Memoria pt 2014

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MEMÓRIA

2014


ÍNDICE 03

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07

09

Quem somos

Ação global

Onde e o que fazemos

Cooperação para o desenvolvimento

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Moda sustentável: lojas Second Hand

Projetos da Humana

Comprometidos com a Sociedade

Contas claras


Tenho o prazer de vos apresentar a nossa Memória de Atividades de 2014. O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 2014 constata que 2.200 milhões de pessoas, em todo mundo, são pobres ou se encontram no limiar da pobreza. Este é um dado inaceitável para as nossas sociedades do Hemisfério Norte. A magnitude do problema requer que o abordemos através de soluções efetivas. O trabalho, o esforço e o espírito de solidariedade são o que nos caracteriza e identifica em 17 anos de existência da Associação Humana. Em 2014, fomos capazes, com o apoio dos cidadãos e de entidades parceiras, de financiar 13 ações para o desenvolvimento em Moçambique e Guiné-Bissau envolvendo mais de 9.500 pessoas, encontrando-se agora, mais preparadas para escapar a um cenário de pobreza através da melhoria significativa das suas competências e pela aquisição de ferramentas que possibilitem a construção de um futuro melhor.

As mais de 5.100 toneladas de roupa doadas pelos portugueses em 2014, geridas pela nossa organização, são a base de todas estas conquistas. São as doações que permitem que a ajuda para o desenvolvimento seja uma realidade, de forma transparente, sustentável e, acima de tudo, efetiva. Gostaria igualmente de destacar o impacto positivo sobre o ambiente que produz a reutilização e a reciclagem de tal quantidade de têxtil. A luta contra as alterações climáticas e a proteção dos recursos naturais é evidente a partir do momento em que optamos por dar uma segunda vida a uma peça de vestuário que antes não a tinha. Promovendo a reutilização têxtil, estamos a proteger o meio ambiente de forma decisiva. Com esta memória, pretendemos partilhar e dar-vos a conhecer os resultados obtidos durante este ano e agradecer a todos que nos apoiaram para os alcançar, incluindo a nossa equipa, composta por 65 pessoas, que todos os dias contribuem com o seu esforço e dedicação nesta organização. Muito obrigada a todos Elisabeth Molnar Diretora Geral



QUEM SOMOS

Princípios e valores

Solidariedade, sustentabilidade, consciência ambiental, transparência e profissionalismo são os nossos valores fundamentais.

Enquanto associação não governamental sem fins lucrativos, na Humana consolidámos a nossa função na sociedade como agente social e económico, respondendo, através da reciclagem têxtil, a uma das maiores exigências da sociedade atual, neste caso o desenvolvimento sustentável. Na nossa essência de apoio à sociedade, prestamos ajuda a pessoas em países em vias de

Origem

desenvolvimento e nas suas comunidades, mais concretamente em MoçamA origem da Associação Humana e de outras orga-

bique e na Guiné-Bissau, através da conceção, execução e apoio a projetos de

nizações da Federação Humana People to People

cooperação internacional na área do desenvolvimento.

assenta em pessoas que têm um desejo comum: trabalhar para melhorar as condições de vida dos outros. É um desejo que con-

No decurso da nossa atividade, englobamos os conceitos chave para a sus-

tinua a ser a base da nossa atividade e o valor fundamental da or-

tentabilidade global: a proteção do meio ambiente, a luta contra a desigual-

ganização. A luta contra o Apartheid e o conhecimento da realida-

dade e o progresso dos povos. Assumimos desta forma o nosso lugar no de-

de do continente Africano adquirido em viagens por vários países

nominado Setor R (Recuperação, Reutilização, Reciclagem), como líderes na

lançaram as bases daquilo que é a Humana. Estes são ainda hoje

reutilização têxtil e na gestão eficiente do ciclo final da vida útil do vestuário.

as bases da Associação, a qual está consolidada como agente fun-

Tudo isto no âmbito da economia verde, incorporando aspetos subjacentes à

damental de reciclagem têxtil, com uma clara e vincada vertente

economia circular, uma vez que criamos valor com a roupa usada recolhida,

social, cimentada por 17 anos de experiência.

alimentando assim um ciclo gerador de riqueza, tanto em Portugal como nos países que apoiamos em África.

