Directora: Irene Leite
Edição especial
NERVO
UM GRUPO COM GARRA NO ROCK EM LÍNGUA DE CAMÕES
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Editorial O Som à Letra tem crescido nos últimos oito meses. São cada vez mais as bandas que batem à nossa porta, o que é motivante para o trabalho deste jornal. Infelizmente nem todos são abraçados , por motivos de não se enquadrarem no tipo de música que procuramos , ainda assim, o balanço é muito positivo.
Irene Leite
Esta semana trazemos os Nervo, uma banda que faz das “ Tripas Coração ” para levar a música aos palcos, a sua praia. O público
Directora do jornal Som à Letra
agradece e a crítica aplaude, incluindo o próprio Som à Letra ( à semelhança do que aconteceu com os Mob of God e a Matilha ) . Portanto hoje colocamos no vosso prato rock do século XXI feito em língua de Camões. De destacar ainda a estreia da categoria “ Retro Star ” , onde proporcionamos uma viagem no tempo aos nossos leitores. Tudo em consonância com a nossa política dos dois V´S : Vintage e Vanguardismo, of course!
A nova categoria do Som À Letra , que promete viagens no tempo aos seus leitores, e de preferência em PORTUGUÊS!!!
A abrir temos “sémen” dos Xutos Xutos & Pontapés Vejam em : www.youtube.com/somaletra
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NERVO UM GRUPO COM GARRA NO ROCK EM LÍNGUA DE CAMÕES
Depois da Matilha é a vez dos Nervo. Um grupo de rock com Portugal na voz e o palco como praia. O álbum “Tripas Coração” é o cartão de visita e mote para uma viagem do Som à Letra ao percurso da banda. Os Nervo embarcaram connosco. O resultado é o que se vê, lê e ouve. Texto de Irene Leite
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4 anos 70, Sérgio, Pedro T. e Ganzax. Passados alguns anos, inesperadamente, mas sem ser por acaso, encontram-se numa longínqua e desconhecida Cratera chamada Moita, s Nervo são um grupo português de rock algures em Portugal. Depois de viagens intercomposto por Sérgio (vocalista), Pedro Teixeira planetarias por mundos musicais alternativos (guitarra) , Derek Anthony (Guitarra), Paulo Ganzax e decadentes, os 5 Cavaleiros das Estrelas, (Baixo), e Pedro Varruka (bateria). aterram a sua nave espacial no ano 2005.
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“As nossas canções focam-se sobretudo em temas do quotidiano”, começa por explicar o grupo ao Som à Letra. “Tanto podemos falar de óvnis como a seguir podemos falar de solidão.Não temos nenhuma mensagem em particular, são apenas cantigas que ficam no ouvido e que por vezes transportam o que sentimos”, acrescentam os homens de “Eu vi um O.V.N.I.”
Mas como e quando se formaram os Nervo? Reza a história (narrada pelos próprio Nervo) que tudo começou numa nave espacial que desceu ao planeta Terra . Da primeira experiência universal em atmosfera terrestre nascem, do grande baby boom nos anos 70, Sérgio, Pedro T. e Ganzax. Passados alguns
Em 2006 gravam e lançam um EP “com uma formação diferente da presente”, sendo “os unicos originais dessa altura, o Sérgio e o Pedro Inácio, vocalista e guitarra solo ”, explicam os Nervo ao Som à letra. No entanto, passado alguns meses terminaram. Só em 2007 voltavam a reunir-se, já com nova formação (a actual). Em 2008 rumam à estrada para vinte concertos e em agosto desse ano gravam o álbum “Tripas Coração” , que saiu em Março do ano passado.
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Quanto a feedbacks das vendas , “não temos ainda “Tripas coração” um álbum “simplesmente a noção ,mas não acreditamos que tenha sido muito rock” grande porque somos uns perfeitos desconhecidos”, “Simplesmente Rock”, são as duas palavras explica o grupo ao Som à Letra. Ainda assim, que os Nervo aplicam para caracterizar o seu “temos vendido alguns nos nossos concertos e a som. E “Tripas coração”, o álbum de estreia não pessoas que nos pedem por email”. foge a esta máxima , ao comando de canções A banda reconhece a complexidade da situação. como “o tempo cura” ou a “canção da rádio”. “Investimos dinheiro no álbum e gostaríamos de ter esse investimento devolvido,mas através de conEste primeiro trabalho discográfico foi lançado certos e venda de merchandising temos conseguino ano passado e já está à venda em edição de do ,é aqui que ganhamos qualquer coisa”, exlareautor. No entanto, “conseguimos a nível de dis- cem os Nervo. tribuição assinar com a Compact records e a Believe Digital”. Mais uma banda a navegar no MAR A Compact Records “encarregou-se de distribuir Tal como a Matilha , os Nervo fazem parte do nas lojas nomeadamente nas Fnac´s,Media MAR (Movimento Alternativo Rock), tendo sido Mark e outras lojas”, já a Believe Digital encarreinclusive uma das bandas fundadoras do moviga-se distribuição online. mento. O balanço é mais que positivo nestes últimos dois anos.
