Outono 2015

Page 1

Outono 2015

Humana Day: a luta contra as alterações climáticas

— ENFRENTAR AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NOS PAÍSES EM VIAS DE DESENVOLVIMENTO

P. 4 e 5

— A REDUÇÃO DE RESÍDUOS NO COMBATE AO AQUECIMENTO GLOBAL

P. 6 e 7

— HUMANA DAY LISBOA: VAMOS ENFRENTAR JUNTOS ESTE DESAFIO MUNDIAL

P. 8


2

NOS PAÍSES MENOS DESENVOLVIDOS As alterações climáticas não são um fenómeno com causas exclusivamente ambientais, têm igualmente consequências económicas e sociais profundas. Os países mais pobres serão os mais afetados, devido ao seu maior grau de vulnerabilidade para lidar com estas alterações, sofrendo por isso as piores consequências.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Dado que estes países são altamente dependentes dos recursos naturais e as alterações climáticas degradam a qualidade desses recursos, assistese igualmente a um agravamento das condições de pobreza. As alterações climáticas reduzem a disponibilidade de água devido à severidade e frequência de secas, ao aumento da evaporação e a mudanças nos padrões de precipitação.

O mundo industrializado provocou um aumento de 30% na concentração de gases de efeito de estufa desde o século passado, quando sem a ação humana, a natureza conseguiria equilibrar as emissões.

A degradação dos solos, as mudanças de temperatura, a precipitação e as condições climáticas extremas afetam os recursos agrícolas. É provável que as alterações climáticas tenham um impacto direto e indireto na saúde humana e que possam afetar a educação e a capacidade de trabalho.

Em média, a temperatura aumentou cerca de 0,6 °C no século XX.

O efeito direto e indireto das alterações climáticas e as suas interações com outras exposições ambientais podem conduzir a migrações em massa devido à degradação dos recursos básicos e à ameaça dos meios de subsistência.

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS EXTREMAS

TEMPERATURAS As projeções indicam que a temperatura da superfície vai continuar a aumentar ao longo do século. As ondas de calor vão durar mais tempo e ser mais frequentes. O volume global dos glaciares irá diminuir ainda mais.

Os episódios de precipitação extrema podem ser mais intensos e frequentes em muitas regiões. Prevê-se a extinção de animais e plantas uma vez que os habitats irão sofrer mudanças tão rápidas que muitas espécies não conseguirão adaptar-se a tempo.

Principais cimeiras mundiais 1972. Conferência de Estocolmo

Pela primeira vez, a comunidade internacional começa a dar atenção aos alertas dos cientistas sobre os efeitos da atividade humana no clima. A cimeira recomendou à Organização Meteorológica Mundial (OMM) a investigação das causas naturais e humanas do possível processo de alteração climática. —

1979. Genebra

As alterações climáticas são já consideradas uma ameaça real para o planeta. Foi adotada uma declaração que exortava os governos a antecipar e evitar as possíveis mudanças no clima provocadas pela ação do homem. —

1988. É criado o IPCC

Nasce o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da ONU que, em 2007, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz juntamente com o anterior - vicepresidente dos Estados Unidos, Al Gore. Este grupo multidisciplinar constituído por peritos internacionais apresentou cinco relatórios sobre o clima, o último em 2014. Estes relatórios de avaliação sobre as causas das alterações climáticas, os seus potenciais efeitos e as estratégias de resposta, são documentos de referência e decisivos no processo de negociação internacional.


3

Chama-se alteração climática à variação global do clima da Terra. Esta variação deve-se a causas naturais e à ação do homem incidindo sobretudo em parâmetros climáticos como: a temperatura, precipitação, nebulosidade... O efeito de estufa é a retenção do calor do Sol na atmosfera por uma camada de gases, sem os quais a vida tal como a conhecemos não seria possível já que o planeta seria demasiado frio. Entre estes gases estão o dióxido de carbono, o óxido nitroso e o metano, que são libertados pela indústria, pela agricultura e pela queima de combustíveis fósseis. Atualmente existe um consenso científico, praticamente generalizado, de que o nosso modelo de produção e de consumo energético está a provocar alterações climáticas globais que terão um efeito grave sobre a Terra e sobre os sistemas socioeconómicos.

