La Rampa: Vai Com Deus (Brasil)

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la Rampa art and life from around the world

Volume 2, No. 2

BRASIL VA I C O M D E U S

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what is

saudade?

gethin james

Forgive my chauvinism, but I believe I am uniquely qualified to explain this word that crops up in so much poetry and song—not only in Brazil but all over the Portuguesespeaking world. Saudade is often translated as nostalgia, but this is far too thin a rendering and a bit like describing Beethoven as a pianist! Saudade is symphonic, rich in overtones. Another analogy is to that of good wine—complex, in its hints of this and resonances of that—and potent! My schooling in this matter was, of course, the family and friends who lived in the row-houses of Wales. Despite attempts to glorify the remnants that remain, these communes of brick, slate, and weathered sandstone were erected for the class who did the dirty-work—exploiting the mines and tending the blast furnaces. What a surprise to find it all again in Brazil! The vast millions living in their own communes of red brick. And what a surprise to find Welsh Hiraeth everywhere in Brazil! Except there it is called Saudade! I do not imply a gloomy pessimism that one could expect to feel, living out a lifetime in a slum. As a complex of feelings, neither Hiraeth nor Saudade kick in at the level of self-pity, not a bit of it. Hiraeth in Wales explodes into the crowd of 75,000 Rugby Football fans at Cardiff Arms Park when Wales is winning and the words are straight out of the hymnal but sung in the stands: Jesus lover of my soul Let me to they bosom fly… And that other great choral engine: Bread of Heaven, Feed me ‘til I want no more! Now this is Hiraeth! The most majestic, noble emotion, summing up within itself the love of gods and men, race and achievement. And the awsome knowledge that it can be and often is, all gone! What Brazilian does not weep in pride for the great Senna? This is Saudade! The memory of this world-class racer screaming to victory against all the odds and inferiorities and on, into the Benzine inferno.

Perdoe meu chauvinismo mas eu acredito que sou particularmente qualificado para explicar esta palavra que inspira tanta poesia e canção—não só no Brasil mas em todos os outros lugares onde o português é falado. Saudade é freqüentemente traduzida como nostalgia mas isto é uma interpretação simplista, seria equivalente a descrever Beethoven como um pianista! A Saudade é uma sinfônia, rica em tonalidades. Outra analogia para saudade seria a complexidade de um bom vinho, em seus aromas e suas intensas ressonâncias. Minha educação neste assunto veio, naturalmente, das famílias e amigos que viveram nas casas germinadas do país de Gales. Apesar das tentativas de glorificar os restos que ainda existem, estas habitações de tijolo e pedras desgastadas pelo tempo foram erguidas para a classe que fez o trabalho sujo—explorando as minas e operando fornos. Que surpresa achar isso de novo no Brasil! Milhões de pessoas vivendo em suas habitações de tijolo avermelhado. E que surpresa achar o Hiraeth Galese em toda parte do Brasil! Exceto que lá isso é chamado saudade. Eu não quero sugerir uma pessimismo melancólico que alguém poderia sentir se passasse a vida inteira na favela. Como uma complexidade de sentimentos, nem Hiraeth nem Saudade chegam a esse nível da auto-compaixão, nem perto disso. O Hiraeth em Gales explode numa multidão de 75.000 fãs do Futebol de Rúgbi no Parque Cardiff Arms quando Gales está ganhando e as palavras, direto do ‘hymnal’, são cantadas nas arquibancadas: Jesus amor da minha alma / Deixa-me voar...E um outro grande coral locomotiva: Pão do Céu, / Alimenta-me até que eu não queira mais! Agora isto é Hiraeth! A emoção mais nobre e majestosa que condensa em si o amor dos deuses e homens, corrida e realização. E a maravilhosa sabedoria de que o que tudo pode ser e freqüentemente é inteiramente passageiro!

Music from the favelas? How is it possible in these sewerbrick and monstrous labyrinths? Because the Brazilians have Saudade, like the Welsh.

Qual o brasileiro que não chora com orgulho pelo grande Senna? Isto é Saudade! A memória deste piloto mundialmente famoso gritando a vitória apesar de todas as dificuldades e casualidades até o inferno benzina. A música das favelas? Como é possível haver música nestes monstruosos labirintos de esgoto e tijolo? É possível porque os brasileiros têm Saudade, como os Galeses.

Fancy that!

Interessante!

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Publisher

Alex Bellos

Gethin James

Filipé Chibas

Editor-in-Chief & Creative Director

Sandra Delgado

Chantal James

Bruce Gilman

Managing Editor

Marina Gilii

George Pyron

Nick Gordon

Art Director

Gethin James

Robin Mitchell Cranfield Graphic Design Hundreds & Thousands, Tara Rice Advertising Chris Burrows Contributing Editors Eric Jackman & Rodney Williams Editorial Consultant Marcelo Machado Phyllis Blackburn Translations Andrea Macaroun Regina Mello Copy Editor Bianca Spence Public Relations

Stanley Johnson Nelson Liano Jr. Walter Mesquisa Sucos Milagrosos Más Morales Cristiane Ramalho Nancy Scheper-Hughes Rafael Rodrigues Souza David Stone Patricia Nell Warren Contributing Photographers Tony Barros Sandra Delgado Nando Dias Chantal James Deise Lane Walter Mesquita Rodrigues Moura

Wildcat NYC: Gemma Hart Corsano

Kita Pedroza

& Glynnis McDaris

Bruno Viega

Contributing Writers

Large Colour Separations

Fred Aflalo

Pikto

Marcos André

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Marcelo Armstrong

la rampa publications inc.

Ricardo Basbaum

www.la-rampa.com


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What is Saudade? Gethin James 8 What Kind of Country is Brazil? Gethin James 14 Brazil in a Pinch Marina Gilii 16 Meninos de Rua Gethin James 22 The Sea Captains Cristiane Ramalho 28 Viva Favela Sandra Delgado 30 The Morros Gethin James, Ricardo Basbaum 36 Baixada Fluminense Walter Mesquisa 38 Take the Tour Marcelo Armstrong 44 Rocinha by Jeep Anonymous Tourist 46 Favela Fashions Tony Barros 50 Speed Merchants David Stone 52 Vila Mimosa Sandra Delgado 54 Pilgrimage to Acré Nelson Liano Jr. 56 The Valley of the Juruá Nelson Liano Jr. 66 Diamantina Nick Gordon 68 Yawanawa Julie Canigli & Stanley Johnson 70 Ayahuasca Nelson Liano Jr. 72 Biu on the Rollercoaster Nancy Scheper-Hughes 76 Katuquina Chantal James 82 Jogo do Bicho Más Morales 83 So Much Hot Air Patricia Nell Warren 84 The Brazilian Way of Life Alex Bellos 90 Brega Gethin James 92 Samba Chantal James 98 Afoxé Filipé Chibas 99 Carmen Miranda Bruce Gilman 100 Candomblé – A Perspective Fred Aflalo 101 History of Funk Rafael Rodrigues Souza 104 Gifts of the Spirit Chantal James 106 Aleijandinho Más Morales 108 Fabulous Fruits Sucos Milagrosos 2

contents Disclaimer: The opinions expressed by the contributors to La Rampa are entirely those of the contributors and no endorsement of these opinions is expressed nor implied by their inclusion in this publication. Negaçao: As opiniões expressadas pelos contribuinte ao la Rampa são inteiramente aquelas dos contribuinte e nenhum endosso destas opiniões é expressado nem implicado por seu inclusion nesta publicação.

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what kind of country is

brazil?

gethin james


Brazil does not lend itself to easy analysis. In putting this issue together the La Rampa team of editors and photographers were not only challenged by the diversity and size of the country, but also by its personality. This meant facing up to the difference between the face for the world and the face at home. Why delve into politics, you may well say? Our answer is clear. In bringing our readers “Art and Life from Around the World,” La Rampa has an obligation to the truth. Truth like beauty is, of course, in the eye of the beholder. In order that the reader can make up her or his own mind about the faces of Brazil, in this issue we are presenting through image and text, many sides of the conundrum. Não é fácil analisar o Brasil. Durante a produção desta edição, a equipe de editores e fotógrafos de La Rampa foi desafiada não apenas pela diversidade e tamanho do país, mas também por sua personalidade. Isso significou reconhecer a diferença entre a face exposta para o mundo e a face em casa. Por quê se aprofundar em política, o leitor poderá se perguntar? Nossa resposta é clara. Ao trazermos aos nossos leitores “Arte e Vida ao Redor do Mundo,” La Rampa tem uma obrigação com a verdade. A verdade, tanto quanto a beleza, está, é claro, nos olhos do espectador. Para que o leitor possa criar sua própria idéia sobre as faces do Brasil, nesta edição estamos apresentando, através de imagens e textos, muitos lados desse enigma.

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an email from marina gilii

pinch brazil in a From 1st class to mass tourism destinations, to ecotourism, popular culture, native indians, social issues, and off-the-beaten track spots. You can have ‘em all. Indeed, the shortest briefing about Brazil is diversity and contrast-geographical, ethnical, cultural, and historical. But basically, you can consider 5 main regions: n, ne, e, s/se, and Mid-West. 1. n—Amazonian rain forest: Gaiola boats & waterways; local cultures deeply impregnated with the Amerindian heritage; Belem (capital of Para state) and Marajo Island (where Amazonas River meets the ocean, and water buffaloes brought from India a century ago provide the only transportation around). Flying south some 300 km over a swampy area (no roads!), the neighbour state of Maranhao offers a most scenic wild spot ‚ Lencois Maranhenses‚ a sandy, desert area crossed by a river. In another neighbour state (Piaui), in the midst of the Caatinga semi-desertic eco-system the Serra da Capivara/ 16

São Raimundo Nonato bears the oldest archeological sites ever found in S. America, with 12,000-year old cave paintings as impressive as Lascaux. 2. ne—a 6-word brief: thousand beaches and permanently good weather. But all the capital towns are on the coast and look very much alike. I would rather go for fisher-men villages like Jericoacoara (Ceará state) or Praia da Pipa (Rio Grande do Norte state). As for the ne capital towns, the highlights are Maceió (capital of Alagoas state), and most definitely Recife and Olinda, historical twin towns in Pernambuco state and a former Dutch colony ruled by Prince Maurice of Nassau. From Recife you can go (by boat or plane) to Fernando de Noronha, an offshore archipelago turned into a marine conservation park. Not to be missed! A paradise for divers and non-divers as well (one beach is frequented by giant turtles, another one is a meeting point of hundreds of dolphins, and another one is a natural nursery for baby hammerhead sharks: you can even swim among them‚ no problem).

3. e—Salvador (Bahia), a living piece of Africa in Brazil with a unique culture, and 500 years of history & colonial architecture‚ it was our first imperial capital. Around the bay area, tiny colonial villages where the time has stopped (Cruz das Almas, Santo Amaro da Purificação island, etc.). Then the south coast of Bahia is an endless string of wonderful beaches and villages (Morro de São Paulo Island, Valença, Barra Grande, Itacaré, Prado, Alcobaça, Ponta do Corumbau, Ilhéus, Olivença enough) not to mention the luxury resorts at Praia do Forte, Comandatuba, and Sauípe. In the backcountry of Bahia (400 km from Salvador), in the Chapada plateau you’ll find jewels like Lençóis, Mucugê, Morro do Pai Inacio‚ colonial towns forgotten after the diamond mine fever, and now revived as ecotouristic destinations (tracking, rafting, rock & waterfall climbing). Then‚ well you’ll have to wait for the next chapter, dear. I have to rush for an appointment. Bye —Marina


De turismo de primeira classe a turismo de massa, ecoturismo, cultura popular, índios nativos, questões sociais, e locais ainda pouco explorados. Você pode encontrar de tudo. Realmente, a definição mais curta sobre o Brasil é diversidade & constrastes—geográficos, étnicos, culturais e históricos. Mas basicamente, pode-se considerar 5 regiões principais; n, ne, e, s/se e Centro-Oeste. 1. n—Floresta amazônica; gaiolas e rios; culturas locais profundamente impregnadas com a herança ameríndia; Belém (capital do estado do Pará) e a ilha de Marajó (onde o rio Amazonas encontra o oceano, e búfalos do água trazidos da Índia há um século representam o único meio de transporte). Voando para o sul sobre 300 km de área pantanosa (não há estradas!), o estado vizinho do Maranhão oferece um local selvagem impressionante—Lençóis Maranhenses—uma região arenosa deserta cruzada por um rio. Em outro estado vizinho (Piauí), no centro do ecossistema semi-desértico da caatinga, a Serra da Capivara / São Raimundo Nonato abriga os sítios arqueológicos mais antigos já encontrados na

