Jornal
MAIO DE 2021. ANO XII. NÚMERO 42
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA
Arrocha
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL/JORNALISMO DA UFMA, CAMPUS DE IMPERATRIZ
na pandemia
FOTO DE CAPA: CRISTIANE AGUIAR
Mundo Virtual
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Editorial - Universo remoto
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om o avanço da pandemia da Covid-19, a adaptação a novos hábitos ligados ao uso do computador, celular e internet tem ocupado boa parte da rotina de quem consegue ter acesso a esse tipo de tecnologia. Essa foi a ideia central que moveu os estudantes das disciplinas de Jornalismo Impresso, Fotojornalismo e Jornalismo Visual para elaboração desta edição do Arrocha, que pode ser considerada um complemento da anterior, na qual já havia sido apresentado um panorama geral dos impactos da pandemia em Imperatriz e região. Desta vez, a intenção foi conversar com os personagens a respeito das principais mudanças em suas rotinas, agora inevitavelmente mais ligadas ao universo digital. No jornalismo, o crescimento do consumo de notícias no Instagram. Os impactos na saúde causados pela exposição constante às telas e os benefícios dos atendimentos médicos a distância. Crescimento do mercado de notebooks e celulares, acompanhado de uma exigência por maior qualidade na banda larga
Quadrinhos VITOR HUGO
oferecida na cidade. Os revezes do distanciamento e adaptações virtuais no campo da religião. Novos empreendimentos, crescimento do delivery, aulas no computador e até casos de amor que começaram virtuais. Como em todas as edições, a preocupação foi focar nas histórias de vida, nos relatos pessoais. Novamente os futuros repórteres enfrentaram o desafio de ter que fazer todas as entrevistas por meio digital e solicitar fotos representativas para as fontes, ou dirigi-las a distância. Mesmo a equipe de diagramação teve que trabalhar em condições que não são usuais, pois geralmente o jornal Arrocha é diagramado em um laboratório do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, com vários computadores, com todos simulando um clima de redação que neste momento fica impossível reproduzir. O resultado de todo esse esforço de reportagem é que, ao ler cada página com um tema central específico, o leitor ou leitora encontre pontos de identificação com a sua própria narrativa de adaptação a esses novos tempos. Boa leitura!
Expediente
Poema
Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Universidade. Jornal Arrocha. Ano XII. Número 42. Maio de 2021. Reitor - Prof. Dr. Natalino Salgado Filho Vice-reitor - Prof. Dr. Marcos Fábio Belo Matos Diretor do Campus de Imperatriz - Prof. Dr. Daniel Duarte Coordenador do Curso de Jornalismo - Prof. Dr. Marco Antônio Gehlen. Professores: Dr. Alexandre Maciel (Jornalismo Impresso); Dr. Marco Antônio Gehlen (Programação Visual); Dr. Marcus Tulio Borowiski Lavarda (Fotojornalismo).
Repórteres Aylla Yohana Coelho de Sousa Araújo Cristiane Miranda Aguiar Felipe da Silva Sousa Felipe Ribeiro Sousa Francisco Mourão Martins Iany de Sousa Santos Joilson sos Santos Barros Juliana Carvalho Rabelo Pinheiro Lia Eugenia Amaral Silva Lucas da Silva de Sousa Marcos Vinicius dos Santos Prohmann Marcus de Arruda Marinho Pedro Henrique Oliveira Sousa Poliana Castro de Sousa Sara Bandeira de Sá Vanessa Carvalho Plácido Vitor Hugo Goncalves da Silva Bandeira Walison Pereira Da Silva
Fotógrafos: Aylla Yohana Coelho de Sousa Araújo Cristiane Miranda Aguiar Felipe da Silva Sousa Felipe Ribeiro Sousa Iany de Sousa Santos Joilson dos Santos Barros Jonas Danilo Silva Lima Lucas da Silva de Sousa Marcos Vinícius dos Santos Prohmann Natália Paulo da Silva Sara Bandeira de Sá Tiago de Sousa Nogueira Vanessa Carvalho Plácido Vitor Hugo Goncalves da Silva Bandeira
Ensaio fotográfico: Páginas 10 e 11 da esquerda para a direita: 1. Aylla Yohana 2. Natália Paulo 3. Vanessa Carvalho
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4. Jonas Lima 5. Tiago Nogueira 6. Sara Bandeira 7. Cristiane Aguiar 8. Marcos Prohmann 9. Tiago Nogueira 10. Natália Paulo 11. Marcos Prohmann 12. Natália Paulo 13. Jonas Lima 14. Sara Bandeira 15. Lucas de Sousa 16. Aylla Yohana 17. Tiago Nogueira 18. Felipe Ribeiro