SUBIDA DO NÍVEL DO MAR O nível do mar subiu de 10 a 12 centímetros nos últimos anos e os investigadores atribuem este facto à expansão térmica dos oceanos, cada vez mais quentes. Os oceanos vão continuar a aquecer e a tornar-se mais ácidos, e o nível médio global dos mesmos irá continuar a subir.

1992. Cimeira da Terra no Rio de Janeiro

Marco importante nas relações internacionais e no desenvolvimento do direito ambiental internacional. Reafirma o conceito de desenvolvimento sustentável (para atender às necessidades atuais sem comprometer os recursos das gerações vindouras) e representa um ponto de viragem em matéria ambiental. Os líderes mundiais adotaram o plano conhecido como Agenda 21, um ambicioso programa de ação para o desenvolvimento sustentável global.

Humana People to People em Paris 2015

De 30 de novembro a 11 de dezembro deste ano, Paris irá acolher a 21ª Conferência das Partes (conhecida pela sigla COP 21) sobre as alterações climáticas no quadro das Nações Unidas. Durante duas semanas serão recebidos milhares de delegados e observadores internacionais que serão desafiados a alcançar um acordo global com vista a limitar o aquecimento global a um nível inferior a 2 °C. A Humana People to People irá desempenhar um papel ativo nesta conferência mundial: estará presente na cimeira para mostrar do seu trabalho acerca da adaptação e mitigação das alterações climáticas nos nossos projetos agrícolas nos países em vias de desenvolvimento. Se em 1997, a Cimeira de Quioto (Japão) adotou acordos com vista à redução dos gases com efeito de estufa até 2020, a conferência de Paris, após a Conferência de Copenhaga, Cancun, Durban e Lima, deverá estabelecer novos objetivos a adotar a partir dessa data. O objetivo de Paris será alcançar um acordo de modo a evitar que a temperatura não aumente mais de dois graus este século. O protocolo assinado estará em vigor de 2021 a 2030.

1997. Protocolo de Quioto

É adotado o primeiro protocolo juridicamente vinculativo destinado a limitar as emissões dos gases com efeito de estufa. Inclui o compromisso de reduzir, no período de 2008-2012, as emissões de gases que provocam o aquecimento global da Terra em 5,2% relativamente aos níveis de 1990. —

2009. Copenhaga

É assinado um acordo que determina o limite máximo para o aumento da temperatura média global para 2 °C. No entanto, não é referida a forma como este objetivo será alcançado em termos práticos.

NEGACIONISTAS E CÉTICOS

Existem determinados grupos de opinião que colocam em causa as alterações climáticas: os negacionistas consideram que o atual processo não é extraordinário e que se produziu de forma natural ao longo dos séculos. Outros, os céticos, aceitam a influência do homem apesar de defenderem que não existe informação suficiente para determinar categoricamente os possíveis efeitos das alterações climáticas e por isso, duvidam da necessidade de uma ação imediata.


4

Enfrentar em conjunto o desafio das alterações climáticas Desenvolvimento agrícola

O projeto que a Humana apoia nos países do Hemisfério Sul baseia-se no modelo Farmers’ Club, ou grupos de pequenos agricultores capacitando-os no que diz respeito a práticas de agricultura sustentável. O projeto promove clubes de 50 agricultores, na sua maioria mulheres, com vista a produzir culturas de uma forma mais eficiente, partilhando os recursos hídricos garantindo a produção agrícola e a comercialização dos excedentes. Além disso, também são abordadas questões relacionadas com a nutrição, saúde e desenvolvimento da comunidade. —

70 000 pequenos agricultores

A Humana criou o primeiro Farmers’ Club no Zimbabwe, há 29 anos. O programa não parou de crescer desde então. Atualmente, a Humana People to People trabalha com 70 000 pequenos agricultores de Angola, Guiné-Bissau, Malawi, Moçambique, República Democrática do Congo, África do Sul, Zâmbia, Zimbabwe e China. Em 2014, a Humana Portugal apoiou diretamente um projeto com estas características em Oio, na Guiné-Bissau. —

