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Sérgio Baresi se destaca no comando do Osasco Audax
from Segunda Divisão
by hns2020
T R E I N A D O R E E X - J O G A D O R D O S Ã O P A U L O
Por Laura Lima e Vitória Goes
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O treinador e ex-futebolista brasileiro Sérgio Felipe Soares, mais conhecido como Sérgio Baresi, que atuava como zagueiro, hoje é técnico do Grêmio Osasco Audax. Começou a sua carreira aos 12 anos de idade e jogou nos times de base do São Paulo Futebol Clube, ao lado de Rogério Ceni conquistou a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1993. Baresi é formado em Educação Física e Psicologia Esportiva, o que o faz ter uma preocupação maior e saber lidar com a saúde mental dos jogadores, os quais ele denomina como “Geração PlayStation” , conectados com as redes sociais e jogos online.Aos 49 anos, Sérgio fala sobre o quão o chamado “futebol de rua” tem sido extinto:
"Quando comecei jogar bola, na minha época era o futebol de rua, hoje não existe mais, a gente praticava todas as modalidades esportivas: Futsal, Basquete, Vôlei e principalmente Futebol. . Nós fazíamos aquelas brincadeirinhas na rua de Gol Garrafa, Campinho, o golzinho era gol de chinelo e os europeus nos copiaram, essa metodologia que nós tínhamos que era uma metodologia de rua, nós perdemos um pouco. Os europeus começaram a usar essa metodologia lá fora e eles evoluíram muito no futebol, enquanto nós diminuímos e perdemos espaço. ”
O técnico aborda sobre o quão as mídias sociais são benéficas, mas podem vir a se tornar um problema e como o time lida com essas questões:
“Os jogadores são muito conectados com esses jogos online e com as redes sociais, por um lado é bom, para que eles possam estar linkados com essas informações, sabendo filtrar, focar, mas por outro lado é muito ruim também, porque dispersa o foco, dispersa o egocentrismo, dispersa querer resolver as coisas sozinhos e na maioria das vezes o futebol é decidido coletivamente. Então, se nós não não conseguirmos junto junto com as nossas comissões técnicas passar para eles e espremer o máximo do atleta, isso pode causar uma
defasagem grande no processo não só criativo, mas também disciplinar e de alta performance, porque temos que atingir um alto nível de excelência. No Audax, nós também somos clubes formadores e como clubes formadores, nós temos que revelar bons atletas, não só para o mercado brasileiro como para o mundial. Por exemplo, nós temos 3 atletas que estão na seleção brasileira hoje, um dos quais saíram daqui do Audax, jogou aqui no profissional e não só foi formado na base, mas também jogou no profissional e isso é muito bom para o nosso case de sucesso. ” Sérgio comenta sobre a venda do jogador Bruno Guimarães e os demais jogadores que saíram do Audax e hoje estão na Seleção Brasileira: “O mais TOP deles, que acabou de ser feita uma venda fantástica é o Bruno Guimarães. Ele foi vendido agora para o Newcastle e como nós somos times formadores, 5% desses valores caem na conta do Audax, outro é o David Neres que também estava na seleção e o Anthony e Anderson que foram convocados para seleção brasileira. Então, o Audax é sempre uma referência no futebol de formação, justamente por possibilitar esses jogadores de talento para o mercado. ”
Baresi compartilha as maiores dificuldades de ser um treinador, o técnico afirma que o treinador do futebol de base não sofre tanta pressão comparado ao do profissional, já que segundo ele, o da base normalmente tem um tempo mais longilíneo de trabalho, a não ser que cometa alguma situação muito grave no clube ou mesmo com o atleta. O ex-futebolista explica sobre a regra de três do futebol:
“Na base, você tem uma estabilidade maior, você consegue desenvolver esses processos, enquanto no profissional eu costumo dizer que é a regrinha de três: Se você perdeu um, empatou a outra e ganhou a outra, você está fora. Então, no futebol você tem que ganhar duas e empatar uma, se você tem qualquer outro tipo de resultado, você começa a entrar na dança dos treinadores e começa a rodar de um time pra cá e pra lá, e aí fica complicado. Basicamente é isso, treinador de futebol de base ele tem mais tempo para desenvolver os processos e se desenvolver automaticamente, no profissional não, no profissional a cobrança é muito maior, muitas vezes com a potencialização das mídias sociais, principalmente pós pandemia, as mídias sociais têm um poder muito grande sobre os clubes, até mesmo no contratar ou não, de apoiar o técnico ou não, ou seja, a pressão é muito grande. ”
Na sua trajetória até o Audax, o técnico saiu da China e foi pros Estados Unidos e de lá para o Guarani de Campinas. Chegando no Brasil no final de 2018, recebeu uma proposta do Guarani e ficou na temporada 2019/2020 como treinador do Sub-20, e ao final do contrato o Audax fez uma proposta de trabalho, onde ele permanece até hoje desenvolvendo o processo metodológico com as categorias: Sub-13 (11 e 13, 11 e 9 anos), o Sub-15 (15 e 16 anos), o Sub-17 e o Sub-20.
