PÔSTERES
NIKI LAUDA E JAMES HUNT DO FILME RUSH
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R$ 9,90 EDIÇÃO Nº 320 t 2013 t ANO 16
STOCK CAR
NOVIDADES 2014
21 CORRIDAS t RODADAS DUPLAS t PILOTOS TOP CONVIDADOS Oswaldo Negri Jr. GrandAm, EUA
EXISTE VIDA FORA DA F1 E INDY!
ESPECIAL: MAIS DE 30 PILOTOS BRASILEIROS QUE CORREM NO EXTERIOR
E MAIS:
t FELIPE MASSA FORA DA FERRARI t 6 HORAS DE SÃO PAULO
S U M Á R I O | nº 320 | o ut ubro 2 0 1 3 C A R TA D O E D I T O R
Brasileiros pelo mundo afora
SUTTON
PEDRO BICUDO
RACING abre espaço e mostra os pilotos do Brasil que correm nas pistas do exterior: contem com a gente!
Felipe Massa fez história com a Ferrari, mas agora está de saída da Scuderia de Maranello
U
Venício Zambeli Diretor de redação
venicio.zambeli@motorpressbrasil.com.br 4 RACING
6 8
44 Mitsubishi Cup 46 Mitsubishi Motorsports SE 48 Mitsubishi Motorsports NE
DIVULGAÇÃO
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12 14 16 22
Imagem - Mercedes F1 Pit & Paddock Notícia dos bastidores das pistas Cartas + Club Racing Cartas do Bird Fórmula 1 6 Horas de São Paulo
28 Especial brasileiros Quais são os outros principais pilotos do Brasil no exterior 34 Pôster: Niki Lauda e James Hunt
SUTTON
m dos papéis da RACING é valorizar o automobilismo e seus pilotos. E os competidores brasileiros que correm no exterior nas mais diversas categorias sempre tiveram espaço aqui. Nesta edição, trazemos uma reportagem especial com enfoque em alguns dos principais pilotos do Brasil que estão correndo em automobilismo de pista fora do país. A lista é grande e podemos ver que temos representantes em vários campeonatos, de fórmulas de acesso à turismo top. Podemos ver que, enquanto alguns jovens pilotos seguem sua preparação em busca de categorias principais, como Fórmula 1 ou Fórmula Indy, outros já conhecidos e até consagrados disputam em alto nível competições internacionais importantes, como DTM, Super GT, WEC, GT Open, GrandAm Nascar e FIA GT. Vale a pena dar uma olhada em quem está levando a bandeira de nosso país lá fora. Outro destaque são as novidades que a Stock Car trará para a temporada de 2014. Várias atrações prometem deixar a principal categoria do automobilismo brasileiro ainda mais bacana para o público e para os competidores. A Vicar vem fazendo um trabalho sério e de profissionalismo que pode servir de espelho para muitas outras categorias. E, além de F1, WEC, Mercedes-Benz Grand Challenge, Ralis da Mitsubishi e Kart da Granja Viana, encerraremos a revista com o espaço Baú do Zampa, no qual teremos colunas deixadas prontas e nunca antes publicadas do nosso saudoso Marcus Zamponi. Para começar, uma história envolvendo o Mundial de F1 de 1976, que também é o tema de nosso pôster duplo. Aproveite!
42 Mitsubishi Lancer Cup A categoria dos carros esportivos Lancer Evo está acirrada
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50 Stock Car Vicar apresenta várias novidades para a temporada 2014 56 Mercedes-Benz Grand Challenge
58 Festival 500 KM 64 Capacete de Ouro 66 Baú do Zampa FOTO DE CAPA: MIGUEL COSTA JR.
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FOTO DIVULGAÇÃO
16 Fórmula 1
IMAGEM
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CARONA PROIBIDA
FOTO: SUTTONIMAGES
Fernando Alonso deu carona a Mark Webber após o término do GP de Singapura. A ação é considerada perigosa pela FIA, que penalizou ambos com advertência
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F Ó R M U L A 1 | 2013
ARRIVEDERCI, FERRARI... É HORA DE MUDANÇA Felipe Massa não será mais piloto da Ferrari na F1 em 2014. O anúncio encerra uma parceria que rendeu ótimos resultados e apresentações memoráveis, mas também dissabores e a falta de um título mundial. Veja o que fez o piloto ser desejado pela Scuderia, terminando em rompimento
Felipe Massa deixará a Ferrari no fim de 2013. A Scuderia contratou Kimi Räikkönen para ser o companheiro de Fernando Alonso na próxima temporada
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por Paulo Lava edição Venício Zambeli fotos Sutton-images
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elipe Massa é, sem dúvidas, um dos grandes pilotos da Fórmula 1. O que prova isso é o fato dele ser o segundo competidor com mais grandes prêmios disputados pela Scuderia Ferrari, atrás apenas da lenda Michael Schumacher. Isso, por si só, já o torna diferenciado. Afinal, qual piloto, algum dia, não sonhou em correr de Ferrari na principal categoria do mundo? E largar tantas vezes com o carro vermelho deve ser digno de respeito. Porque, como se sabe, negociar com a Ferrari e
ser contratado para pilotar os carros da família de Enzo, ainda por cima ganhando belas cifras em dinheiro, não depende apenas de querer ir para Maranello. Depende de ser escolhido por Maranello. E, para entender por que ele foi selecionado pela Ferrari, vale relembrar como foi sua trajetória no automobilismo, desde o início. Massa sempre leva a taça de batalhador desde o seu início no automobilismo. Nas suas primeiras incursões no kart, mostrou sua capacidade e garra. Contudo, entre sua primeira corrida nos micromonopostos – 1990 – e seu ingresso na hoje extinta Fórmula Chevrolet, em 1998,
Massa era apenas um dos inúmeros rapazes entusiasmados que perambulavam pelos boxes dos autódromos brasileiros. Aliás, não eram poucas as pessoas que o conheciam apenas porque ele era filho do piloto Luiz Antônio Massa, que deixou boas marcas nas categorias em que competiu entre 1986 e 1995 – e quem, “da antiga”, não se lembra do folclórico “Titonio” e suas exibições a bordo do Passat 27 da equipe Hidroplas (Copa Shell de Marcas & Pilotos) ou Fiat Uno 19 da equipe Belco (Fórmula Uno). Mas, vamos às pessoas que acompanhavam de perto seus passos..
