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JANEIRO DE 2015. ANO VI. NÚMERO 25
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA
Arrocha
RAíSA SALLES
jornAL-LABorATÓrIo do CUrSo dE ComUnICAÇÃo SoCIAL/jornALISmo dA UFmA, CAmPUS dE ImPErATrIZ
As duas mães de Francisco
RAíSA SALLES
ARQUIVO PESSOAL
Histórias da maternidade
Após inúmeras tentativas, casal homossexual conseguiu a gestação usando a técnica da inseminação artifical a partir de um doador. Para Francisca, a nova configuração de família é um ganho para a sociedade. “Acho que não é o fim da família, é o caminho para um mundo melhor, pois não teremos mais crianças abandonadas.”
Filha doente: desafio cotidiano
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Criança abandonada em lixão ganha família Hoje aos 29 anos, Ronaldo Spíndola, agradece à família que o acolheu depois de ter sido abandonado em uma cofo de palha pendurado em uma árvore do lixão da cidade de Bacabal – MA. Até os 13 anos, o rapaz sofreu com várias doenças e sempre contou com apoio dos familiares. Página 8
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Arrocha CHARGE
EDITORIAL Adolescentes, solteiras, deficientes, homossexuais, mulheres com mais de 40 anos, avós, profissionais, donas de casa. O que elas têm em comum? São mães. Este é o tema da vigésima quinta edição do jornal Arrocha, que aborda em suas páginas histórias de mulheres decididas pela maternidade. Durante a produção, os acadêmicos de jornalismo tiveram de conviver com os personagens e “mergulhar” em seu cotidiano buscando captar expressões, palavras, gestos que revelassem o amor das mães pelos filhos. Além disso, os futuros repórteres tiveram a dupla missão de escrever e fotografar as mamães. Nesta publicação o leitor vai encontrar a história das mamães
Ano VI. Número 25 iMPERATRIZ, janeiro de 2015
por Natália Catherine
Francisca Rita da Silva e Nádia Leite que abrilhantam nossa capa. A perseverança de Maria de Fátima Alves para engravidar do pequeno Kennedy. O desafio da jovem Layane Costa para conciliar maternidade e mercado de trabalho. A surpresa da maternidade depois dos 40 anos para Dona Bernardina. As emocionantes adoções da enfermeira Érika Tourinho, entre outras narrativas. Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também é um ritmo musical do Nordeste Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.
Ensaio fotográfico
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laudecy bilio
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Jornal Arrocha. Ano VI. Número 25. Janeiro de 2015.
Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Universidade.
Reitor: Prof. Dr. Natalino Salgado Filho | Diretor do Campus de Imperatriz - Prof. Dr. Marcos Fábio Belo Matos | Coordenador do Curso de Jornalismo - Prof. M. Antonio Carlos Claudino. Professores: Thays Assunção (Laboratório de Jornalismo Impresso) e Yara Medeiros (Laboratório de Programação Visual). Revisão: Rosana Sousa Pereira
Diagramação: Artemisa Lopes da Silva Serejo, Asarias Sousa Silva, Aurelícia Rodrigues de Almeida, Barbara Suzany Campos Oliveira Leone, Brenda Raynara, Brigithy Karen Canuto Silva, Camila Mascarenhas, Deylanne Santos, Elane Sousa, Elvira de Oliveira Santana, Emerson de Franca Carvalho, Genyedi Soares Barros, Jéssica Torres, José Carlos Silva de Almeida, Juliana de Sá, Laura Glapinski Zacca, Letícia Feitosa Barreto, Lindiane Sousa do Nascimento, Paulo Rogério Pereira dos Santos, Raquel Macedo Reis., Ravinny Sousa, Rodrigo Ribeiro Bezerra, Ruann Carlos, Suelbe Gomes dos Santos, Thaylissa Souza Jorge, Thays dos Santos Nascimento, Vanessa Carvalho e Yasmin Silva.
Estagiárias: Deylanne Santos e Genyedi Soares Barros Reportagem e fotos: Denise Falcão Nascimento, Edmara Silva da Silva, Karla Mendes Santos, Laudecy Bilio dos Reis, Leiliane de Araujo dos Santos, Leonan Alves de Sousa Moraes, Lucas Jhonata Andrade da Silva, Luis Fernando França da Cunha, Natália Catherine Moura Ferreira, Nilo Pereira Lima, Raísa Salles, Rayane Silva de Carvalho, Rosiane Feitosa Pires e Stephanne Rufino Menezes
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Expediente
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Contatos: Acesse o jornal em: www.imperatriznoticias.com.br Fone: (99) 3221-7625 Email: contato@imperatriznoticias.com.br
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GENEROSIDADE Dona Maria carrega no coração uma enorme generosidade. Mãe de 12 filhos, a dona de casa cria mais dois netos com todo carinho e afeto que uma mãe pode oferecer a um filho
Uma super vovó, uma excelente mãe nAtália Catherine
de um acidente de trânsito. A cena ficou gravada em sua mente e a auAcordar cedo, passar o café, sência do companheiro, Raimundo “chamar o menino da cama” e preNonato Vieira, ainda hoje é sentida pará-lo para mais um dia de aula. por toda família. Limpar a casa, corre-corre da sala Com os olhos fixos no chão enpara a cozinha, é almoço e janta: é quanto conversávamos, Dona Maria mãe. É assim parte do dia a dia de diz exatamente a data do acidente, Maria Silva Barroso. 15 de março de 2010. Nesse momenDona Maria carrega no semblanto, ela parecia querer esconder de te a experiência de mãe de doze si mesma a tristeza, dessa vez não filhos, que afirma ter “criado com olhava mais a rua. As palavras comuito sacrifício e orgulho”. Mas meçam a faltar, as mãos apertam como dizem por aí, “coração de mãe apressadas um pedaço de papel e sempre cabe mais um”, no caso de decido então mudar de assunto. Maria couberam mais dois. Aos 66 Residindo em Imperatriz há 37 anos, ela ainda é mãe de dois filhos anos, ela e seu Raimundo deixaram o netos, Richard, 20, e Gleisson de município de Vitorino Freire-MA em dez anos. busca de melho“A mãe de res condições de “Maria é uma das Gleisson o rejeivida. Hoje apotantas Marias que tou quando nas sentada, Maria ceu, ele era muito todos os dias convivem sempre cuidou doentinho. Ela da casa e dos ficom as mazelas nossas disse que iria dálhos, enquanto o -lo a qualquer esposo trabalhade cada dia” um que quisesse va em qualquer e eu não podia serviço braçal ou permitir isso. Pedi então pra que bico que aparecesse. “A necessidade ele ficasse comigo”, diz dona Maera muito grande quando nós chegaria afirmando que o rapaz não tem mos aqui, sofremos muito, não coum bom relacionamento com a mãe nhecíamos nada e os primeiros cinco biológica. anos foram de taca”, relembra. Já a mãe de Richard teve que viaO filho-neto mais novo, Gleisson, jar em busca de emprego e por não está no sexto ano do ensino funter como ficar com a criança o deidamental. A supervovó da vida real xou com a avó, “ela foi há uns dez diz que sempre faz o possível para anos e nunca mais voltou”, conta ajudá-lo com as atividades escolares, dona Maria com o olhar aflito mimas é limitada por falta de estudos. rando Gleisson a brincar na rua de Ela não é alfabetizada e por conta sua casa, o local que há quatro anos disso mantém o garoto, sempre que foi um grande vilão na vida dela. pode, em reforço escolar. Alegre e divertida, a tetradecaTragédia – Maria perdeu o esposo campeã (mãe 14 vezes: 12+2) a todo na frente de casa em 2010, vítima o momento agradece ao “Pai” por LEONAN MORAES
Dona Maria carrega no semblante a experiência de ser mãe de doze filhos. Aos 66 anos, ela ainda cria dois netos, Richard, 20, e Gleisson de dez anos
ter “dado essa licença de cuidar de todos e hoje está aqui cuidando de mais dois”. Para Maria a idade não é desafio, “ainda faço minha missão de mãe, já cuidei dos 12, agora 14 e ainda gosto quando os netos enchem a casa”. Ela ainda espera cuidar de Gleisson e Richard muito mais tempo e alcançar os bisnetos.
