fevereiro - abril 2016
Roupa usada como motor de desenvolvimento Comprometidos com o desenvolvimento agrícola e comunitário P. 4
Foto: Samuel Aranda World Press Photo 2011
— ENTREGUES OS VI PRÉMIOS HUMANA DE REUTILIZAÇÃO TÊXTIL
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— APILI VIEIRA: TESTEMUNHO DE UMA PROFESSORA DA GUINÉ-BISSAU
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— HUMANA DAY: DESFILE DE MODA SUSTENTÁVEL EM LISBOA
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Gestão de resíduos como um dos pilares do Compromisso para o Crescimento Verde Este programa tem como principal objetivo posicionar Portugal na liderança do crescimento sustentável
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provado em Conselho de Ministros e subscrito em abril de 2015 por 80 entidades (entre associações empresariais, Organizações Não Governamentais e fundações, sector financeiro, academia e sistema científico e organismos públicos), o Compromisso para o Crescimento Verde (CCV) fomenta um crescimento económico verde com impacto nacional e visibilidade internacional, tendo como o objetivo estimular as atividades económicas verdes e promover a eficiência no uso dos recursos, contribuindo assim para uma economia sustentável. Entendendo o resíduo como um recurso é essencial potenciar ao máximo a preparação para reutilização, inserindo-se nos conceitos ligados à Economia Circular e ao uso eficiente de recursos, associados a uma crescente concorrência pelos mesmos e ao imperativo de redução do desperdício. Nesta medida, o setor dos resíduos é um pilar do Crescimento Verde, estando intimamente ligado aos grandes objetivos do crescimento económico, da criação de emprego e do aumento da qualidade de vida, e sendo um dos “10 setores estratégicos da economia” identificados pelo PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente como “impulsionadores das tendências definidoras da transição para uma economia verde.” De igual modo, o paradigma dos resíduos como recursos encontra-se formalizado nas
Quem Somos
mais recentes iniciativas estratégicas da União Europeia como a Estratégia Europa 2020 e o Roteiro para uma Europa Eficiente na Utilização de Recursos, e na legislação subsequente, como o 7.º Programa de Ação em Matéria do Ambiente da UE, onde a gestão
de novembro. A DQR assume especial relevância para a gestão dos resíduos urbanos, dado que é o documento legislativo basilar da gestão de resíduos. Esta Diretiva clarifica ainda conceitos associados à hierarquia de gestão de resíduos e à sua aplicação e dá relevo
eficiente de recursos assume máxima prioridade.
à prevenção, preparação para reutilização e à reciclagem.
O tema dos resíduos é da responsabilidade de todos Em termos legais, a gestão dos resíduos é enquadrada pelo Regime Geral de Gestão de Resíduos, definido pelo Decreto-lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, alterado e republicado pelo Decreto-lei n.º 73/2011, de 17 de junho, que estabelece o regime geral aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, transpondo para a ordem jurídica interna a Diretiva Quadro de Resíduos (DQR) 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19
A HUMANA Portugal é uma associação não governamental para o desenvolvimento sem fins lucrativos, que desde 1998 promove a proteção do meio ambiente através da reutilização têxtil e implementa programas de cooperação em África, bem como de ajuda social em Portugal. Atualmente contamos com mais de 1700 contentores para a recolha de roupa usada à disposição dos cidadãos, distribuídos pelo território nacional, onde poderão colocar as suas doações. De igual modo, o poderão fazer diretamente numa das sete lojas secondhand da Associação. A Humana faz uma gestão
Onde estamos Edição: Humana Portugal Fotografias: Arquivo Humana
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Norte Rua da Gandra, nº 520 3885-246 Cortegaça T./F. +351 256 788 035
