CASAS ADAPTADAS NO PANTANAL | ECOA - ECOLOGIA E AÇÃO
Arquitetos responsáveis pelo projeto das Casas Adaptadas
Coordenação geral de projeto por André Luiz Siqueira, diretor presidente da ECOA
Casa adaptada faz frente aos eventos climáticos extremos
O projeto CASAS ADAPTADAS incorpora a proposta de construção-conceito a partir de tecnologias sustentáveis e de baixo custo, com mecanismos adequados para fazer frente aos eventos climáticos extremos e demais fenômenos naturais no Pantanal, e também em outras áreas alagáveis, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida a famílias ribeirinhas vulneráveis. Portanto, a proposta se adequa ao contexto social, cultural e econômico de povos tradicionais, sendo o projeto executado pela ECOA junto à comunidade.
As construções são realizadas em regime de mutirão
Para o desenvolvimento, foi realizado um longo processo de pesquisas, particularmente, em relação aos materiais e também as condições de montagem e desmontagem. Tal processo durou cerca de dois anos e esteve à frente do trabalho uma equipe de arquitetos, sob coordenação de Juliano Thomé (CAU/MS – A77567-3) e Bruno Pasello (CAU/PR – A93966-8), engenheiros, e a coordenação geral do diretor presidente da ECOA, André Siqueira.dadadafafafafafafaf
Visita in loco para coleta de dados
Entre os dois anos de investigação, os pesquisadores e profissionais estiveram por vezes em campo para conhecer a comunidade da Barra do São Lourenço, localizada na região da Serra do Amolar, a 216 km de Corumbá, MS, e só alcançada por barco (freteiras) em viagens de até 30 horas. A comunidade é atualmente formada por 22 famílias que vivem em áreas de erosão natural e gradativa na margem do rio – consequência de um processo de desterritorialização no passado – que a cada cheia extraordinária estão sujeitas a uma série de riscos à moradia, ao trabalho e saúde.xxxxxxxxxxxxxx
Comunidade da Barra do São Lourenço
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2014
Contraste entre casa antiga de morador e unidade nova adaptada
Moradias construídas já estão em processo de ampliação
Processo de montagem é facilmente apreendido pelos moradores
Após cheias extraordinárias – situação em que o nível do rio está muito elevado por períodos mais longos que o regular –, como a de 2011 e 2014, a situação de moradia e saúde das famílias foi agravada, quando perderam grande parte de seus pertences. Além disso, a situação de acesso à água potável, iluminação básica, medicamentos e a aquisição de materiais que possibilitem fazer melhores edificações, em razão dos eventos climáticos extremos.xxxxxxxxxxxxxxx
2016
2017
Dentre os mecanismos de adaptação da casa ao ambiente da comunidade, a elevação da construção em palafitas, sistema apropriado para áreas alagáveis, como a planície pantaneira, para fazer frente às cheias e reduzir o risco de ataques de animais e ainda proporcionar conforto térmico. Cada casa totaliza 27m² de área elevada do solo (palafitas), com três módulos iniciais, que podem ser facilmente ampliados conforme as necessidades das famílias. Na comunidade da Barra do São Lourenço, onde foram construídas 4 unidades habitacionais, os moradores já estão em processo de ampliação de suas casas. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Sistema de palafitas e estrutura com aço galvanizado
Projeto Piloto no Porto da Manga
Em 2016, um Projeto Piloto foi desenvolvido para a Associação de Mulheres do Porto da Manga, localidade também às margens do rio Paraguai, a jusante de Corumbá. A execução levou a modificações importantes na concepção as quais foram aplicadas na Barra do São Lourenço, como a mudança da estrutura em madeira para aço galvanizado, por exemplo. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Cada unidade também contém um kit para energia elétrica por geração fotovoltaica que permite luz e ventilação – fatores essenciais para garantir segurança, com a quebra da escuridão, e diminui acidentes com animais peçonhentos. Para a montagem da casa são necessários no máximo 8 dias, o processo é facilitado pela estrutura de construção modular, que utiliza na sua base aço galvanizado, padronizado e de alta durabilidade, com peças metálicas estruturais e universais que se encaixam por ligações parafusadas em um sistema de esperas que permitem as ampliações, a montagem e remontagem. Portanto, há a possibilidade de transportar o módulo em embarcações próprias da região, sendo um dos fatores primordiais para a comunidade nos casos de mudanças ambientais extremas, por exemplo.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Casa adaptada proporciona segurança e conforto para as famílias
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Placas modulares - 2,2m x 1m - de material reciclado
Disposição das janelas permite conforto térmico
As paredes, piso e telhado são de material reciclado – placas modulares feitas com tubo de pasta de dente – e à prova de fogo, água e cupins. Como possuem na sua composição isolante térmico, protege contra as altas temperaturas, que muitas vezes ultrapassam os 40° na região. O conforto térmico também foi trabalhado na localização das janelas, que foram dispostas no sentido norte-sul e protegidas na fachada oeste.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Toda enchente a gente tinha que mudar de lugar e a gente queria muito uma casa de palafita. Pra nós que morava dentro desse Pantanal, ninguém sabia da nossa existência, o que a gente passava... E quando surgiu o projeto das casinhas, mudou muito. Todo ano a gente ficava: ‘Será que a água vai vim? Será que vai levar tudo’? Em uma dessas enchentes, acabou com tudo as nossas coisas. Agora a gente pensa num recomeço. A casa é um recomeço pra gente.