“Maria é uma das tantas Marias que todos os dias convivem com as mazelas nossas de cada dia. Mas uma Maria que sabe que é preciso ter força, é preciso ter raça” como canta Milton Nascimento. Uma Maria mistura da dor e a alegria. Na despedida, me leva até a porta da rua. Despeço-me de Gleisson, Ri-
chard não está em casa. Com o apertar de suas duas mãos, a avó mãe deseja um “Deus te abençoe”. Enquanto sigo meu caminho, ela encosta-se na parede e me olha ainda curiosa por alguns instantes, mas como é experiente e sempre atenta ao chiar das panelas no fogo, entra em seguida e fecha a porta.
NILO PEREIRA
A experiência de ser mãe depois dos 40 anos: notícia inesperada, risco e realização NILO PEREIRA
Bernardina aos 42 anos, com três filhos, e 18 anos de ligadura se surprendeu ao engravidar de Isadora
Receber a confirmação de uma gravidez é uma das notícias mais esperadas pela maioria das mulheres. Não no caso de Bernardina Lima. Com 42 anos, três filhos e já “ligada” – expressão usada para se referir a mulheres com laqueadura nas trompas – ela não imaginava, nunca mais ouvir estas palavras: “Parabéns dona Bernardina, a senhora está grávida”. Confusa com as palavras do médico, dona Bernardina, ou simplesmente dona “B”, se questionava sobre a gravidez. “Eu já tinha 18 anos de ligada e no meu pensar não poderia mais ter filhos”, comentou. Da mesma forma, o marido de dona “B”, Cleto Pereira Lima, estranhou o fato de ser papai novamente. “Demorei pra aceitar a ideia que ia ser pai de novo. Mas depois do susto, só foi alegria”. Já os familiares e amigos de dona Bernardina, festejaram de imediato a notícia da gravidez. “As pessoas que convivem comigo ficaram felizes com a notícia de terem um novo
bebê no meio familiar. Foi uma festa a chegada deste bebê”. A gravidez de Bernardina foi de risco. Ela teve de fazer um rigoroso pré-natal, tomar vários medicamentos, controlar a alimentação e ficar de repouso. “Depois dos 35 anos, toda gravidez é delicada. E eu já tinha 42 anos! Tive de redobrar os cuidados, mas graças a Deus correu tudo bem”, pontuou.
A chegada de Isadora – Após nove meses de espera, e já com o parto agendado, pois tratava-se de uma cesariana, no dia 05 de setembro de 2011, nasce a caçula da família Lima, Isadora. Com receio de engravidar novamente, Bernardina ainda no hospital fez outra laqueadura. “Entendo que quatro filhos já tá de bom tamanho”, brincou. Quando Isadora foi para casa, não foi nada fácil para dona Bernardina e seu marido. Eles tiveram de relembrar todos os cuidados necessários para manter o bem-estar do bebê, como alimentação, troca de fraudas, dosagem de medicamen-
tos, exposição ao sol, dentre outros. “Tive que aprender quase tudo novamente. Mas é maravilhoso ser mãe depois dos 40”, frisou Bernardina. Ainda dona “B” adaptou sua rotina para conciliar os cuidados com a filha pequena, afazeres domésticos e o trabalho fora de casa. Mas ela não reclama e garante “Nós mulheres temos esta dádiva, de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Pra tudo damos um jeito”. Hoje, com dois anos e nove meses, Isadora é o “xodó” da família, principalmente para seus irmãos. “É maravilhoso ter a Isadora em casa! A gente brinca, sorri e se diverte juntos”, afirmou o irmão mais velho de Isadora, Fernando Lima. Depois de todos estes episódios, restou ao casal, Cleto e Bernardina, a lição de que é fundamental conhecer mais sobre os tipos de laqueaduras. “Tudo que aconteceu foi por falta de conhecimento mesmo. Não sabíamos que existiam duas laqueaduras, uma de amarração e outra em que as trompas são cortadas. No caso de Bernardina foi amarração, por isso ela engravidou”, concluiu.
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Cuidados especiais Dona Alderina Matos luta sozinha para conseguir garantir o bem-estar da pequena Luana, que sofre de Deficiência Mental Congênita desde o nascimento
Mãe luta para garantir saúde da filha doente karla mendes
Dona Alderina Matos cuida sozinha de uma filha com Deficiência Mental Congênita. Ela conta que sofreu bastante com a descoberta da doença da filha e teve depressão por quase um ano. “Eu chorava dia e noite sem parar quando recebi a notícia da deficiência. A gente sempre espera que tudo saia perfeito. É frustrante ! Mas aí, eu fiquei boa e comecei a buscar melhorias para ela. De garrafadas a cultos, eu fiz para minha filha”. A mãe de Luana ainda menciona a falta de profissionais dedicados e dispostos a orientar as mães sobre como lidar com a deficiência logo após o diagnóstico “Sem orientação não sabemos como lidar. Às vezes a família recebe o diagnóstico da doença e não sabe o que é, ou não entende. Acho que deveríamos ter um acompanhamento melhor dos médicos, principalmente com orientações sobre os cuidados necessários com uma criança deficiente”.
karla mendes
Trabalho – Aos 15 anos, Alderina saiu
Tratamento – Incansável defensora da cura da filha, Dona Alderina já conseguiu muitos tratamentos para Luana. “Como eu corri atrás de tratamentos desde cedo, minha filha já progrediu muito, graças a Deus! E tenho certeza que ela vai ficar boa”, disse. Hoje, com oito anos, Luana ingere duas cartelas de Gardenal por mês para controlar a agitação e prevenir crises de convulsão. Além disso, a menina realiza consultas, a cada 15 dias, com psicólogo, pedagoga e fonoaudióloga da Associação de Pais e Amigos dos excepcionais do Brasil (APAE).
desabafa com os olhos cheios de água. A mãe de Luana também não suporta ouvir falarem mal da filha – é uma típica mãe “leoa”. “Se perguntam demais sobre Luana com ar irônico ou de deboche, não aguento! Fico logo incomodada e falo mesmo. Não dá pra ficar só fingindo que não é com você”.
