CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 1
4 EDITORIAL O Revirar de Olhos
10 ACTUALIDADE Photomania
32 MÚSICA Serginho
38 ILUSTRAÇÃO Mesk
50 HOMO’GENEO “Somos o Que Somos, Inclassificáveis” 60 FOTOGRAFIA La Fouinographe
70 O ANTI-IDIOTA Paulo Campos: Deus te Pague Que Não Tenho Trocos 2 // www.IDIOTMAG.com
6 ROTEIRO Porto à noite
20 PHOTOREPORT “The House” Get Set Art Festival 34 MODA Botashake + idiota de rua 48 TABU? A Alcova de Patrícia
54 INTERVENÇÃO A Arte de Ser Português 66 PROVOC’ARTE O Atentado de 12 de Outubro
Direcção: Nuno Dias // João Cabral Textos: Ana Anderson André Queiros Carmo Pereira Flora Neves João Cabral Melanie Antunes Nuno Dias Patrícia (Pseudónimo) Rui de Noronha Ozório Telmo Fernandes Tiago Moura Tish Design: Nuno Dias // João Cabral Idiot Design® Capa: Mesk Ilustração: Mesk Fotografia: Aline Fournier It’s Banderas Video: Mariana Oliveira Todos os conteúdos gráficos são da responsabilidade de: Idiot Design ® www.idiocracydesign.com Info@Idiocracydesign.com Cada redactor tem a liberdade de adoptar, ou não, o novo acordo ortográfico Agradecimentos: Bernardo Alves, Wailers, Tamara Alves, Mariana Ribeiro , Carlos Duarte, Matilde Marvão
(*) NENHUMA ÁRVORE FOI SACRIFICADA NA IMPRESSÃO DESTA MAGAZINE!
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Nuno Dias
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1H45, TERÇA FEIRA. ESTOU SOZINHO, FRENTE AO COMPUTADOR. COM TANTO PARA FAZER, OLHO PARA UMA PÁGINA EM BRANCO NO WORD, SEM INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER. A CHUVA LÁ FORA ESCONDE-SE NA DENSIDADE DA ESCURIDÃO. PARECE UM FILME DE TERROR. O FRIO, POR SUA VEZ, ENCONTRA-ME COMO SE NUNCA ME TIVESSE PERDIDO DE VISTA. REFLEXIVO, PERCO-ME NUMA SEGURANÇA TÃO INCERTA QUE, INQUIETAMENTE, ME ASSUME OS PENSAMENTOS, TÃO INESPERADOS QUE NÃO ME DÃO SOSSEGO. MAS NÃO ME SINTO SÓ. LEMBRO-ME DO TEU SORRISO. ESSE CLICHÉ QUE TANTO FALAM. NÃO O RECONHEÇO APENAS PELO GESTICULAR DOS LÁBIOS, MAS PELA FORMA QUE ME OLHAS. OLHOS ABERTOS, QUE ME PENETRAM COMO SE ME CONHECESSES DESDE SEMPRE. QUAIS SEGURANÇAS INCERTAS, QUAIS INQUIETUDES DESPROVIDAS. ESQUEÇO-AS, NUM MURMÚRIO DE SINCERIDADE DE QUE NÃO ME PRIVAS. MAS É ESSE REVIRAR DE OLHOS, TÃO PRÓPRIO, TÃO SEGURO, QUE ME RECLAMA MIL EMOÇÕES, MIL PENSAMENTOS. BONS, RECONFORTANTES, LIVRES E ACOLHEDORES. ESSE REVIRAR DE OLHOS QUE ME FAZ ESQUECER O TEMPO. ESSE REVIRAR DE OLHOS QUE ME LEVA A PENSAR “FINALMENTE SINTO-ME EM CASA”. E COMO JÁ ESTAMOS EM CASA, ESTE MÊS TRAZEMOS UM ARTISTA QUE JÁ É DA CASA. MESK, QUE CONHECE AS PAREDES DA NOSSA CIDADE TÃO BEM (E ELAS A ELE), PINTA AGORA AS PAREDES VIRTUAIS MAIS IDIOTAS DO CYBERSPACE. E A REALIZAR AS NOSSAS TARAS E MANIAS, COMO DIZIA O OUTRO “TODO HOMEM SONHA, TER ALGUEM ASSIM, REALIZANDO MINHAS FANTASIAS, TARAS E MANIAS” (SIM, ESTAMOS A CITAR MARCO PAULO!) A IDIOT ESTE MÊS RELATA-VOS PHOTOMANIAS. DEVEMOS TER A PUTA DA MANIA... MAS TAMBÉM ANDAMOS PELA RUA, FOMOS CONHECER A COMPANHIA DE TEATRO PALMINHA DENTADA E BEBER UMA GARRAFA DE MURALHAS FRESQUINHA COM UM DOS DJS MAIS “VELHA GUARDA”, SERGINHO. AINDA ANDAMOS NUMA DE “STALKERS”, A PERSEGUIR O PAULO CAMPOS PELAS RUAS DE LISBOA. CONSEGUIMOS NO MEIO DISTO TUDO, FAZER MAIS UMA VEZ NASCER A, NATURALMENTE, MELHOR REVISTA DO MUNDO! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 5
1 Novembro // 5ª feira s a cantar, pois Afina a voz e começa o mê ke no Rivoli às quintas é dia de Karao 03:00 até :00 Horários: 22 t cos Low Preços
11 Novembro // domingo Domingo é dia de ir à “Missa dos Quilombos” ( teatro Brasil) TNSJ
13 Novembro // 3ªfeira Siga ao More Club beber uns canecos, há festa académica More Club
2 Novemb ro // 6ª feir Concerto: B a lack Bomb a in + Cuzo Armazem d o Chá
sábado 3 Novembro // a DA GIGI, l, faça so a fest Faça chuva ou rantida. está sempre ga B Plano
12 N ir a Aprov ovem oc ei b Sug inem ta a s ro // 2 est a q egu ªfei ra (film ão nd u e P : “A M e é m a par ort a a o is r UC uguê al Con bara I Ar s) / t j ráb / Dr ugal” o am ida a
10 Novem bro // sába do L!VE Prod apresenta SLAM pela 1ª vez n Po rto Horários :2 3:45 Preços: 10 € Gare Porto
14 Novembro // 4ª feira “Dance to the Ra dio!” é um dos lemas do Rádio! Na Praça Dona Filipa de Lenc astre, abre de terça a sábado Horários: 18:00 at é 2:00
9 Novembro // 6ª feira Dead Combo de volta aos Teatros Horários: 21:30 Auditório de Espinho, por isso não percas o combóio
ingo bro // dom anca que o 4 Novem ma s, prepare oliseu! e õ li o F : o ao c Concert eira vem rr a C y n o T 22:00 Horários: 47,5€ a Preços: 8 o Porto Coliseu d
5 Novembro // 2ªfeira Já não se fala de outra coisa, noites académicas é à segunda no Villa Horários: as meninas 1€ com oferta de uma cerveja e os meninos 3€ com oferta de uma cerveja. Villa Porto
15 Novembro // 5ª feira Hoje é dia de folk & roll no Contagiarte. Abre às 23: 00
8 Novemb ro // 5ª feir Sabias que a o Porto Tó nico tem o hores cock s meltails inspira dos em vin Porto? Pois ho do , se não sa bias é porq andas a fa ue ltar aos tre inos Horários: 1 9:00 Rua Cândid ás 02:00 o dos Reis
6 Novembro // 3ªfeira Se ainda não conheces o Patuá, é o lugar certo para partilhares gostos, sabores e não só. Fica a sugestão de dois menus a pensar na partilha: o Brasão inclui quatro pratos por 32€ e o menu Patuá inclui 5 por 38€. Horarios: 10:00 às 2:00 6 // www.IDIOTMAG.com
7 Novembro // 4ªfeira Skunk Anansie Horarios: 21:00 Preços: 29 a 35€ Coliseu Porto
3ª feira mia mbro // é 20 Nove yada, vem a bo o b e w v r o aC , se o Depois d uina. O Tribeca mesmo rq nova-io -te música ao á d elo jantar e o, que passa p . s e temp lu ul e B Jazz, So 31 Janeiro // Rua Tribeca 19 Novembro // 2ª feira Cowboy Junkies no Porto (country e os blues) Horários: 21:00 Preços :30€ Casa da Música // Sala Suggia
17 Novembro // sábado e Pains Optimus Clubbing // Th | art He At re Pu Of Being Dj an sti ba Se Horários: 23:00 Preços: 17€ Casa da Música
16 Novem bro // 6ª fe ira Ai manhhh e que os L e ll o’s acampam no Horários: 2 Industria 3:40 ás 6:0 0 Eles 5€ co nsumíveis Elas 5€ co m 2 bebida s de oferta
29 Novembro // 5ªfeira Noites de cocktails low cost. Boulevard Aliados
5ª feira mbro // 22 Nove e um dia para nt l, Certame atro miniatura e t o a dedicar Nadj no Porto Josef 21:30 Horário: 5€ 1 Preços: itória nto da V e B o ã S o ir Moste
eira 6ª f Z ro // UT emb PERC A Nov 23 erto: P o B c Plan Con
18 vamo Novemb ro // d s lá ro om cka que é r ao Pher ingo ruge q u ee Horár m ba r ios 21 sta a dar. :3 0 ás 4 Todo :00 s os d ias
21 Novembro // 4ª feira We Are Family // Ciclo de Cinema LGBT Horários 22:00 Preços: Entrada livre Rua Passos Manuel, 137 Porto
o 24 de Novembro // sábad ioria, ma em ão est res Hoje as mulhe ta dediLa Femmefatale, uma fes o. inin fem o blic cada ao pú :00 23 : ios Horár vite 10€. Com convite 5€, sem con er 85 Rua do Breyner // Breyn
25 Novembro // domingo Herman José Horários: 21:30 Preços: 18€ Casa da Música
ira a fe e d ª t // 4 noi e as o r a b je stig ebid m e o b ve , h Pr No nina no em 3 8 é 2 me er et e rá ulh 5€ stig p m am Pre É ag sp a l E