América do Sul, com pinturas feitas há 12.000 anos nas cavernas, tão impressionantes quanto Lascaux. 2. ne—resumindo em 6 palavras: mil praias lindas & eterno bom tempo. Mas todas as cidades grandes ficam na costa e são muito parecidas. Eu prefiro seguir para vilas de pescadores como Jericoacoara (no estado do Ceará) ou para a Praia da Pipa (no estado do Rio Grande do Norte). Em termos de capitais nordestinas, os destaques são Maceió (capital do estado de Alagoas), e sem dúvida Recife e Olinda, cidades-gêmeas históricas no estado de Pernambuco, ex-colônia holandesa governada pelo Príncipe Maurício de Nassau. De Recife pode-se ir (de barco ou avião) a Fernando de Noronha, um arquipélago em alto-mar transformado em parque marinho de conservação. Imperdível! Um paraíso para mergulhadores e nãomergulhadores também (uma das prais é freqüentada por tartarugas gigantes, outra é ponto de encontro de centenas de golfinhos, e outra ainda é um berçário natural para filhotes de tubarão-martelo: pode-se até nadar entre eles... sem problema). 3. Região e—Salvador (Bahia): um pedaço vivo da África no Brasil, com

uma cultura particular e 500 anos de história e arquitetura colonial—foi nossa primeira capital imperial. Em torno da área da baía, minúsculas vilas coloniais onde o tempo parou (Cruz das Almas, Santo Amaro da Purificação, Ilha de Itamaracá, etc.) Depois, a costa sul da Bahia, com uma seqüência infindável de praias e vilas maravilhosas (Ilha do Morro de São Paulo, Valença, Barra Grande, Itacaré, Prado, Alcobaça, Ponta do Corumbau, Ilhéus, Olivença... chega!) Isso sem falar dos resorts luxuosos na Praia do Forte, Comandatuba e Sauípe. No interior da Bahia (400 km de Salvador), na Chapada, existem jóias como Lençóis, Mucugê, Morro do Pai Inácio—cidades coloniais esquecidas depois da febre das minas de diamantes, e agora recuperadas como destinos ecoturísticos (caminhadas, canoagem, escaladas). Depois...bem, meus caros, vocês vão ter que esperar pelo próximo capítulo. Preciso sair correndo para um compromisso. Tchau, —Marina 17


meninos de rua Gethin James

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Coming from a social-democratic state, with its safety nets, is certainly no preparation. Just like the favelas, the street kids seem to be part of the way things are in Brazil. It is hard to believe that either monstrosity could exist and be tolerated. But they are. And efforts to change the system for the better appear to be shot through with helplessness in the face of the kids and opportunistic politics when it comes to the favelas. We are all familiar with the ball-bearded “tramp” in the vales of England, the despised “vagrant” of the U.S., yet again the romantic “nobre vagabundo” of Daniella Mercury and Brazilian pop. These colourful individuals are all of a different species. The town drunk would be a closer analogy. But you must crank this back from aging loser to eleven-year-old urchin and you must substitute the fumes of glue for the bottle. When I first caught sight of them they were moving like a small carnival along the beach at Ipanema. On the sand I got introduced and learned some of their names. I felt the tender breath of acceptance beneath all the bravado. But it was dangerous. It was like joining the sitting ducks on the rifle-range. It was like going naked into court. The only help in that abyss came from the children. They knew that, isolated on a teeming beach, I neither cared one shit about the reasons for it all. We knew that.

É fácil demais chorar quando você os vê. Vindo de um estado social democrático, com mecanismos que lutam contra a pobreza, certamente eu não estava preparado para tal situação. Como as favelas, os pivetes parecem ser parte de como as coisas estão no Brasil. É duro acreditar que essa monstruosidade possa existir e ser tolerada. Mas é. E os esforços para melhorar o sistema parecem ser atacados com desprezo perante as crianças e os políticos oportunistas quando se trata da questão das favelas. Os ‘vagabundos barbados´ nos vales da Inglaterra, o ‘sem casa´ nos EUA, e o romântico ‘nobre vagabundo’ da cantora pop brasileira Daniella Mercury são todos nossos conhecidos. Estes indivíduos coloridos são todos de uma espécie diferente. O ‘bebum’ da cidadezinha seria uma analogia mais próxima. Mas você deve voltar atrás, do crescimento deste homem perdedor até os onze anos de idade do moleque de rua e deve substituir o cheiro da cola pela garrafa de bebida alcóolica. Quando eu primeiramente os avistei, eles se moviam como um pequeno grupo de carnaval ao longo da praia de Ipanema. Na areia, fui apresentado a eles e aprendi alguns de seus nomes. Senti uma respiração suave de aceitação por baixo de toda aquela audácia. Mas foi perigoso. Foi como unir-se aos patos enfileirados no campo de tiro ao alvo. Foi como ir nu ao tribunal. A única cumplicidade no meio desse caos veio das crianças. Eles sabiam que, isolado numa praia lotada, eu não me importava nem um pouco com as razões de tudo aquilo. Nós sabíamos disso.

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sea captains THE

Cristiane Ramalho

The friends Gesiel and Serginho live on the beach at Ipanema. Until Monday May 30 2005, their ‘house’ was the rainwater culvert under Avenue Vieira Souto, one of the most select neighborhoods in Brazil. They had made their home in the drain underneath the sidewalk with a group of other boys and girls, similarly on the street. “It is not cold in there, and there are no bugs. It’s only when it rains a lot that the water level goes up and soaks us,” proffers Gesiel. He studied until the sixth grade at primary school and has lost his father, as has his friend Serginho, who never went to school at all. Gesiel says he is 15 years old. Serginho, 14. But neither has any real idea of their age nor of the month of their

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birth. When they are asked each appeals to the other. Gesiel and Serginho have begun to make up birthdays—the one in March, the other in May. But there is not much to commemorate. They have lived together on the streets of Rio and Gesiel likes to say Serginho was his brother on the paternal side. According to the him their father died in an automobile accident. The subjects of a newspaper article “Children living under the Vieira Souto,” in O Globo, published on Monday May 30 2005, Gesiel, Serginho and their friends were forced to ‘move’ because city hall responded by ordering the entrances to the culvert to be sealed. But they continue to stay in Ipanema. Only now they sleep on the beach.

Os amigos Gesiel e Serginho vivem na praia de Ipanema. Até a segunda, 30, sua ‘casa’ era a galeria pluvial da Avenida Vieira Souto, um dos endereços mais nobres do país. Junto com um grupo de meninos e meninas de rua, eles fizeram do ‘andar debaixo’ da calçada seu lar. “Lá dentro não faz frio, nem tem bicho. S6 quando chove muito é que a água sobe e molha a gente”, conta Gesiel. Ele estudou até a sexta série do ensino fundamental e é 6rfão de pai, assim como o irmão Serginho, que nunca pisou numa sala de aula. Gesiel tem 15 anos. Serginho, 14. Mas não faz idéia da sua y idade, nem do mês de seu nascimento. Para responder, recorre

ao outro. Gesiel e Serginho acabam de fazer aniversário— um em março, o outro em maio. Sem motivos para comemorar. Eles vivem juntos pelas ruas do Rio e Gesiel diz que Serginho era seu irmão apenas pelo lado paterno. Os pais, segundo eles, morreram num acidente de carro. Tema da reportagem “Meninos vivem sob a Vieira Souto”, do jornal O Globo, publicada na segunda, 30, Gesiel, Serginho e seus amigos tiveram que ‘se mudar’ depois que a prefeitura mandou fechar as saídas da galeria. Mas continuam em Ipanema. Só que agora dormem na praia.


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the results show that there is much more to tell about favelas than their histories of violence and drug trafficking

Sandra Delgado photographs in this section by viva favela photographers

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Viva Favela is an innovative project, based in Rio de Janeiro. Created by the Via Rio NGO, it has as its goal ‘digital inclusion,’ democratization of information and reduction of social inequality. Like a virtual bridge between mainstream and favela, the NGO relies on a team of journalists and “community correspondents” who live in the favelas and act as reporters and photographers.

O Viva Favela é um projeto inovador, baseado no Rio de Janeiro. Realizado pela ONG Viva Rio, tem como meta a inclusão digital, a democratização da informação e a redução da desigualdade social. Como uma ponte virtual entre o asfalto e a favela, conta com uma equipe de jornalistas e “correspondentes comunitários”—moradores de favelas capacitados para atuar como repórteres e fotógrafos.

The work is carried out in partnership. The results show that there is much more to tell about favelas than their histories of violence and drug trafficking. Set up in July of 2001, the portal has covered such diverse areas as culture, jobs, sports, services, recreation, and day-to-day life. It also webcasts notices of interest to the communities in real time.

O trabalho é feito em parceria. E o resultado mostra que há muito mais para se contar sobre as favelas do que histórias de violência e narcotráfico. Criado em julho de 2001, o portal cobre áreas tão diversas quanto cultura, emprego, esportes, serviço, diversão, economia e cotidiano. Traz também notícias de interesse das comunidades em tempo real.

www.vivafavela.com.br

www.vivafavela.com.br

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the morros Gethin James

One of the views that most impressed me in the 1960s, hitchhiking from Scotland to Wales, was a glimpse of the original community of the Gorbals on the banks of the River Clyde, in Glasgow. A by-word in the U.K. for wretched housing conditions, this was no preparation for the death-in-life appearance of those sandstone slabs that housed the poor people of Glasgow. The view cut through the optimism of my eighteenth year like a shard and it will remain with me until I die. The British of course, knocked them down, then knocked down the replacement high-rise slums to erect yet new townhouse slums on the site. (A century and a half earlier, Napoleon had dealt differently with the slums of Paris, driving the Champs (continued page 32)

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Elysées and other grand avenues through gigantic rats’ nests of potential rebellion.) And the favelas of Rio, and the favelas of Brazil? Another eye-stopper! Red sewer-brick slums seemingly festering around communities, between communities and papering the basaltic cones within cities (like Rio). All the Naif art in the world fails to make of these a jolly sight. But, like everything else in Brazil, the fact that most of the population live in favelas is a very complex reality. Uma das paisagens que mais me impressionou nos anos 60, viajando de carona da Escócia a Gales, foi a comunidade dos Gorbals nos bancos do Rio Clyde, em Glasgow. O bom exemplo na minha infância no Reino Unido das condições precárias de moradia, não foi nenhuma preparação para a aparência de morte-em-vida do chão de pedra que abrigava as pessoas pobres de Glasgow. 34

A paisagem arrancou uma fatia de otimismo do meu décimo oitavo ano de vida e permanecerá comigo até que eu morra. Os britânicos naturalmente os derrubaram, e depois derrubaram os prédios das favelas para construir então novas casas no local. (Um século e um meio antes, Napoleão tinha negociado de forma diferente com as favelas de Paris, a Champs Elysées e outras grandiosas avenidas passaram por ratos gigantescos´ ninhos potencial de rebelião.) E as favelas do Rio? E as favelas do Brasil? Outro tapa-olho! Favelas de esgoto, de tijolo vermelho—aparentemente decaindo ao redor de comunidades, entre comunidades e ocupando os cones basálticos dentro das cidades (como Rio). Toda a arte de Naif do mundo não consegue fazer deste um local divertido. Mas, como outras coisa no Brasil, o fato de que a maioria da população vive em favelas é uma realidade muito complexa…

Ricardo Basbaum with permission of the author www.eyebeam.org


My computer screen is located in a neighbourhood in Rio de Janeiro. Like many other parts of the city, it is surrounded by hills known as morrosMangueira, Estácio, Formiga, Macaco, Vidigal, Turano, dos Prazeres, etc., and among the endless favelas built on their slopes are Rocinha, Rato Molhado, da Maré, do Alemão, Dona Marta, etc. Favelas are fascinating, beautiful, impressive. The artist Hélio Oiticica wrote about favelas’ architecture as organic spaces, where life would meet an ethical and aesthetic dimension. His installation “Tropicalia” was influenced by his experiences with favela architecture. Oiticica himself was strongly marked for his visits to Mangueira hill, where he learned how to dance samba and could cross his middle class cultural borders into another world. They are dangerous as well. Now I am afraid to go by myself,

alone, to Morro dos Prazeres which is not far from where I live. I can listen at night to the sound of people shooting, testing their modern guns. While most of the people from the favelas are sleeping a powerful minority is awake. Why do I write this story for all you netpeople? In every big city there are ghettoes, places controlled by a kind of parallel power. But the Morros and Favelas have had a very strong role in this country’s culture—maybe only compared to the city of Salvador, in Bahia. Brazilian popular music is strongly connected to Mangueira, where some of the best composers lived and live: Cartola and Carlos Cachaça. And Mangueira is the name of the first Escola (school) de Samba, founded in early 1930s. Today, besides the samba, the favelas are making new music through a mix of funk with samba: every weekend there are popular dance parties.

