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Diagnóstico pré-natal

DEPOIS DA COVID,QUE SAÚDE MENTAL E EMOCIONAL? MENTAL AND EMOTIONAL HEALTH AFTER COVID?

COVID-19, é um nome bem conhecido a nível mundial. Foi o nome dado pela Organização Mundial de Saúde à doença provocada pelo novo coronavírus SARS-COV-2. Este vírus foi identificado pela primeira vez em humanos no final de 2019, na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei, tendo a partir de então sido confirmados casos em quase todos os países do mundo, conduzindo a uma situação pandémica com um impacto a uma escala sem precedentes.

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A sociedade mantém bem vivas as memórias das primeiras notícias. Um inimigo invisível que dizima vidas, que abre tantas valas e que transporta tantos corpos. Mesmo quem até agora não teve COVID, não deixou de viver uma situação de stress crónico. Não só o nosso cérebro guarda a memória das imagens televisivas, como também o nosso corpo guarda a memória do impacto emocional do que foi vivenciado, um pouco por todo o mundo.

Os profissionais que trabalham na área do trauma conhecem bem o efeito do stress no cérebro e as alterações químicas e eléctricas que nele acontecem. O cérebro, sentindo o alarme do perigo, manteve-se assim até hoje. Muitas pessoas não conseguiram ainda sair do estado de alerta. Os medos são muitos: de contrair o vírus, medo da morte, de não ter acesso a cuidados de saúde ou medo do internamento. Há quem tenha igualmente medo da vacina.

O primeiro grande impacto emocional está relacionado com o diagnóstico. Receber o diagnóstico positivo para a COVID-19 pode ser verdadeiramente

traumático. A incerteza, o receio de contágio dos membros da família, a incerteza para com a evolução da doença, a ansiedade e o tempo de isolamento, são sintomas que correspondem apenas à fase inicial de todo o processo. E o stress provocado por esta situação prolongada, tem um impacto inevitavelmente maior se for acompanhado de solidão e isolamento social.

Volvidos quase dois anos, a COVID-19 teima em ficar. E por este motivo, são muitas as dúvidas em relação ao futuro. Consequentemente o medo e a ansiedade com toda a incerteza que se vive, aumentam.

Sob o ponto de vista emocional e para algumas pessoas, só o nome COVID assusta, pois embora os sintomas possam ser residuais, em último caso poderá causar uma infeção respiratória grave, como uma pneumonia e, até mesmo levar à morte. Talvez

COVID-19, is a well-known name worldwide. It was the name given by the World Health Organization to the disease caused by the new SARS-COV-2 coronavirus. This virus was first identified in humans at the end of 2019, in the Chinese city of Wuhan, Hubei province, and since then cases have been confirmed in almost every country in the world, leading to a pandemic situation with an impact on an unprecedented scale.

Memories of the first news are still very much alive in everyone’s minds. An invisible enemy that decimates lives and opens so many graves. Even those who have not had COVID so far, continue to live a situation of chronic stress. Not only does our brain keep the memory of images seen on television, our body also keeps the memory of the emotional impact of what was experienced, all over the world.

Professionals that work with trauma patients are well aware of the effect of stress on the brain and the chemical and electrical changes that take place in it. These alarm and danger signals sensed by the brain continue to this day. Many people have not yet managed to come out of a state of alertness. There are many fears: of contracting the virus, fear of death, of not having access to health care or fear of hospitalization. There are those who are also afraid of the vaccine.

The first major emotional impact is related to the diagnosis. Receiving a positive diagnosis for COVID-19 can be truly traumatic. Uncertainty, fear of contagion from family members, uncertainty about

the evolution of the disease, anxiety and time spent in isolation. These symptoms only correspond to the initial phase of the entire process. And the stress caused by this prolonged situation inevitably has a greater impact if accompanied by loneliness and social isolation.

Almost two years later, COVID-19 insists on not leaving us. For this reason, there are many doubts concerning the future. Consequently, with all this uncertainly in our live, fear and anxiety increases.

From an emotional point of view, for some people mentioning the name COVID is frightening enough. Although symptoms may be residual, it can ultimately cause a serious respiratory infection, such as pneumonia, and even lead to death. Perhaps for this reason, the impact of a positive COVID-19 diagnosis and the fear related to the prognosis are unavoida-

Dr. Suzana Guedes Psicóloga Clínica Doutorada em Saúde, Personalidade e Diferenças Individuais Terapeuta em EMDR, Brainspotting e Neurofeedback Clinical psychologist PhD in Health, Personality and Individual Differences Therapist in EMDR, Brainspotting and Neurofeedback

Hospital Particular do Algarve

Alvor

Hospital de São Camilo

por isso, o impacto do diagnóstico e o medo relativo ao prognóstico sejam inevitáveis. Testar positivo à COVID-19 pode abrir a porta a um longo caminho a percorrer. Os pacientes podem ter que lidar com os sintomas que a doença deixou, durante muito tempo. Em Portugal, estima-se que cerca de 80 mil pessoas possam vir a sofrer sequelas maiores ou menores a longo prazo. Mas mesmo nos casos de menor gravidade são frequentes os relatos de dificuldades respiratórias, dores musculares, incapacidade para a realização de exercício físico, entre outras. As sequelas deixadas pela COVID-19 poderão ser relevantes e os efeitos podem verificar-se não só a nível pulmonar mas também hematológico, cardiovascular, respiratório, neurológico, emocional, renal, endócrino, gastrointestinal ou mesmo dermatológico.

