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O PERIGO DE TER MÁQUINAS ARTIFICIALMENTE INTELIGENTES É QUE TALVEZ NÃO SAIBAMOS O
Que Realmente Desejamos
Operigo de ter máquinas artificialmente inteligentes é que talvez não saibamos o que realmente desejamos. Em 1999, quando Daniel Goleman apresentava suas ideias em “Working with Emotional Intelligence” (Trabalhando com Inteligência Emocional), me chamava atenção sua tendência em mostrar que o QI (quociente de inteligência), nos traz os grandes empregos, porém o QE (Quociente Emocional) nos traz as grandes promoções. No livro “Como serão as coisas no futuro”, de Richard Oliver, ficávamos bastante curiosos não com as ideias ali postadas, mas com a velocidade com que as sugestões pudessem acontecer. Isso parece que foi ontem. Quando paramos e olhamos para trás, vemos um museu de grandes novidades, como diria o cantor e compositor, Cazuza. Ao conversar com meu filho de nove anos, estudan- te do quinto ano fundamental, que faz curso de robótica em paralelo aos estudos regulares, fico por horas ouvindo suas explanações de como seu grupo de trabalho desenvolve seus robôs e agrega valores aos mesmos, como, por exemplo, dando-lhes capacidade de direção sensorial, detecção de obstáculos e outras habilidades, então me convenço cada vez mais de que por mais que queiramos estar em uma velocidade de cruzeiro, não podemos deixar de acelerar. O tempo além de não parar, abandona aqueles que consideram que “qualquer tempo é recuperável”. Sim, é recuperável, mas não com a proficiência e a maestria do tempo normal. Se tivermos as oportunidades, acredito que temos o dever de preparar nossos filhos para uma vida e uma profissão que no caso do meu, certamente nem existe ainda. Somente assim, incentivando o desenvolvimento de nossos jovens colaboraremos com a sociedade para o surgimento de novas mentes brilhantes e um mundo melhor. Durante décadas, os futuristas previram que muitos empregos físicos seriam substituídos por tecnologia, levando milhões de trabalhadores a passar por um retreinamento de habilidades para empregos mais criativos e cognitivos. A velocidade com que muitos se prepararam foi determinante para o sucesso de muitos desses profissionais. Hoje, estamos vivendo um momento de total revolução cibernética, porém existe uma falha intuitiva e que afeta a muitos de nós, que é a falha de reconhecer certos perigos. Se uma notícia simplesmente quisesse convencer você de que a fome mundial é provável por causa do aquecimento global ou qualquer outra catástrofe e de que seus filhos e os netos dos seus filhos, provavelmente, viverão na miséria, você não pensaria: achei isso interessante, gostei da frase. Fome não é divertido, morte por ficção científica por outro lado sim, prova disso foi Matrix, Terminator 2 e outros do gênero lotarem os cinemas por meses e uma das coisas que mais preocupa no desenvolvimento de Inteligência Artificial nesse ponto é nossa incapacidade de organizar uma resposta emocional apropriada para os perigos que estão à frente. Somos incapazes de ordenar essas respostas, e estamos tratando esse assunto como se estivéssemos diante de duas opções. Na opção um, paramos de progredir na área de inteligência artificial, nossos softwares e hardwares param de melhorar por algum motivo. Pare um pouco para pensar porque isso poderia acontecer, já que é sabido que automação e inteligência são muito valiosas para todos e por isso estaremos em processo contínuo para melhorar nossa tecnologia se isso for possível. Quais os motivos nos levariam a fazer isso? Uma guerra nuclear em grande escala? A colisão de um asteroide? A questão é que algo teria que destruir a civilização que nós conhecemos para que decidíssemos parar. Você poderia imaginar o quão ruim teria que ser esse motivo para impedir os avanços da tecnologia permanentemente, geração após geração. Quase que por definição essa seria a pior coisa que já teria acontecido na história humana. A única, alternativa é o que encontramos na opção dois, que é continuarmos a aprimorar nossas máquinas, ano após ano. Em algum momento, utilizando redes neurais e poder computacional, poderemos tratar coisas que ainda não conseguimos ver, como afirma Jeff Dean, isso, porque construiremos máquinas mais inteligentes que nós e ao acontecer isso, elas se auto-aperfeiçoarão e nós caminharemos para o que o matemático