Programação Visual: Aline da Silva Marinho Ana Luísa Pereira Marques Bruna Carvalho Marinho Morais Enia Luiza de Lima Medeiros Giulliane Barbosa da Silva Gustavo Vale Souza Jainara da Costa Oliveira Joao Carlos Alcantara Sousa Karita Motta dos Santos Ramos Kennedy Mendes Silva Laurenice Alcantara de Araújo Livia Nicolly Soares Carvalho Lourdes Lorrany Lopes dos Santos Marcela da Silva Lima Marcos Feitosa Pereira Maria Eduarda Barbosa Figueredo Maria Rainara Ferreira da Silva Nathalia de Sousa Carvalho Nayra Moraes de Souza Paulo Henrique Alves Maciel Rogerio Oliveira Gomes Tayná Sousa Morais Duarte Thátila Sousa Lima
Revisora: Janaína Amorim
Todas as edições do Arrocha estão disponíveis no site:
www.imperatriznoticias.ufma.br
Click POR ROGÉRIO GOMES
Já faz um ano e o tempo só passa Eu ouço um click, eu escuto o bip O bip toca, o click se repete E o mundo não se toca Que o bip alerta o mundo Para o click Nessa prisão, cada um chora No click e no bip, você mora Você implora, o tempo enrola O bip toca, o click se repete A vida é o bip Notificações da hora, chegou agora Após o meu click, um bip Você recebe, lê e ora Trabalha, estuda e de novo chora Sem tocar alguém, E inevitavelmente, se dobra A vida se tornou o click Você pergunta, alguém te responde Você não entende, teclado latente Dedos atentos, olhares nervosos Boca confusa, mente ausente Bip bip Mesmo tudo parado, a vida continua Olhe pra tela, olhe pra frente Decifre o click, não quebre a corrente Escute o bip Um click pra ver um rosto, de longe dá gosto Um bip tocando pra se sentir lembrado A dependência do click e o bip Um click pra mascarar todo esse mal A distância antes tão desejada, hoje torturante A máscara de um sorriso pra se defender do virús da saudade Um bip avisando que hoje se foram mais uns para além do click De nome a número todo mundo é gente, Você não é só bip Você sente.
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COBERTURA JORNALÍSTICA Risco de contaminação e dificuldade de contato com as fontes são alguns dos desafios enfrentados pelos jornalistas, que tentam se adaptar diariamente ao novo cenário causado pela pandemia da Covid-19
Jornalismo enfrenta dificuldades na pandemia CÍCERO GONÇALVES CRISTIANE AGUIAR
Assim como todas as profissões consideradas atividades essenciais em meio à crise de saúde provocada pela pandemia da Covid-19, o jornalismo também enfrenta dificuldades. O repórter da TV Difusora, Marcelo Rodrigues Cardoso Junior, 39 anos, conta que um dos maiores obstáculos encontrados pelos jornalistas, principalmente repórteres, é o risco de contrair o vírus. Essa possibilidade causa medo nos profissionais, o que acaba gerando uma mudança da dinâmica do trabalho. “Eu, principalmente, tenho tido um cuidado extremo. E essa rotina acaba que cansa, porque você tem que estar sempre fazendo a sanitização do ambiente de trabalho”, afirma o jornalista. Temor - O medo de contrair o vírus não parte apenas dos profissionais da imprensa, mas de todos envolvidos no processo de comunicação. Leiliane de Araújo, 29 anos, repórter da TV Difusora, destaca que um dos principais problemas no cenário da pandemia é o contato com a fonte. “Quando há a necessidade de distanciamento, tudo no fazer
Repórter Marcelo Júnior em entrevista com a secretária de saúde de Imperatriz, Mariana Jales, respeitando o protocolo do distanciamento social
jornalístico vira dificuldade. Para mim, durante o trabalho na externa, essa dificuldade aparece
na hora das abordagens para entrevistas”. A repórter destaca que mesmo
com todos os percalços e perigos, ainda é essencial comparecer ao local da pauta, principalmente na
televisão. “Os repórteres são os olhos do telespectador. Então, com ou sem medo do coronavírus, a matéria precisa ir ao ar. Claro que da forma mais segura possível”, pontua. Leiliane enfatiza a dificuldade de fechar a matéria, pois muitas vezes ir a um ambiente mais particular, ter um contato maior com as fontes e registrar momentos únicos são atitudes fundamentais para o fechamento da matéria. Mas a preocupação com a personagem da reportagem também deve ser levada em consideração. “O receio de ir no ambiente alheio é muito grande, e nos freia muitas vezes. Nós nos preocupamos. Para mim, as fontes são especiais. Não posso ameaçar a segurança delas”. Mesmo passando por tantos obstáculos, o jornalismo é uma atividade essencial no combate à disseminação do vírus. A repórter da TV Mirante, Diulia Sousa Silva, 30 anos, afirma que é por meio da cobertura jornalística que as pessoas têm acesso às principais informações para a prevenção e até mesmo imunização, com a chegada da vacina. ”O papel da imprensa se tornou essencial, informação é uma das armas mais poderosas contra o vírus”.
