixo de 45 anos de idade. Metade da população com menos de 45 anos não sabe dar informação acurada sobre Sansão e Dalila, comparado ao grupo acima de 45 anos de idade. Da mesma forma, 33% dos menores de 45 anos nada sabem sobre a alimentação dos cinco mil, comparado a 12% dos acima de 45 anos. Os jovens entrevistados disseram que a Bíblia é “antiquada” e “irrelevante”. –Reportagem de Erica Richards, estagiária da Adventist World, com Informações da Universidade Durham.


JANELA

Chipre por Dentro

Por Hans Olsen

Nicósia

S

egundo a mitologia grega, Chipre é o lugar em que nasceu Afrodite, a deusa do amor. Na realidade, Chipre, nação insular do este mediterrâneo, tem sido de tudo um pouco, menos o lugar do amor, pois foi disputada por milhares de anos. Chipre foi conquistada e governada pelos impérios sírio, egípcio, persa, romano e britânico. Hoje, Chipre é um destino turístico popular, em especial para os europeus do norte que buscam praias quentes e tempo seco. A ilha filiou-se à União Europeia (UE), em 2004 e, desde 1º de janeiro de 2008, o euro é sua moeda oficial. Chipre possui forte economia, acima da média na União Europeia. Além do turismo, sua economia depende dos produtos agrícolas, como uvas, frutas cítricas, vegetais e produtos cárneos. Após ser colônia por gerações, Chipre independeu-se do Reino Unido em 1960. Três anos mais tarde, as tensões entre a maioria cipriota grega e a minoria cipriota turca causaram a eclosão de uma breve guerra civil. Os pacificadores das Nações Unidas chegaram em 1964 e tentaram reduzir as ondas de violência a um mínimo.

Foi criada uma zona desmilitarizada, conhecida como linha verde, dividindo o norte, habitado principalmente por cipriotas turcos, do sul, onde a maioria dos cipriotas gregos vivem. Adventistas em Chipre

Moisés Bousalian e sua família foram os primeiros adventistas a chegar a Chipre em 1912, como missionários do estilo construtores de tendas. Moisés vendia pentes feitos em casa, viajando com um burro de uma vila para outra, falando às pessoas, ao longo do caminho, sobre sua fé. Seu filho, John, tornou-se o primeiro colportor adventista da ilha por muitos anos. Nos anos 30, um pequeno grupo de trinta pessoas cultuava juntos em Nacósia, todos os sábados. Por muitos anos, não tiveram um pastor ordenado morando na ilha. Os líderes da igreja os visitavam apenas ocasionalmente para realizar batismo e Santa Ceia. Em 1932, os missionários canadenses E. S. Greaves e sua esposa, que haviam despendido muitos anos de sua vida trabalhando na Grécia e na Turquia, aposentaram–se em Chipre e trabalharam como missionários pioneiros.

Em 1964, J. Sherwood Jones foi indicado como presidente da Igreja Adventista em Chipre, após ser administrada por diversos anos de Beirute, Líbano. Logo, um cipriota e neto de Moisés Boursalian, Moses Elmadjian, foi indicado como secretário-tesoureiro da missão. A Igreja Adventista ainda luta para ganhar terreno em Chipre. A maioria dos cipriotas vai à igreja para comemorar o Natal, a Páscoa, batismos e funerais. Grande parte dos adventistas da ilha são de estrangeiros que foram para ilha por causa do trabalho. Chipre é um dos muitos países que formam a Divisão Trans-Europeia dos Adventistas do Sétimo Dia. Essa divisão está acolhendo o “Siga a Bíblia” neste mês. Essa é uma iniciativa patrocinada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia para estimular interesse profundo na leitura da Bíblia. A jornada será concluída no congresso da Associação Geral, em Atlanta, Georgia, EUA, em junho de 2010. Para saber mais sobre o trabalho missionário dos Adventistas do Sétimo Dia ao redor do mundo, acesse: www.AdventistMission.org.

CHIPRE Nome oficial:

República de Chipre

Capital:

Nicósia

Línguas mais importantes:

Grego, Turco e Inglês.

Religião:

Ortodoxa Grega, 78%; Muçulmana, 18%; Outras, 4%

População:

1,02 milhões*

Membros adventistas: 71* Adventistas per capita:

1:14.208*

*Arquivos Estatísticos da Associação Geral da Associação Geral, 145º Relatório Estatístico Anual.

F O T O S :

G E O F F R E Y

S M I T H

E

C H R I S T I N A

PA PA D O P O U L L O U

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A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL

A

cura

de

cristo

em undo M Mudança

em um

Por Jan Paulsen

Qual é o futuro do ministério da saúde da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ao enfrentar os desafios da rápida evolução do ambiente global? A seguir, está uma adaptação do principal discurso de Jan Paulsen, presidente da Associação Geral, no dia 7 de julho de 2009, no Congresso de Saúde e Estilo de Vida, em Genebra, Suíça.

O

s séculos XIX e XX viram os “profetas da secularização”, sociólogos e pensadores políticos que previram o declínio da fé religiosa como uma força na sociedade. Eles simplesmente tinham como certo que quanto mais as pessoas fossem expostas aos avanços econômicos, científicos e políticos, mais rapidamente se livrariam das algemas antiquadas da fé. A morte da religião era apenas uma questão de tempo. Os obituários, porém, eram prematuros. Encontramo-nos hoje num mundo em que as crenças religiosas são visivelmente importantes e, em alguns lugares, uma força crescente na sociedade. Em vez da “teoria da secularização”, os sociólogos agora estão mais propensos a falar de uma era “pós-secular”. Há, porém, outra força poderosa no século XXI, a qual é produto de décadas recentes. Ao contrário das crenças religiosas, é recém-nascida, frágil e tem pouca ligação com o passado. Estou falando do processo de globalização, que é a recriação das estruturas sociais da humanidade dentro de um lapso de tempo que é simplesmente deslumbrante. A globalização funciona como um grande e dinâmico “sistema de transporte” que conduz ideias, valores e pessoas e as deposita em qualquer lugar, em todos os lugares. As barreiras de idioma, cultura e geografia já não são mais tão importantes

Jan Paulsen é presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

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quanto foram. Nenhuma instituição, pública ou privada, religiosa ou secular, permanece intacta. A globalização é um fato; ela está acontecendo; suas consequências são inevitáveis e imprevisíveis. Do mesmo modo, a religião é uma realidade que está conosco. Está aqui e é uma força poderosa, tanto na vida dos indivíduos como na sociedade em que vivem. Essas duas forças – globalização e religião – convivem juntas, interagindo uma com a outra e, muitas vezes, são interligadas.

Valores Orientadores

Para o Ministério da Saúde da Igreja Adventista do Sétimo Dia, as pesquisas sobre a evolução do panorama mundial que ocorre em lugares onde ela realiza sua missão, são assuntos muito importantes. Ao caminharmos em direção ao futuro, não há dúvida de que o nosso compromisso continua firme. Continuamos a atribuir elevada prioridade na promoção, suporte financeiro e apoio aos profissionais da área médica e de cuidado da saúde por meio de nossa rede de mais de 600 hospitais, sanatórios, clínicas e postos de atendimento; pela nutrição e outros programas de saúde e pela defesa do vegetarianismo e da vida livre do álcool e das drogas. Embora nosso compromisso seja claro, creio que é tempo de refletirmos mais profundamente sobre os valores que devem nos enraizar ao pisarmos no terreno movediço de um mundo em constante mudança. Mais que isso, questionar-nos sobre que valores podem, por sua vez, ser impressos nesse terreno. Que marca singular podemos deixar? Precisamos nos perguntar: A que se parece a abordagem distintamente adventista do ministério da saúde? O que ela oferece que já não esteja sendo oferecido por qualquer outro fornecedor? Consideremos brevemente quatro vertentes de pensamento elaboradas ao longo do patrimônio e da identidade adventista que são centrais para o ministério da saúde da igreja e que, espero, continuem a guiar-nos no futuro.


A N S E L

Obviamente, esta não é uma lista finita de valores, mas pode, talvez, servir como ponto de partida para uma conversação. Tecnologia de Conexão

“Pois Eu tive fome, e vocês Me deram de comer; tive sede, e vocês Me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês Me acolheram; necessitei de roupas, e vocês Me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de Mim; estive preso, e vocês Me visitaram” (Mt 25:35, 36, NVI). Para os adventistas do sétimo dia, nosso modelo de relacionamento com outras pessoas tem seu princípio e fim na radical identificação de Cristo com a humanidade. Uma concepção individualista e fechada sobre si mesma do cristianismo está absolutamente em contradição com um Salvador que ia ao encontro das pessoas para restaurar os olhos dos cegos, curar leprosos e a mulher emocionalmente abalada. Muito simples: não podemos manifestar nossa fé – nosso desejo de imitar a Cristo – em isolamento; encontramos o verdadeiro significado de nossas crenças e valores apenas dentro do contexto das relações humanas. Nas palavras do meu antigo professor Jürgen Moltmann: “A semelhança de Deus não pode ser vivida de forma isolada. Só pode ser vivida em comunidade humana” (J. Moltmann, God in Creation, p. 222). Então, o que significa viver em conexão com os outros? Significa que os seus problemas não são somente seus; são meus também. Significa ter um sentimento de solidariedade para com a humanidade que me faz mais vulnerável, inclusive, para sua mágoa e dor. Viver em conexão com outros significa que os grandes problemas da sociedade são problemas humanos coletivos. Começo a ver que a pobreza, por exemplo, não é apenas o resultado de circunstâncias aleatórias ou sorte arbitrária. Se

O L I V E R

eu vivo com conforto e outra pessoa vive na miséria, pode acaso haver uma relação material entre as duas situações? Talvez haja. Ao admitir isso, meu senso de isolamento diminui e meu senso de responsabilidade para com os outros cresce. Como esses valores se manifestam dentro do ministério da saúde de nossa igreja? Colocando-nos, deliberadamente, em locais onde há “lacunas” no acesso aos cuidados da saúde; oferecendo atendimento sem levar em conta o aspecto cultural, econômico ou religioso da pessoa; evitando o pensamento “paroquial”, formando parcerias criativas com pessoas que compartilham nosso objetivo de aliviar o sofrimento humano, seja uma agência governamental ou outra organização de base religiosa, uma igreja ou mesquita. Significa ser motivado pelo amor, não pelo desejo de vantagem financeira ou tráfico de influência. Finalmente, viver em conexão com os outros significa que “Ao vermos criaturas humanas em aflição, seja devido a infortúnio, seja por causa de pecado, não digamos nunca: Não tenho nada com isso” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 504). Teologia e Dignidade Humana

“Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança” (Gn 1:26). Seja qual for o significado de Imago Dei – e quem tem uma definição? – atinge a pessoa como um todo. Deus nos fez à Sua imagem – seres físicos, espirituais, morais, sociais e intelectuais. Para os adventistas do sétimo dia, porém, o imensurável valor de cada pessoa vem além desse simples selo do Divino dado na Criação. A dignidade humana não resulta apenas de nossas origens, mas também de nosso potencial e de nosso destino. Esse conceito molda a maneira como lidamos com as pessoas.