26 Nov À segunda embro // 2ª feira os baldes são na rib Pague um eira, e le v e dois Preços: 5€ duas vodka s de 1L Ribeira
27 Novembro // 3ª feira Para os amantes do metal , os Meshuggah vão estar pe lo Porto preços 22€ Hard Club
30 Nove The Legen mbro // 6ª feira dary Tige rman (Dj S Vs Afonso et) (Sean Riley Armazém d o Chá CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 7
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Melhores fot贸grafos do Instagram segundo a Mashable: 1.Skwii 2.Bbyrd 3.Colerise 4.Danrubin 5.Inkedfingers 6.Jenniferjeffrey 7.Joshjohnson 8.Laurenlemon 9.Mikekus 10.Nirl 11.Poeticaesthetic 12.Babymurf 10 // www.IDIOTMAG.com IDIOTMAG
Aquele som ora estridente, ora discreto, que nos faz desviar a cabeça na sua direção, de uma forma instantânea e quase brusca. Aquele pequeno estalido que se propaga numa sala, após se carregar num botão. Um clique que surge a partir de um disparo, que, por sua vez, origina um flash. Aquele barulho que surge cada vez que premimos o botão de uma máquina fotográfica, é um vírus que se entranha no nosso corpo. Começa pelos ouvidos, propaga-se pela pele, arrepiando-nos sem sabermos bem porquê e depressa atinge os olhos. Ai os olhos... depois de espreitare por uma objetiva nunca mais voltam a ser os mes-
mos. Os olhos passam a observar o mundo de uma forma diferente, Melanie Antunes apercebendo-se de que existe uma fotografia boa em qualquer esquina. São olhos mais atentos à beleza do mundo e mais complacentes para com as tristezas da vida. São uma espécie de espelho não só da alma, mas daquilo que se encontra à sua frente. Os olhos, que observam por detrás de uma objetiva, anseiam por tirar mais uma fotografia. Uma arte, um passatempo ou uma forma de vida. A fotografia é algo que pode seguir diferentes rumos, consoante a nossa entrega e o nosso propósito. Mesmo que a vocação para seguir o caminho profissional seja diminuta, o que é certo é que a fotografia parece ter-se apoderado do dia-a-dia das pessoas, relembrando um pouco a euforia que se viveu com a Polaroid. Culpa dos telemóveis com câmara fotográfica, do Instagram e das máquinas de baixo custo e fáceis de transportar. O resultado é um universo de fotógrafos amadores que parecem ter perdido o medo de expor os seus trabalhos, por mais banais que estes possam ser. É uma prova de que o “show, don’t tell” é o novo lema das redes sociais. Mais do que contar é preciso mostrar e a fotografia surge como uma prova daquilo que vivemos, que somos, que sentimos. O bichinho tornou-se um vício e essa dependência declara-nos a todos nós, idiotas, uns PHOTOMANÍACOS! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 11
Primeiro prĂŠmio do concurso Lomo Faces - Ana Faro 12 // www.IDIOTMAG.com
ERA UMA VEZ A LOMO
A Lomografia é atualmente uma moda que começou a espalhar-se pelos jovens europeus a meados da última década do século XX, após dois jovens vienenses descobrirem a máquina fotográfica Lomo, durante as suas férias em Praga. A cor, a luz e a qualidade das imagens encantaram ambos os jovens. Depressa a Lomo virou uma moda e em 1995 nasceram, em Viena, na Áustria, a Sociedade Lomográfica e a primeira LomoEmbaixada, numa tentativa de evitar o desaparecimento da pequena máquina fotográfica, que deixara de ser produzida. Esta máquina foi fabricada pela empresa LOMO, em 1982, a mando do general Igor Petrowitsch Kornitzky,
do Ministério da Indústria e da Defesa Soviético. O objetivo era criar uma produção maciça de pequenas máquinas fotográficas, robustas e fáceis de usar, para ser utilizadas como instrumentos de propaganda ao regime soviético. A Lomo Kompact Automat foi vendida não só na União Soviética, mas também em países como o Vietname, a Alemanha de Leste e Cuba. Para fotografar com uma Lomo não são necessárias grandes competências técnicas, pois a beleza da Lomografia reside na fotografia do acaso, do imprevisível, do quotidiano. Para os amantes da Lomografia existem dez regras de ouro a seguir, que facilmente se resumem a uma frase: “Não penses... lomografa!”. Workshop Lomografia Geral 13 de outubro em Lisboa
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Workshop Lomografia Geral 13 de outubro em Lisboa
LOMOGRAFIA DO SÉCULO XXI
Para além da beleza da fotografia capturada por uma Lomo a própria máquina fotográfica encanta pela seu design Vintage. Ter uma Lomo é ter também um assessório de moda, é apreciar o estilo retro e revivalista do século passado. Contudo, os dourados anos noventa são apenas memórias e em pleno século XXI tudo se trata de e com tecnologia. Se uns aderem a modas mais “old-fashioned” outros preferem abraçar o último grito tecnológico. Diz-se ser impossível agradar a gregos e troianos, mas existe uma aplicação que não se encontra muito longe de completar tal feito. O Instagram é a nova euforia dos utilizadores de redes sociais e da Web e não pode faltar em nenhum smartphone ou tablet. Trata-se de uma aplicação gratuita que consiste numa espécie de Photoshop expresso, onde se aplicam filtros às fotografias tiradas com a câmara do dispositivo móvel, dando-lhes um ar muito cool e trendy. As fotografias são colocadas online e podem ser partilhadas noutras redes sociais. A adesão a esta rede e o uso da aplicação fizeram dela um fenómeno semelhante ao da Lomografia, do qual resultam não só fotografias do acaso, mas também imagens encenadas e outras artísticas. O Instagram é hoje também um vício que se repercutiu à escala mundial. Fotografias de comida, cidades, viagens, paisagens, moda, pessoas, animais... tudo o que possa passar pela cabeça. O mural do Facebook é constantemente pre14 // www.IDIOTMAG.com
enchido por fotografias do Instagram e as lojas Apple Store e Google Play encontram-se inundadas por aplicações complementares a esta rede, que permitem obter novas cores, efeitos extra ou molduras. Se há um ano atrás ter um smartphone era quase obrigatório, atualmente ter conta no Instagram também o é. As galerias de fotografias carregadas no Instagram multiplicam-se pela Web. Facilmente são elegidos os melhores e os piores utilizadores daquela rede, assim como as melhores imagens capturadas. Tanto no mundo real como no mundo virtual têm surgido inúmeros projetos associados a esta rede, impelindo as pessoas a fotografar determinado tipo de objetos ou cenários. Um dos projetos mais interessantes é o “This is Now”, um site criado por três amigos que permite visualizar as fotografias tiradas em doze cidades diferentes, partilhadas através do Instagram, em tempo real. “O Instagram torna interessante um conteúdo banal, no qual o resultado é apreciado num curto espaço de tempo e depois esquecido”, comenta a fotógrafa profissional Aline Fournier. Ao contrário de uma imagem do Instagram, uma fotografia capturada por um profissional ou um artista chama a atenção pela sua qualidade técnica e pela pertinência do seu conteúdo. Aline Fournier acredita, portanto, que esta rede não passa de uma moda e que não terá nenhuma incidência na verdadeira fotografia.