A Humana, enquanto associação reconhecida legalmente, está registada no Registo Nacional de Pessoas Coletivas sob o n.º

Esta atividade cria mais de 65 postos de trabalho permanentes e a tempo in-

505178281. Foi constituída por escritura pública, a 13 de Julho de

teiro em Portugal e permite-nos apoiar as nossas entidades parceiras através

1998, no Segundo Cartório Notarial de Lisboa, tendo tal constituição

de diversas iniciativas, somente possíveis graças aos recursos gerados com

sido publicada no Diário da República.

a recolha têxtil.

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AÇÃO GLOBAL 4

Membro da Humana People to People

A sustentabilidade global pela

trabalho proporcionam uma vantagem à Humana e aos seus parceiros: com base em iniciativas que funcionam ao nível local, conseguimos reproduzi-las noutras partes do mundo, devidamente adaptadas aos cenários específicos. A sede operativa da Federação Humana People to People situa-se em Shamva, no Zimbabwe, e o seu registo como associação foi efetivado na Suíça, com o número CH-660-95100049. A Federação é formada por 32 organizações com presença em quatro continentes. Destas organizações fazem parte a Humana, Humana People to People, Planet Aid, UFF, ADPP e DAPP.

Mais informações em www.humana.org

qual trabalhamos requer igualmente uma capacidade de ação global. Como membro da Federation for Associations to the International Humana People

to People Movement, ficamos dotados dessa capacidade, uma vez que podemos contar com a colaboração dos restantes membros de organizações semelhantes e com interesses comuns, tanto na Europa e nos Estados Unidos, como em África, na América Latina e na Ásia. Por este motivo, ao avaliarmos o impacto positivo da nossa atividade, é necessário considerar que está presente no hemisfério Norte a cimentar a base na qual se estabelece a ponte com o Sul, tornando possível a fórmula Proteção do Meio Ambiente + Cooperação para o Desenvolvimento = Sustentabilidade Global. A experiência acumulada, as sinergias geradas e a diversidade de pontos de vista em relação às questões relevantes para o nosso

Formação de professores invisuais Education and Disability: “Equal Right, Equal Opportunity” (Educação e Deficiência: Direitos Iguais, Oportunidades Iguais) foi o tema da Global Action Week 2014, uma campanha anual organizada em maio pela Global Campaign for Education (GCE). O objetivo foi destacar os profundos desafios que enfrentam as pessoas portadoras de deficiência no exercício do seu direito à educação. Um exemplo da resposta a estes desafios é a formação de professores do ensino primário invisuais em várias regiões de Moçambique, uma formação promovida pela ADPP-Moçambique em colaboração com a Light for the World. A Humana People to People é membro da Steering Committee da International Task Force on Teachers for Education for All. A Task Force é uma aliança mundial dos associados da Education For All (EFA), com sede em Paris e promovida pela UNESCO.


A metodologia adotada pela ADPP-Moçambique permite igualmente a formação de novos professores com deficiência visual


No ano de 2014 recolheu-se 5.137 Ton. de roupa e calรงado usados


ONDE E O QUE FAZEMOS 7

Distritos onde a Humana faz recolha de roupa. Sede da Humana Portugal: Urbanização do Passil Rua B, nº 104, Armazém A 2890-171 Alcochete Armazéns de logística: Cortegaça Cernache Quarteira


COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO Educação 8

Para todos e todas

Em muitos países, a educação

tome medidas. Por outro lado, é muito difícil contratar professores para estas

não recebe o apoio necessário

áreas, nas quais não só as condições de vida são piores mas também faltam

para sustentar um sistema de

oportunidades de formação contínua ou de progresso profissional. As orga-

educação de qualidade, dinâmico

nizações que fazem parte da Humana People to People fazem a gestão de 50

e acessível. No âmbito dos esforços desenvolvidos para alcançar

escolas de formação de professores em 12 países.