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A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL Em todos os nossos ministérios de cura, vemos em cada pessoa não apenas “o que ela é”, mas “o que ela poderá ser.” Significa também que temos que, às vezes, ter a coragem de “partir para a luta”, a fim de reconhecer e condenar estruturas ou práticas que diminuam a dignidade de nossos semelhantes. Esse não é território novo para nós. Veja as palavras de Ellen White: “Escravidão, sistema de castas, preconceitos raciais injustos, a opressão do pobre, a negligência do desventurado – tudo isso é considerado como anticristão e uma grave ameaça para o bem-estar da raça humana e como males que a Igreja de Cristo é designada pelo seu Senhor, a destruir” (Life Sketches, p. 473). Simplificando: reconhecer a imagem de Deus na humanidade significa que valorizamos as pessoas sobre todas as coisas – essa é a premissa fundamental presente em tudo o que somos e fazemos como igreja. Teologia e Esperança

“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5). Para os adventistas do sétimo dia, a esperança é um grande tema, uma parte essencial da nossa “marca genética” espiritual. Mas, para nós, esperança não apenas aponta em direção ao epílogo da história humana, o que “está por vir”. Esperança é a lente através da qual vemos o passado, presente e futuro. Nossa esperança olha para trás, para a realidade da morte e ressurreição de Cristo e encontra ali o seu fundamento. É uma esperança que aguarda, com expectativa, o momento da transformação final, quando todas as coisas serão feitas novas, e encontra ali seu ideal, sua motivação. É uma esperança que olha para fora, para as realidades que encontramos hoje e pergunta: O que podemos fazer para começar a preencher a lacuna entre o que é e o que deve ser? Alguns criticam e, com razão, uma perspectiva escatológica que serve simplesmente para nos reconciliar com a atual miséria, uma “letargia apocalíptica”. Mas, para os adventistas do sétimo dia, a renovação de todas as coisas não é apenas um acontecimento futuro da história, é um processo de renovação que se inicia agora. Aguardar a “bendita esperança” não é um exercício passivo, mas algo que exige ação no presente. O ministério de cura da Igreja Adventista do Sétimo Dia é, acima de tudo, um despertar da esperança física e espiritual. Embora as necessidades físicas, muitas vezes, sejam mais visíveis, são indivisíveis das necessidades emocionais e espirituais. Ao ministrar para o corpo, não podemos ignorar o espírito, e a necessidade mais elementar do espírito é a esperança. Teologia e Totalidade

“Semeia-se corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção; semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder” (1Co 15: 42, 43). Na morte e ressurreição de Cristo, vemos vívida e comple-

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tamente exposta a extrema contradição da experiência humana: o poder corrosivo do pecado e o poder criador de Deus; a decadência da humanidade caída e a habilidade de Deus de renovar e transformar; a agonia pela separação de Deus e o Seu triunfo reconquistando o que é propriedade dEle. Na morte e ressurreição de Cristo, essa dialética entre decadência e integridade proporciona uma inigualável exposição do poder criador e redentor de Deus. Tirar integridade da decadência, restauração do que está doente, encontrar paz em meio ao caos e luz na escuridão, eis a tarefa dada aos seguidores de Cristo. Para os adventistas do sétimo dia, “totalidade” tem outra dimensão. Nossa espiritualidade abrange o todo da vida humana; reconhece que: “Muito íntima é a relação que existe entre a mente e o corpo (A Ciência do Bom Viver, p. 241), que não vivemos nossa vida por “segmentos”, onde a saúde física é simplesmente uma “peça” que pode ser separada da totalidade de nossa existência. A nossa abordagem sobre saúde não é limitada apenas ao tratamento da doença ou na definição do que devemos comer ou beber, ou na formação de profissionais de saúde; é o conceito que engloba tudo o que contribui para a “totalidade” da existência humana. Portanto, o ministério da saúde não pode ser separado de nosso comprometimento com a educação, com os direitos humanos, trabalho humanitário, cuidado com o meio ambiente, nosso desejo de ser uma força para o bem em nossas comunidades. Todos esses compromissos fundamentam seu início e fim, seu significado e objetivo em nossa missão espiritual que dá vida e força a tudo o que fazemos como igreja. Uma Vida Melhor

Aqui é onde nos encontramos hoje, à beira de um novo mundo, sem poder imaginar perfeitamente se o deslocamento das placas tecnológicas, econômicas e políticas ainda recriarão o nosso cenário mundial. Como será o amanhã? Eu não sei. Sei, porém, que não devemos ter medo dele. Como o Ministério da Saúde da Igreja Adventista do Sétimo Dia impactará o amanhã? Oro para que permaneça firme ao seu compromisso de criar conexão, promover a dignidade humana e oferecer esperança e totalidade; para que continue, em uma variedade de formas, a ajudar as pessoas a alcançar uma vida “melhor”. Na simples palavra “melhor” reside uma imensa gama de ideias − a habilidade para viver plenamente, amar profundamente, respirar livremente, experimentar a alegria e a ausência do medo, conhecer a esperança que existe fora dos limites do que é finito e que nos levará para a eternidade de Deus. Essa é a vida melhor que Cristo tem para nós; essa é a definição do que nos foi dado.


N H O M S E J U DY T

A RT I G O E S P E C I A L

Por Judy Thomsen

Última

A

Fronteıra América Norte

da

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Todo o Alasca é um campo missionário; as condições na Ilha de St. Lawrence representam o conjunto de seus desafios

O

Alasca é de uma beleza indiscutível. O majestoso Monte McKinley; o dinâmico panorama gelado e a diversidade da vida selvagem do Denali National Park; quilômetros de lindas florestas e cadeias de montanhas; centenas de lagos e rios de águas azul-claras; ricos depósitos de recursos naturais; tundra desolada e os ventos varrendo as praias – está tudo lá – e recebe o intrigante nome de Yakutat, Knik, Skwentna, Polo Norte (a cidade) e 197½ Mile Creek. Ainda há mais: o inverno com temperaturas geladas, trenós puxados por cães e o Iditorod (uma competição de cachorros de trenós por 1.600 km pelos desertos do Alasca). Dias em que o Sol mal aparece e dias em que ele nunca se põe. A vida selvagem é abundante: baleias, morsas, formidáveis ursos pardos e ainda alces – de até 680 quilos – impedindo sua ida para o trabalho quando ficam parados entre a porta da sua casa e o carro. Meu esposo Halvard e eu ficamos emocionados quando Den Crawford, presidente da Associação do Alasca, nos convidou para visitar esse Estado dos Estados Unidos. “O Alasca é a linha de frente do campo missionário da Igreja Adventista

na Divisão Norte-Americana”, disse Ken. “Venha visitar algumas pessoas e alguns lugares”. Assim, nós fomos e provamos das muitas atrações, únicas do Alasca. Voando Alto

Ken foi conosco, no mesmo voo para Kotzebue, Nome, e, finalmente, para a Ilha de St. Lawrence. Em Nome, uma cidade que, por incrível que pareça, se assemelha às do antigo “faroeste” na América do século XIX, paramos para fazer algumas compras e achamos o preço da comida extremamente alto. Se fosse hoje, um galão de leite (3,78 litros) custaria perto de dez dólares e uma pizza média, quase $34. Ken, que é piloto, explicou que viagens em aviões pequenos são indispensáveis naquela região, porque muitas vilas não têm outro acesso a outras comunidades. O aeroporto de Nome é uma sala que acomoda a loja de vendas de passagens, sala de espera, segurança e local de bagagem. Nosso piloto carregou a bagagem no avião de 12 lugares da Bering Air, depois subiu na cabine de voo para voar sobre o Mar Bering até Gambell. A ilha, na realidade, é mais próxima da Rússia que do continente e o

desenho da costa é claramente visível de uma distância próxima a 65 quilômetros. Um pequeno condomínio de casas de madeira tornou-se visível ao aproximar-nos da pista de pouso. Um fino nevoeiro cobria os arredores da vila. As motocicletas de quatro rodas, sempre presentes, trouxeram uma convergência de pessoas, reunindo amigos e familiares para apanhar a correspondência e comer pizza. De certo modo, a vida na Ilha de St. Lawrence é simples – sem auto-estrada, carros, shoppings, multidões e trabalhos estressantes. As ruas não têm nomes. No verão, não escurece para alertá-los de que a noite está chegando; e se a temperatura chegasse aos 15 graus, os Yup’iks nativos certamente chamariam de onda de calor. Mas a vida ali também é difícil. Temperaturas geladas, muito abaixo de

Judy Thomsen é editora

correspondente para a Adventist World. Seu esposo, Halvard, é assistente do presidente da Divisão NorteAmericana para a área de Administração.

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C R A W F O R D

F O T O S :

J U DY T H O M S E N

K E N

zero, inundam as cidades no inverno, quando as máquinas de retirar neve são o meio comum de transporte. A pele de um urso polar jogada na balaustrada da varanda é a evidência do perigo do lado de fora. O isolamento torna muito difícil trazer suprimentos para a ilha, fazendo com que o custo de vida seja alto. Para tratamento médico ou dentário, ou mesmo para o nascimento de bebês, os residentes precisam ir de avião para Nome ou Anchorage. Bambell e Savoonga são pequenas vilas com população entre 650 a 700 pessoas. Todo mundo conhece seus vizinhos; na verdade, todas as pessoas parecem conhecer todos os moradores da cidade. As Igrejas Adventistas do Sétimo Dia em Gambell e Savoonga – uma em cada cidade – são bem usadas aos sábados, mas a casa pastoral já está vazia há um bom tempo. Verdadeiras Joias

Clement Ungott, adventista desde 1971, é o primeiro ancião da igreja de Gambell. Ele nasceu ali mesmo – esse sempre foi o seu lar, diz ele. Os pais da sua esposa, Irma, eram adventistas e foi ela quem despertou nele o interesse pela igreja. “Quando aceitei a verdade, tomei a decisão por livre e espontânea vontade”, disse Clement. “Minha mãe ficou muito desapontada (a princípio), mas antes de morrer ela aceitou o sábado também.” Quando jovem, Clement era amigo do irmão de Irma, mas ele já demonstrava um interesse especial por ela. Como de costume, ele morou com a família dela por um ano. Deram-lhe várias responsabilidades – a maioria delas desagradáveis – para que “provasse ser capaz”. Com um brilho nos olhos e levantando a sobrancelha, Irma disse: “Tiveram que nos aceitar”. Clement e Irma estão casados há 47 anos. Aproveitar as oportunidades para testemunhar, guardar o sábado durante os períodos do ano quando o Sol nunca nasce ou se põe, permanecer em contato com os líderes da igreja na Associação do Alasca ou outros da igreja mundial –

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De cima para baixo: VÃOSE MUITO CEDO: Ossos de baleia marcam o cemitério localizado fora de Savoonga. Leem-se, em muitas cruzes, os nomes de adolescentes e jovens. MEMBROS DA IGREW A R D W E L L S , C O L E Ç Ã O D E W A R D W E L L S , B 8 3 . 9 1 . 5 1 8 6 7. C 8 2 , M U S E U A N C H O R A G E . U S A D O C O M P E R M I S S Ã O . JA ADVENTISTA: Clement e Irma Ungoo. VIDA NO ALASCA: A pele de um urso polar e ossos de baleia são um contraste interessante com o resto dos Estados Unidos. VISITA GRATIFICANTE:da esquerda para direita: Ken Crawford, presidente da Associação do Alasca; Gerard Koonooka, empresário em Gambell e Halvard Thomsen, assistente do presidente da DNA. FEITO HISTÓRICO: Nathan Noongwook (direita/atrás dos cachorros) posa próximo ao trenó puxado por cachorros em sua última viagem para os Correios dos EUA no Alasca, preparando-se para ir de Gambell para Savoonga, na Ilha St. Lawrence. Noongwook, que fez a última viagem para entregar correspondência em 1963, era pai do adventista Chester Noongwook.


esses poderiam ser desafios em Gambell e Savoonga. Quando, porém, é questionado sobre isso, Clement expressa apenas uma necessidade: um pastor de tempo integral. “Os pastores são sempre bem-vindos”, ele disse. Para Irma, não existe lugar como a Ilha de St. Lawrence. “Eu amo minha terra natal”, diz ela. “Nunca tenho vontade de sair daqui, nem mesmo para ir a Nome.” Loja da Cidade

Gererd Koonooka, morador de Gambell e membro da igreja adventista, nos recebeu em seu lar perto das 11h30 da noite – estava claro como dia. Quando era jovem, sua esposa, Ester, frequentava a Escola da Missão Adventista Bristol Bay, perto de Aleknagik, e ali foi batizada. Gerard foi batizado no inverno, num tanque improvisado, porque o lago estava coberto com mais de um metro de gelo. Quando Gerard saiu do tanque, a água que pingou do roupão congelou no chão.1 Gerard tem uma empresa em Gambell. Há alguns anos, ele queria abrir um supermercado, mas a política da companhia de atacadistas de onde compraria a mercadoria para vender, consistia em não conceder crédito para os nativos do Alasca. Mas, com a ajuda financeira do presidente da Associação do Alasca, Joseph Hanse, Gerard pôde começar. As poucas prateleiras que havia a princípio transformaram-se numa grande loja, incluindo ferragens e outros itens. Hoje, ele também serve como provedor de Internet para a ilha. Chester Noogwook, um membro da igreja que se batizou no verão passado, estava assentado na sua cozinha, quando nos recebeu. Quando se aposentou em 1963, a entrega regular de correspondência com trenós puxados por cachorros acabou no Alasca. A placa do Serviço Postal dos Estados Unidos, pendurada num local de destaque, é uma lembrança de sua dedicação a um trabalho que nunca foi fácil – “Com neve ou chuva … neblina ou noite”, certamente eram realidades para Chester.