O PERSU 2020 (Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos) concretiza a estratégia nacional neste âmbito e define três novas metas globais por sistema de gestão de resíduos, nas quais estão incluídas os têxtis, até 2020: reduzir de 63% para 35% a deposição em aterro, aumentar de 24% para 50% a taxa de preparação de resíduos para reutilização e reciclagem e assegurar níveis de recolha seletiva de 47 kg/habitante. Ainda que o PERSU 2020 refira a importância da preparação para a reutilização, reciclagem e consequente valorização como medidas que visam reduzir a produção de resíduos é pou-
eficaz das doações de roupa usada e incentiva a reutilização e o consumo responsável. Um objetivo partilhado pela Diretiva Quadro de Resíduos e o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE), cuja prioridade é reduzir a produção de resíduos desde a sua origem e aumentar a preparação para reutilização e reciclagem de resíduos domésticos e similares. A reutilização e a reciclagem têxtil contribuem para a proteção do meio ambiente: cada kilo de roupa que se reutiliza e não é incinerada evita a emissão de 3,169 kg de CO2 segundo LOJAS | LISBOA
Sul Av. Vilamoura XXI, Edif. Portal de Vilamoura, Loja C-1 Bloco B 8125-017 Quarteira
Av. Almirante Reis, nº 26 1150-018 Lisboa T. +351 21 812 91 80 Av. Almirante Reis, nº 94 1150-022 Lisboa T. +351 21 813 27 13
co conclusivo relativamente ao têxtil, não existindo dados específicos quanto ao valor estimado para o cumprimento da meta definida. Num contexto em que a preparação para reutilização e a prevenção são entendidos como fatores decisivos na hierarquia de resíduos, a Humana Portugal tem um papel fulcral, dado ser a nossa atividade principal. Ao abrigo de parcerias de colaboração com mais de 150 entidades públicas e 170 privadas a nível nacional, recolhemos anualmente 5.300 toneladas de têxtil usado que é depositado nos mais de 1700 contentores da Humana, o que nos constitui num interveniente de relevo do sector. Cerca de 70% de têxtil é recuperado e preparado para reutilização em três centros de classificação da Humana em Ametlla del Vallès (Barcelona) obtendo 90% de aproveitamento. Em Portugal, segundo dados da Quercus, os têxteis depostos pesam anualmente cerca de 230 toneladas no sistema de resíduos urbanos. Uma situação que se pretende inverter através da sensibilização para a conveniente separação de resíduos por parte dos cidadãos, da promoção e reforço da rede de recolha tanto a nível municipal como a cargo de organizações ou entidades com um objetivo social - para que possamos ambicionar por um efetivo Crescimento Verde e atingir as metas a que nos propusemos.
dados da UE. A recolha de roupa é um serviço gratuito para os municípios e representa uma poupança significativa nos custos de recolha e eliminação de resíduos urbanos. Além da sua componente ambiental, a gestão de têxtil usado é um importante motor de desenvolvimento. Por um lado, na criação de emprego em Portugal (a Associação tem atualmente 71 funcionários) e por outro, porque os recursos obtidos com a gestão de têxtil usado viabilizam os programas de ajuda social e de sensibilização em Portugal e de cooperação para o desenvolvimento em África.
Av. Almirante Reis, nº 104 B 1150-022 Lisboa T. +351 21 813 93 27 Praça Francisco Sá Carneiro, nº 10 A 1000-160 Lisboa T. +351 21 845 09 09
Av. Columbano Bordalo Pinheiro, nº 7 E 1070-060 Lisboa T. +351 21 727 30 98 Rua dos Fanqueiros, nº 225 1100-229 Lisboa T. +351 21 886 11 87
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Entregues os VI Prémios de Reutilização Têxtil Humana distingue 21 entidades públicas e privadas
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o âmbito do Humana Day 2015, a Humana Portugal deu início a 14 de outubro às celebrações de entrega dos VI Prémios Humana de Reutilização Têxtil, em cerimónia dedicada a cada entidade, cabendo à Repsol a primeira distinção com a entrega do prémio Fidelidade. As cerimónias de entrega dos VI Prémios de Reutilização Têxtil prosseguiram em novembro, a nível nacional, distinguindo as entidades públicas e privadas que ao longo do último ano se destacaram em diversas categorias, nomeadamente nas áreas de Responsabilidade Socioambiental e Apoio Social. Estas entidades foram eleitas entre dezenas de nomeados propostos pela Humana Portugal em iniciativa integrada nas comemorações do Humana Day 2015. Pelo terceiro ano consecutivo, dedicado ao tema das alterações climáticas – com o lema “Our Climate, Our Challenge”.