Minha tela de computador está localizada num bairro do Rio de Janeiro. Como muitas outras partes da cidade, está cercada por montanhas—Mangueira, Estácio, Formiga, Macaco, Vidigal, Turano, dos Prazeres, etc, e entre as favelas estão a Rocinha, Rato Molhado, da Maré, do Alemão, Dona Marta, etc. Favelas São fascinantes, maravilhosas, impressionantes. O artista Hélio Oiticica descreveu a arquitetura das favelas como espacos organicos, onde vida encontra dimensoes esteticas e eticas. Sua instalacao “Tropicalia” foi influenciada por suas experiencias propria com a arquitetura de favela. Oiticida ficou profundamente impressionado nas suas visitas ao morro da Mangueira, onde ele aprendeu a sambar e pode ultrapassar barreiras culturais de sua classe media descobrindo um outro mundo. Favelas São perigosas tambem. Agora eu tenho medo de ir sozinho ao Morro dos Prazeres, que nao fica muito longe de onde

moro… A noite, posso escutar o som das pessoas atirando, testando suas modernas armas… Enquanto a maioria da favela esta dormindo… uma poderosa minoria esta acordada… Porque escrevo essa historia pra todos voces? Em qualquer cidade grande existem guetos, lugares controlados por uma especie de poder paralelo- no entando os morros e favelas tem tido uma influencia muito grande na cultura nacional- talvez somente comparada a cidade de Salvador, na Bahia, onde a cultura brasilAfricana e forte. A musica popular brasileira… e fortemente ligada a Mangueira, onde alguns dos melhores compositors viveram e vivem: Cartola e Carlos Cachaça.E Mangueira… e o nome da primeira Escola de Samba, fundada no comeco dos anos 30. Hoje, alem do samba, as favelas estao fazendo uma nova musica— uma mix de funk com samba: todo fim de semana acontecem bailes populares… 35


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Baixad a do Fluminense On 31 of March of 2005, 29 people were assassinated, including children, adults and old people, in the cities of Queimados and Nova Iguaçu, in the ‘Baixada Fluminense’ (between Rio and São Paulo.) The eleven policemen accused of the crime are imprisoned and await judgment. The barbarity could have been a retaliation for the operation Meat Cleaver – a joint action of the military police and civilians to investigate, to arrest and banish policemen involved in crimes against the state. No dia 31 de março de 2005, 29 pessoas foram assassinadas, entre crianças, adultos e velhos, nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. Os onze policiais acusados pelo crime estão presos e aguardam julgamento. A barbárie teria sido uma represália à operação Navalha na Carne, uma ação conjunta das polícias militar e civil para investigar, prender e expulsar policiais envolvidos em crimes no estado.

walter mesquisa

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photograph by walter mesquita

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When I was between 19 and 22 years of age... I had the opportunity of working for a French chain of hotels and resorts in different European countries and in Africa. In Africa, my interest was the people, the culture, and the traditions of people so poor yet so rich. After my return to Brazil in 1991, I came up with the idea for a tour that would give foreign tourists a better understanding of Rio de Janeiro, its social complexity, its contrasts, and paradoxes. Naturally, a primary question in the minds of those who first hear about the idea of favela tours is: what motive is possibly behind the growing interest of foreign visitors in taking a “tourist stroll” in the favelas of Rio de Janeiro? And, what is this type of tour trying to achieve? Downright disrespect? Voyeurism? Awareness of social insensibilities? My first action was to present the idea to the community. They gave me their total support. In the “tourism marketplace” it was different: there were preconceptions, fear, and problems in opening the market. They made it so difficult it motivated me to persevere! Today I am hardly alone in promoting favela tours! Questions involving awareness, participation, understanding and, in addition, what the participants believed before and after, are peripheral. For the people who evaluate it at a distance, the worth of the tour is at the heart of the debate. Ultimately it is a matter of participation or ignorance.

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The community is the principal actor. It participates solely by living its busy day-to-day affairs. Difficult, deprived, nevertheless happy and, paradoxically, kind. Everybody benefits by the dashing of preconceptions through the exchange of cultures, through the altering of the perception of the favela as a singular focus of violence, crime and misery. The experience has showed me that favela tours cannot be “hands-off” in terms of the local realities. The operators must assume an integral, ethical, and sustainable role. The tourist must be prompted to maintain respectful behavior in the living space of the host, and to understand his role in experiencing the sociological cradle. The community must take action and constantly seek to benefit from this increasing interest of the foreign tourists in understanding our favelas. They are self-organizing: artists make products, artisans provide genuine souvenirs of the place, and of the people. It is a onetime experience of challenging preconceptions, and later, of discovering and experimenting with the discovery. Given this, tourism wins out, the tourist, and both the citizens of the favelas and of the city of Rio de Janeiro. I humbly suggest that through such tourism there can be social integration the likes of which have not been seen among the Cariocas, who will benefit from the breaking of their paradigms of exclusion, preconception and the ghettoization of the city.

Tive a oportunidade de trabalhar para uma cadeia Francesa de hotéis e resorts por diferentes países da Europa e Africa quando tinha a idade de 19 à 22 anos. Na África, meu interesse era o povo, a cultura e os hábitos daquela gente tão carente e tão rica. Após meu retorno ao Brasil em 1991, idealizei um passeio que tornasse possível para turistas estrangeiros uma melhor compreensão do Rio de Janeiro, sua complexidade social, seus contrastes e paradoxos. Qual a motivação que pode existir por traz do crescente interesse de visitantes estrangeiros em fazer passeios turísticos nas favelas cariocas? Qual o propósito de um passeio desta natureza? É naturalmente o primeiro questionamento feito por aqueles que são apresentados à esta idéia. Desrespeito? Voyeurismo? Conscientização ou insensibilidade social? Minha primeira ação foi apresentar a idéia à comunidade. Deles tive total apoio. Junto ao mercado de turismo foi diferente: o preconceito, o medo e a falta de abertura do mercado, dificultaram tanto quanto me motivaram a perseverar. Hoje tantos são os que propõem passeios nas favelas. A riqueza do passeio está exatamente no debate, e no questionamento feito em seu redor, pelas pessoas que o avaliam à distância, e na conscientização, participação, entendimento, quebra de conceitos e preconceitos dos que dele participaram.

Participação ou ignorância? A comunidade é o ator principal. Ela participa apenas vivendo seu cotidiano atarefado, árduo, carente porém paradoxalmente alegre e gentil. Ela ganha com a quebra de conceitos, com a troca de culturas, com a mudança da percepção da favela como foco único de violência, crime e miséria. A experiência me mostrou que passeios à favela não podem manter um foco distante da realidade local. As operadoras devem assumir um papel integro, ético e sustentável. O turista deve ser orientado a assumir um comportamento respeitoso na casa do anfitrião, e ter a consciência do seu papel numa experiência de cunho sociológico. A comunidade deve tomar ações e iniciativas para se beneficiar cada vez mais deste crescente interesse dos turistas estrangeiros em conhecer nossas favelas. Ela se organiza, artistas fazem produtos, artesanato oferecido como lembrança genuína daquele local, daquela gente, daquela experiência única de confrontar os preconceitos do antes e depois, de conhecer e experimentar o desconhecido. Assim sendo, ganha o turismo, o turista, o morador da favela e a cidade do Rio, que timidamente permite, através do turismo, uma integração social pouco vista entre seus próprios moradores, beneficiando-se da quebra do paradigma da exclusão, preconceito e “guetificação” da cidade.


Take the Tour

Ultimately it is a matter of participation or ignorance

Marcelo Armstrong, director, favela tour, rio de janeiro

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Rocinha by Jeep

Anonymous tourist on www.jeeptour.com.br 46


Geraldo, our guide, tells us we are in Gavea suburb. It is an area for the rich, with mansions as well preserved as the socialites peeking out from behind high walls. Suddenly, the road degenerates into potholes and our route is no longer lined by grand houses and lush gardens. In their place are fat dogs with swollen teats, mountains of rotting garbage and abandoned cars.

O jipe se esforça para subir uma das montanhas que cercam o Rio de Janeiro. Geraldo, nosso guia, informa que estamos no subúrbio da Gávea. É uma área para os ricos, com mansões tão bem cuidadas quanto as socialites que espiam por detrás dos muros altos. De repente, a rua fica cheia de buracos e nosso caminho não é mais margeado pelas mansões e jardins luxuriantes. Em vez disso, há cadelas gordas com tetas inchadas,

I can hear, somewhere in the distance, the throb of a samba band, and above me there are boxes upon boxes upon boxes, coloured red and blue and green. There are too many to count, perhaps 100,000, maybe more. Each one is a dwelling. “Welcome to the favela of Rocinha,” says Geraldo, as the Jeep pulls up by the side of the narrow road. “Welcome to the other Rio.”

montanhas de lixo apodrecendo e carros abandonados. Posso escutar, em algum lugar à distância, a batida de uma roda de samba, e acima de mim vejo barracos e mais barracos coloridos, vermelhos e azuis e verdes. São muitos para se contar, talvez 100.000, talvez mais. Cada um é uma moradia. – Bem-vindos à favela da Rocinha – diz Geraldo, enquanto estaciona o jipe na rua estreita. – Bem-vindos ao outro Rio.–

The mood in the vehicle has changed. The small talk has been left behind with the smart neighbourhoods. “Don’t worry,” he smiles. “This is not City of God. You will survive.” In fact, Rocinha is nothing like the City of God in the film. There are schools, a hospital, a police station, shops, an open-air market, electricity. In what Geraldo calls “the secondary streets”—alleyways so pinched you can touch

O clima no jipe mudou. As conversas...ficaram para trás, assim como os bairros chiques. – Não se preocupem,¿ele sorri. – Isto aqui não é a Cidade de Deus. Vocês vão sobreviver. –Na verdade, a Rocinha não se parece em nada com a Cidade de Deus do filme. Há escolas, um hospital, uma delegacia, lojas, uma feira, eletricidade. Nas “ruas secundárias”, como Geraldo as chama—vielas tão estreitas onde é possível tocar simultaneamente as

both walls—families do live like termites. But while the film suggested that violence was the leitmotiv of life, here in Rocinha it is quite evidently resourcefulness. That, and a fierce pride. note: The Rio neighbourhood of Rocinha is home to 150,000 people, is served by two bus lines (591 and 546), two banks, two radio stations, three night clubs, a post office, a TV station, and a samba school.

duas paredes—as famílias realmente vivem como cupins. Mas enquanto o filme sugere que a violência é o motivo condutor do dia-a-dia, aqui na Rocinha o tema é, sem dúvida, a engenhosidade. Isso, e um orgulho intenso. nota: O bairro da Rocinha, no Rio, com população de 150.000 pessoas, é servido por duas linhas de ônibus (591 e 546), dois bancos, duas estações de rádio, três boates, uma agência de correio, uma estação de TV e uma escola de samba. 47


favela fashions 48


photographs by tony barros

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In the 1930s, there were occasional races in the cities for imported cars and imported drivers. The first was at Gavea, in the hills behind Ipanema in 1934 and was called the Rio de Janeiro Grand Prix. In later years this was won by such well known racers as Hans Stuck Sr. and Carlo Pintacuda. In 1936, there was a similar event in São Paulo. But in those early years it was road racing which was dominant, and that tradition revived after World War II. Success in motor racing is extremely important to Brazilians, who deify their heroes and follow them around the globe. That Brazil has produced so many outstanding talents is a source of great national pride. Fittipaldi, Piquet, Senna, Barrichello, and de Ferran have all etched their place in history. Senna’s death robbed Brazil of a favoured son and it has taken a long time to overcome his legacy. Ironically, despite the millions of pounds the likes of Senna, Piquet, and Fittipaldi have earned thanks to their supreme talents, large numbers of Brazilians remain in poverty, and take these drivers as a source of inspiration. However, when the Grand Prix circus comes into town, it is a somewhat uneasy balance between the mega-riches inside the circuits, and the destitution outside in the favelas. Nos anos 30, havia nas cidades corridas ocasionais de carros e pilotos importados. A primeira foi na Gávea, nas encostas atrás de Ipanema em 1934, e foi chamada de Grande Prêmio Rio de Janeiro. Nos anos posteriores, ela foi ganha por pilotos conhecidos, como Hans Stuck Sr. e Carlos Pintacuda. Em 1936, houve um evento semelhante em São Paulo. Naqueles anos distantes, a corrida de rua dominava, e essa tradição reviveu depois da Segunda Guerra Mundial. Ter sucesso em corridas automobilísticas é extremamente importante para os brasileiros, que endeusam seus heróis e os acompanham pelo mundo afora. O fato de o Brasil ter produzido tantos talentos excepcionais é uma fonte de enorme orgulho nacional. Fittipaldi, Piquet, Senna, Barrichello e de Ferran, todos têm um lugar na história. A morte de Senna roubou do Brasil um filho favorito, e os brasileiros levaram muito tempo para superar sua perda. Ironicamente, apesar dos milhões de libras que os pilotos como Senna, Piquet e Fittipaldi ganharam graças a seus talentos supremos, um grande número de brasileiros continua na pobreza—e se inspiram nesses pilotos.