o objetivo do milénio para a educação primária universal, muitos governos eliminaram as propinas do ensino básico, para que o din-

De uma forma geral, estas escolas estão localizados em áreas rurais e o seu

heiro deixe de ser um obstáculo ao acesso à escola. Foi um passo

objetivo é suscitar o interesse e as respetivas matrículas junto da população

importante.

local. Estes alunos conhecem bem as condições e os desafios das suas comunidades. Durante a formação são preparados para promover o desenvolvi-

No entanto, devido à falta de recursos, o apoio dos governos tem-se

mento local e conceder uma educação de qualidade. Aprendem a mobilizar a

limitado a pagar os salários dos professores e, em determinadas

comunidade para a criação de hortas escolares, pré-escolas ou de jornadas

situações, os professores têm vários meses de salário em atraso.

de limpeza, entre outras iniciativas.

Esta falta de recursos significa, para os alunos, não dispor de saneamento básico, água, material pedagógico e salas apropriadas.

Estas iniciativas não só melhoram as condições das crianças nas escolas como também fortalecem a comunidade e aumentam as capacidades das

As zonas rurais são as que mais sofrem com as consequências desta situação, já que é mais difícil pedir ao governo central que

pessoas mais vulneráveis.


55 escolas de Bachil Nas áreas rurais da Guiné-Bissau faltam professores com formação adequada. A Humana e o nosso parceiro local, a ADPP, trabalham desde 2007 em conjunto com o Ministério da Educação e outras ONGs locais no sentido de promover a qualidade da formação dos professores nessas áreas. Em 2012, a Escola de Professores do Futuro (DNS) de Bachil, na região de Cacheu, recebeu os seus primeiros alunos para um curso de três anos, que serviu de projeto-piloto com base no qual serão abertos mais sete centros noutras partes do país. Com o apoio da União Europeia, o centro de formação também colaborou com 55 escolas primárias da região, nas quais os alunos praticam e implementam iniciativas comunitárias com o objetivo de promover o acesso das crianças da região às escolas.

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As escolas que aderiram ao programa beneficiaram com a construção de sanitários e poços, com a criação de associações de pais e com a implementação de hortas comunitárias. A escola DNS promove a inscrição de alunos nesta região. Esta organização fez aumentar a probabilidade de os novos professores conseguirem desenvolver uma carreira profissional nas zonas mais distantes das grandes cidades. Em janeiro de 2015 foi realizada a cerimónia de formatura da primeira turma, um acontecimento de especial importância para a região e para os alunos. Os 40 alunos que concluíram o curso serão colocados em escolas rurais, tendo sido contratados pelo governo. A primeira formação de 40 professores procedentes da escola DNS de Cacheu já se encontra a exercer a sua atividade em escolas primárias rurais


Agricultura e desenvolvimento rural A união faz a força

2015 é o Ano Internacional dos Solos, com entidades como a FAO a enfatizar a sua importância como recurso vital para a humanidade. Necessitamos de solos saudáveis para aumentar os

níveis de segurança alimentar, para combater as alterações climáticas e assegurar um desenvolvimento sustentável. A diversificação dos cultivos, praticada pela maioria dos pequenos agricultores, é uma das peças essenciais para garantir essa sustentabilidade. Os

Farmers´ Clubs Oio: Igualdade de Género na Tomada de Decisões Na Guiné-Bissau, grande parte da população vive em áreas rurais e depende da agricultura para muitas das suas necessidades nutricionais diárias. Em muitas destas comunidades é atribuída às mulheres a maioria das tarefas domésticas, como recolher água e lenha, cozinhar, limpar, cuidar das crianças, e também uma grande parte das tarefas agrícolas.