Compreender e aprender

Compreender o que são as alterações climáticas, as suas causas e consequências é fundamental para poder atenuar os seus efeitos na vida das comunidades menos favorecidas. Isto permite-lhes adaptar-se à realidade, tomar as decisões corretas, melhorar as suas condições de vida e promover e incentivar outras pessoas a enfrentar o desafio do aquecimento global. —

Filtros de produção de água potável

São utilizados para garantir o abastecimento de água doméstica sem a necessidade de a ferver previamente, com a consequente poupança de recursos e garantindo a diminuição de doenças resultantes do consumo de água. A Humana trabalha igualmente com o uso de culturas que exijam menos água para o seu desenvolvimento e que sejam mais resistentes a pragas e a condições de pressão ambiental. —

Túneis solares para combater a fome Os agricultores em Cabo Delgado, Moçambique, podem secar e armazenar em segurança as suas culturas.

O

s túneis solares são uma solução simples, eficaz e ecológica: são estruturas em bambu com o chão em cimento que permite aos agricultores secar os seus produtos numa questão de horas e armazená-los para a estação seca ou vendê-los, quando o preço de mercado for mais favorável.

É uma tecnologia simples e ao mesmo tempo amiga do ambiente.

Graças aos fundos da Wisions of Sustainability, à Fundação e à ADPPMoçambique, os distritos de Ancuabe, Pemba Metuge, Meluco, Quissanga e Macomía, na província de Cabo Delgado, contam com seis secadores solares desde há quase dois anos.

Os túneis de bambu e o solo de cimento permitem secar os proddutos em poucas horas. A população desta região no norte de Moçambique lutou durante anos contra a pobreza extrema e o isolamento, apresentando os índices mais elevados de subnutrição no país. Geridos como pequenas empresas em que os utilizadores (principalmente mulheres) pagam uma pequena taxa, os túneis são mais uma ferramenta na luta contra a fome."Os países mais pobres são aqueles que emitem menos gases com efeito de estufa e são os mais vulneráveis às alterações

climáticas. O nosso objetivo é criar tecnologias amigas do ambiente que estimulem o desenvolvimento nas regiões mais pobres", esclarece a Wisions. Os túneis têm espaço suficiente para permitir a colaboração de 50 famílias e secagem dos seus produtos, tanto

para consumo próprio como para venda, o que melhorou a sua dieta e aumentou os seus rendimentos. Josefina José, uma das participantes no projeto, mostra o seu entusiasmo: “Quando fazemos as colheitas em maio, secamo-las nos túneis solares para as poder consumir de julho a dezembro. E tentamos vender os nos-

sos excedentes nos mercados locais." Niurunia Selemane é uma compradora habitual dos produtos que são secos nestes túneis: “Estou muito grata porque agora podemos comprar produtos fora de época. Além de estarem saborosos, mantêm todas as suas propriedades", explica.


5

Atenuação dos efeitos

Na verdade, o objetivo inicial do Farmers’ Club não era enfrentar as variações climáticas. O programa foi estabelecido para envolver os agricultores na atenuação dos efeitos das alterações climáticas e na adaptação às mesmas, com o objetivo de melhorar o bem-estar das comunidades envolvidas. —

A água

O acesso à água é um elemento básico para as comunidades mais desfavorecidas: a água potável para o consumo humano e a água para a rega de hortas e campos são as condições básicas de sustento. As alterações climáticas provocam mudanças na precipitação que resultam em chuvas torrenciais e em estações de secas prolongadas, por isso, são construídos poços com bombas de corda e pequenas represas para fornecer este recurso valioso em épocas adversas. —