Más Morales

speed merchants 52

Contudo, quando o circo do Grande Prêmio chega à cidade, vê-se um equilíbrio um tanto instável entre os super-ricos dentro dos circuitos e os pouco favorecidos do lado de fora, nas favelas.


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Vila Mimos a Vila Mimosa, the historical zone of prostitution of Rio de Janeiro, has existed for over 80 years and attracts around a thousand visitors per day. The village is made up of 70 edifices, containing bars, nightclubs and other establishments generally on the upper floors. Nobody knows for certain the number of women who work in the Vila. The quota is very great: some only work in the day, others prefer the night. Alessandra Camilo is 22 years old, lives and works in the ‘third zone’ until Saturday. On Sunday she goes home to her house in the Fazendinha favela, in Inhaúma, to be with her four-year-old son Eduardo. “The few times when I obtained work, they did not pay me a minimum wage. I did not have enough to eat nor support my son on that alone. Here I am able to earn more than this in any week,” she claims. An Association of the Inhabitants, Condominiums Owners and Friends of Vila Mimosa (Amocavim) are responsible for the coordination of projects about DST/ AIDS for the professional sex-workers. It conducts lectures on sexually transmissible illnesses inside the Vila, and distributes condoms and informational pamphlets. Sandra Delgado, photographer with Viva Favela and reporter Gisele Netto worked in Vila Mimosa on the production of material for the site Pure Beauty: www.belezapura.org.br.

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A Vila Mimosa, histórica zona de prostituição do Rio de Janeiro, tem mais de 80 anos de existência e atrai em torno de mil visitantes por dia. A vila é composta por 70 sobrados, que possuem bares-boates nos andares térreos equartos nos superiores. Ninguém sabe ao certo o número de mulheres que trabalham na vila. O rodízio é muito grande: algumas trabalham só de dia, outras só à noite.Alessandra Camilo, de 22 anos, mora e trabalha na zona de terça a sábado. De domingo a segunda, volta para casa na favela Fazendinha, em Inhaúma, para ficar com o filho Eduardo, de 4 anos. “Das poucas vezes em que consegui trabalho, não me pagavam nem um salário mínimo. Eu não tinha como sustentar o meu filho só com aquilo. Aqui chego a ganhar mais do que isso por semana”, justifica. A Associação dos Moradores, Condomínios e Amigos da Vila Mimosa (Amocavim) é responsável pela coordenação de projetos de DST/ Aids junto às profissionais do sexo. Ela realiza, dentro da vila, palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis, com distribuição de panfletos informativos e camisinhas. A fotógrafa do Viva Favela Sandra Delgado esteve na vila junto à repórter Gisele Netto para a produção de matérias para o site Beleza Pura: www.belezapura.org.br.

photographs by sandra delgado

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Pilgrimage to Acré 56

Nelson Liano Jr. editora gente são paulo, 1996. english translation © la rampa 2005


I arrived in Rio Branco on a very hot day and I went straight to Boca do Acre, on the banks of the river Purus. As the taxi entered the forest over dusty, pot-holed roads, I heard mantras. A being of great luminosity then appeared before my eyes, fusing its image with the trees and the sky. All my newly illuminated self vibrated. Arriving in Boca do Acre, we went by boat for an entire day along the Purus, and I had the sensation that the wind, the rain, and the sun were caressing me, welcoming me into that world of light. In the mouth of a river in Mapi, we stopped in the São Sebastião Farm, where the people of Santo Daime worked in a banana plantation. When we entered that narrow river,the landscape started to change. The forest became denser and closed in. It seemed that the canoe was navigating through the veins of a living, pulsating organism. The sound of the waters, the birds and the wind, mixed with the diverse colours of trees, flowers, animals and the brightness that was reflected in all nature, transformed my bodily metabolism. My breathing had a different rhythm. All my sensitivity was opening up. After our canoe almost overturned in the strong current, we passed the night in a small farm, by a waterfall. The insects of the forest made me change my “bed” three times. At dawn, I walked through the forest around the dwelling, and was astonished. My inner voice said me: “You have arrived, now prepare yourself to come live here.” We continued along the narrow river and got to the community of Céu do Mapi. That night saw my first endeavours with Santo Daime.

The miracle descended very powerfully. Something that I still did not appreciate, even though, at that time, I had been acquainted with Ayahuasca for two years. An astral force balanced out my body. The forest beat alive inside me. I perceived that some caboclos had arrived and were dancing in the yard of the house, making a party and communicating with me as they moved. They were spirits of the forest and they asked what I was doing there. I felt that I was entering another dimension and that I would need to remain attentive, strong, and courageous, disconnect my rational references, and enter into my destination.

no igarapé…a paisagem começou a mudar. A floresta tornou-se mais densa e cerrada. Parecia que a canoa navegava pelas veias de um organismo vivo e pulsante. O som das águas, dos pássaros e do vento, mistllrado às diversas cores de árvores, flores, animais e aos brilhos que se refleti am em toda a natureza, provocou uma transforma ção em todo o metabolismo do meu corpo. Notei que a minha respiração tinha outro ritmo… a minha sensibilidade se abria… Depois de nossa canoa quase virar numa corren teza mais forte do igarapé, passamos a noite na colo cação, uma espécie de sítio, da cachoeira. As baratas da floresta fizeram-me mudar três vezes de “cama.” Mas quando amanheceu caminhei pela floresta, em torno da casa, e fiquei maravilhado…Minha consciência me disse: “Você chegou, agora prepare-se que vai começar a viver aqui.”

Cheguei em Rio Branco num dia de muito calor c segui diretamente para Boca do Acre, à beira do rio Purus. Pelas estradas esburacadas e poeirentas fui escutando mantras enquanto o táxi entrava na floresta. Um Ser de muita luz se apresentou diante dos meus olhos, fundindo sua imagem com as árvores e o Céu. Todo o meu ser vibrava iluminado. Chegando em Boca do Acre… Navegamos um dia inteiro pelo Purus, e eu tinha a sensação de que o vento, a chuva e o sol me acari ciavam, dando-me as boas vindas àquele mundo de luz. Na desembocadura do igarapé do Mapiá, para mos na Fazenda São Sebastião, onde um povo daimista trabalhava produzindo bananas-passa. Quando entramos

…Seguimos pelo igarapé e chegamos no meio do dia à Comunidade do Céu do Mapiá…à noite fiz meu primeiro trabalho com o Daime… A miração começou a chegar muito forte. Algo que eu não conhecia ainda, apesar de, na época, já estar to mando ayahuasca há dois anos. Uma força astral fa zia todo o meu corpo balançar. A floresta pulsava viva dentro de mim e percebi que vários caboclos do as tral haviam chegado e dançavam no quintal da casa, fazendo uma festa e se comunicando comigo na ses são. Eram seres da floresta e perguntavam o que eu fazia ali. Senti que estava entrando numa outra di mensão e que deveria permanecer atento, forte e corajoso, Desligar-me da referência racional e me en tregar ao destino…

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THE VA L L E Y OF THE J U R UÁ Nelson Liano Jr.

Travelers in Amazonia have the idea that the enormous region that extends between Brazil, Peru, Colombia, Equador and the Guyanas is a species of natural museum, with animals, rivers and trees. They almost always overlook the people who live there.

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Perhaps one of the most isolated places on earth, the Valley of the Juruá hosts an hospitable and generous population of indigenous Brazilians.

Any journey to the Valley of the Juruá must begin in Cruzeiro do Sol. The river Juruá, a tributary of the Amazon, is the main means of transportation and it links the region with the outside world. The river Moa runs into the Juruá near Cruzeiro do Sul and, in turn, bears the traveler through the Serra do Divisor: one of the most scenic areas of the country, rich in waterfalls, rocks, close forests and exuberant landscapes.

A people with its own culture has blossomed from the mixture of blacks, caboclos, indians and whites.

On the riverbanks and the small roads that cut through the forest of the Juruá valley the “camponeses” are dedicated to

the production of cassava flour and survive with what the bush provides them with. The Katuquinas indians are typical, they no longer habitually wear feathers, and neither do they go around naked. They do hunt with arrows and they try to preserve their ancestral language and traditions. The inhabitants of the Juruá have time for one another. Nobody cares about “losing” time.

Os viajantes que vão à Amazônia tem sempre uma idéia de que a enorme região que se espalha entre Brasil, Peru, Colômbia, Equador e Guianas é uma espécie museu natural de árvores, rios e animais. Eles quase sempre se esquecem dos habitantes que moram na Amazônia. Mas na verdade, quem são os moradores do planeta verde amazônico no começo deste terceiro milênio?

Beyond the natural exuberance of the bush and the rivers of the Juruá, the continued existence of these people is, without doubt, the most potent reason for visiting western Amazonia.

Quem quiser conhecer a realidade dos seres humanos que habitam a maior floresta tropical do mundo deve conhecer o Vale do Juruá, na fronteira ocidental do Brasil com o Peru.


A riqueza humana da região é fantástica. Um dos lugares mais isolados do mundo, o Vale do Juruá tem talvez uma das populações mais generosas e hospitaleiras da Terra. Da mistura entre índios, brancos, caboclos e negros surgiu um povo que tem cultura própria e que devido ao isolamento em relação as regiões mais populosas e “desenvolvidas” do país aprendeu a sobreviver com costumes sociais próprios. A maior cidade da região é Cruzeiro do Sul, no estado do Acre, onde começa a viagem pelo Vale do Juruá. O rio Juruá,

um afluente do rio Amazonas, é a principal via de transporte e ligação da região com o resto do planeta. É pelo rio que chegam as mercadorias que garantem a sobrevivência dos juruaenses. O rio Moa que encontra o Juruá nas portas de Cruzeiro do Sul, leva o viajante a uma das áreas mais lindas da Terra, rica em cachoeiras, pedras, florestas cerradas e paisagens exuberantes.: a Serra do Divisor. A estrada que liga o Vale do Juruá com a capital Rio Branco, a BR 364, ainda é um sonho. Apenas durante três meses do ano (julho, agosto e setembro) a estrada é

completamente transitável. No inverno amazônico as pontes desaparecem sob o leito dos rios. Se por um lado essa realidade determinou um isolamento, por outro permitiu a preservação de costumes e tradições desse povo da floresta. Os índios katuquinas são um exemplo entre outras cinco etnias indígenas da região. Os katuquinas não usam mais no dia-a-dia penas, cocares e tampouco andam nus. Mas caçam com flechas e conseguiram preservar o seu idioma e tradições ancestrais. A realidade atual dos índios amazônicos de maneira geral é

muito diferente dos estereótipos criados pela mídia internacional. Nas beiras dos rios e das pequenas estradas que cortam a floresta do Vale do Juruá os camponeses se dedicam a produção de farinha de mandioca e sobrevivem com aquilo que a mata lhes oferece. Nas cidades existe ainda camaradagem e atenção entre as pessoas. Os habitantes do Juruá têm tempo uns para os outros. Ninguém se estressa por falta de tempo. Portanto, além da exuberância natural das matas e rios do Juruá a riqueza humana é talvez uma das maiores atrações da Amazônia Ocidental.

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Diamant ina

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“Diamantina,” says the man. He wants 50 reais for the lot. I shake my head. The man taps his wares back into the phial, shrugs and moves on. And so do I. It’s the end of a minor, yet telling, scene in Lençois, a forgotten town in Brazil’s Chapada Diamantina, the Diamond Highlands, 250 miles from Salvador, Brazil’s tumbledown treasure of a first capital on the Atlantic coast. Yet what had just happened on that quiet cobbled street spoke volumes about the region’s epic‚ past.