projetos da Humana, em conjunto com as ADPP’s centram-se na organização da sociedade civil e na interiorização por parte da co-

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munidade de meios e técnicas que garantam a sustentabilidade a longo prazo das ações que implementamos. Porém, para além de permitirem organizar grupos de pessoas, na prática fazem muito mais. A união faz a força: poder partilhar recursos e conhecimentos ou formar um grupo para negociar com as autoridades ou possíveis parceiros de negócios são atividades fundamentais para a eficácia e para o sucesso do desenvolvimento comunitário. A Humana promove a formação de pequenos agricultores em técnicas agrícolas sustentáveis, pela utilização de sistemas agroflorestais e de conservação que lhes permitem obter maiores e melhores culturas sendo mais resistentes aos efeitos causados pelas alterações climáticas. Utilizando tecnologias de baixo custo, como a seleção de sementes, o uso de fertilizantes naturais, a rotação de culturas ou a introdução de novas espécies, pretende-se obter uma maior variedade de produtos vegetais cujos excedentes são vendidos no mercado local para gerar receita para a comunidade.

A ADPP-Guiné-Bissau, parceiro local da Humana, tem vindo a implementar desde 2008, Farmers´ Clubs em Bissorã, na região de Oio. O projeto apoia as comunidades na diversificação das culturas de forma sustentável, construção de poços, aprendizagem de novas técnicas de conservação de alimentos e introdução de fontes de energias renováveis. Ao longo deste programa, 40 clubes de 50 agricultores cada, mais do que duplicaram a sua produção de vegetais e aumentaram significativamente a sua produção de cereais. Todos estes clubes ainda se encontram ativos atualmente e as mulheres representam no mínimo dois em cada cinco membros por comissão. “Antes do projeto, as mulheres não tinham qualquer autoridade nem acesso à tomada de decisões, uma vez que esse direito era apenas concedido aos homens,” explica o Líder do Projeto Tembo Pilirani. “Por este motivo, no âmbito do programa, demos formação às mulheres para que conhecessem os seus direitos e começassem a ocupar as posições merecidas”. Com a presença tanto de homens como de mulheres nos cargos das Comissões dos Clubes, as necessidades, experiências e conhecimentos das mulheres são agora tidas em conta no processo de tomada de decisões.


Mulheres da Tabanca de Uenquem, região de Oio, trabalham no campo de demonstração do clube


Um grupo de mulheres aguarda a sua vez para conseguir รกgua potรกvel em Canwale, regiรฃo de Oio


Energia renovável e eficiência energética Um fator de igualdade

A ausência de iluminação elétrica faz com que apenas seja possível ir ao centro de saúde durante o dia, ou com que as crianças faltem à escola várias vezes por

semana porque têm de procurar lenha. Enquanto para os cidadãos europeus é difícil pensar na possibilidade de não ter uma máquina de lavar roupa ou um micro-ondas, esta é a realidade para mais de 40% da população mundial. Uma em cada cinco pessoas não tem acesso a eletricidade e cerca de 3.000 milhões de pessoas dependem exclusivamente de lenha, carvão ou resíduos de animais para cozinhar e aquecer-se. O acesso permanente à energia representa um aumento significativo na erradicação da pobreza. Ban Ki Moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, referiu que a energia é “o fio de ouro que liga o crescimento económico, a igualdade social e a sustentabilidade ambiental.” Com estes dados, torna-se claro que é da maior importância incrementar as energias renováveis em países do hemisfério Sul. A boa notícia é que muitas tecnologias de energias renováveis, nomeadamente a energia solar, atingiram finalmente uma paridade de custos com os combustíveis fósseis, o que significa que fornecer energia barata e sustentável ao mundo se tornou mais exequível do que nunca.