Os prémios Humana de Reutilização Têxtil visam homenagear entidades que mais se distinguiram ao nível da participação em projetos em benefício da comunidade, baseados num modelo de economia circular com um objetivo social e solidário As 21 entidades agora distinguidas pela Humana Portugal foram agrupa-
Entidades premiadas na primeira fase, que decorreu durante o mês de outubro, no âmbito da entrega dos VI Prémios Humana de Reutilização Têxtil.
das em várias categorias. A Câmara de Loulé distinguiu-se, em 1º lugar a nível nacional, como o município com parceria com a Humana onde foi recolhida a maior quantidade de quilogramas de roupa usada por habitante, enquanto a Câmara de Santarém foi homenageada em 2º lugar na mesma categoria. Os prémios da maior quantidade de quilogramas de roupa usada recolhida em valores absolutos foram
Inauguração “Casinha Amiga”
Inauguração do espaço “Casinha Amiga” a 1 de dezembro no Strada.
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projeto “Casinha Amiga” foi desenvolvido em parceria com a Humana Portugal, a Câmara Municipal de Odivelas e o Strada Shopping & Fashion Outlet e funciona como espaço para recolha de brinquedos, livros e jogos a serem atribuídos a minorias étnicas, religiosas, população imigrante entre outros
grupos do concelho de Odivelas. Inaugurado a 1 de dezembro pelo Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins, este projeto tem como objetivo fomentar o espírito de boa vontade e solidariedade, reafirmando a efetiva defesa dos Direitos da Criança pela importância do brincar na proteção daqueles que se encontrem em situação de necessidade decorrentes de contingências sociais.
A “Casinha Amiga”, está localizada no piso 1 (junto ao parque infantil) do Strada Shopping & Fashion Outlet e esta ação pretende apelar à participação e de todos os cidadãos, empresas locais e nacionais para as causas de responsabilidade social.
entregues ao Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos, ao Centro Comercial Continente Loures e E.Leclerc da Amora. A Câmara do Seixal distinguiu-se na categoria de maior crescimento em 2014 face a 2013. O prémio de Responsabilidade Socioambiental foi atribuído à Inframoura – Empresa de Infraestruturas de Vilamoura e os prémios de Apoio Social foram entregues a cinco entidades: Câmara Municipal de Portimão, Câmara Municipal de S. Brás de Alportel, Câmara
Municipal de Portalegre, Instituto de Apoio à Criança e à Junta de Freguesia dos Olivais. A Câmara Municipal do Barreiro e a Câmara Municipal de Évora foram distinguidas com o prémio Expansão e à União de Freguesias de Queluz e Belas foi atribuído o segundo prémio Fidelidade. Referência ainda ao prémio de maior quantidade de quilogramas recolhidos por contentor em 2014 entregue ao posto de abastecimento da Repsol da Conquinha, em Torres Vedras.
Donativo entregue a IPSS locais
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contrapartida social, no valor de 2.250 Eur, correspondente ao período de nove meses de permanência dos contentores Humana, destinados a recolher vestuário e calçado usados no Município de Viana do Castelo foi entregue, dia 22 de dezembro, a três instituições de Solidariedade Social designadas pelo município em Sessão Solene, nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Sessão solene de entrega de donativo na CM de Viana do Castelo.
A atribuição do donativo às instituições: Conferências Vicentinas de Viana do Castelo, Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima e ao Gabinete Social de Atendimento à Família, inscreve-se no âmbito de par-
ceria de colaboração existente com a Humana, a qual prevê a entrega de parte dos recursos gerados a instituições de solidariedade locais com o objetivo de promover e apoiar o desenvolvimento de projetos de cariz social e ambiental. Demais contrapartidas sociais serão ainda atribuídas na proporcionalidade da recolha.
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Comprometidos com o desenvolvimento agrícola A agricultura e o desenvolvimento comunitário são fundamentais nos programas de cooperação da Associação, tal e como expõe esta fotografia, tirada na Guiné-Bissau por Samuel Aranda (World Press Photo 2011).
