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CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 1
roteiro Porto + Especial IDIOT MAG @ BCN índice
18 A Tatuagem actualidade
editorial
Aventuras no asfalto entrevista Todos os meses a Idiot Mag convida um artista para o conceito e concepção da capa. Na edição #01 achámos que fazia todo o sentido oferecer a “tela” a Luio Onassis.
2 // IDIOTMAG
Andreas Uebele, Büro Uebele design
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tabu?
Alcova da Patrícia
Joseph 24
o mundo é dos loucos
entrevista
Capriati
newsletter intervenção
música
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Idiocracy Design
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Leitores
Walls to the People
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Luio Onassis: Essence Level.01 CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 3
Mariana Ribeiro
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Ao longo do percurso de um mês ao serviço da edição zero da nova Idiot Mag, percebemos que nos metemos num campo da comunicação em que era preciso apostar alto: que é preciso dar o nosso máximo. Ir além do habitual. Ousar. É preciso quebrar limites, ultrapassar o impossível. Testar-nos. Testar-vos. Um pouco às escuras ou sem uma linha orientadora que pudessemos seguir. Mas ainda assim, quisemos ir às escuras, a apalpar o terreno que, com a luz crepuscular fraquinha que nos incidia pudessemos sempre dar mais um passo, sabendo, ainda assim, que o asfalto podia não ser seguro. Marchar era a palavra de ordem e daí seguimos a toda a força com a nova edição. Queremos mesmo criar um laço forte, até porque precisamos que nos leiam, das vossas opiniões, do vosso entusiasmo para seguirmos em frente juntos. Apesar do asfalto não ser seguro, sempre torna a coisa mais engraçada... P.S. enviem as vossas impressões para: mag@idiocracydesign.com Está aqui o contacto. Não há desculpas para não nos falarem. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 5
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fotografia: Ligia Claro © 6 // IDIOTMAG
Gare Porto
O nosso destaque do mês na Idiot Mag quer-se com a alma toda. Gare Porto é experiência pessoal e individual para cada um dos leitores. Quando entramos dentro do club e nos vemos dentro de um túnel, percebemos que ali se leva a coisa a sério. É aqui que a música electrónica se espalha como vírus, uma febre entusiasta. Assim é o Gare, um club onde se pratica a cultura
do clubbing puro e duro com um cunho underground muito pessoal. Uma casa por onde já passaram nomes tão sonantes como Sven Väth, Marco Carola, Anja Schneider, Michael Mayer, Alex Under, Benga, Mala ou Shy FX e brevemente o tão esperado Jeff Mills, fazem desta casa um autêntico rodopio de sonoridades e emoções vibrantes, ao qual ninguém consegue estar parado. Normalmente, a sexta-feira é
mais dedicada às sonoridades do drum’n’bass e dubstep, enquanto o sábado ganha vida com o house tecnho. Associado ao club está o espaço Traçadinho, com um ambiente mais intimista e acolhedor que tanto serve de segunda área às festas do Gare, como acolhe festas próprias e bem engraçadas! Aberto de quinta a sábado e vésperas de feriado. Rua da Madeira, 182 Porto (São Bento).
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INAUGURAÇÕES SIMULTÂNEAS @ MIGUEL BOMBARDA É já sabado dia 10 de Março que a movimentada rua de galerias na baixa do Porto abre as portas a todos os interessados a conhecer as suas exposições. São 15 galerias de Arte contemporânea que inauguram simultaneamente exposições de artistas plasticos nacionais e internacionais. Animação de rua e boa arte. Um regalo grátis.
JUMP 2012 c/ VITALIC, ALEXANDER KOWALSKI, BOY GEORGE @ PORTO Este festival decorrerá durante 3 dias. No primeiro, 9 de Março, a Alfândega do Porto divide-se em 3 áreas. A principal com Vitalic e Alexander Kowalski em formato live, sendo a segunda de drum & bass com, entre outros, Drumsound, Bassline Smith e Bad Company. A ultima pista é destinada a sonoridades house/ progressive/deep. No dia seguinte, a Clubbing Marathon, passará por casas como Gare, Hard Club, Karma, Pitch, Pride, Rivoli e Swing (com o “ALMA” @ TEATRO NACIONAL SÃO JOÃO Chega-nos pelas mãos do encenador Nuno dj/produtor Green Velvet). No ultimo dia, 11, a Carinhas “Alma”, de Gil Vicente. Em cena de 9 festa será apenas no Swing, e contará com a de Março a 1 de Abril, os bilhetes variam entre actuação do lendário Boy George em formato dj set. 7.50€ a 12€. MEXEFEST @ PORTO Este festival decorre nos dias 2 e 3 de Março e vai passar pelo Coliseu, Garagem Vodafone FM, Cinema Passos Manuel, Maus Hábitos, Café Majestic, FNAC Sta. Catarina, TSB, Café Guarany, Pitch Club e Eléctrico Vodafone. Conta com nomes como St. Vincent, Norberto Lobo, Alto!, Supernada, Cass McCombs, Twin Shadow, Hanni El Khatib, The Glockenwise e Josh Rouse. O bilhete custa 40€.
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MAIS @ PORTO // via Facebook Para entrar nesta lista deverá enviar-nos os dados do evento até dia 20 do mês anterior para: MAG@IDIOCRACYDESIGN.COM
ANALOG NIGHTS Analog nights é um conceito e loja online que satisfaz todas as necessidades analógicas de fotógrafos e apaixonados pelo formato, com especial amor por câmaras simples que se concentram no sentido de composição. Holgas, Superheadz, acessórios e até recargas para Polaroid. Online no facebook e no site www.analognights.com com preços em conta e entrega até 3 dias!