Energia que transforma vidas Na Guiné-Bissau, quase 95% da população não tem acesso à eletricidade. Com o apoio da União Europeia, a Humana em conjunto com o nosso parceiro local, a ADPP Guiné-Bissau, está atualmente a implementar um projeto para impulsionar a energia renovável na Região de Oio. Graças aos seus esforços, existem agora 24 centros comunitários, 11 escolas primárias, nove mesquitas e sete centros de saúde que utilizam eletricidade proveniente do sol. Além disso, foram construídas 30 bombas de água em 24 aldeias, garantindo uma fonte segura de água potável. Ao mesmo tempo, foram criados sete centros de processamento, nas quais a comunidade pode converter milho e outros cereais em farinha, por exemplo. Os processadores instalados tornam possível obter biocombustível diretamente a partir do óleo das sementes das mais de 160 mil árvores de Jatrofa desta região, que são usadas pelos agricultores como barreiras naturais para proteger as colheitas dos animais. Com tudo isto, a transformação comunitária está a progredir. As escolas primárias têm agora aulas noturnas de alfabetização para adultos, pelo que o tempo gasto a procurar lenha ou a produzir cereais manualmente pode ser usado noutras atividades. As novas ferramentas ao serviço da comunidade requerem manutenção e gestão, o que se traduz na criação de postos de trabalho para os habitantes. Representam, além disso, novas oportunidades para pequenos empresários e empresárias.

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610 agentes de saúde trabalham todos os dias no aconselhamento da população para o uso de boas práticas de higiene, em Oio e Farim, Guiné-Bissau


Prevenção de doenças contagiosas Quando a melhor estratégia é a prevenção

Face a um desafio tão grande como a erradicação do VIH/ SIDA, a melhor estratégia é

a desenvolverem um plano que permita reduzir o risco de contágio da doença, e mobilizar uma rede de duas ou três pessoas que possa ajudá-los nos momentos difíceis e assegurar que tomam os medicamentos prescritos.

a prevenção. Mas não é fácil. As formas mais comuns de contrair o VIH, como o sexo

sem proteção, representam temas difíceis de abordar em âmbito público. Os preconceitos em relação ao sexo estão fortemente ligados à cultura e à função de género, aspetos que não é possível mudar a curto prazo. Por este motivo, a estratégia da Associação Humana e dos seus parceiros em matéria de doenças contagiosas é tentar eliminar estes tabus e falar francamente com as pessoas

Fortalecer as relações, fortalecer os cuidados de saúde Nas regiões de Oio e Farim na Guiné-Bissau, decorre o programa Agentes Comunitários de Saúde, com uma população-alvo de 53.000 mulheres em idade fértil e 41.000 crianças com idades inferiores a 5 anos.

sobre uma doença que os afeta, quer estejam doentes ou não. O programa de TCE (Controlo Total da Epidemia) é um programa de sensibilização e mobilização da comunidade que tem por objetivo prevenir a transmissão de doenças como o VIH/SIDA e a tuberculose, bem como criar uma ligação entre as pessoas afetadas e os serviços de saúde e apoio de que necessitam. Os denominados oficiais de campo trabalham porta a porta na criação de relações com os vizinhos, fomentando a capacidade de cada pessoa para assumir o controlo sobre o seu estado de saúde relativamente às doenças contagiosas. Trabalham com pessoas doentes e com as suas famílias de forma

Neste programa, os Agentes Comunitários de Saúde da ADPP receberam formação de profissionais médicos sobre questões que envolvem a saúde materna e infantil, tendo sido atribuída a cada um uma área de aproximadamente 50 famílias. Nas áreas rurais da Guiné-Bissau, a maioria das pessoas vive a mais de 5 quilómetros do centro de saúde mais próximo, o que torna difícil e dispendioso o acesso aos cuidados de saúde. Os ACS têm de garantir que as mulheres e as crianças recebem os cuidados médicos de que necessitam. Só neste último ano, mais de 2.500 mulheres já tiveram acesso a consultas pré-natais em serviços médicos antes de darem à luz, quase 13.500 crianças com idades inferiores a 5 anos de idade dormem agora debaixo de redes mosquiteiras, cerca de 1.000 mulheres amamentam exclusivamente os seus bebés recém-nascidos, e o crescimento de mais de 10.000 crianças com idades inferiores a 5 anos é agora controlado e monitorizado.