D. Joana, moradora beneficiada pelo projeto das Casas Adaptadas
As CASAS ADAPTADAS apresentam sistemas para segurança salutar, como a captação e tratamento de água, fundamental, sobretudo, nos períodos de decoada – fenômeno natural, quando as águas do rio “apodrecem” com a decomposição vegetal e torna impossível o seu uso. O telhado inclinado, sem amianto, permite tal captação, que evita a ocorrência de doenças, como diarreias em crianças devido ao consumo impróprio da água.
Telas de nylon protegem as famílias dos insetos
Em todas as aberturas da casa, são utilizadas telas de nylon para proteção contra os mosquitos, frequentes em boa parte do ano, e evita o uso da fumaça intensa para espantar os insetos, o que causa problemas de pele e pulmonares em crianças e idosos.
Sistema de tratamento de esgoto assegura a saúde de ribeirinhos
As casas possuem materiais de alta durabilidade para áreas alagáveis
O sistema de tratamento de esgoto é realizado por uma fossa biodigestora de 600 litros, que elimina resíduos contaminantes e muda significativamente a realidade local, e nacional, pois, especialmente nestas regiões a fossa seca é a mais utilizada, e a cada período de cheia, extravasam e contaminam todo o ambiente e as famílias no entorno. Condições que resultaram em um índice de enteroparasitoses superior a 90% na população.
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Cada unidade da CASA ADAPTADA tem um custo de implantação de R$ 32.000,00. No total, foram construídas quatro moradias para as famílias da comunidade, sendo duas na localidade denominada Aterro do Binega – uma das partes mais altas da região, portanto, fora do risco de inundação –, área em que mediante outorga coletiva pelo Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS), foi possibilitada a edificação das residências. Em um dos módulos, utilizou-se madeira para as paredes com o intuito de também adaptar a unidade habitacional aos materiais facilmente encontrados no município mais próximo à região, Corumbá.
Moradias adaptadas resgatam dignidade de famílias
Diante as tecnologias construtivas contempladas pela moradia adaptada, incomensuráveis são os benefícios proporcionados para as famílias, que vivem em situações de vulnerabilidade, sem saneamento básico, acesso à água potável, medicamentos e outros bens básicos para sobrevivência. No parâmetro de uma construção-conceito, as CASAS ADAPTADAS resgatam o direito a moradia de qualidade e a dignidade, condições essenciais para fortalecer seus meios de vida, de subsistência.
Ribeirinhos agora têm melhor qualidade de vida
Aterro do Binega protege as famílias das cheias extraordinárias
Para a concretização do projeto, somam-se importantes apoiadores: Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal, Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Câmpus Pantanal (UFMS/CPAN).
Produção gráfica - Iasmim Amiden Fotografias - Álvaro Júnior, André Siqueira, Bruno Pasello e Iasmim Amiden
Casas podem ser construídas com materiais da região
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Puxa! A casa mudou nossa vida. Agora a gente não tem mais que preocupar se a água vai levar tudo. A gente já tá ampliando, deixando ela maior, mas já melhorou muito. Agora, com uma iluminação, eu consigo trabalhar durante a noite, fazer peças para vender e ter uma alternativa de renda. E a gente tem muito mais segurança também. D. Maria, moradora beneficiada pelo projeto das Casas Adaptadas
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