Repórteres atuam no combate à desinformação sobre a Covid-19 EDMARA SILVA CRISTIANE AGUIAR
O termo fake news denomina a produção e propagação massiva de notícias falsas, que promovem a desinformação. Essa disseminação de inverdades se agravou na pandemia, colocando a saúde das pessoas em risco e dificultando o trabalho jornalístico. A repórter da TV Difusora, Leiliane de Araújo, 29 anos, conta que as diversas informações falsas que surgem prejudicam as pesquisas sobre os assuntos da pandemia. Com as medidas restritivas e o medo da infecção, os jornalistas passam a
depender muito das informações que vêm da internet. Ela destaca que com a grande quantidade de notícias falsas, os processos de checagem e filtragem se tornam ainda mais necessários. “Só se combate uma notícia falsa com notícia verdadeira, com informações verídicas, e esse é o papel que o jornalismo deve desempenhar, mesmo diante de tantos desafios”. Leiliane explica como essas informações falsas prejudicam as pessoas e a proteção individual, tornando-se mais uma dificuldade, tanto para os jornalistas quanto para a população. “A desinformação
passou a ser outra doença a ser combatida”, pontua a repórter. Luta - A coordenadora de jornalismo da TV Difusora Sul, Pollyana Galvão, lembra das principais fake news que ela observou, tanto no ambiente de trabalho, quanto na sua pesquisa de especialização em Comunicação, sobre o início da pandemia no Maranhão. Ela relata que as principais notícias são em relação à cura, por meio de remédios ou chás, pois assim como as equipes cientificas, técnicas, médicas estão à procura de um tratamento, as pessoas
comuns também buscam resultados e “uma solução rápida e quase que milagrosa”. Pollyana constata também que as mesmas informações falsas que apareceram na pandemia voltam a circular novamente nesta nova onda, com efeito similar e até com mais força. “O trabalho diário e não só no jornal. Cada um, no seu cotidiano, tem aquele convívio com a informação falsa que você tem que combater, seja no seu ambiente de trabalho, ambiente familiar, ou no seu círculo de amigos. Então é uma luta diária e permanente”, alerta a jornalista. Leiliane Araújo explica papel do jornalismo
VICTOR FONTES
Instagram cresce na pandemia CRISTIANE AGUIAR
Pesquisa da Reuters, agência de notícias britânica, levantou dados de 12 países, incluindo o Brasil. O estudo aponta que o Instagram é a plataforma com maior crescimento relacionado ao consumo de notícias. Em 2014, apenas 8% dos consultados usavam a plataforma para consumir informação, número que subiu para 11% em 2020. Carla Guerrero, 20 anos, é repórter do Imperatriz Online, e diz que desde o início da pandemia até os dias atuais foi notado um crescimento na procura pela informação na página. “Hoje em dia o Imperatriz Online tem mais alcance de pessoas pelo Instagram. A gente tem Youtube, Facebook, site, Twitter. Porém, na plataforma do Instagram é onde se tem mais engajamento”. Mônica Barbosa Brandão, 31 anos, também é repórter da página do Imperatriz Online e relata ter observado um crescimento em todos os sentidos da audiência, principalmente nas lives transmitidas na plataforma. “Estreamos, nesse período, dois jornais transmitidos em todas as
plataformas digitais e todos com crescimento”. Confiança - Quando se fala em informações transmitidas pelas plataformas digitais, há um certo receio, por ser um dos principais meios pelos quais as informações falsas circulam. E dessa forma, as páginas devem buscar conquistar a credibilidade do seu público. Carla e Mônica enfatizam que só se conquista a confiança do público com uma boa apuração. E, para isso, é essencial mostrar todos os lados da história e, principalmente, indicar que a informação veio de uma fonte segura. Hemerson Pinto é repórter da TV Difusora e também tem uma página no Instagram com viés jornalístico. Ele conta que a confiança do público é conquistada pelo trabalho do próprio jornalista. "A minha credibilidade precisa ser meu dia a dia, na conversa com meu público na rua mesmo, onde o encontro diariamente. Se transmito credibilidade no que digo na padaria, na praça, na feira, na vizinhança, transmito credibilidade no meu trabalho exibido na TV, no Instagram”.