RACING 17
F Ó R M U L A 1 | 2013 A saída da Ferrari pode significar mais independência para Massa mostrar seu potencial, já que Alonso conquistou com méritos a preferência na Scuderia
Até porque, elas, naturalmente ficaram de olho no jovem Felipe – afinal, aquele “rapazinho” realmente gostava de automobilismo e, uma vez ao volante de um kart, uma certeza: quando sua “equipe” tirava de cima da carreta o “número 20”, era sinal de que o espetáculo ia começar e que ele não iria deixar por menos. Tanto que, em 1994, foi grande a festa na casa que a família tem em Botucatu (SP). Naquela temporada, seu pai havia conquistado o vice-campeonato da F-Uno Graduados. E Felipe, por sua vez, garantiu o título da Copa 18 RACING
Parilla, classe Júnior. O evento foi marcante, mas, dificilmente, alguém presente àquela festiva reunião poderia imaginar que, dez anos depois, aquele menininho iria não apenas integrar a seleta lista de inscritos do Mundial de Fórmula 1, mas também iria, ainda, liderar por duas breves – porém, memoráveis – voltas, a edição 2004 do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. “Nunca tive equipamento de ponta. Isto me dificultou bastante e ainda impediu que eu subisse para categorias maiores antes de 1998”, lembrou Massa posterior-
mente. Tal fato, contudo, é verídico. A falta de patrocínio foi uma constante e apenas na segunda metade de 1998 seu nome passou a constar na nominata de participantes da Fórmula Chevrolet. E se alguém tinha dúvida sobre seu talento, ela acabou junto ao aceno da bandeira quadriculada que encerrou, em Interlagos, aquela temporada. Felipe sagrou-se vencedor e, entre abraços e cumprimentos, aquele que talvez tenha sido o maior dividendo: o apoio do empresário Ricardo Tedeschi, que acreditou em seu potencial. Os frutos desta
Felipe Massa já disse que seu objetivo é continuar correndo, mas que seu plano é ter um carro competitivo, seja na Fórmula 1 ou fora dela
parceria não tardaram a aparecer, tanto que, no ano seguinte, venceu três corridas da categoria e faturou o título brasileiro da competição. Para o ano 2000, Felipe tinha duas situações para resolver. Uma delas, ficar no Brasil. Outra, arriscar uma carreira no exterior. O jovem apostou na segunda. Mas que ninguém pense que o fato de seu pai ser um próspero empresário facilitou as coisas no quesito sustento: para correr na Fórmula Renault Italiana, ele levou verba apenas para as quatro primeiras etapas. Tanto que seu “or-
çamento” teve que ser completado por ocasião de serviços prestados como lixador em uma oficina mecânica. Porém, a garra e vontade de vencer que fizeram sua fama no kart fizeram-se presente também na adversidade. Além de obter o título do certame italiano, Massa garantiu também o título continental da F-Renault. Em 2001, Felipe, contratado pela equipe Draco, chegou ao título da F3000 Europeia. Um fato que lhe rendeu a chance de acelerar um monoposto de F1 em 2001. O teste foi efetuado com um Red Bull Sauber, ao
volante do modelo C-20, com o qual Felipe registrou um ótimo treino e saltou aos olhos da categoria. Não levou muito tempo para ser contratado para sua primeira temporada, pela prórpria Sauber, em 2002. Se ela não foi uma temporada “dos sonhos”, também não foi das piores, incluindo um ótimo 5o lugar no GP da Espanha. Uma performance que certamente serviu para confirmar o que Jean Todt – então chefe de equipe da Ferrari –, havia recomendado a cúpula do time: “Ficar de olho no ‘brasiliano’.” RACING 19
F Ó R M U L A 1 | 2013
GP de Cingapura, 2008: erro da Ferrari no box custou pontos que poderiam levá-lo ao título
GP do Brasil, 2008: vitória e “campeão” por alguns segundos, apenas
GP da Hungria, 2009: Massa sofreu um sério acidente e teve ferimentos na cabeça
Mais que isso, seu filho Nicolas, que havia assumido o cargo de empresário de Felipe, aproveitou o ensejo para sugerir que Massa, a partir de 2003, assumisse o cargo de piloto de testes da fábrica de Maranello, iniciando ali um longo e fiel relacionamento. A ausência das pistas, contudo, durou apenas uma temporada. Em 2004, Massa voltou a correr pela Sauber (“cliente” Ferrari, posto a utilização de motores made in Maranello). O saldo final foi o 12o lugar na temporada, com exatos 12 pontos, tendo como ponto alto aquela já citada liderança, por duas voltas, na corrida de F1 realizada no Brasil. E se aquela 20 RACING
façanha deixou um gosto de “quero mais”, quem poderia imaginar que ele não apenas ocuparia a ponta da corrida, mas também ainda iria vencê-la? Isso aconteceu porque ele tornou-se piloto oficial da Scuderia Ferrari em 2006 e venceu a histórica corrida que marcou não apenas a conquista do bicampeonato do espanhol Fernando Alonso, assim como a despedida de um dos maiores nomes do automobilismo, seu então companheiro de equipe, Michael Schumacher - um dos maiores incentivadores e apoiadores da carreira de Massa no time italiano, que via no brasileiro seu natural sucessor.
Naturalmente, Massa, em uma equipe de ponta, passou a sonhar com a meta final na carreira de um concorrente ou seja, o título mundial. Em 2007, Felipe até que deu torcida: venceu três corridas – número que aumentaria para quatro, caso não tivesse que ceder posição para que seu parceiro Kimi Raikkonen vencesse o GP Brasil e conquistasse a taça –, mostrou serviço e contabilizou um total de 94 pontos, total que lhe valeu a 4a colocação no mundial daquela temporada. Um ano depois, a campanha foi ainda melhor: foram nada menos do que seis vitórias, uma delas, inclusive, para lá de mar-
Acima: Massa, Nicolas Todt e Rob Smedley; abaixo, GP do Brasil em 2006: grande vitória
GP da Alemanha, 2010: “Fernando is faster than you”, foi o que escutou Massa via rádio da Ferrari
GP da Turquia, 2006: primeira vitória do brasileiro na F1, com a Scuderia Ferrari
cante: em que pese ter vencido de forma competente o GP Brasil daquele ano, na última curva, da última volta, da última corrida, Lewis Hamilton realizou ultrapassagem sobre um coadjuvante e, ato contínuo, impediu que Massa realizasse seu último desejo da lista – conquista do título mundial. Mas vale lembrar que a Ferrari foi considerada uma das culpadas pela perda do título, devido a um erro no pit stop na corrida de Cingapura daquele ano, que lhe custou os pontos que faltaram. A partir de então, história recente, Massa enfrentou alguns dissabores na Ferrari (vide algumas fotos acima).