I. J. Good chamou de “explosão de inteligência”, com o grande perigo do processo fugir do controle. Isso muitas vezes é até ironizado como se exércitos de robôs malignos pudessem nos atacar. Mas essa não é a situação provável, que as máquinas se tornarão por vontade própria más, a questão é que desenvolveremos máquinas muito mais competentes do que nós mesmos e que ao menor impasse entre o nosso propósito e o delas, possam nos destruir. Pense na nossa relação com algum caminho de formigas na rua, nós não as odiamos, nós não saímos por aí matando formigas de propósito, na verdade nem tentamos machucá-las por nem darmos atenção a elas, na verdade pro- curamos evitar pisá-las em uma calçada, mas sempre que a presença delas vem de encontro com um dos nossos objetivos digamos que ao começarmos uma construção e as tivéssemos pelo caminho, nós as exterminaríamos sem a menor cerimônia, e essa é a preocupação, que um dia construiremos máquinas que conscientes ou não, poderão nos tratar com o mesmo desprezo. É fundamental perceber que a taxa de progresso não importa, porque qualquer progresso será suficiente para nos levar até esse final. Não precisamos a lei de Moore, que em 1965, previu que a quantidade de transistores de um circuito integrado, dobraria a cada dois anos, enquanto a capacidade de processamento dobraria a cada 18 meses, para continuar não precisamos de progresso exponencial, só precisamos continuar. O fato é que vamos continuar a melhorar a inteligência de nossas máquinas e segundo o valor da inteligência, ela é a fonte de tudo aquilo que precisamos para que proteja aquilo que valorizamos, é a nossa fonte mais valiosa, então nós vamos querer fazer isso. Necessariamente temos hoje problemas que precisamos resolver urgentemente, como curar doenças, entender sistemas econômicos, queremos aprimorar a ciência climática. Faremos isso se pudermos! O avião já decolou e agora é abastecimento em voo. Porém, não estamos em um pico de inteligência, não estamos nem perto disso e essa é a percepção mais importante, isso é o que torna a nossa situação tão precária, além de não confiarmos em nossa intuição sobre riscos. Se pensarmos na pessoa mais inteligente que já existiu, talvez na lista de quase todos esteja Leonardo Da Vinci, a impressão que ele causou nas pessoas ao seu redor e isso inclui os melhores matemáticos e físicos de seu tempo, está muito bem documentado e se apenas metade das histórias sobre ele forem meio verdadeiras não há dúvida de que ele foi uma das pessoas mais inteligentes que já existiu. Agora, consideremos o espectro da inteligência, em uma escala de zero a cem, temos Da Vinci em 95, temos nós em 50 e em 20 temos algum animal irracional, perdão, é somente uma brincadeira, eu e você estamos em 80, não existe motivo para que tornemos essa comparação mais depressiva do que precisa ser. Parece extremamente provável, no entanto, que esses espectros da inteligência se estendam muito além do que pensamos que vá, muito além de cem, mil ou milhões e ao construirmos máquinas mais inteligentes do que nós, elas provavelmente irão explorar esse espectro de maneira que não podemos imaginar e vão nos ultrapassar de formas inimagináveis. É importante reconhecer que isso é verdade, simplesmente pela velocidade com que as coisas estão acontecendo. Imaginemos se construíssemos uma inteligência artificial superinteligente mesmo que não fosse mais inteligente do que os pesquisadores no MIT ou Stanford. Circuitos eletrônicos criados hoje em dia, funcionam aproximadamente um milhão de vezes mais rápido que os biológicos, então essa máquina pensará um milhão de vezes mais rápido do que a mente que a criou, basta que a deixemos funcionando uma semana e irá realizar o equivalente a 20.000 anos humanos de trabalho intelectual, ininterruptos. Não podemos restringir uma mente progredindo dessa maneira. Outra coisa preocupante é no melhor cenário possível, imaginar que nos deparemos com a arquitetura de uma inteligência artificial superinteligente que não tem problema de segurança, essa máquina seria o perfeito dispositivo de otimização de trabalho. Poderíamos desenvolver uma máquina que poderia quem sabe construir outra máquina movida a luz solar, que executará qualquer trabalho físico por simplesmente apenas o custo da matéria-prima, seria o fim do esforço físico humano, tambémo fim da maior parte do