“Diamantina,” diz o homem. Ele quer 50 reais pelo lote. Eu balanço a cabeça. O homem coloca as mercadorias de volta no frasco, dá de ombros e se vai. Eu também. É o final de uma cena curta mas significativa em Lençóis, cidade esquecida na Chapada Diamantina, Brasil, a Serra dos Diamantes, a 410 km de Salvador, tesouro decadente da primeira capital na costa atlântica. No entanto, o que acabara de acontecer naquela quieta rua de pedras contava muito sobre o passado épico...da região.

Diamonds kick-started the fortunes of the Chapada. Back in 1844, someone found a rock that sparkled, then another, and the ensuing rush changed the face of the Chapada for ever. The lure of diamonds brought‚ all that defines modern civilization‚ towns such as Lençois with its grand square, the Rua das Pedras, lined with banks as grand as Roman temples, hotels, gourmet restaurants, a Saturday-night scrum of brothels, a philharmonic hall.

Os diamantes foram o ponto de partida das fortunas da Chapada. Em 1844, alguém encontrou uma pedra que brilhava, depois outra, e a corrida que se seguiu mudou a face da Chapada para sempre. A febre dos diamantes trouxe...tudo que caracteriza a civilização moderna—cidades como Lençóis, com sua praça imponente, a Rua das Pedras, margeada por bancos tão grandiosos quanto templos romanos, hotéis, restaurantes finos, bordéis concorridos, sala de concertos.

It was a short-lived boom. The discovery of vast diamond fields in South Africa in the last quarter of the 19th century spelled the beginning of the end for the Chapada Diamantina‚ and though the prospectors and the prostitutes have long since vanished, this past still contrives to haunt the region. Lençois, with its elegant pastel-shaded houses and shops, retains a semblance of splendour. What was once a town built on dreams of finding fabulous wealth, where miners came down from the mountains to spend the fruits of their hours of sweatdrenching toil, or to curse their luck with Cachaça, is now a tourist centre.

Foi uma explosão de curta duração. A descoberta de vastos campos diamantíferos na África do Sul nas últimas duas décadas do século xix significou o começo do fim para a Chapada Diamantina – e embora prospectores e prostitutas tenham desaparecido há tempos, esse... passado... ainda assombra a região. Lençóis, com suas casas e lojas elegantes em cores suaves, mantém uma aparência de esplendor...a cidade outrora construída sobre sonhos de riqueza fabulosa, onde garimpeiros desciam das montanhas para gastar o fruto de suas horas de trabalho exaustivo, ou para amaldiçoar sua sorte com cachaça, tornou-se agora um centro turístico.

Nick Gordon with permission of the author the telegraph, january, 2004

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Ya w a n a w a

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The Yawanawa tribe from the Brazilian rainforest have been commissioned by the Aveda Corporation to grow native Uruku plants for a new line of all-natural lipsticks. People of the Third World may be a giant labor pool for the “developed” world, but in boutique culture they’re viewed as craftspeople and sages proudly offering up handiwork and ancient secrets, be they replica American quilts or the raw materials for new-age makeup. The American “20 Percent Club’s” view of that other world out there is basically a colonial vision that combines a condescending admiration for traditional peasant ways of life with self-congratulations for extending a means of support to them. It’s a willfully positive mindset that masks a very different reality.

A tribo Yawanawa, da floresta tropical brasileira, foi escolhida pela Aveda Corporation para cultivar as plantas nativas do urucum para uma nova linha de batons totalmente naturais. As pessoas do Terceiro Mundo podem representar um gigantesco reservatório de mão-deobra para o mundo “desenvolvido” mas, na cultura de boutique, elas são consideradas artesãs e sábias, oferecendo com orgulho artesanato e segredos antigos, sejam eles réplicas de colchas americanas ou matériaprima para maquiagem new-age. A visão americana que o “Clube dos 20 Por Cento” tem desse outro mundo lá fora é basicamente uma visão colonial, que combina uma admiração condescendente pelo modo de vida camponês tradicional com auto-congratulações por encontrar uma forma de ajudá-los. Tratase de uma postura deliberadamente positiva, que mascara uma realidade muito diferente...

Tashka is the chief of the Yawanawa. We met and hit it off. We shared a spiritual drink called Uni. At the end of it, Tashka invited me to visit the community.

Tashka é o chefe dos Yawanawa...Nós nos encontramos e nos demos bem. Dividimos uma bebida espiritual chamada Uni. No fim, Tashka...convidou-me para visitar a...comunidade.

Tashka Yawanawa looks forward as well as back. Like his father, Raimundo, he is deeply versed not just in the Yawanawa language, but in the traditional ways. He knows all the medicinal plants of the forest, where to find them, how to use them. He knows the life-sustaining skills of hunting and fishing.

Tashka Yawanawa...olha para a frente, bem como para trás. Assim como seu pai, Raimundo, ele é profundamente versado não apenas na língua Yawanawa, mas também nos ...costumes tradicionais. Conhece todas as plantas medicinais da floresta, onde encontrá-las, como usá-las. Também é hábil na caça e na pesca, que sustentam a vida...

Yet Tashka is also a techno freak. One of the most vivid recollections I have of our trip is of the chief sitting in his hut in front of his solar-powered computer (with connected satellite dish) clicking on to the internet, surrounded by his tribesmen.

Stanley Johnson © the daily telegraph 2004

published in the telegraph 4 th december, 2004

Mesmo assim, Tashka também é.. um...fanático por tecnologia. Uma das lembranças mais marcantes que tenho da nossa viagem é a do... chefe sentado em sua cabana, defronte ao computador movido por energia solar (conectado via satélite), navegando na internet...cercado pelos homens da tribo.

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Aya h u a s c a

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I had heard talk of Santo Daime at various times—the hallucinatory drug that enhanced perception —which was used by some artists in Brazil. I confess that I looked at all this with a certain preconception, thinking that, spiritually, there was little that I had not already seen. One day I woke up very disturbed by some unconnected events that had happened. I decided I would go to Mauá. I arrived at Pedro Selada, in the farm of a couple who practiced Santo Daime, close to the community of Cèu da Montanha, ready to try out Ayahuasca. My kind hosts told me about some of the experiences that they had had with Santo Daime. Next day I bathed in a waterfall and something luminous began to express itself inside me. I was not afraid, but anxious to experience something that my intuition was telling me was important. I took my first sip of the sacred drink in the Church of Céu da Montanha, during the sustained concentration of a spiritual session where the members meditated and chanted under the guidance of Mestre Vegetal. I perceived, with clarity, that I had acquired a new dimension-knowledge of a fuller life. Santo Daime, and the devotional canticles had rapidly tranquilized my mind; my personal rhythm, both externally and internally, had started to change. I could perceive the materialization of the infinity of invisible beings that inhabit this planet to assist those in need. The process of perception aroused by Ayahuasca introduced me to a second self whose existence, although known, had long been hidden behind the illusions of mind.

Nelson Liano Jr.

Já havia ouvido falar várias vezes do Santo Daime como uma bebida alucinógena que abre a percepção e que naquele momento estava sendo utilizada por muitos artistas famosos brasileiros. Confesso quc olhava tudo com um certo preconceito, pensando tratar-se de mais um modismo espiritual, igual aos que eu já havia visto muitas vezes. Acontece que um dia acordei muito angustiado com uns acontecimentos estranhos que haviam ocorrido comigo… resolvi… que iria a Mauá… Cheguei à Pedra Selada, na fazenda de um casal adepto do Daime, próxima da comunidade Céu da Montanha, para fazer meu primeiro trabalho com a ayahuasca… Meus anfitriões, muito gentis, contaram algumas experiências que tiveram com o Daime. No dia do trabalho, to mei um banho de cachoeira e algo muito luminoso começou a se manifestar no meu interior. Não sentia medo, mas estava ansioso para viver uma experi ência que a minha intuição afirmava que seria muito importante. Tomei minha primeira dose da bebida… na Igreja do Céu da Montanha, du rante um trabalho de concentração-uma sessão es pírita em que os membros meditam e cantam, guia dos pelo Mestre que habita o Vegetal. Percebi, claramente, que havia uma nova dimensão de conhecimento onde se poderia viver plenamente. O Santo Daime e os can ticos devocionais tranqüilizaram-me instantanea mente; e meu ritmo, tanto inte rior quanto exterior, começou a mudar. Pude perceber a infinidade de se res invisíveis que habitam este planeta se apresen tando para auxiliar aqueles que deles necessitam. O processo de percepção despertado pela ayahuasca fez me reencontrar com um outro Eu, que apesar de conhecido estava escondido atrás das ilusões criadas pela minha mente durante anos.

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biu on the rollercoaster

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one day i tried to find biu in the smoky lean-to on the dirt path called the third crossing of the indians.

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She was cooking outside on a small table using a little clay charcoal burner.

They said that Valdimar was a drunkard and that he ran around with other women.

She talked incessantly and almost always with a handrolled cigarette between her lips.

But I just laughed and wouldn’t listen to a thing. I was determined to have that old black man no matter what!”

“At the age of 15, I ran off with Valdimar, the older brother of our neighbour Sebastiana, who lived on the Indians Road. Valdimar was old, almost 50, and he was a widower. My family tried to prevent us from getting together. They raised every objection. Mama and Auntie said that Valdimar was too old for me, that he was ‘finished’ (sterile and/or impotent), and that he was ugly and too dark. They said he would blacken our race.

“I never much liked being a ‘wife’ but I loved being pregnant. I adored it when I was huge with a pregnant belly! I always felt so beautiful. Pregnancy was my form of riches. Any woman who doesn’t want babies shouldn’t take a man in the first place. As for me, I had 15 pregnancies in my life, and if I hadn’t got so disgusted with men I would have had 15 more. But as it was, after Mercea was born, I told the doctor to tie my tubes.”

Um dia, tentei encontrar Biu no casebre enfumaçado, na estradinha chamada Terceiro Cruzamento dos Índios. Estava cozinhando fora numa mesinha, usando um pequeno fogareiro a carvão.

Falaram que ele era um bêbado e andava com outras mulheres. Mas eu só ri e não dei bola. Estava decidida a ficar com aquele negro velho de qualquer maneira! E, no fim das contas, Valdimar era bom de cama.

Falava sem parar, quase sempre com um cigarro de palha na boca.

“Eu nunca gostei muito de ser uma “esposa,” mas adorava ficar grávida, com uma barriga imensa! Sempre me sentia tão bonita. Gravidez foi minha forma de riqueza. Mulher que não quer filhos não devia ter homem, para começo de conversa. No meu caso, fiquei grávida 15 vezes, e se não tivesse ficado tão desgostosa com os homens, teria tido mais outros 15. Mas do jeito que estava, depois que Mercea nasceu, falei para o médico amarrar minhas trompas...

“Quando eu tinha 15 anos, fugi com o Valdimar, o irmão mais velho da nossa vizinha Sebastiana, que morava na Estrada dos Índios. Valdimar era velho, quase 50, e viúvo. Minha família tentou impedir a gente de ficar junto. Tentaram de tudo. Minha mãe e tia falaram que Valdimar era muito velho para mim, que estava “acabado” (estéril e/ou impotente), e que era feio e muito escuro. Disseram que ele ia escurecer nossa raça.


Nancy Scheper-Hughes interview with an indian woman from alto do cruzeiro re-printed by kind with the permission of the new internationalist

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katuquina

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photographs by Chantal James

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JOGO DO BICHO

Más Morales

GAMBLING IN BRAZIL

The “jogo do bicho” is one of the most widely practiced forms of small scale gambling in Brazil. The game is conducted by “bicheiros” (somewhat like “numbers men” in the U.S.) who may operate in back alleys, slum corners, deserted buildings, high rise suites, computerized gambling parlors...wherever. On a daily to weekly basis, they collect and redistribute a massive volume of small savings and winnings. The capital that bicheiros hold is applied in the financing of drug operations, samba parades, soccer teams, corruption of police and politicians, start-up loans, prostitution, social services in slums, etc. 84

Malevolent and benevolent in its consequences, the game has been repressed, tolerated, or compromised with equal vigor by authorities and competitors-groups not always separate. Ironically, the integrity of bicheiros is fundamental to the game’s operation; yet legends of them are countless in tales of “malandragem” (rascality). There is even a malandro opera... It is significant that the game appeared in Brazil after the abolition of slavery (1888) and the emergence of lowincome wage labor in an urbanizing society with increased needs and allures of consumption.

