Revista Essência - Edição 117 - Hospital Santa Catarina Blumenau

Ano 21 Edição 117 ABR•MAI•JUN 2016

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO:

AS DELÍCIAS E OS PERIGOS DESSAS COMPANHIAS

Esclerose Múltipla e a possibilidade de uma vida normal PÁG. 6

Conjunto de medidas reduz mortalidade em casos de SEPSE PÁG. 10

Epilepsias: o diagnóstico precoce como ponto de partida PÁG. 20

04

EXPEDIENTE

Foto: Fabiane Moraes

EDITORIAL

A CRISE COMO UMA OPORTUNIDADE por Maciel Costa Diretor-superintendente

É FATO QUE há muito tempo estamos vivendo uma “crise”. Fala-se de crise política, econômica, social, enfim, poderíamos aqui discorrer sobre vários tipos e exemplos dela, de acordo com a complexidade ou ponto de vista de cada pessoa.

No entanto, em minha opinião, a verdadeira crise que enfrentamos tem outro nome e chama-se “Crise Moral e Ética”. Por todos os acontecimentos, especialmente, os dos últimos meses, percebe-se que perdemos totalmente a noção da importância e do significado que esses dois valores têm para a nossa sociedade. E não falo da falta deles apenas no meio político, afinal, sabemos que não são só eles, alguns políticos, que os desconhecem. Quantos de nós já presenciamos situações de falta de ética no nosso dia a dia?

Desde situações simples, como desrespeitar uma fila, uma faixa de pedestre ou ainda jogar o lixo no chão até situações mais graves, como a falta de respeito com o próximo chegando ao nível da agressão física. Ou ainda de situações de corrupção, em que se tenta levar vantagem pessoal, cometidas por cidadãos comuns, por muitos daqueles que saem às ruas em protestos contra aqueles outros lá de Brasília.

Comecemos nós a mudar o rumo desse país, sendo exemplo de bons cidadãos aos nossos filhos, honrando o nome de nossas famílias e a educação que recebemos de nossos pais. É nosso dever respeitar as pessoas, as leis e, consequentemente, o nosso país.

Sou um otimista e tenho certeza de que iremos passar por esta crise moral e ética e, certamente, passaremos mais rápido ainda por esta crise econômica, social e política. Mas, para isso, precisamos encarar este período como uma oportunidade, mesmo com todas as decisões não muito favoráveis de quem está à frente do poder deste país. Resta-nos arregaçar as mangas e partir para a busca de soluções, pois tenho a certeza de que, mais uma vez, encontraremos uma saída para esta situação difícil. Nós do Hospital Santa Catarina de Blumenau estamos trabalhando fortemente para superar este momento e, para tanto, estamos investindo no crescimento do Hospital. No mês de abril, entregaremos aos nossos clientes mais uma ala de internação com 15 novos apartamentos. E, até o final do ano, um novo Centro de Oncologia.

Na contramão da crise, estamos investindo para ter um Hospital com maior capacidade, mais conforto e ainda mais segurança para atender com qualidade os nossos clientes.

E que isso seja só o começo, também para as mudanças de que o nosso país precisa.

Um grande abraço, Maciel Costa.

A Revista Essência é uma publicação do Hospital Santa Catarina de Blumenau. Diretorsuperintendente: Maciel Costa. Diretor Técnico: Mário Celso Schmitt - CRMSC:1538 - RQE:1221.

Projeto Gráfico: Seven Comunicação Total.

Jornalista Responsável: Fabiane Moraes SC 4152.

Foto de Capa: Banco de Imagem. Redação: Rua Amazonas, 301, Bairro Garcia, Blumenau – SC, CEP 89020-900, tel.: (47) 3036-6034, e-mail: fabiane.moraes@hsc.com.br. Conselho Editorial: Maciel Costa, Ernandi D. S. Palmeira, Maurício de Andrade, Mário Celso Schmitt, Genemir Raduenz, Sirlete Aparecida Leite Krug. Anúncios: Luciane Mello, tel.: (47) 3036-6141, e-mail: luciane. mello@hsc.com.br. Impressão: Tipotil Gráfica e Editora Ltda. Tiragem: 5 mil exemplares.

A Redação não se responsabiliza pelos conceitos emitidos em artigos assinados.

REVISTA ESSÊNCIA E VOCÊ Indique uma pauta ou solicite gratuitamente a revista pelo e-mail: fabiane.moraes@hsc.com.br.

Confira também novidades da Revista Essência nas redes sociais. Curta o Hospital Santa Catarina de Blumenau no Facebook e siga @hscblumenau no Twitter.

NESTA EDIÇÃO 05 • COM LEVEZA

Cinco alimentos que contribuem para a saúde dos ossos

06 • EM QUESTÃO

Esclerose múltipla e a possibilidade de uma vida normal

08 • EM QUESTÃO

Sem telefone sem fio: a importância da comunicação efetiva nos hospitais

10 • EM QUESTÃO

Conjunto de medidas reduz mortalidade em casos de SEPSE

12 • CAPA

Animais de estimação: as delícias e os perigos dessas companhias

16 • DIÁLOGO ABERTO

Com Tércio Egon Paulo Kasten

18 • INTERNAS 20 • ARTIGO

Epilepsias: O diagnóstico precoce como ponto de partida

22 • CRÔNICA Saber ouvir

05 COM LEVEZA

CINCO ALIMENTOS QUE CONTRIBUEM PARA A SAÚDE DOS OSSOS por Fabiane Moraes

O CÁLCIO e a vitamina D são os dois nutrientes que devemos levar em consideração quando o assunto é a saúde dos ossos. Enquanto o cálcio apoia os ossos e a estrutura dos dentes, a vitamina D melhora a absorção do cálcio e o crescimento ósseo.