O mais sério deles foi o acidente sofrido no treino classificatório para o GP da Hungria de 2009, ao qual muitos atribuem que, por causa dele, Massa nunca mais voltou a ser o mesmo piloto. Recuperado, no ano seguinte, ele voltou à acelerar. Mas enfrentou a chegada de Fernando Alonso como seu companheiro no time, talvez o melhor piloto da F1 da atualidade. Foi ali que o brasileiro começou a perceber, principalmente depois da ordem de equipe que recebeu para deixar o espanhol vencer o GP da Alemanha de 2010, que a Ferrari poderia não estar mais dando a atenção que queria. Mas, o “simples”
fato de ter integrado o mais carismático time de automobilismo e ter obtido marcas nada desprezíveis, apenas demonstram que ele tem talento: junto à “rossa”, sua produção não deixou a desejar (36 pódios, sendo 11 vitórias, 12 2os e 13 3os lugares até Cingapura 2013). Com a sua anunciada saída da Ferrari ao fim desta temporada, Massa agora está livre para novos desafios. Para alguns, estar fora da Ferrari significa mais liberdade para mostrar seu potencial. Para outros, significa terminar um casamento que não conseguiu chegar ao seu objetivo, que era um título mundial. O tempo dirá quem está certo. RACING 21
W E C | 6 Hora s de S ão Paulo
6 HORAS DE SÃO PAULO: A TOP DAS CORRIDAS
Etapa brasileira das 24 Horas de Le Mans, a corrida mostrou que oferece muito mais do que boas disputas na pista. Fora dela, várias atividades deixaram os fãs de automobilismo mais próximos dos carros e dos pilotos, além de entreter toda a família e abrir as portas para uma futura geração
edição Venício Zambeli fotos divulgação WEC
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Audi R19 e-tron quattro pilotado pelo trio formado por André Lotterer, Benoit Tréluyer e Marcel Fässler venceu a segunda edição da Le Mans 6 Horas de São Paulo, válida pelo Campeonato Mundial de Endurance - FIA WEC, disputada no autódromo de Interlagos, na capital paulista, dia 1/9. Além de imprimir um ritmo forte ao longo de toda a corrida, o trio do carro número 1o da equipe das quatro argolas viu seus concorrentes enfrentarem problemas ao longo das seis horas de corrida e teve facilidade para vencer a prova,
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completando 235 voltas. A 2a colocação ficou com o outro Audi, pilotado por Tom Kristensen, Loic Duval e Allan McNish, que teve problema em uma das paradas de box, quando uma roda dianteira direita se soltou e parou em cima do carro, além também de um Stop and Go por excesso de velocidade no pit lane. O 3o lugar foi do Lola B12/60 Coupé-Toyota da Rebellion Racing, pilotado por Nicolas Prost, Nick Heidfeld e Mathias Beche, que chegou com cinco voltas de desvantagem para os vencedores. O Toyota TS030 - Hybrid, principal rival da Audi em Interlagos, se envolveu em um acidente ainda na primeira hora
de corrida, após tentar uma ultrapassagem sobre um retardatário, que perdeu o controle do carro, terminando com as chances na prova do vencedor de 2012. “Com certeza estamos muito felizes. Da metade para o final, conseguimos alguma vantagem. Ganhamos a posição dos nossos companheiros no box, depois o Toyota teve um acidente e, como nossa corrida foi sem problemas, conseguimos administrar o ritmo e vencer. Só fiquei chateado com a largada, pois não consegui ver as luzes e acabei ficando para trás”, disse o piloto Fässler após a corrida. Lotterer destacou que os dois Audis e o protótipo da Toyota apresentaram de-
A 6 Horas de São Paulo trouxe a São Paulo o que há de mais moderno, atraente e competitivo no automobilismo mundial
AUDI FICOU MUITO SATISFEITA COM O RESULTADO EM SÃO PAULO
O diretor de motorsports da Audi, Dr. Wolfgang Ullrich, teve razões para se sentir satisfeito com um fim de semana em que os objetivos principais foram alcançados. O Audi Sport Team Joest conseguiu tudo o que era possível em Interlagos, ao fazer a primeira fila na classificação com os dois carros e, depois, a dobradinha na prova - foi a primeira vitória da equipe na América do Sul. A lamentar, somente a tão esperada batalha contra a Toyota, que não chegou a acontecer. Com apenas um carro inscrito, os japoneses se envolveram em um acidente ainda na volta 25, e, como resultado, foram forçados a abandonar a corrida.
sempenhos semelhantes ao longo do final de semana, e comemorou a vitória. “Não estávamos superiores aos nossos companheiros. Durante todo o final de semana estivemos próximos, inclusive com o carro da Toyota. Foi bom, conseguimos fazer dois trechos sem trocas de pneus e de pilotos, então acho que o carro se comportou bem, sem problemas. Chegamos onde queríamos, com vitória”, disse. “Estamos aqui para ganhar corridas, então o nosso dia foi completo. Aceleramos o quanto pudemos e com o grande trabalho dos meus companheiros, eu evitei contato com outros carros e acelerei fundo para conseguirmos os
pontos que nos deixam mais perto no campeonato”, concluiu Tréluyer. Pela categoria LMP2, a vitória ficou com o Oreca 03 Nissan, da G-Drive Racing, pilotado por Roman Rusinov, John Martin e Mike Conway. Os 2os colocados foram Bertrand Baguette, Ricardo Gonzalez e Martin Plowman, que chegaram uma volta atrás dos vencedores, com um Morgan-Nissan, da OAK Racing. O grupo dos três melhores na LMP2 foi fechado por outro carro modelo Oreca 03 Nissan, este, preparado pela Pecom Racing e pilotado pelos competidores Luis Perez Companc, Nicolas Minassian e Pierre Kaffer.
Emerson Fittipaldi com Bruno Senna e Fernando Rees: estrelas brasileiras na WEC RACING 23
W E C | 6 Hora s de S ão Paulo MICHELIN ESTREIA NOVO PNEU COM SUCESSO NA PROVA
Reforçando o compromisso de garantir, em um único pneu, mais segurança, durabilidade e economia de combustível, sem abrir mão de nenhuma outra performance, a Michelin comprovou, durante a Le Mans 6 Horas de São Paulo 2013 a superioridade de seus pneus, por meio do “Michelin Total Performance”. Graças ao desenvolvimento de novas soluções para pistas mais abrasivas, os dois primeiros lugares usavam os novos pneus Michelin.