Entre Aqui e Lá

Quem é o Meu Próximo?

A televisão e a internet levaram o mundo externo para lá. A carne de baleias e morsas secando em prateleiras de madeira e ossos antigos de baleia próximos à praia fazem um grande contraste com o que é visto na tela da televisão. Os jovens trafegam entre dois mundos – a ilha não pode oferecer a vida que é mostrada na televisão. Muitos dos adolescentes e jovens sentem-se amarrados pelas tradições, carência de recursos e inatividade. Mas dos que escolhem partir, poucos permanecem fora. O choque cultural é muito grande. As frases escritas do lado de fora nas paredes dos prédios declaram: “Tédio, Tédio, Grande Tédio”, “Gostaria de Morrer Agora”, “Não Aquento Mais Esperar a Minha Vez”.2 A depressão é comum e muitos acham que o álcool é a solução. Tragicamente, o suicídio também. Muitos adolescentes tentam tirar sua própria vida. Caixões de madeira, enterrados parcialmente por causa do solo permanentemente gelado, comprovam os bem-sucedidos; as cruzes mostram que muitos adolescentes e muitos jovens morreram. Carol Sepplu tem 22 anos de idade. Quando tinha 16, tentou o suicídio. Quando acordou no hospital, descobriu que havia atirado na parte inferior do lado direito de seu rosto. Hoje, uma máscara cobre sua deformação e ela respira por um tubo na garganta. “O álcool é muito perigoso”, diz ela, esforçando-se para falar. “Você não sabe o que vai acontecer. Ele domina e destrói.” Nove dos amigos de Carol se suicidaram nos últimos seis anos. As lágrimas descem pelo rosto dela. “Precisamos de ajuda com base na fé, alguém com quem possamos conversar sobre fé para termos força”, disse ela. “Estou feliz por estar viva. Eu quero ajudar o meu povo.” Outras tragédias também afetaram a igreja. Com lágrimas nos olhos, Irma Ungott relatou a grande tristeza que afetou sua família. Mais de um ano atrás, um dos quatro filhos de Irma e Clement, simplesmente desapareceu.

A Ilha de St. Lawrence é apenas um exemplo do motivo pelo qual Ken Crawford nos chamou para a missão do Alasca. Embora tenha sido organizada em 1929, o tamanho do território intimidou o progresso da igreja e pode desencorajar uma liderança menos otimista. A restrição financeira é um grande empecilho – simplesmente não há gente suficiente para trabalhar. Os 3.731 membros da igreja são divididos entre 38 igrejas e 15 pastores, destinados a cobrir os 1.517.733 quilômetros quadrados do Alasca. Alaska Atualizado

Bill e Elouise Haukes, residentes do sul dos Estados Unidos, ouviram um apelo de Ken Crawford, numa campal na Califórnia, EUA, em 2008, e aceitaram. Foram como voluntários para Savoonga e estão desenvolvendo um programa de prevenção do suicídio. Ambos são enfermeiros com muitos anos de experiência. Eles começaram a vida em Savoonga, em fevereiro de 2009. Na opinião deles, não há lugar como o Ártico. Casais aposentados, trabalhadores temporários, estudantes missionários, voluntários – pessoas dedicadas podem fazer a diferença para muitos que precisam do Senhor e de Seu toque restaurador. As últimas notícias de Ken indicam que a maioria das vagas para missões da associação, para o período de um e dois anos, estão preenchidas e ele está muito feliz. Muitas vilas que já tiveram presença adventista vão tê-la outra vez. Como diz o ex-pastor de Gambell e Savoonga, Rick Binford: “Deus pode usar qualquer um que esteja disposto a ser usado.” Para assistir a um DVD online sobre os desafios no Alasca, assim como a lista de oportunidades para voluntários, acesse www.alaskaconference.org. 1 Nadine Toler Hansen, Alaska Mission History. The Beginnings of Seventh-day Adventist Work in Alaska, 1896-1983, p. 433. Alaska Conference of Seventh-day Adventists. Impresso na China. 2 Gene Weingarten, The Washington Post, 1º de maio, 2005, p. 22.

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D E V O C I O N A L

Por Olga Valdivia

altas F

Ocultas

Uma lição de amor ao próximo

“Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas” (Sl 19:12).*

H

ouve um tempo, em minha vida cristã, no qual era difícil compreender o que Davi quis dizer por “faltas ocultas”. Como é possível violar a lei de Deus se não temos consciência de que estamos pecando? Somos culpados pelo pecado, mesmo assim? Ainda precisamos ser perdoados?

Olga Valdivia escreveu este artigo quando

trabalhava no Attorney General of Natural Resources Division, em Idaho, Estados Unidos.

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As “faltas ocultas” ou pecados mencionados no Salmo 19:12 referem-se a pecados involuntários, pecados que cometemos sem a consciência de estarmos pecando. Trata-se de coisas que deveríamos fazer, mas, por algum motivo, negligenciamos, como um pai que deixa de corrigir o filho que necessita de correção. Pode, também, ser a apatia em relação ao sofrimento ou perda de alguém, ou não tomar a atitude correta contra quem nós sabemos estar fazendo mal a outros, tomar uma propriedade ou destruir a união da comunidade. Os pecados ocultos não precisam necessariamente provocar escândalo como o adultério; mesmo assim, desrespeitam a lei de amor de Deus e representam mal Seu santo caráter. Tão Pouco, Tão Tarde

Até o dia em que encontrei a mulher de conjunto vermelho, não tinha consciência do efeito adverso dos pecados ocultos sobre minha alma ou como podem enfraquecer S C O T T

S N Y D E R / PA W E Ł

Z A W I S T O W S K I / M O D I F I C A D A

D I G I TA L M E N T E


minha relação com Deus. Por vê-la frequentemente vestida em seu uniforme de trabalho, nunca me preocupei em saber seu nome. Para mim, ela era simplesmente a mulher do conjunto vermelho, outra silhueta se apagando na vastidão das paredes de mármore branco do prédio do capitólio, onde nós duas trabalhamos. Coincidentemente, o escritório da mulher de conjunto vermelho ficava bem em frente ao meu. Mesmo assim, muitos anos se passaram antes que eu aprendesse seu nome verdadeiro. Talvez a sua timidez fosse razão para eu não me aproximar dela. Ela era tímida como o céu do início da primavera e seus olhos verdes e gentis pareciam dançar em sua extraordinária timidez, como se, de algum modo, suplicassem por um “olá” que eu sempre dizia rapidamente e de forma impessoal, quando passava pelos corredores. Tenho a impressão de que, limitada pela sua abordagem vaga e distante, logo comecei a percebê-la não como uma pessoa, mas como uma estrutura, quase como se fosse parte do edifício. Assim, esperava vê-la ali para sempre. Numa manhã de inverno, porém, nosso escritório subitamente ficou chocado com a terrível notícia da morte de Marci Smith. Como todos nós que trabalhávamos no edifício do capitólio, Marci Smith devia ter muitos amigos e familiares. Entretanto, ela já estava morta havia uma semana quando

Infelizmente, porém, minha oportunidade de amar Marci Smith, lamentavelmente, havia passado. Fome de Amor

Naquela época, eu não sabia disso, mas a minha negligência e falta de interesse pelos outros constituía uma “falta oculta” que ofendia a Deus. Não é de admirar que o salmista tenha orado: “Ficarei livre de grande transgressão”; “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão (Sl 19:12, 13). Nosso pequeno mundo está faminto de amor do tipo gentil e sincero, capaz de erguer o desanimado e encher nosso coração de esperança. Muitas vezes, porém, devido ao nosso individualismo exacerbado, nos privamos uns dos outros e nos privamos de amor. Nosso maravilhoso Pai celestial quer nos lembrar de que o amor é o único atributo da vida presente que será encontrado inalterado na vida futura. Ele deseja que compreendamos a importância de nos libertarmos das falhas ocultas, de pecados que nos fazem susceptíveis de esquecermos que somos chamados para amar como Deus amou, para fazer do amor a força de nossa vida.

Até o dia em que encontrei a mulher de conjunto vermelho, não tinha consciência do efeito adverso dos pecados ocultos sobre minha alma ou como podem enfraquecer minha relação com Deus. alguém percebeu sua ausência. A notificação de um vizinho que percebeu um estranho e pútrido odor exalando de seu apartamento levou a polícia ao local e foi assim que, finalmente, seu corpo foi encontrado. Fiquei de mal com o mundo. Como era possível alguém morrer e ninguém sentir sua falta? Eu estava certa de que o caso de Marci Smith teria sido diferente se eu tivesse sido sua amiga. Certamente ela não teria morrido sozinha e negligenciada como morreu. De repente, concluí que eu não sabia quem era Marci Smith ou qual era a sua aparência. Desesperadamente, tentei colocar um rosto naquele nome, mas “Marci Smith” era apenas uma triste melodia que se repetia vezes sem fim em meu cérebro, numa canção sem um rosto. Quão terrivelmente inadequada e culpada me senti quando, finalmente, me descreveram a falecida e, de repente, concluí que Marci Smith era a mulher do conjunto vermelho, a mulher sem nome que nunca tive o cuidado de conhecer.

erguntas Ppara

Pensar

1. Como podemos descobrir nossas “faltas ocultas”? Como podemos vencê-las?

2. Como podemos demonstrar o amor de Jesus para as pessoas ao nosso redor?

3. Você já soube que magoou inconscientemente alguém, quando já era tarde demais para reparar o problema? O que você deve fazer, então? E o que faria hoje para mostrar a alguém que você se importa com ele/ela?