Tecnologias de baixo custo

Os agricultores aprendem métodos de agricultura biológica e de conservação, o que se traduz no aumento da produção. É promovido o uso de tecnologias de baixo custo para aproveitar melhor e utilizar de forma mais sustentável os recursos hídricos, a seleção das sementes, o uso de fertilizantes naturais, a rotação de culturas ou a adição de novas espécies para obter uma maior variedade de produtos vegetais. —

Menos CO2

O cultivo e posterior prensagem de Jatropha permite obter óleo que é utilizado como biocombustível para produção de eletricidade. A casca de Jatropha permite igualmente produzir biogás. A Humana promove igualmente o uso de cozinhas melhoradas, o que permite alcançar um menor consumo de lenha e de combustíveis fósseis. Graças à sua utilização, o número de pessoas que contraem doenças respiratórias diminuiu. —

Cozinhas melhoradas na Guiné-Bissau

Energias renováveis

Com o acesso às energias renováveis, as populações rurais mais vulneráveis, que por vezes dependem exclusivamente da lenha ou do carvão vegetal, ficam com mais ferramentas para combater o ciclo de pobreza, deflorestação e desertificação. Dispor de eletricidade e lâmpadas solares melhora a sua vida: é possível ler ou estudar após o sol se pôr, recarregar um telemóvel ou trabalhar com computador no centro comunitário. —

As cozinhas melhoradas reduziram até 70% o uso de lenha necessária para satisfazer as necessidades diárias de uma família.

Poupam tempo na confeção, requerem menos lenha e reduzem a exposição a gases tóxicos

N

o distrito de Empada, no sul da GuinéBissau, uma cozinha comum consiste em três tijolos, ou pedras grandes, usados para suportar uma panela grande. As mulheres e as crianças podem passar até seis horas a apanhar a lenha necessária para as necessidades diárias na cozinha: o arroz para o jantar necessita entre 10 a 12 ramos de madeira e três horas para cozinhar. Como a cozinha está dentro de casa, a exposição às emissões tóxicas podem causar mortes prematuras: os especialistas comparam esta situação a fumar milhares de cigarros por dia. Investir todo este tempo impede que mais mulheres acedam acesso à educação, procurem oportunidades para gerar receitas ou influenciem as decisões do lar e da comunidade.

Foram criadas cooperativas para a venda de cozinhas melhoradas obtendo assim rendimento. Como parte de um projeto de desenvolvimento agrícola, o nosso parceiro local, a ADPP Guiné-Bissau, implementou uma iniciativa em Empada com vista a dar formação a 80 mulheres na construção de cozinhas economizadoras de lenha. Os participantes

podem criar pequenas cooperativas e vender estas cozinhas portáteis a um preço acessível, gerando receitas e estendendo os benefícios da iniciativa à comunidade. A sustentabilidade é uma componente essencial de todos os projetos da ADPP, tanto em termos de longevidade como de recursos. O principal desafio na execução do projeto é a configuração da cozinha e a correta composição da argila para moldá-las. Para resolver este problema, um técnico de uma fábrica de tijolos local prestou aconselhamento aos participantes.

As cozinhas usam apenas uma fração da madeira requerida pelas cozinhas convencionais e permitem igualmente reduzir o tempo de confeção; basta apanhar lenha uma ou duas vezes por semana e, em vez de gastar três horas a cozinhar dois quilos de arroz, agora só é necessária uma. As mudanças são evidentes: as crianças têm mais liberdade para estudar ou brincar; as mulheres têm mais tempo livre e há muito menos fumo dentro das casas. Além disso, reduz significativamente a dependência da lenha, o solo é menos degradado e evitam-se outros efeitos ambientais adversos.