A perda de massa óssea é um problema sério e atinge cada vez mais pessoas no Brasil. A Sociedade Brasileira de Osteoporose estima que existam 5,5 milhões de brasileiros com osteoporose, sendo a maioria mulheres acima de 50 anos e na menopausa.

Que o leite e os seus derivados são ótimas fontes de cálcio não é nenhuma novidade. Mas, além deles, quais alimentos contribuem para a saúde dos ossos?

Sardinha – Esse peixe contém altas doses de cálcio e vitamina D, o que ajuda a deixar os nossos ossos mais fortes. Um prato com três sardinhas, por exemplo, é tão benéfico para os

ossos quanto um copo de leite.

Vegetais – Além de já serem conhecidos como fontes de vitaminas, os vegetais, principalmente aqueles de cor verde, como brócolis, couve, couve-flor, espinafre e agrião, são excelentes fortificantes para os ossos. Esses alimentos são ricos em cálcio e vitamina D e, por isso, ajudam a aumentar a densidade óssea em até 3%.

Nozes e castanhas – Elas podem fortalecer os ossos de inúmeras maneiras. O principal motivo é a quantidade de ômega-3 de origem vegetal que esses alimentos possuem, além das altas quantidades de cálcio.

Linhaça – O consumo regular de linhaça auxilia os rins a excretar a água e o sódio presente no organismo, protegendo os ossos da perda de cálcio. Além disso, a linhaça é ótima fonte de ômega-3, que aumenta a densidade dos ossos.

06 EM QUESTÃO

ESCLEROSE MÚLTIPLA E A POSSIBILIDADE DE UMA VIDA NORMAL por Fabiane Moraes

UMA DOENÇA NEUROLÓGICA, incapacitante, crônica e autoimune que atinge especialmente mulheres de origem caucasiana (pele clara) entre 20 e 40 anos. Essas são algumas das características da Esclerose Múltipla, uma doença complexa que, segundo estatísticas da Abem – Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, afeta 35 mil pessoas no Brasil e cerca de 2,5 milhões no mundo.

De acordo com o Dr. Guilherme Simone Mendonça, neurologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau, as doenças autoimunes são causadas por um descompasso no sistema imunológico, que não consegue diferenciar os tecidos saudáveis dos agentes agressores e acaba destruindo as células normais. “No caso da Esclerose Múltipla, o sistema danifica a bainha de mielina, uma espécie de capa isolante dos condutores nervosos que levam os impulsos do corpo ao cérebro e vice-versa”, explica.

Com a bainha de mielina comprometida, os impulsos se dispersam e a pessoa acometida deixa de ter o controle dos comandos do cérebro, o que dificulta os movimentos básicos, como mexer a perna ou levantar a

mão. A gravidade está relacionada com a área afetada. A doença pode envolver qualquer parte do sistema nervoso, e o paciente pode apresentar diversos sintomas dependendo do local acometido.

Segundo o neurologista do HSC Blumenau, a lista de sintomas e sinais da doença é extensa. “Os mais comuns são formigamento, fraqueza de um ou mais membros, tontura,

07 EM QUESTÃO

aumento dos reflexos, desequilíbrio, perda da sensibilidade nas pernas. O principal distúrbio visual ocorre por perda de acuidade visual acompanhada ou não de dor. A fadiga também é uma queixa comum, assim como os distúrbios psiquiátricos associados à depressão e ao comprometimento cognitivo”, destaca.

A forma mais comum de esclerose múltipla é a recorrente-remitente, caracterizada por episódios agudos de comprometimento neurológico, conhecidos como surtos, com duração maior de 24 horas e intervalo de, no mínimo, 30 dias em cada manifestação. A primário-progressiva é a pior forma de esclerose, na qual a doença evolui com piora contínua e gradual em um período maior que seis meses. A rápida progressão pode causar paralisia dos membros, perda da visão ou demência, se não for tratada a tempo.

A esclerose múltipla pode se manifestar de 4 formas: Remitente-recorrente: é a manifestação clínica mais comum, caracterizada por surtos que duram dias ou semanas e, em seguida, desaparecem.

Progressivo-primária: apresenta uma progressão de sintomas e comprometimentos (sequelas) desde o seu aparecimento.

Progressivo-secundária: pacientes que evoluíram da forma remitente-recorrente e vão piorando lenta e progressivamente.

Progressivo-recorrente: do tipo progressiva com surtos. Desde o início da doença, mostra a progressão clara das incapacidades geradas a cada crise.