“Nós temos mais ou menos 90 atletas sob nossa tutela, com essa responsabilidade de fazer com que a gente desenvolva não só o atleta no seu nível intelectual, mas também principalmente no aspecto físico, técnico e tático. Onde entra nossa metodologia de trabalho, os quais nossos disciplinadores das comissões técnicas estão preparados para que nesse processo de ensino e aprendizagem, fazer com que nossos atletas absorvam o mais rápido essa metodologia, para que isso possa potencializá-los para o mercado não só nacional como internacional também. ” , comenta o ex-jogador.
Ao ser questionado sobre as questões sociais comentou sobre algumas ações do clube:
“Como tem o campeonato Paulista e outras competições, a gente tem a agenda muito programada. Mas nós temos um departamento deste setor, que é justamente voltado para este departamento das obras sociais, nesse ano de 2021 foi destinado mais de um milhão de cestas básicas, o Sr. Mário Teixeira (proprietário do Osasco Audax) doou mais de um milhão de cestas básicas para as casas de caridades daqui de Osasco, em parceria com a prefeitura também. E aqui nós temos um fundo social do idoso, é um projeto que todo ano tem para alavancar e apoiar a sociedade daqui de Osasco. As principais iniciativas sociais são essas que comentei. Nós temos essa conexão com a prefeitura, dia da raça negra, outubro rosa, novembro azul, as datas comemorativas dos dias dos pais, dia das mães, nós trazemos as famílias dos jogadores pra cá e se torna um grande evento, é bem bacana. ”
Apesar da rotina incessante, treinando com as três categorias do clube, fora o Sub-13 que treina apenas três vezes na semana, na sua agenda nos horários entre 11h e 14hrs ele recebe empresários e pais que precisam tratar de algum assunto, mas na maioria das vezes diz serem empresários, que marcam reuniões para que possam estar mais próximos e desenvolver melhor a parceria. Recebem também técnicos, olheiros e observadores de outros clubes em parceria, fazendo com que realizem algo bem produtivo durante o dia, em prol de seus atletas.
Fora das quatro linhas, Sérgio é casado com Márcia e tem três filhos: João Vitor (19), Lorenzo (11) e Maya (7), reside em Santo André, mas tem um flat em Osasco para não precisar ir todos os dias para casa. Seus ídolos são incontáveis: Careca, Muller, Silas, Oscar, Ricardo Rocha, etc. Torcedor do São Paulo desde pequeno, em uma fase mais recente jogou com o Zetti e sempre reencontra seus ídolos e amigos no Camarote dos Ídolos no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Estádio do Morumbi. Baresi comentou sobre alguns de seus objetivos: “Tenho o objetivo de voltar a ser treinador em alto nível, em um clube de expressão nacional. Mas não é uma obsessão, eu penso muito no meu hoje aqui no Audax, então entrego sempre o meu melhor, para que isso possa se vir acontecer algum dia, estejamos preparados. Eu tenho todas as licenças que é possível ter, não só para o Brasil, mas também lá fora. Então a gente tá preparado para quando uma oportunidade dessa chegar, a gente abrace de corpo e alma novamente. ”
Para finalizar, comenta que a vida do treinador é um casamento que tem hora que dá certo e tem hora que não dá certo e explica sobre como o futebol é um ambiente fantástico, de muito aprendizado, muitas alegrias, porém, de muitas tristezas também. Pelo futebol caminhar em cima da régua, diz que se você desviar um pouco, está fora do combate, do time e fora de terminar a carreira que se iniciou.