CATEGORIAS LMGTE Os italianos Gianmaria Bruni e Giancarlo Fisichella venceram a categoria LMGTE-Pro da Le Mans 6 Horas de São Paulo, quarta etapa do Campeonato Mundial de Endurance - FIA WEC. A dupla, que pilotou uma Ferrari 458 Itália preparada pela equipe AF Course, foi melhor na disputa com o Aston Martin Vantage V8 de Darren Turner e Stefan Mucke, chegando a apenas 1s401 à frente dos 2os colocados. O pódio foi completado por Jörg Bergmeister e Patrick Pilet, 3os melhores da categoria com um Porsche 911 RSR. A corrida LMGTE-Pro teve ainda dois acidentes. O primeiro, ainda na parte inicial da prova, envolveu a Ferrari 458 Itália de Kamui Kobayashi e Toni Vilander, que pegou fogo na pista durante o turno de pilotagem do finlan24 RACING
dês, obrigando a entrada do Safety Car. Já o brasileiro Bruno Senna, que dividiu a pilotagem de um Aston Martin Vantage V8 com Rob Bell, abandonou a corrida após receber um toque ainda na volta 61. Na categoria LMGTE-Am, a vitória ficou com Stuart Hall e Jamie Campbell-Walter. Os pilotos da Aston Martin chegaram com 45 segundos de frente para os 2os colocados Vicente Potolicchio, Rui Aguas e Davide Rigon, com uma Ferrari. Christian Ried, Gianluca Roda e Paolo Ruberti terminaram em 3o lugar, com uma Porsche 911 RSR. Fernando Rees, que dividiu a pilotagem de um Chevrolet Corvette com os franceses Patrick Bornahauser e Julien Canal, terminou na 6a posição da categoria LMGTE-Am, e na 19ª colocação geral. Por este motivo, o piloto da equi-
pe Larbre Competition ganhou um prêmio especial: o de melhor brasileiro na Le Mans 6 Horas de São Paulo, que lhe rendeu um troféu, entregue pelas mãos de Emerson Fittipaldi. ATRAÇÕES EXTRAS A Le Mans 6 Horas de São Paulo, megafestival promovido pela Fittipaldi e Playcorp, transformou o Autódromo de Interlagos em uma grande festa do automobilismo, repleta de atrações para todas as idades. As 38 000 pessoas presentes ao evento assistiram o Brazil Superbike, Porche GT3 Challenge Brasil, Porche GT3 Porche Brasil, às Vip Hot Laps da Audi, Desfile de Carros Clássicos, e também à quarta etapa do campeonato de Endurance. As atrações paralelas, como os simuladores de corridas, Cineminha Disney, personagens
André Lotterer, Benoit Tréluyer e Marcel Fässler conduziram o Audi R19 e-tron à vitória em SP
do Madagascar, escolinha de trânsito da Polícia Militar em conjunto com o Consulado britânico, atividades do Beto Carreiro e shows de rock, animaram a todos, entre uma volta e outra dos bólidos na pista. A etapa brasileira do campeonato de endurance, o FIA WEC, teve apoio da Prefeitura da Cidade de São Paulo e da SPTuris e patrocínio da Claro HDTV. A exemplo da etapa francesa, a Le Mans 6 Horas de São Paulo se tornou um programa para pais, mães e filhos, com diversas opções de entretenimento ligadas ao tema, oferecidas para todo o público presente, como exposições de carros históricos, assim como a possibilidade de chegar bem perto dos carros e dos pilotos que, juntos, formam este espetáculo, por meio de visitações aos boxes e sessões de autógrafos.
O pódio das 6 Horas de São Paulo, com a dobradinha dos pilotos da Audi
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O Toyota TS030 sofreu um acidente no início da prova e deu adeus à disputa com os Audi
O Audi 2o colocado enfrentou problemas no pit stop
A 3a posição final foi do trio Nicolas Prost/Nick Heidfeld/Mathias Beche, com Lola
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“Estamos muito felizes com o resultado do festival. Trazer Le Mans para Interlagos é uma tarefa especial na minha vida. Gostaria muito de ter disputado a etapa francesa e esse evento me aproxima de tudo o que ele significa para o público e os pilotos. Foram 21 atrações paralelas, durante os três dias de evento, que agitaram os dias do público presente. Foi muito bacana”, afirmou Fittipaldi. Dentro de uma pista mirim, monitorada por um policial militar rodoviário, a PM ensinou para a criançada noções básicas de segurança no trânsito e, ao final, “habilitou” os motoristas mirins que participaram da brincadeira com uma carteira especial entregue logo após a ação. O Presidente da Playcorp, Fernando Elimelek, reforçou o compromisso do evento com atrações de lazer e cultura para toda família e a importância de estar envolvido com este trabalho. “Foi um enorme festival familiar com grande interação com o público. Nosso objetivo era organizar um evento que marcasse para sempre a memória dos fãs brasileiros de automobilismo e reunisse toda a família. Trazer para a cidade a tradição da maior corrida do mundo, as 24 Horas de Le Mans, e transformá-la na segunda edição da Le Mans 6 Horas de São Paulo, é uma grande honra para nós”, encerrou Elimelek.
Fernando Rees foi o melhor brasileiro, terminando em 19o lugar
WEC 6 HORAS DE SÃO PAULO Autódromo de Interlagos, SP Classificação Geral Voltas 1 Fässler/Lotterer/Tréluyer (Audi R18 e-tron quattro) 235 2 Duval/Kristensen/McNish (Audi R18 e-tron quattro) - 3 3 Beche/Heidfeld/Prost (Lola-Toyota) -5 4 Conway/Martin/Rusinov (Oreca-Nissan) - 13 5 Baguette/Gonzalez/Plowman (Morgan-Nissan) - 14 6 Kaffer/Perez Companc/Minassian (Oreca-Nissan) - 14 7 Jeannette/Wirdheim/Zugel (Zytek-Nissan) - 18 8 Ihara/Merlin/Nicolet (Morgan-Nissan) - 21 9 Bruni/Fisichella (Ferrari) - 23 10 Mücke/Turner (Aston Martin) - 23 Brasileiros Voltas 19 Fernando Ress - 14 N/C Bruno Senna (acidente) - 174
Na LMP2, a vitória ficou com o Oreca 03 Nissan, da equipe G-Drive Racing
Bruno Senna, de Aston Martin, abandonou a prova ainda na volta 61
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E S P E C I A L | B ra s ile iro s no e x te r i o r AUGUSTO FARFUS JR.
ANDRÉ NEGRÃO
BRUNO BONIFÁCIO LUCAS DI GRASSI
GUSTAVO LIMA
LUCAS FORESTI MIGUEL PALUDO
NELSINHO PIQUET
NICOLAS COSTA FELIPE NASR
PIETRO FITTIPALDI
28 RACING
PIPO DERANI
FELIPE ES GUIMARÃ
RAFAEL SUZUKI
CHRISTIAN FITTIPALDI
BRASILEIROS NAS PISTAS DO MUNDO OSWALDO NEGRI JR.
