DESPOLITIZAR UMA VIA PARA A PRECONCEITUALIZAÇÃO. OS DESAFIOS DA INTERVENÇÃO SOCIAL PERANTE A CRISE DA PROTEÇÃO SOCIAL
Doutora Jacqueline Marques Doutorada em Serviço Social pelo Instituto de Serviço Social de Lisboa – Universidade Lusíada. Mestre em Serviço Social pela ESAE do Instituto Superior Miguel Torga. Professora da licenciatura e Mestrado em Serviço Social na FPCE da Universidade de Coimbra e no ISPGaya. Possui vasta experiência docente e de supervisão. Principais publicações: “O Estado como protagonista das Políticas Sociais” publicada na Revista “Politécnica” n.º 18; “A Reconfiguração do Estado-Providência” publicada na Revista “Gestão e Desenvolvimento” n.º 15/16; “Poder Normalizador: A Sombra da Intervenção Social” publicado na Revista “Interacções – Sociedade e as novas modernidades” n.º 6.
Conteúdos Nos últimos anos assistimos a uma crise do Estado Social nos vários campos financeiro, ideológico e filosófico. Este ambiente de crise e de incerteza permitiu uma reconfiguração do Estado Social, que acarretou mudanças para os direitos sociais, para as conceções de cidadania e de solidariedade e, consequentemente para as políticas socias. Neste contexto do Estado Social as ideias liberais ganham (novamente) espaço e assistimos a crise do sistema de proteção social, e do próprio modelo social, o que tem permitido um movimento de diminuição, cessação ou afunilamento das políticas públicas, nomeadamente, das políticas sociais. Esta retração dos patamares de proteção social, com o alastramento da lógica de “condição de recurso” e da terciarização da proteção social, dá lugar a um clima de medo e insegurança, afeta a democracia e a atitude dos cidadãos que ficam na incerteza perante os consecutivos atropelamentos dos direitos sociais. Como consequência assistimos ao (re)surgimento de intervenções sociais baseadas num pensamento de base liberal, com uma “refilantropização do social” (Yazbek, 2001), que transforma direito em deveres morais, levando a uma despolitização da “questão social” e ao abandono do seu caráter coletivo e político. Existe, no entanto, outro caminho, que implica a politização do social. Uma intervenção social que articula a autonomia individual com a promoção da justiça social de modo a permitir a concretização do princípio da liberdade e igualdade. Para isso é essencial retomar a politização do coletivo e das políticas sociais. O Serviço Social assume um papel essencial nessa politização através de práticas emancipatórias e anti-opressivas, integradas num projeto ético-político que permitem repolitizar o próprio Serviço Social.
Organização: Mestrado em Serviço Social Inscrições e confirmação de presença ocis@fpce.uc.pt