Raymond Roussel. 23 de Março a 1 de Julho @ Serralves Teatro: - “Os Juramentos Indiscretos”, 8 a 18 de Março @ TECA -”A Bailarina vai às Compras”, 16 a 24 de Março, 5 a 10€ @ Teatro Helena Sá e Costa -“Estados d’Alma’’, 17 a 24 de Março, (conferência) grátis @ TNSJ -”Esta é a Minha Cidade e Eu Quero Viver Nela” 27 a 30 de Março, 10 a 15€ @ Mosteiro de São Bento da Vitória
17€50 @ Coliseu -James Morrison e Mia Rose, 28 Março 24€ @ Coliseu -Mark Lanegan, 30 de Março, 20€ @ Hard Club
Festas : - Stereoloco, 2 de Março @ Zoom Exposições: - Clash Club com AutoKratz e -“This Bliss” exposição de Attaque, 2 de Março @ Plano B lançamento, 3 de Março, - Baile dos Vampiros, 3 de Março, grátis @ Labirinto 10€ @ Hard Club - “COOL KIDS CANT DIE” de - Italian Business com Joseph Tamara Alves, até 17 Março Capriati, 3 de Março, 10€ @ Gare @ Monsters Family - Borgore, 9 de Março, - “Habitar a Escuridão” de Marco até 12€ @ Gare António Cruz até 18 de Março, Concertos: - Mind Vortex, 10 de Março grátis @ CPF - Orquestra Sinfónica do Porto, 3 de @ Hard Club -“Livros de Artista: Do Rato Mickey a Março, concerto 17€ com jantar 34€ - Ellen Allien, 17 de Março Andy Warhol” até 18 de Março, grátis @ Casa da Música @ Pacha Ofir @ Bibl. Municipal Florbela Espanca -Jonathan Ayerst e Coro Casa da Mú- - Gare Internacional com Shed, -”Fotografias que Falam por si” de sica, 4 de Março, 8€ 17 de Março @ Gare Juan Rodriguez, até 1 de Abril, @ Casa da Música - LMFAO, 21 de Março, grátis @ CPF -M83, 11 Março, 25€ @ Hard Club 20€ @ Coliseu - “Novos Valores da Fotografia -Feist, 19 Março, 27€ @ Coliseu - Marcel Dettmann + Expander, Espanhola“ até 1 de Abril, -The Straits, 21 Março, 25€ 24 de Março @ Gare grátis @ CPF @ Hard Club - Pirex, 30 Março @ Zoom -”Locus Solus”. Impressões de -Dub Inc., 24 Março, CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 7
UMA NOTA IMPRESSIVA Pois é. Como sabem, durante este mês, a Idiot Mag passeou-se por Barcelona. Eram 21h quando aterrámos no Aeroporto de El Prat e quando chegamos ao centro, em La Rambla, começou a nossa busca intensiva em busca de sítio para dormir, Carrer de Aragó, o bairro do Eixample, simpático, acessível, acolhedor. Foi aqui que se deu a nossa primeira construção de personagem engraçada: Carlitos, da Venezuela, o recepcionista que, com os seus 26 anos era músico a tentar vencer no meio. Malas arrumadas e camas feitas, fomos por las calles. Vemos que beber na rua pode dar multa até 300€! Então como fica a situação do nosso botellon?, pensámos nós. Juntando os indivíduos a que muitos portugueses chamariam de “monhés”. Especialmente em La Rambla, de 5 em 5 metros (se tanto), é-se abordado, onde nos perguntam: “Cerveza, cerveza, beer? Haxixe? ”. Ora bem, o cuidado a ter era mesmo não lhes comprar
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cerveja, pois, pelos vistos, era guardada dentro dos esgotos, para se manter fria e sabe-se lá mais para quê. Dia seguinte e por ser contradição, satisfeitos de sushi e água fresca, começámos o turismo propriamente dito. Sagrada Família, o Arco do Triunfo, que achávamos que tinha mão napoleónica, mas afinal foi construído para a Exposição Internacional de Barcelona. Dia seguinte, La Pedrera, emblemática e curiosa de Gaudí, mas cá para nós, a loja adjacente foi de perder uma tarde mergulhados nos livros de design, moda e arquitectura fantásticos, entre os típicos merchandisings. Fim da tarde com amigos na Plaça del Sol entre cañas e pessoas que descansavam após mais um dia na bonita Barcelona. Mais tarde, decidimos ignorar as placas que mostravam a opinião da polícia sobre o botellon e saímos bem acompanhados naquela noite pelo meio da multidão.
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Acordando um pouco mais tarde e com o Parc Güell em vista, finalmente (ou não) uma zona que não era plana. Ao entrarmos no parque, vimos uma enchente de turistas. Foi engraçado saber que Gaudí utilizou loiça da sua casa para a construção do parque e as piadas que daí surgiram. E em apenas 3 minutos que lá estivemos, o tão famoso El Drac foi fotografado 172 vezes, o que achámos super peculiar. Dia seguinte, lá fomos outra vez para o centro. Mercat Boqueria para beber um suminho matinal e seguir para o Bairro Gótico e simplesmente divagar. Que pode haver melhor que ser parte desta rotina…? À noite, já cansados pela enorme caminhada e por uma noite de pouco sono, não nos deixámos vencer. Decidimos experimentar um dos locais do bairro Eixample, conhecido por ser o bairro gay de Barcelona, com vários espaços desde lojas, saunas e clubes, bares e discotecas ou mesmo dark rooms, tudo com o cunho homossexual de uma cidade livre de precon-
ceitos, que consegue ter a sensatez de abrigar vários povos e culturas e de conseguirem coexistir numa sociedade pacífica, mas muy loca. Escolhida a discoteca, Club Arena, na sala Madre, um ambiente mais dedicado a um público mais jovem. Actuação de travestis muito interactiva e uma noite diferente e bem passada. Já tanto sítio visitado, até porque desistimos de andar de metro logo no segundo dia, decidimos rumar ao Parque de Montjuic. Parque enorme, deu muito que passear, e é de mencionar a deslumbrante vista que se alcança da cidade. Mais uma noite, onde ir agora? Decidimos então ir até ao conhecido Apolo. Duas salas enormes, uma com palco. Ao início achávamos que era uma sala só, muitas pessoas, muita animação. A meio da noite descobrimos que existia outra sala, da mesma dimensão e com tantas pessoas como a nossa. Barcelona, Barcelona…. Era domingo, e como acontece em Portugal, é dia de visitar os museus de graça! Fomos ate ao MACBA, museu de arte contemporânea de Barcelona. Continuámos por aquelas zonas, e ao visitar uma livraria onde encontramos várias autopublicações e livros de arte e design, encontrámos a revista Pli (!), mencionada na #00 da Idiot Mag a propósito da entrevista de José Bártolo. Sorte a nossa, que ainda percebemos que no fim da livraria era a entrada para o Museu d’Història de la Ciutat. Já tanto caminho percorrido! Dedicámos os dias que nos restavam a conhecer todas as ruas e vielas da cidade, o metro já não era opção. Fomos pelas ruas até encontrarmos um bar muito simpático de tapas, o Can Eusebio (can, do catalão casa) no qual bebemos água fresca, a primeira que nos soube realmente à água parecida com a de cá e porque no dia anterior tínhamos ido visitar o nosso amigo Carlos ao bar onde trabalhava e estávamos cansadíssimos… Quando voltámos, sentimos que a inspiração era mais que muita para continuar esta viagem por cá e continuá-la para a edição #01 da Idiot Mag! MR / ND / JC CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 9
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fotografia: Jim Rakete ©
Nesta edição quisemos voar além fronteiras por vários destinos. Desta vez, Alemanha foi o ponto de chegada. Em Estugarda encontrámos o designer Andreas Uebele, que em 1996 fundou o gabinete de design Büro Uebele. Uebele é licenciado em design gráfico e arquitectura e planeamento urbano. Além do seu gabinete, é também professor de design de comunicação na Faculdade de Ciências Aplicadas de Dusseldorf, é membro do Arts Directors Club, de Nova Iorque e da Alemanha e membro do German Design Counsil. Designer com vários prémios, nacionais e internacionais (ver caixa), Uebele tem uma vasta carteira de clientes, como a Adidas, o Stuttgard Municipal Museum, Space Center Estugarda, German Parliament, Type Directors club of NY, entre outros. Prestavél e simpático, aqui está a entrevista:
Quais são as palavras-chave, para si, que o definem como designer? A capacidade de dizer não (atitude), tipografia, excelência. Na maioria dos seus projectos, usa construções tipográficas muito criativas. É a sua assinatura como designer? Obrigado pelo elogio. Sim. Eu acho que a tipografia é o mais importante no design de comunicação e no mundo em geral. Sim, é a minha assinatura, entre algumas outras coisas. Sem sensibilidade tipográfica não podemos criar nada relativo ao projecto gráfico. No entanto, a assinatura é a morte de um designer. É uma armadilha e devemos tentar evitá-la. Quais são actualmente, na sua opinião, as ferramentas mais importantes de um designer? Mente. Simpatia. Ofício. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 13
É formado em arquitectura. Como isso influenciou o seu trabalho como criador gráfico? Colaboramos com arquitectos. Eles têm o feeling e eu entendo o que eles querem. Estudar arquitectura foi um óptimo treino para pensar tridimensional e estruturalmente. Como é que um designer, como transmissor de mensagens e ideais, deve agir como um profissional, neste momento de incerteza económica? Não pode ser tímido. Não nos podemos importar com isso. Nunca. Mesmo durante tempos de prosperidade há pouco dinheiro para este tipo de projectos. Temos a responsabilidade social de fazer o que tem que ser feito, seja qual for o momento que atravessamos.