Repórter Carla Guerrero em gravação para o Imperatriz Online
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SAÚDE Com o avanço dos meses de isolamento social, ocorreu um aumento nas horas passadas no computador, seja estudando ou trabalhando. Em consequência desses novos hábitos, surgem alguns impactos na saúde
Pessoas passam mais tempo no computador VANESSA CARVALHO
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om o início da pandemia causada pela Covid-19, há pouco mais de um ano, o número de pessoas conectadas nos computadores e celulares por causa do isolamento social teve um aumento significativo. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ocorreu um crescimento de 40% a 50% no uso da internet entre os usuários brasileiros. Mas o excesso de tempo em frente às telas pode causar algumas consequências à saúde, como dores na coluna, problemas de visão e até dores de cabeça. A mudança na rotina devido às aulas online para a estudante Hellen Rebeca Caetano, 25 anos, é muito evidente. Ela passa, em média, oito horas diárias em frente ao seu notebook. “Assisto às aulas pela manhã e pela tarde, depois faço as atividades e os trabalhos”, conta. Já para o estudante de arquitetura, Guilherme Barroso, de 20 anos, houve uma grande mudança em sua vida diária. Atualmente estagiário em um escritório de arquitetura e interiores, ele relata que
passa 12 horas do dia trabalhando e estudando pelo computador. Sintomas - A estudante universitária Stéfane Katarine Rodrigues, de 20 anos, relata sentir muitas dores na coluna cervical, localizada na região do pescoço, devido ao fato de ter de passar bastante tempo com a postura errada. “De vez em quando me dá uma crise de torcicolo e eu fico toda dura “, comenta.
“De vez em quando me dá uma crise de torcicolo e eu fico toda dura “
A jovem explica que passa 11 horas diárias exposta ao computador e, nos dias de pico, pode passar até 15. Conciliando trabalho e estudo, ela conta que também sente muitas dores de cabeça devido ao estresse e à luz artificial do aparelho. Já para Hellen Rebeca, a sensação do estresse mental junto com as dores de cabeça é algo que
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fisioterapeuta Loranna Mendonça, que atua com a fisioterapia traumato-ortopédica e geriátrica, comenta sobre algumas dicas para manter a postura correta e evitar dores na coluna por passar muito tempo sentado na frente do computador. A primeira recomendação é manter uma posição adequada, optando por uma cadeira mais confortável, que tenha um apoio para os braços. Assim, a coluna fica reta e apoiada. Manter os olhos na altura do computador também é importante. A cada uma hora sentado, é recomendável caminhar um pouco. “Isso ajudará na circulação san-
esteve presente durante todos esses meses. “Tive que comprar uns remédios, porque meu corpo estava super dolorido e aquela sensação de cabeça cheia mesmo só de estresse mental e físico”, relata a estudante. A agente de registro Ângela Feitosa, de 24 anos, comenta que quando começa a sentir dores ou cansaço por passar muito tempo sentada, costuma fazer uma pausa do serviço. “A gente sempre levanta um pouquinho, faz um exercício, para ali uns minutinhos”. Redes Sociais - Mesmo com todas essas horas estudando e trabalhando, ainda sobra um tempinho para dar uma conferida nas redes sociais. Guilherme comenta que a média diária de contato com o seu celular é de sete horas e que sua rede social mais utilizada é o Instagram. “Já tentei parar por um tempo, mas não consegui”. Hellen conta que já ficou uma madrugada inteira no Instagram e, quando percebeu, já estava amanhecendo. Ela ainda comenta que começou a usar mais a plataforma digital devido à quarentena.