4. Que outra lição espiritual pode ser tirada dessa história? Setembro 2009 | Adventist World

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A R T I G O D E C A PA

Aulas,

Cultura e

Cristo A Escola Adventista Holbrook engloba esses três aspectos Por Sandra Blackmer

E

nrolando cuidadosamente seu negro e longo cabelo em quatro coques, dois de cada lado, e prendendo-os com um cordão branco, Krystal examinou-se criticamente junto ao espelho. Sua blusa e saia são de veludo, cinto trançado e poncho com desenhos em brilhante turquesa e terracota. Ela, então, calçou mocacins de couro até os joelhos e jogou um xale sobre os ombros. Minha família ficaria satisfeita de ver-me usando meus trajes Navajo, pensou Krystal. Estou feliz de poder usar minha roupa nativa aqui, mesmo que não faça isso frequentemente. Ela, então, pegou seus livros na escrivaninha e correu para a aula. Diferentemente da maioria das escolas nas reservas do estado do Arizona, nos Estados Unidos, a Escola Adventista do Sétimo Dia Holbrook

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S A R A H

para Indígenas não apenas permite, mas encoraja seus alunos – a maior parte da tribo Navajo – a abraçar sua cultura nativo-americana e manter vivas suas tradições. “Embora o fator acadêmico seja muito importante, a principal missão da escola Holbrook é ensinar os alunos sobre Jesus”, diz a diretora, Janet Claymore-Ross. “Mas também incentivamos o respeito pela cultura nativa.” Claymore-Ross, que é membro da tribo Lakta e a primeira diretora nativa desde a inauguração da escola em 1946, diz que muitos dos valores mantidos pelos nativos americanos são os mesmos nutridos pelos cristãos. “Eles valorizam a honestidade e o respeito tanto de um para com o outro como pela natureza”, diz ela. “Se realmente somos cristãos, se realmente seguimos o que Jesus diz na Bíblia, nos-

L E E

sa crença combina com muito do que eles aprenderam.” Ministério Singular

A Escola Holbrook para Indígenas (EHI) é um internato de ensino fundamental e médio da missão adventista para nativos americanos, situado numa reserva de setenta acres, a aproximadamente 150 quilômetros ao leste de Flagstaff, Arizona, Estados Unidos e a 362 km a nordeste de Fênix. Quase todos os seus 64 alunos vêm de reservas no Arizona e de outros estados vizinhos, e não são membros da Igreja Adventista. Alguns, como Krystal, chegaram à escola com apenas quatro anos de idade. Dez anos mais tarde e em seu penúltimo ano, Krystal ainda está lá e feliz com a experiência. “Eu gosto muito daqui; gostei desde quando cheguei pela primeira vez”, diz


B L A C K M E R S A N D R A

Da esquerda para a direita: TRABALHO COM CERÂMICA: Alunos da Escola Holbrook são nacionalmente conhecidos por sua habilidade na arte de fazer cerâmica. PRÉDIO ADMINISTRATIVO: Prédio da administração de Holbrook. ALUNA ANTIGA: Krystal, agora no segundo ano do ensino médio da Escola Adventista do Sétimo Dia Holbrook para Indígenas, é aluna interna da escola desde os quatro anos de idade. S A N D R A

B L A C K M E R

Krystal. “Lá em casa não havia ninguém da minha idade para brincar e aqui era divertido morar no dormitório e comer coisas diferentes. A escola tem muitas atividades, as aulas são interessantes e fazemos excursões educativas, por exemplo, para a Floresta Petrificada ou para o parque para brincar e fazer piquenique.” Os pais de Krystal se separaram quando ela era pequena e sua avó, com quem ela fica nos recessos e fins de semana, cria que a escola Holbrook proveria nutrição, estabilidade e educação. Embora não fosse adventista, sua avó tinha certeza de que os valores da escola não conflitariam com os seus e que zelaria pela herança cultural da menina. “Krystal fala seu idioma nativo e sabe plantar e colher milho”, diz a vicediretora e secretária, Shannon Brown. “A cultura Navajo mantém vivas muitas de suas tradições. Nossos alunos têm

que aprender como tingir lã e tecer sua roupa antes de se formar. Assim, Krystal faz todas as coisas que se espera que uma mulher nativa tradicional faça.” Mais importante, Krystal aprendeu sobre Jesus na escola Holbrook, e que há um Salvador que tem amor e cuidado por ela. Embora ainda não tenha tomado sua decisão para o batismo, ela diz que “está caminhando nessa direção”. Qualidade Acadêmica

A escola Holdbrook é credenciada pela Associação de Credenciamento Adventista do Sétimo Dia de Escolas, Faculdades e Universidades. Seus dezoito professores de tempo integral e administradores são credenciados e oferecem cursos em ciências, artes, matemática, comunicação e tecnologia, como conserto e solda de máquinas pequenas. Os alunos são nacionalmente

conhecidos por sua habilidade de fazer cerâmica, curso que atualmente é ministrado pela ex-aluna Lynessa Stanley. Mas a primeira missão dos professores e dos 14 funcionários é ajudar a preparar os alunos para uma vida de serviço pelos outros e para a vida eterna com Jesus. “Todos os anos temos batismos”, diz Brown. “Alguns alunos são batizados porque seus amigos o foram, mas a maioria é batizada porque realmente crê.” Ela acrescenta: “O batismo é uma cerimônia, e a comunidade nativa americana é baseada em cerimônias. Quando são batizados, os alunos dizem: ‘Agora preciso viver como um cristão’. Essa é sua transição para a nova vida.” Fé no Dia a Dia

A escola Holbrook é mantida pela União do Pacífico e é a única escola mantida por uma união em toda a Divisão Norte-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A subvenção da divisão cobre cerca de 25% do orçamento da escola. Outros recursos são gerados pelo estipêndio e internato – $75 dólares por mês para o ensino médio; $65 dólares por mês para o ensino fundamental – mas a maioria das famílias não tem condições de pagar esse valor. “Nosso orçamento depende, principalmente, das doações e do dinheiro deixado para a escola em testamentos”, diz Claymore-Ross. “Basicamente prosseguimos confiando que o Senhor providenciará o dinheiro.” Obviamente, Ele providencia. Para exemplificar o cuidado de Deus, Claymore-Ross conta que um dia ela perguntou ao vice-tesoureiro, Eunie Banuag: – Como está nossa situação? – Precisamos orar –, respondeu Banuag e acrescentou – Vamos precisar

Sandra Blackmer é

editora assistente da Adventist World.

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sacar dinheiro [do fundo de operação] para cobrir a folha de pagamento. – Não há nenhum outro jeito? – perguntou Claymore-Ross. – Penso que não. – Então, deixa-me ver minha correspondência e, a seguir, vou preencher os papéis para isso. Claymore-Ross pegou um punhado de cartas e abriu a que estava por cima. Dentro havia um cheque de $30.000 dólares, o exato valor de que necessitavam. “E continua a ser assim”, explica ela. A diretora de desenvolvimento e relações públicas, Bárbara Willis, confirma essas experiências. “Às vezes, o cheque chega pelo correio exatamente no dia em que necessitamos dele”, diz ela. “Às vezes, é um telefonema. A pessoa pode estar pensando em fazer uma doação e, talvez, já estava cogitando em fazer isso uma semana antes, mas a doação chega

no dia exato em que precisamos dela. É uma caminhada diária pela fé.” Enfrentando Desafios

A maioria dos alunos da escola Holbrook vem de lares pobres, de mães solteiras ou de lares sem pais, trazendo com eles o que Claymore-Ross descreve como: “Problemas emocionais severos e de abandono.” Problemas de abuso físico e emocional, alcoolismo, drogas e agressões de gangues violentas, essa é a realidade diária desses jovens, diz ela. “O alcoolismo é definitivamente um grande problema”, diz ClaymoreRoss. “No ano passado, contratamos uma vice-diretora [Shannon Brown], que é formada em psicologia escolar, e ela fez uma grande diferença no aconselhamento aos alunos. Eles a procuram para pedir ajuda. Esse foi um grande avanço.”

P H O T O S

À direita: DIRETORA DA ESCOLA: Janet Claymore-Ross, membro da tribo Lakota, é a primeira diretora Americana-Nativa desde a fundação da escola em 1946.

B Y

S A R A H

Brown concorda que os desafios na escola Holbrook podem parecer assustadores. “Muitos pais enviam os filhos para cá porque eles se envolveram com drogas e gangues”, diz Brown. “Os pais sabem que, quando seus filhos estão aqui, estão seguros.” Descrevendo Holbrook como uma escola das segundas oportunidades, Brown explica: “Alguns dos alunos que vieram se envolveram com droga, ou álcool, ou em brigas. Um de nossos meninos veio da escola pública e estava suspenso por uso de álcool. Ele me disse que gostaria de começar de novo. ‘Eu vou ficar limpo’, ele disse, e permaneceu limpo. Suas notas são boas. Ele está no segundo ano do ensino médio e já demonstra interesse nas faculdades adventistas. “Temos nossas histórias de sucesso e as não tão bem-sucedidas. Mas preferimos nos lembrar das de sucesso”, diz ela.

L E E

MISSÃO ESPIRITUAL E ACADÊMICA: Os dezoito professores licenciados e administradores oferecem instrução em ciências, artes liberais, matemática, comunicação e tecnologia, assim como soldadura e reparo de motores pequenos. A principal missão da escola, porém, é ajudar a preparar os alunos para uma vida de serviço aos outros e para a vida eterna com Jesus. S A N D R A

B L A C K M E R


O professor de matemática e Bíblia, Arthur Miller, leciona em Holbrook há onze anos. Ele disse que não queria fazer “as coisas comuns do dia a dia. Eu queria fazer algo que me desse a chance de compartilhar minha fé diariamente e realmente fazer a diferença”. “Definitivamente esse é um campo missionário”, diz Miller, que recebeu o Prêmio de Professor por Excelência de 2009, da Associação dos Ex-alunos. “A maioria de nossas crianças não é cristã e, muito menos, adventista.” Os diretores da escola encaram os desafios mais diretamente do que os demais funcionários. O preceptor associado, Sam Hubbard, que trabalha na escola há três anos, diz que a diferença de idade é uma característica singular. “Os alunos do ensino médio têm problemas diferentes dos pequenos”, diz Hubbard. “Todos, porém, estão aprendendo sobre Jesus.” Hubbard descreve a arrumação do dormitório para as crianças do ensino fundamental como “aberta, baseada em comunidade”. Referindo-se a realidades de curto prazo, Hubbard diz: “Podemos não ver muito resultado imediatamente no crescimento emocional e espiritual dos alunos, mas, em longo prazo, a experiência deles aqui vai fazer toda a diferença na vida.” Sucesso Contínuo

Os desafios, como o sucesso da escola, não são novos. A departamental de educação da Associação de Idaho, Paulette Jackson, trabalhou como diretora da escola de Holbrook por mais de três anos, de julho de 2003 a dezembro de 2006. Embora veja a missão da escola como multifacetária, ela decidiu compartilhar um de seus principais objetivos: “Oferecer um lugar seguro para as crianças aprenderem sobre Jesus” – e parece que a escola tem cumprido esse objetivo. “Simplesmente nunca tivemos nenhum problema no campus”, diz Jackson. “As gangues são o maior problema nas reservas, mas, mesmo tendo aceitado algumas crianças que estavam tentando sair das gangues, nunca tivemos problema. Elas estavam bem seguras.”

Jackson acredita que outra razão para os pais enviarem os filhos para a escola é o fato de que ali eles são livres para manter sua cultura no ambiente escolar. “Eles podem usar seus trajes nativos sempre que desejarem”, diz Jackson. “Ensinamos a história nativa, que foi incorporada no currículo. Mesmo quando ensinamos sobre Deus, o fazemos de um modo que esteja relacionado à sua cultura.” Mas Jackson admite que Holbrook não consegue resolver todos os problemas. “Há apenas um ou dois pastores adventistas para 300 mil pessoas na reserva Navajo”, diz ela. “Eles não têm programas para jovens; não há um lugar para que esses jovens procurem apoio após deixar Holbrook. É muito desanimador. Às vezes, após a formatura, os alunos voltam para nos visitar. Eles ajudam no refeitório e se hospedam no quarto de visitas. Este é um lugar confortável para eles e sentem-se como se estivessem em sua casa. Este lugar é muito bom.” Após a Formatura

A diretora Claymore-Ross, que possui um doutorado em Administração Educacional e cujo esposo, Duane, também leciona na escola, diz que há várias opções disponíveis para os formandos de Holbrook. “Alguns seguem para faculdades adventistas, mas a maioria desses jovens volta para as reservas”, diz ela. “Eles conseguem trabalho como mecânicos, funileiros e podem até se tornar doutores – tudo o que uma pessoa faz fora, pode ser feito nas reservas. Eles têm faculdades comunitárias lá dentro, de modo que podem continuar os estudos ali. “Eles veem o serviço militar como uma boa opção. Ele paga os seus estudos e é muito organizado. Os nativos americanos crescem respeitando o serviço militar porque sua sociedade guerreira é muito respeitada.” Ajudando Outros

O fato de testemunhar e ajudar as pessoas das comunidades locais fortaleceu a imagem da escola entre os vizinhos. Como parte do currículo de Holbrook, membros do corpo docente transportam os alunos para a cidade,

todas as sextas-feiras à tarde, para recolher o lixo, cuidar de jardins e ler histórias para as crianças do jardim da infância da escola pública. “As pessoas da comunidade apreciam Holbrook por causa disso”, diz Miller. O professor Lowell Jenks e um grupo de alunos também viajam por uma hora, todos os sábados pela manhã, para participar do culto junto com pessoas que guardam o sábado, mas que não são adventistas. A escola planeja realizar uma série evangelística ali, neste verão. Perspectiva da União

O diretor associado de educação da União do Pacífico, Thambi Thomas, considera Holbrook uma história de sucesso. “As crianças vêm de contextos problemáticos; em alguns casos, a família é quase inexistente”, diz Thomas. “Conversei com uma jovem que me disse que seus pais haviam se divorciado.” – Com quem você fica quando não está na escola? – perguntei. – Na casa de minha avó. – Você gosta daqui? – perguntei. – Eu amo! As pessoas aqui se importam comigo. “Para crianças que crescem em lares fragmentados ou onde a estrutura familiar não é forte, Holbrook é o céu”, diz Thomas. “Há profundo comprometimento por parte dos professores. Tiro o chapéu para eles.” Palavras de uma Criança

Os alunos de Holbrook, como Adrian, de oito anos de idade, não poupam palavras para expressar seu amor e apreciação pela escola. Ele filosofa sobre sua experiência ali. “Eu brinco por aqui e às vezes me meto em encrenca”, ele admite candidamente, “mas essa é uma ótima escola; eu gosto muito daqui.” Embora entre suas preferências estejam as aulas de cerâmica e educação física, ele enfatiza: “Eu acho que [a escola é] boa porque aprendemos sobre Jesus aqui. Eu gosto disso.” Para mais informações sobre a Escola Adventista Holbrook, acesse www.hissda. org, escreva para hisnativechildren@yahoo. com, ou ligue para 928-524-6845 (nos Estados Unidos).