trabalho intelectual, o que faríamos nessa circunstância, teríamos todo o tempo livre para jogar tênis e brincar com nossos filhos. Pode até parecer muito bom, mas e o que aconteceria sobre a atual economia e ordem política? Possivelmente iríamos presenciar um nível de desigualdade de riqueza e desemprego jamais visto e pior ainda, sem a intenção de colocar imediatamente essa riqueza a serviço da humanidade, alguns poucos bilionários estariam nas capas de revistas de negócio enquanto o mundo passaria fome. No campo empresarial tecnológico, estar seis meses a frente na competição é como estar mil anos adiantado. Uma das coisas mais assustadoras nesse momento, são os tipos de coisas que os pesquisadores de Inteligência Artificial dizem quando querem tranquilizar seus ouvintes, eles dizem para não nos preocuparmos com o tempo esse é um caminho longo que deve estar a 50 ou 100 anos de distância, um pesquisador disse que “se preocupar com a segurança da Inteligência Artificial é como se preocupar com a superpopulação em outro planeta”, isso é terrível. Essa é a versão de muitos para que as pessoas não se preocupem, mas parecem não perceber que fazer referência ao tempo é um argumento inválido se considerarmos que inteligência é questão de processamento de informação e se continuarmos a aperfeiçoar nossas máquinas, pois certamente que produziremos alguma forma de superinteligência, mas não temos ideia de quanto tempo vai demorar para isso acontecer de forma segura e se você não percebeu 50 anos hoje, são exatamente os mesmos que costumavam ser antigamente, Internet banda larga, computadores pessoais e laptops, telefones celulares, e-mail, teste e sequenciamento de DNA, ressonância magnética, microprocessadores, fibra óptica, tudo isso tem quase 30 anos, o lançamento do iPhone está próximo de completar 20 anos e tudo isso parece que foi ontem. Assim, 50 anos não é muito tempo para vivenciarmos um dos maiores desafios que a espécie humana enfrentará e mais uma vez parece estarmos falhando em uma reação emocional adequada sobre algo que com certeza virá, imagine que recebamos uma mensagem de algo que acontecerá em 50 anos e que devemos nos preparar. Nós teríamos mais urgência do que temos agora? Se parássemos para considerar que o único caminho prudente e seguro recomendado, seria implantar tecnologia diretamente em nossos cérebros, talvez fosse o caminho mais seguro e prudente, mas os problemas de segurança da tecnologia precisam ser resolvidos antes de serem implantados dentro das nossas cabeças. Não teremos muitas chances para entender as nossas condições primárias, mas no momento em que estivermos certos de que o processamento de informação é a fonte da inteligência e que um sistema computacional de uma máquina transbordará inteligência cognitiva, e decidirmos continuar a aprimorar esses sistemas, e ainda que o limite do conhecimento esteja muito distante de tudo o que sabemos agora, então talvez tenhamos que realmente admitir que estamos no processo de criação de algum tipo de deus e quem sabe agora seja o melhor momento para saber se é um deus com qual poderemos conviver ou poderemos nos tornar reféns de nossas próprias criações.
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LEONARDO ALAM é Doutorando em Inteligência Artificial
CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE PRISCILA SÁ: EMPRESÁRIA, ESCRITORA E ESPECIALISTA EM INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL
Priscila Sá é uma empresária de sucesso e mãe de cinco filhos. Ela é a responsável pela rede de franquias Enjoy, presente nos 27 estados brasileiros, com quase 200 unidades. Além disso, Priscila é escritora, apresentadora e mentora. Ela se formou em Business na Must University, na Flórida, EUA, e é uma das poucas mulheres no país especialistas em inteligência espiritual. Seu trabalho consiste em ajudar as pessoas a entenderem o que está impedindo-as de ter uma vida plena e próspera em todas as áreas, levando-as a descobrir o verdadeiro propósito em servir e acessar a real riqueza, encontrando sua verdadeira identidade.
Para Priscila, servir é a maior recompensa. Ela também lidera o Instituto Enjoy, que cuida de 450 crianças em estado de extrema pobreza e vulnerabilidade. Com sua trajetória de sucesso e atuação na área social, Priscila Sá é um exemplo de empreendedorismo e liderança feminina no Brasil.