Stéfane relata sentir dores na coluna devido ao tempo sentada em frente ao computador
Ansiedade cresce durante a pandemia
Fisioterapeuta dá dicas para manter postura correta VANESSA CARVALHO
VALÉRIA CRISTINA
BIANCA SOUZA
minada pela Covid. O adoecimento é emocional”, comenta.
guínea, evitando inchaço, fadiga e outras doenças”, declara a profissional. O alongamento diário ajuda a prevenir lesões por esforço físico, má postura e alivia as tensões musculares, por isso é fundamental para quem precisa evitar esses problemas. Assim como realizar exercícios físicos. “Faça alguma atividade física, pelo menos três vezes na semana, para manter o corpo saudável e fortalecido”, ressalta Lorrana. Se as dores persistirem mesmo com todos os cuidados, é hora de procurar ajuda de um profissional. “É importante investigar a causa das dores, se está sendo somente devido ao trabalho ou se há outras doenças envolvidas”, recomenda a fisioterapeuta. BRAZZ LEITE
Psicóloga Bianca Souza explica que existem dois tipos de sintomas da ansiedade: físicos e psicológicos VANESSA CARVALHO
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Segundo Loranna, praticar atividade física é fundamental para manter o corpo saudável
egundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior taxa de pessoas com transtorno de ansiedade do mundo, algo que acabou aumentando devido à pandemia. A estudante Thainã Aparecida, 24 anos, conta que a ansiedade é um dos sintomas dos dois transtornos que ela foi diagnosticada: Transtorno de Borderline (TPB) e Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC). Ela relata que seus sintomas se agravaram nesse período pandêmico. “O meu transtorno obsessivo é relacionado à contaminação. Ou seja, eu tenho um medo excessivo de me contaminar e isso me leva a ter compulsões, como lavar muito
as mãos, tomar banhos em excesso, esse tipo de comportamento”, relata. Para a psicóloga Bianca Souza, o processo da pandemia causa medo e gera entre as pessoas um fator real para ser cuidado. Assim, algumas delas conseguem se regular
“Estou sempre tentando fazer atividades prazerosas para burlar essa questão da ansiedade” tomando precauções e se protegendo, mas, para outras, o fator do vírus pode ser extremamente ameaçador, então a pessoa termina doente emocionalmente. “Ela acaba adoecendo sem de fato ser conta-
Diagnóstico - Thainã foi diagnosticada por um médico psiquiatra e faz acompanhamento psicológico há quatro anos. Ela conta que começou o tratamento sozinha, mas hoje tem a ajuda da mãe. Atualmente faz uso de três medicamentos, sendo um deles para a ansiedade e TOC. Thainã explica que sente formigamentos no corpo, nas mãos e no rosto, ânsia de vômito, falta de ar, desinteria, dores no estômago, coração acelerado e aperto no peito. Bianca Souza explica que a ansiedade tem dois tipos de sintomas. Os físicos são espasmos musculares, náuseas, dores de cabeça, aperto no peito e estômago embrulhado. A pessoa se sente cheia ou com fome o tempo todo. Já as reações psicológicas mais comuns são, por outro lado, dificuldade para relaxar, se sentir o tempo todo em alerta como se estivesse em constante ameaça, pensamentos acelerados “e uma tensão emocional tão grande que ela não consegue identificar a causa”, conforme detalha a psicóloga. Bianca enumera algumas dicas para ajudar a prevenir um processo de adoecimento mental nesse período: reservar um tempo para brincar com os filhos, animais de estimação, fazer atividades físicas dentro de casa, além de ter uma boa alimentação. Algumas práticas que fazem Thainã relaxar são tocar instrumentos, cantar e assistir séries. “Estou sempre tentando fazer atividades prazerosas para tentar burlar essa questão da ansiedade”.
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SAÚDE ONLINE Telemedicina surge como uma tentativa de garantir o isolamento social e com o intuito de manter casos não graves, de Covid-19 e outras doenças, longe dos hospitais para que o vírus não se espalhe
Consultas online para não sair de casa JÚLIO CÉSAR ISÍDIO CARVALHO JULIANA CARVALHO
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s consultas online ou a telemedicina tem autorização no Brasil desde abril de 2020. A medida, que foi sancionada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), tem o objetivo de evitar que pacientes não graves procurem por unidades de saúde, vindo a romper o isolamento social necessário para reduzir a propagação da Covid-19. Quando a aposentada Belcina Vieira Alves de Carvalho, de 78 anos, caiu no banheiro de casa precisou de atendimento médico urgente, pois havia machucado o quadril. Felizmente, não quebrou nenhum osso, mas ainda assim, sentia muita dor, o que a impossibilitava de andar. Ela precisou usar cadeira de rodas e fazer fisioterapia. Porém, com os hospitais e clínicas lotados devido ao aumento de casos da Covid-19 na cidade, a família de Belcina ficou apreensiva em relação ao tratamento fisioterapêutico. Até que encontraram no atendimento online uma maneira que ela pudesse ser tratada. Com o auxílio de plataformas online de vídeo-chamada, o fisioterapeuta passava os exercícios que deveriam ser feitos para ajudar na recuperação. Com a fisioterapia e o auxílio do neto, Gustavo Martins Carva-
lho, 19 anos, ela conseguiu voltar a andar “Era como se ela fosse um bebê que tava aprendendo a dar os primeiros passos. A gente ia tentando um pouquinho todo dia, até que agora ela já anda sozinha, com a ajuda da muleta”, diz Gustavo. A médica pediatra Thaiane Hickmann, 31 anos, conta que para marcar uma consulta online na clínica onde trabalha, o paciente pode fazer contato direto com a secretária do consultório, ou então requisitar a marcação virtual, que funciona 24 horas.