GO PRO!
Como material Aline escolheu uma Nikon (D700, 24-80 2.8, 17-85 standard) pela sua resistência e pela sua solidez. Apesar de preferir as paisagens monALINE FOURNIER http://www.lafouinographe.com/creatio- tanhosas e idílicas do sul da Suíça e do Norte de Itália, Aline Fournier não ficou nvisuelle/ indiferente à cidade Invicta, quando a Fotógrafa profissional suiça que começou a sua carreira em 2007, ano em visitou no passado mês de agosto. que realizou a sua primeira sessão fo- La Fouinographe trabalha como fotótográfica. Quando fotografa pensa em grafa profissional a tempo inteiro desinventar uma história, em transmitir de janeiro de 2012, tendo já fotografauma emoção. Nas suas composições o do mais de 100 modelos em diversos modelo é tão importante como o tema países, no entanto, menos do que escolhido. A hora, as condições mete- aqueles que gostaria. orológicas, o espaço e a luminosidade são também fatores de grande importância na sua composição artística.
Sessão fotográfica no Porto de Aline Fournier para a Idiot Mag modelos: Carlota e Marco CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 15
ELENA KALIS http://www.elenakalisphoto.com/ Elena Kalis nasceu em Moscovo, mas há mais de dez anos mudou-se com a sua família para uma pequena ilha nas Bahamas. A sua paixão pelo oceano e os conhecimentos em fotografia depressa se juntaram e resultaram em trabalhos únicos que combinam o imaginário da artista com a belezas espelhadas pela água. “Alice in Waterland” é um dos seus trabalhos mais notórios, no qual pousam amigos e família desta mãe a tempo inteiro e fotografa nos tempos livres. Os seus trabalhos já foram utilizados em livros, revistas, capas de CD e publicações online. Numa entrevista, a fotografa caracteriza as suas fotografias como “imagens sob água que são líquidas, leves e que nos fazem sonhar”.
Peregrinações Manobras 16 // www.IDIOTMAG.com
Em cima: “Sailor Mars” Em baixo: “Alice in Waterland”
Em cima: “Eva in Her Living Room” Em baixo: “Nastia’s Younger Brother Shooting at Ballerinas”
ANNA SKLADMANN http://www.annaskladmann.com/ Anna Skaldman nasceu em 1986, na Alemanha, formou-se em Fotografia na Parsons School of Design. Atualmente vive entre Moscovo e Nova Iorque, consoante os seus trabalhos. “Little Adults” foi um dos seus trabalhos mais reconhecidos, no qual retrata os filhos da elite de Moscovo.
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Para aqueles que estiverem interessados em fazer da fotografia mais do que um passatempo, podem sempre tirar um curso profissional no Instituto Português também atribuem um prémio mode Fotografia. O curso tem a dunetário aos vencedores ou aos ração de 759 horas, repartidas primeiros classificados. O World por 20 meses, durante as quais Press Photo é dos mais conhesão abordados assuntos como cidos, até porque se trata de um a fotografia a preto e branco, a prémio dirigido ao fotojornalisnarrativa multimédia, a técnica mo, estando, portanto, associafotográfica, o fotojornalismo e a do a acontecimentos mediáticos. fotografia de arte. Como um curCom este prémio pretende-se aliso profissional de fotografia é mentar a paixão e o talento dos possível trabalhar em fotojornafotojornalistas que contam hislismo, fotografia publicitária, fotórias únicas, que nos permitem tografia de moda, fotografia de compreender o mundo envolvenarquitetura, fotografia de cena, te de uma forma melhor. fotografia documental, e tamO Sony World Photography Awarbém como técnico de tratamento ds é outro prémio de grande ime impressão digital. portância, criado pela World PhoExistem vários prémios de fototographic Academy, que reúne grafia que, para além do reconhefotógrafos, galeristas, agências, cimento profissional, por vezes publicações, entre outros. Por terras Lusas existe o já conhecido Prémio Novo Talento Fnac, Primeiro prémio do concurso cujas candidaturas terminaram a Lomo Faces - Ana Faro (2) 30 de Setembro.