As causas exatas da Esclerose Múltipla ainda são desconhecidas, mas há dados interessantes que sugerem que a genética, os fatores ambientais e até mesmo os baixos níveis de vitamina D podem estar associados à doença.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO A primeira coisa a ser feita em caso de suspeita de Esclerose Múltipla é buscar esclarecer o diagnóstico. Existe uma série de doenças inflamatórias

e infecciosas que podem ter sintomas semelhantes ao da Esclerose Múltipla. O mais importante é aliar os aspectos: conhecimento médico, a história clínica do paciente e exames físicos, neurológicos e laboratoriais. “O principal exame para o diagnóstico, nesse caso, é a Ressonância Magnética, seguida da retirada do líquido da medula espinhal e da história clínica do paciente”, enfatiza Dr. Mendonça.

A resposta está no tratamento e, quanto antes ele for iniciado, maiores serão as chances de se ter uma vida normal.

O tratamento atual não é curativo, mas, se iniciado precocemente, garante qualidade de vida e redução do risco de incapacidade permanente. A terapia clássica, segundo o neurologista do HSC Blumenau, se divide em tratamento dos surtos e tratamento preventivo. “O tratamento dos surtos é realizado com dose alta de corticoide ou, se necessário, o uso de imunoglobulina ou de plasmaférese - um processo de remoção de elementos do plasma.

No caso do tratamento preventivo, os medicamentos são utilizados como modificadores da doença e reduzem o número de surtos, o acúmulo de lesões cerebrais e atrasam a progressão da incapacidade neurológica. São os chamados imunomoduladores, que atuam no sistema imunológico do portador da doença”, esclarece.

O tempo médio para o paciente necessitar de apoio unilateral, a partir dos sintomas, é de 15 anos.

Conforme Dr. Mendonça, diversos fatores influenciam na evolução da incapacidade neurológica: a idade de início da doença, a forma clínica progressiva, o número de surtos nos dois primeiros anos da doença e o intervalo entre o primeiro e o segundo surto.

A resposta da Esclerose Múltipla está no tratamento e, quanto antes ele for iniciado, maiores serão as chances de se ter uma vida normal.

08 EM QUESTÃO

SEM TELEFONE SEM FIO: A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EFETIVA NOS HOSPITAIS por Fabiane Moraes

QUANDO O ASSUNTO É SEGURANÇA do paciente não existe espaço para dúvidas. A assistência segura depende de uma comunicação oportuna, precisa, sem ambiguidade e compreendida por todos. Para a supervisora do CTI Adulto e coordenadora do Protocolo de Comunicação Efetiva, Soraya Bachmann Souza, nos Hospitais, a comunicação é fundamental nas trocas de plantão entre equipes, nas transferências do paciente entre unidades internas ou externas, nas situações de emergências e em todos os registros do prontuário do paciente. “É praticamente impossível falar de segurança sem estabelecer protocolos ou rotinas para melhorar a comunicação dentro dos hospitais”, pontua.

Segundo a supervisora, no HSC Blumenau, a comunicação com pacientes, acompanhantes e entre os profissionais da área da saúde é trabalhada através do Protocolo de Comunicação Efetiva – Read Back – que norteia todas as formas de comunicação existentes na Instituição. “O objetivo é identificar e orientar o processo de comunicação, por meio de ordem verbal e/ou telefônica, para assegurar a melhoria efetiva da comunicação”, explica.

Embora seja importante em todos os seguimentos, no universo hospitalar a comunicação impacta diretamente na vida do paciente. “Para garantir a segurança do paciente, a equipe que atua no cuidado

precisa estar certa da informação que recebeu, e a única forma de isso acontecer é confirmando a informação uma, duas, três vezes, se necessário”, ressalta Soraya.

Aqui, a ordem verbal e/ou telefônica pode ser utilizada para resultados de exames laborato-

09 EM QUESTÃO

riais, laudo provisório de exames não laboratoriais e confirmação de prescrição manuscrita ilegível, desde que, claro, seja cumprido o protocolo.

De acordo com a supervisora, o protocolo preconiza que sempre que uma informação for repassada de forma verbal ou via telefone, o receptor – profissional que recebeu a ordem ou resultado – deve escrever as informações que ouviu e ler de volta – o read back. E o emissor - profissional que repassou a ordem verbal - deve confirmar se o que foi anotado e lido está correto. “E isso deve acontecer sempre, mesmo nas situações de emergência”, completa.

CONHEÇA O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DO HOSPITAL

Sumário de alta É um registro médico realizado no momento da alta e entregue ao paciente e/ou acompanhante.

Esse documento contém informações sobre a alta do paciente.

Orientação de alta A equipe multiprofissional avalia a condição do paciente considerando a compreensão das informações para o autocuidado. Quando necessário, as orientações são disponibilizadas por escrito e entregues para o paciente e/ou acompanhante durante a internação ou no momento da alta.

Passagem de plantão A passagem de plantão entre os turnos ocorre Garantir a segurança do paciente requer uma de forma verbal, e as informações podem ser resérie de medidas. A criação de protocolos, embopassadas para o sistema Tasy. Dos setores para o ra muito importante, é apenas o primeiro passo.

Centro Cirúrgico, a passagem de plantão acontece O grande desafio mesmo é preparar através do Check-list cirúrgico. os profissionais da saúde para apliA passagem de plantão entre as Embora seja carem os protocolos durante o dia demais unidades é registrada no a dia. Abaixo você confere como o importante em documento de transferência inHSC Blumenau trabalha para me- todos os seguimen- terna. lhorar a comunicação efetiva. tos, no universo Round hospitalar a comuSituações de emergência É realizado pela equipe multiNesses casos, o profissional nicação impacta disciplinar para passar o plantão solicita verbalmente a conduta. e/ou discutir casos de pacientes inO receptor confirma, também ver- diretamente na vida ternados nas Unidades de Terapia balmente, a informação recebida e, do paciente.