VICTOR AN FR ZONI
PIETRO FANTIN
LUIZ RAZIA
RACING fez uma lista do s pilotos brasileiros que mais se destacam no ce nário do automobilismo internacional e lev a bandeira do Brasil paraam os principais autódromos do mundo em 20 De categorias de acesso13. outras já consagradas, no às representantes fazem bossos lá fora e abrem caminho nito para outros seguidores YANN CUNHA
VICTOR CORREA
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E S P E C I A L | B ra s ile iro s no e x te r i o r André Negrão, World Series Bruno Bonifácio, Fórmula Renault
por Cleber Bernuci fotos divulgação
A
presença brasileira nos pódios da Fórmula 1 – ou até mesmo pura e simplesmente na categoria – pode estar perto de um fim. Apesar do risco de em 2014 não ter nenhum brasileiro alinhando no grid, essa possibilidade, apesar de real, tem pouquíssimas chances de se concretizar. Felipe Massa anunciou que não fica na Ferrari para a próxima temporada e já se mexe nos bastidores para garantir um lugar competitivo, com boas chances em algumas equipes. Mas, e depois que Felipe Massa resolver pendurar o capacete? Felipe Nasr está batendo às portas da categoria, embora ultimamente nem o título da GP2 esteja servindo de garantia para um cockpit na mais almejada competição do planeta. E depois dele? Há uma série de bons – porém poucos – jovens brasileiros disputando as mais diversas categorias de base do automobilismo europeu com o sonho de um dia chegar à Fórmula 1. O tricampeão mundial Jackie Stewart resume bem o quão estreito é o gargalo: “No mundo, há milhões de pilotos. Alguns milhares conseguem correr de maneira competiti-
va, vencendo; algumas centenas conseguem viver disso... Mas apenas 24 são pilotos de Fórmula 1”. A última safra dos pilotos brasileiros na F1 – independentemente do fato de se venceram ou quanto tempo lá permaneceram – vem de gerações inicialmente preparadas em solo pátrio para enfrentar os desafios do automobilismo europeu. Uma época em que as fabricantes investiam e os grids eram cheios. “Eu peguei uma fase em que o automobilismo de base era muito forte no Brasil. Fiz uma temporada de Fórmula Ford e duas de Fórmula 3 Sul-Americana antes de partir para a Inglaterra. E tenho certeza de que cheguei bem preparado na F3 Inglesa pelo que aprendi correndo aqui. As categorias eram muito fortes e o nível da concorrência era parecido”, destaca Christian Fittipaldi, piloto da GrandAm, nos EUA, ao lado de Oswaldo Negri Jr. e Antonio Pizzonia, e que tem passagens por Fórmula 1, Indy, Nascar e Stock Car. “No ano em que fiz a F3 Sul-Americana, tínhamos uns seis ou oito pilotos que eram ‘casca’, e de dez a 12 carros com chances reais de vencer no fim de semana. Fizemos provas em Alpinar e Montevidéu, no Uruguai, em que tivemos 30
carros no grid, e no campeonato todo a média era entre 18 e 22 carros. Era muito competitivo, e isso me ajudou muito nas categorias de base pela Europa”, conta. Para Christian, hoje com 42 anos e vivendo do automobilismo, não existe no país uma categoria que possa receber os pilotos recém-saídos do kart. Além disso, a Fórmula 3 Sul-Americana não tem servido de base para preparar pilotos visando o desafio do outro lado do Atlântico. “Não existe mais categoria de base no Brasil. O moleque corre um pouco de kart e já enxerga outras opções nos Estados Unidos ou na Europa. A coisa pega na saída do kart. O kartismo brasileiro é forte, há boas competições e muita gente boa envolvida; mas depois disso tem um buraco, não há nada. O que fazer depois? O garoto começou a correr com dez, 12 anos, e se ele tiver sucesso, com 16 ou 17 ele quer ir para o monoposto. A F3 daqui atualmente não prepara para correr nas outras categorias lá fora, pois a diferença de nível é muito grande. São apenas sete ou oito carros, sendo que três ou quatro deles são colocados apenas para fazer número”, afirmou. “O Fórmula 3 é um carro muito forte para quem sai do kart”, destaca Pipo De-
Gustavo Lima, Fórmula 4
César Ramos, Blancpain Endurance Series 30 RACING
Lucas Foresti, World Series
João Paulo Oliveira, SuperGT no Japão
rani, 19, piloto da Fórmula 3 Europeia. “As reações do kart são extremamente rápidas, mas ter quase 300 cavalos nas suas costas te empurrando é assustador, em um primeiro momento”, diz o paulista, um dos que optaram por iniciar a carreira direto na Europa, inclusive já desde o kart. “A ideia foi mais por participar de campeonatos de nível mundial e saber o quanto eu tinha de melhorar. Temos bons pilotos e bons campeonatos de kart no Brasil, mas na Europa já tem gente olhando, há equipes de kart com laços muito estreitos com equipes de Fórmula 4, Fórmula Renault, Fórmula 3, e isso te dá uma oportunidade bacana, existe o contato direto e dá para o piloto se programar”, explica Derani. Até o final dos anos 1990, havia duas opções para quem saía do kart: a Fórmula Ford e a Fórmula Chevrolet; dali o passo para a Fórmula 3 (realmente) Sul-Americana, competitiva, forte, com pilotos brasileiros, argentinos e uruguaios. A F3 encara um declínio que já vem de praticamente uma década; F-Ford e F-Chevrolet não existem mais e no início dos anos 2000, por iniciativa da Renault e do ex-piloto Pedro Paulo Diniz, foi criada a Fórmula Renault, responsável por tra-
zer uma grande quantidade de bons kartistas ao automobilismo brasileiro e mundial, formando base. A Fórmula Renault brasileira fez dois pilotos para a Fórmula 1: Nelsinho Piquet, que correu algumas provas da categoria-escola, e Lucas di Grassi, que foi o vice-campeão no ano de estreia. “Correr no Brasil me ajudou a ganhar experiência. No entanto, era um campeonato extremamente competitivo na época para quem estava saindo do kart, e aquele era um passo importantíssimo”, lembra o atual piloto da Audi no Mundial de Endurance. Naquele ano, 2002, a Fórmula Renault tinha transmissão ao vivo em TV aberta e prêmios em dinheiro. Ajudou a formar pilotos como di Grassi, Piquet, Allam Khodair, Sérgio Jimenez, Marcos Gomes, Daniel Serra, entre tantos outros. A F-Renault acabou ao final de 2006 e sua substituta veio só em 2010, por iniciativa de Felipe Massa e da FIAT com a criação da Fórmula Futuro, também destinada aos pilotos que saíam do kart. Também com a mesma receita: televisada e com prêmios ao campeão – uma temporada na academia de pilotos na Ferrari, disputando a Fórmula Abarth na Itália. O premiado foi o carioca Nicolas Costa, de Fernando Croce, Superstars GT Sprint