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Afinal a VHS ainda existe CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 23
a beleza decadente... 24 // www.IDIOTMAG.com
INSTALAÇÃO IDIOT Esta parede antagoniza elementos tão diferentes como a beleza e a pureza da Madre Teresa de Calcutá e a luta entre o inconformismo e o consumismo (por sua vez representado pelo uso de materiais tão decadentes como a fita-cola, fabricada através do pretroleo), de onde brota a sujidade e a plasticidade. Hoje atesta-me um ar vazio no corpo que me deixa dobrado ao frio, sem roupa que me consiga aquecer. Respiro devagar e conformo os meus nomes ao destino. Vou sereno e com os olhos vermelhos e arranhados. Instalação: Nuno Dias // João Cabral Poema: Rui de Noronha Ozorio
http://www.youtube.com/watch?v=JwOsQiFZDNM&feature=plcp VÊ O VIDEO AQUI:
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DA “VELHA GUARDA” PORTUENSE E NÃO SÓ - SURGE-NOS SERGINHO, UM NOME FORTE NO CONTEXTO DA ELECTRÓNICA. ANIMADOR DAS PISTAS DE DANÇA, SERGINHO ESCOLHE O VYNIL E AS SONORIDADES MAIS ECLÉTICAS PARA FAZER O PÚBLICO DANÇAR, MAIS E MAIS... João Cabral
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Conta-nos, como começaste a tua carreira? Em 94 comecei a interessar-me por música de dança. Na época ainda estava tudo a começar. Havia o Rock,s, em Gaia, que era o melhor club da cidade. Nessa altura, a minha ideia de sair à noi- A quantidade de tecnologia que está actualmente ao te não passava pela seleção musical nem pelos dispôr dos DJs, quase não tem fim! Quais e quantos dj’s. Não sei dizer quando é que me despertou a equipamentos usas para passar música? música electrónica, nem com que música, sei que Dois gira-discos e uma mesa de mistura.... aconteceu, e ainda bem! A partir daí, deixei de ir aos sítios que normalmente frequentava com os Na tua opinião, qual é o estado da dance scene portumeus amigos e comecei a ir todas as semanas ao guesa, e o que farias para a melhorar? Rock´s. Foi essa regularidade, esses anos segui- Portugal sempre esteve na vanguarda. Há 15 anos dos a ver os residentes, que me levaram a experi- já era ponto de referência a nível internacional e, mentar e a começar a comprar os meus primeiros nos dias que correm, continua a ser. Hoje temos discos. Comecei a treinar todos os dias 6h por dia, melhores clubes. Temos dj’s internacionais todos na altura com o Smile. Eu ainda não tinha os meus os fim de semana. No verão há festas quase todos pratos. Começámos a fazer as nossas mini-festas, os dias. Até os maiores festivais, por onde passam com amigos, em bares fora do Porto. Só mais tar- as maiores bandas, já têm um palco só com música de, em 96, é que tenho a oportunidade de tocar, eletrónica! A música eletrónica está aqui para ficar, pela 1ª vez, no Café na Praça, que era o melhor ponto. Mas também há situações completamente bar do Porto, e conseguir uma residência, à terça e infelizes, como os dj’s que aparecem de um dia sexta-feira. E nestes dois anos, sem querer, entrei para o outro em programas de TV... Enfim. A culpa, seriamente na indústria de música de dança no aqui, não é deles, mas sim dos promotores que os nosso país. Em 98, começo a trabalhar numa loja convidam para fazerem uma noite. A tecnologia, de discos, no Parque Itália, e sou convidado para sem culpa, veio vulgarizar o trabalho do dj, e hoje residente do Bela Cruz, nesse verão. No verão de em dia qualquer pessoa pode ter um programa no 99, fui convidado a ser residente de um novo club computador que lhe dá a capacidade de se entreque ía abrir no Porto, o Voice, e fiquei responsável ter a mixar. Acho, também, que, a dada altura, se pelo piso inferior da discoteca. Aí foi, sem dúvi- perdeu o sentido nacional. Parece que há sempre da, o sítio onde tive mais liberdade para trabalhar, a necessidade de um nome internacional para pois podia construir a noite à minha maneira, e fez dar crédito à coisa. Nós temos os melhores dj’s! com que ganhasse maturidade, eu tocava 5ª, 6ª e E muitas vezes o público não se desloca para ver sábado a noite toda! Tive um programa semanal um ou outro dj nacional, é pena. A situação actuna Rádio Voxx. E comecei a tocar nos melhores al também não ajuda, as pessoas, agora, passam clubes de norte a sul do país e nos eventos mais mais tempo na rua, a baixa do Porto, por exemplo, importantes. Com a loja de discos, fui conhecendo está com muito movimento, e ainda bem! Mas, às várias pessoas, entre elas, o André Mecre, e, um vezes, faz com que as pessoas prefiram ficar na dia, em conversa, decidímos trabalhar em conjun- rua a beber do que ir para um ou outro club ouvir to e começar a produzir. Criámos o projecto Blá- determinado dj. BláBlá e, em Agosto de 2010, editámos o nosso 1º EP pela editora Unless Records. O disco teve Que planos tens para o futuro, como DJ e produtor? boa crítica, e fomos convidados a tocar, pela 1ª Espero continuar a fazer o meu trabalho por muito vez, em Innsbruck, Áustria.Este último ano tem mais tempo, é o que me move. Manter as residênsido bastante positivo, fizémos uma tour, através cias que tenho e criar novas, noutras cidades e do Blossom Kollektiv, colectivo austríaco a qual noutros clubes. E claro, continuar a produzir. estamos associados. Estivémos, novamente, em Innsbruck, desta vez no Tante Emma Club e no Onde podemos ouvir-te? Innkeller, fomos a Munique, ao Bullitt Club, e esti- Tenho uma residência mensal no Lottus Aftervémos no Sonar Off’12. -hours. Tenho uma noite com o Zé Salvador no Qual o estilo de música que costumas passar? House e Techno.
Indústria Club: Reverse. E tenho, também, uma noite noite no Armazém do Chá - First Class Travel - que vou fazendo com dj’s convidados. Serginho: http://soundcloud.com/serginho
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Cada vez mais, encontramos jovens com ideias de negócio que mistura os meios contemporâtudo pensado ao mais pequeno pormenor. neos com os ofícios mais antigos. Botashake busca transmitir nas suas criaBotashake é um exemplo de uma dessas ções a personalidade e peculiaridade dos ideias. “Balanço.. Movimento.. Andamento…” seus clientes. Na sua página de facebook as Barbara Starling, licenciada em Multimédia e encomendas não param de chegar. Vêm de Mafalda Martins, estilista formada na Citex todo o mundo, têm clientes principalmente e licenciada em Design de Comunicão, criano Brasil, mas já chegaram a Espanha, Dinaram um projecto que envolve a reciclagem de marca, Noruega, Inglaterra. Frequentemenmaterial. Objectos como “rendas antigas da te, os clientes pedem os Shakers com a bota, minha avó” - como disse a Mafalda - tecidos, como mostram as fotografias, apesar de dar tachas, botões, objectos coleccionados em para sapatilhas, sandálias e sapatos. viagens feitas ao longo dos anos como pedras Agora oferecem as duas opções: Shakers com semi-preciosas, são exemplos do que valoriza ou sem bota. Cano curto sem bota são 70€, se estas criações. “Cada passo tem uma história.” preferirem com bota são 100€. De cano méDeram início ao projecto no principio do ano, dio a 90€ e com bota a 150€. Com menos de quando nasceram os Shakers, já com marca um ano, a Mafalda e a Barbara, com atelier em registada. São capas que personalizam todo Cantanhede e Mealhada, nunca pensaram ter o tipo de calçado. Todas as peças são feitas tantas encomendas. Sentem-se orgulhosas à mão: “cada peça é exclusiva, como quem por fazerem um trabalho que gostam e que a usa”, dos cintos que permitem regular em contempla os seus ideais e modo de vida. “Selargura os Shakers ao calçado, aos bolsos, gue o rasto…” Ana Anderson às capas com diferentes tipos de tecido. É http://www.facebook.com/botashake.boots