Intensiva. O registro é realizado no só então, segue com o atendimento. prontuário do paciente pelo médico intensivista.

Adenda de internação A Instituição sugere que o registro da admisAtravés de iniciativas como essas, o Hospital busca são do paciente seja realizado no sistema de prongarantir a melhoria contínua dos serviços prestados. tuário eletrônico (Tasy), contendo o diagnóstico, Além do Protocolo de Comunicação Efetiva, o HSC Blua história resumida do relato do paciente e a avamenau possui os protocolos de “Prevenção do risco de liação médica no momento da admissão. Após a quedas”, “Segurança na prescrição, uso e administraadmissão do paciente, é de responsabilidade do ção de medicamentos”, “Atendimento ao paciente com enfermeiro, nortear e registrar todos os cuidados Sepse”, já divulgados nas edições anteriores, e muitos de enfermagem para o paciente. outros que você ainda vai conhecer, caro leitor.

10 EM QUESTÃO

CONJUNTO DE MEDIDAS REDUZ MORTALIDADE EM CASOS DE SEPSE por Fabiane Moraes

INFECÇÃO GENERALIZADA. Infecção no sangue. Septicemia. Você já ouviu falar? Conhecida antigamente por esses termos, a Sepse é uma síndrome caracterizada por um conjunto de alterações graves em todo o organismo e tem como causa uma infecção.

Em geral, segundo a Dra. Rafaela M. C. Tridapalli, médica hospitalista e coordenadora do Protocolo de Sepse no Hospital, o diagnóstico infeccioso se resume a um órgão ou sistema, mas é suficiente para causar um processo inflamatório em todo o organismo, o que é chamado de Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS).

A Sepse grave e o Choque Séptico permaneceram ao longo de toda a história da Medicina

PARTICULAR E CONVÊNIOS PRONTO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Equipe médica especializada em Ortopedia e Traumatologia

47 3036-6046 contato@cobblumenau.com.br Rua Amazonas, 301 • Sala 127 Bairro Garcia • Blumenau, SC Anexo ao Hospital Santa Catarina

www.cobblumenau.com.br Diretor Técnico • Dr. Carlos E. M. Liesenberg • CRM SC 6384 • RQE 2520

11 EM QUESTÃO

como condições de extrema graHSC Blumenau que, no mês de javidade e sem possibilidade de um neiro, recebeu mais um relatório tratamento eficaz. “Hoje, o conhedo ILAS demonstrando que os íncimento científico acumulado perdices de mortalidade relacionados mitiu, pela primeira vez, estabeleà Sepse estão cada vez menores, cer um conjunto de medidas que e o melhor, abaixo da média geral reduzem a mortalidade e os custos dos hospitais públicos e privados, hospitalares”, explica a médica. que é de 58,5% e 34,5%, respectivaDe acordo com a coordenadomente. ra de Sepse, “Isso mosestudos tra na prática Hoje, o conhecicomprovam que essas meque a aplididas geram mento científico acucação desse resultados mulado permitiu, pela conjunto excelentes, de medidas quando bem primeira vez, estabetem propiaplicadas, aulecer um conjunto de c i a do u m mentando a medidas que reduzem qualidade dos diagnóstico precoce e, serviços presa mortalidade e os consequentados, uma das custos hospitatemente, grandes mist r at a me n sões do HSC lares. tos mais Blumenau”, coágeis e assertivos. Foi isso que fez memora a coordenadora. o Hospital Santa Catarina de Blumenau buscar, em março de 2015, FUTURO uma parceria com ILAS – Instituto Latino Americano para estudos Como todos os hospitais que da Sepse – através da implemeniniciam a implementação de um tação da nova fase do Protocolo novo protocolo gerenciado, o HSC de Sepse. “O objetivo é diminuir a Blumenau trabalha para melhorar mortalidade dos doentes e redua cada ciclo. “O balanço do primeiro zir os custos relacionados à Sepse ano foi de várias melhorias e muito dentro do nosso hospital”, destaca. trabalho por parte de toda a equipe, o que reduziu significativamente a INICIATIVAS QUE DÃO REmortalidade dos doentes com Sepse SULTADO grave, colocando o Hospital Santa Catarina de Blumenau em destaToda essa movimentação tem que no tratamento da doença”, gerado ótimos resultados para o acrescenta.

12 CAPA

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO: AS DELÍCIAS E OS PERIGOS DESSAS COMPANHIAS Ter um animalzinho de estimação é muito prazeroso, mas exige cuidado. por Fabiane Moraes

SÓ QUEM TEM um amiguinho de quatro patas para saber quão especiais são essas criaturinhas. Basta um olhar carente, um rabinho abanando e pronto: temos um ser humano derretido aos encantos do melhor amigo do homem. Há os que acham essa adoração toda um tremendo exagero e há os que não toleram qualquer ofensa aos novos membros da família.

Mas o que não podemos negar, e os números estão aí para confirmar isso, é que eles conquistaram o seu espaço. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2013 pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – os animais de estimação estão presentes em 44,3% dos lares brasileiros, o que soma 52 milhões de cães.