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MODA SUSTENTÁVEL: LOJAS SECOND HAND Os cidadãos estão cada vez mais conscientes da importância da re-

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não há vestuário mais sustentável do que aquele que já foi fabricado.

utilização e de um modelo de consumo responsável que contribua para a proteção ambiental.

Em 2014 o número de clientes das nossas lojas de produtos em segunda mão subiu para 164.375, o que corresponde a um aumento de 50% em relação ao

A indústria da moda, tal como a conhecemos hoje, é profunda e

ano anterior. Há várias razões que explicam este aumento: a abertura de uma

absolutamente insustentável: o consumo de matérias-primas

nova loja no Porto, uma maior aposta dos consumidores na roupa de quali-

comprova a irresponsabilidade para a qual contribui uma gran-

dade a preços acessíveis, maior visibilidade da nossa atividade dada a media-

de parte da sociedade, imersa na designada Fast Fashion.Face a

tização através dos órgãos de comunicação e um acréscimo de consciência

esta situação, ganha cada vez mais peso a moda ética, baseada

social por parte dos consumidores.

no respeito pelo planeta e pelas pessoas. Ao quotidiano inerente ao trabalho na indústria da moda pertencem inúmeros processos

O aumento do número de clientes foi acompanhado pela uma crescente hete-

e momentos de decisão diante dos quais é possível tomar um po-

rogeneidade dos mesmos. A moda second hand consolidou-se como produto

sicionamento que aposte no novo paradigma do desenvolvimento

dos 0 aos 99 anos, para todos os clientes que nos chegam à procura de rou-

sustentável. Minimizar as perdas, aumentar a vida útil de uma peça

pas de qualidade a preços baixos e com um valor acrescentado importante:

de roupa, usar tecidos de menor impacto, atender às certificações

a promoção da proteção ambiental e a colaboração com os nossos projetos,

de matérias-primas e assegurar condições dignas de trabalho, são

encontrando na nossa proposta tudo o que é necessário para seguir as ten-

alguns dos desafios intrínsecos ao próprio sistema da moda, dito

dências, criar um estilo próprio, dar asas ao próprio talento na conjugação de

mais convencional. Neste contexto, a reutilização é fundamental:

peças simples com as de marca ou exibir looks retro, mas ainda muito atuais.


A rede de lojas Humana tem atualmente 6 lojas localizadas em Lisboa e 1 no Porto


PROJETOS País

Projeto

Âmbito

Contribuição

Cooperação para o desenvolvimento Guiné-Bissau

18

Moçambique

Escola Profissional de Bissorá

Educação

7.674

Escola de Formação de Professores do Futuro (EPF) de Cacheu

Educação

32.675

Farmers’ Clubs e Energia Solar Oio

Agricultura e energia renovável

30.695

Trabalhadores Comunitários de Saúde

Doenças contagiosas

5.750

Fortalecimento Institucional

Fortalecimento institucional

11.510

Escola de Formação de Professores do Futuro de Cabo Delgado

Educação

24.376

Escola de Formação de Professores do Futuro de Gaza

Educação

31.689

Escola de Formação de Professores do Futuro de Maputo

Educação

19.501

Escola de Formação de Professores do Futuro de Niassa

Educação

131.388

Cidade das Crianças de Chimoio

Educação

18.282

Cidade das Crianças de Maputo

Educação

29.251

One World University

Educação

97.213

Total Control of Tuberculosis

Doenças contagiosas

Total

21.616 461.620 €

Ajuda social Portugal

Vales de ajuda

223 vales distribuídos*

6.690 €

*Distribuição dos vales: 65 União de Freguesias Agualva-Cacém / 35 IAC - Instituto de Apoio à Criança / 20 CM de Seixal / 20 CM de Sesimbra / União de Freguesias de Queluz - Belas / 20 JF Olivais / 36 JF Marvila


