Igreja Matriz de Palmeira: Modificações na Estrutura da igreja na época do Padre José Poliga

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Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira Fundado em 13 de fevereiro de 1955 Registro nº 438, Liv A-02 Cartório de Títulos e Documentos CNPJ 07.217.980/0001-28 Declarado de utilidade pública pela Lei nº 310 de 22 de maio 1955. IGREJA MATRIZ DE PALMEIRA: MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA DA IGREJA NA ÉPOCA DO PADRE JOSÉ POLIGA (1948-1957)

Fotos: Acervo do Museu Histórico de Palmeira

Adrieli Iantas1 Rosângela Wosiak Zulian2 Resumo Este trabalho tem como foco a Igreja Matriz da cidade de Palmeira. O objetivo é mostrar o processo de construção da Igreja e as mudanças que ocorreram em sua estrutura na época em que o Padre José Poliga esteve atuando como vigário na nossa cidade. Ocorreram várias mudanças na estrutura da Igreja Matriz de Palmeira desde a sua construção, mas o objetivo é observar quais foram as modificações ocorridas na estrutura da Igreja, como era quando 1

Acadêmica do curso de Licenciatura em História da UEPG/UAB.

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Professora Orientadora da Disciplina de OTCC.


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foi construída e como ficou depois da reforma que ocorreu durante a década de 50, quando o Padre José Poliga esteve em Palmeira. Palavras-chave: Igreja matriz; patrimônio; história local.

INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por finalidade mostrar porque e como a Igreja Matriz da cidade de Palmeira foi construída, quais eram suas características, quando foi concluída sua construção e quais foram as mudanças feitas em sua estrutura na reforma que ocorreu na década de 1950 pelo Padre José Poliga. A igreja está localizada na Praça Marechal Floriano Peixoto. A Igreja foi construída para alojar a imagem de Nossa Senhora da Conceição que foi trazida da Freguesia de Tamanduá para a cidade de Palmeira pelo padre Antônio Duarte dos Passos em 1818 3. Sua construção foi concluída em 1837. Antes da construção da Igreja Matriz no local onde está hoje na Praça Marechal Floriano Peixoto, Palmeira pertencia a Freguesia de Tamanduá, hoje município de Balsa Nova. Os cultos religiosos eram celebrados pelos padres Carmelitas. Foi por intermédio do padre Antônio Duarte dos Passos, que foram doadas as terras para a construção da Igreja pelo Tenente Manoel José de Araújo, e que seria dedicada a Nossa Senhora da Conceição, atendendo um pedido de sua esposa, que ainda em vida havia almejado4. O Padre Antonio Duarte dos Passos já não estava convivendo bem com os Padres Carmelitas (porque possivelmente ele era diocesano, e o bispo teria entregado a Freguesia de Tamanduá para a Ordem dos religiosos do Carmo, sendo que o Padre Duarte tinha devoção por Nossa Senhora da Conceição como era a tradição da então Freguesia. Outra possibilidade seria a de que ele teria perdido com isso o cargo de Pároco) 5.

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GUMY, Luiz Gastão. Visões do Passado. Gráfica Cidade Clima. 1ªed. Palmeira, 2002. FREITAS, Astrogildo de. Palmeira reminiscências e tradições. Volume 2, Editora Lítero – técnica. Curitiba, 1984. p. 21. 5 Informações retiradas de textos do arquivo do Museu Histórico de Palmeira. 4


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A primitiva capela foi construída pouco antes da doação das terras e era de madeira, mais tarde em 1837 foi substituída por outra de pedra e cal, que logo se tornou pequena para atender a todos os serviços divinos. Algum tempo depois, por iniciativa de José Caetano de Oliveira 6, foi construída uma terceira igreja, mas uma das paredes laterais e parte do telhado desabaram, sem que o resto da obra fosse prejudicado7. A reconstrução estava a cargo de José Caetano de Oliveira, do Padre Camargo e Manoel de Paula Ferreira8. Os próprios fiéis pagavam as despesas. Depois em 1859, o governo da Província ajudou a concluir a construção. Posteriormente foram feitas várias modificações, como colocação de assoalho em um dos corredores e construção de muro de arrimo contornando a Igreja9. Ocorreram várias mudanças na estrutura da Igreja Matriz de Palmeira desde a sua construção, em sua pintura, nas torres, mas o objetivo é observar quais foram as modificações ocorridas na estrutura da Igreja, como era quando foi construída e como ficou depois da reforma que ocorreu durante a década de 1950, quando aqui esteve o Padre José Poliga. Foram realizadas diversas leituras para a execução deste trabalho, entre elas a Cartilha do CREA – SP “Patrimônio Histórico: Como e porque preservar”