Baden-württemberg Space Center Signage System, Exhibition Design Stuttgart-Vaihingen 2012 fotografia: Daniel Fels © 14 // IDIOTMAG
“O BOM DESIGN NÃO É UMA VIAGEM BARATA” Com uma Europa em crise, como vê o futuro do design? Não existe crise europeia. Há apenas uma crise económica. E acabará em alguns meses (espero). Fomos, enquanto projecto Büro Uebele, deixados de lado em muitas competições, porque somos muito caros. Por isso temos que esperar por outras oportunidades. O bom design não é uma viagem barata. Dentro de alguns anos, ninguém se vai lembrar destes piores tempos da linguagem gráfica. Bom design é sempre possível, mas isso depende sempre de nós.
German Parliament corporate design Berlin 2009 fotografia: DBT/ Werner Schüring © CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 15
“BE FAST, BE HONEST, BE EXTRAORDINARY” Numa Europa com tantos problemas económicos, saturado com novos designers desempregados, qual é o seu conselho para jovens estudantes de design? Sê rápido. Sê honesto. Sê extraordinário.
Adidas Laces signage system and interior design Herzogenaurach 2011 fotografia: Christian Richters © 16 // IDIOTMAG
Andreas Uebele Alphabet Innsbruck Exhibition Catalogue Innsbruck 2009 fotografia: Daniel Fels ©
Alguns prémios recentes: tdc new york, tdc58 2012 adidas laces, signage system, certificate of typographic excellence
»zeigen. an audio tour of berlin by karin sander«, exhibition catalogue, nominated
tdc tokyo, annual awards 2012 no detail – michael held 27 häuser«, book, selected vorn magazine, typographic contribution, selected
ed-awards 2010 alphabet innsbruck, exhibition, bronze if communication design award 2011 deutscher bundestag, corporate design, gold
deutscher designer club (ddc), good design 12 iiidaward 2011 offenbach hospital, signage system, award morgenstelle cafeteria, three-dimensional communication, certificate of excellence design award of the federal republic of germany 2012 istd international typographic awards 2011 alphabet innsbruck, exhibition »zeigen. an audio tour of berlin by karin sander«, catalogue, nominated corporate design for the exhibition at temporäre drägerwerk, signage system, nominated kunsthalle berlin, certificate of excellence morgenstelle cafeteria, three-dimensional communication, nominated red dot award: communication design 2011 x-u »100 best typefaces«, alphabet innsbruck, exhibition catalogue, red dot poster, nominated
fonte: http://www.uebele.com/en/auszeichnungen/2012.html CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 17
Como começou 2000 a.C. Civilização egípcia. Indivíduos do sexo feminino começavam a marcar-se com linhas e pontos. Apesar de não sabermos com que finalidade, é fácil perceber que tudo se deu de forma acidental: uma ferida aberta, um qualquer pigmento e a união deu origem ao primórdio rudimentar da primeira tatuagem do mundo. A partir daí, tudo teve o seu tempo e as suas especificações até chegarmos ao tempo - o de hoje - em que toda a dermopigmentação começa a ser vista com outros olhos, mais fascinantes, mais gerais e sobretudo, assentes numa sociedade que vai acatando aquilo que lhes é oferecido pelos seus cidadãos. O porquê da tatuagem é eficaz para explicar todo este desenvolvimento: tribos, com existência milenar, começaram a tatuar-se para marcar factos da vida biológica como o nascimento e a morte. Mais tarde, para marcar aconte18 // IDIOTMAG
cimentos da vida social, como as guerras, o casamento ou garantir a vida depois da morte. No Império Romano a tatuagem era usada para identificar prisioneiros. E por aí foi crescendo, sempre num modo mais ou menos homogéneo. Entretanto, já na altura da era Cristã da Idade Média do Ocidente, a tatuagem acaba por cair em desuso, pela proibição do Papa. No próprio livro do Antigo Testamento, no Levítico pode-se ler: “Não façais incisões no corpo por causa de um defunto e não façais tatuagem.” Durante o Imperialismo Britânico, em pleno século XVIII, o navegador e explorador inglês James Cook redescobre a tradição aquando das suas viagens à Polinésia, onde registou o costume de “homens e mulheres que pintam os seus corpos”. No seu diário de bordo, explicava que as “tattow” ou “tatau” tinham a sua origem etimológica no som que se ouvia durante a execução da tatuagem, que se fazia através de
Na verdade, o primeiro percursor da máquina de tatuar foi Thomas Edison, o inventor da lâmpada eléctrica, que patenteou em 1876 a caneta copiadora à pressão ou a “caneta eléctrica”, entre outras 1300 patentes que registou. No entanto, este aparelho que servia para copiar documentos de forma rápida, nunca chegou a ter sucesso. Curiosamente, Thomas Edison ostentava uma tatuagem com o desenho de cinco pontos no seu braço esquerdo. George Orwell, Winston Churchill, o rei Harold II de Inglaterra ou Franklin D. Roosevelt foram outras personalidades históricas que ostentaram tatuagens.
ossos finos e um martelinho para introduzir a tinta na pele. Também foi aqui que a palavra tattoo, apelidada por Cook, foi popularizada no meio dos marinheiros ingleses que, ao visitar as costas do Pacífico ficavam maravilhados com a arte que se fazia nos corpos dos nativos. Estes marinheiros criaram desenhos muito próprios com motivos simbólicos para o estilo que levavam. Certos desenhos identificavam um marinheiro que já tivesse atravessado um certo oceano, enquanto a figura de uma mulher representava o amor fugaz com “uma mulher em cada porta”, como se ouve dizer por aí. Porém, em 1879 o governo de Inglaterra começou a utilizar esta técnica para identificar prisioneiros com as iniciais “BC” (Bad Character), como em vários momentos da História. Com isto a tatuagem acaba por se tornar símbolo da marginalidade vivida em Inglaterra. Apesar de mal vista na sociedade de então, é também
aqui que Charles Darwin, naturalista britânico que estudou a evolução das espécies, afirmou que já nação nenhuma desconhecia esta prática. A evolução da técnica Foi em 1891 que Samuel O’Reilley desenvolveu a máquina eléctrica da tatuagem, que pôde dar o impulso necessário à massificação que hoje se assiste. Esta máquina, que foi inspirada na caneta copiadora à pressão de Thomas Edison (ver caixa 1), tornava todas as técnicas tribais e locais obsoletas à luz da nova máquina vanguardista. A partir daqui tudo foi natural. Com várias alterações, mas sempre mantendo o protótipo original de O’Reilley, a máquina foi chegando a vários países, cada um a seu ritmo e consoante a consciência pessoal e criativa dos vários povos ocidentais. Com o contínuo crescimento desta arte, a tatuagem também teve um momenCULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 19
fotografias: Parasempre Tattoos © Em baixo: César Figueiredo e Paula Dias
Cultura da tatuagem no mundo A história da tatuagem e as suas aplicações foi sendo dividida consoante o povo ou a tribo que a usava: // As tatuagens maori da Nova Zelândia eram consideradas um símbolo de classe e de ostentação de riqueza, onde cada espiral representava um determinado nível. Qualquer escravo estava proibido de fazer uma tatuagem. // No Havai os seus habitantes tatuavam a língua em sinal de luto. // No Japão a cultura da tatuagem é riquíssima e desenvolveu bastante as suas técnicas: eram usadas no início para punir alguém, tornando-se ligadas ao crime. Porém, as mais conhecidas advêm da organização mafiosa Yakuza, onde os seus membros usavam esta técnica para mostrar a sua lealdade e sacrifício para com a organização. Outra 20 // IDIOTMAG
to alto da sua existência na Segunda Guerra Mundial, pela utilização que lhe era dada tanto em sentido positivo como negativo. Foi nesta altura que os soldados que eram enviados para a guerra tatuavam nos seus corpos os nomes das namoradas e mulheres, sabendo que voltar a vê-las podia ser difícil. Uma outra utilização era a da identificação dos judeus no Holocausto. Aquando os campos de concentração aos prisioneiros eram-lhes tatuados os seus números de identificação através de uma placa de metal que se prendia à carne e que, fazendo ferida, se espalhava a seguir a tinta sobre esta.