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C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

Quem é o Espírito Santo?

Como o Espírito Atuou no Passado?

Ninguém precisa ter vergonha de fazer essa pergunta. Você não é um desconhecido para o Espírito de Deus. Pode ser que tenha sido batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, uma ação de significado profundo. Esse trio de nomes frequentemente aparece junto no Novo Testamento, embora nem sempre na mesma ordem ou com os mesmos sinônimos. Sua identidade, natureza e relacionamento mútuo têm sido compreendidos de maneiras diferentes. A maioria dos cristãos concorda com o conceito trinitário, segundo o qual nenhum desses nomes pode ser igualado a outro, mas todos eles compartilham a mesma natureza divina. Reconhecidamente, esse é um assunto difícil. Pai, Filho e Espírito Santo sempre pensam, falam e agem em conjunto no mundo, desde de que a unidade de Deus é real. Separar essas Pessoas divinas uma da outra requer atenção cuidadosa para a evidência bíblica.

Há, no entanto, um ponto de verdade nas posições rejeitadas acima. O Espírito não é apenas um poder, mas nós, seres criados, sabemos e experimentamos Seu poder. O próprio Jesus nos lembrou de que o nome “Espírito” (literalmente, “espírito” ou “vento” na linguagem bíblica) é dado a Ele porque, como um poderoso vento, é invisível, mas efetivo (João 3:8). No princípio, esse poder Se manifestou como “o Vento de Deus”, como alguns traduzem Gênesis 1:2 (BNJ).1 A pomba pairando sobre a água no batismo de Jesus (Mt 3:16) lembra-nos de que, no princípio da vida cristã, o mesmo Poder, mais uma vez, cria e ilumina, pois “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo”(2Co 5:17). 2 As Escrituras apresentam o Espírito de Deus como um poder moral no interior da consciência humana (Gn 6:3) e “convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e

Seu

poio A D i vi no

NÚMERO 5

Por Aecio E. Cairus

A envolvente presença de Deus em nossa vida diária

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Deus

Espírito Santo

Deus, o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na criação, encarnação e redenção. Inspirou os escritores das Escrituras. Encheu de poder a vida de Cristo. Atrai do juízo”(Jo 16:8). e convence os seres humanos; e os que se mostram sensíveis são renovados e transforConsequentemente, Ele mados por Ele à imagem de Deus. Enviado pelo Pai e pelo Filho para estar sempre aparece como um poder intecom Seus filhos, Ele concede dons espirituais à igreja, habilita-a a dar tesligente, capacitando com sabedoria temunho de Cristo e, em harmonia com as Escrituras, guia-a em toda os justos, como José (Gn 41:38). Faraó a verdade. (Gn 1:1, 2; Lc 1:35; 4:18; At 10:38; 2Pe 1:21; 2Co 3:18; percebeu esse poder, assim como o povo de Ef 4:11, 12; At 1:8; Jo 14:16-18, 26; 15:26, 27; 16:7-13.)

Israel quando Saul foi transformado, tornando-se “em outro homem”(1Sm 10:6-11). Uma passagem muito importante do Antigo Testamento que trata sobre o conceito da Trindade pode ser encontrada em Isaías 63. Para salvar Israel (63:7, 8), Deus, “nosso Pai” (63:16), enviou o “anjo da Sua presença” (63:9) que frequentemente se refere ao próprio Deus no Antigo Testamento. Tragicamente, o povo a ser redimido se rebelou contra seu Salvador, e “contristaram seu Santo Espírito” (63:10). Em consequência, os profetas previram um dia no futuro, nos tempos messiânicos, em que uma nova aliança seria concluída, com um novo espírito e um novo coração (Ez 11:19, 20; Jr 31:31-33). Esse tempo começou com a “concepção” de Maria pelo Espírito Santo (Lc 1:35), o que a capacitou, sendo virgem, a conceber o “ser santo”. Esse nascimento especial era diferente do fato de o Espírito “encher” um mero bebê humano, como Seu primo João (Lc 1:15), para cumprir uma missão especial durante a vida. João profetizou uma futura imersão no Espírito (Mt 3:11), que Jesus definiu como o novo nascimento pelo Espírito (Jo 1:13; 3:5-8), adotando um “novo eu” interior enquanto o velho perde seu poder (Cl 3:10, 11). Essa presença é “habitação” do Espírito (Ro 8:9). É um presente permanente de Deus que nos faz Seus filhos e filhas e herdeiros da vida eterna (Ro 8:11, 17; 1 Jo 3:1, 2), que nunca é negado para aqueles que a buscam sinceramente (Lc 11:13). Seu objetivo é permitir ações específicas no âmbito do total conjunto da missão da igreja, como um todo orgânico, o corpo de Cristo. A missão da igreja é grandemente avançada pela “plenitude” do Espírito, que promove um entusiasmo renovado e ousadia no testemunho cristão (At 4:29; Ef 6:18-20). Embora a habitação interior seja permanente, a plenitude do Espírito deve ser buscada repetidamente por meio da oração (Atos 4:31) e outras formas inspiradas de culto (Ef 5:18, 19). Como o Espírito Auxilia os Cristãos Hoje?

Como crentes, você deve saber que o Espírito, em Sua capacidade de poder moral, desperta sua consciência pela vontade revelada de Deus, a lei (Sl 40:8), que o Espírito revela nas Escrituras (2Pe 1:21), a Palavra que o guia a

Cristo (Jo 5:39, 40). Ele é o seu Paraclete, ou Apoio divino (Jo 14:16, 26). Menos assimilado é o fato de que o Espírito capacita cada crente a ser uma parte inteligente da ecclesia, termo antigo para “assembleia”, que foi de certo modo obscurecido ao ser traduzido por “igreja”. Ninguém deveria sentir-se relegado à classe de mero “membro leigo”, muito menos uma “congregação” que fica sentada nos bancos. O Espírito de Cristo capacita todos os crentes, reunidos em Seu nome, a agir com autoridade (Mt 18:19, 20). Isso deveria levá-los a assumir com seriedade seus deveres na assembleia, tanto disciplinando os membros que estão em erro (18:15-20), como na seleção e apoio aos líderes (At 6:2-5). Perante Cristo, não há mais nenhuma separação entre as tribos de sacerdotes e tribos “leigas”. O povo de Deus hoje é composto inteiramente de sacerdotes e sacerdotisas (1Pe 2:4, 5), cujo ritual de unção ocorreu durante o batismo em nome do Espírito Santo. Como tal, você e eu podemos participar da tarefa que define todo o sacerdócio: representar nossos semelhantes, os seres humanos, diante de Deus em busca de perdão, simpatizando com eles com a consciência de nossas próprias fraquezas, convidando-os à presença de Deus e , consequentemente, intercedendo por eles (Hb 5:1, 2). Ao continuarmos orando pela plenitude do Espírito, nunca devemos nos esquecer de que já possuímos “a unção do Santo” (1 Jo 2:20). 1 2

Texto da Bíblia Nova Jerusalém Ibidem

Aecio E. Cairus, Ph.D., natural do Urugai,

é professor de Teologia Sistemática no Seminário Teológico do Instituto Adventista de Estudos Avançados, nas Filipinas.

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D E S C O B R I N D O

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P R O F E C I A

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Por Jud Lake

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llen White tinha todos os motivos para ser triste. Com a idade de nove anos, ela sofreu um terrível acidente que a deixou de cama por vários meses e deformada pelo resto da vida. O “Grande Desapontamento” de 1844 deixou seu coração de jovem questionando por que Jesus não havia voltado. Suas primeiras visões foram ridicularizadas e rejeitadas por muitos dos que as ouviram. Seu esposo morreu com 60 anos e dois de seus quatro filhos morreram ainda jovens. Ao longo dos mais de 70 anos de ministério profético, era ferrenhamente atacada por críticas que lançavam dúvidas sobre suas palavras. Mesmo alguns de seus seguidores rejeitavam repetidamente seus conselhos. Alegria na Jornada

Sim, apesar de toda essa oposição e ameaças, em 1902 ela escreveu: “O céu é cheio de alegria” e “ressoa com os louvores dAquele que fez tão maravilhoso sacrifício para a redenção da raça humana.”1 Aqueles que um dia “participarão do coral de anjos cantando seu hino de louvor, devem aprender na Terra a canção do Céu, a nota tônica que é o louvor e ação de graças.” Tal era sua compreensão do papel da alegria na vida cristã.

“Para todos aqueles que O Em meio a provações e desapontamentos, os cristãos podem aprender que eles têm todos os motivos para ser alegres. Comentando as palavras de Jesus em João 15:11, ela escreveu: “Por que nossa alegria não é total e completa, sem nada faltar? Temos a certeza de que Jesus é nosso Salvador, e que podemos participar livremente das ricas provisões que Ele fez para nós. Ele nos deu toda a certeza de que cumprirá tudo o que prometeu. É nosso privilégio buscar, constantemente, a alegria de Sua presença. Ele deseja que sejamos contentes e cheios de louvor ao Seu nome. Ele quer que levemos luz em nosso semblante e alegria no coração. Nós temos a esperança que está muito acima do que qualquer prazer mundano pode ofertar; por que, então não sermos alegres?”2 Ellen White é muito clara sobre a certeza da salvação, companheirismo com Cristo, e a rica provisão das promessas de Deus contém poderosas razões para sermos alegres. “Cristo habitando na alma é uma fonte de alegria”, ela declarou. “Para todos aqueles que O receberam, a nota tônica da Palavra de Deus é ‘regozijo’.”3 Desafios e Frustrações da Vida

Jud Lake, Th.D., D.Min., é professor de

Estudos Adventistas na Southern Adventist University e ama compartilhar a alegria de Jesus nas salas de aula.