6

O impacto ambiental da indústria têxtil A indústria da moda vive de artigos com ciclos de vida cada vez mais curtos

O

consumo têxtil é responsável entre 2% e 10% do impacto ambiental total das nossas atividades. Mais de 11% das emissões de CO2 atribuídas a cada agregado familiar do mundo ocidental deve-se ao fabrico e distribuição de vestuário e calçado. Por isso, tem um enorme impacto sobre o aquecimento global. A produção de lã e algodão, indispensável para a indústria da moda, requer grandes quantidades de terras cultiváveis, um ativo muito valioso para a produção de alimentos. O fabrico de uma peça de vestuário com 250 gramas de algodão requer 7 000 litros de água e 500 gramas de produtos químicos. Durante a sua produção e distribuição são libertados sete quilogramas de CO2. A indústria da moda vive de artigos com ciclos de vida cada vez mais curtos. Apesar do crescimento exponencial do número de peças que entram no mercado, neste momento, não é possível garantir que cada habitante do planeta disponha de 20 peças por ano para garantir suas necessidades básicas. Isso porque, em larga medida, estamos longe de uma distribuição equitativa: o fosso norte-sul também assume, neste caso, proporções dramáticas.

Os números

Estima-se que, no cultivo, a quantidade de água necessária (chuva ou rega) para produzir o algodão utilizado numas calças de ganga é de

10 850 litros.

Fonte: A.k. Chapagain e outros: The water footprint of cotton consumption (2006).

O evento “Fashion Revolution Day” reivindica que é possível produzir e consumir moda de outra forma. Na imagem, o evento realizado em abril, em Barcelona (Espanha).

Os europeus que mais gastam por ano

Noruega - 939 € * Dinamarca - 858 € * Bélgica - 845 € * Países Baixos - 785 € * * por pessoa

O sector têxtil desempenha um papel importante na economia europeia: dá emprego a de pessoas e gera um volume de negócios de Os maiores produtores da indústria têxtil são os cinco países da UE com maior população: Itália, França, Reino Unido, Alemanha e Espanha.

milhões

1,7

166 mil milhões de euros.

Fonte: http://ec.europa.eu Dados de 2013.

A OPINIÃO

Karolina D'Kunha Diretora Adjunta de Eco-Inovação e Economia Circular, Direção Geral do Ambiente da Comissão Europeia

O nosso modelo de produção baseiase em extrair recursos, produzir, consumir e deitar fora, e não podemos continuar com isso. Os recursos são finitos, a população aumenta e o consumo também: não é sustentável, não temos recursos suficientes para satisfazer essa procura. A economia circular é uma resposta a este problema, no fundo, é reutilizar os recursos indefinidamente, mas é necessário alterar os padrões de consumo, de produção, de conceção dos produtos, de consumo...

des de negócio, criação de emprego... E claro, o ambiente beneficia com tudo isto. A estratégia da UE para 2020 está focada na sustentabilidade e na luta contra as alterações climáticas. A economia circular está estreitamente ligada a estes objetivos: uma conceção eficiente dos produtos resulta numa melhor eficiência energética e por sua vez, previne a emissão de gases com efeito de estufa.

A economia circular não tem apenas benefícios ambientais, caso contrário, os políticos não seriam impelidos a atuar. Tem igualmente um enorme potencial de crescimento económico, está ligada à eficiência, à inovação, e traz novas soluções, novas oportunida-

O conceito de economia circular pode parecer muito teórico mas na realidade, é bastante prático. As alterações podem parecer pequenas e modestas, mas no seu conjunto tem um enorme impacto. Por exemplo, no caso do vestuário, a indústria têxtil é responsável

por um impacto evidente na sustentabilidade. Muito do que consumimos na Europa foi produzido fora das nossas fronteiras, muitas vezes em condições precárias em termos ambientais, laborais e salariais. Os consumidores europeus devem estar conscientes de que, ao comprarem uma peça de vestuário, não devem olhar apenas para o preço, mas considerar também as condições nas quais foi produzida. Também está nas nossas mãos planear melhor as nossas compras de modo a produzirmos menos resíduos; doar o que usamos; separa os resíduos na origem... Além disso, não precisamos de ter todas as coisas, muitas vezes podem ser partilhadas. Aqui está um conceito económico inovador e muito importante: a colaboração".


7

Dê uma segunda vida à sua roupa

Os cidadãos podem doar as suas roupas utilizando os contentores ou entregando-as nas lojas da Humana.