Todos os recursos gerados pela nossa atividade de recolha e de valorização da roupa destinam-se ao nosso objetivo social
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Associação Humana Portugal leva quase 20 anos a fortalecer a ponte que une a nossa sociedade com as comunidades mais desfavorecidas dos países onde realizamos os programas de cooperação. É uma ponte entre o norte e o sul que, transcendendo a distância de milhares de quilómetros, tem alicerces sólidos apoiados na atividade pela qual somos conhecidos: a recolha de têxtil usado. Todos os recursos gerados com a nossa atividade de recolha e de valorização de têxtil destinam-se ao nosso objetivo social.
Os eixos principais dos programas de desenvolvimento agrícola e comunitário são dois. Em primeiro lugar a segurança alimentar e a melhoria das condições de vida, dois desafios que abordamos fomentando os clubes de agricultores (Farmer’s Club em inglês). O primeiro clube foi criado no Zimbabwe pela Humana People to People há 30 anos e atualmente trabalhamos com 70.000 pequenos agricultores. Graças ao esforço comum e à formação que recebem podem cultivar de um modo mais produtivo, contar com ali-
mentos saudáveis e suficientes para as suas necessidades, vender os excedentes para obter mais rendimentos e ter acesso, por exemplo, a uma educação de qualidade para as crianças. A
Damos especial importância ao acesso à alimentação e à luta contra as alterações climáticas maioria dos membros destes clubes são mulheres, pelo que também se convertem em programas de género e de empoderamento feminino. Ainda que o objetivo inicial dos Farmers’ Club não fosse o combate às
variações do clima, compreender o que são as alterações climáticas é essencial para poder mitigar os seus efeitos sobre a vida das comunidades menos favorecidas. Neste sentido, um relatório recente do Banco Mundial afirma que os mais pobres encontram-se mais expostos, que a média da população, à maioria das perturbações relacionadas com o clima, como inundações, secas ou ondas de calor. Caso não se enfrentem as consequências das alterações climáticas (aumento do nível dos oceanos, redução de rendimentos agrícolas e implicações sobre a saúde), em 2030 haverá um acréscimo de mais cem milhões de pessoas aos 900 milhões de pobres já existentes.
fevereiro - abril
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COP21 em Paris: a sua importância e o seu legado Os acordos adotados representam o início de uma etapa de esperança contra as alterações climáticas
Compreender o que são as alterações climáticas é essencial para poder mitigar os seus efeitos.
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o passado dia 12 de dezembro, depois de duas semanas de negociações, os líderes mundiais anunciaram o texto do Acordo de Paris na Conferência do Clima da ONU, cujo objetivo é evitar os piores efeitos das alterações climáticas. Nas palavras do representante do Chile, Marcelo Mena Carrasco, pode ser “o princípio do fim da era dos combustíveis fosseis.” Em geral, a Cimeira de Paris foi um triunfo para o clima e para a humanidade: as nações comprometeram-se a “manter o aumento da temperatura média mundial muito abaixo dos 2 ºC tendo como base os níveis pré-industriais, e prosseguir os esforços para limitar esse aumento a 1,5 ºC” (artigo 2.1a), assim como efetuar revisões a cada cinco anos para verificar o progresso de cada país na redução das emissões. Além disso, os países ricos comprometeram-se a proporcionar 100 milhões de dólares anualmente até 2020 para ajudar os países menos ricos nos seus esforços de mitigação e adaptação.
“As alterações climáticas afetam sobretudo os pobres e o nosso desafio agora é proteger dezenas de milhões de pessoas da pobreza extrema por causa das mudanças do clima”, refere o seu presidente, Jim Yong Kim. O segundo grande eixo dos nossos programas é o desenvolvimento comunitário, isto é: o incentivo à educação, à saúde e à articulação da comunidade… Tudo isto, tendo em vista a melhoria das condições para o desenvolvimento infantil. Os fundos destinam-se a projetos de desenvolvimento em África, mais concretamente, em Moçambique e Guiné-Bissau. Estes países crescem igualmente em dimensão pela atribuição de fundos externos procedentes da União Euro-
peia ou da Cooperação Portuguesa. “Nosso modelo de financiamento através da valorização das doações de têxtil usado assegura a sustentabilidade da Associação e dos seus programas de cooperação, num período em que os fundos públicos dedicados à cooperação diminuíram”, afirma Jesper Wohlert, presidente da Humana Portugal. O nosso trabalho não seria possível sem a colaboração dos nossos parceiros (entidades públicas e privadas) assim como das centenas de milhares de doadores de têxtil usado e outros tantos de clientes das lojas secondhand que viabilizam a nossa atividade diariamente.