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Queremos acima de tudo ser reconhecidos pelo nosso trabalho e espalhá-lo para toda a gente”
“O nosso baixista , o Paulo Candeias conheceu o Bruno Broa (ex-Aestranha) e o João ( ALF) e as três cabecitas juntaram-se e criaram o MAR para poderem divulgar em conjunto as três bandas, aliás as quatro porque no início eramos nós, os Alf.Maçã de Prata e aestranha”, explicam os Nervo ao Som à Letra. O Movimento Alternativo Rock tem crescido nos últimos dois anos , atraindo varios seguidores , agregando novas bandas e chegando a várias instituições.”Tem sido muitas das vezes a nossa tábua de salvação , desde a divulgação, promoção, concertos etc”, confessa o grupo.
A cara e coroa da Internet Quando se fala em internet e nas vantagens na divulgação dos novos talentos há sempre os dois reversos da medalha: por um lado a divulgação do trabalho, por outro, a pirataria. O que pensam os Nervo a este respeito? “Não nos aborrece particularmente esse assunto, sabemos que ao lançar um álbum a única que coisa que ganhamos é divulgação e não dinheiro. Queremos acima de tudo ser reconhecidos pelo nosso trabalho e espalhá-lo por toda a gente”.
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7 Para além da internet , os concursos também revelam-se uma boa maneira de apresentar o trabalho dos grupos. Ao que o Som à Letra apurou , os Nervo inscreveram-se no Super rock , Super Rock Preload e no Levis Unfamous Music Awards.
“Sabemos que cantar em português dá-nos algumas limitações, especialmente no que toca em sair para o estrangeiro mas não nos incomoda, é preciso ter coragem para cantar em português”, diz o grupo . Uma autonomia forçada
Os Nervo já procuraram editoras, até agora “Na verdade não gostamos de concursos, não pelo sem sucesso. “Não queremos de todo ser receio de perder nem nada disso, apenas não os achamos assim tão relevantes apesar de alguns terem prémios bastante aliciantes”, começa por explicar o grupo.
“É obvio que gostávamos de tocar no Super Bock Super Rock, mas existem tantas bandas que é difícil lá chegar, preferíamos tocar num desses festivais de outra forma,não acreditamos que essa seja a única maneira”, rematam os Nervo.
autónomos, mas a verdade é que temos que ser porque ninguém tem mostrado interesse em nos ajudar nesse aspecto.Talvez não Uma das condições para fazer parte do Movimento tenhamos falado com as pessoas certas, não Alternativo Rock é a necessidade de cantar em portu- sabemos”, explica o grupo ao Som à Letra. guês. No entanto, fica sempre a dúvida. Será que os Nervo pensaram em cantar noutra língua? Mas “temos esperança que o nosso teledisco nos abra algumas portas”, já que “tem tido “Já, quando éramos mais novos. Todos tivemos ban- bastante aceitação e pensamos que poderá das e sempre em inglês mas agora chegou a altura de passar no MTV brevemente, o que poderá tocar na nossa língua, os NERVO nasceram para dar um impulso à banda….assim esperaisso”. mos”.
A visitar: www.myspace.com/nervoprojecto
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Os aplausos da crítica Cinco anos de trabalho dão pano para mangas a qualquer grupo comprometido com o seu trabalho. Os Nervo não são excepção, tanto que a crítica já começa a manifestar-se e positivamente.
O palco é a nossa praia”
“Quem já ouviu gosta, temos tido excelentes criticas as suficientes para sabermos que estamos no caminho certo”, garantem os Nervo ao Som à Letra.
“As pessoas que assistiram ao concerto, viveramno de forma exuberante, aliás, deve ser difícil ficar indiferente a tamanha lição de estar em palco por parte da banda da Moita: é fazer das “tripas coração” para segurar a adrenalina”.
O público também não desanima os Nervo.”A esse nível tem sido impressionante, e agradecemos muito às pessoas que nos têm seguido em quase todos os concertos deste o norte ao sul. O palco é a nossa praia”, contam.
Excerto da crítica de João Costa no site Imagem do Quanto a projectos futuros, os Nervo vão Som, a próposito de um concerto dos Nervo a 17 partir brevemente para as gravações do Abril na Capricho Setubalense segundo teledisco e já estão a trabalhar em novas músicas. Não sabem apenas se vai ser álbum ou EP, “até porque o dinheiro não abunda para investir”.