A gestão de doações de artigos têxteis usados impulsionam a proteção do ambiente e o desenvolvimento económico e social

O

meio ambiente agradecia que se produzisse menos roupa. A reutilização apresenta-se como essencial para prolongar a vida útil do vestuário e para promover um ciclo fechado com base nos princípios da economia circular. A peça de vestuário mais sustentável é aquela que já foi fabricada. O resíduo têxtil zero começa a ser uma realidade: o aproveitamento total é possível graças à combinação da reutilização e da reciclagem de produtos que podem não ter uma segunda vida enquanto peças de vestuário, mas noutra qualidade. Um relatório da Comissão Europeia determina que cada quilo de roupa reutilizado e não incinerado evita a emissão de 3 169 kg de CO2. As 5 100 toneladas recolhidas anualmente em Portugal representam uma poupança de 16 000 toneladas de CO2 para a atmosfera. A Diretiva do Parlamento Europeu 2008/98/CE regula a gestão dos resíduos promovendo medidas que evitem a sua produção reduzindo os impactos adversos na saúde humana e no meio ambiente associados à sua produção e gestão, melhorando a eficiência do uso dos recursos. Esta normativa dá primazia à prevenção, promovendo em segundo lugar a sua preparação para a reutilização e posteriormente, a sua reciclagem ou aproveitamento material seguido de outros tipos de valorizações, incluindo a energética.

O QUE FAZEMOS COM A SUA ROUPA A SUA ROUPA Poderá depositar a roupa que já não usa num dos contentores de HUMANA, ou entregá-la diretamente numa das lojas da HUMANA.

ARMAZÉM

Finalmente contempla o fornecimento ou a eliminação segura, quando todas as outras opções não teria sido possível. O trabalho de Humana encaixa nestes objetivos.

Os números em Portugal

1998 Uma equipa de 65 pessoas 5100 toneladas de têxteis recolhidas em 2014 3 centros de recolha 7 Lojas: seis em Lisboa e A Humana iniciou a sua atividade em

A roupa preveniente do armazém é vendida a empresas e entidades especialistas na reciclagem e reutilização têxtil.

LOJAS HUMANA Nas lojas HUMANA vende-se roupa usada em bom estado, proveniente de organizações irmãs da HUMANA Portugal.

uma no Porto

OBTENÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS

Os números da Humana People to People Está presente em

43 países na América

Programas educativos e de inserção laboral

África, Ásia e Europa Em 2013 foram

130 000 toneladas de peças de vestuário em 47 500 contentores

recolhidas

na Europa e nos Estados Unidos. Mais de

400 lojas de vestuário em segunda mão na Europa e mais de 80 pontos de venda em sete países africanos. Apoia 700 projetos de desenvolvimento que abrangem 13 milhões de pessoas.

FINANCIAMENTO DE PROJETOS DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EM ÁFRICA

Projetos de agricultura e desenvolvimento rural.

Projetos de desenvolvimento comunitário.

Projetos de saúde e de luta contra doenças infetocontagiosas. Projetos de assistência e emergência


8

Vamos enfrentar juntos este desafio global As alterações climáticas são o protagonista, pelo terceiro ano consecutivo, do Humana Day aquecimento global deve ser travada pelas Nações Unidas, pelos governos, pelas organizações ambientais ou pelas grandes multinacionais. Acreditamos que é uma luta que depende de protocolos como por exemplo o de Quioto ou de Copenhaga, de grandes cimeiras climáticas (como a que será realizada em breve em Paris) e da capacidade de mobilizar cientistas e ativistas. Além disso, somos tentados a pensar

O objetivo é promover a ação da comunidade perante os desafios das alterações climáticas e dar a conhecer o nosso trabalho neste âmbito

A influência humana é a causa das variações climáticas que sofremos.