Ainda assim, estas revisões não são vinculativas de forma legal, pelo que não existirão consequências para os países não as levarem a cabo. E mais, estes compromissos ainda provocarão um aquecimento global de cerca de 2,7 ºC, e não existe um processo para garantir que se reduza. Os analistas destacam também que as mudanças efetivas nas políticas nacionais só se iniciarão dentro de alguns anos. Apesar de que as negociações terem uma ambição elevada, o trabalho duro ainda não começou. O sucesso do acordo depende das ações a adotar pela sociedade civil, o sector
privado, os governos e outros intervenientes importantes nos meses e anos que vêm. Isto inclui etapas muito complexas como cortar subvenções aos combustíveis fósseis e promover a independência do carvão face a alternativas mais limpas e a economias mais ecológicas. Mas tem de ser feito porque o custo da inação será pago pelas comunidades mais pobres e vulneráveis.
Humana comprometese a desempenhar o seu papel nesta transição, o que se reflete nos nossos projetos de cooperação A Humana compromete-se a desempenhar o seu papel nesta transição. Este reflete-se nos nossos programas de cooperação: em primeiro lugar, em relação à mitigação das emissões de gases com efeito de estufa e à degradação do meio ambiental, especialmente nos projetos de agricultura e desenvolvimento rural; e em segundo, garantindo que as comunidades vulneráveis se podem adaptar às suas condições variáveis. A agricultura é um pilar de muitas comunidades nos países em vias de desenvolvimento: é a base da segurança alimentar, da nutrição e a fonte de rendimento para muitas pessoas; é um sector que se pode e se deve melhorar para evitar o esgotamento dos recursos naturais e minimizar a emissão de gases. Independentemente do grau de desenvolvimento, as comunidades devem ter acesso à informação, às técnicas e recursos necessários para se adaptarem às condições variáveis de forma eficaz e culturalmente adequada.
6 fevereiro - abril
Doações de roupa como via de desenvolvimento económico e social de pessoas concretas Entidades parceiras recebem visita de representante da ADPP no âmbito de ajuda para cooperação na Guiné-Bissau
A
pili Vieira, professora do curso de Comércio e Administração da Escola Profissional de Bissorã, um dos projetos de educação apoiados na Guiné-Bissau em colaboração com o nosso parceiro local ADPP, partilhou o seu testemunho em vários encontros com entidades parceiras nos dias 23 e 24 de novembro, exemplificando como as doações de roupa usada têm um efeito direto na melhoria das condições de vida no seu país. Estas visitas inscreveram-se nas iniciativas da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, a qual promove a reutilização como condição essencial para o desenvolvimento sustentável, bem como contribui para objetivos sociais. Nos encontros agendados com as seguintes entidades: Câmara Municipal de Odivelas, Câmara Municipal de Évora, Repsol e Câmara Municipal do Barreiro, a correspondente do nosso parceiro local ADPP explicou de que forma se processa esta cooperação que abrange várias áreas, como a Agricultura e Pecuária, Desenvolvimento Comunitário, Saúde e Educação. Segundo Apili Vieira, a venda a preço simbólico das roupas usadas nos mercados locais, tal como uma verba que é concedida pela Humana, são investidos na escola profissional que dá formação a jovens vulneráveis em regime de internato, mas também em refeições para alunos de escolas primárias de zonas rurais. A nível comunitário, os programas Ajuda às Crianças e Agentes Comunitários de
Entrega de lembrança simbólica à Vice-Presidente da Câmara Municipal de Évora, Élia Mira, a 23 de novembro.
Saúde asseguram que as mulheres e as crianças recebem os cuidados médicos de que necessitam, prevenindo a mortalidade infantil e salvaguardando os cuidados neonatais. De igual modo, os Clubes de Agricultores apoiam as comunidades na diversificação das culturas de forma sustentável, combatendo a insegurança alimentar e a desnutrição infantil pela aprendizagem de novas técnicas de conservação de alimentos. Salientou ainda a importância da capacitação das mulheres no programa Cozinhas Melhoradas, o qual consiste na construção de fogões de
barro para uso próprio e para venda, garantindo assim um rendimento extra para as suas famílias, com a vantagem de economizar lenha e tempo de cozedura.