Só em 2014, a Humana apoiou 4 EPP´s em Moçambique, em valor superior a 200.000 €


COMPROMETIDOS COM A SOCIEDADE

zação, ao longo de 2014, efetuamos várias iniciativas no âmbito do Humana Day 2014 sob o tema “Our climate, Our challenge” que envolveram de forma direta cerca de 225 pessoas, incluindo crianças e adultos, tendo chegado a uma quantidade significativa de pessoas devido à mediatização das mesmas. O objetivo foi envolver e sensibilizar a população em geral

para questões essenciais da proteção do meio ambiente e para a importânO nosso compromisso com a sociedade reflete-se numa grande variedade de atividades com as quais pretendemos estar mais perto dos doadores, dos colaboradores, dos clientes e dos cidadãos de uma forma geral. Por este motivo, ao longo de 2014, diversificamos a nossa presença com iniciativas a nível nacional que nos permitissem colaborar com as entidades parceiras, de modo a apoiar localmente estas instituições com os recursos gerados através da

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recolha de roupa usada em atividades de carater social, ambiental e humanitário. Para complementar o nosso trabalho de sensibili-

cia da reutilização têxtil. Estas atividades culminaram com as celebrações do Humana Day em setembro, em dois eventos realizados na sede da Humana em Alcochete e no Porto, no qual procedemos à entrega dos V Prémios Humana de Reciclagem Têxtil. Estes prémios são o reconhecimento do apoio que os cidadãos proporcionam aos programas de proteção do ambiente, da sua cooperação para os programas de desenvolvimento que implementamos em África e da sua ação social em Portugal através da doação de têxtil em contentores instalados graças aos acordos com municípios e entidades privadas.


Dá, Troca e Vende – Feira de Artigos em 2ª mão

Numa coprodução da Humana Portugal e Largo Residências com parceria da Plataforma de Lojas Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do programa Bairro Intendente em Festa, realizámos em julho, a Feira de artigos em 2ª mão no Largo do Intendente.

Já na 2ª edição, as Festas de Julho do Bairro do Intendente procuraram dar a conhecer uma Mouraria renovada, em pleno centro histórico de Lisboa. Local com uma forte componente artística e multicultural, que tem como missão a convivência integrada de estilos, gerações e tendências, que se traduzem na programação do evento e nos vários intervenientes que nele participam.

Esta iniciativa em conjunto com as lojas Humana permitiu apresentar de uma forma mais direta os artigos que fazem parte da oferta da nossa rede de lojas em segunda mão, bem como esclarecer e comunicar aos visitantes a nossa atividade em termos de reutilização têxtil, proteção ambiental e apoio a projetos de desenvolvimento.

O nosso compromisso com a moda ética reflete-se neste tipo de iniciativas, mostrando aquilo que fazemos, para uma maior sensibilização de que a roupa usada poderá ter uma segunda vida através de um consumo consciente, pela interiorização da importância da reciclagem têxtil como mecanismo de proteção do ambiente e como forma de gerar recursos para a cooperação no desenvolvimento.


Campanha “Não nos deixes pendurados!” Na Praça da Batalha, no Porto decorreu no início do mês de janeiro a Campanha de sensibilização do VIH, da HUMANA e ABRAÇO sob o tema “Roupa usada para uns, nova para outros e testes VIH/SIDA para todos!”. Esta campanha tinha o duplo objetivo de sensibilizar a população para a importância da reciclagem têxtil através da doação de roupa e calçado usados, bem como possibilitar à Associação Abraço a compra de testes rápidos de rastreio ao VIH. A aquisição destes testes possibilitou rastrear de forma anónima, gratuita e confiden-

cial um maior número de portugueses, reduzindo novos casos de infeção VIH, diminuindo a propagação da doença e a diminuição de mortes relacionadas com a mesma. Segundo dados apurados foram recolhidos 1.600 Kg de roupa durante o período que decorreu a campanha. Uma percentagem da roupa doada reverteu para a Abraço, para a compra de testes rápidos de VIH. A Associação Abraço foi distinguida com o prémio de Apoio Social em cerimónia de encerramento do Humana Day 2014, no Porto, no âmbito de entrega dos V Prémios Humana de Reciclagem Têxtil.