21 anos, e que fez sucesso em seu primeiro ano na Europa, levando os títulos italiano e europeu da F-Abarth. “Sair do Brasil para correr na Europa é um choque muito grande, porque tudo é diferente: temperatura, idioma, cultura, comida. A primeira vez que corri na Itália fazia seis graus e fez muita diferença morar sozinho, longe da família e dos amigos, ainda mais quando se tem menos de 20 anos. Na pista, o nível da concorrência era mais alto, havia pilotos mais experientes, mas foi um aprendizado enorme, tanto para minha carreira, como para a minha vida”, afirma Nicolas, que neste ano fez três provas da Pro Mazda na América do Norte e conquistou três 3os lugares – depois de dez meses sem competir por falta de patrocínio. Um dos fatores para este choque de realidade é a cultura. “A maior dificuldade é na comunicação, mas não no idioma em si. Correndo no Brasil isso é mais fácil e cria-se um ambiente muito mais familiar com a equipe, enquanto na Europa é exatamente o contrário, você não pode criar tal clima, senão passam por cima. No Brasil, o suporte da equipe e do engenheiro são maiores, e na Europa você tem de mostrar personalidade”, explica Rafael Pietro Fittipaldi, F4 inglesa e F-Renault
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Miguel Paludo, Nascar Truck
Nelsinho Piquet, Nascar Nationwide
Oswaldo Negri Jr., GrandAm, Estados Unidos
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Suzuki, que tem passagens pela F3 Alemã e pela Japonesa, hoje disputa o GT Open na Europa e tem sua empresa de gerenciamento de carreiras. Colega de Suzuki na mesma equipe, Luiz Razia é o último representante da geração de pilotos formada na F-Renault brasileira, passo que deu antes de se tornar campeão da F3 Sudam em 2006. “Peguei uma das últimas fases de categorias-escola no Brasil. A Fórmula Renault continua muito forte e tradicional na Europa, com vários campeonatos. Tanto ela, como a F3, me ajudaram muito e cheguei aqui com uma boa base. Acho que, nesta fase, o meu único erro foi ter vindo para a Europa e ido correr direto na F3000; tivesse talvez feito mais um ano de F3 aqui, a adaptação teria sido ainda melhor”, disse o vice-campeão da GP2 de 2012. O início da década de 1970 levou uma série de pilotos brasileiros para a F1 e dois em especial fizeram parte do pelotão de elite: Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace. E, perguntado sobre a razão do sucesso dos pilotos tupiniquins na F1, uma frase atribuída a Jackie Stewart ajudava a resumir: “Deve ser a água que eles bebem”. Pois a fonte, agora, está quase seca. COMO VOLTAR A SER O QUE ERA? A receita já se provou vencedora no passado: custos baixos, envolvimento de fabricantes, grandes patrocinadores, transmissão de TV e apoio político por parte dos órgãos competentes. Já funcionou com a Fórmula Vê e Super Vê, com a F-Ford, F-Chevrolet, F-Renault e, por um curto período de tempo, com a F-Futuro. Categorias que formaram pilotos para vários cantos do mundo e que, não, a grande maioria não chegou à Fórmula 1, mas teve a oportunidade de se profissionalizar e hoje vive fazendo o que gosta: pilotando, de maneira competitiva e assalariada, um carro de corrida no limite. “É essencial que exista um degrau para o piloto que sai do kart no Brasil. O piloto sai muito jovem e esta experiência, mesmo que de curto prazo, correndo de carro, perto da família, dos amigos, com mais apoio, traz muita sustentação técnica e também mental. Pelo menos ele vai para a Europa já com alguma noção”, aponta Rafael Suzuki.
Nicolas Costa, Pro Mazda Series
Pietro Fantin, World Series
Felipe Guimarães, Fórmula 3 Inglesa
Pipo Derani, Fórmula 3 europeia
OS CAMINHOS A SEREM SEGUIDOS RUMO À F1 Felipe Nasr aparece como o candidato mais perto de uma vaga na categoria máxima do automobilismo, em um planejamento de carreira minunciosamente calculado por seu empresário Steve Robertson – o mesmo de Kimi Räikkonen –, em conjunto com o pai e o tio do piloto, Samir e Amir Nasr, dupla de ampla vivência no automobilismo brasileiro. O piloto conta com apoios importantes e deve desembarcar na Fórmula 1, senão em 2014, em 2015. Mas além dele há uma verdadeira legião de brazucas nas categorias de base perseguindo o mesmo sonho pela Europa. O trajeto comum passa por categorias destinadas a pilotos recém-saídos do kart, como a Fórmula Abarth, a Fórmula
O BRASIL, HISTORICAMENTE, EXPORTOU BONS PILOTOS PARA O AUTOMOBILISMO INTERNACIONAL. EMERSON FITTIPALDI FOI O PIONEIRO NA F1 E NA FÓRMULA INDY
Rafael Suzuki, GT Open
Renault e a Fórmula 4 Inglesa; depois, o salto para a F3 e aí uma linhagem de escolhas que pode passar pela GP3 ou o salto direto para a World Series ou a GP2. A questão é que somente o talento não tem sido garantia suficiente para que um piloto rompa a barreira que o separa da Fórmula 1. “Acontece o seguinte: o cara vai de World Series e ganha o campeonato. Isso não quer dizer que ele vai chegar na F1, porque as equipes querem saber se o piloto sabe andar com um pneu como o Pirelli. Então você tem que ir para a GP2, gastar um ou dois milhões de euros pela temporada. E primeiro, vai correr para aprender a usar o pneu, e só na temporada seguinte é que vai tentar lutar pelo título. Aí, você até ganha o campeonato, como aconteceu com o (David) Valsecchi, com o (Giorgio) Pantano, mas tem