Como mãe dona Alderina é a incansável defensora de Luana, por isso sempre correu atrás de tratamentos que pudessem melhorar a vida da filha
Aliada aos medicamentos, a atenção de Dona Alderina ao comportamento de Luana é fundamental no tratamento. “Ela deu agora para comer de forma desordenada. Fica constantemente abrindo a geladeira e de boca cheia. Tenho de ficar controlando, pois ela tá ficando redonda!”, afirmou. Por outro lado, a mãe de Luana não esconde o alívio quando pergunto sobre a rotina da criança: “Com Luana eu tô no céu! Ela come sozinha, se banha, anda, faz quase tudo só. Já
vi criança que depende mais da mãe! Nesse aspecto ela não dá trabalho, mas é bastante teimosa. Os instantes de ira são vários!”, menciona
Discriminação - Assim como o racismo, o preconceito contra os deficientes é ainda uma realidade gritante em Imperatriz. E Alderina já passou por situações constrangedoras. Ela relembra um dos episódios mais tristes que já vivenciou desde o nascimento da filha. “Teve
um dia que Luana brigou na escola com outra criança, e a mãe da outra menina, junto com outras, se reuniram para reclamar da Luana. Eu fui chamada na escola, e quando cheguei todas elas estavam revoltadas e queriam que minha filha saísse do colégio. Mas eu não fiquei quieta, fui pra cima na hora! Começaram a me xingar e dizer que o lugar dela era em um hospício, que ela era louca, e que não devia ficar na mesma sala de aula. Só preconceito!”,
Ligadura: “uma das melhores decisões que já tomei” tar com meus filhos e de cuidar deles”, relata. Em seguida, ela veio para Impe ratriz e conheceu Sérgio Duarte Costa, Jackeline dos Santos Magalhães, 31 41 anos, em 2010. anos, faz parte do perfil de mães brasi“Eu vim para Imperatriz, pois tinha leiras que optaram por ter uma famípassado em um concurso da prefeitulia bem menor das que tiveram suas ra. E foi nesse tempo que eu conheci avós. Aos 23 anos e com duas filhas, meu atual marido, Sérgio. Logo comeClarice e Emanuela, ela fez a cirurgia çamos a morar juntos, e depois de três de laqueadura das trompas em 2005, meses com ele, fui chamada para o após o nascimento do terceiro filho. emprego”, afirmou Jackeline. “Eu queria estudar e trabalhar Sérgio tem dois filhos do primeie com muitos filhos não dava! Por ro casamento e não se incomoda por isso, depois que tive meu filho mais não ter filhos com Jackeline. “Os dois novo, logo liguei as trompas”, explifilhos que eu tenho já são suficientes. cou Jackeline. Além do mais, não posso exigir da JaDois anos após o nascimento de ckeline algo que Rômulo, Jackeline ela não pode, pois perdeu o marido sei que ela é opee teve de cuidar “Eu queria estudar rada”, esclareceu. sozinha dos três Quando perfilhos. “Naquee trabalhar e com muitos gunto para Jala época não foi filhos não dava!” ckeline se ela se nada fácil! Depois arrepende de não da descoberta do poder ter mais ficâncer de fígado, lhos, a mãe dos meu marido fez meninos enfatiza: “A cirurgia de ligavários tratamentos, mas a doença já dura de trompas foi uma das melhoestava avançada. Quando ele faleceu, res decisões que já tomei na minha eu tive de me virar para cuidar das vida. Se não fosse assim, eu já teria crianças”, relatou. uma penca de filhos”. Nesta época, Jackeline morava em Itinga-MA e trabalhava o dia inteiro e Rotina de mãe – Assim, como na múuma parte da noite para sustentar as sica “Cotidiano”, de Chico Buarque, crianças. “Eu não tinha tempo de es-
de Presidente Dutra – MA para trabalhar. Ela não terminou os estudos, mas é experiente na vida, tem muita história pra contar. É do tipo “pau pra toda obra”, como canta Rita Lee, na música Pagu. “Eu sempre trabalhei como autônoma, fiz vários tipos de serviços como vendedora, diarista, fazendo faxina, e outros bicos, ou seja, já fiz de tudo um pouco.” Sem marido e com um filho adotivo para criar, Dona Alderina sempre trabalhou. Mas depois do nascimento de Luana, ela deixou de trabalhar para se dedicar integralmente a filha. “Logo que ela nasceu me deixei de lado, não tive mais tempo pra mim”, conta. Atualmente, Dona Alderina tira o sustento da família do aluguel de cômodos da sua casa no centro da cidade. Ela também recebe um salário mínimo da aposentadoria de Luana. Porém, a mãe da menina revela que o valor é pequeno diante da quantidade de despesas com a filha. “O dinheiro da Luana não dá! É muita coisa que ela precisa. Mas não penso duas vezes quando o assunto são as necessidades da minha filha. Faço de tudo para ajudá-la, já fiquei até sócia de um parque aquático da cidade por causa dela”, garante.
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luis fernando
Jackeline com os filhos Clarice, Emanuella e o caçula Rômulo. Ela conta com a ajuda da filha mais velha para cuidar dos menores
todo dia Jackeline acorda e faz tudo sempre igual. Ela levanta cedo para preparar o café da manhã do marido e dos filhos. “Pela manhã limpo a casa, lavo roupa e faço almoço. Às 11h30 saio de casa para a parada de ônibus para ir ao trabalho. Enquanto isso, Clarice e Rômulo saem da escola 12h15 e estão chegando em casa. À tarde, às 13h15 Emanuela vai para a escola. Meu esposo sai pela manhã, só que às vezes, ele não está em casa, pois viaja”, contou. Apesar da correria do dia a dia, Jackeline sempre busca orientar e edu-
car os filhos da melhor forma. Para isso, ela conta com a ajuda da filha mais velha, Clarice. “Eu sempre falo para Clarice cuidar dos irmãos e ajudá-los”, explicou. “Eu entendo minha mãe. Ela quer o meu bem”, diz Clarice.
Trabalho – Jackeline é auxiliar de manutenção e limpeza na escola municipal São Vicente de Paula. Ela trabalha das 12 às 18h limpando, servindo a merenda das crianças e organizando as salas para professores. “Assim que eu chego à escola, vou logo preparando as salas para os professores. E no momento da
merenda, eu que sirvo. Depois que as crianças saem às 17h30, eu vou arrumar as salas para o turno da noite. Eu e as outras mulheres temos de deixar tudo pronto até às 18h para irmos embora”, conta. Apesar de ganhar um salário mínimo, Jackeline está satisfeita com o emprego e sonha voltar a estudar. “Eu não tenho tempo para estudar por causa do trabalho e dos filhos. Eu pretendo fazer um curso de administração. Na minha casa, eu não tenho empregada doméstica. Eu mesma faço tudo em casa. Eu tenho esperança de voltar a estudar no futuro”.