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, onde os autores falam da importância de cada um na história, do

papel que cada indivíduo exerce na sociedade e da importância de se preservar os bens históricos para as gerações futuras. “Cada indivíduo é parte de um todo – da sociedade e do ambiente onde vive – e constrói, com os demais, a história dessa sociedade, legando às gerações futuras, por meio dos produtos criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras. A destruição 6

José Caetano de Oliveira era tropeiro e veio para Palmeira com 19 anos por causa de seus negócios na pecuária e comercialização de tropas de gado. Prosperou repentinamente e casouse com Querubina Rosa Marcondes de Sá, filha dos fazendeiros fundadores da atual cidade de Palmeira e mais tarde se tornou o Barão de Tibagi. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Caetano_de_Oliveira 7 GUMY, Luiz Gastão. Visões do Passado. Gráfica Cidade Clima. 1ªed. Palmeira, 2002.p.153 8 Não foram encontrados documentos que digam quem era essa pessoa. 9 Idem ao 7. 10 CREA-SP - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo. Patrimônio histórico: como e por que preservar Grupo de Trabalho Patrimônio Histórico e Arquitetônico. 3ª edição, 2008, p.15 Disponível em< www.prefeituradeouropreto.com.br/.../Patrimônio%20Histórico-> Acesso em 18/03/2012


4 dos bens herdados das gerações passadas acarreta o rompimento da corrente do conhecimento, levando-nos a repetir incessantemente experiências já vividas” (2008, p.15).

Outra obra importante é de Felícia Assmar Maia11, onde a autora destaca o significado da preservação de patrimônio histórico, pois eles fazem parte da memória e da história de cada povo, ou seja, é a herança cultural deixada pelas gerações passadas. “A preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural é necessária, pois esse é o testemunho vivo da herança cultural de gerações passadas que exerce papel fundamental no momento presente e se projeta para o futuro, transmitindo às gerações por vir as referências de um tempo e de um espaço singulares, que jamais serão revividos, mas revisitados, criando a consciência da intercomunicabilidade da história.”(2003, p. 1)

Foram feitas também, leituras de autores locais como Arthur Orlando Klass12, falando sobre a história da cidade de Palmeira e principalmente contando como foi construída a Igreja Matriz, quem doou as terras, e algumas curiosidades sobre a construção da segunda torre da igreja. No texto de Raimundo Nonato Pereira Moreira13, o autor analisa as relações entre História e Memória a partir de obras de outros autores. Na obra Memória e Memória coletiva de Zilda Kessel14 a autora aponta alguns conceitos relativos à memória e como a definição desse conceito foi mudando no decorrer de cada época. Foram utilizados alguns vídeos feitos pelo senhor Euclides Alves de Paula 15

Filho , onde aparecem algumas pessoas da cidade de Palmeira numa conversa informal, falando sobre a Igreja Matriz, e as mudanças que foram sendo feitas em sua estrutura com o passar dos anos.

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MAIA, Felícia Assmar. Direito à memória: O Patrimônio histórico, artístico e cultural e o poder econômico. Revista Movendo Idéias, junho 2003. Disponível em http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/214.pdf 12 Escritor Palmeirense que escreveu uma série de textos para um antigo jornal da cidade, e que foram reunidos em uma obra só “Recordar é viver”. 13 MOREIRA, R. N.P. História e Memória: Algumas observações. Disponível em http://www.fja.edu.br/proj_acad/praxis/praxis_02/documentos/ensaio_2.pdf 14 KESSEL, Zilda. Memória e Memória coletiva. Disponível em: http://www.museudapessoa.net/oquee/biblioteca/zilda_kessel_memoria_e_memoria_coletiva.pdf 15 Trabalhou por alguns anos como presidente da Radio Ypiranga da cidade de Palmeira, hoje é proprietário da Empresa Mosaico Agência de Publicidade LTDA e é um dos membros do Instituto Histórico de Palmeira.


