
3 minute read
Uma coisa é certa
A empresa que tem gerido a Cinemateca Paixão nos últimos três anos vai a jogo e apresentará uma proposta ao concurso público para continuar a operar o espaço na Travessa da Paixão. Ao HM, a gestora de operações da cinemateca garantiu que se mantém a inspiração para oferecer ao público de Macau um programa diverso e de qualidade
QUANDO a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura
Advertisement
In Limitada ganhou o concurso público para a gestão da Cinemateca Paixão em Junho de 2020, o sector local do audiovisual foi apanhado de surpresa em relação ao novo player que surgiu, aparentemente do nada.
O repúdio pela decisão gerou mesmo a entrega de duas petições à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Leong U, por um grupo de cineastas autodenominado “Macau Cinematheque Matters”.
Volvidos cerca de três anos, e face a um novo concurso público para gerir o espaço da Travessa da Paixão, os ânimos serenaram e voltam a preparar-se candidaturas. Em declarações ao HM, Jenny Ip, responsável pela gestão das operações da Cinemateca Paixão nos últimos três anos, confirma que a Companhia de
Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada voltará a participar no concurso público.
“Vamos ter uma discussão interna para analisar as condições do concurso público. Mas a nossa inspiração para o futuro continua a ser a mesma que tivemos nestes três anos, que é proporcionar ao público de Macau um programa diversificado e de qualidade. Mas uma coisa posso garantir, temos a certeza de que vamos apresentar uma nova proposta”, contou ao HM a gestora de operações da Cinemateca Paixão, Jenny Ip.
Questão de milhões
A direcção da Associação Audiovisual CUT, que esteve à frente da Cinemateca Paixão nos primeiros anos de existência do espaço, indicou ontem ao HM estar a analisar as condições do concurso público e a “considerar seriamente” apresentar uma candidatura.
No concurso público anterior, as duas candidatas apresentaram propostas de orçamento para gerir a Cinemateca Paixão bem díspares. Enquanto o montante apresentado pela companhia In foi de 15,24 milhões de patacas, a Cut Limitada colocou em cima da mesa uma proposta de 34,8 milhões de patacas. João Luz
XUNZI
Xunzi que interpretou cuidadosamente a realidade do seu tempo (nas vésperas da fundação do império), reelaborou as doutrinas de Confúcio e de Mêncio à luz das principais ideias de outras escolas do pensamento, que ele, no entanto, não cessou de criticar. Antes de analisar as suas doutrinas, contudo, talvez valha a pena considerar a questão controversa da autenticidade do Capítulo 23 atribuido a Xunzi, dedicado à natureza humana. Alguns estudiosos expressaram, de facto, dúvidas no que respeita à paternidade do capítulo inteiro, alguns apenas a algumas das suas partes e outros muito simplesente a algumas afirmações feitas no capítulo--e sobretudo aquela [ren zhi] [xing e] [人之][性惡] (a natureza humana é má) que dá o nome ao próprio capítulo, uma espécie de estribilho que é usado de forma quase monótona, como se fosse uma antífona, perto do fim das principais partes.
Segundo a minha perspectiva, Xunzi é o autor da maior parte das secções contidas no Capítulo 23, em que a maioria das ideias expressas são compatíveis com as encontradas no resto da obra. Algumas passagens são, simplesmente, a repetição de outras encontradas noutras partes, outras, ainda são paráfrases de passagens encontradas no resto do trabalho; e por vezes temos o “eco” da terminologia usada por Xunzi. No seu todo, o capítulo é um verdadeiro ensaio sobre o tema da natureza humana, deliberadamente elaborado como crítica a Mêncio e às suas teorias. É quase certo que não foi compilado por Xunzi na sua forma actual. Foi habilidosamente construido por Liu Xiang [劉向] (79-6 a. C.) editor da primeira edição do trabalho de Xunzi, o Xunzi [荀子] que “coseu” todos os textos que eram homogéneos no estilo, terminologia e conteúdos, tentando dar uma forma lógica e sistemática às diferentes partes. O ensaio é constituido de duas partes distintas (partes 32.1-5 e 23.6-8, respectivamente), em que a segunda, como alguns estudiosos referiram, é considerada espúria já que não é tão homogénea se comparada com a primeira.44 Isto não significa que as últimas três partes não tenham sido escritas por Xunzi: É o facto de elas terem sido colocadas no fim do Capítulo 23 que parece inapropriado, ou pelo menos questionável. Do mesmo modo, outras passagens e partes podiam ter sido colocadas mais apropriadamente no Capítulo 23, tal como a parte 19.6, que aparece inapropriadamente colocada no capítulo entitulado Lilun [禮論] (Discurso sobre os Princípios Rituais).
Os chamados estribilhos que aparecem no fim de algumas partes principais parecem ser meras interpolações. Não são coerentes com o estilo ou a retórica de Xunzi e, de facto, não são encontrados no resto da obra nem nas secções espúrias inseridas no fim do ensaio. É, por isso, muito plausível que tenham sido escritas por outra pessoa--se não por Liu Xiang ou outro comentador, certamente por um discipulo da ala Legalista mais “fundamentalista”, como propôs Kanaya Osamu [金 谷治].45 Em minha opinião, esta é mais provável do que a asserção de que Xunzi o teria escrito já tarde na vida, quando a sua desilusão e pessimismo o tinham conduzido a posições extremistas. Sem estes estribilhos, o capítulo inteiro pareceria mais em consonância com o tom do resto da obra. Na literatura filosófica do período clássico há uma forte tendência para reduzir as doutrinas dos adversários a fórmulas simplificadas, resumindo os seus pensamentos de forma esquemática mas efi-