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Cumplicidade O desejo de ser mãe e constituir família sempre esteve presente na vida de Francisca e Nádia. Devido a demora e burocracia no processo de adoção, elas acabaram optando pelo metódo de inseminação artificial aRQUIVO PESSOAL
Mães em dobro: à espera de Francisco Denise Manfredini
Francisca e Nádia moram há dois anos juntas e vivem uma união estável desde o dia 14 junho de 2014
Já é fim de tarde quando chego à casa de uma família que está crescendo. Ao tocar o interfone, uma voz sonolenta pergunta: “Quem é?” – e logo respondo: Denise da UFMA. Após trocar estas poucas palavras, ainda espero uns cinco minutos até que as “mamães” Francisca Rita da Silva e Nádia Leite venham me receber no portão. Ao entrar na casa, os presentes espalhados pela área chamam minha atenção e denunciam que ali houve uma festa. Eram os presentes do chá de bebê de Francisco – o mais novo membro daquele lar. Você deve estar se perguntando: O que há de extraordinário nesta família? É só mais uma criança que nasce! Poderia até ser isso. Mas neste caso, temos algo incomum, o Francisco terá duas mães - a Francisca e a Nádia. Elas se conhecem há mais de cinco anos e vivem em união estável há dois anos. O desejo de ser mãe e constituir família sempre esteve presente na vida desse casal. Francisca conta que foram inúmeras tentativas até a chegada de Francisco. “Há dois anos ela (Nádia), fez o cadastro e deu entrada nos papéis para adoção. Mas o processo era muito burocrático, principalmente por que somos homossexuais. Então deixamos de mão. Hoje penso que não era pra ser, que não estávamos preparadas.” Passado o tempo e não o desejo da maternidade, Nádia optou pelo processo de inseminação artificial.
O desafio de conciliar a carreira profissional e os cuidados com dois filhos pequenos Rayne carvalho
Enfim chegou o domingo! Dia de descanso para a maioria dos brasileiros. Já para as mamães que trabalham fora, uma ótima oportunidade para curtir os filhos. É o caso de Layane Costa Araújo, 21 anos, mãe de dois filhos, Marcos Miguel de cinco anos e o pequeno Johnatan Davi de um ano e onze meses. Layane trabalha de segunda a sexta-feira como recepcionista em uma clínica oftalmológica em Imperatriz e trava uma luta diária para conciliar trabalho e família. Jovem, com voz fina de menina e já tão cheia de responsabilidade, expressa no olhar as marcas de uma mãe que sofre por não poder acompanhar o desenvolvimento diário das crianças. “O meu filho mais velho, fica durante toda a semana na casa da avó materna e o mais novo fica nos cuidados da cunhada. É muito difícil essa situação, pois elas passam mais tempo com outras pessoas do que comigo e a educação é diferente”, afirmou enquanto pendurava as fraudas do filho mais novo no varal. Para Layane, a distância dos filhos já apresenta aspectos negativos e do-
lorosos na educação dos meninos. “Um dia desses o Marcos Miguel que já é maiozinho e entende mais as coisas, disse que eu não o amava, que não gostava dele. Me doeu muito ouvir isso”, conta a jovem com os olhos embargados de lágrimas, depois deu um sorriso leve para tentar amenizar a tristeza.
“O meu filho mais velho, fica durante toda a semana na casa da avó materna e o mais novo fica nos cuidados da cunhada” Sobre estes momentos, Layane conta que já pensou em abandonar o trabalho para se dedicar inteiramente aos filhos. No entanto, ela hesita em tomar esta decisão ao lembrar do conforto das crianças. “Eu sei que essa distância prejudica o nosso relacionamento, mas o tempo que eu tenho livre, tento recuperar. Não é igual eu sei, mas não possível largar o trabalho agora”, diz ela. Nesse momento se ouve o choro do menino, era a hora da papinha.
“Ela sempre teve muita vontade de ser mãe, e de poder viver o processo como um todo: Ver a barriga crescer e conversar com o bebê. Nós fazemos isso o tempo todo, e é a melhor sensação do mundo”, diz Francisca emocionada olhando para Nádia, que dá um sorriso em meio à timidez. No período da entrevista, Nádia estava no oitavo mês de gestação e não via a hora de segurar Francisco em seus braços. Assim como ela, os amigos e familiares também estavam muito ansiosos pela chegada do bebê. “O Francisco tem tanto padrinho e madrinha. Tem até madrinha do coração. Ele já é muito amado, e será mais ainda quando ele chegar”, dizem as mães.
Preconceito – Questionadas sobre o preconceito, que ainda é vigente na sociedade, Francisca se diz muito bem resolvida. “Sempre tive o apoio da minha família, e consequentemente tenho a mente aberta sobre as escolhas dos outros, acredito que o preconceito não me atinge. Acho que não tenho inimigos, talvez até tenha. Mas isso não é tão importante. O importante é realizar o meu sonho. Nosso sonho. E ser mãe é independente de ter um filho adotado ou não. Ser mãe é ter amor, ter responsabilidade.” Francisca ainda acrescenta que enxerga na nova configuração de família um ganho para a sociedade. “Acho que não é fim da família, acho que é o caminho para um mundo melhor. E que bom, pois não teremos mais crianças abandonadas. Elas terão a oportunidade
de morar em uma casa com quem realmente quer dar amor e cria-las, independentemente de ser homossexual ou não.”
Educação – Francisca é pedagoga, e agora será mãe. Portanto, terá como exercício prático de trabalho e de vida a educação. Sobre isso, ela conta que sabe que a educação de Francisco é um grande desafio prioridade. “Existe uma responsabilidade maior. Se nosso filho for gay é por que nós somos gays. Esse é o pensamento da sociedade, infelizmente. Mas não é assim que enxergamos. O Francisco não terá a figura de um pai, mas terá a presença constante da figura masculina, como a de um avô, de um tio, de primos. É assim que queremos que ele cresça - rodeado por todos, para que ele possa escolher o seu próprio caminho. A única coisa que vamos cobrá-lo e ensiná-lo é sobre os valores que estão perdidos, dos compromissos, do ser leal com as pessoas, do respeito, de acreditar nas coisas e buscar realizar seus sonhos.” O casal pretende ainda aumentar a família, e são bem otimistas enquanto a isso. “Queremos pelo menos mais dois ou três filhos. Adotados ou não, quem sabe.” Método - Francisco foi gerado por inseminação artificial, técnica de reprodução assistida em que a fertilização acontece dentro do corpo da mulher com a implantação do sêmen do doador no útero da paciente.
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História - Layane engravidou do primeiro filho aos 17 anos e saiu de casa aos 18 deixando com a mãe o filho, pois a mesma não permitiu que ela levasse o menino. A jovem não tinha um bom relacionamento com a mãe e como que não tinha condições para cuidar do bebê, resolveu não contestar sua decisão, já que o pai não quis dar assistência ao menino. Algum tempo depois, Layane conheceu John, pai do seu filho mais novo, com quem vive até hoje. Ele também assegura fazer de tudo para estar presente na vida do filho. “Mesmo com a correria do dia a dia, sempre que posso brinco com ele, cuido dele para não perder o contato de pai e filho e também para dividir o trabalho com a mãe”, relata. Dona de casa, recepcionista, esposa, mas acima de tudo mãe, Layane se sente recompensada ao chegar em casa e vê toda sua família. “Saber que no fim do dia estão todos ali do meu lado, no fim das contas é a minha maior recompensa. E eu dedico todas as minhas noites e fins de semana são para meus filhos e marido, eles são meu tudo”, finaliza ao olhar com amor e ternura para o pequeno Marcos Miguel.