das aplicações usadas por este povo era a tatuagem kakoushibori, que significa “tatuagem escondida”. Esta tem como particularidade ser apenas visível quando o sujeito acabava de ter um acto sexual ou um banho quente ou quando estava alcoolizado. // Os taitianos acreditavam que eram os deuses que ensinavam os homens a tatuarem-se e, por isso, tinham grandes regras em relação à arte: às mulheres só lhes era permitido tatuar o rosto, os braços e as pernas, enquanto os homens podiam tatuar o corpo todo. // Na Índia também existe a tradição: a pintura corporal mehndi composta com o pigmento natural de henna. Esta só dura no máximo uma semana, pelo que é usada em ocasiões especiais, como nos casamentos,
onde o ritual só se completa quando a noiva tiver as mãos e os braços desenhados. // Em África o processo não foi tão comum. Com a pele escura, a pratica adoptada era a escarificação, que é a produção de cicatrizes na pele com objectivo de criar relevos que, concomitantemente, criam desenhos e padrões. Alguns povos aproveitavam para, desta forma, inserir medicamentos no corpo. Em algumas tribos, as mulheres eram submetidas a este processo, primeiro no seu décimo aniversário, depois na sua primeira menstruação e depois da primeira gestação. // Para os Samoanos, a tatuagem marcava a passagem da infância para a vida adulta e só a partir do dia em que a realizavam, podiam casar ou ter uma vóz activa na sociedade.
Tatuagem como forma de expressão É na segunda metade do século XX que a tatuagem se identifica mais com a concepção que hoje mantemos. Grupos juvenis idealistas da liberdade de expressão que querem agora impor e com a emergência das novas artes urbanas e underground, começam agora a contar com a tatuagem como ferramenta corpo - comunicação. Novos artistas começam a ver a arte com novos olhos e a criar o corpo como suporte desta corrente. Nos anos 70 o movimento punk nasce com vontade de querer mudar todo o paradigma social e político. Estes grupos adoptavam
um estilo alternativo recheado de mutilações corporais, cabelos coloridos, piercings e tatuagens por todo o corpo como forma de exprimir a sua alienação e insatisfação pelo sistema corrente. O corpo passa a ser um território. Toda a forma de vestir e o “body building” pertencem a uma autêntica forma de mostrar ao mundo muito do nosso imaginário político, pessoal, musical e ideológico. “Essas manifestações são comportamentais e pertencem hoje à cultura ocidental. Na sua emissão, elas são globalizadas, mas são individualizados no seu uso”, afirma Célia Maria Antonacci Ramos, autora do livro Teo-
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rias da Tatuagem. No sentido comercial, a tatuagem começa simultaneamente a ser usada por membros de bandas de rock e, consecutivamente, a exercer influência juntos dos seus públicos. Aumentando o seu consumo para outros géneros musicais e com a adesão das grandes celebridades, hoje uma loja de tatuagens recebe “todo o tipo de pessoas”, afirma Paula Dias, proprietária da Para Sempre Tattoos. No ramo há mais de 13 anos, Paula explica que se deve dar mais valor à casa, ao artista e às imposições higiénicas que devem sempre existir e, por isso a “qualidade paga-se”. Questionada sobre qual foi a tatuagem mais bizarra que já lá foi feita, Paula é intransigente: “não há a tatuagem mais feia, cada uma é como é e cada uma tem o seu sentido”. Consumida até na televisão, com programas dedicados como Miami Ink ou LA Ink, que alcançaram audiências astronómicas de milhões de espectadores, tanto nos Estados Unidos, como no resto do mundo. Massificada e globalizada, hoje em dia, a tatuagem já é algo totalmente comum em toda a cultura ocidental e que se privilegia de ter uma cultura que, mesmo assente e derivada de outras culturas, se pode orgulhar de ser própria e específica e de ser dotada de um grande poder de expressão individual e estético que nos deliciam o olhar ou que, pelo menos, já não nos faça confusão olhar para uma. MR
E se o arrependimento matasse? Todos os dias existem casos de arrependimento, tanto pelo desenho escolhido, como por motivos profissionais ou por ser uma tatuagem que já não faz sentido na vida daquela pessoa naquele determinado momento. Existem 22 // IDIOTMAG
tratamentos para a remoção de tatuagens através do laser, que, nunca ficando totalmente apagada, consegue disfarçar bem. Também há quem prefira tapar a tatuagem com outra, “todos os dias aparecem cá pessoas com esse propósito”, conta Paula Dias.
A experiência pessoal de um tatuador César Figueiredo é tatuador e fundador da Para Sempre Tattoos no Porto. César é hoje um dos tatuadores mais emblemáticos da cidade. Na Para Sempre Tattoos, situada na em plena Avenida Brasil, conta-nos que nem sempre foi fácil actuar dentro do meio. Quando começou a tatuar, há 20 anos, explicou-nos como era difícil encontrar o material necessário. Era o início da compra e venda da internet e a coisa não era muito comum no nosso país. Os sites tinham pouca credibilidade e não se sabia se o material acabava realmente por chegar – no entanto chegou sempre! César explica que a técnica se foi desenvolvendo: primeiro as
máquinas trabalhavam somente com linhas e depois surgiram as máquinas que, apesar de muitíssimo rudimentares, começavam a realizar preenchimentos. “Foi uma autêntica inovação!”, explica. Começou o projecto, então, da Para Sempre Tattoos juntamente com a mulher, Paula Dias, onde se estrearam nos escritórios do antigo Hard Club, uma loja mais ou menos escondida, mas apropriada ao contexto temporal. Com a ascenção do negócio, passaram para a rua de Santa Catarina e actualmente mantêm a sua loja na Avenida Brasil onde se orgulham de serem uma das lojas mais conhecidas da cidade no que toca a este mundo tão especial. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 23
Joseph Capriati, conceituado Dj e produtor Italiano oriundo de Nápoles, é o primeiro entrevistado pela IDIOT MAG na secção de música. Actuando em Lisboa a 2 de Março no Op Art, e no dia seguinte no Gare Porto, pela segunda vez no evento Italian Business. Agenciado pela Drumcode, de nomes como Adam Beyer, Marco Carola, Alan Fitzpatrick, Joseph já se tornou num dj muito acarinhado pelo público portugês. Fica aqui a entrevista:
Joseph Capriati February Chart
fotografia: Drumcode © 24 // IDIOTMAG
1 Detroit Grand Pubahs - NvrSayNvr (Unsubscribe remix) Delicacies 2 Marcel Dettmann - Duel 50 Weapons 3 Shifted Gates -Mote Evolver 4 Chris Colburn - Whipped 8 Sided Dice 5 Pig & Dan, Mark Reeve - Origami Soma Records 6 Paul Ritch - Shape Quartz Rec 7 Kaiserdisco - Aymara Drumcode 8 Joseph Capriati - Spring Sprouts Unrilis 9 Octave One - Love And Hate (Cari Lekebusch remix) 430 West Records 10 Joey Beltram - Psycho Bass R&S Records
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Quais são as suas principais influências? Lembro-me de ter começado a interessar-me realmente por música em 1988-89, quando comecei a ouvir música house, especialmente artistas de Nova Iorque e Chicago como Master At Work, Todd Terry e Little Louis Vega. Interessava-me 100% por este estilo clássico de música house, mas também mais profunda como o deep de França. Também ouvia muito hip-hop e isso influenciou-me bastante no tipo de sons que tento produzir na minha música. Claro que também ouvia música pop e mais comercial, porque na altura não conhecia muita coisa underground, mas acho que foi importante porque gosto de ouvir todo o tipo de música. No que diz respeito ao techno, a minha maior influência têm sido artistas como Adam Beyer, Dave Clark, Chris Liebing, Jeff Mills e claro Marco Carola da minha cidade natal Nápoles.