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De volta a outubro, chega sempre mais uma edição do Portugal Fashion. Nestas noites todos os mestres da área, os que para lá caminham e os curiosos saem à rua com um grande propósito social do que nós chamamos, e muito bem, “o ver e ser visto”. Todos, bem ou mal, se combinam com o evento. Raras são as vezes que damos de caras com alguém que não saiu directamente de uma montra. Mas eles existem, e o Ricardo Branco é um bom exemplo. Encontrei-o a falar com os amigos, quando toda a sua simplicidade me chamou atenção. Disse-me que era estudante de Letras na UP e que só lá estava para ver um desfile do amigo Carlos Couto. Ao perguntar-lhe, “então gostas de moda?” respondeu, “não particularmente. Não percebo nada de moda”. É engraçado, quando encontramos alguém que está na moda, mas essa própria pessoa admite que não sabe onde a moda está! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 35
NOVEMBRO
10 / SLAM 4H SPECIAL SET | RE:AXIS LIVE 16 / MAD PROFESSOR FT JOE ARIWA 17 / ALEXANDER KOWALSKI 23 / ALIX PEREZ, MIND VORTEX & PROLIX. 24 / HARDFLOOR LIVE, JIGGY, GABI VON DUB
DEZEMBRO 01 / SHLOMI ABER 14/ JONH DIGWEED 15 / GAISER 21 / TINI 25 / NINA KRAVIZ 29 / ALBERTO PASCUAL 31 / JOSH WINK
fotografia © Lígia Claro 36 // www.IDIOTMAG.com
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Rua da Madeira, 182, Porto www.gareporto.com
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PINTA DESDE PUTO BONEQUINHOS, BICHINHOS E MONSTRINHOS QUE LHE PREENCHIAM OS CADERNOS DA ESCOLA E FAZIAM AS PROFESSORAS PERDER A PACIÊNCIA. PASSAVA AS AULAS CHATAS A DESENHAR ATÉ PERCEBER QUE TINHA DE COMPILAR OS MELHORES DESENHOS NUM LIVRO. E DEPOIS DESSE, VEIO OUTRO E MAIS OUTRO. TIROU O CURSO DE ARTES DIGITAIS E MULTIMÉDIA NA ESAD, ALTURA EM QUE O INTERESSE PELO GRAFFITI ENTRA NA SUA VIDA E O FAZ JUNTAR-SE À CREW CMK, COM QUEM DESENVOLVEU A TÉCNICA. HOJE É INDEPENDENTE, “NÃO ASSINA POR NINGUÉM”, MAS PINTA COM TODA A GENTE. GUSTAVO TEIXEIRA, AKA MESK, 27 ANOS E NATURAL DE MIRAGAIA É O ILUSTRADOR DO MÊS. Tish
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Mesk é ilustrador freelancer desde 2008 e é com isso que tenta ganhar a vida e fazer carreira. Não se identifica pessoas olhem para as suas obras com com o traço tosco nem com a descons- atenção. Hão-de reparar em algo que à trução do belo, típicos da oferta mais primeira vista não notaram. visível das galerias de ilustração mais Gustavo gosta de expressar “o estraemblemáticas da cidade e faz o seu nho e o fantástico” e quer fazer passar melhor para deslumbrar o seu público. o seu mundinho aos outros, um munDiz-se polivalente e “vadio” porque do onde não entra o “chato, rotineiro e cruza muitos estilos e não consegue banal”. Incute humor e pormenores que definir um. Gosta de cores vivas e de dão outra graça às suas peças e origem formas fluídas e os desenhos dele a múltiplas interpretações. “Não quero transmitem alegria, segundo as suas fazer coisas pesadas nem fortes, prefipalavras. É minucioso e gosta que as ro o mundo mais infantil. Apelo à criancinha que temos dentro de nós”, confessa à IdiotMag, com um sorriso.
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O graffiti começou como hobby na sua vida e desenvolveu-se no seu trabalho como uma técnica de ilustração. Apesar de toda a gente conhecer a sua tag, não se considera um writer - até porque nunca teve “jeito para as letras”. “Eu não escrevo, eu ilustro.” A obra de Mesk reveste-se dessa simplicidade clean que vai beber ao desenho vectorial ( sorri quando se lembra que começou no obsoleto Paint até chegar ao Illustrator) misturada com o estilo mais freestyle do graffiti. O resultado é sempre surpreendente e nunca imediato. “As minhas formas
começam sempre por ser simples e eu vou acrescentando pormenores aqui e ali. Gosto que as pessoas façam esse exercício mental e decifrem o que aquilo é, e o que me ia na cabeça. Nem eu próprio sei”, ri-se. “O que eu quero dizer é: não quero dizer”. Nas ruas, o bombing dá-lhe pica obviamente, mas estamos em crise e mais vale pedir autorização ao proprietário do que arriscar-se a apanhar uma multa. “ Gosto de estar a pintar à vontade e não ter de fugir à polícia. Tenho os meus limites e se vir que a situação é muito perigosa, não me dou a esse luxo”. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 41
“TODOS OS PROJECTOS QUE ENTREM NESTA AUTARQUIA COM O NOME STREET ART OU GRAFFITI SÃO LOGO POSTOS DE PARTE” A massificação pela internet faz com que o graffiti seja divulgado e importado a uma velocidade mais rápida e muitos miúdos hoje em dia têm referências a estilos e técnicas que Mesk não tinha. Mas é essa experiência e descoberta que deu a Mesk um background mais sólido. “ Os miúdos de hoje podem ver muitos sites de graffiti e dizer: é este que que quero ser, quero ir por aqui. Na minha altura, tivemos de descobrir tudo sozinhos”. Quanto a outros artistas, admira o trabalho de muitos amigos e refere Mr Dheo, Caos e Oker como os portugueses com mais notoriedade. Se lhe derem uma parede para pintar, provavelmente irá convidar o pessoal todo. Podem trazer pincéis e marcadores para a rua, que ele não se importa. “Hoje em dia, as técnicas misturam-se e o que mais interessa é o resultado final”. Mesk já pintou urgências de hos-
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pital, lojas de skate e graffiti, para marcas de cerveja, em apresentações de carros topo de gama. Já expôs na Fundação da Juventude, nas Feiras Francas e no predilecto Fórum da Maia. A sua participação no Walk & Talk Azores, em Ponta Delgada no ano passado fá-lo pensar por que razão uma cidade tão rica como o Porto não aposta também no turismo ligado ao graffiti em vez de oprimir essa manifestação artística. “Todos os projectos que entrem nesta autarquia com o nome street art ou graffiti são logo postos de parte!” desabafa. “Portugal tem qualidade, mas falta-lhe visibilidade”. Para o futuro, alguns projectos na manga envolvem a criação de uma associação cultural e a dinamização de uma publicação, além da criação de workshops na cidade da Maia, onde vive actualmente. Apostamos nisso.