O “Jogo do Bicho” é uma das formas mais praticadas de jogos de aposta em dinheiro no Brasil. Ele é conduzido pelos “bicheiros” (figura semelhante ao “homen número” nos Estados Unidos) que podem operar em becos de rua e de favela, edifícios desertados, conjuntos habitacionais, salas de jogos computadorizadas …enfim, em qualquer lugar. Numa freqüência diária ou semanal, eles coletam e redistribuem um imenso volume de pequenas economias e premiações. O capital que eles geram é aplicado no financiamento das operações de drogas, nas escolas de samba, nas equipes de futebol, na corrupção da polícia e dos políticos, em empréstimos, na prostituição, em serviços sociais em favelas, etc.

Malévolo e benevolente em suas conseqüências, esse jogo foi reprimido, tolerado ou comprometido em igual vigor por autoridades e jogadores - grupos nem sempre distintos. Ironicamente, a integridade dos bicheiros é fundamental à operação do jogo; ainda assim lendas e contos de “malandragem” sobre eles são incontáveis. Existe até mesmo uma ópera do malandro... É significativo o fato que esse jogo apareceu no Brasil depois da abolição da escravatura (1888) e do surgimento do trabalho assalariado de baixa renda numa sociedade urbanizada com mais necessidades e atrativos de consumo.


SO MUCH HOT AIR

Patricia Nell Warren with permission from Outsports.com

H E WA S T H E M A N T O B E AT I N B A L L O N R A C E S

Alberto Santos-Dumont… first made his name in ballooning, but went on to influence the history of aviation. Born in Minas Gerais, Brazil In 1873—youngest child of ‘coffee king’ Henriques Dumont, grandchild of French immigrants…Alberto grew up…speaking both French and Portuguese. From his earliest years the boy was in love with engines…he loved to watch tropical birds in flight and read Jules Verne novels, especially those that told of flying. France was reaching her apogee as a nation of great engineers. Paris society found him shy, polite, reserved, modest. He stood only 5 foot 5, yet his dignity made him seem taller. He was the man to beat in balloon races.

Alberto became an aerial sportsman with the Brazil…Alberto had reasoned that the traditional spherical shape…wasn’t very aerodynamic. A balloon should navigate…as well as a ship…Hence it should have a long slender shape, pointed at the ends…With this revolutionary new shape, Alberto was able to solve the steering problem—he…designed a rudder made of bamboo and silk…For power…since auto engines were too heavy, Alberto…cannibalized the little De Dion engine off his velocette, and modified it to drive a…propeller. Alberto had his “air screw” and engine facing frontwards on the passenger basket…so they would pull…the ship through the air.

Alberto Santos-Dumont...tornou-se conhecido primeiro no balonismo, mas continuou a influenciar a história da aviacão. Nascido em Minas Gerais, Brasil, em 1873—filho mais novo do Rei do Café Henriques Dumont e neto de imigrantes franceses... Alberto cresceu falando francês e português. Desde a mais tenra idade, o menino demonstrava sua paixão por motores...adorava observar o vôo dos pássaros tropicais e lia romances de Júlio Verne, principalmente aqueles que falavam sobre voar.

A França atingia seu apogeu como nação de grandes engenheiros. A sociedade parisiense achou-o tímido, polido, reservado, modesto. Embora medisse apenas 1,62 m, sua dignidade tornava-o Overnight Alberto became the toast of Paris. Le petit Santos! The mais alto. age of controllable flight had Ele era o homem a ser derrotado finally dawned… nas corridas de balão.

Alberto tornou-se um esportista aéreo com o balão Brazil...Concluiu que a forma esférica tradicional... não era muito aerodinâmica. Balões deviam navegar...tão bem quanto navios...Por isso, deviam ter um formato longo e fino, pontudo nas extremidades... Com esse formato novo e revolucionário, Alberto conseguiu resolver o problema do sistema de direção - ele...projetou um leme feito de bambu e seda...Para obter energia...como os motores da época eram muito pesados, Alberto...canibalizou o pequeno motor De Dion de sua Velocette, e modificou-o para acionar uma...hélice. Seu ventilador e motor ficavam de frente na cesta de passageiros...para que empurrassem...a nave pelos ares. Do dia para a noite, Alberto tornouse o sucesso de Paris. Le petit Santos! A idade dos vôos dirigíveis havia finalmente chegado...

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the brazilian way of life Alex Bellos

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the men in charge behave just the way the dictators did, with arrogance, incompetence, and impunity.

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Brazil was run by a dictatorship between 1965 and 1984. Its first presidential election was held in 1989. In the following years much has changed; the country is slowly becoming a modern democracy. But of the few parts of Brazilian life that have been impervious to change the most visible—and symbolic—is the world of football. The men in charge behave just the way the dictators did, with arrogance, incompetence, and impunity. Look what happened in 1994, when Brazil won the World Cup. The victorious team flew back from the US to Rio with 15 tonnes of baggage, mostly of electronic goods bought by the players and the Brazilian Football Confederation (cbf) entourage. On arrival at customs, Ricardo Teixeira, the cbf president, demanded that the products pass through without inspection, thereby saving huge sums on duty.

O Brasil foi governado por uma ditadura entre 1965 e 1984. Sua primeira eleição presidencial aconteceu em 1989. Nos anos seguintes, muitas coisas mudaram—o país está lentamente se tornando uma democracia moderna. Mas dos poucos aspectos da vida brasileira que tem sido resistentes a mudar, o mais simbólico e visível, é o mundo do futebol. Os líderes do futebol comportam-se da mesma maneira que os ditadores, com arrogância, incompetência e impunidade. Olhe o que aconteceu em 1994, quando o Brasil ganhou a Copa Mundial. A equipe vitoriosa voou de volta dos eua ao Rio com 15 toneladas da bagagem, a maioria mercadoria eletrônica comprada pelos jogadores e a equipe da Confederação Brasileira de Futebol (cbf). Ao chegar à alfândega, Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, demandou que a mercadoria passasse sem inspeção, economizando assim enorme quantia em impostos.

The incident illustrates the cbf’s attitude. “Ethics,” according to their catchphrase, “is for philosophers.” The cbf is powerhungry, self-serving and greedy. It is not interested in setting a good example, in helping the country or its dispossessed millions. It breaks the law without fear of the judiciary possibly because it has funded trips to the World Cup by judges and their wives. Funding political campaigns means it has Congress in its pocket too. The “football lobby”—powerful enough to block legislation-is one of the most reactionary groups in parliament.

O incidente ilustra a atitude da cbf. “Ética” de acordo com o ditado “é para filósofo.” A cbf é gananciosa, faminta pelo poder e age somente de acordo com seus interesses. Ela não está interessada em dar um bom exemplo, ajudar o país ou os milhões de pobres.

When the national team is doing well, no one minds the corruption. But when the team plays badly, public pressure grows.

Quando um time nacional está fazendo bonito, ninguém liga para a corrupção. Mas se o time joga mal, a pressão do público cresce…

Ela desobedece à lei sem medo do poder judiciário, porque possivelmente financiou as viagens dos juízes e suas esposas para a Copa do Mundo. Financiar campanha política também significa ter o congresso no bolso. O “lobby do futebol”—poderoso o bastante para bloquear a legislação—é um dos mais revolucionários grupos do parlamento.

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In getting a handle on Brazilian popular music it is easy to oversimplify and to tie styles to regions or races, classes or colours. No idle warning: the Brazilians are serious about their music. Take brega, for instance. The origins date back to the 1930s, and the ups and downs in the lives of northeastern immigrants were popular themes, for example, Vicente Celestino’s O ébrio (drunkard). Updated version of brega emerged forty years later, popularized by singers Sydney Magal and Gretchen. Disco and pop replaced echoes of rock, as the romantic caterwauling of the Paraguayan Perla hit the record stores. At the same time, metabrega (launched by Raul Seixas in the 1970s) revealed some half-decent performers, like singer

Eduardo Dusek (Barrados no baile) and the band Língua de Trapo (O que e Isso, Companheiro) as younger performers in the southeast saw how the style could address the political situation. Since the early 1980s, brega has denoted what was bad in music‚ music made for the ill-educated, with dollops of drama and smarmy lyrics. Then “pop” brega’s biggest stars were Michael Sullivan and Paulo Massadas. The style went on through the ’90s, with bands that specialized in brega, but for discerning audiences. New names emerged, like Falcão (Prometo Não Ejacular Na Sua Boca) and Mamonas Assassinas (Débil mental). In 1999, brega was such a part of the scene that Universal cut a 6-cd box set, featuring the best of the worst in Brazilian music‚ not before brega was once again trendy and getting its slice of the market in Belém do Pará, in the North.

Gethin James

Ao ser introduzido à música popular brasileira, é fácil generalizar e associar estilos a regiões ou raças, classes ou cores. Aviso indispensável: os brasileiros são sérios sobre sua música. Tome o brega como exemplo… Suas origens datam desde os anos 30, quando os altos e baixos dos imigrantes nordestinos eram temas populares, como por exemplo, O ébrio de Vicente Celestino. A versão atualizada de brega emergiu quarenta anos mais tarde, popularizada pelos cantores Sydney Magal e Gretchen. Discoteca e pop substituíram ecos do rock, quando o romântico Perla paraguaio bateu recorde de vendas. Ao mesmo tempo, metabrega (lançado por Raul Seixas nos anos 70) revelou alguns cantores até decentes, como Eduardo Dusek (Barrados no baile) e a banda Língua de Trapo (O que é Isso, Companheiro) e cantores

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mais jovens no sudeste viram como o estilo poderia criticar a situação política. Desde o início dos anos 80, o brega representou música ruim – música feita para o mal-educado, com doses de drama e letras estranhas. As maiores estrelas do ‘pop’ brega eram então Michael Sullivan e Paulo Massadas. O estilo seguiu nos anos 90, com bandas que se especializaram no brega, mas para audiências mais entendidas. Novos nomes emergiram como Falcão (Prometo Não Ejacular Na Sua Boca) e Mamonas Assassinas (Débil mental). Em 1999, brega era tão popular que a Universal lançou seis cd´s em uma coletânea, caracterizando o melhor do pior na música brasileira...não muito mais tarde, o brega estava de novo na moda, conquistando espaço no mercado de Belém do Pará, no Norte.


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Afoxé by Filipé Chibas Afoxé is the use of the rhythms and songs of Brazilian Candomblé in social, non-religious settings like Carnival and weekly dances. The principal rhythm associated with Afoxé is ijexá. Embaixada Africana (African Embassy) was the first Afoxé, parading in the Carnival of 1895. The next year Afoxé Pândego da África (African Hijinks) paraded, and in 1905 an Afoxé climbed the Ladeira da Barroquinha to parade up the Ladeira de São Bento, thereby breaking a tacit understanding that the Carnival groups from the lower (and darker) economic classes had their areas of town (Baixa dos Sapateiros, Barroquinha, Pelourinho) and the upper classes had theirs (Avenida Sete de Setembro, Piedade). 100

Salvador’s largest and most widely known Afoxé—Filhos de Ghandi—was formed in 1949 by a stevedore whose inspiration was a filmed biography of the great Indian leader and pacifist (who had been assassinated the year before). Other Afoxés include Filhos de Korin Efan, Badauê, and Filhas de Oxum. Blocos Afros are Carnival groups (blocos) which celebrate cultural manifestations of African roots. The rhythms are African —though usually not ijexá— and the dress is African-inspired (in contrast to Afoxé Filhos de Ghandi, whose robes draw their inspiration from the Indian subcontinent). Olodum, Ilê Aiyê, and Ara Ketu are the three biggest and best-known blocos afros, Ara Ketu – and in international terms Olodum to an even greater degree – having achieved significant commercial success.

Afoxé é o uso dos ritmos e canções do candomblé brasileiro em ocasiões sociais, não-religiosas, como o Carnaval e danças semanais. O ritmo principal associado ao Afoxé é o ijexá. O primeiro Afoxé foi o Embaixada Africana, que desfilou no Carnaval de 1895. No ano seguinte, desfilou o Afoxé Pândego da África e, em 1905, um Afoxé subiu a Ladeira da Barroquinha para desfilar na Ladeira de São Bento, quebrando assim uma tradição de que os grupos carnavalescos das classes econômicas mais baixas (e escuras) tinham suas áreas da cidade (Baixa dos Sapateiros, Barroquinha, Pelourinho), e que as classes mais altas tinham as suas (Avenida Sete de Setembro, Piedade). O maior e mais conhecido Afoxé de Salvador—Filhos de Ghandi —foi formado em 1949 por um

estivador, cuja inspiração veio de uma biografia filmada do grande líder e pacifista indiano (que havia sido assassinado no ano interior). Outros Afoxés incluem Filhos de Korin Efan, Badauê e Filhas de Oxum. Blocos afro são grupos carnavalescos que celebram as manifestações culturais das raízes africanas. Os ritmos são africanos —embora geralmente não sejam ijexá—e o vestuário é inspirado na África (em contraste com o Afoxé Filhos de Ghandi, cujos vestidos buscam sua inspiração no subcontinente indiano). Olodum, Ilê Aiyê e Ara Ketu são os três blocos afro maiores e mais conhecidos. Ara Ketu e Olodum atingiram um sucesso comercial significativo, sendo que o último, em termos internacionais, em um grau ainda maior.