E tem mais: de acordo com outra pesquisa realizada

13 CAPA

14 CAPA

Estudos revelam que os donos de cães e gatos tomam menos remédios, ficam menos doentes e, quando ficam, saem do Hospital até dois dias antes que as pessoas que não têm animais. pelo IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 2013 havia 44,9 milhões de crianças de até 14 anos.

Ou seja, temos no país mais animais de estimação do que crianças. Em relação à presença de gatos, 17,7% dos domicílios possuem pelo menos um, o equivalente a 22 milhões de gatos.

São dados alarmantes como esses que trazem à tona a seguinte pergunta: quais os perigos e os benefícios dos animais de estimação? E como fazer para ficar apenas com a parte boa? Para o Dr. Otmar Steiner, psiquiatra do Hospital Santa Catarina de Blumenau, desde que bem cuidados, a companhia dos animais de estimação só traz benefícios. “Estudos revelam que os donos de cães e gatos tomam menos remédios, ficam menos doentes e, quando ficam, saem do Hospital mais rápido do que as

pessoas que não têm animais”, destaca o psiquiatra.

Além disso, um estudo americano revelou que a presença de uma mascote em casa deixa as tarefas do dia a dia mais leves. “A interação com os animais de estimação libera endorfina, dopamina e outros hormônios do bem, que reduzem a ansiedade e ajudam a relaxar o corpo”, defende. “O tempo gasto brincando com o animal ou cuidando dele é propício para descarregar as preocupações e aliviar o estresse”, completa.

Segundo o psiquiatra, uma das razões desses efeitos terapêuticos é que os cães e os gatos satisfazem a necessidade humana básica do toque. “Acariar, abraçar ou tocar um animal de forma amorosa pode nos acalmar rapidamente quando estamos ansiosos ou estressados”, explica.

O infectologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Dr. Amaury Mielle Filho, concorda que o convívio com os cães traz grandes benefícios à saúde emocional e social das pessoas, mas alerta: “Os animais também podem ser fontes de infecções”. Segundo o médico, essas infecções podem ser transmitidas por mordeduras, arranhões ou contato direto com os fluidos orgânicos dos animais.

“Existem aproximadamente 70 doenças relacionadas aos animais de estimação”, ressalta.

Calma, ninguém tem dúvidas de que os animais são excelentes companheiros, a grande questão é como tornar essa amizade tão ver-

dadeira e prazerosa em algo seguro e saudável. Conheça agora as doenças mais frequentes e como preveni-las.

Bartolenose - Conhecida por doença da arranhadura do gato, trata-se de uma patologia que leva à febre e ao aumento de linfonodos (gânglios) e, em casos mais graves, infecção generalizada. Os gatos são os principais reservatórios da bactéria chamada Bartonella Henselae e, através de arranhões ou mordeduras, podem transmiti-la ao ser humano.

Campylobacter Jejuni - Geralmente é uma doença autolimitada, que causa diarreia, vômitos e febre. Diversos animais podem estar envolvidos na transmissão dessa doença, mas destacam-se os gatos e cachorros. E chama a atenção sua frequência mais elevada em filhotes.

Pasteurella multocida - Essa bactéria está presente na flora normal da cavidade oral de cães, principalmente. Após a mordedura, o paciente pode desenvolver uma infecção tipo celulite no local com febre e necessidade de tratamento antimicrobiano. Essa infecção acontece, normalmente, até 24 horas depois da mordedura.

Toxoplasmose - A toxoplasmose é causada por um parasita chamado Toxoplasma gondii, que pode ser um problema sério para as gestantes, causando aborto (primeiro trimestre de gestação)

15 CAPA

e más formações no feto. Os gatos servem como hospedeiros definitivos do parasita e contaminam o ambiente e, eventualmente, a água e alimentos através de suas fezes contaminadas.

Dermatófitos - Trata-se de fungos que podem estar presentes na pele/nos pelos de gatos e cães e que, no homem, levam a micoses de pele e/ ou couro cabeludo.

COMO REDUZIR T R A NSM I S SÃO

O

RISCO

DE

Segundo Dr. Amaury, o primeiro passo é higienizar as mãos após qualquer contato com os animais, evitando, inclusive, os mais íntimos, como permitir que o animal se deite na cama, por exemplo. “É muito importante frisar que dormir com o animal de estimação não é a única atitude que pode trazer riscos à saúde. Beijar seu pet ou aceitar lambidas dele – principalmente em locais com ferimentos abertos – também

pode causar problemas”, avisa o infectologista.

Agora, para que você fique apenas com a parte boa, confira alguns cuidados necessários para garantir a sua saúde e a do seu pet: Garanta que ele tenha tomado todas as vacinas. Lembre-se: cães e gatos devem ser vacinados anualmente; Não se esqueça de dar vermífugo; Dê banho semanalmente; Se houver qualquer mudança de comportamento, consulte um veterinário; Ao voltar da rua, lave e seque as patas do bichinho; Se possível, utilize algum medicamento – devidamente prescrito pelo veterinário – com foco na prevenção contra pulgas e carrapatos; Por fim, leve-o ao veterinário periodicamente e aproveite todos os benefícios desses companheiros inseparáveis, afinal, consideramos justas todas as formas de amor.