A

Humana Portugal participa neste mês de setembro no Humana Day, um evento anual partilhado por cerca de quinze organizações da Federação Humana People to People na Europa. Pelo terceiro ano consecutivo, o evento é dedicado às alterações climáticas sobre o tema “Our Climate, Our Challenge”. O grande objetivo deste evento, que se celebra na quinta-feira dia 24 de setembro em Lisboa, é oferecer aos cidadãos a oportunidade de saber mais sobre as alterações climáticas, sobre a contribuição da Humana para a redução dos seus efeitos e de que forma, entre todos, podemos prevenir algumas das consequências que o fenómeno provoca. O evento consiste sobretudo em envolver os cidadãos que passem na loja da Humana na Av. Almirante Reis, 94, das 18 às 21 horas, para que possam saber mais sobre as atividades da nossa organização. A equipa da Humana irá usar t-shirts com a mensagem principal do evento, bem como, com a frase inscrita “I am reused and climate friendly”. Um tema que

destaca os benefícios para o ambiente da reutilização dos produtos têxteis. Serão realizadas diversas atividades, haverá música e animação, preços especiais e até mesmo um desfile de moda Secondhand. Desde a sua criação, o Humana Day centrou-se num tema relevante distinto: a educação (2010), a segurança alimentar (2011) e o papel da mulher no desenvolvimento (2012). Desde então, a tónica foi colocada na luta contra o aquecimento global. Se nas duas edições anteriores centrámos o nosso trabalho nos países do hemisfério sul, este ano, o objetivo é destacar a forma como a reutilização e a reciclagem dos produtos têxteis tem um impacto claro e positivo sobre o meio ambiente reduzindo o consumo de matérias-primas destinadas ao fabrico de peças de vestuário novas. E a peça de vestuário mais sustentável é aquela que já foi fabricada. É comum pensar nas alterações climáticas como um fenómeno imparável, irreversível e contra o qual nós, enquanto cidadãos individuais, pouco ou nada podemos fazer. Assumimos que a batalha contra o

AS CINCO EDIÇÕES

2010. “Education for all”

A primeira edição do Humana People to People Day focou-se na educação, um dos principais Objetivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. —

2012. “Women in action”

Edição: Humana Portugal Fotografias: Arquivo Humana

O Relatório de Síntese do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC, publicado em novembro de 2014, conclui que “se não for posto um travão, as alterações climáticas provocarão um aumento da probabilidade da ocorrência de impactos graves, generalizados e irreversíveis nas pessoas e nos ecossistemas. Contudo, existem opções para a adaptação às alterações climáticas e com atividades de mitigação rigorosas, é possível conseguir que os impactos das alterações climáticas permaneçam num nível controlável, criando um futuro mais promissor e sustentável”. Na Humana acreditamos que trabalhando em conjunto, podemos criar as sinergias necessárias para atenuar as alterações climáticas e adaptar-nos às mudanças que já ocorreram. Acreditamos num esforço coordenado para provocar uma mudança.

2013 e 2014. “Our Climate, Our Challenge” As alterações climáticas e as suas consequências foram os protagonistas em ambas as edições. Este ano são, uma vez mais, o centro das atenções. —

2011. “Food for all”

A segurança alimentar, a importância dos biocombustíveis e a Terra foram os principais temas do evento.

que os responsáveis pelas alterações climáticas são as grandes potências e o poder industrial e económico, que não cedem um milímetro na sua capacidade de expansão e enriquecimento, apesar de isso acarretar um prejuízo irreparável para o planeta. Podemos ser ingénuos ao ponto de pensar que o buraco de ozono, o aumento dos níveis do mar e as temperaturas têm pouco a ver connosco. No entanto, todos nós temos um papel a desempenhar nesta luta. Quando compramos, ao consumirmos recursos não renováveis, a forma como educamos os nossos filhos, a forma como nos deslocamos... podemos fazer alguma coisa todos os dias. Gestos simples como a reutilização, a recuperação ou a reciclagem de produtos têxteis, têm um efeito positivo e significativo nesta luta contra as alterações climáticas.

O debate centrou-se no papel das mulheres e no desenvolvimento do planeta. —

A data de 2015

24 de Setembro Lisboa

T. 212 801 587

info@humana-portugal.org

www.humana-portugal.org

https://www.facebook.com/humana.portugal


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.