Layane trabalha de segunda a sexta-feira como recepcionista em uma clínica oftalmológica da cidade
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Mãe deficiente O exemplo de dona Maria Zélia Conceição que superou a sua deficiência e soube enfrentar seus próprios preconceitos para criar seus filhos com amor incondicional e muita proteção
Desejo de ter filhos supera paralisia infantil lucas andrade
Para Maria Zélia Conceição, a “Boneca”, de 49 anos e com paralisia infantil desde os dois anos, a maternidade sempre foi um “tabu”. Ela acreditava que a deficiência a impediria de ser mãe, e por isso relutou muito em engravidar. “Posso ser mãe desse jeito? Como eu podia ser mãe? Eu tinha vontade de ter filhos, mas ao mesmo tempo tinha medo de morrer no parto”, explicou. Apenas depois de consultar muitos médicos, e eles lhe garantirem que ela podia ter filhos normalmente, é que Boneca se sentiu segura para engravidar. “Sei que depois que passou o medo, engravidei foi três vezes: na primeira veio minha filha mais velha, a Mayara, da segunda eu abortei, pois estava passando por uma crise familiar e na terceira, a menina nasceu, só que no outro dia morreu”. Apesar de ter conseguido ser mãe, Boneca ainda sentia a necessidade de ter mais um filho. Então, ela adota a pequena Daniela, sua de filha do “coração”. “Eu amo demais minhas filhas! Elas são tudo na para mim”. E as filhas de Boneca não ficam atrás no amor e admiração que sentem pela mãe. Para Mayara, de 23 anos, a mãe é exemplo de superação. “Quando eu olho pra minha mãe, fico surpresa com a força que ela tem. Ela é deficiente, faz tudo dentro de casa sustenta apenas em uma cadeira de pau, e não se reclama de nada”. lucas andrade
Deficiência - A deficiência de Boneca começa quando a mãe foi trabalhar na roça, no povoado de Puruquero-MA. “A mãe deixou minha irmã Telma, de cinco anos e uma vizinha cuidando de mim. Nessa época eu tinha dois anos, Telma se entreteu pegando marimbondo na caixa de fósforos com o meu sobrinho, e não percebeu que eu tinha feito necessidades fisiológicas”. Ao perceber que Boneca
Depois de consultar muitos médicos, e eles lhe garantirem que ela podia ter filhos normalmente, é que Boneca se sentiu segura para engravidar estava suja, a irmã a banhou com água fria do dia anterior. Depois do banho, ela passou mal, ficou com febre e perdeu a sensibilidade das pernas. A partir disso, inicia o processo para reverter à situação. Sua mãe, Francisca Lúcia, fez vários remédios caseiros, mas nada dava certo. Logo, quando a menina tinha 13 anos, a mãe a levou para o município de Grajaú tomar enxerto (injeção feita de placenta da primeira gravidez da mulher),
essa injeção servia para dá força a musculação nas pernas. Boneca diz que era aplicado uma vez por semana. “Passei três meses lá, e não houve nenhum resultado, fui para Brasília aos 19 anos fazer uma cirurgia e colocar as calhas ortopédicas nas minhas duas pernas. Depois que me operaram fiquei dois meses usando gesso e depois comecei fazer fisioterapia”. O tratamento permaneceu e Boneca começou a dar os primeiros passos com a ajuda de uma bengala. “Pude sentir a alegria de andar, senti-me segura, vendo que podia superar todas as minhas dificuldades”.
Amores – A deficiência nunca foi um empecilho para Boneca ter uma vida normal, tanto é que aos 13 anos, ela conheceu o seu primeiro namorado quando estudava no Colégio Santa Luzia. Conta que era um namoro escondido. “Eu era muito apaixonada por ele, foi nessa brincadeira de apaixoniti, que fugi com ele. Passei um tempo fora, mas acabou que não deu certo, e voltei para casa dos meus pais que não deixavam eu sair de casa. Era como uma prisioneira, porque eles tinham perdido a confiança em mim, e passei um bom tempo sem namorar”. Meses depois, Boneca inicia o namoro com o pai de sua primeira filha. Em seguida, ela casa com ele, de papel passado, véu e grinalda. Ela ficou casada por nove anos e separou porque ele era ‘ruero’. Hoje em dia, Boneca vive com um rapaz que ela conheceu antes do pai da Mayara. Ela diz que era
Os dois maiores amores de Margarida As pessoas costumam dizer que um pedido feito a Deus com fé é logo atendido. No caso da autônoma Margarida Silva, a resposta a suas orações veio em dobro. Aos 42 anos, divorciada e com um histórico de dois abortos, ela engravidou dos gêmeos Jorge e Daniel. “Naquela época eu acreditava que minha vida já estava definida! Mas em um dia de conversa com Deus, eu pedi a ele alguém que fosse meu, que me amasse. E o senhor ouviu minhas preces me dando meus filhos”, lembrou. A gravidez de Margarida não foi fácil. Ela tomou vários medicamentos para não perder os bebês. No entanto, com um sorriso estampado no rosto,
edmara silva
ela garante que tudo foi recompensado ao ver os gêmeos pela primeira vez. “Faria tudo de novo! Meus filhos são o que mais amo”, frisou. Enquanto Margarida comentava sobre a gestação dos meninos, um deles entra na sala pedindo água. Fiquei na dúvida se era Jorge ou Daniel, e imediatamente perguntei como ela fazia para diferenciar os filhos. “Ah é fácil! Mãe sempre reconhece seus filhos”. Em seguida, entre beijos e abraços no pequeno Daniel, ela completa “Jorge é mais independente e de natureza mais forte. Já o Daniel é mais carinhoso, mais tímido”. Rotina – Margarida foi morar com os pais quando a mãe ficou doente. edmara silva
Margarida e os gêmeos Jorge e Daniel. Divorciada do marido ela cuida sozinha dos meninos
Logo depois a mãe faleceu, um momento difícil, já que a ela era um de seus pilares. Foi necessário fechar sua loja de presentes na rodoviária para se dedicar ao cuidado dos filhos e do pai. Mas isso não abalou a mãe dos gêmeos, que busca nos filhos ânimo para superar as dificuldades. “O amor compensa tudo, e eu tenho dois”, garantiu. Margarida cuida sozinha dos filhos e garante não fazer exigências ao ex-marido. “Eu o deixo bem à vontade para decidir como ele pode ajudar os filhos. Também não o impeço de visitar os meninos. Mas acredito que aproximação dele com os filhos, não é algo que deve ser imposto”, afirmou. Hoje, Margarida, se divide entre a porta de casa, onde vende guaraná da Amazônia, e os afazeres domésticos. Porém, ela não descuida da educação dos filhos, até montou um espaço com quadro na entrada da casa para ensinar os pequenos Jorge e Daniel nas horas vagas. “Os meninos estudam em uma escola do munícipio, mas sempre tenho o cuidado de acompanhar as atividades deles. Acredito que isso faz toda a diferença no aprendizado”, explicou. Também, com orgulho, ela afirma “eles já são os melhores da escola”. Já com saudade, saio da casa de Margarida acompanhada por abraços e sorrisos de todos os membros da família. E logo me vem o pensamento: Quisera todos os filhos tivessem uma “Margarida” em casa, o mundo seria melhor.