Miranda Bruce Gilman Carmen Miranda’s…unique repertoire was a child of the productive…1930s…which gave birth to the best of Ary Barroso as well as the orchestra of Pixin-guinha. She had great stage presence. Generations of Brazilian performers followed her lead…Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Elba Ramalho, Joao Gilberto, Caetano Veloso, and Ney Mato-grosso among many others. Carmen had been singing the praises of everything Brazilian… in songs like Cor de Guin‚ (Colour of Guinea) from 1935, Terra Morena (Brown Land) and Minha Terra Tem Palmeiras (My Land Has Palm Trees) both from 1936… A great number of Carmen’s lyrics referred to Bahia. In the same vein, Ary Barroso, who was from Minas Gerais, composed more about Bahia…than he did about any other area of Brazil. Her success in the United States, according to Tom Jobim,

was a personal offense to the Brazilian people…her movements and outfits became stereotyped lampoons of the Brazilian people as well as Latin Americans in general… Carmen made fourteen films… some productions to support the American war effort…Down Argentine Way was outlawed in Buenos Aires because it was not seen as true to the customs of the people…in That Night in Rio she sang for the first time in English…South American Way… Weekend in Havana… She is remembered with appreciation in This is Hollywood. …on the evening of August 5, 1955…She was…stricken by an acute cardiac attack…the Hollywood machinery had killed once again. Carmen’s body was embalmed and taken back to Brazil where a priest refused to entrust Carmen’s spirit to God…

O repertório inconfundível... de Carmen Miranda foi coroado pelos incríveis...anos 30...que viram nascer o melhor de Ary Barroso, como também a orquestra de Pixinguinha. Ela possuía grande presença no palco. Gerações de artistas brasileiros seguiram seu exemplo... Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Elba Ramalho, João Gilberto, Caetano Veloso e Ney Matogrosso, entre muitos outros. Carmen louvava as maravilhas de tudo quanto era brasileiro... em canções como Cor de Guiné, de 1935, Terra Morena e Minha Terra tem Palmeiras, ambas de 1936...Grande parte da exaltação de Carmen referiase à Bahia. Da mesma forma, Ary Barroso, que era de Minas Gerais, compôs mais sobre a Bahia... do que sobre qualquer outra região do Brasil. De acordo com Tom Jobim, o sucesso de Carmen nos Estados

Unidos era uma ofensa pessoal aos brasileiros...seus trejeitos e trajes tornaram-se estereótipos satíricos do povo brasileiro, bem como dos latino-americanos em geral... Carmen atuou em catorze filmes...algumas produções para exaltar o esforço de guerra americano...Serenata Tropical foi proibido em Buenos Aires porque não representava os costumes do povo...em Uma Noite no Rio ela cantou pela primeira vez em inglês...South American Way...Weekend in Havana...Ela é lembrada com estima em Isto é Hollywood. ...na noite de 5 de agosto de 1955...Carmen...sofreu um ataque cardíaco fulminante...a máquina de Hollywood matava mais uma vez. Seu corpo foi embalsamado e levado de volta ao Brasil, onde um padre se recusou a encomendar o espírito de Carmen a Deus... 101


Fred Aflalo candomblé: uma vis“o do mundo. editora madarim, são paulo, 1996. english translation © la rampa publications inc. 2005

candomblé – a perspective photograph of candomblé by chantal james

In human beings a tendency exists to accomodate new phenomena to pre-existing mental concepts and ideas associated with familiar “facts.” This makes it difficult to analyse “the new.” Largely because of this, the cultural realities of the Yoruba speaking people of the Gulf of Benin (the Nagô) have been warped into being classified as a “primitive religion.” Candomblé is neither primitive nor is it a religion. Above all, their assembly of concepts, laws, rites, and practices forms a weltenchaung (way of looking at the world) and a technique that permits interaction with man and with nature using the Ori (energy) inherent in every mind. As aids to memorizing, simplifying and understanding, Yoruba conceptual thought personifies as Orixas ideas and phenomena which, generally relate to the abstract world. 102

The Orixas do not exist outside of the human mind. They are not the primitive gods of an illusory pantheon, according to the cultural concepts of westerners. Neither are they spirits of light commanding falanges of souls,which is fundamentally ancestor worship. The Orixa Exu, bearer of Axé (the power of Ori), breaks all stagnant order, introduces creative chaos, accentuates contradictions and creates a thesis; this is confronted by the antithesis which appears as the rest of the Orixas, each one in his own dominion, (Ogum: work, science and struggle; Oxum: beauty, vanity, femininity; Omulu: physical and mental health; Ossaim: knowledge of nature; Oxal: light, understanding and so on.) The contradiction between the chaos/thesis of Exu and the structural antithesis of the rest of the Orixas is resolved in the equilibrium of synthesis personified in the Orixa Chango.

Existe uma tendência no ser humano de reduzir os novos fenômenos com que ele se defronta a idéias e definições preexistentes em sua mente oriundas de fatos anteriormente conhecidos. Esta redução dificulta uma visão e uma inter pretação corretas do que se analisa. Assim, os fatos culturais dos negros do Golfo do Benin nos seus cerimoniais e ritos transformam-se, nesta visão deformadora, em religião primitiva. …o Candomblé não é primitivo ou mesmo uma religião. Antes de tudo, este conjunto de preceitos, regras, ritos e práticas forma um weltanchau* e uma técnica que permitem o confronto com a natureza e com seus semelhantes, utilizando a energia de sua própria mente (o Ori). No pensamento conceptual yoruba, os fenômenos ou idéias que ocorrem com maior freqüência que são constantes nas relações com um mundo abstrato adquirem, para simplificação e memorização do entendimento, uma personalidade.

Os Orixás…não existem fora da mente humana, não são deuses primitivos de um panteão imaginado pela concepção cultural do branco nem são “espíritos de luz” comandando “falanges” de almas como os idealizam os descendentes dos povos bantus, asso ciando o fenômeno da cosmogonia nagô à sua cultura re ligiosa, que se fundamenta no culto dos ancestrais. O Orixá Exu…rompe a ordfem estagnante, introduz o caos criativo, acentua as contradições na criação da tese que se confronta com a antítese que surge dos demais Orixas, cada um seu domínio )Ogum: trabalho, ciência e lutaè Oxum: eleza, vaidade, feminilidade; Omulu: saúde físicae mental; Ossaim: conhecimento da natureza; Oxalá: luz, entendimento, e assim por diante.) A contradição entre a caos-tese (Exu) e antíteses estruturais (demais Orichás) se resolve no equilíbrio da síntese personificado no Orishá Xangô…


Rafael Rodrigues Souza

a history of funk

The Brazilian media moved from Soul to Funk in less than a decade, even so its history goes back almost thirty years. The birth of this rhythm, as of many others in Brazil, is intimately tied to the United States. The North American pianist Horace Silver, in the decade of 1960s, can be considered the father of Funk. Silver joined Jazz to Soul music and began to popularize the expression “Funk style.” At this time, Funk still did not have its main characteristic: Swing. It was with James Brown that the style became danceable and won over the world.

Soul music was brought to Brazil by groups like the Gerson King Combo of the United States. Tim Maia, Carlos Dafé and Tony Tornado also started to have success with Soul and adopted the American attitude and the style of Black Power, founding the movement Black River. The great muse of the time was the Paulistana Lady Zu. The first groups appeared in Rio de Janeiro in the 1970s with Soul Grand Prix and Hurricane 2000. When they organized concerts the first dances were held with hi-fi equipment but as the groups, few as they were, grew, they acquired better equipment…

Do soul ao batidão O funk ganhou espaço na mídia brasileira há pouco menos de uma década, embora sua história tenha quase trinta anos. O nascimento deste ritmo, como a de muitos outros no Brasil, está intimamente ligado aos Estados Unidos. O pianista norte-americano Horace Silver, na década de 60, pode ser considerado o pai do funk. Silver uniu o jazz à soul music e começou a difundir a expressão “funk style.” Nesta época, o funk ainda não tinha a sua principal característica: o swing. Foi com James Brown que o estilo tornou-se dançante e ganhou o mundo. A soul music foi trazida ao Brasil por cantores como Gerson

King Combo, que lançou em 1969 o disco Gerson Combo Brazilian Soul, com sucessos brasileiros como Asa Branca executados com a batida importada dos Estados Unidos. Tim Maia, Carlos Dafé e Tony Tornado também começaram a tocar sucessos do soul e adotaram a atitude e o estilo americanos do Black Power, fundando o movimento Black Rio. A grande musa da época era a paulistana Lady Zu. Na década de 70 surgiram as primeiras equipes de som no Rio de Janeiro, como a Soul Grand Prix e a Furacão 2000, que organizavam bailes dançantes. Os primeiros bailes eram feitos com vitrolas hi-fi e as equipes foram, aos poucos, crescendo e comprando equipamentos melhores. 103


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photographs by bruno viega



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Más Morales

…thereafter he worked with a hammer and chisel strapped to his arms

of Antonio Francisco Lisboa, known as Aleijadinho, meaning The Little Cripple.

Antonio Francisco Lisboa, b. 1738, d. 1814, was the most renowned sculptor and architect of the Brazilian rococo period. He was the illegitimate son of the Portuguese architect th From the beginning of the 17 Manuel Francisco Lisboa and century to the end of the coloa black slave called Isabel. At nial period, the baroque styles of the age of 39, he contracted Europe dominated the artistic life a disease that crippled him of both the Spanish and Portuguese and left him without the use colonies. Baroque architecture is of his hands; thereafter he represented in the large churches worked with a hammer and featuring the use of connecting chisel strapped to his arms. oval interior spaces and contrastHis best work was done in his ing concave and convex exterior maturity. The most famous of walls. In Brazil, baroque art is most Aleijadinho’s work are the visible in the magnificent church- São Francisco de Assis church es and the sculptural creations in Ouro Preto, brilliantly

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decorated with carvings in wood and soapstone, and the dramatic statues of the Twelve Prophets at Congonhas do Campo. Do começo do século xvii ao fim do período colonial, os estilos barrocos da Europa dominaram a vida artística tanto das colônias espanholas como das portuguesas. A arquitetura barroca está representada nas grandes igrejas com espaços internos ovais interligados e paredes externas côncavas e convexas contrastantes. No Brasil, a arte barroca é mais representada nas igrejas e esculturas magníficas de Antonio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho. Antonio Francisco Lisboa, nascido em 1738 e falecido em

1814, foi o escultor e arquiteto mais renomado do período rococó brasileiro. Era filho ilegítimo do arquiteto português Manuel Francisco Lisboa e de uma escrava negra chamada Isabel. Aos 39 anos, contraiu uma doença que o deixou inválido e sem poder usar as mãos; depois disso, passou a trabalhar com o martelo e o cinzel amarrados aos braços. Seus melhores trabalhos foram realizados em sua maturidade. As obras mais famosas do Aleijadinho são a Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, brilhantemente decorada com entalhes em madeira e pedra-sabão, e as estátuas impressionantes dos Doze Profetas, em Congonhas do Campo.


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You already have heard it said that nature is synonymous with life and is the purest truth. Sucos Milagrosos série bom de bolso, ano 3, no. 187 editora popular, são paulo, brazil english translation © la rampa 2005

fabulous fruits From nature we can harvest some foods capable of recouping the health and of fortifying the organism. Fruits and vegetables are true remedies, they prevent illnesses and also they assist, and very much so, in the cure. They bestow their rich properties and are a source of nutrients. Avocado: stuffed with carbohydrates, fat, vitamins (a b d and e) and six minerals (potassium, calcium, phosphorus, sodium and iron), it combats bad cholesterol, promoting a true cleanness in the blood and also is good for the kidneys, the liver, and the digestion. It fights rheumatism, gout and arthritis. Due to these properties, avocado is recommended for people who suffer from malnutrition. It leaves the skin pretty and it prevents it from drying.