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IGREJA MATRIZ PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE

Segundo o dicionário de língua portuguesa Soares Amora, patrimônio são “bens materiais ou morais pertencentes a um indivíduo, a uma instituição, a um povo”

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. A Igreja Matriz de Palmeira é uma edificação que há muitos anos faz

parte da identidade da cidade, pois foi a partir de sua construção que a cidade de Palmeira começou a se desenvolver. A igreja pertence ao povo palmeirense por isso precisa ser preservada. Segundo FUNARI17, Devemos lutar para preservar tanto o patrimônio erudito, como popular, a fim de democratizar a informação e a educação, em geral. Acima de tudo, devemos lutar para que o povo assuma seu destino, para que tenha acesso ao conhecimento, para que possamos trabalhar, como acadêmicos e como cidadãos, com o povo e em seu interesse. Como cientistas em primeiro lugar, deveríamos buscar o conhecimento crítico sobre nosso patrimônio comum.” ( 2001 p. 6).

É preciso mostrar a importância de manter viva a lembrança dos que ajudaram a construir a cidade de Palmeira, e que a Igreja Matriz é um dos elementos que constituem essa memória da nossa história. Por isso é preciso preservar, para que no futuro ainda seja possível conhecer a história através desse patrimônio. Em seu artigo Felícia Assmar Maia18 fala a respeito do direito à memória e que preservar é a palavra chave quando pensamos em memória, pois faz referência à ideia de proteção, cuidado. O trabalho possibilitou o acesso a fontes históricas escritas e não escritas identificando traços do passado que ainda se encontram presentes na Igreja. Buscou-se saber se os traços originais da Igreja foram preservados.

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AMORA, Antônio Soares. Minidicionário Soares Amora: da língua portuguesa. 19ª Ed. São

Paulo: Saraiva, 2009. 17

FUNARI, Pedro Paulo A. Os desafios da destruição e da conservação do patrimônio

cultural no Brasil. 2001.

Disponível em http://www.ufjf.br/maea/files/2009/10/texto1.pdf –

acesso em 15/03/2012. 18

MAIA, Felícia Assmar. Direito à memória: O Patrimônio histórico, artístico e cultural e o poder econômico. Revista Movendo Idéias, junho 2003. Disponível em http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/214.pdf


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HISTÓRICO DA IGREJA

Em 1818 Palmeira pertencia à Freguesia do Tamanduá, hoje Município de Balsa Nova. Os cultos religiosos eram celebrados na capela de Tamanduá a cargo dos Padres Carmelitas. O pároco era o Padre Antônio Duarte dos Passos. Antonio Luis Lamin, conhecido como Tigre, possuía terras na localidade de Tamanduá, onde mais tarde, em 1709, construiu uma capela, a princípio de madeira. Algum tempo depois, entre 1727 e 1730, mandou construir uma capela de pedra e cal para abrigar uma imagem de Nossa Senhora da Conceição entalhada em madeira, vinda de Portugal, que ele havia ganhado19.

Após a

morte de Antônio Luis Lamin e de sua esposa, todos os seus bens foram transferidos para a capela. Em 1813 a capela do Tamanduá foi elevada à categoria de Freguesia, sendo desmembrada de Curitiba. O Padre Antônio Duarte dos Passos não estava convivendo bem com os carmelitas do Tamanduá. Então em 12 de agosto de 1818, entregou-lhes a capela e estando desobrigado de qualquer compromisso para com Tamanduá, encaminhou-se para a Freguesia Nova, local que futuramente se chamaria Palmeira, onde passou a residir. O Tenente Manoel José de Araújo, em 7 de abril de 1819 faz a doação de terras para a construção da igreja, na Freguesia Nova. A Igreja seria dedicada a Nossa Senhora da Conceição atendendo a um desejo de sua esposa ainda em vida. Não houve problemas para a doação das terras, pois segundo consta no livro de Astrogildo de Freitas20 a família do Tenente Manoel José de Araújo, a começar por ele, eram católicos convictos e praticantes. A doação foi feita em termo lavrado no livro tombo n°1 da Matriz “Aos sete dias de abril de mil oitocentos e dezenove, o Tenente Manoel José de Araújo fez a doação a Nossa Senhora da Conceição, nossa Padroeira, sem pensão alguma, de um campo onde se está fabricando a Matriz, e suas divisas são: do passo do Lajeado da estrada de baixo até a forquilha do arroio do monjolo e por estar acima 19 20

GUMY, Luiz Gastão. Visões do Passado. Gráfica Cidade Clima. 1ªed. Palmeira, 2002.p.151. FREITAS, Astrogildo de. Palmeira reminiscências e tradições. Volume 2. Editora Lítero –

técnica. Curitiba, 1984.