Os cães como terapia No HSC Blumenau, há mais de um ano, os cães do Projeto Trapapet – Voluntários Caninos auxiliam no tratamento dos pacientes internados na Clínica de Saúde Mental.

Segundo a terapeuta ocupacional do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Melissa Schlesner Krusch, coordenadora do projeto, a TAA – Terapia Assistida por Animais é uma intervenção dirigida por objetivos específicos, na qual os animais integram o processo de tratamento dos pacientes. “A TAA é muito mais do que uma visita de animais de estimação ao Hospital, é uma terapia devidamente analisada e planejada de acordo com as necessidades dos pacientes e a fase do tratamento”, enfatiza.

O projeto visa instigar a interação entre os indivíduos, melhorar as habilidades motoras finas e o equilíbrio, estimular as funções cognitivas (memória, atenção, linguagem...), aumentar a autoestima, reduzir a ansiedade, minimizar a solidão e estimular a produção de hormônios do bem-estar, que irão contribuir para a diminuição dos efeitos negativos causados pelo processo de internação. “As visitas resultam em melhoras sociais, emocionais, físicas e cognitivas de pacientes em tratamento. Acariciar um animal, por si só, já ajuda o paciente a relaxar”, finaliza a terapeuta.

16 DIÁLOGO ABERTO

com

TÉRCIO EGON PAULO KASTEN A CNS - Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços, criada em 1994, é uma entidade sindical de terceiro grau, o mais elevado existente na legislação sindical. A CNS congrega atualmente 8 federações (Fenaess, Fehosul, Feherj, Fehospar, Fehoesc, Fehoesg, Febase e Fehoesp) e 90 sindicatos de saúde em atividade e representa todos os estabelecimentos de serviços de saúde no país. Assim, para falar da importância dessa organização, convidamos o senhor Tércio Egon Paulo Kasten, o novo presidente da instituição.

FALE-NOS UM POUCO DA SUA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL. QUEM É TÉRCIO EGON PAULO KASTEN? Sou Farmacêutico Bioquímico pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina e tenho MBA Executivo em Gestão Empresarial Financeira e de Marketing,

Foto por Vera Rocha

pelo

17 DIÁLOGO ABERTO

INPG em convênio com a Universi-

tos de serviços de saúde no país.

par de ações que visem ampliar os

dade Castelo Branco – UCB e NOVA

Ou seja, é uma instituição muito im-

recursos federais para aplicação na

Southeastern Universit. Sou pre-

portante e presidi-la é uma honra.

saúde em beneficio da população

sidente da FEHOESC – Federação

brasileira.

dos Hospitais e Estabelecimentos

QUAIS OS PRINCIPAIS PROJETOS

de Serviços de Saúde de Santa Ca-

E DESAFIOS COMO PRESIDENTE

COMO O SENHOR AVALIA A SI-

tarina e do Instituto Santé (SC),

DA CNS?

TUAÇÃO ECONÔMICA DO PAÍS

além de fundador de instituições

A prestação de serviços de saúde no

E QUAL O IMPACTO DISSO NA

importantes como: Sindicato dos

país, segundo a Constituição Fede-

ÁREA DA SAÚDE?

Estabelecimentos de Serviços de

ral, está assentada em dois pilares

O país está passando por uma si-

Saúde e Instituições Beneficentes

básicos: Governo (esferas federal,

tuação

Religiosas e Filantrópicas no Esta-

estadual e municipal) e os prestado-

reflete diretamente nas questões

do de Santa Catarina, Federação

res de serviços de saúde privados

relacionadas à Saúde. Os recursos

dos Hospitais e Estabelecimentos

(lucrativos ou filantrópicos), sendo

disponíveis no orçamento da União

de Serviços de Saúde do Estado de

que a CNS representa os interesses

são insuficientes para atender as

Santa Catarina (1995), Sindicato

deste último. Os principais proje-

demandas de serviços de saúde

dos Laboratórios de Santa Catarina

tos são desenvolver na CNS uma

para a população brasileira. Pela

e Instituto Santé.

gestão descentralizada, utilizando

falta de recursos financeiros, os

econômica

crítica,

que

o potencial de conhecimento dos

prestadores de serviços aos usuá-

O

diretores de diferentes regiões do

rios do SUS estão com sua capaci-

SENHOR SER PRESIDENTE DA

Brasil; tornar a entidade mais co-

dade esgotada. Para isso, partici-

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE

nhecida nas suas bases, através da

pamos ativamente na tramitação

SAÚDE?

realização de reuniões e eventos

do projeto de emenda constitucio-

Dentro de uma trajetória profis-

nos estados; e atuar firmemente no

nal 01/16, aprovada em 1º turno na

sional e de representação do setor

acompanhamento de projetos no

Câmara dos Deputados, no dia

de saúde em Santa Catarina, estar

Congresso Nacional em defesa dos

22 de março de 2016, abrindo uma

na Presidência da CNS, representa

interesses do setor. Já entre os desa-

perspectiva de novos recursos para

todo o coroamento desse trabalho e

fios destaco o de consolidar a Con-

serem aplicados na saúde, obrigan-

a possibilidade de aplicar um mode-

federação Nacional de Saúde como

do o Governo Federal aplicar anual-

lo de gestão utilizado com sucesso

principal entidade de representa-

mente no orçamento da saúde, um

em Santa Catarina. A CNS congre-

ção do setor no Brasil, desenvolver

percentual das receitas correntes

ga atualmente 8 federações e 90

atividades junto aos poderes consti-

liquidas, previamente estipulado

sindicatos de saúde em atividade e

tuídos, na elaboração de projetos de

partindo de 14,8% em 2017 chegan-

representa todos os estabelecimen-

interesse dos seus filiados e partici-

do a 19,4% no ano 2023.