É a segunda vez que participa no evento Italian Business. O que pensa deste projecto? Nunca vou esquecer a primeira vez que toquei na Italian Business. Tive de vir de avião para Lisboa e de carro para o Porto, mas o voo foi cancelado e tive de esperar 10 horas no aeroporto de Roma. Acabei por chegar a Lisboa muito atrasado e fui de carro para o Porto em 2h. Cheguei à discoteca 15 minutos antes do meu set, sem tomar banho, passar pelo hotel ou jantar. Depois do set fui directamente para Lisboa de carro às 7 da manhã, por isso foi uma viagem louca, mas estava feliz porque a festa foi espectacular. A discoteca estava cheia e o equipamento era muito bom, por isso valeu a pena todo o esforço. Estou ansioso pelo próximo evento porque tenho a certeza que vai ser igualmente bom.
Qual é a sua música favorita actualmente? E a melhor alguma vez produzida? WOW… esta é realmente uma pergunta impossível para mim. Tenho a sorte de ouvir muita música diariamente e por isso é difícil escolher uma só como favorita. Neste momento, tenho de dizer que gosto muito do que o Marc Romboy está a fazer com o seu som muito electro-techno melodico. É bastante diferente do que tenho ouvido, mas é impossível escolher uma favorita que esteja a tocar actualmente. Do passado, é mais fácil escolher algumas por isso diria que as mais importantes para mim são Red de Dave Clark e Walking Contradiction de Adam Beyer.
Futuros projectos/lançamentos? Este ano não vou fazer tanta música. Tenho algumas coisas planeadas mas gosto de levar tudo com calma, organizado e bem promovido. Vou lançar outro EP na Drumcode, em colaboração com o Adam Beyer. Estou muito feliz por finalmente termos conseguido estar em estúdio com o Adam, porque já estivemos em muitos eventos ao mesmo tempo. Por isso, é óptimo lançar este EP com ele. Também estou a fazer dois remixes: um para Cari Lekebusch e outro para a editora do Paco Osuna, a Mindshake. Provavelmente vou lançar outro EP na Drumcode no Verão e estou actualmente a trabalhar no meu segundo álbum, que espero que saia na Drumcode no final do ano. Por isso, tenho de me concentrar no álbum.
Em que festa tocou que nunca vai esquecer? Acho que a festa que nunca vou esquecer é a primeira em que toquei numa grande discoteca. Foi na minha cidade, em Nápoles, em Outubro de 2007, numa discoteca chamada Golden Gate. Foi a primeira vez que toquei para 5000 pessoas. Antes tinha tocado para 1000 no máximo. Fiz o set de abertura durante 2 horas até às 2 da manhã e toda a gente gritava e estava a vibrar. Foi simplesmente espectacular. Outras festas que me marcaram foi a primeira vez que actuei no Awakenings no Gashouder em Amsterdão e o primeiro Drumcode Total Party no Berghain em Berlim em 2010. Mais recentemente recordo-me do Festival Monegros, em Espanha, que foi espectacular e o Fabric em Londres, mas tenho tido a sorte de tocar nos melhores festivais e discotecas mas a primeira actuação no Golden Gate é a que recordo melhor.
O que sente quando toca para o público português? Quanto toco em Portugal sinto-me como se estivesse a tocar em Itália, porque o público português também é latino. Cada vez que toquei cá fui muito feliz, porque o público é muito intenso e grita e reage e eu gosto disso. Divirto-me sempre e gosto das pessoas que vêm aos espectáculos e só tenho boas memórias das vindas a Portugal. Tem alguma mensagem para os fãs portugueses? Antes de mais, quero agradecer a toda a gente pela forma como têm recebido os meus lançamentos e a mim, quando venho actuar. Espero que os dias 2 e 3 de Março sejam espectaculares como da última vez que cá estive. Estou muito ansioso para vos ver a todos e I love you all! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 25
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Que é melhor que olhar para o panorama que se nos oferece e ter a sensação de que, qualquer que seja a decisão, o tabu espreita como uma criança corada e pela contemplação do êxtase, o nosso corpo cria um frio apetecível do que apetece provar um pouco mais, não sabendo onde acaba o nosso mais elevado poder? O poder de sentir.
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“íntimo [ítimu]. adj. (Do lat. intimus). 1. Que está situado dentro, na parte mais interior ≈ INTRÍNSECO. 2. Fís. e Quím. Que penetra ou actua no interior dos corpos, nas suas moléculas. 3. Que está contido ou existe no mais profundo de uma coisa ou de um ser(...) 4. Que liga estreitamente (...) 5. Que tem com alguem uma relação muito próxima, que está unido a alguém por afeição e confiança (…) 6. Que tem lugar entre um pequeno número de pessoas de família ou com quem se tem uma relação muito próxima(…) 7. Que proporciona ou evoca proximidade física e de sentimentos, que cria ou permite intimidade(…) 8. Que é relativo a cada pessoa, que não é público, não se mostra (…) 9. Que é relativo a sexo. ≈ SEXUAL (…)” in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, 2001 Patrícia questionava-se sobre a casualidade dos encontros e o espaço livre criado em cada cama. Permitia-se a liberdade, e à sua maior, a facilidade em ser íntima. Para além de dar o corpo entregar comportamentos, relaxar, esventrar-se perante o outro. Ligar-se estreitamente. E num encontro de uma noite, livram-se os constrangimentos da etiqueta esperada e abre-se a alma e o coração. Sexo casual poderá ser a mais pura forma de amor. Sexo casual e anonimato, claro. Tudo se rege pela gestão de expectativas, sabia-o nos telefonemas. Aí, é esperado de Patrícia a correspondência e adequação a qualquer fantasia, a eficácia de um boa masturbação, ainda que com a voz, mas eficaz. E desengane-se quem não conta por telefone com a mais pura entrega, presente do anonimato, tudo é permitido e conta-se o mais profundo, desejo e acção. O epíteto de um bom encontro de uma 30 // IDIOTMAG
noite, sexo, revelação e o pós-coital desaparecimento e desligamento. Uma chamada de linha erótica, com sorte com satisfação para ambos. Não é assim também nos encontros casuais? Com sorte, satisfação para ambos. Embora cidades médias e pequenas não permitam cumprir um dos predicados, o anonimato. E se reconhecer a voz do cliente no supermercado pode ser constrangedor, um encontro no cinema com uma aventura em que se saiu pela porta do cavalo pode-nos levar a olhar para todas as saídas de emergência como se fosse a próxima estreia. Multiplicam-se em revistas os guias de comportamento para encontros de uma só noite bem sucedidos: não se permitam a prolongar muito o tempo, leiam no outro a vontade de permanência, nada de adoptar comportamentos de apego, percebam o limite do carinho, fiquem de manhã apenas se, além do pequeno almoço, houver direito a uma segunda voltinha de lençóis e fujam, fujam muito de traços de intimidade. Eis o que a Patrícia vos sugere, sexo não é só masturbação, embora a dois, três ou quatro também seja uma boa brincadeira, sexo é intimidade, é almejar o mais profundo, é explorar os privados da casa, é INTIMIDADE. E um encontro breve é tão válido para toda a exploração como uma relação de 10 anos. Apenas cuidado, em vez de adivinhar e esperar que o outro o faça também, digam o que é esperado, desejado, até onde podem, querem e esperam levar o vosso corpo e o vosso coração. Com a entrega que assim desejarem.