7 até a barra de um arroio que nasce abaixo da casa do mesmo que lhe chamam bica do mato e cortando em rumo da dita barra há um marco de pedra e do dito marco a um arroio que faz vertente par o Lajeado e por este arroio do lajeado abaixo até o Passo da estrada onde principiou a demarcação, cujo terreno deu de sua livre vontade, com a condição de no caso de se mover a Freguesia para outra parte ficarem sendo seus o dito terreno; outrossim, que sua família terá preferência em todo lugar que escolher pra fabricarem suas casas. E, para constar, lancei este termo. Dia, era ut supra. O Vigário Antonio Duarte dos Passos. Como doador Manoel José de Araújo. Como testemunha Domingos Inácio de Araújo Como testemunha José Caetano de Oliveira Como testemunha José Joaquim dos Santos Como testemunha Francisco Martins “. (Transcrição do Livro Tombo n° 01 – Paróquia de Palmeira).

Como o Padre já vivia há algum tempo na cidade, já havia sido construída uma pequena igreja de madeira para a prática dos ofícios divinos. Padre Antônio Duarte dos Passos tratou logo de legalizar as obras já iniciadas. Em julho de 1820, D. Matheos de Abreu Pereira, Bispo de São Paulo, superior do Padre Antônio Duarte dos Passos, concede a licença para a edificação da Matriz. A benção solene da nova Igreja aconteceu em 8 de setembro de 1823. Em 8 de dezembro de 1837 a imagem de Nossa Senhora da Conceição foi introduzida no altar mor. Esta data é dada como data de conclusão da obra21.

2.1- MODIFICAÇÕES QUE OCORRERAM DURANTE OS ANOS

Conforme citado, a Igreja foi construída para alojar a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Depois de reconstruída, foi mandado colocar assoalho em um dos corredores laterais, onde eram ministradas aulas de instrução primária. Na parte superior aconteciam sessões da Câmara Municipal de Palmeira. No ano de 1875 foi construído ao redor da igreja um muro de arrimo, que servia para segurar a terra que era levada com a água da chuva e tornar mais sólidas as paredes que já estavam apresentando fendas e que até hoje protege a igreja.

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FREITAS, Astrogildo de. Palmeira reminiscências e tradições. Volume 2. Editora Lítero – técnica. Curitiba, 1984.


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A igreja possuía apenas uma torre, a da esquerda. Existe uma história que a torre da direita foi construída para pagar uma promessa feita pelo tenente Joaquim Vicente da Silva Montepolciano de que iria mandar construir a segunda torre se ganhasse na loteria. E ela foi construída22. Existia também ao redor da igreja uma cerca feita de madeira, que tinha como finalidade proteger a igreja, como podemos ver na fotografia abaixo.

Fotografia 1 - Igreja Matriz de Palmeira +- 1905 - Acervo do Museu Histórico de Palmeira

3- PADRE JOSÉ POLIGA

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KLAS, Arthur Orlando. Recordar é Viver. Vol. II. p. 22. Gráfica Cidade Clima. Palmeira, 2002.


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Fotografia 2 - Acervo Museu Histórico de Palmeira

O Padre José Poliga nasceu na Alta Silésia, na Alemanha (atualmente Polônia), na cidade de Ratibor, no dia 26 de outubro de 1899. No ano de 1915, com a idade de 16 anos, entrou para o seminário de “Santa Cruz”, localizado na cidade de Heiligkreuz, na Alta Silésia, que pertencia à Sociedade Missionária do Verbo Divino na qual mais tarde ele se ordenaria. Em 1917, quando já era seminarista, é convocado para fazer parte do exército Alemão na 1ª Guerra Mundial, servindo na artilharia. Durante o verão de 1918, gravemente ferido em combate, vai paro o Hospital da Cidade de Wetzlar, na Alemanha. Ainda em 1918 volta para o seminário, termina seus estudos em 1922, e vai para o Seminário Maior de São Gabriel, na Áustria. Em 1928 emite os votos perpétuos e em 9 de maio de 1929 tem a sua ordenação sacerdotal. Em setembro de 1929, foi enviado pelos superiores de sua congregação para o Brasil. Seu primeiro contato com o Brasil foi em Juiz de Fora, Minas Gerais. Em 1931, foi enviado para o Paraná, trabalhando inicialmente em Ponta Grossa, na Paróquia e na Igreja Nossa Senhora do Rosário. Em 1932, seus superiores o designaram para a Paróquia de São José dos Pinhais, e em seguida passou a trabalhar na Igreja de Santo Estanislau, em Curitiba, como Reitor. De Curitiba vai para a paróquia de Rio Azul. Foi designado como Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Palmeira, em abril de 1948, onde exerceu seu cargo por nove anos 23.