que levar dinheiro para ser terceiro piloto de uma equipe média, ou correr de Marussia ou Caterham. Esse é o grande ‘x’ da questão”, desvenda Pipo Derani. “O campeão da World Series do ano passado está em casa sem fazer nada”, destaca Pietro Fantin, piloto da categoria, referindo-se ao holandês Robin Frijins. São reflexos da mudança no mercado, causada principalmente pela crise mundial de 2008, na opinião do empresário Geraldo Rodrigues. “Antigamente, você podia traçar uma estratégia para os primeiros anos e, se o piloto tivesse bons resultados, a carreira dele automaticamente alavancava sem levar dinheiro. Depois da crise mundial, até mesmo pilotos tops passaram a ter de levar dinheiro. Aconteceu com o Rubens (Barrichello), acontece com o Tony (Kanaan), por exemplo. RACING 37
E S P E C I A L | B ra s ile iro s no e x te r i o r Victor Correa, Europeu Radical
A estratégia hoje é fazer um trabalho no qual você possa se profissionalizar como piloto e manter seus patrocinadores funcionando como uma plataforma geradora de negócios, e não apenas como um mero dependente. Só a habilidade, infelizmente, não garante mais o futuro de um piloto”, atesta. OS BRASILEIROS LÁ FORA: QUEM SÃO E ONDE CORREM? Nas categorias mais de base, o Brasil está representado por Pietro Fittipaldi e Gustavo Lima na Fórmula 4 Inglesa, pelo próprio Pietro também na Fórmula Renault Inglesa, por Bruno Bonifácio em dois campeonatos da F-Renault (Alps e Eurocup), Victor Franzoni também na Eurocup; Felipe Guimarães na Fórmula 3 Inglesa (também disputa o campeonato da Sul-Americana), Pipo Derani na Fórmula 3 Europeia e uma legião de brazucas na World Series: André Negrão, Lucas Foresti, Pietro Fantin e Yann Cunha, além de Felipe Nasr, na GP2. O caso de Pietro, neto de Emerson Fittipaldi, é de destaque pela mudança de rumos. Nascido nos Estados Unidos, Pietro começou no kart e tinha direcionamento da carreira com foco na NASCAR. Disputou a Late Model em 2011, venceu o campeonato correndo em ovais, subiu de categoria no ano seguinte e foi o estreante do ano. A habilidade e o destaque renderam ao garoto de 17 anos uma vaga no programa de pilotos capitaneado pelo bilionário mexicano Carlos Slim na Escuderia TelMex, a mesma que revelou Sérgio Perez e Estéban Gutierrez para a Fórmula 1. “Surgiu essa oportunidade dada pelos meus patrocinadores e meu avô me aju38 RACING
dou na escolha. Estamos dando um passo de cada vez, e esta temporada tem servido para eu ganhar experiência com os monopostos, para adaptação”, diz o piloto, que tem se revezado entre a Fórmula 4 – onde já venceu uma prova, em Brands Hatch – e a Fórmula Renault Inglesa. “Foi difícil vir de um carro pesado para um bem mais leve, com aerodinâmica, mas cada vez que entro no carro eu melhoro, eu aprendo. Ano que vem vamos para cima para ganhar o campeonato”, diz Pietro, seguindo os mesmos passos do avô na jornada europeia. O brasiliense Gustavo Lima, também de 17 anos, chegou a fazer algumas provas na Fórmula 3 Sul-Americana antes de embarcar para a Europa. E a opção se dá pelo mesmo motivo: técnica. “O grid é maior, vou correr contra os mesmos pilotos por um bom tempo, então um dia em uma GP2 ou até mesmo na F1, serão adversários já conhecidos; vou correr praticamente nas mesmas pistas em todas as categorias e hoje, na Fórmula 4, a questão financeira pesou bastante porque eu gastaria a mesma coisa para correr de F3 no Brasil com menos provas e grids menores, enquanto aqui a concorrência é bem forte e terei mais tempo de pista”, elencou. Pietro Fantin está do outro lado do Atlântico há quase três anos. Estreou na F3 Inglesa em 2011, fez pódios, poles, venceu duas corridas e hoje é piloto da Arden-Caterham na World Series. “Estou aprendendo bastante e a ideia é fazer mais um ano. Infelizmente o dinheiro fala bem mais alto no atual momento e não basta ser campeão para subir na carreira, e correr atrás de patrocínio no Brasil anda bem difícil. Tomara que em dois anos esta situação melhore, que os orçamentos
Victor Franzoni, Fórmula Renault
baixem um pouco e que o talento volte a falar mais alto”, afirmou. EXISTE VIDA FORA DA F1 A Fórmula 1 é o grande sonho do piloto que corre de kart. É o que move todo seu planejamento de carreira. Mas e se a Fórmula 1 não der certo? A primeira resposta foi dada na metade da década de 1990, quando houve um verdadeiro êxodo de brasileiros das categorias de base na Europa cruzando o oceano rumo aos Estados Unidos para competir na Fórmula Indy: Gil de Ferran, Tony Kanaan, Helio Castroneves, Felipe Giaffone, Vitor Meira e vários outros. De uns anos para cá a Europa – e também o Brasil – têm oferecido alternativas. No Brasil o caminho da profissionalização para muitos pilotos atende pelo nome de Stock Car. Muitos pilotos que um dia foram promissores ao volante de um monoposto hoje vivem do automobilismo guiando os bólidos da maior categoria brasileira, e exemplos não faltam, como Allam Khodair (na Stock Car e no FIA GT pela equipe BMW), Daniel Serra, Sérgio Jimenez (no mesmo caso de Khodair), Marcos Gomes, Ricardo Maurício e Átila Abreu encabeçam a lista. Na Europa o maior expoente desta filosofia é o curitibano Augusto Farfus Junior, de 30 anos, piloto oficial da BMW no DTM, o campeonato alemão de turismo. Mesmo os títulos na Fórmula Renault e na Fórmula 3000 Europeia e um contrato assinado com uma equipe de Fórmula 1 não lhe garantiram a entrada na principal categoria. Foi quando ele encontrou o caminho do turismo e, logo em seguida, foi contratado pela fabricante bávara. Primeiro no WTCC e, depois, no
Felipe Nasr, GP2 Series