É comum instalar-se a confusão numa reunião quando se fala em bolas. As chinesas e as tailandesas. No imaginário geral a primeira pergunta quando se mostra as bolas chinesas, ou ben-wa, é “mas então isso não é uma correntinha? E como se brinca?” Pois bem, esclarecendo, as ben-wa, são um ginásio vaginal, poderão ser usadas em brincadeiras, como qualquer objecto que integre a nossa intimidade, mas o seu propósito não é esse. O seu objectivo é fortalecer o músculo vaginal. São duas bolas com uma pequena ligação e um cordão. Revestidas de silicone e com um contrapeso no interior de cada bola, devem ser inseridas com lubrificante, primeiro uma, depois outra, no canal vaginal e usadas por um período de 30 minutos a 3 horas, que inclua movimento. Sim, é para dar umas voltas com elas, passear o cão, fazer passadeira no ginásio, até para ir às compras mensais no grande hipermercado. E devem ser usadas entre três a cinco vezes por semana. O que nos garante isto? Uma vagina saudável e musculada. Prevenção de incontinência urinária e prolapsos uterinos e rectais, uma flora vaginal mais rica e protegida, orgasmos mais frequentes e intensos e muito, muito prazer aos envolvidos. Uma apertadela ganha outra força e significado! Já as bolas tailandesas, são outra história, estas sim uma correntinha de várias bolinhas de tamanhos variáveis. Usadas como brinquedo, neste caso anal, pretende-se que a inserção e remoção se transforme num jogo e descoberta dos ritmos de cada um. Após fazermos cada uma das bolas escorregar para dentro do rabiosque, pode iniciar-se outro tipo de estimulação, (sexo oral, penetração, onde a vossa imaginação vos levar…) e aconselha-se esperar pelo
orgasmo para puxar de sopetão esta corrente. Diz-se que aumenta exponencialmente o orgasmo, sabe-se que proporciona muito prazer. Com ambos os objectos, usa-se lubrificante à base de água. Para apresentar aqui, escolhi como bolas tailandesas as Cogilia, da Fellz Toys, resistentes, feitas de material de alta qualidade, com 2cm de largura máxima e 24.5 cm de comprimento. Estas bolas chinesas são as Bolas de Lis, do meu agrado, por terem uma superfície sem nenhuma ranhura, providenciando uma completa limpeza e por terem uma primeira bola ligeiramente mais pequena, facilitando a inserção. Quanto aos materiais, já deveriam saber, silicone de alta qualidade. Sugiro, caso já tenham bolas tailandesas ou chinesas em casa, que verifiquem se têm algum pedaço de cordão descoberto, ranhuras evidentes e material que não seja silicone. Caso isto aconteça, guardem junto com os enfeites de Natal e pendurem na árvore em dezembro. Vendidas por 18.95€ (Cogilia) e 19.95€ (Bolas de Lis) através de Carmo da Maleta em reuniões d’A Maleta Vermelha.
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“Antes de mais, quero felicitar-vos pela edição zero! Ganharam aqui um leitor assíduo. Ora bem, fui sair à noite no outro dia. Beber um copo com os amigos. Quando saimos da discoteca, vi um rapaz muito bêbado sentado no passeio e tinha acabado de vomitar. E mesmo sentado ele balançava muito. Perguntei-lhe se estava sozinho e se queria que chamasse uma ambulância. Ele só respondia: “Eu vou fazer o registo, eu vou fazer o registo!“. Liguei para o 112, visto o rapaz estar sozinho e expliquei a situação. Ao que eles me respondem:” Oh! Se mandassemos ambulâncias para todos os casos assim, não tinhamos ambulâncias suficientes. Ele que adormeça aí”. Eu tentei, fiz a minha boa acção do dia. E lá ficou o rapaz, sem a menor noção de onde estava ou como estava sem conseguir sequer estar sentado quieto e sem nenhum amigo por perto. Nem sei se é pior a inconsciência do rapaz ou o desprezo da telefonista ao decidir se tirava ou não a ambulância da garagem.” Jorge Pais, Porto
“Olá IDIOT MAG! Achei piada estarem sediados na rua onde moro, e aqui vai uma reclamação que já há muito tenho para fazer e nunca soube onde. Então aqui está a a minha chamada de atenção: Senhores donos de cão que passeiam os mesmos na minha rua (Cedofeita), eu gosto muito de animais, adoro até, mas não sou obrigada a todos os dias quando ando na rua de pisar a porcaria dos vossos animais. Como é que numa rua tão movimentada não têm vergonha de, depois do vosso animal fazer as suas necessidades, seguir em frente como se nada fosse deixando ali tamanha porcaria... Civismo é algo que todos temos obrigação de ter, visto não vivermos sozinhos nesta sociedade. Um dia é você que não o tem, amanhã sofrerá com quem não o tem consigo!” Ana Paula, Porto 32 // IDIOTMAG
“Como é que é possível a empresa ZON Lusomundo ser considerada pelos consumidores a empresa do ano tantas vezes, se o serviço não presta, quando ligamos para o apoio ao cliente eles vêm sempre com as mesmas tretas, e quando decido reclamar eles passam-me para o serviço de fidelização! Já tive amigos que lá trabalharam e sei como funciona! Parece brincadeira e andamos nós a dar-lhes o nosso dinheiro! Só queria usar esta secção dos leitores para desabafar!” Maria Bastos
Espaço de criticas, desabafos e opinião dos leitores. Conta-nos o que te vai na cabeça, envia-nos os teus pensamentos para mag@idiocracydesign.com
“Não faz qualquer sentido que quem tenha de deslocar-se da zona da Boavista (Porto) à zona do Arrábida Shopping (Gaia) de bicicleta, a pé ou de motorizada não o possa fazer, a não ser dando uma volta enorme pela Ponte de D. Luís. Não seria possível desclassificar aquele troço de estrada, de forma a tornar a ligação entre as duas margens mais fácil? É que nem Metro existe...” António Teixeiro, V. N. Gaia “O Primeiro Ministro disse que temos que empobrecer para sair da crise, ok, vamos por os Ministros a ganhar o ordenado mínimo “485€” visto que somos governados por ministros formados que mais parecem ANALFABETOS. O mesmo P.M. disse que se alguém tiver alguma ideia melhor que diga, aqui vai: aumentem o ordenado mínimo para o dobro dando poder de compra ao povo e para isso lógico que é preciso cortar nos impostos as empresas para não causar subcarga as mesmas, coloquem um tecto salarial a todos os cargos pagos por o estado ( políticos, admistradores públicos, etc… ) de 2500€ incluindo este valor as pensões, ordenado, subsídios e ajudas de custo, responsabilizem todos os culpados por desvios e roubos de fundos e julguem nos com isenção, explorem os recursos naturais que temos, e temos muitos, incentivar o consumo de produtos nacionais ( se a maioria das compras que fizermos forem produtos nacionais , isto fará a nossa economia crescer e muito ), deixem de se preocupar com a banca e comecem a pensar mais no povo. Neste país aumento tudo menos o ordenado, o Governo diz que se preocupa com os trabalhadores mas não quer saber dos seus trabalhos. Um trabalhador sem trabalho é um desempregado.” Voz Do Povo Piegas (facebook)