O

QUE

SIGNIFICA

PARA

18 INTERNAS

HSC BLUMENAU ADERE AO MARÇO ROXO NESTE ANO, o Hospital Santa Catarina de Blumenau aderiu ao Março Roxo, um esforço internacional dedicado a aumentar a consciência sobre epilepsia, um distúrbio cerebral caracterizado pela ocorrência de crises epilépticas recorrentes.

De acordo com a neuropediatra e especialista em Epileptologia, Dra. Lúcia Machado Haertel existem diversos tipos de epilepsia. Na infância, predominam as epilepsias de origem genética, em que a cura é possível após alguns anos de tratamento.

“No adulto, aumenta a incidência de epilepsias por lesões cerebrais adquiridas em traumatismos cranioencefálicos e acidentes vasculares cerebrais”, completou.

Segundo Dra. Lúcia, mesmo nos casos em que a cura não é esperada, é possível obter o controle completo das crises com medicamentos. Isso

Foto por Chrístopher Alisson

ocorre em até 80% das epilepsias. “Apenas cerca de 20% dos casos são de difícil controle, e o paciente pode apresentar crises mesmo com a combinação de dois ou mais medicamentos. Felizmente, na grande maioria dos casos, é possível levar uma vida praticamente normal”.

Foto do Arquivo Anahp

14° ENCONTRO DE LÍDERES DA ANAHP

Da direita para a esquerda: o diretor superintendente do HSC Blumenau, Maciel Costa, recebe a placa de membro associado das mãos do presidente da Anahp, Francisco Balestrin e do vice-presidente do Hospital Rede D'or, José Roberto Guersola.

NOS DIAS 11 e 12 de março, ocorreu em Brasília o 14° Encontro de Líderes, que contou com a participação do Hospital Santa Catarina de Blumenau, um dos mais novos membros da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados.

De acordo com o Diretor Superintendente do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Maciel Costa, o Encontro de Líderes é um evento anual, realizado no início do ano, voltado especialmente para os dirigentes dos hospitais membros da Anahp.

“O objetivo é discutir e planejar as estratégias das atividades da Anahp para o ano, buscando a interação através de palestras, workshops e reuniões de planejamento”, destaca.

A Anahp, criada em 11 de maio de 2001, é uma entidade representativa dos principais hospitais privados de excelência do País. O objetivo da Associação é, além de defender os interesses e necessidades do setor, expandir e trocar experiências sobre as melhorias alcançadas pelas instituições privadas, favorecendo as pessoas que dependem da Saúde Suplementar.

Durante o evento, que também comemorou os 15 anos da entidade, o HSC Blumenau recebeu oficialmente a placa de membro associado. “Além do Hospital, outras 79 instituições importantes do Brasil participam desta Associação e discutem melhorias para a Saúde Suplementar do país”, finalizou o diretor.

Alisson

20 ARTIGO

Foto: Fabiane Moraes

EPILEPSIAS: O DIAGNÓSTICO PRECOCE COMO PONTO DE PARTIDA por Dra. Lúcia Machado Haertel Neuropediatra e Especialista em Epileptologia

A CRISE EPILÉTICA é um sintoma transitório causado por uma atividade elétrica anormal e excessiva de um grupo de neurônios cerebrais.

A epilepsia, por sua vez, é um distúrbio cerebral caracterizado pela ocorrência de crises epilépticas recorrentes. No entanto, em alguns casos, a ocorrência de apenas uma crise já pode levar ao diagnóstico, desde que se identifique predisposição persistente do cérebro a gerar novas crises e sejam excluídas as causas agudas como febre e intoxicações. A epilepsia pode iniciar em qualquer idade. Existem diversos tipos e causas. Na infância, predominam as epilepsias de origem genética, chamadas de idiopáticas ou benignas, em que a cura é possível após alguns anos de tratamento. No adulto, há um

aumento na frequência das epilepsias relacionadas às lesões cerebrais adquiridas em traumatismos cranioencefálicos e acidentes vasculares cerebrais.

Mesmo quando a cura não é esperada, na maioria das vezes, é possível obter o controle completo das crises com medicamentos, e os portadores podem levar uma vida normal. Isso ocorre em até 80% das epilepsias. Os pais e os portadores devem ser tranquilizados, pois, com raras exceções, as crises epilépticas não causam danos ao cérebro.

O médico neurologista fará sempre o possível para que o paciente obtenha o controle completo das crises. Entretanto, é importante ressaltar que existe certa imprevisibilidade nas epilepsias, e algumas crises poderão ocorrer.

21 ARTIGO

Nas epilepsias causadas por uma lesão prévia no cérebro, poderão estar presentes outros comprometimentos neurológicos.