DTM, onde já acumula três vitórias e é o atual vice-líder da temporada. “O meu sonho, como o de qualquer outro menino da minha situação naqueles anos, era chegar à Fórmula 1. Eu estava pronto, tinha ganhado a F3000, que é equivalente à World Series hoje em dia, e então encontrei um problema enfrentado por mais de 90% dos jovens pilotos, que é o aporte financeiro. O talentão não leva mais, infelizmente é o patrocinador, a rede de contatos, o dinheiro, e isso mata a carreira de muitos jovens promissores aspirantes à F1”, relata Farfus, que chegou a ter um contrato assinado com uma equipe – que ele prefere não revelar o nome. “Eu ia fazer os treinos de sexta-feira dos três GPs finais de 2005 e seria titular em 2006, com a palavra dos patrocinadores e investidores. Só faltavam os pagamentos, mas quando eu vi que não ia conseguir concretizar o que havia prometido, nós falamos com o time e cancelamos o negócio. A vida nos ensina com o tempo e essa foi a minha sorte, porque no ano seguinte surgiu o contato com a BMW e aí dei continuidade na minha carreira com eles”, diz. Lucas di Grassi figurava nas listas como as novas promessas da Fórmula 1. Obteve destaque no automobilismo de base na Europa, competiu contra pilotos fortes, venceu Robert Kubica e Sebastian Vettel para vencer o dificílimo GP de Macau de Fórmula 3, foi eleito o melhor piloto da GP2 em 2008, fazia parte do programa de desenvolvimento de pilotos da Renault e finalmente, em 2010, ele chegou lá. Chegar não é suficiente, porque Lucas estreou na F1 por uma equipe também estreante, a Virgin – hoje Marussia. Dificuldades com o carro e com orçamento
Roberto Lorena, F2000, EUA
também impediram sua continuidade na categoria e, depois de um ano como piloto de testes da Pirelli, desenvolvendo os pneus da F1, uma nova porta abriu-se na carreira do piloto de 29 anos – o de corridas de endurance, juntamente com Bruno Senna e Fernando Rees, na WEC. Contratado pela Audi para o programa de protótipos (LMP1), Lucas fez, desde setembro do ano passado, quatro corridas com a equipe, e finalizou todas elas no pódio. Estreou nas 6 Horas de São Paulo do ano passado com um 3o lugar; iniciou 2013 em 2o nas 12 Horas de Sebring; foi 3o nas 6 Horas de Spa, com direito a quebra de recorde da pista durante a classificação, e em sua estreia nas 24 Horas de Le Mans o paulistano terminou também no 3o lugar. “Sim, eu tinha o sonho de chegar à F1 e de ser campeão. De certa forma, consegui chegar e, até hoje, permaneço testando com a Pirelli. Mas, desde o começo, eu tinha muito claro na minha mente que o principal era viver do esporte a motor, vencer corridas e campeonatos, não im-
portasse em qual categoria. Se fosse na Fórmula 1, ótimo. Não fosse, seria em outra categoria como DTM, Indy ou Endurance. E no WEC, eu me sinto feliz e realizado. Corro por uma equipe fantástica, com um carro fantástico, e não tenho que levar dinheiro de patrocinador. Claro que tenho de mostrar resultado, trabalho, comprometimento, nada na vida vem fácil, mas é um clima mais ameno de se trabalhar”, explica Lucas. Farfus concorda com o pensamento do compatriota. “O piloto tem que lembrar que, se ele quer viver do automobilismo, se ele ama o esporte, ele tem que manter o horizonte aberto. Hoje eu não trocaria de jeito nenhum para correr numa equipe de F1 por melhor que fosse o contrato, para andar em time de fundo de pelotão.” No Japão, João Paulo de Oliveira se consolidou como piloto profissional e disputa duas categorias, o SuperGT e a Fórmula Nippon. Com passagem pela Fórmula 3 Sul-Americana, o título do Campeonato Alemão e também com a F3 Japonesa pelo currículo, JP vive na terra Yann Cunha, World Series
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E S P E C I A L | B ra s ile iro s no e x te r i o r Sérgio Jimenez, Ricardo Zonta e Átila Abreu: FIA GT Series
Antonio Pizzonia, GrandAm
Cássio Homem de Mello, Nascar Late Model Stock Car
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do sol nascente há quase dez anos. Ele ainda teve a oportunidade, em 2011, de disputar uma prova da Fórmula Indy, em Motegi, correndo pela Conquest. Mas, depois da experiência – e do orçamento pedido para fazer a temporada nos EUA –, o brasileiro preferiu ficar onde está. “O automobilismo no Japão é muito forte com a F3, a F-Nippon e o SuperGT. Eles são independentes, algo bem parecido com o que acontece nos EUA, com as montadoras investindo muito forte na categoria, e é um ótimo lugar para se profissionalizar como piloto”, destaca Rafael Suzuki, que passou três anos competindo na Ásia e iniciou neste ano uma nova jornada competindo no GT Open europeu. “Eu não podia mais me dar ao luxo, e eu não tinha dinheiro para tentar a GP2 ou a World Series. A oportunidade apareceu e pensei nisso como estratégia para me estabelecer profissionalmente, recebendo salário e vendo um futuro no projeto que me foi apresentado. Foi a melhor escolha, pois o GT é um tipo de categoria que está crescendo no mundo todo”, conta. Desbravar e aventurar-se em competições no exterior sempre foi característico dos pilotos brasileiros. E ainda existem muitos outros espalhados por todo o mundo, correndo em outras diversas categorias (além de competições regionais, off road, rali e kart). E eles continuarão levando a bandeira de nosso país para os pódios e nas cores de seus macacões e capacetes. Que a força esteja com vocês!
Allam Khodair e Cacá Bueno: FIA GT Series
CONFIRA OS PILOTOS BRASILEIROS EM DESTAQUE NO AUTOMOBILISMO INTERNACIONAL EM 2013 FÓRMULA 1 Felipe Massa FÓRMULA INDY Helio Castroneves Tony Kanaan WEC MUNDIAL DE ENDURANCE Lucas di Grassi (LMP1) Bruno Senna (GTE-Pro) Fernando Rees (GTE-Am) GP2 Felipe Nasr WORLD SERIES André Negrão Yann Cunha Lucas Foresti Pietro Fantin FÓRMULA 3 Pipo Derani (Europeia) Felipe Guimarães (Inglesa) FÓRMULA RENAULT Bruno Bonifácio (Alps e Eurocup) Pietro Fittipaldi (Inglesa) Victor Franzoni (Alps)
FÓRMULA 4 ING Gustavo Lima Pietro Fittipaldi PRO MAZDA SERIES Nicolas Costa FÓRMULA ABARTH Lukas Moraes (Italiano) NASCAR Nelsinho Piquet (Nationwide Series) Miguel Paludo (Truck Series) Cássio Homem de Mello DTM Augusto Farfus Jr GRANDAM Antonio Pizzonia Christian Fittipaldi Osvaldo Negri Jr
EUROPEU DE RADICAL Victor Corrêa GT OPEN Luiz Razia Rafael Suzuki FIA GT Allam Khodair Cacá Bueno Sérgio Jimenez Ricardo Zonta Átila Abreu GT SPRINT Fernando Croce F2000 EUA Fabio Orsolon Roberto Lorena LATAM F2000 MÉXICO Alan Chanoski
AMERICAN LE MANS SERIES Bruno Junqueira
SUPERGT JAPÃO João Paulo de Oliveira
CLASSIC FORMULA FORD Adriano Medeiros
BLANCPAIN ENDURANCE SERIESCesar Ramos
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