OBRAS REALIZADAS NA IGREJA MATRIZ

São poucos os dados encontrados a respeito da estadia do Padre Poliga na cidade de Palmeira. Foi a época em que foram feitos menos registros no livro tombo. No livro tombo numero 5 da Igreja Matriz consta apenas a data em que o padre começa a exercer seu cargo de Vigário da cidade, no ano de 1948.

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SILVA, José do Socorro Oliveira. Palestra de Apresentação do Patrono Padre José Poliga

Cadeira n° 37. Julho/2008, Sede IHGP – Palmeira, Paraná.


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Padre José Poliga realizou várias obras na cidade de Palmeira e segundo relatos, ele mesmo gostava de executar os serviços, carregava os tijolos, a areia e tudo mais. Realizou várias obras na Igreja, construiu a Casa Paroquial e o Colégio das Irmãs onde hoje está situado o Colégio Sagrada Família

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.

Na década dos anos 1950, foi feita a construção da terceira torre nos fundos da Igreja, de frente para a Rua Conceição. Podemos ver na fotografia 3, a imagem de Nossa Senhora da Conceição sendo erguida para ser colocada na terceira torre após sua construção e na fotografia 4 a torre já com a imagem no lugar.

Fotografia 3 – Imagem de Nossa Senhora da Conceição - Acervo Museu Histórico de Palmeira

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Informações retiradas do vídeo feito pelo Sr. Euclídes Alves de Paula.


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Fotografia 4 – Fundos da Igreja Matriz de Palmeira - Acervo do Museu Histórico de Palmeira

Também foram feitas nessa mesma época algumas reformas na igreja, como a reforma do telhado, do forro e do assoalho. Padre Poliga mandou fazer também uma nova pintura na parte interior da Igreja, com motivos religiosos, como podemos ver na fotografia 5, onde aparecem o altar mor. Atrás dele existe a pintura de São Pedro do lado direito e do lado esquerdo a pintura de São Paulo. Na fotografia 6 podemos ver na parte superior do altar, a pintura da Santa Ceia.


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Fotografia 5 - Acervo do Museu Histórico de Palmeira – Casamento de Eunice Breda – 10 de junho de 1950

Fotografia 6- Acervo Museu Histórico de Palmeira - Altar Mor da Igreja Matriz


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Em outra fotografia tirada de outro ângulo podemos ver que havia um altar menor de cada lado do presbitério.

Fotografia 7 - Acervo Museu Histórico de Palmeira – Celebração com o Bispo em 1950

CONCLUSÃO


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O objetivo deste trabalho era saber quais foram às mudanças feitas na Igreja Matriz de Palmeira durante a estadia do Padre José Poliga na cidade. Não foi fácil realizá-lo e atingir os objetivos, pois foram poucas as fontes encontradas, mas foi uma pesquisa muito interessante e que despertou muita curiosidade sobre o tema. Consegui concluir que a Igreja Matriz da cidade de Palmeira desde o início de sua construção sofreu várias transformações, tanto no modo como eram feitas as celebrações como em sua estrutura física. As mudanças foram ocorrendo conforme mudava o pároco, ou seja, em cada período ocorreu algum tipo de mudança. De 1948 até 1957, Padre José Poliga trabalhou muito em prol da comunidade. Realizou reformas na Igreja Matriz, no assoalho, no forro, construiu uma terceira torre nos fundos da Igreja e lá colocou uma imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição. Mandou fazer uma pintura lindíssima no altar mor da Igreja, onde foram pintadas as imagens de São Pedro e São Paulo. Apesar de muito bonita a pintura começou ai a descaracterização da igreja, pois essa pintura foi feita em cima de outra já existente. A época em que Padre Poliga esteve em Palmeira, foi a que teve menos registros no livro tombo da Igreja. Ele gostava muito de trabalhar, de colocar a mão na massa, gostava dele mesmo realizar as tarefas, carregar tijolos, areia, entre outras coisas, mas registrava apenas o que era obrigatório. A maior parte dos dados sobre a estadia do Padre José Poliga em Palmeira foi obtida através de vídeos gravados para um documentário que será feito futuramente. Nestes vídeos algumas pessoas mais antigas da cidade que viveram nesta época contam sobre a experiência de ter convivido com o padre e sobre as obras que realizou na cidade. No vídeo também é citado sobre o conserto do relógio, quem foram os pintores da imagem do teto da igreja, quem construiu o altar mor e quem foram os operários na reforma mais recente que aconteceu na igreja, dados esses que não correspondem à época pesquisada, mas que poderão ser utilizados em futuros trabalhos. Apesar das poucas fontes escritas sobre a história da Igreja Matriz nesta época, foi possível conhecer o trabalho de um padre estrangeiro que, enquanto esteve na cidade, trabalhou bastante em prol da comunidade e com