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Pineapple: rich in vitamins a and c, proteins and carbohydrates and in six minerals, it works toward good digestion and an excellent functioning of the intestine. It is effective against anemia, because of its acidity, which helps the organism to absorb iron.

Lettuce: lettuce juice overcomes insomnia and fights rheumatism. Banana: A fruit containing many vitamins (a, b and e), six minerals (calcium, iron and phosphorus) and fibre. It is good for muscular strength and prevents cramps. It regulates the workings of the intestine, activates the antibodies and prevents infections. And there is more: it is good for the heart and combats hypertension. Cashew: anemia, diabetes, respiratory problems, infections, fever, diarrhea all lose force when you ingest cashew, a fruit with sufficient vitamins (a and c). Carrot: excellent for the health of the skin, the hair and the eyes and it fortifies the digestive process. Coconut: the milk of the green coconut is really miraculous, is an ally of beautiful skin, treats dysentery, diabetes and dehydration. Spinach: it is efficient in cases of anemia. Fig: it has lots of calcium, potassium, phosphorus, vitamin a and b (in lesser amount) and c. The fig also contains enzymes and

fibre that help the digestion. It combats bad cholesterol, carcenogenic tumors and sleeplessness.

weight, makes the heart well and is good for diarrhea, and it regulates function of the intestine.

Ginger: this condiment can be added to drinks to deal with asthma, cough and bothersome respiratory symptoms.

Papaya: it is a very rich fruit in nutrients and curative properties. It contains vitamins a, bi, b2, b3 and c, fibre and calcium. It is excellent for the intestine, and combats the acidity of the stomach, also for the liver. The papaya is an ally of beauty – it prevents lines, spots and premature ageing.

Guava: with vitamins, a, c and pp, phosphorus and calcium, guava is indicated against dysentery, excess of uric acid, infections, and colds. Kiwi: it possesses many vitamins (c, b i, b2, b3, b6 and e), potassium, calcium, phosphorus, iodine, magnesium, sodium and iron. All this makes kiwi efficient in helping the intestine to function normally, even more because, kiwi is rich in fibre. Lemon: so is the most famous remedy in nature. It has vitamins a and c and it is efficient against many illnesses, mainly in prevention. Its juice is excellent for the stomach. Apple: with vitamins a, bi, b2, b3 and c, potassium, sodium, calcium, magnesium and phosphorus, the apple helps to maintain cholesterol levels, to loose

Mango: many staple fibres, iron, magnesium, potassium, calcium, sodium, match, vitamins and the c: the nutrients of the sleeve, that is good contra respiratory bronchitis and other illnesses, and it is an efficient expectorant. Watermelon: it is cooling, excellent for hydrating the body and eliminating its toxins. Also it treats high fever, gout and rheumatism. It is great vitamin source for b i, b2, b3 and c. Mellon: for those who have a lack of potassium, here is a rich source. It also possesses vitamins a and c, calcium and glucose.


Therefore, it is good contra anemia, sluggish intestine and it returns the vitality of the skin. For older folk, it is an excellent way of preventing the loss of calcium. Strawberry: it possesses vitamins a bl b2, b6, c, and many minerals (potassium, match, calcium, chlorine magnesium, iron and sulphur). As well as the fruit, the leaves and the root also can be used for. They is good for the kidneys, the stomach. the liver and the lungs. Also act as a de-worming agent. Cucumber: as a similar flavor to the watermelon, also it has similar property—diuretic—helping to eliminate toxins from the body. Pêra: combats hypertension digestive and respiratory problems and kidney problems. It has lots of calcium, iron magnesium, potassium and sodium, beyond vitamins a and c. Also it helps to lower fever and it calms you down. Peach: with much phosphorus, iron, calcium, potassium and magnesium, and vitamins, c and b3, the peach alleviates indigestion and nausea. Soy: sufficiently found in ready juices, the soy is one of foods richest in nutrients and therapeutic properties. Combats rickets, gout, high pressure and nervous tension. Tamarind: it helps to eliminate the excess toxins of the organism and is excellent purgative. It has phosphorus, calcium, iron and vitamins (a b and c).

Você já ouviu falar que a natureza é sinônimo de vida e é a mais pura verdade. Dela podemos retirar vários alimentos capazes de recuperar a saúde e tortificar o organismo. Frutas e verduras são verdadeiros remédios, pois previnem doenças e também auxiliam, e muito, na cura. Confira as propriedades dessas ricas fòntes de nutrientes. Abacate: recheado de carboidra to.s. gordura, vitaminas (a, b, d e e) e sais minerais (potássio, cálcio, fóst`oro, sódio e ferro), combate o mau colesterol, promovendo uma verdadeira limpeza no sangue e tambem é bom para os rins, o fígado, a digestão e contra o reumatismo, a gota e a artrite. Por cau sa dessas várias propriedades, o abacate é recomendado para pessoas que so treram de desnutrição. Deixa a pele bonita e evita que ela fique seca. Alface: dá para fazerer suco com a alface para vencer a insônia e o reumatismo. Banana: Fruta com muitas vitaminas (a, b e e), sais minerais (cálcio, ferro e fósforo) e fibras. Atua na força dos músculos e é realmente boa para evitar câimbras. Regula o trabaIho intestinal, ativa os anticorpos e previne infecções. E tem mais: faz bem para o corac,ão e combate a hipertensão.

Tangerine: they are many the benefits from ingesting this fruit, that takes on respiratory illnesses, muscular pains, digestive problems, vomiting and nausea. Also it assists in treatments of the cancer. It possesses vitamin a, c, potassium, calcium, phosphorus, sodium and iron.

Caju: anemia, diabetes, infecções, febre, diarréia e problemas respiratórios: tudo isso perde a força quando você ingere caju, uma fruta com bastantes vitaminas (a e c).

Tomato: this fruit—yes, the tomato is a fruit —is rich in potassium, staple fibres, beta-carotene and vitamin c. These two last ones are antioxidants and have the function of helping to protect the cells of the organism against the formation of free radicals, together with isoprene considered the main substance joined in the tomato so that this food a great ally against cancer.

Coco: o leite do coco verde é realmente milagroso, é um aliado da beleza da pele, enfrenta disenteria, diabetes e desidratação.

Grapes: This fruit helps to cleanse the organism, to revitalize the blood, the kidneys and is good for the heart. It is a rich vitamin and protein source—a b, c and p.

Cenoura: excelente para a saúde da pele, dos cabelos e dos olhos e fortalece o processo digestivo.

tratar de asma, tosse e incômodos respiratórios. Goiaba: com vitaminas a, c e pp, fósforo e cálcio, a goiaba é indicada contra disenteria, diarréia, excesso de ácido úrico no organismo, infecções, gripes e resfriados. Kiwi: possui muitas vitaminas (c, bi, b2, b3, b6 e e), potássio, cálcio, fósforo, iodo, magnésio, sódio e ferro. Tudo isso torna o kiwi eficiente para l`azer o iníestino funcionar normalmen te, até porque, é rico em fibras.

Pepino: como um sabor semelhante ao da melancia, também tem propriedade parecida—é diurético e ajuda eliminar as toxinas do corpo.

Maçã: com vitaminas a, bl, b2, b3 e c, potássio, sódio, cálcio, magnésio e fósforo, a maçã ajuda a manter os níveis de colesterol, a emagrecer, faz bem para o coração e é boa tanto para prisão de ventre quanto para diarréia, pois regula o funciona mento do intestino.

e vitaminas a, c e b3, o pêssego alivia quem está com indigestão ou enjôo.

Pêra: combate a hipertensão, os problemas digestivos, respiratórios e de rins, pois tem muito cálcio, ferro Limão: é o mais t`amo so remédio que magnésio, potássio e sódio, além vem da natureza. Tem vitaminas a e de vitaminas a e c. Também ajuda c e é eficiente contravárias doenças, a baixar a tehre e é bom calmante. principalmente para preveni-las. Seu Pêssego: com muito fósforo suco é ótimo para o estômago. ferro, cálcio, potássio e magnésio,

Mamão: é uma fruta muito rica em nutrientes e propriedades de cura. Contém vitaminas a, bi, b2, b3 e c, fibras e cálcio. É ótimo para o intestino, pois combate a acidez do estômago, e também para o fígado. O mamão também é aliado da beleza, pois evita rugas, manchas e o enveIhecimento precoce. Manga: muitas fibras, ferro, magnésio, potássio, cálcio, sódio, fósforo, vitaminas a e c: são muitos os nutrientes da manga, que é boa con tra bronquite e outras doenças respiratórias, por ser um eficiente expectorante. Melancia: é refrescante, ótima para hidratar o corpo e eliminar suas toxinas. Também enfrenta febre alta, gota e reumatismo. É grande fonte de vitaminas a, bi , b2, b3 e c.

Figo: tem muito cálcio, potássio, fósforo, vitaminas a, b (em menor quantidade) e c. O figo também é composto por enzimas e fibras que ajudam a digestão. Combate o mau colesterol, tumores cancerígenos e a insônia.

Melão: para quem tem carência de potássio no organismo, aí está uma rica fonte, que também possui vitaminas a e c, cálcio e glicose. Por isso, é bom con tra anemia, intestino preguiçoso e devolve a vitalidade da pele. Para os idosos, é uma excelente forma de evitar a perda de cálcio, característica da idade.

Gengibre: esse condimento pode enriquecer bebidas para

Morango: possui vitaminas a, bl b2, b6, c, e e muitos sais minerais

Espinafre: assim como a couve, é eficaz contra a anemia.

(potássio, fósforo, cálcio, cloro. magnésio, ferro e enxofre). Além da fruta, as folhas e a raiz também podem ser usadas para a cura. É bom para os rins, o estômago. o fígado e os pulmões Também age como vermífuugo.

Soja: bastante encontrada em sucos prontos, a soja é um dos alimentos mais ricos em nutrientes e propriedades terapêuticas. Entre tantos benefícios, combate anemia, raquitismo, gota, pressão alta e tensão nervosa. Tamarindo: ajuda a eliminar o ex cesso de toxinas do organismo e é ótimo purgante. Tem fósforo cálcio, ferro e vitaminas (a, b e c). Tangerina: são muitos os benefício de ingerir essa fruta, que enfrenta doenças respiratórias, dores musculares, problemas digestivos, vômitos e náuseas. Também auxilia em tratamentos contra ao cancer. Possui vitaminas a, c, potássio, cálcio, fósforo, sódio e ferro. Tomate: essa fruta—sim, o tomate é uma fruta—é rica em potássio, fibras, betacaroteno e vitamina c. Esses dois últimos são antioxidantes e têm a função de ajudar a proteger as células do oranismo contra a formação de radicais livres, Juntamente com o licoperno considerada a principal substancia encontrada no tomate o que torna esse alimento um grande aliado contra o cancer. Uva: não é à toa que tanto se fala hoje das propriedades de cura do vinho: ele vem da uva...Essa fruta ajuda a desintoxicar o organismo revitalizar o sangue, os rins e é boa para o coração. É rica fonte de proteínas e de vitaminas a, b, c e p. 111


Karla Gallo, Betty, Sean, Guelila, Marina, Michelle Ivana, Tuca da Silva, Marcelo Machado, Eddie Jr., Daniel Timmins, Adrienne Horton, Rafael Rodrigues Souza, Marcelo Morales, Diana Seales, Marianna, Jessica Victal, Tashka Yawanawa, Alexis James, Jacquie James, Melate Tesfaye, Vivienne Evans, Tony Coles, Marelia Ferreira, Kelita, Helmut Batista, Neil Breslin, Corin Sworn, Massimo Soldi, Patrick e Michelle, Robin Mitchell, Joseph P., Gil, Cledje, El Doctor, O Katuquina, Dave O, Carla Caffé, Safiya Rendara, Navalio, Gerald Dussap, Andrea Togoni, Marcelo Drumond, Geoffrey Savage, Marjorie Canzius, Cynthia Mills, Richard Laws, Wade Davis, Donald Cosentino, Barbara Zimmerman, Stephen Digges, Rosie Gordon Wallace Mohammed from GG Tours, Monica Beltrame, Escola do Samba de Toronto, George Cummingham, Su Barber, Doña Maria Magdalena e Justin Williams.

os garotos e garotas:

obrigado

Daile, Graciele, Serginho, Evandro, Gesiel, Gabriela, Joåo e Jeferson.

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According to untited nations statistics, almost 1 billion people around the world live in favelas. Viva Favela presents the stories of those living in Brazil.

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L A R A M PA P U B L I C AT I O N S LT D .


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