Maria Zélia, hoje com 49 anos, se tornou exemplo de superação para o companheiro e os filhos
muito jovem e não deu certo ficar com ele antes. Onze anos depois, eles se encontraram novamente,
estavam solteiros e decidiram morar juntos, e é com ele que Boneca está até hoje.
Produção independente: uma opção para ser mãe aleilton santos
Namorar, casar e depois ser mãe. Era assim a ordem da vida na época das nossas avós. Hoje, as mulheres construíram uma lógica em que a maternidade não está atrelada ao estado civil. Elas podem ser mães sem precisarem ser esposas. É o caso da advogada Camila Alves, que optou por uma produção independente para realizar seu maior sonho: a maternidade. “Eu sempre quis ser mãe, mas nunca tive interesse em ser esposa. Então, quando tinha 22 anos, resolvi procurar um homem que me ajudasse a realizar este sonho”. Dos vários perfis lembrados por Camila, ela escolheu aquele com maior desprendimento familiar, seu amigo Fernando. Em seguida, com a certeza que o rapaz não iria manter contato com a criança ou interferir na sua educação, Camila sentiu-se segura para engravidar. “Foi tudo natural, como manda o figurino. Fiz os cálculos do meu período fértil e apenas marquei a data, o resto aconteceu espontaneamente”, explicou. Camila conseguiu engravidar. Porém sua família nunca concordou com a escolha da produção independente. “Minha família não acei-
ta bem a forma como engravidei e crio meu filho. Eles acham que eu deveria ser menos irresponsável e colocar o Fernando na justiça”. E o pai? – Fernando Farias, 29 anos, nunca teve interesse em formar família, tanto que foi a primeira escolha de Camila na empreitada da produção independente. Ele não mantém nenhum tipo de contato com “Biu” e decidiu, inclusive, se afastar da casa de Camila para cumprir o trato. “O acordo que fiz com a Camila é de que o menino só saberia de mim se ele quisesse”, explicou. Em uma conversa descontraída, Fernando demonstra realmente não desejar ser pai. “Eu só fiz isso para ajudar a Camila! Ela é muito minha amiga e precisava de alguém para ajudá-la a ser mãe. E eu acabei ajudando. Mas nunca quis ser pai!”, frisou. Hoje, aos 28 anos, Camila divide seu tempo entre a advocacia e a educação do pequeno “Biu”. Mas a jovem não reclama e faz de tudo para fazer o filho feliz. “Ele não é um ser nada fácil, mas é o ser que eu amo tanto. Ser mãe é um negócio de outro mundo”, destacou enquanto corria atrás de Bruno.
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Afeto Espiríto solidário e fraterno são qualidades da enfermeira Érica. Com dois filhos biólogicos e dois adotivos, sua pretensão é adotar mais uma criança que seja portadora de Síndrome de Down
No coração de Érica sempre cabe mais um LAUDECY BILIO
lAUDECY BILIO
Durante um de seus plantões no hospital Cururupú em São Luís-MA, mais precisamente no dia 08 de outubro de 2000, a enfermeira Érika Ferreira Tourinho pegou nos braços pela primeira vez sua filha Ana Vera. Naquela data, a enfermeira havia sido escalada para ajudar no parto de uma senhora chamada Cláudia. Após o procedimento na sala de cirurgia, ela ficou surpresa ao saber que a mãe havia rejeitado a criança por não ter condições financeiras para criá-la. “Logo que terminamos o parto, a mãe já foi logo dizendo para a doutora: a senhora não tá esquecida, não né? A senhora vai levar essa criança porque eu não quero ela”, lembrou Érika. Emocionada com a história da mãe e preocupada com a saúde do recém-nascido, a enfermeira correu contra o tempo para preservar o bebê das patologias presentes na mãe, pois a mesma estava infestada por HPV - vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas e que pode cegar. O pouco tempo ao lado do bebê foi o suficiente para Érika, mesmo sendo divorciada e com dois filhos biológicos para criar, decidisse adotá-lo. Assim, ela pede ao promotor da cidade a guarda provisória do recém-nascido, e logo é atendida. O segundo passo foi contar a novidade para os filhos e familiares. “Quando adotei minha filha que hoje tem 13 anos dei-lhe o nome de Ana Vera Tourinho para homenagear minha irmã que também era adotada e que havia falecido um ano antes da adoção. Minha filha veio
Dificuldades não são problemas para a mãe do pequeno João Manuel, que conta com apoio da filha Dandara para sanar os problemas de saúde do irmão caçula
como uma ressurreição familiar, pois todos estavam muito tristes, sem conseguir superar a morte da minha irmã”, afirmou. A enfermeira comenta que seus filhos, João Marcelo de cinco anos e Dandara de quatro, aceitaram bem a nova irmã. “Tive o cuidado de explicar para os dois que irmão não é sangue, é sentimento. Tem uma coisa que eu falo muito, digo que filho você ama porque é filho, você engravida e já começa a amar. Agora filho
adotivo primeiro você ama, depois ele passa a ser filho. Você cativa e é cativada, você é sorteada por eles”.
Mais uma vez mãe - O acaso faz parte da vida da enfermeira, com uma voz de criança quando quer colo, as mãos entrecruzadas e um brilho no olhar, ela relata que sua vida mudou há exatamente seis anos, quando acompanhou uma amiga, com interesse em adotar uma menina, à Casa de Passagem de Imperatriz. Quando
chegou ao local se deparou com um lugar descuidado e com um atendimento mecânico. Funcionários do local lhe pediram para ver uma criança que imaginavam ser anão. Pegou a criança no colo e disse “nossa essa criança tem seis meses!”. No entanto, a funcionária do local respondeu: Não! “Ele tem um ano”. Inquieta com aquela situação, Érika com a ajuda de um médico descobre que o menino possuía desnutrição e cardiopatia grave. Imediatamente,
beatriz machado
Garrafada: método natural para engravidar que deu certo LEILIANE ARAÚJO
Receber a notícia da gravidez, ver a barriga crescer, acompanhar os primeiros passos do filho e um dia ouvir: Mãe, mamãe! É o sonho da maioria das mulheres. Mas o que fazer quando o desejo de ser mãe não pode ser realizado? Para Maria de Fátima Alves, a resposta a este questionamento chama-se persistência. Mãe aos 30 anos, ela só conseguiu gerar o pequeno Kennedy depois de muitos tratamentos. Ao se casar com Luís Alves, Fátima queria aproveitar ao máximo a vida a dois, para isso se prevenia de todas as maneiras para evitar uma possível gravidez. “Naquela época, queria curtir o momento, por isso eu e uma amiga tomávamos direto remédio para não engravidar”. Depois de um ano ingerindo anticoncepcionais, Fátima e a amiga decidiram abandonar a medicação. “Com nove meses ela engravidou e eu não engravidei”, diz com o ar de como quem se pergunta: por quê? A resposta veio mais tarde com o diagnóstico de útero infantil. O resultado deixou claro que Fátima teria dificuldades para engravidar, mas ela não se convenceu e começou a lutar para transformar o sonho em realidade.