13 milhões de pessoas participam em 700 projetos da Humana People to People A Escola Profissional de Bissorã foi criada em 1994 e é dirigida pela nossa organização congénere, Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) Guiné-Bissau, desde 1996. A
duração de cada programa é de 11 meses e desde o seu início já formou mais de 1.200 jovens. Em grande parte mulheres, contribuindo assim para a emancipação feminina fomentando a sua inclusão no mercado de trabalho no desempenhando de funções tradicionalmente masculinas. Os recursos obtidos com a gestão de têxtil usado permitem à Humana financiar e implementar programas de apoio social e de proteção do meio ambiente em Portugal, bem como de cooperação para o desenvolvimento em África mais concretamente na Guiné-Bissau e em Moçambique.
Opinião | Parceiros António Martins Victor, Diretor de Comunicação da Repsol “Para os nossos clientes, os quais têm disponíveis nos postos de abastecimento da Repsol contentores Humana para recolha de roupa usada, é igualmente importante que conheçam o resultado final da sua contribuição e o destino que é dado a essas doações. Neste sentido, o testemunho a viva voz de quem representa os beneficiários destes programas ajuda certamente a credibilizar todo o projeto e dignifica as pessoas envolvidas.”
Élia Mira, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Évora “Da nossa parte temos a noção que é um modesto contributo, mas fico imensamente satisfeita pela concretização deste projeto que pode impedir um ciclo de pobreza, pois não se limita a uma situação de mero assistencialismo, mas promove o crescimento sustentável e a capacitação das mulheres através de programas como as Cozinhas Melhoradas, garantindo um rendimento extra para famílias.”
Paulo Ribeiro, Secretário Político do Gabinete de Apoio ao Vereador Edgar Valles “Para além de agradecer o trabalho desenvolvido no concelho de Odivelas ao nível da parceria com a Associação Humana Portugal gostaria de felicitar a ADPP Guiné-Bissau pela viabilização no terreno destes programas nas mais diversas áreas, com especial destaque para a educação e desenvolvimento comunitário, desejando que continuem a desenvolver este trabalho em projetos que são uma grande mais-valia para todos nós.”
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Humana Day revisita universo ecofriendly com desfile de moda sustentável em Lisboa Três modelos de vestidos de noiva vintage encerraram o desfile secondhand.
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o passado dia 24 de setembro celebrámos mais uma edição do Humana Day, este ano, tendo como cenário a loja Humana de roupa em segunda mão da Avenida Almirante Reis, 94. Dedicado às Alterações Climáticas, o grande objetivo deste evento foi sensibilizar e incentivar os cidadãos para as boas práticas ambientais associadas à reutilização e reciclagem de produtos têxteis, bem como, demonstrar através do trabalho desenvolvido pela Humana, que gestos simples e diários poderão ter um efeito positivo na luta contra o aquecimento global.
Uma aposta na moda sustentável e solidária, baseada no respeito pelo planeta e pelas pessoas Com uma adesão muito significativa, este evento de sensibilização, foi palco das 18 às 21h da participação entusiasta de mais de duzentas pessoas, entre clientes, parceiros, amigos, equipa da Humana e cidadãos, que entretanto se foram juntando, interagindo nas várias atividades que estavam a decorrer, em ambiente de festa e animação constante. Desfile de moda secondhand tendo como protagonistas as colaboradoras das Lojas Humana.
Um dos pontos fortes deste evento
foi, sem dúvida, o desfile de moda secondhand. Onde um grupo modelos amadores pertencentes à equipa da Humana apresentou propostas e tendências para um outono vintage baseado nos Anos 70 - revisitando os looks clássicos com vários pormenores de charme; como a aplicação de brilhos, cristais e a utilização de peles metalizadas. Nas cores, destaque para os castanhos em várias gradações do claro ao escuro, passando pelo caramelo e dourado, e também o preto e os estampados. Os vestidos de noiva também não faltaram e, encantando em três modelos distintos, encerraram o desfile. Estas propostas surgem como uma aposta na moda sustentável e solidária, baseada no respeito pelo planeta e pelas pessoas, bem patente na atual coleção secondhand das Lojas Humana, e que ganha cada vez mais peso enquanto alternativa de estilo à oferta convencional. A Humana Portugal gostaria de agradecer a todos os que contribuíram de forma inequívoca para o sucesso deste evento e referir que, só através do apoio e da disponibilidade de todas as entidades que viabilizam a nossa atividade diariamente e pela participação ativa das comunidades nos vários âmbitos, é possível desenvolver este trabalho.