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isso ficou muito querido pelo povo palmeirense, chegando a receber o título de cidadão Honorário de Palmeira. A pesquisa nos revela que os traços do passado foram quase que completamente apagados. Da construção original ficou apenas a parte externa dianteira da igreja e os corredores construídos para alojar aulas do curso primário e sessões da Câmara Municipal. Padre Poliga mudou seus traços quando construiu a torre e mandou fazer nova pintura. Este trabalho possibilitou uma abertura para novas pesquisas, no sentido de mostrar as mudanças que ocorreram depois do Padre Poliga até os dias de hoje e que levaram a Igreja Matriz a perder quase que completamente seus traços originais, impossibilitando até mesmo que fosse tombada como patrimônio histórico. Enfim pode-se concluir que a cidade de Palmeira está pobre de fontes históricas primárias a respeito da igreja. Só existem os dados que já estão escritos em livros de autores palmeirenses e não são encontradas mais fontes que possam revelar novos dados.

REFERÊNCIAS

AMORA, Antônio Soares. Minidicionário Soares Amora: da língua portuguesa. 19ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

CREA-SP - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo. Patrimônio histórico: como e por que preservar Grupo de Trabalho Patrimônio Histórico e Arquitetônico. 3ª edição, 2008. Disponível em< www.prefeituradeouropreto.com.br/.../Patrimônio%20Histórico> Acesso em 18/03/2012 FREITAS, Astrogildo de. Palmeira reminiscências e tradições. Volume 2, Editora Lítero – técnica. Curitiba, 1984.

FUNARI, Pedro Paulo A. Os desafios da destruição e da conservação do patrimônio

cultural

no

Brasil.

2001.

Disponível

http://www.ufjf.br/maea/files/2009/10/texto1.pdf – acesso em 15/03/2012.

em


16

GUMY, Luiz Gastão. Visões do Passado. Gráfica Cidade Clima. 1ªed. Palmeira, 2002.

KESSEL, Zilda. Memória e Memória coletiva. Disponível em: http://www.museudapessoa.net/oquee/biblioteca/zilda_kessel_memoria_e_mem oria_coletiva.pdf

KLAS, Arthur Orlando. Recordar é Viver. Vol. II. P 11 e 22. Gráfica Cidade Clima. Palmeira, 2002.

KLAS, Arthur Orlando. Recordar é Viver. Vol. I. p 104 e 105. Gráfica Cidade Clima. Palmeira, 2000.

LOPES, J.C.V. Aconteceu nos Pinhais: Subsídios para a história dos municípios do Paraná. Curitiba; Editora Progressiva, 2007.

MAIA, Felícia Assmar. Direito à memória: O Patrimônio histórico, artístico e cultural e o poder econômico. Revista Movendo Idéias, junho 2003. Disponível em http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/214.pdf

MOREIRA, R. N.P. História e Memória: Algumas observações. Disponível em http://www.fja.edu.br/proj_acad/praxis/praxis_02/documentos/ensaio_2.pdf

PIZZANI, Edilson José. Repensando a história local: A Igreja Matriz e o seu entorno em Palmeira: Um estudo de Caso. Disponível em www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1821-8.pdf

SILVA, Francisco Ribeiro da. História Local: Objetivos,Métodos e fontes. Disponível em http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3226.pdf

SILVA, José do Socorro Oliveira. Palestra de Apresentação do Patrono Padre José Poliga Cadeira n° 37. Julho/2008, Sede IHGP – Palmeira, Paraná.

Site acessado:


17

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Caetano_de_Oliveira> 18/06/2012.

acesso

em


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