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Mas essa compreensão e prática da alegria cristã não aconteceu por acaso na vida de Ellen quando ela era jovem. Ainda menina, ela passou por um tremendo revés quando, no outono de 1836, foi atingida por uma pedra, lançada por sua colega de classe, que a deixou gravemente ferida. Convencida de que estava morrendo, a pequena Ellen, aos nove


anos de idade, com sua fé simples, entregou o coração a Jesus. Vários meses mais tarde, no dia 25 de janeiro de 1837, uma dramática aurora boreal iluminou o céu da Nova Inglaterra. A jovem Ellen lembrou-se vividamente do evento, porque sua mãe a levou para a janela e ela viu o brilho no céu, as luzes “vermelho vivo” tornando a “neve” semelhante a “sangue”. Os vizinhos ficaram assustados, mas a jovem Ellen estava feliz. Ela pensou que Jesus estava voltando e bateu palmas como se o fim de seu sofrimento houvesse chegado. “Mas fiquei desapontada”, relembrou mais tarde; “O fenômeno singular desapareceu dos céus e, na manhã seguinte, o Sol nasceu como de costume.”4 A perspectiva de que ela deveria continuar vivendo em meio ao sofrimento extinguiu a alegria infantil de Ellen, que durara tão pouco. Pelos quatro anos seguintes, ela lutou contra o desânimo e a depressão. Por causa de sua saúde frágil, não pôde retornar à escola e perdeu a esperança de voltar a estudar – algo que desejava muito. “Eu estava irreconciliável com minha sorte”, ela escreveu, “e às vezes murmurava contra a providência de Deus, assim me afligindo.”5 Ela experimentou forte senso de culpa pelo seu ressentimento. Sua fé simples em Jesus desapareceu, sentindo-se abandonada na escuridão. Esse sentimento

Essa experiência de alegria no serviço para Deus permaneceu com Ellen pelo resto da vida. Tornou-se um significante componente de sua filosofia de educação cristã e um tema distinto em sua compreensão da vida cristã. “Nosso Deus é um terno e misericordioso Pai”, ela escreveu em 1892. “Seu serviço não deve ser considerado como penoso e entristecedor. Ao contrário, deve ser uma ‘honra’ para Seus filhos participar do Seu serviço. Ele é o melhor amigo de vocês, e espera que, quando O adorem, possa estar com eles, para abençoá-los e confortá-los, enchendo-lhes o coração de alegria e amor.”8 Embora Ellen, às vezes, sofresse com depressão, ela “lutava contra esse sentimento” e afirmava: “Eu sei que Deus quer que Sua alegria esteja em nós, que nossa alegria seja completa.” Afinal, “Ele tem um Céu cheio de bênçãos e nos dará essas bênçãos se aceitarmos.”9 Seu mais memorável discurso sobre a alegria cristã encontra-se no último capítulo do livro Caminho a Cristo, intitulado “Regozijo no Senhor”: “Muitos, pela estrada da vida, pensam demasiado em seus erros, faltas e decepções, ficando com o coração cheio de amargura e desalento. Durante minha estada na Europa, certa irmã que assim fazia, achando-se profundamente acabrunhada,

receberam, a nota tônica da Palavra de Deus é ‘regozijo.’” era resultado de sua crença no fogo eterno do inferno, exacerbando seus temores e agonia da alma. Que Segurança … Sou de Jesus!

Felizmente, ela experimentou uma revolução na vida espiritual em Buxton, Maine, numa reunião campal da Igreja Metodista, no fim do verão de 1841. Após ouvir um sermão convincente sobre justificação pela fé, Ellen suplicou a Deus que a salvasse. “Quando me ajoelhei para orar”, disse ela, “de repente meus fardos me deixaram e meu coração ficou leve … Nunca vou me esquecer dessa preciosa segurança da terna graça de Jesus para com alguém tão indigno de Sua atenção.”6 O ponto culminante da experiência de conversão de Ellen foi numa sessão de aconselhamento, em 1843, iniciada por sua mãe, com o pastor metodista milerita, Levi Stockman. Ellen abriu o coração a Stockman que, em retorno, lhe falou sobre o grande amor de Cristo e o plano da redenção. Esse encontro com Stockman foi seguido por uma importante experiência numa reunião de oração naquele mesmo dia, transformando completamente a experiência cristã da jovem Ellen. Ela escreveu: “Minha visão do Pai mudou. Agora O via como terno e bondoso pai, em vez de um tirano que forçava o homem a uma cega obediência. Meu coração inclinou-se em Sua direção com profundo e fervente amor. Ser obediente a Ele será uma alegria; foi um prazer estar a Seu serviço.”7

escreveu-me pedindo uma palavra de animação. Na noite seguinte à leitura de sua carta, sonhei que me achava num jardim, e alguém que parecia o dono, ia me conduzindo por ele. Eu apanhava as flores e fruía-lhes o aroma, quando essa irmã, que ia a meu lado, chamou-me a atenção para alguns feios cardos que lhe embaraçavam o caminho. Ali estava ela, lamentando-se e afligindo-se. Não andava pelo caminho, seguindo o guia, mas ia por entre os espinhos e cardos. ‘Oh!’ lamentava ela, ‘que pena que este belo jardim esteja assim tão feio por causa dos espinhos!’ Então, o guia disse: ‘Não te importes com os espinhos, pois só te podem magoar. Colhe as rosas, os lírios e os cravos’” [p. 116, 117]. Ao olhar para trás, para sua própria vida, Ellen White encontrou todas as razões para ser alegre. Ela ainda nos desafia a encontrar a mesma alegria hoje! 1 Ellen G. White, “A Word of Cheer,” The Southern Watchman, 4 de Dezembro, 1902 in Ellen G. White Writings Complete Published Edition CD-ROM (Silver Spring, Md.: Ellen G. White Estate, 2005), parágrafo 2. 2 Idem, “That Your Joy Might Be Full,” Signs of the Times, 11 de agosto de1909, in Ellen G. White Writings Complete Published Edition CD-ROM, parágrafo 4. 3 Ibid., parágrafo 3. 4 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 11; O relato de outra testemunha ocular sobre esse evento celestial pode ser encontrado no Charles Bowen, The American Almanac and Repository of Useful Knowledge for the Year 1838 (Boston: Charles Bowen, 1837), pp. 80-83, ascessível online no site books.google.com. 5 Ellen G. White, Testemunhos para Igreja, vl 1, p. 13. 6 Idem, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View: Pacific Press, 1915), p. 23. 7 Ibid., p. 39. 8 Idem, Caminho a Cristo (Mountain View: Pacific Press, 1956), p. 103. 9 Idem, Boletim da Associação Geral, 1 de April de 1903, p. 32.

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H E R A N Ç A

A D V E N T I S T A

O

Por Marcos Paseggi

Enfermeiro Guerreiro Pedro Kalbermatter foi um grande guerreiro de Deus nos altiplanos da América do Sul

P

edro Kalbermatter olhou através da janela para a escola da missão em Azangaro, no altiplano peruano, entre as montanhas dos Andes.* Ele sabia ser esse sábado o dia marcado por seus inimigos para primeiramente matá-lo, depois atirar nos índios e, finalmente, derrubar as paredes da missão. Ele podia ver a poeira causada pela multidão que se aproximava. A multidão era comandada por proprietários de terras que não aceitavam que aquele “protestante herege”, como Pedro era chamado, educasse os índios e os ensinasse a abandonar a bebida. O dinheiro deles dependia do trabalho escravo dos índios e eles sabiam ser mais fácil comandá-los enquanto estivessem bêbados e ignorantes. Quando Pedro começou a construir a missão, mais de setecentos índios se ofereceram para ajudar. Finalmente, ele conseguiu reunir um grupo de 1.200 fiéis ajudantes. Porém, naquele dia em particular, mais da metade dos índios,

Marcos Paseggi é tradutor profissional freelancer e escritor/ pesquisador na Argentina.

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com medo, já havia partido. Pedro sentiu-se abandonado. Então, ele decidiu que, juntamente com os índios remanescentes, lutaria e morreria pela missão. Ele tinha algumas armas de fogo e munição escondidas num buraco embaixo de sua cabana. Pensou que o tempo de usá-las havia chegado. Porém, não se sentia à vontade. Antes de pegar seus revólveres e espingardas, ajoelhouse para orar pedindo a direção de Deus. Enquanto orava, grande paz encheu seu coração. Ele ouviu a voz de Deus lhe dizendo: “Minha é a vingança. Eu irei defendê-lo!” Pedro deixou suas armas e voltou para a janela. Decidiu, então, que sairia ao encontro da multidão. Ele comunicou aos seus assistentes o que havia resolvido. – Mas, Mestre – disse o índio – você vai ser morto. – Eu vou sair − respondeu Pedro. – Então vamos armados − disse o índio. – Vou levar a melhor arma que tenho − disse ele. – Dê-me a Bíblia. Então, abriu a porta da frente e saiu. E como foi que o camponês das planícies argentinas acabou lutando por Deus no “topo do mundo”?

Um Camponês Entrega o Coração

Pedro Kalbermatter nasceu em uma família de imigrantes suíços que se mudou para a Argentina nas últimas décadas do século XIX. Foram morar numa fazenda localizada numa grande planície. Desde menino, Pedro aprendeu a cuidar das ovelhas de seu pai e a protegê-las das emboscadas das raposas e cobras. Todas as noites, a mãe costumava ler para sua família textos sobre os eternos sofrimentos do inferno, que esperavam por aqueles que não se comportavam bem. Essas leituras, porém, não impediam que os meninos da família brigassem frequentemente. Certo dia, um colportor vendeu alguns livros religiosos para a família, que começou a lê-los. Pouco tempo depois, eles já haviam aprendido sobre o sábado, a segunda vinda de Cristo e os princípios de saúde. Convencida, a família decidiu ser batizada. Como não havia piscina, o pastor visitante concordou em batizá-los no poço de onde tiravam água para o gado. Logo, os vizinhos começaram a perceber que os rapazes não brigavam mais e que haviam deixado de fumar e beber! Pedro sentiu que Deus queria que ele fosse um missionário. Assim, decidiu se


Da esquerda para a direita: CHEFE ÍNDIO, ALTO E LOURO: Pedro vestido como os índios do altiplano dos Andes, onde trabalhou como enfermeiro, professor e pastor por vinte anos. [p. 7 do livro/veja nota de rodapé] PARTE DA FAMÍLIA: Na foto, os pais de Pedro e nove dos seus onze irmãos e irmãs, em 1920. Pedro já estava trabalhando no Peru quando a foto foi tirada. DESCANSO DO GUERREIRO: A apenas alguns quarteirões da escola que os preparou para o campo missionário, Pedro e Mina esperam a gloriosa manhã da ressurreição.

F O T O G R A F I A S

matricular numa escola adventista, na província de Entre Rios. Entretanto, três meses após ter chegado à escola, Pedro foi convocado para servir ao exército. De Soldado a Enfermeiro

No exército, Pedro se recusou a trabalhar aos sábados. Por isso, foi excluído, espancado e, finalmente, preso. Pedro, que sempre estava pronto para brigar, agora orava por domínio próprio. Após um ano de miséria e prisão, finalmente foi libertado. Pedro retornou à escola adventista, onde se tornou enfermeiro. Como era solteiro e não tinha nenhuma chance de ser enviado para o campo missionário, trabalhou por sete anos na cidade vizinha, Rosário, onde conheceu uma enfermeira adventista chamada Guilhermina (Mina), que se tornaria sua companheira para a vida. Pedro e Mina se casaram e tiveram dois filhos. Quando eles foram convidados para trabalhar no altiplano peruano, aceitaram o desafio com alegria. Após vários dias viajando de trem, caminhão e barco, chegaram ao novo local de trabalho, no inverno de 1919. A situação que encontraram naquele lugar estava longe de ser a ideal. Os Kalbermatter perceberam que os índios

C E D I D A S

P E L O

A U T O R

eram maltratados, sofriam com privações e eram negligenciados. Entretanto, toda tentativa de melhorar a condição deles era recebida com feroz oposição. A primeira escola da missão, na cidade de Saman, foi destruída. Assim, Pedro foi a Azangaro – onde o encontramos no dia em que saiu ao encontro da turba irada, armado apenas com sua Bíblia. A multidão não conseguia acreditar no que via. O protestante herege estava andando desarmado na direção deles, e estava sorrindo. Eles disseram que o matariam; e então, começaram a atirar para o alto. Pedro, porém, não recuou. Pelo contrário, deixou bem claro que a escola estava ali para ficar. Finalmente, a turba foi embora, possuída de um estranho medo. Naquela noite, Pedro dirigiu um culto de ação de graças por estar vivo. Daquele dia em diante, a missão prosperou. Grande Guerreiro de Deus