“Ela precisou usar cadeira de rodas e fazer fisioterapia” Com data e horário agendados previamente, o paciente recebe um link de acesso no horário combinado, com o qual consegue acessar pelo celular ou computador, e assim é possível proceder o atendimento. A médica comenta que é imprescindível uma internet de boa qualidade para que haja uma comunicação adequada. Na perspectiva de profissional, Thaiane acredita que o atendimen-
to online é eficaz, mas tem suas limitações. “Dúvidas, orientações e reavaliações conseguimos fazer de maneira efetiva, atendendo super bem as necessidades do paciente. E com muita praticidade, por poupá-lo de se deslocar até o consultório. No entanto, alguns casos de doença ativa, sem diagnóstico, a consulta presencial, com avaliação do exame físico, ainda é fundamental”, comenta a pediatra. Futuro - Thaiane aposta que a telemedicina é um benefício que veio para ficar. Ela acredita que a pandemia trouxe muitas perdas e prejuízos, mas também muitos avanços do ponto de vista tecnológico. “As pessoas querem cada vez mais praticidade e poder resolver tudo de casa. Daqui para frente iremos só avançar e nos aperfeiçoar mais nesse sentido”, destaca. Com relação à prescrição de remédios, a pediatra conta que qualquer receita ou orientação é enviada ao paciente por meio de um receituário eletrônico. Quanto à procura do atendimento médico online, ela ressalta que ainda não é expressiva, comparada ao presencial. Mas, nota-se que está cada vez mais em evidência. “A partir do momento que o paciente procura uma vez e percebe os benefícios, ele volta a procurar”, afirma Thaiane.
De pé, Belcina Vieira, com o neto Gustavo ao lado, mostra que superou as dores que tinha no quadril
Atendimento psicológico tem opção digital KIRIA KARINE LINS MARTINS RIBEIRO
psicólogo para dar continuidade ao seu tratamento por vias remotas. Rafaela conta que as consultas online são feitas por meio da chamada de vídeo por Whatsapp e, às vezes, pelo Google Meet. A secretária considera o atendimento remoto tão eficaz quanto o presencial, visto que o tempo da consulta, o acolhimento, e a interação entre cliente e profissional permanecem os mesmos. Porém, acredita que isso pode variar de acordo com a situação de cada pessoa. Apesar da modalidade remota apresentar um certo conforto em ser atendido sem precisar sair de casa, estar no seu próprio lar também pode ser um problema caso o ambiente doméstico não seja favorável nesse aspecto. “Eu mesmo, antes das consultas, procurava ir para um lugar reservado, geralmente quarto ou até mesmo o carro, se necessário. Colocava uma música perto para que ninguém escutasse. Da mesma forma fazia o profissional que me atende”, conta Rafaela.
