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Figura 20 – Caixa de medicamentos – calinada Muscolos

1.20. Muscolos

Figura 20: Caixa de medicamentos. Fonte: Tânia Lopes

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Muscolos em vez de Músculos

A palavra músculo, do plural músculos, tem a seguinte separação silábica: mús-

cu- lo. A palavra é então composta por sete letras, duas vogais – o e u – e quatro

consoantes – c, l, m, s. A nível gramatical, a palavra é um nome comum, concreto,

masculino e contável. No seu significado, distinguimos a anotomia (é um órgão formado

de fibras excitáveis e contáveis, que asseguram os movimentos) e o sentido figurado

(relacionado com o sistema muscular do corpo e a musculatura “nada de inteligência, só

musculo”).

A palavra músculos deriva do latim musculus, um diminutivo de mus que quer

dizer rato. Esta associação foi feita pelos antigos romanos. Ao observarem o movimento

dos músculos, dos braços e das pernas especificamente, consideraram esse movimento

semelhante ao caminhar de um rato movendo-se de um lado para o outro, originando

assim a palavra musculus.

A pessoa que escreveu esta calinada apenas tem o quarto ano de escolaridade

básica e não gostava de ir à escola. Por esta razão, este erro mostra a reduzidíssima prática

da escrita e de leitura. Ao ter deixado a escola cedo, o uso da escrita ficou quase nulo e

apenas recorrente para fazer assinaturas ou escrever recados.

A palavra “muscolos” está incorretamente escrita com “o” no interior da palavra.

Segundo as regras, nos termos latinos terminados em -ulus, como é o caso de musculus,

o “u” passa a “o”, mas só passa o “u” que está no final da palavra, ou seja, na passagem

para o português mantém-se o “u” tónico, acentuado por ser uma palavra esdrúxula, e o

“u” antes do “l” (-ulus), ficando músculo (Pinto, 1987 e Porto Editora, 2010).

Acreditamos que este erro tenha sido cometido pelo facto de existirem algumas

palavras da Língua Portuguesa que se leem com o som da letra “u”, escrevendo-se, no

entanto, com “o”, como, por exemplo, a palavra “tomada”, escrita com “o” e pronunciada

com o som de “u”. Por último, a falta do acento no primeiro “u” também leva à falta da

escrita e consequentemente, a uma leitura errada. Com efeito, sem o acento sobre o “u”

deixaria de ser esdrúxula (proparoxítona), passando a ser palavra grave (paroxítona). A

silabada tónica já não seria “mus”, mas a sílaba “-co-”, erradamente escrita, e que

obrigaria a uma leitura semelhante à da palavra “tijolo”. Ora, muscolo nem sequer existe

na Língua Portuguesa! Conclui-se que quanto mais lemos menos erros cometemos, pois

para além de ouvirmos o que pronunciamos, através da memória visual tendemos a reter

a forma como se deve escrever corretamente.

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