Comemorações do Dia Mundial Criança A 01 de junho no âmbito das celebrações do dia Mundial da Criança, promovemos a iniciativa Pintura de Contentores subordinada ao tema “Tempo de Brincar, aprendendo a Preservar”, em parceria com o municipio de Vila Nova de Poiares. Três dos seus contentores foram decorados com a colaboração do artista plástico, Noel Fignier, que acompanhou as recriações artísticas levadas a cabo pelas cerca de 100 crianças presentes. Estas foram convidadas a pintar os referidos contentores sob a temática Roupa Usada e Ambiente, recebendo para o efeito as instruções de professores e do artista plástico. As crianças e os seus familiares depositaram igualmente uma peça de roupa nos contentores, tendo-lhes sido explicado a importância da reutilização de têxtil na proteção do meio ambiente. Os equipamentos de recolha de roupa e calçados usados foram posteriormente instalados em locais públicos do município. Esta ação foi uma excelente oportunidade para dar uma forte visibilidade à questão da reciclagem dos produtos têxteis, tendo em conta o grande número de pessoas que participaram. De salientar, colaboração ativa e constante do executivo do Município de Vila Nova de Poiares, nomeadamente do Sr. Presidente da Câmara, Dr. João Miguel Henriques e do Dr. Vice- Presidente, Dr. Artur Santos, tanto no âmbito deste tipo de iniciativas como decurso de parceria de colaboração efetuada no último ano. Motivo pelo qual, foi atribuído a este município o prémio de responsabilidade Socioambiental em cerimónia de entrega dos V Prémios Humana de Reciclagem Têxtil.


Roupas que se transformam em apoio local A cada dia que passa estamos mais próximos dos nossos colaboradores e dos cidadãos. A valorização das roupas permite-nos obter recursos, parte dos quais revertem para a sociedade através de diversas ações. Por exemplo, em dezembro fizemos a entrega de 65 Vales de Apoio à União de Freguesias de Agualva e Mira Sintra (municipio de Sintra). Com esta iniciativa reforçámos a nossa colaboração com estas au-

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tarquias e com os seus vizinhos. Dado que, em 2014, recolhemos nestas localidades mais de 41 toneladas de roupa e calçado usado, o que corresponde a uma média de 1,5 quilos por habitante, um valor que comprova o grande envolvimento dos habitantes destas autarquias. Os recursos gerados com a valorização destes têxteis contribuíram para que tenhamos conseguido criar o nosso Programa de Apoio Social, gerando-se assim um círculo virtuoso que também promove a proteção do ambiente.


Loja Humana da Rua Passos Manuel 62, Porto, inaugurada a 11 de Novembro de 2014


As Contas Claras Receitas 26

Detalhe

Venda de roupa

Receita procedentes da venda de ropa em Portugal e no estrangeiro

Outras Receitas

Outras

3.409.709 138.859

Total

3.548.568 €

Gastos e doações Projetos de cooperação para o desenvolvimento

Fundos próprios utilizados em projetos de cooperação em Moçambique e Guiné-Bissau

Gastos de atividade

Gastos na recolha e venda de roupa

Outros gastos

Outros gastos vários

461.620 2.830.719 187.804

Total

3.480.143 €

As contas anuais da Humana Portugal, foram auditadas por Moore Stephens & Associados, SROC, S.A..


25

Contacto

Urbanização do Passil, Rua B, nº 104, Armazém A, 2890-171 Alcochete T.: (+351) 21 280 15 87 / M.: (+351) 93 205 29 27 / Fax.: (+351) 21 280 15 86 www.humana-portugal.org / info@humana-portugal.org


Impreso em papel reciclado

www.humana-portugal.org


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