JULIANA CARVALHO
Devido à pandemia da Covid-19, os psicólogos foram alguns dos profissionais que trabalharam de forma remota mais procurados no ano de 2020. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país que apresenta maior prevalência de depressão na América Latina. É também o lugar mais ansioso do mundo. E, para profissionais da psicologia, a solidão é reconhecida como um gatilho - um impulsor - de transtornos de humor. A secretária Rafaela Almeida Teixeira, de 20 anos, já fazia acompanhamento psicológico presencialmente para tratar a ansiedade, que acabou se intensificando com a pandemia. “Inicialmente veio um sentimento de negação, em que eu acreditava ser algo passageiro e não conseguia enxergar. Em seguida, os sentimentos de incerteza, impotência e muita ansiedade que o medo e o isolamento acabaram me causando”, relembra Rafaela. Depois que passou a entender de fato do que se tratava a pandemia e a confusão de sentimentos que esse entendimento causou, ela decidiu contatar seu
Psicóloga Lizandra Sodré apresenta os dados do trabalho em um encontro de psicologia
Olhar profissional - A psicóloga Lizandra Sodré, de 29 anos, compõe o Núcleo de Apoio Psicológico da UFMA e conta que os
atendimentos presenciais foram interrompidos em março de 2020. Atualmente as consultas são realizadas por meio de agendamento prévio e os encontros ocorrem de forma remota pelo Google Meet. Para Lizandra, o atendimento virtual tem como objetivo acolher e minimizar os efeitos psicológicos negativos advindos da pandemia. Mas considera que existem algumas fragilidades nessa modalidade de atuação: “Muitas vezes a falta de um ambiente silencioso, sem distrações ou até mesmo falhas na conectividade podem dificultar o bom andamento do trabalho”. No entanto, ela ressalta que esse tem sido o único meio para possibilitar o acolhimento e estabelecimento de vínculos com as pessoas durante este período. A psicóloga acredita que, mesmo quando tudo voltar ao normal, a possibilidade dos atendimentos online continuarem a ocorrer de forma remota existe, quando houver necessidade. Porém, assim que o retorno normal às atividade for seguro para todos, terão prioridade os encontros presenciais, tendo em vista que a modalidade remota não é acessível para todos, limitando o processo.
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TECNOLOGIA Trabalhar de forma online se tornou mais acessível durante a pandemia, o que fez o analista de sistemas, Thiago Mendes, investir em um kit tecnológico que aumentou sua produtividade profissional
Kits tecnológicos se tornam mais comuns FELIPE SOUSA
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om a pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas tiveram que montar em suas casas o seu próprio local de trabalho, tendo de contar com um verdadeiro kit tecnológico. Este é caso do analista de sistemas Thiago Silva Mendes, 31 anos. “Eu já tinha o notebook e comprei uma mesa e um monitor básico pra se trabalhar em duas telas, pois fico mais produtivo”. Em 2020, ele fez um upgrade no seu kit, consolidando a estrutura para o seu trabalho remoto. Thiago Mendes conta que morava em São Luís, capital do Maranhão, e que tinha uma vida muito agitada, não conseguia acompanhar seu filho, o que gerou um desgaste muito grande no trabalho. Conforto - Em 2018, por questões familiares, Thiago mudou-se para Imperatriz, mantendo seu emprego na capital, mas de forma remota. E foi a partir de então que ele começou a adquirir os primeiros equipamentos. Após mudar de emprego, sendo agora contratado de uma empresa de São Paulo, o analista de siste-
PEDRO MENDES
mas fez um investimento maior. Comprou outra mesa, uma cadeira de escritório, um monitor de 22 polegadas, um teclado, mouse e outro sem fio. Também comprou uma caixinha de som “Alexa”, apoio para a mão e um notebook novo, nivelado na altura dos olhos. Ficou, assim, com duas telas, “mas bem mais evoluído”. A princípio, Thiago teve que trabalhar e economizar para fazer todo o investimento. O analista uti-
“Tudo o que investimos e nos dá retorno, não é caro” liza muito o computador e, como diz, quanto mais confortável for o ambiente, maior e melhor será sua produtividade durante o dia. Thiago conta com um monitor grande para que não canse a visão, uma cadeira confortável para não doer a coluna e apoio para o braço e o punho. Sempre gosta, também, de colocar uma música na sua caixinha para relaxar. No inicio, ele
Além de garantir seu engajamento no trabalho, analista de sistemas Thiago Mendes ainda aproveita de seu tempo livre para brincar com seu filho
teve algumas dificuldades, como misturar sua vida pessoal com o trabalho, mas com o passar do tempo, foi possível organizar tudo. Existem muitas vantagens de trabalhar em casa, o que pode gerar uma alta produtividade. Agora, o profissional não precisa acordar tão cedo para enfrentar o trânsito. O
seu horário de entrada no trabalho é às 9h e, pelo fim da tarde, às 18h, ele consegue encerrar suas demandas e pode ir brincar com seu filho, visitar seus pais, viver sua vida. “Tudo o que investimos e nos dá retorno, não é caro”, acredita Thiago. Ele não se arrepende de sua escolha, pois foi o que lhe permitiu
mais conforto, fazendo aquilo que gosta. Também não vê como prioridade voltar ao trabalho presencial, pois, de forma remota, ele diz garantir uma maior flexibilidade e produtividade. Atualmente, pensa mesmo em ampliar de novo o seu kit, para facilitar ainda mais o seu engajamento profissional.