Embora os sintomas de COVID-19 possam desaparecer ao fim de quatro semanas, tem-se verificado a persistência da sintomatologia (não atribuível a ou-

tros diagnósticos), para além das 12 semanas.

A esta condição chamou-se COVID Longa ou Síndrome Pós-COVID (nome atribuído pelos especialistas para descrever os efeitos da infeção a longo prazo). Estudos nos Estados Unidos ou na Europa (em França, Espanha, Itália e Reino Unido), em que foram acompanhados doentes pós-COVID, foram reportados sintomas de tosse (15,4%), dificuldades respiratórias ao subir degraus (22,9%), perda de paladar ou olfacto (13,1%), fadiga (53,1%), dores nas articulações (27,3%) ou dor no peito (21,7%), com 55% dos doentes a experimentarem três ou mais sintomas. Verifica-se igualmente uma mudança significativa na qualidade de vida. Em Itália, por exemplo, 44,1% das pessoas reportaram um declínio nesse domínio.

Para além dos sintomas físicos, os danos emocionais apresentam também uma relevância significativa. Muitas pessoas ficam emocionalmente afetadas e mesmo 8 a 14 semanas após o diagnóstico, ainda persistem sintomas de stress psicológico, tal como a perturbação de stress pós-traumático (PSPT), perturbações do sono, ansiedade e depressão em 30 a 40% dos sobreviventes à doença. A probabilidade de um diagnóstico psiquiátrico aumenta também.

Os sintomas cognitivos são igualmente expressivos e manifestam-se sobretudo em relação à me-

mória e à capacidade de concentração. A chamada névoa cerebral ou brain frog é um dos sintomas habitualmente referidos. Queixas de raciocínio mais lento e menos intuitivo, maior confusão mental e até dificuldades de organização e de vocabulário, têm sido muitas vezes reportadas.

A batalha agora tem de ser travada em várias frentes, não só a da saúde física, mas também cerebral e emocional.

A avaliação multidisciplinar é essencial para proporcionar uma resposta integrada e o HPA dispõe de uma equipa multidisciplinar Pós-COVID pronta para responder às suas questões e ajudá-lo a ultrapassar as sequelas físicas, cognitivas e emocionais.

ble. Patients may have to deal for a long time with resulting symptoms after the disease. In Portugal, it is estimated that around 80 thousand people may suffer in the long term from sequelae of the disease to a greater or lesser degree.

But even in less severe cases, reports of breathing difficulties, muscular pain, inability to perform physical exercise, among others, are frequent. The sequelae left by COVID-19 may be relevant and effects may occur not only on a pulmonary level but also on a haematological, cardiovascular, respiratory, neurological, emotional, renal, endocrine, gastrointestinal or even dermatological levels.

Although symptoms of COVID-19 may disappear after four weeks, there are cases of symptoms persisting beyond 12 weeks, (not attributable to other diagnoses).

This condition is known as Long COVID or

Post-COVID Syndrome (the name given by experts to describe the long-term effects of the infection).

Studies in the United States or Europe (in France, Spain, Italy and the United Kingdom), where follow-up of post-COVID patients was carried out, symptoms of coughing (15.4%), breathing difficulties when climbing stairs (22.9%) were reported. Loss of taste or smell (13.1%), fatigue (53.1%), joint pain (27.3%) or chest pain (21.7%), with 55% of patients experiencing three or more symptoms. There is also a significant change in the quality of life. In Italy, for example, 44.1% of people reported a decline in their quality of life.

In addition to physical symptoms, emotional damage is also of significant relevance. Many people are emotionally affected, symptoms of psychological stress persist, even 8 to 14 weeks after diagnosis.

Post-traumatic stress disorder (PTSD), sleep disturbances, anxiety and depression are experienced in 30 to 40% of survivors. The likelihood of a psychiatric diagnosis also increases.

Cognitive symptoms are equally significant and manifest themselves mainly in relation to memory and the ability to concentrate.

The so-called brain fog or brain frog is one of the commonly reported symptoms.

Complaints of slower and less intuitive thinking, greater mental confusion and even organization and vocabulary difficulties have often been reported.

The battle now has to be fought on several fronts, not just physical health, but also brain and emotional health.

A multidisciplinary assessment is essential to provide an integrated response and the HPA has a multidisciplinary Post-COVID team ready to answer your questions and help you to overcome physical, cognitive and emotional sequelae.

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