ela dá início a uma série de tratamentos na criança, mas ela não apresenta melhoras. Logo, para acompanhar mais de perto a saúde do menino, a enfermeira pede ao promotor da Vara de Infância e Juventude municipal a guarda para cuidados aos finais de semana. E não demorou muito para Érika pedir a guarda definitiva. “Meus amigos me chamaram de louca, desmiolada, com três filhos pegando mais um! Louca, você não tem juízo nessa cabeça? Só que ninguém sabe o que eu recebo deles, porque o que eu recebo deles está longe de alguém saber o que é recebido”, relatou Érika. Após tudo legalizado, a enfermeira levou o pequeno João Manuel, como o chamou, em diversos especialistas que constataram que o mesmo não tinha nenhuma síndrome e sim sequelas provocadas pela desnutrição. Hoje, o menino está com a fala comprometida e com dificuldades na aprendizagem, o que o impossibilita de acompanhar a sua turma da escola. No entanto, estas dificuldades não são problemas para a mãe do pequeno João Manuel, que conta com apoio da filha Dandara para sanar os problemas de saúde do irmão caçula. A jovem acompanha o menino nas sessões de fonoaudiologia e fisioterapia e, quando necessário, chega a acompanhá-lo nas aulas da escola. A enfermeira finaliza dizendo “Sabe quando você faz uma análise na sua vida e conclui para que nasceu? Pois é, nasci para ser mãe. Nada me faz mais feliz que saber que sou mãe. Sei que terei mais uma filha adotiva, que se chamará Bárbara e será portadora de Síndrome de Down”.
Procurou outro médico, e a resposta dele foi mais animadora. “O outro falou que eu poderia ter filho sim e era para eu fazer tratamento para induzir minha ovulação”.
Tratamentos – Sem muitos recursos para fazer o tratamento indicado pelo médico, Fátima optou por um procedimento natural a base de “garrafadas” - tipo de remédio preparado com ervas naturais. “Muitas pessoas chegavam pra mim e indicavam garrafadas, e eu sempre tomava, pois eu via ali a chance de conseguir ser mãe”, explica. Em 2013, depois de muitas tentativas, a indicação de uma garrafada feita por uma mulher da Vila Nova dos Martírios deu resultado. Aos risos ela fala de como a amiga descreveu a garrafada. “Uma amiga minha disse brincando que o remédio era o mesmo que tomar esperma. Então aceitei a sugestão, mas disse que seria a última garrafada. Não ia tomar mais nada, pois se fosse da vontade de Deus seria mãe”.
Finalmente “mãe” – Após esta última tentativa, a gravidez foi confirmada em outubro do mesmo ano, “minha menstruação faltou e eu nem percebi que ela tinha faltado”, disse ela.
Maria de Fátima, mãe aos 30 anos, não conseguiu gerar o pequeno Kenedy com tratamentos convencionais, foi a garrafada que a ajudou a engravidar
Com fortes enjoos e desinteresse pela comida, o marido de Maria de Fátima decidiu a levar ao médico, mas ela se recusou. Então, Luis resolveu comprar um teste de gravidez na farmácia. “De tão nervosa que eu estava o teste não prestou”, diz com um sorriso no rosto e completou, “me deu uma dor de barriga enorme”. Depois desta tentativa fez o teste de sangue, o resultado saiu na tarde do mesmo dia e Luís ficou com a responsabilidade de contar a notícia. “De tarde ele me mandou uma mensagem dizendo que não era gravidez”. As suspeitas de que os sintomas de Fátima poderiam ser uma doen-
ça cresciam, quando pela rede social chegou uma mensagem com a foto que mudaria a vida do casal. “Deu positivo! Eu chorei, chorei tanto de alegria”, diz com muita emoção enquanto faz carinho no bebê. A gravidez de Fátima foi tranquila, mas no parto ela teve aumento de pressão e nervosismo, o que complicou seu quadro. “O parto foi cesariana porque o bebê estava com a cabeça virada e não se encaixava”. Sobre a realização de seu maior sonho, Fátima garante: “Ser mãe é aprender junto com a criança, e o Kennedy marcou minha vida. Dos momentos mais marcantes, o pri-
meiro foi quando descobri que estava grávida e o outro foi quando vi o rostinho dele pela primeira vez”, nessa hora uma discreta lágrima cai dos olhos. Quando questionada sobre outros filhos, ela demonstra medo e assegura não querer uma nova gravidez. A mãe de primeira viagem encontra algumas dificuldades na hora de cuidar do filho, mas a ajuda chega logo, e vem de perto, do marido. “A participação dele é maravilhosa”, diz cheia de orgulho. Ela ainda expressa emocionada, “minha gravidez foi tudo de bom e hoje o Kennedy está aqui.
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Afeto Casada e sem nenhum filho, Aldenisa tem sua vida mudada quando seu marido encontra o pequeno Ronaldo abandonado em um cofo de palha no lixão de Bacabal-MA
O acaso e a escolha definitiva de ser mãe Stephanne Menezes
São dez horas da manhã do dia 10 de junho de 1985. Cortando caminho atrás do hospital de Bacabal-MA, por um terreno com porcos, lama e mato, Dona Maria ouve um barulho longe, um grunido, tão baixo que parecia ser um rato. Ao aproximar-se, ela deparasse com um cofo de palha pendurado em uma árvore. Quando abre o objeto, para sua surpresa, ela encontra um bebê envolto em uma fronha de travesseiro e com uma chupeta. É Ronaldo, o futuro filho de Aldenisa. A cena daquela criança, suja, roca, com a pele ressacada, mordida em todas as partes por formigões e com um mau cheiro reuniu muitas pessoas no local, mas nenhuma tinha interesse em ficar com o bebê, nem mesmo Dona Maria.