Os métodos de Pedro para confrontar os opositores nem sempre eram compreendidos por seus companheiros de trabalho. Alguns achavam que o irmão Kalbermatter, às vezes, parecia pronto para brigar. Finalmente, ele foi chamado pelos líderes adventistas: − Você batizou apenas duzentas

pessoas em três anos – disseram a ele. – Pare de brigar e empregue mais tempo pregando o evangelho. Humildemente, Pedro aceitou a repreensão dos líderes. Quando os dois pastores foram novamente visitá-lo para batizar os candidatos, descobriram que Pedro tinha seiscentas pessoas prontas para o batismo! No ano seguinte, Pedro convidou os líderes da igreja para um congresso dos índios. Além dos delegados locais, o congresso contava com a presença dos líderes adventistas da União, da Divisão e até da Associação Geral. Mas alguns dos delegados não conseguiram chegar a tempo. Quando estavam descendo as montanhas, foram atacados, espancados, apedrejados e pisoteados por cavalos. Finalmente, eles chegaram à missão sangrando, com fraturas nos ossos e sérios ferimentos. Pedro começou a cuidar deles, mas, a essa altura, os líderes adventistas estavam realmente amedrontados! Após o congresso, quando começaram a partir, surgiu outra turba tentando apedrejá-los. Pedro, porém, enfrentou a multidão, esporando seu cavalo e ajudando todos a voltar para casa em segurança. Após aquele incidente, Pedro nunca mais foi criticado por ninguém. Todos compreenderam que ele era um homem para o seu tempo, um guerreiro escolhido por Deus para levar avante o evangelho sob circunstâncias muito desafiadoras. Com o tempo, Pedro se tornou um dos enfermeiros mais amados da região. Até os proprietários das terras aprenderam a respeitá-lo. Mais de uma vez, Pedro tratou das mesmas pessoas que haviam jurado matá-lo anos antes. Após trabalhar por vinte anos no altiplano, Pedro e Mina retornaram às planícies da Argentina, próximo à escola adventista que os preparou para o serviço missionário. Até a morte, em 1968, ele nunca deixou de falar da maravilhosa proteção de Deus, especialmente no dia em que enfrentou a turba feroz, com o Livro mais poderoso de todos os tempos. *Esse artigo é baseado na autobiografia de Pedro Kalbermatter, em Veinte años como misionero entre los indios del Peru [Vinde anos como missionário entre os índios do Peru] (Paraná: Nueva Impresora, 1950); e de Barbara Westphal, A Man Called Pedro [Um Homem Chamado Pedro] (Mountain View: Pacific Press, 1975).

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P E R G U N TA S B Í B L I C A S

P E R G U N T A : Por

favor, explique 2 Pedro 2:4 (NVI): “Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.”

S

Essa ideia é apoiada por Judas, que simplesmente diz que eles estão acorrentados e aprisionados nas trevas. Por falar nisso, a frase “abismos tenebrosos” em Pedro é interpretada, às vezes, como “grilhões das trevas”. No mundo antigo, em muitos casos, as prisões eram masmorras escuras, um símbolo apropriado para tumba (cf Ap 1:18). Aparentemente, as prisões da antiguidade não tinham como propósito o aprisionamento de criminosos como uma forma de punição. Os presos eram, geralmente, forçados a trabalhar duramente. Mas, em muitos casos, os prisioneiros estavam esperando pelo julgamento ou execução da pena já sentenciada contra eles (cf Lv 24:10-12; Nm 15:32-36). De acordo com Pedro, os anjos caídos estão encarcerados em trevas espirituais, no reino dos mortos, esperando a execução de sua sentença. Eles já foram julgados. 3. O Pecado: Nem Pedro nem Judas falam sobre a natureza do pecado dos anjos. Segundo Judas, os anjos “não conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua própria morada”. A queda dos anjos é descrita como abandono de suas funções no Céu, seu lar original. A opinião comum entre os estudiosos é que Judas usou Gênesis 6:1-4, como interpretado pela literatura intertestamental judaica, referindo-se à queda dos anjos quando abandonaram o Céu e tiveram relações sexuais com mulheres. Eles argumentam que o contexto em Judas é sobre o pecado da imoralidade. Essa interpretação dificilmente se encaixa no contexto de Pedro. Embora não se possa excluir totalmente a possibilidade de Judas, é sempre melhor considerar o testemunho das Escrituras e evitar especulação. A ideia expressa nas duas passagens parece encaixar melhor em Isaías 14, onde é narrada a queda de Lúcifer: “Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (verso 15); assim como em Apocalipse 12:1-4, 7-9, onde a expulsão dos anjos é precedida por uma guerra no Céu. Conclusão: O destino final dos anjos maus está determinado. Entretanto, cuidado com os falsos mestres em sua igreja e esteja atento à sua voracidade (2 Pedro 2:2)!

obre esse assunto, deveríamos considerar também uma passagem similar encontrada em Judas 6 (NVI): “O anjo me disse: E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada, Ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia.” Vamos examinar o contexto, discutir a natureza da prisão e comentar o pecado dos anjos. 1. Contexto: Pedro está discutindo o trabalho dos falsos mestres. Segundo ele, a presença deles entre o povo de Deus não é recente (2 Pedro 2:1). Uma coisa, entretanto, é certa: eles experimentarão o julgamento de Deus. Para apoiar esse argumento, Paulo usa três exemplos bíblicos de pecados que resultaram em julgamento: a experiência dos anjos, a punição dos anPor tediluvianos e a destruição de Angel Manuel Sodoma e Gomorra. Rodríguez O contexto em Judas é similar. Também se refere aos falsos mestres e seus três exemplos de julgamento divino são: a rebelião dos israelitas no deserto, a queda dos anjos e Sodoma e Gomorra. Essas passagens não são especificamente sobre a natureza do pecado dos anjos, ou sobre o lugar para onde foram enviados. 2. A Prisão: Pedro usa uma linguagem clara para descrever o destino dos anjos maus: Deus “os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos”. “Inferno”, na Bíblia, é o lugar dos mortos, a tumba. A palavra para “inferno” no grego comum é hades, que se refere a lugar dos mortos, submundo. Mas nesse caso, Pedro usa uma palavra diferente, o verbo tartaroo, “lançar dentro/manter cativo em tartaros”. Na mitologia grega, tartaros designava a área mais profunda do hades, reservado para a punição dos deuses desobedientes. Pedro usa essa imagem para expressar a ideia de que os anjos caídos agora estão na prisão de trevas e morte, separados da divina fonte de vida. Essa não é uma prisão literal porque os demônios ainda estão ativos no mundo dos humanos Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral. (e.g., 1 Pedro 5:8; Judas 9).

Abismos Tenebrosos

Anjos Maus para os

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E S T U D O

O

B Í B L I C O

Confilito do Tempo do Fim no

Por Mark A. Finley

apocalipse

O livro do Apocalipse, na Bíblia, descreve o grande conflito entre Cristo e Satanás. Ao longo da história, Satanás tem tentado destruir o plano de Deus para este mundo. Ele tem atacado e perseguido o povo de Deus, enganado as pessoas com suas falsidades e manipulado as mentes com suas mentiras. O inimigo usa a tortura e a morte para realizar seus propósitos. Apesar de sua opressão, os seguidores de Cristo não negaram a fé. Seu amor por Jesus os manteve fiéis em tempos de ferrenhas oposições. Seu compromisso com a causa de Deus os manteve leais em face das maiores provações na vida. Na lição de hoje, estudaremos como podemos triunfar com Jesus sobre todas as forças do mal e reinar com Ele por toda a eternidade.

1. Onde começou o conflito entre o bem e o mal?

“Houve peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos” (Ap 12:7). O conflito começou no

.

Descreva, com suas palavras, por que Deus permitiu que tal conflito começasse no Céu.

Deus respeita a capacidade de escolha de Suas criaturas. Retirar-lhes o poder de escolha é tirar-lhes a oportunidade de amar. Tirar deles a oportunidade de amar é tirar-lhes a capacidade de pensar, a razão e o fato de ser realmente livres. Os seres que não são livres estão sob sujeição ou escravidão. Deus, em seu amor, deseja que Seus seres criados experimentem a vida em toda a sua plenitude.

2.

Quem venceu a primeira batalha no Céu?

“Houve peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; ; nem mais se achou no o lugar deles” (Ap 12:7, 8).

O inimigo e seus anjos perderam sua primeira batalha no Céu. De fato, Satanás nunca venceu uma batalha contra Jesus. Jesus é o Conquistador cujo extraordinário poder é colocado a serviço de cada discípulo que procura permanecer fiel a Ele.

3.

Para onde foi o diabo quando foi expulso do Céu?

“E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12:9). O diabo foi atirado para a

.

O diabo decidiu que sua principal obra seria enganar e destruir o povo de Deus ao longo dos séculos. Apocalipse 12 conta a história de seu esforço para destruir Jesus, desde Seu nascimento, e para perseguir Seu povo através dos séculos. Embora Satanás tenha sempre oprimido o povo de Deus, a guerra será intensificada nos últimos dias. Setembro 2009 | Adventist World

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4.

Em quem Satanás concentrará seus ataques nos últimos dias?

“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17). Satanás guerreará contra os que

os

e têm o

de

de .

O remanescente ou os descendentes de nosso Senhor são os homens e mulheres que permanecerem leais a Jesus e fiéis aos Seus mandamentos. Por meio de Sua graça, permanecem firmes à verdade de Sua Palavra.

5.

Apocalipse 17 revela que, nos últimos dias, haverá uma poderosa aliança entre a Igreja e o Estado. Opressão e perseguição substituirão a liberdade religiosa. Como o Apocalipse descreve essa união? “Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem.” (Ap 17:13). “E vi a besta e os reis da Terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra Aquele que estava montado no cavalo e contra o Seu exército” (Ap 19:19). Essa aliança entre a igreja e o poder estatal tem um só

.

Eles oprimem o povo de Deus e, futuramente, se para guerrear contra Jesus ao Ele vir como Rei dos reis e Senhor dos senhores

6.

.

Quem vencerá a última guerra de nosso planeta?

“Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados eleitos e fiéis que se acham com Ele” (Ap 17:14). Essa aliança entre a igreja e o poder estatal tem um só Eles oprimem o povo de Deus e, futuramente, se para guerrear contra Jesus ao Ele vir como Rei dos reis e Senhor dos senhores.

7.

Como, finalmente, acabará essa guerra?

“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no Céu grandes vozes, dizendo: ‘O reino do mundo tornou-se de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos!’” (Ap 11:15). O

do mundo tornou-se de nosso

e de Seu

.

Boas-novas em breve! Satanás e todas as forças do mal serão vencidos e destruídos. O reino eterno de Deus será estabelecido. Não precisamos temer; estamos do lado do vencedor. Cristo e Seu reino afinal triunfarão, e triunfaremos com Ele.

No próximo mês, nosso estudo será sobre “A Igreja dos Últimos Dias no Apocalipse”. 28

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Intercâmbio Mundial C A R TA S Criação e Criador

Obrigado, Angel Manuel Rodríguez, por sua honestidade ao responder à pergunta sobre os professores nas universidades adventistas, que já não creem nos seis dias literais da criação (veja “Honrando o Deus Criador”, julho 2009). Agora, outra pergunta: O que os líderes adventistas devem fazer para impedir que os professores ensinem que Deus não criou o mundo como é descrito em Gênesis? A meu ver, eles devem ser responsabilizados por contratar evolucionistas e permitir que ensinem suas crenças nas classes das escolas adventistas. Marilyn Morgan Kettle Falls, Washington, Estados Unidos Tendência Preocupante ou Erro Numérico?