Assim, nos episódios em que a epilepsia estiver associada ao atraso de desenvolvimento ou a deficiências, esses são geralmente causados pela lesão cerebral prévia e não pela epilepsia. As epilepsias podem ser de difícil controle, e o paciente pode ainda apresentar crises mesmo com a combinação de dois ou mais medicamentos em cerca de 20% dos casos. Nessas situações, outros tratamentos podem ser propostos, como a dieta cetogênica – eliminação total de carboidratos – e estimuladores cerebrais ou ainda o tratamento cirúrgico da epilepsia.

Em contraste com a benignidade da maioria das epilepsias na infância, existe um grupo mais raro, porém, particularmente grave. São as “encefalopatias epilépticas”, em que crises epilépticas podem realmente causar um atraso no desenvolvimento da criança. A mais grave é a Síndrome de West, que acomete bebês entre 6 e 18 meses de idade, previamente normais ou já com algum comprometimento neurológico prévio. As crises

são do tipo espasmos em flexão – movimentos involuntários – com duração de apenas poucos segundos e que se repetem várias vezes ao dia. Após o início das crises, a criança irá apresentar uma regressão no seu desenvolvimento. É importante reconhecer rapidamente esse tipo de crise, frequentemente confundida com um susto ou uma cólica. Trata-se de uma urgência neurológica.

O neuropediatra deverá interromper as crises a todo custo e o mais breve possível para evitar que o atraso no desenvolvimento se agrave. Se não houver o rápido controle com medicamentos orais, está indicado o uso do ACTH, um medicamento intramuscular.

Assim, diante de tanta diversidade, as epilepsias devem ser tratadas por especialistas. Felizmente, na grande maioria dos casos, podemos ter uma postura positiva e tranquilizar os pais e portadores, pois a epilepsia é uma doença crônica como tantas outras e que o portador pode levar uma vida praticamente normal. Por outro lado, é importante saber reconhecer as epilepsias graves em que o prognóstico depende do rápido reconhecimento e tratamento adequado.

22

SABER OUVIR por Dr. Cezar Zillig Médico Neurocirurgião

EXISTE UMA LISTA CONSIDERÁVEL DE ALIMENTOS que podem desencadear crises de enxaqueca. Explico e passo a declinar um rol quando sou interrompido: “Dr. o Sr. deveria ter me visto semana passada...” Quer dizer, não prestavam atenção alguma ao que era dito, embora tenham vindo justamente para isto: “ouvir” o parecer do médico.

O fato é que, em geral, somos péssimos ouvintes. Um mau hábito comum. Não fosse por outro motivo, ouvir atentamente é uma requintada forma de cortesia. É sensato ouvir antes de responder ou agir. Aparentemente algo tão simples, é difícil encontrar quem assim proceda. Entre nós, um exemplo marcante é a mensagem destinada a quem tenciona fazer um telefonema a cobrar; a gravação diz: “após o sinal diga nome e lugar de onde está falando”, no entanto, o usuário em geral diz: “Alô, de onde fala?” (Em tais casos, eu desligo imediatamente, antes de cair num trote. Quem quiser falar comigo, terá que seguir a instrução dada. Terá que “ouvir”.)

Estudos - antigos já - demonstra-

ram que, mesmo compenetradas, as pessoas retêm apenas cerca de 50% de uma conversa, de uma palestra.

Ocorre que o pensamento é mais rápido que a fala; o pensamento vai sempre adiante do que o interlocutor diz e daí para a divagação, para uma “viagem na maionese”, é um passo. Ouvir requer compenetração e paciência.

Fica-se mais atento quando o assunto é de interesse. Bons ouvintes tentam encontrar algo interessante no que é dito; “o que necessito saber dessa fala? É útil? Algo inédito?”

Tais questões mantêm o ouvinte nos “calcanhares” do orador e, com o tempo, aprende a ouvir melhor.

Segundo Rubem Alves, filósofo brasileiro, “Não basta ter ouvidos para ouvir o que é dito. É também preciso haver silêncio na alma”.

Convém, pois, suprimir pensamentos e demais sensações: auditivas, visuais, tácteis, etc. Talvez seja esta a dificuldade maior durante uma conversa: “fazer um silêncio interior”, se concentrar só no que está sendo dito.

O bom ouvinte, mesmo não concordando com o assunto, segue

Foto por Marion Rupp

CRÔNICA

escutando e procura não se irritar.

Quem assim age responde com argumentos melhor elaborados.

Procurar manter-se focado no assunto e evitar distrações, aproximar-se do orador ajuda a evitar interrupções também. São comuns as interrupções, muitas vezes incoerentes, vide o exemplo que inicia este artigo. Além de ser uma descortesia, demonstra desatenção.

A pior forma de mau ouvinte é o monopolizador de conversa, aquele que só está interessado no que ele mesmo tem a dizer. Há temas que são verdadeiras armadilhas para os maus ouvintes e monopolizadores de conversa. Falar de filhos, de netos e de “pet” são assuntos dos mais conspícuos; quanto mais “corujas” sejam os pais ou os avós, tanto mais absurda é a conversa. É um duelo verbal em que ninguém escuta ninguém, cada um tem um episódio melhor para contar, uma graça, uma traquinagem para ilustrar o quão extraordinário são os seus.

Enfim, é preciso aprender a ouvir para saber falar melhor. “Falar é prata, ouvir é ouro.” já ensinava um velho ditado.