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*aviso antes de ler, a pedido do editor, nesta crónica pululam Primeiro por que receber alguém na nossa vida implica a obscenidades e relatos para maiores de 18… tabuísmos… reverência que tal acto exige e seguia, dizia Cassandra, a casualidade é um deixar portas abertas para no mínimo uma amizade, por isso sejamos bem educados, assim “cortesia [kurtizia]. s. f. (De cortês + suf. –ia). 1. Acção ou re- como bem criados fomos. Patrícia mais que impudicamensultado do que é cortês. 2. Comportamento, modo de agir te cortesã, era cortês. E se na cama gostava de libertar próprios de cortesão, pessoa que vive na corte do reino. 3. todos os freios e nunca achasse, como outra amiga em Comportamento, modo de agor de alguém que é delicado tempos lhe tinha dito, boa educação é limpar a boca deou muito bem educado. ≈ DELICADEZA, EDUCAÇÃO, PO- pois de subir do meio das coxas, fique esta mania para LIDEZ. Os donos da casa recebiam com muita cortesia os aqueles que tem os modos de mesa como absolutamente convidados. Os cavalheiros reconhecem-se pela cortesia. essenciais, acima da gula, que Patrícia tanto preza, já fora 4. Acto de receber, saudar ou cumprimentar alguém com dela considerava a polidez um acto de respeito. mesuras, cerimónias de etiqueta, vénias… Abriu à senhora Não que o anonimato, asim de quando em quando sura porta do carro como modo de cortesia. Uma regra de cor- preendente no vão de escadas com o homem-cão sem tesia. O beija-mão é uma forma de cortesia. 5. Acto de cum- disfarce, de tão sedento que se apresenta, não fosse um primentar alguém, inclinando o corpo ou a cabeça, tirando boa surpresa, que sem troca de números ou conversa a o chapéu, ou fazendo outro gesto que indique saudação. ≈ mais nada obriga, não fosse agradável. Mas se falamos de MESURA, REVERÊNCIA, VÉNIA. 6. Pl. Taurom. Cumprimen- amantes, os que partilham cama e desejos, nos aprendem tos que, na praça de touros, os cavaleiros, capinhas… fazem a comer melhor em pequenas maratonas, se desfazem ao público a às autoridades, antes e depois da corrida. (…).” em mesuras para dar total prazer, encontros casuais, desin Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciên- comprometidos, mas com alguma expectativa de barriga cias de Lisboa, Verbo, 2001 cheia, aí a boa educação é indispensável. Mas tinha muito que aprender com Cassandra… Patrícia Num destes dias propícios a chá e boas conversas, com ainda não distinguia bem os lobos dos rafeiros. E como chuva miudinha e um frio bem outonal a cingir as cin- nunca dizia nada que não sentia, considerava também turas, Patrícia fez o que de melhor se pode fazer. Ves- no outro a honestidade como essencial. Pois que maior tida a rigor, depois de um banho quente e subsequente falta de cortesia que dizer maravilhas na noite inteira e ménage (das que em dias de inverno fazem tão bem), fugir com silêncio durante o dia? Clareza é essencial. E, enrubesceu-se intimamente, deixando o ligueiro com convém dizer, mulher crescida sabe o que vale despida, detalhes negros fazer o contraponto e de trench-coat por isso quando alvo de tantos elogios, espera o mesmo circundado foi ter com quem lhe poderia trazer mais calor entusiasmo para repetições de seguida. numa tarde tão fria: Mistress Cassandra. Também a sofreguidão e o seu controle, Patrícia tiPerto dos 50 e com um curriculum sexual invejável, Cassan- nha que aprender com Cassandra. dra, que em vez de profeta de desgraça avizinhava apenas Ao chegar ao lupanário privado de Cassandra, estas e grandes prazeres, era uma das mais antigas amigas de Pa- muitas outras perguntas eram de novo colocadas. trícia e o que mais perto tinha tido de alguém que lhe comu- A resposta foi sucinta: “promessas de rafeiros valem nicasse as várias mestrias de alcova e vestiário. pouco, se não te dão resposta, melhor não te sabem E de tão vivida e sabida, tinha como palavra chave cor- ouvir, na verdade bem não te vão ver, por isso nada de tesia. Palavra próxima do que mais próximo Patrícia co- contar com satisfação ao comer. Melhor os lobos.” nhecia de uma verdadeira cortesã. E por cortesia a cada E para aprender, despiu a gabardine, e curvada no colo de encontro lhe exigia sempre que cada vez que se encon- Cassandra contou ao ritmo de cada palmada quantas vetrassem, Patrícia tivesse porte, feições, traje e postura zes nos últimos tempos se tinha enganado. de rainha. Sabia que cada esforço seu seria sempre re- E terminando este assunto, convenhamos caros leitores compensado por pérolas de sabedoria. sendo mais lobos e menos cães, que tal usar da cortesia, Lembrou-se dos primeiros ensinamentos, o essencial pelo menos antes e depois de agarrar o touro pelos cornos? de quem salta de cama em cama e anda de coração Já Cassandra, e o resto da tarde bem passada, será contada solto a ensinar amor a quem pelas suas mãos passa, na próxima crónica, promete Patrícia… E promessa de loba é de novo, insistia: cortesia. sempre bem cumprida e detalhada de requinte.
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Outubro aproxima-se cinzento e outonal. Promete frio, aquecedores ligados e uma escapatória aos dias de chuva passada entre os edredons. E mesmo que o tempo nos engane e venham aí dias de verão, as frutas da época já desapareceram e nada como saborear os sabores perdidos em junho. Assim a proposta deste mês se compõe. Um óleo íntimo, comestível, mais do que aplicável a todo corpo, centrado e genital. O sabor, cereja; os efeitos, aquecimento; a marca, Shunga. (A propósito lê-se/ diz-se não chunga, como em bom português o fariamos, mas Suíngá, a arte japonesa dos eróticos livros de cabeceira.) Uma poção que nos aquece
nestes dias mais quentes, inspirando uma lareira em cada alcova, num frasco mágico e de duração longa, de uma das marcas mais antigas e cuidadas de cosmética sexual. Umas gotas apenas, novos sabores e artes em sexo oral (incluímos fellatio, cunnilingus e rimming). A boca fica quente e luxuriosa, a lingua escorrega ao ritmo de cada curva e prova-se fruta… com fruta! A nivel genital sentimos também um quente diferente que se conjuga de forma excitante com a temperatura da boca e, claro, sejam criativos, com o sopro e respiração! E para quem não pensa que os amores e os momentos passados são como as cerejas, saboreando-se uns atrás
dos outros, há mais sabores para degustação (Chocolate, Framboesa, Laranja, Exótico, Menta, Uvas, Baunilha, Morango-Champagne), afinal não vai ser por todo o dia comer o mesmo prato que alguém se cansa! Encontram-se estes e outros úteis acessórios em reuniões de enxoval para o ócio adulto, através de Carmo da Maleta. “ÓLEO AFRODISÍACO – CEREJA - SHUNGA” – 21.50€