“Eram umas 20 pessoas olhan- Quase morto, o bebê Ronaldo foi do o bebê naquela situação e nin- levado para uma clínica particular, guém o queria. Todos balançavam onde passou 15 dias internado. a cabeça e uns até chegavam a afirA adoção do recém-nascido foi mar que o menino morreria no fi- feita tranquilamente, pois o canal do dia”, lembra João de Deus. sal logo foi à delegacia registrar o Rejeitado por todos, Ronaldo caso. João de Deus contou toda a foi aceito apenas pelo taxista João história para o delegado que imede Deus, marido de Dona Aldeni- diatamente respondeu: “Se um dia sa. No entanto, ele ainda precisava essa mulher, mãe do menino vier convencer a esposa sobre a adoção atrás do bebê ela será presa por do bebê, pois a mesma não aceita- abandono”. va criança. Dessa forma, Aldenisa e João “Como você vai almoçar de pois de Deus tinham a permissão para de ver aquele registrar aquele menino daquemenino como seu le jeito?”, arguprimeiro filho. E mentou Jo ão de assim foi feito. A Todos balançavam a Deus para sua passou a cabeça e uns até chegavam criança mulher durante se chamar Ronala afirmar que o menino do Spíndola Pium almoço. Tocada por estas morreria no final do dia nheiro. palavras, Dona Ao adotar, mal Aldenisa volta sabia Aldenisa que com seu marido sua vida de mãe à casa de Dona Maria, pega a criança e não seria fácil até os 13 anos do seu a leva para o hospital público. filho. Aos dois anos de idade quanChegando ao hospital, o médi- do já morava em Imperatriz, Ronalco se recusou a atender a criança do foi diagnosticado com poliomiedevido à falta de lite. Para melhorar, o menino fazia estrutura ne uma série diária de exercícios nas cessária para pernas. Porém, o médico descartou cuidar do qualquer chance de cura e afirmou c a s o . que o mesmo ficaria paralítico. Aldenisa não se conformou em deixar seu filho em uma cadeira de rodas, e aos oito anos de Ronaldo, ela largou tudo em Imperatriz para fazer o tratamento do seu filho em carla kassis
Brasília. A mãe de Ronaldo passou 1 ano e 3 meses com o filho no hospital em Brasília. Ronaldo fez a cirurgia com quase 10 anos. O médico fala para a mãe que Ronaldo não iria ficar totalmente bom, mas ia poder andar e fazer coisas que antes ele não fazia e não podia. “Eu fiquei tão feliz quando vi meu filho calçado em um sapato e andando! Venderia a casa, se fosse preciso para vê-lo recuperado! É o que uma mãe faz para ter o filho com saúde”, disse Aldenisa. Por outras vezes, a mãe de Ronaldo precisou recorrer à venda de seus bens para salvar seu fi lho. Ela chegou a vender botijão de gás, bicicleta e até panelas para pagar o tratamento do menino. “Fazíamos de tudo pelo nosso menino. Mandávamos até comprar em São Luís um leite especial que ele precisava tomar, devido aos prejuízos do intestino”, relatou a mãe.
Quase morte – Aos 13 anos, quando Ronaldo estava em Brasília fazendo tratamento, ele passa muito mal e é levado imediatamente ao hospital. O médico de plantão afirma que foi apenas “comida estragada” e libera o menino. Depois de alguns dias, Ronaldo continua muito mal e é levado para outro hospital. Na ocasião, uma médica confirma: Ronaldo está com apendicite, e suas chances são mínimas! Ao se lembrar deste momento tão doloroso, dona Aldenisa se emociona e conta que “não poderia perder meu filho, não depois de tantas batalhas e tantas vitórias”. Ronaldo passou 28 dias internados e a mãe vendeu praticamente tudo para pagar a cirurgia do filho. “Vendemos praticamente tudo o que nós tínhamos na época. Mas graças a Deus, quando ele saiu de lá ele saiu bem!” Trajetória - Aldenisa havia comple-
Dona Aldenisa e seu João de Deus criaram seus dois filhos, Ronaldo, hoje com 26 anos de idade e Joanna Spíndola, a filha biológica do casal
Alcoolismo gera sofrimento para mãe e filho Rosiane Feitoza
“Ser mãe é também sofrer pelos filhos”. É convicta disso que dona Raimunda Lima, 72 anos, mãe de 18 filhos, acolhe todos os dias o filho dependente do álcool, José Osiel, 50 anos. Dona Raimunda conta que “Osi”, como ela o chama, se tornou alcoólatra quando tinha 25 anos devido ao término de um relacionamento conturbado. E devido ao vício, hoje José Osiel que sempre trabalhou, não consegue ficar no mesmo emprego mais do que duas semanas. Quando percebeu que o filho havia se tornado um dependente, a mãe procurou lhe dar conselhos e tentou interná-lo em uma instituição de recuperação, mas o filho sempre se negou. “A gente tem os
filhos, cria eles para o melhor caminho, mas muitos vão por outros caminhos. E não podemos fazer nada, além de aconselhar e ajudar”, disse.
Sofrimento - Por muitas vezes, Osiel teve crises de embriaguez, e dona Raimunda sofreu ao ver a
Dona Raimunda sonha com o dia em que seu filho José esteja livre do vício e com sua vida e saúde reestruturada cena do filho sendo carregado até sua casa pelos vizinhos. Ela já implorou para o filho deixar de be-
ber, mas ele não dá ouvidos aos apelos da mãe. “Estou morrendo por dentro todos os dias. Tem dias que eu nem durmo direito, pensando que ele está se acabando e sentindo que a morte dele está próxima.” Ela chora. Quando pergunto o que ela faz para tentar manter o filho em casa, ela diz que é por meio da conversa. “Quando eu o encontro na rua, eu logo peço: Osi, meu filho, volta pra casa”. Quanto à relação com o restante da família, dona Raimunda diz que apesar da dependência, é uma relação boa, pois ele é sempre brincalhão e divertido. Dona Raimunda sonha com o dia em que seu filho José esteja livre do vício e com sua vida e saúde reestruturada.
tado 26 anos, estava casada há cinco anos e não pretendia ter filhos tão cedo. Trabalhava e batalhava por uma vida melhor junto com seu marido, quando Ronaldo caiu em seus braços. Após o marido receber uma proposta melhor de emprego em Imperatriz, a família saiu de Bacabal em 1986. E foi na “terra do
arquivo pessoal
Dona Aldenisa com Ronaldo ainda criança
frei” que Dona Aldenisa e seu João de Deus criaram seus dois filhos, Ronaldo e Joanna Spíndola, a filha biológica do casal. Com 56 anos, Dona Aldenisa menciona que só tem um arrependimento na vida: não ter aceitado Ronaldo no primeiro momento.
O bebê que virou homem – Atualmente, Ronaldo está com 29 anos, é formado em Economia, pós-graduado em auditoria, controladoria e finanças, e sabe da sua história desde o começo. Ele se lembra da mãe contando sua história desde muito pequeno: “Ronaldo, meu filho, você não veio da barriga da mamãe!”, lembra. Ronaldo nunca se incomodou com sua história e até gostava de contá-la para seus colegas de escola e faculdade. “As pessoas ficavam muito curiosas, pois minha história chamava muita atenção”. Para o rapaz, as conquistas alcançadas em sua vida são frutos da perseverança e amor de Aldenisa e sua família. “A criação que a gente tem é a que forma o nosso caráter. E eu acredito que o que sou hoje, eu devo a eles,” assegurou. Sobre a mãe biológica, Ronaldo não é revoltado com sua atitude, mas também não tem interesse em conhecê-la. “Se um dia eu chegasse a falar com a mulher que me gerou, eu agradeceria a ela por ter me abandonado naquele local, pois sei que se tivesse sido criado por ela, não estaria tão bem, como estou!” Rosiane Feitoza
Osiel tornou-se alcoolátra aos 25 anos e desde então dona Raimunda tenta ajudá-lo como pode