“Sendo eu um dos primeiros leitores que viu nascer a primeira edição da Idiot Mag, acompanho com interesse um projecto como este especialmente por ter uma secção onde os leitores possam exprimir-se de forma aberta sobre os diferentes assuntos que eles pensem estar mal. Com isto lembrei me de falar de dois títulos que eu vi na edição da capa do “Diário Noticias” do dia de hoje. Tive oportunidade de ler algo que me despertou um sentimento de revolta por cada vez mais ter a certeza que vivemos numa sociedade hierarquizada com regalias enormes para uns que parece não haver limites para tamanho desrespeito para aqueles que são mais necessitados. Ou seja falamos de um antigo Ex-comandante acusado de gastar 70 mil euros em refeições, dinheiro que não lhe pertencia e que usou em seu beneficio não olhando a todos os problemas que vivemos hoje em dia, ou seja uma pessoa sem escrúpulos como muitos outros que nos governam e que vêm para a televisão dizer um monte de mentiras fazendo-nos querer que eles nunca abusam de poderes públicos e benefícios extra querendo sempre o melhor para os países. Quando continuava a folhear o jornal deparei com um segundo Ex Comandante acusado de peculato e falsificação de documentos, mais uma vez o uso de dinheiros públicos com a diferença que neste caso este irá ser punido com o pagamento de uma multa e a incapacidade de exercer funções mostrando que “por vezes” o sistema ainda funciona mas continua a ser muito corrupto. Achei curioso escrever sobre tantas mentiras que por vezes são abafadas ou simplesmente o “tempo” faz o seu real papel e faz esquecer tudo e todos.” Tiago Pimenta CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 33
fotografia: Jorge Aguiar Š 34 // IDIOTMAG
Atelier Luio Onassis fotografia: Jorge Aguiar ©
Auto-didacta, controverso, inspirador e surpreendente, Luio tem vindo a desenvolver um trabalho muito peculiar na pintura abstracta, além das produções de vídeo e da sua própria existência como personagem único que entretém muita gente. Luio Onassis não pode ser aqui descrito com simples palavras do vocabulário português. Numa conversa informal e amiga no atelier do artista plástico - um atelier digno de um filme, em plena Praça da Republica, no Porto, onde a arte é respirável e a dinâmica e a força são sentidas. É um atelier vivido, com inúmeras horas de uso e onde os amigos gostam de estar ou aparecer por lá a quase qualquer hora para viver e/ou absorver um pouco do universo individual de Onassis. Pessoal e idiossincrático, há dois anos neste seu universo tão particular, Luio definiu muito bem todo o seu processo criativo. A pré-produção, a produção e a
pós-produção não podem ser desassociadas umas das outras. Estas funcionam como um conjunto que definem uma determinada obra e por isso é injusto se for apenas uma tela apresentada ao público. É daqui que surge a tradição de filmar todo o processo de produção - até mesmo da reflexão - e todo o plano de filmagem é pensado ao mais ínfimo pormenor. Nada escapa aqui. De sorriso sincero e riso estridente, Luio falou à Idiot sobre o seu percurso até aqui chegar: com uma grande “família”, como gosta de mencionar, de amigos das mais diversas vertentes artísticas, com quem foi aprendendo, foi criando a sua imagem e marca que hoje assenta mais no conceito do que na própria exequibilidade. Luio é influenciado pelo ambiente que o rodeia, que diz estar em função da produção. É nesta lógica que no Verão é possível contemplar-lhe uma obra mais colorida. É conCULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 35
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Atelier Luio Onassis “Auto-Retrato” fotografias: Jorge Aguiar ©
tagiada pelo “sol que entra pela janela e eu não o posso evitar, pelo mar que vejo ao longe ou as gaivotas”, enquanto no Inverno, com o seu atelier no rés-do-chão, a obra é mais da “caverna”. Foi no curso de arquitectura, que abandonou no quinto ano, que ganhou a consciência do espaço e da forma que hoje o define como artista. Onassis não se arrepende de ter abandonado o curso. Sabe que o abandonou por “razões indeterminadas”, que só agora vai descobrindo. Com sinceridade, diz que se não o tivesse deixado, hoje não estaria a pintar. Com a sua estética
marcadamente abstracta, a evolução para o action painting deu-se de forma natural. A velocidade e a dinâmica são jogadas a favor das suas obras. “O que eu pinto é a experiência humana, o sentir; é a consequência da acção”, afirma, convicto. Hoje em dia reconhece o valor do pensamento na vida em sociedade e contesta que é preciso tempo para o fazer. Sociável inato, é sozinho que estrutura as ideias que transpõe para a tela, bem como para qualquer material que encontra. Tudo pode ser reutilizado na concepção de Luio: o cartão que hoje protege o chão das pinceladas CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 37
pode amanhã ser a base para a próxima obra. Para o artista tudo tem uma história e a sua essência não deve ser renegada. Todo este universo Luio Onassis faz parte da sua personalidade e consegue-o transparecer nas suas obras, fortes, emotivas e humanas. Quem o conhece, sabe-o bem. E gosta do que faz: “hoje em dia eu faço o que faço só porque me apetece”, diz Luio, com um sorriso enorme na cara. MR
Luis Onasis “O Tripeiro” Acrílico s/ tela 220 x 260 cm
Plano B, Porto Essence Level.01 Luio Onassis fotografia: Jorge Aguiar ©
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Essence level.01 Luio Onassis orgulha-se de apresentar a sua primeira exposição, patente de 25 de Fevereiro a 30 de Março. É no Plano B que o artista concentra as suas influências e vagueia entre a visão e as ideias. Desde o seu lado mais preenchido pela dinâmica e pela alegria da vida, bem como o lado mais obscuro e orgânico que tanto tem dado que falar. Essence Level.01 pretende dar-nos a conhecer toda a essência da obra e do artista como uno.