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Arre que estou farto. A ver se a coisa fica clara. Nasci e vivi quase sempre na cidade do Porto. Sou tripeiro, portanto, por certidão e dades são caminhos, não epitáfios (mas residência. Mas isso não faz de mim adepto precisamos dos trilhos para avançar). Sou de futebol, (quanto mais ‘dragonista’), bair- formado em sociologia, mas não sou socirista ou especialista em vinhos com nomes ólogo, muito menos corporativista profisingleses. Nasci há 37 primaveras. Isso ainda sional nem obtuso intelectual. Gosto de ler, faz de mim jovem nalguns círculos e madu- mas não gosto de ler tudo (e sim, fico mais ro noutras paragens, mas de forma alguma, desconfiado quando há consensos nestes, perdido na nostalgia de um passado dou- como noutros carnavais). Quando na escola rado (pela memória). Nasci com um pénis, me perguntaram em que é que acreditava, e na certidão de nascimento escreveram: eu disse: na matemática. Não mudei muito, indivíduo do sexo masculino. Lá por isso gosto de perceber as coisas por A mais B. não menorizo mulheres em conversas de Mas isso não quer dizer que não me fascine café, nem me excito quando uma delas se (e ache essencial) o facto de que uma miríaproxima com o peito semi-descoberto (e, ade de coisas neste planeta continuem por já agora, sou feminista e já atirei a palavra explicar. Sou endemicamente céptico em machista à cara de muitas camaradas). Sou relação a quase tudo, mas adoro ser contraesquerdino, mas nem por isso menos des- riado. Adepto de cultura sim, mas de todas/ tro. Sou gay, mas não conheço toda a comu- os e para todas/os. nidade LGBT do país, da cidade ou sequer Não me importo de ser classificado, pode da minha rua (e não chego lá por olhar ou ser o início de uma boa conversa. Estou cheirar); não gosto de ir às compras, tenho sempre pronto a identificar-me, e assumir fobia a saunas e ginásios e sou desprovi- essa essência temporária (e consciente) do de instinto para decoração de interiores que serve de bastião para reclamar di(ainda que admire quem o possui). Tenho reitos, sempre que estão ausentes ou os asma, mas corro maratonas. Sou baixo, mas violam. Mas não me reduzam ao vosso espenso alto. Sou português, mas não acredi- trabismo cultural. Iremos sempre extravato no destino nem o meu coração bate mais sar de diversidade. Telmo Fernandes forte por um fado ou por qualquer evento da seleção (a melhor altura para passear à Para relembrar: o projeto Porto Arco-Íris, vontade pela cidade, ou correr pelas ruas iniciativa da Associação ILGA Portugal, vai desertas). De resto, não acredito em fron- promover um ciclo de cinema LGBT dediteiras nem nações, a não ser que alguém cado às famílias arco-íris (mais especificasofra ou morra porque não as tem. Identi- mente, ao tema da homoparentalidade). São tod@s bem vind@s ao cinema Passos Manuel, entre os dias 21 e 24 de novembro, às 22h. A entrada é livre! * Arnaldo Antunes CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 51
idiot: um colectivo de ideias, orientado pela intenção de uma atitude pró-activa na sociedade 52 // www.IDIOTMAG.com
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“Fantoches Palmilha” Ilustração Sandra Neves 54 //// www.IDIOTMAG.com IDIOTMAG 54
Tiago Moura
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Ó GLÓRIA DE MANDAR! Ó VÃ COBIÇA DESTA VAIDADE, A QUEM CHAMAMOS FAMA! Ó FRAUDULENTO GOSTO, QUE SE ATIÇA C’UMA AURA POPULAR, QUE HONRA SE CHAMA! QUE CASTIGO TAMANHO E QUE JUSTIÇA FAZES NO PEITO VÃO QUE MUITO TE AMA! QUE MORTES, QUE PERIGOS, QUE TORMENTAS, QUE CRUELDADES NELES EXPERIMENTAS! Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto IV, Estrofe 95
“Armadinha para Condominos” Ilustração Sandra Neves
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A certo momento na peça O Guardião do Rio, a personagem principal confessa ao espectador uma necessidade de contar histórias e de como é essa atividade que o obriga a passar o tempo, no marasmo da sua (in) existência. A Palmilha Dentada, companhia de teatro portuense, padece dessa mesma condição – não conseguem ficar calados No dia 13 de outubro, inserido na iniciativa mundial Global Noise, a Palmilha Dentada participou, na manifestação cultural Que se lixe a Troika!, na Praça D. João I, no Porto, ao lado de artistas como Manel Cruz e os Clã. No palco, que foi levantado para a ocasião, foram apresentados argumentos em forma artística, de como a proposta para o Orçamento de Estado iria comprometer a sobrevivência dos intervenientes. Ricardo Alves, encenador da Palmilha Dentada, referiu que o que a participação da sua companhia reclamava, no contexto da manifestação de 13 de outubro, eram respostas – informação: «Não há soluções. Não há respostas. Ninguém sabe, e se sabem, não as dizem.» A obra criativa da Palmilha Dentada, onde a impressão dos lendários Monty Phyton é quase sempre palpável, vem, quase sempre, de mão dada com o gesto de opinar. Ricardo Alves relembra o espectáculo que o Teatro Nacional São João encomendou à Palmilha, A cidade dos que partem, o qual começou por ser germinado como um musical sobre a cidade do Porto e acabou por florir num comentário cru «sobre o marasmo social que se sente nas grandes cidades». O encenador aponta, noutro contexto, as tristes e vazias expressões que vê nas estações do metro, principalmente na cara dos jovens, como a inspiração para uma das suas últimas criações – WYK. O espectáculo, que mistura diferentes tipos de linguagens teatrais (das sombras às marionetas) tem o simples intuito de fazer rir. Ricardo Alves salienta, a certo momento, que há uma linha muito ténue a separar uma pro-
dução que pretende promover a reflexão de um espetáculo panfletário. WYK não deixa de ser um espectáculo de intervenção por não recorrer a narrativas realistas da sociedade actual (há até um grande défice no número de palavras entre este espetáculo e produções anteriores da companhia). Num panorama teatral pouco dado a promover textos contemporâneos onde, e como Alves sublinha, se recorre a leituras rebuscadas de clássicos para se comover o espectador, um espectáculo que quebra com a inércia e com a melancolia instaurada é poderoso por despertar o público para algumas das alegrias que lhe podem passar ao lado no clima atual. WYK funciona então como um «escape consciente» das vicissitudes modernas. A subversão do modelo interventivo em WYK não deixa contudo de conter alguns momentos, onde o governo e as suas diretrizes são a doença por trás de tantos sintomas. A reestruturação da Educação é um passo importante na erradicação de personagens mal-(in)formadas, como as que são apresentadas em WYK, em dada vinheta. A Educação e a Cultura são, na opinião do encenador, as áreas mais problemáticas numa sociedade de jornais desportivos, revistas cor de rosa e onde o horário nobre é ocupado com «jogos de crianças com malícia». Ricardo Alves chega mesmo a classificar o povo português como um «povo mesquinho», desenterrando as palavras do Velho do Restelo, da epopeia de Luís Vaz de Camões, para caracterizar a atitude daqueles que criticam os que procuram soluções fora do país. «A percentagem de políticos ladrões, em Portugal, é exactamente igual há de maus actores», comenta o encenador sobre onde reside a culpa, «A democracia tem que ser melhorada». Alves assinala o fracasso do processo eleitoral nacional, que «facilita a vida» aos eleitores, mas que não fala pelos que realmente votam: «O voto em branco deveria querer significar algo», aponta Alves, como possível solução para um sistema político que privilegia «a impunibilidade corrupcional, e acima de tudo, a incompetência, porque só assim é que se justifica o Paulo Portas ter sido Ministro da Defesa, e agora ser Ministro dos Negócios Estrangeiros». CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 57
A Palmilha Dentada esteve em outubro, no Teatro Helena Sá e Costa, com dois espetáculos: A Farsa de Inês Pereira e WYK, depois entrou em balanço. Durante toda a sua existência, a Palmilha Dentada nunca recebeu apoios do Estado e Ricardo Alves está crente que este será «mais um ano a não ser apoiado», mas mesmo assim critica a posição do governo em catalogar a sua e muitas outras companhias na mesma situação, como subsídio-dependentes.