EPorque tu
Qualidade, preços baixos, peças únicas e diferentes, apoio a projetos, moda sustentável... muitos são os motivos para optar pelas lojas secondhand.
compras na Humana? Vanessa Viana – 27 anos
Anderson Silva – 29 anos
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Conheci as lojas Humana através dos meus pais que me falaram das promoções e da qualidade da roupa, para além dos preços baixos. Gosto especialmente da forma como a roupa está organizada. Facilmente consigo encontrar o que mais gosto e têm sempre novidades. Venho sempre que posso!...Não tinha conhecimento que os recursos eram destinados a projetos sociais…muito bom… mais um motivo para comprar nas vossas lojas.”
Vanda Melo – 57 anos
Comecei a vir na altura das promoções motivado pelo preço. Atualmente, sou cliente habitual dado que têm sempre ofertas especiais e consoante os artigos, vales de desconto. O facto de as compras efetuadas reverterem para projetos de cooperação, é excelente, e ditou a minha preferência. As funcionárias além de muito simpáticas, explicam muito bem o processo e o encaminhamento dos recursos, o que para o cliente é importante.”
São Costa – 51 anos
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Sou cliente habitual e optei pelas vossas lojas pela diversidade de oferta. Encontramos de tudo, desde roupa prática e para a casa até peças únicas vintage. O preço é também um motivo importante mas enquanto consumidora tento ser responsável, preferindo roupa em segunda mão. O fim social que têm é algo com que me identifico e uma forma de poder desempenhar o meu papel, contribuindo.”
Renato Cardoso – 62 anos
Compro nas lojas Humana porque têm uma filosofia que me faz sentido e os preços são ótimos. No fundo, é juntar o útil ao agradável. Acho as lojas muito organizadas e as colaboradoras muito disponíveis e cordiais. A nova coleção… que estou a conhecer agora… é como já nos habituaram, simplesmente fantástica! Uma cliente cada vez mais frequente…”
Ana Lima – 28 anos
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Sou cliente das vossas lojas há alguns anos e compro na Humana essencialmente por dois motivos: qualidade e auxílio humanitário, o que me leva por vezes a adquirir mais peças do que precisaria…Geralmente venho às lojas da Avenida Almirante Reis por uma questão de proximidade, mas acho a loja da Rua dos Fanqueiros muito bonita. Hoje vim ver as novidades da nova coleção e devo dizer que a qualidade das peças é impecável.”
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Gosto muito de moda e desde que conheci a vossa loja, há 5 anos, fiquei cliente. Têm uma oferta muito ampla com peças diferentes e roupas de marca com preços muito acessíveis. Da nova coleção, destaco a seleção de casacos com peças muito interessantes em termos de corte e texturas. Sou fã das vossas coleções e da forma como se posicionam tanto pela finalidade social como em termos de moda sustentável.”
1º Aniversário da Loja Humana do Porto Com um ano de existência esta loja consolida-se como uma opção de moda sustentável
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11 de novembro, comemorámos na Rua Passos Manuel, 62 o primeiro aniversário da loja secondhand do Porto. A partir das 16h00 os 205 m2 da loja ficaram repletos de convidados que entusiasticamente participaram em diversas atividades, entre as quais, a distribuição de castanhas e brindes associadas ao Dia de S. Martinho, para além das ofertas especiais. O bolo também não faltou com os parabéns devidos e o respetivo brinde. Uma festa de todos que celebrámos em conjunto e a qual não teria sido possível sem a participação de clientes, amigos, equipa da Humana e os muitos cidadãos que contribuíram para que fosse uma tarde com casa cheia, alegria e muita animação.
Comemoração de aniversário com a presença de clientes, amigos e equipa da Humana.