“GASLAMP KILLER BY THE EYE OF LUIO ONASSIS” Produção de video Luio Onassis, 2012 http://vimeo.com/37647984
Plano B, Porto Essence Level.01 Luio Onassis “Nós três e uma cadeira” Acrílico s/tela 120x300cm fotografia: Jorge Aguiar ©
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“Será possível ter uma sensação de conhecimento contraditório no peneiro que a realidade dos meus quereres que temem perder o chão que as une no desafogo do prado rasgado pela ilusão do sentido em vez de permear o isolamento inseguro na segurança da percepção da condição que a ausência do nervo adormecido que a aceitação de um simples querer? Eu cresço no diálogo. O diálogo perpétuo da dinâmica do fluidos não permite a palavra para além da derivada. A respiração modera a experiência cognitiva do dialogar. A natureza do diálogo vem da voz: interior, profunda, vulcânica na origem e forte no confronto. Como posso ou não participar na sua invenção se a natureza dialoga sem adjectivos? Na alvorada dos meus sonhos eu reconheço a matéria que permite a construção. À proporção do estado em que essa matéria conduz à sua própria construção da qual resultam campos de sublime lividez de um passado de medos que ardem na fogueira do testemunho da incerteza.” Luio Onassis “Change your city change your life” Luio Onassis Colecção pessoal Gui Boratto 100X70 cm Acrílico s/ tela fotografia: Pedro Nascimento ©
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Ao percorrermos a Fundação Serralves vezes e vezes sem conta, damos conta que esta instituição de arte contemporânea é motivo de admiração e regozijo de muita gente de várias idades e feitios. Se está em Serralves é porque é bom - ideia muito sólida que se foi construíndo ao longo dos anos em que a Fundação se instalou na cidade e que criou toda uma imagem pioneira no que toca à arte nacional e internacional. Chamou-nos à atenção a nova instalação Walls to the People de João Paulo Feliciano, que, através da realidade aumentada e com suporte nos tablets e smartphones, cria uma Casa de Serralves diferente, original e, sem dúvida, controversa. Com a ascensão do graffiti e das novas correntes artísticas urbanas, João Paulo Feliciano, artista visual e músico, que, com um percurso muito peculiar e único envolveu-se neste projecto, que acaba por ser pioneiro em Portugal. Walls to the People quer quebrar barreiras, criar um novo mundo onde várias perspectivas podem ser reais - ou quase - dentro de um ecrã, dando aso à imaginação e experimentando novos momentos que podem mesmo ser divertidos, ou pelo menos originais. A experiência pode conter um pouco de factor desilusão. Ao chegar à porta principal avisam-nos de que podemos ir andando para a Casa
e que lá a informação não nos irá faltar. Contentes com a ideia de experimentar uma nova concepcão de arte com um novo suporte, chegámos à Casa, onde, curiosamente, ficámos estupefactos como um burro a olhar para um palácio, pois não percebemos como fazer a experiência. Com recurso ao wi-fi do Porto Digital, disponível em Serralves, soubemos que uma aplicação própria para o projecto teria de ser descarregada. A seguir precisávamos de saber para onde apontar a câmara, porém ninguém nos explicou, e as placas que nos podiam ajudar eram apenas duas (acabámos por descobrir mais tarde) e muito pequenas e desenquadradas. Definitivamente, as expectativas com que íamos perderam-se logo ali. Depois da pesquisa junto dos funcionários da Casa de Serralves lá apontámos o tablet com a aplicação aberta para a fachada. Desiludiu, mais uma vez. A imagem era má, os graffitis não eram legíveis e tinham falhas técnicas perceptíveis a quase qualquer pessoa. De resto, a inicitiva é boa, e, num contexto geral, valeu a pena, pois uma experiência pode ser sempre construtiva para o futuro. Como maior ponto positivo, a inovação da instalação. De resto, o melhor mesmo é fazerem a experiência por vocês próprios e depois discutimos sobre isso! Até 3 de Junho em Serralves. MR
João Paulo Feliciano (Caldas da Rainha, Portugal, 1963) Artista visual e músico, é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Lisboa. Nas suas obras encontramos instalação, objectos, pintura, desenho, fotografia, vídeo, luz, som, música, design gráfico, arquitectura, performance… De entre as numerosas exposições, individuais e colectivas, destacam-se as individuais “The Blues Quartet” no Contemporary Arts Center, Cincinnati, EUA (2007), “The Possibility of Everything: João Paulo Feliciano, Selected Works 1989-1994_ na Culturgest (2006) e individual no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto (2004). Destaque ainda para a sua participação na XXVI Bienal de São Paulo, Brasil (2004), ou na exposição “Sonic Boom – The Art of Sound”, Hayward Galllery, Londres (2002). Entre 2000 e 2007 integrou a direcção da Associação Experimenta e da Bienal Experimenta Design. Foi responsável pela direcção artística do espectáculo Acqua Matrix (Expo’98, Lisboa).
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Dia 16 de Fevereiro um cavaco fugiu por entre as silvas. O Presidente da República cancelou a visita que tinha marcada a uma escola devido a um “impedimento”, alegadamente por falta de segurança. Como é óbvio, não queremos o nosso representante máximo posto em perigo por um bando de crianças a queixarem-se do seu passe de autocarro e de não terem cantina para almoçar. As crianças conseguem ser muito maldosas nesta altura da sua vida. A solução está nos pais das mesmas que, com o fim dos incentivos à mobilidade, com o fim dos susbídios de residência, deslocação e garantia de transferência escolar dos filhos em vista, o que devemos fazer é transferi-los, sem o seu acordo, para concelhos fora da
*Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência 44 // IDIOTMAG
sua área de residência e damos-lhe o nome de “regime de mobilidade geográfica”. Isso ou ser amigo do Paulo Portas… Assim podíamos ter empresas de artigos de desporto e receber do Fundo para Relações Internacioanais 50.000€ para molduras e restauro de obras de arte e serviços de decoração interior para a nossa loja de desporto! Toca a apostar no desporto! Sempre é melhor do que emigrar ou rescindir o contrato… Oh! Vou deixar de ser piegas... Cortar as asas às camadas jovens, não lhes dar força para arriscar em novas acções profissionais e aumentar as cargas fiscais e o valor dos custos fixos taxados pelo Estado, e tirar o subsídio de alimentação a todos os funcionários públicos que
AnÍbal e os pequenos terroristas.
pesarem mais de 50kg. Com isto, até Dezembro de 2011 conseguimos 3.5 mil milhões de euros, que canalizamos para o aumento da concessão de crédito às grandes empresas em vez de aumentarmos o financiamento às pequenas e médias empresas. Vejo-me grego para perceber isto… Uma coisa eu sei, chegou o fim do mês por isso devem ter sido uns dias difíceis para o Presidente da República. Por isso aqui fica mais uma vez um convite: venha lá a casa que eu faço-lhe um coelho assado no forno com molho vilão. JC Amigo Portas, uma amizade para a vida.
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Idiocracy, Gabinete de Design
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Lançamento do livro: “ Fragmentos de uma biografia cívica” de Luís de Carvalho. Biblioteca ICBAS Serviço de audiovisuais ICBAS fotografias: João Carvalheiro ©
Fragmentos de uma biografia cívica é uma obra realizada por Luís de Carvalho, ex-director clínico e ex-presidente do Conselho de Administração do HGSA. Aqui conta a história da personalidade - incluída no Dicionário de Personalidades Portuenses do Séc. XX - e todo o percurso que caminhou até à actualidade e que no fim da carreira se abre para todos nós. Com o design e paginação a cargo da Idiocracy Design, esta publicação conta com uma tiragem de 3000 exemplares, onde podem adquirir o seu em info@ idiocracydesign.com
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Produção: Idiocracy Desin Chefe de Redacção: Mariana Ribeiro Textos: Mariana Ribeiro, Nuno Dias, João Cabral, Carmo Pereira, Patrícia (Pseudónimo) Design: Nuno Dias, João Cabral Ilustração: André Ventura Capa: Luio Onassis
Todos os conteúdos escritos e gráficos são da responsabilidade de: IDIOCRACY, Gabinete de Design ® www.idiocracydesign.com mag@idiocracydesign.com Info@Idiocracydesign.com
Agradecimentos: Andreas Uebele; Daniel Fels; Ass. Animais de Rua; José Bartolo; Coutinho Ribeiro; Diogo Ozório; Mariana Pizarro; Paula Dias; César Figueiredo; Joseph Capriati; Luio Onassis; Catarina Lima; Rob Howarth; José de Castro, Bruno Gandra
(*) Nenhuma árvore foi derrubada na impressão desta magazine! 48 // IDIOTMAG