No artigo “A Rússia por Dentro”, da Adventist World de julho de 2009, a região foi descrita como tendo 51.875 membros adventistas e um crescimento

da igreja de menos 1%. Essa é uma notícia preocupante. Trabalhei na Rússia para a Divisão Euro-Asiática por quinze meses em 1992/1993 e, naquele tempo, a comunidade adventista era maior que essa. No 2006 Seventh-day Adventist Church Yearbook (Livro do Ano – lista os dados, nomes e endereços de todas as instituições e obreiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial), o número de membros é de 143.459. Ou eles perderam um enorme número de membros ou a informação da Adventist World está incorreta. Pastor Jan T. Knopper Austrália Obrigado por sua carta. O senhor citou corretamente o número de membros registrado no Yearbook de 2006; mas deve ser dito que esses números refletem toda a Divisão, e não apenas a Federação Russa. O yearbook de 2009 registra que o número de membros da Divisão Euro-Asiática é 136.900. – Os Editores

Obrigado e Pedido

Muito obrigado por publicar a Adventist World. Somos realmente abençoados por essa publicação. Tenho um pedido: Poderia escrever sobre os 144 mil e o selo de Deus, numa edição futura? Penso que, no tempo em que vivemos, deve-se dar grande ênfase a esses assuntos. N. Khumalo Belmont, Bulawayo, Zimbábue Apreciação

Aprecio muito a revista Adventist World e [pela leitura de seus artigos] realmente compreendo a importância do evangelismo mundial. Sempre leio todos os artigos. Muito obrigado! Jose B. Gelilang Jr. Jacksonville, Flórida, Estados Unidos Cartas para o Editor – Envie para: letters@adventistworld.org As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.

O LUGAR DE ORAÇÃO Por favor, orem por minha saúde e para que a graça de Deus aumente em minha vida e na missão da igreja, na União da África Central. Eleve, Camarões

Vou ficar noiva, mas meu namorado e eu não somos da mesma fé. Orem para que o Senhor me mostre o que será melhor para o meu futuro. Valery, Haiti

Orem por meu irmão que será submetido a uma cirurgia cardíaca. Orem, também, para que eu consiga um emprego. Tabitha, Quênia

Realmente, necessito de um emprego no qual não tenha que trabalhar no sábado. Trabalhei em uma das maiores companhias de comunicação da Malásia, mas sei que Jesus sentiu muito a minha falta na igreja aos sábados. Via, Malásia

Estamos começando um novo grupo musical com jovens de uma igreja, em La Paz, Bolívia. Queremos usar nossos talentos para que outras pessoas conheçam a Cristo e as três mensagens angélicas. Por favor, orem por nós ao iniciarmos esse empreendimento. Marco, Bolívia

Por favor, orem pelo meu noivo e por mim. Perdi meu emprego por causa da crise financeira. Peço a Deus paciência, sabedoria e humildade. Wendy, Inglaterra

Estamos passando por um período terrível na República do Congo: assassinatos, estupros, incêndios, especialmente em Kanyabayonga, Kirumba, Kaina e Kitsumbiro. Por favor, peçam ao Senhor para intervir. Busiku, República Democrática do Congo

Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.

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Intercâmbio Mundial

Atualizando: N

awr

o dia 16 de julho de 2009, a Rádio Mundial Adventista (AWR) iniciou suas transmissões no idioma lao para os ouvintes do país do Laos. “Essa é uma ocasião especial”, disse o presidente da AWR, Bem Schoun, “pois é a primeira transmissão da mídia adventista para o povo do Laos em seu próprio idioma. Além disso, com o lançamento dos programas no idioma thai, no último outono, na Tailândia, cobrimos completamente o sudeste da Ásia. Logo adicionaremos programas em hmong, para os ouvintes espalhados por toda a região sul da China e do norte do Vietnã, Laos e Tailândia. “Tem-se falado que os países budistas tornam-se a tumba dos missionários cristãos”, disse o pastor Surachet Insom, coordenador da AWR na Tailândia. “A Tailândia é um país onde a mensagem adventista está sendo pregada há um século; mesmo assim, apenas doze mil pessoas aceitaram o evangelho. A igreja tem tentado seus melhores métodos para transmitir a mensagem aos taís, mas com resultado muito pequeno. A população teve um aumento substancial nas últimas décadas e o desafio para nós é: como falar de Cristo a vastos grupos de pessoas. O ministério do Rádio chamou a atenção de alguns líderes e membros da igreja.” Os programas da AWR em thai começaram a ser transmitidos em outubro de 2008, via ondas curtas e quatro estações de rádio locais. Milhões de pessoas estão sendo alcançadas e as primeiras histórias já mostram como o ministério dessa rádio está moldando a vida dos ouvintes. Na província Lumpang, ao norte, uma dona de casa chamada Pornsawan ligou para pedir as lições do “Tesouro da Saúde”. Mais tarde, ela visitou a igreja local e se apresentou como amiga da Radio New Life (Rádio Nova Vida). Uma de suas amigas, Natchahathai, foi budista devota. Como nova cristã, ela está procurando uma “luz melhor”. Foi à igreja

Sintonizando a Rádio no Sudeste da Ásia

adventista, onde aprendeu sobre a verdade do sábado e foi tocada pela mensagem adventista sobre saúde. Depois que Natchahathai conheceu o pastor Insom, assumiu o compromisso de parar de tomar café no dia seguinte. Ela, agora, está ajudando no programa de rádio e está contando a outros sobre a verdade que acabou de encontrar. Embora Natchahathai tenha sido alertada pelo pastor e amigos de sua ex-igreja para não se unir aos adventistas, seu esposo a acompanhou nos Estudos Bíblicos. Insom diz: “Por favor, orem pelos tailandeses budistas que hesitam em frequentar as reuniões evangelísticas cristãs, mas ouvem os programas de rádio em casa. Essa é a chave: Chegarmos aos milhões da Tailândia.”

Foto maior: NO AR: Estudantes se apresentam voluntariamente para gravar programas para jovens, em Lumpang, Tailândia. Destaque: PERSONALIDADE DA RÁDIO: Programa ao vivo em Lumpang, Tailândia, com a Sra. Sompong, locutora de rádio muito conhecida; ela foi treinada pela AWR. R Á D I O

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M U N D I A L

A D V E N T I S TA


INTERCÂMBIO DE IDEIAS

Ele Já Podia

Ter

Voltado...

Neste mês, um leitor compartilha conversa sobre o tempo do fim

H

á não muito tempo, viajamos para o casamento de um amigo. No sábado à tarde, alguns amigos nos convidaram para visitar um de seus lugares preferidos, perto do lugar em que estávamos hospedados. Visitamos um lugar que descortina uma maravilhosa vista sobre o vale. Eles, então, sugeriram que os acompanhássemos a outro lugar de que gostavam. Concordamos. Chegamos uma hora antes do pôr do sol e o local já estava fechado. Havia, porém, grande número de jovens do lado de dentro. Permitiram que entrássemos e alguns dos jovens, muito simpáticos, vieram falar conosco, explicando que tinham ido àquele lugar para passar o fim de semana, para um treinamento religioso, um tipo de retiro espiritual. Muitos deles eram universitários ou trabalhavam numa grande cidade da redondeza. Conversamos sobre a religião e as crenças deles. Ao dialogarmos com o líder, ele nos lembrou que o tempo do fim está próximo. Ele disse: “Lembra-se de todas as tragédias de 1999?” E mencionou terremotos, enchentes e outros problemas que aconteceram naquele ano. Ele continuou dizendo: “Como sabemos, o mundo poderia ter acabado naquela época. Mas Deus, em Sua misericórdia, decidiu adiar o fim, para que mais pessoas possam conhecê-Lo e sejam salvas.” Um sino tocou enquanto conversávamos. Os jovens lotaram um auditório e começaram a cantar hinos harmoniosamente. Era como se estivéssemos num culto de pôr do sol num acampamento adventista. Na verdade, estávamos visitando a Tailândia e esse lugar era um Templo Budista. O professor e os alunos não falavam sobre crenças cristãs, mas de suas crenças budistas. Ao deixar aquele lugar, falávamos de como aquela conversa que soava tão “adventista” era, na verdade, uma conversa com não-cristãos. Quais são as diferenças entre as nossas crenças e as deles? Obviamente, menos do que pensamos. Mas elas giram em torno do grande dom da salvação pela graça. Nós não temos que fazer o bem nesta vida, esperando que sejamos reencarnados em um corpo melhor e, se o tempo durar o suficiente e nós formos bons o suficiente, podermos alcançar o Nirvana. Deus enviou Seu Filho para que sejamos salvos – não por nenhuma de nossas obras, mas por meio do Seu sangue. Tudo que temos que fazer é crer, e teremos vida eterna (João 3:16). A salvação é um dom. Mas devemos viver cada dia em grato reconhecimento por aquilo que Deus nos deu, pois, de todas as religiões do mundo, só o cristianismo tem um Deus amoroso, que dá salvação para Seus filhos. Dá para imaginar por que qualquer pessoa que tenha recebido um presente tão grande não queira dizer a todo mundo sobre ele? O que você está esperando? –Ronald Vyhmeister, Silang, Cavite, Filipinas

“Eis que cedo venho…”

Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte. Editor Administrativo Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Karnik Doukmetzian, assessor jurídico Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Donald Upson; Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk Editor-Chefe Bill Knott Editores em Silver Spring, Maryland Roy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coréia Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan Editor Online Carlos Medley Coordenadora Técnica Merle Poirier Assistente Executiva de Redação Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Alfredo Garcia-Marenko Atendimento ao Leitor Merle Poirier Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Fatima Ameen, Bill Tymeson Consultores Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Argentina, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos. Vol. 5, No. 9

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Q U E

L U G A R

É

E S S E ?

O Lugar Das

AS

VID A A D V EN T I S TA Eu era uma garota muito jovem e tímida quando vivi uma incrível experiência. Certa noite, fui com minha mãe e três irmãs a uma cidade bem pequena, no Brasil. Após pegar um material de costura que minha mãe precisava, voltamos para casa. Já estava bastante escuro, mas o céu estava repleto de estrelas brilhantes. Caminhamos rápido, porém uma das minhas irmãs e eu ficamos um

J U DY T H O M S E N

PESS

pouco atrás das outras. Olhei para o lado direito onde estavam as árvores e umas duas casas – uma das quais pertencia a um membro de nossa igreja. Foi quando eu vi um lindo e brilhante anjo. Ele estava coberto com uma luz radiante e estava voando em direção ao céu. Eu exclamei: “Um anjo!” Minha mãe virou-se para olhar,

COM PA R T I L H E C O N O S C O ! O Lugar das Pessoas é um relicário com itens de leitores de todo o mundo. São pequenas fatias da vida que incentivam os leitores a pensar, sorrir e apreciar ainda mais sua família adventista. Pequenos textos, nessa categoria, são bem-vindos. FRASES (profundas e espontâneas) QUE LUGAR É ESSE? (fotos em alta qualidade de membros da igreja mundial) CONHEÇA SEU VIZINHO (fotos em alta qualidade, com biografia concisa, de membros recém-batizados, adventistas que estejam ativamente envolvidos no trabalho comunitário, pequenos grupos ou responsáveis por novas iniciativas na obra de compartilhar o evangelho (máximo de 75 palavras). Envie um e-mail para marank@gc.adventist.org; ou envie fax para 301-680-6638 (nos Estados Unidos) ou envie para World Exchange, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600, EUA

mas não viu nada. Muitos anos se passaram desde aquela noite, mas ainda posso vê-Lo diante de mim, por onde eu vou, quando reclamo a promessa do Salmo 37:4: “Deleite-se no Senhor, e Ele atenderá aos desejos do seu coração”(NVI). – Mirtes Miers, Clanton, Alabama, Estados Unidos

FRASE

DO

MÊS

“Quando o que você tem nas mãos não é suficiente para a sua necessidade, entregue tudo a Ele, assim, o que você tem se transformará em semente.” – Pastor Daniel D. Saugh, durante sermão, na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Meadowvale, Ontário,Canadá.

RE SP O S TA : Em Savoonga, Alasca, Estados Unidos, os adventistas usam esse prédio como igreja, o qual está localizado fora da costa do Alasca, na Ilha de St. Lawrence. A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Savoonga tem 38 membros. Quando o pastor ou um funcionário da associação vem do continente, os membros rapidamente se reúnem para uma reunião de louvor e oração. Veja o artigo especial deste mês para saber mais sobre a igreja no Alasca.


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