Alves explica como, anualmente, existe para a região Norte de Portugal algo como 4 bolsas de apoios e mais de 7 companhias a batalhar por as obter e que, por isso mesmo, a Palmilha tem de estudar novas maneiras de cumprir essa necessidade de contar histórias. O dinheiro que poderá advir desses apoios, por certo influenciará a nova temporada da Palmilha, mas Ricardo Alves é veemente em afirmar que «na rua, ou em casa das pessoas», ele e os outros membros integrantes da companhia de teatro continuarão a fazer isso mesmo – teatro. 58 // www.IDIOTMAG.com
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O dia 12 de Outubro tinha tudo para ser mais um dia como todos os outros. Uns à procura de emprego, outros a ver se agarram o que ainda têm, precariamente ou não. Um dia perfeitamente enquadrado na crise que tem inexistente e o respeito pelo cidadão eurodevastado a vida de uns e engordado a pan- peu foi devastado como pólvora? O que pença de outros. Nada de novo! Acordo tarde e a sar daquela “Pastora Alemã” conquistadora más horas porque tive um jantar, alargado à absoluta duma Europa Velha e Arruinada? noite, para me despedir de mais um amigo e Paz? As famílias estão a ser assassinadas artista que decidiu arriscar a sorte por terras aos poucos com este sistema europeu só de Sua Majestade. Vou até à sala e encon- para os maiores! E vêm agora estes anormais tro a televisão a chamar a minha atenção no coleccionadores de prémios tapar os olhos noticiário: “União Europeia é laureada com o de quem? Alimentar o ego de quem? Prémio Nobel da Paz”. Fui para o quarto na E Portugal? Portugal devia ganhar o prémio esperança de ver pela janela que tipo de Nobel dos Brandos Costumes, com tradição atentado tinha sido aquele que ouvi pelos aguda desde o épico texto de camões que, Media. Nada se passava no correr das horas com apenas um olho, conseguiu perceber e foi aí que percebi que se tratava dum aten- que aqui na “Ocidental Praia Lusitana” tudo tado, de facto, silencioso, mas um atentado, é permitido e nada se passa! Este país roça bem sórdido e terrorista. um pouco aquilo que eu, em ataques de luAquela instituição global só para alguns, po- cidez, chamo de Parvoeira. E entenda-se por lítica só para os maiores e económica só para Parvoeira o local onde habitam os Parvos. E a Alemanha tinha recebido um prémio em entenda-se por Parvos, todos aqueles que 2012 pela manutenção da Paz nos países sofrem duma passividade extrema enquanto europeus. Dizia Jagland, secretário do comité são assassinados pela Paz Europeia aos pouNobel e líder do Conselho da Europa nas ou- cos, aqueles que vão sobrevivendo mas aintras horas, que agora a Alemanha e a França, da cantam de alegria por terem um Governo antigamente adversários bélicos, eram hoje colonizado por alemães, dirigido por mafio“Parceiros chegados”, como forma a justificar sos sem coragem, com uma oposição de seaquilo que toda a gente percebeu: Politiqui- quiosos de poder, um mundo político feito de ces para distrair a atenção do Zé Povinho corruptos e ladrões que nos obrigam a pagar Bordaliano, a quem, com ternura, eles cha- uma dívida que não a nossa, gente que faz mam de cordeiros bem ordenados! De facto, política de guerra mas que a gente perdoa este prémio até tem lógica: a União Europeia porque temos brandos costumes, ou seja, por é premiada pela paz com um louvor duma seremos absolutamente parvos! instituição criada pelo inventor da Dinamite. De repente fiquei sem saber se o grande Mas e o que dizer de todos os povos que to- atentado é o prémio Nobel da Paz à União dos os dias lutam pelas dívidas criadas pela Europeia ou a passividade insuportável de corrupção e engenho destes laureados? O todos! De qualquer forma lembrem-se deste que dizer das manifestações violentas na prémio, porque o veneno europeu, de morte Grécia e em Espanha, onde a paz se revelou lenta, caminha feliz até fazer da guerra nas nossas casas o maior trunfo de paz dos seus umbigos! Mas claro, não deixem os vossos sofás e continuem a creditar quem nos esfola em nome da Paz! Rui de Noronha Ozório CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 67
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Numa gélida manhã, após acordar com cristais de gelo na tenda, dois jovens fazem-se à água de kayak… Desafiando a intempérie mas em amena cavaqueira, divagando sobre a aventura e o desafio que teriam pela frente, surgiu o famigerado nome para a nossa associação:
Através de um leque vasto de ac� � idades podemos organizar flash mobs, ac� � idades de responsabilidade social, viagens, surf, bodyboard, escalada, cicloturismo, montanhismo, entre outros. Procuramos valorizar a cultura des�or� � a e social, desafiando principalmente aqueles que frequentemente não têm acesso ou meios para tais oportunidades.
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Afirmamo-nos como uma associação verdadeiramente m�l� d isci�linar, organizandoac��idades gratuitas, de e para todos os géneros e gostos. sPara além das a� � idades des�or� � as gratuitas, o ALINHAS? promovea� � idades interculturais internacionais em parceria com várias associações europeias e financiado pelo programa Europeu Youthin Ac� o n .
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Os dias que correm não estão fáceis, aliás, nada fáceis. Só se tem falado das pessoas que vivem no desemprego, ou aquelas que trabalham em situação precária, em manifestações do povo unido, dos jovens que todos os dias emigram, das gentes que se revezam com 450 euros de ordenado mensal, mas temos situações bem mais graves que nos fazem chegar as lágrimas aos olhos, como um Presidente da República que não sabe como vai pagar as suas despesas, Deputados que vivem com medo de andar de Clio, antigos deputados que podem deixar de receber mais de 200 mil euros ao ano para o torneio de Golf na Quinta da Marinha, antigos secretários de Estado que ainda pedem ajuda à mãezinha para ter uma vida mais digna. Afinal, Portugal está pior que a Grécia, Portugal está à beira da Miséria decadente onde nem as Lojas nem os Aventais parecem ter influência ou dinheiro para sustentar a barriguinha burguesa desta gente. Pois bem, hoje trago-vos a história triste de um
deputado socialista que, aos 47 anos, vive com a ajuda financeira dos seus Pais porque, diz ele em entrevista à SIC a 10 de Outubro, também sente a crise como todas as pessoas em Portugal. Sim, estou a falar de Paulo Campos, actualmente deputado pelo Partido Socialista, ex-secretário de Estado das Obras Públicas no tempo de Sócrates e com participação activa nas Parcerias Público Privadas. Como podemos observar, nem um Curriculum brilhante destes se safa da crise financeira que assola as pessoas mais simples e empobrecidas desta pátria lusa: Os Políticos! Paulo Campos é um homem em dificuldades. Ora repare-se bem nos rendimentos vergonhosos deste senhor, mártir de toda uma civilização condenada à pobreza: Uma casa avaliada em 1,4 milhões de Euros, com vencimentos anuais que rondaram mais de 110 mil euros, ou seja, qualquer coisa como 8 mil euros mensais. E pergunto: Quem vive com dignidade com estes salários? Ainda se tivesse regalias,
mas todos sabemos que em Portugal os Políticos são sérios e vivem com apertados rendimentos, sem ajudas, sem carro incluído, sem reformas colossais, sem emprego depois de 4 anos de nobre serviço à Nação! Os portugueses deveriam fazer mais esforços pelos defensores da Pátria que todos os dias vão modestamente para o Parlamento contar anedotas, recitar filósofos, mandar piadinhas sobre o orçamento, encenar catástrofes porque são detentores de uma qualidade cénica e interpretativa sem exemplo melhor nos circos do costume. O Paulo é o palhaço pobrezinho, é precário comediante, vive ainda numa espécie de dependência maternal que muito nos emociona, vive todos os dias naquele circo parlamentar em múltiplos Workshops de humor negro e, de facto, tem revelado as melhores qualidades a esse nível. Devo dizer que me sinto mal por estar aqui a falar dum assunto tão delicado como é a situação em que o Paulo se encontra, mas julgo, também, ser o meu dever divulgar este tipo de histórias de vida, para que, de uma vez por todas, este tipo de insolvência dos patrões do sistema acabe, para que eles possam todos viver sem pedir ajuda aos pais… Devemos todos sentir-nos culpados por este tipo de pobreza, porque aquilo que nós exigimos ao Estado é demais para aquilo que pagamos de impostos todos os meses, todos sabemos isso! Todos sabemos que os políticos recorrem à corrupção por causa das nossas exigências de querer estabilidade. Estabilidade? Que importa isso quando vemos o triste cenário do Paulo cheio de problemas financeiros, sem conseguir pagar colégio aos filhos, tudo indicando que um dia mais tarde venha a ficar sem dinheiro para comer uma sardinha e meia batata, e a recorrer à sopa dos pobres, a ser enxovalhado por ser um pobre cidadão com quase 10 mil euros mensais… pedindo em desespero de sobrevivência: “Mãezinha, preciso de ajuda!” E, já não bastando esta vergonha de vida, a mãe ainda lhe respondeu: “Paulinho, Deus te pague que não tenho trocos!” Rui de Noronha Ozorio CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 71
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