Notebooks são equipamentos mais procurados para aulas online BEATRIZ XAVIER
FELIPE SOUSA
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Aulas a distância durante pandemia fortaleceram as vendas de notebooks na loja Ubs Note
m um cenário de trabalho remoto, o notebook está entre os principais equipamentos procurados, por apresentar variadas funções e facilitar a comunicação. Segundo a gerente da Usnote Notebooks, Beatriz Alves, cerca de 90% das pessoas que procuram a loja, afirmam que precisam de um notebook para poderem assistir as aulas a distância. “Poucos chegam informando para outra necessidade, como para trabalho”, acrescenta. Mesmo com a procura, segundo a gerente, os notebooks, tanto os novos como os seminovos, estão em falta em Imperatriz. Em sua loja, a procura aumentou significativamente em 2021. O destaque é pelos aparelhos “mais em conta”, ou seja, os mais baratos. Beatriz informa que as pessoas não chegam buscando por uma marca específi-
ca, mas aponta a Dell como sendo uma das melhores. A Usnote, segundo a gerente, é bastante procurada por universitários, jovens do ensino médio, fundamental e pais de crianças. “O nosso diferencial são os notebooks empresariais, mais resistentes, com
“Poucos chegam informados para outra necessidade, como para o trabalho”
maior durabilidade, preço acessível e um rápido processador”, informa a gerente. Necessidade - Maurício Lima, 19 anos, do município de Amarante do Ma-
ranhão, é um exemplo dentre tantos outros, daqueles que necessitaram adquirir um notebook neste ano. Ao entrar na faculdade pelo modo de Educação a Distância, encontrou dificuldades em acompanhar suas aulas e atividades pelo celular. Maurício diz que o aparelho visa atender, também, algumas outras necessidades básicas do seu dia a dia. Ele destaca que, diferente de muitas pessoas, optou por sua compra de forma online, pelo site, pois em sua cidade não há em nenhuma loja o produto desejado. Também levou em consideração o custo benefício. “Geralmente as compras na internet saem mais acessíveis ao bolso, porém, tem o tempo de espera até a chegada do produto, que muitas vezes é grande e que, sem dúvida, torna-se uma maior desvantagem”, destaca o universitário.
Mais variedade e maior procura aquece o mercado de celulares FELIPE SOUSA
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egundo o International Data Corporation Pesquisa de Mercado e Consultoria Ltda (IDC Brasil), a venda de celulares no Brasil cresceu 10% entre julho e setembro de 2020, período em que foram vendidos mais de 13 milhões de smartphones. Já em Imperatriz, o aumento de vendas de celulares durante a pandemia é confirmado pela vendedora Camila Sousa, da loja Eletro Mateus. Ela destaca que a procura é grande pelas variedades, opções, marcas e modelos. “Os celulares são mais desejados pelos jovens entre 17 e 18 anos e, como as pessoas estão ficando mais em casa, a pro-
cura ficou diferenciada”, destaca a vendedora. Os clientes, na maioria das vezes, chegam na loja sabendo o que querem e, nesta hora, o que diferen-
“Os gigas, para o cliente, hoje, tornaram-se referência”
cia a escolha é o ponto de vista do vendedor. Ele precisa saber sobre o produto, sendo leal e fiel, oferecer algo de qualidade, saber tirar as dúvidas dos clientes e auxiliar para
que eles escolham a melhor opção, conforme detalha a vendedora. Camila relata, ainda, que os clientes procuram a loja em busca de celulares com bom processador, câmera de qualidade e, principalmente, uma boa memória. “Os gigas para o cliente, hoje, tornaram-se referência”, afirma. A loja não trabalha com iPhones, mas se destaca com produtos da Xiaomi e Samsung, sendo este último o campeão de vendas. Para facilitar a compra, o estabelecimento oferece facilidades, como compras sem entrada e sem juros. Um dos grandes benefícios é o seguro próprio da loja, a “garantia estendida”, destacando-se pela troca do aparelho em caso de quedas e mau funcionamento.
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Diversidade de produtos e preços aumenta a procura de celulares em tempo de isolamento social
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INTERNET Empresários que trabalham no setor relatam que, devido ao isolamento social provocado pela pandemia, os clientes de Imperatriz estão mais exigentes quanto à qualidade da banda larga e da assistência técnica
Cresce demanda por banda larga e qualidade
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WALISON SILVA
m um mercado em expansão nos últimos anos, Imperatriz já conta com dezenas de empresas que fornecem internet nos planos empresarial, comercial e residencial, com conexão razoável e suporte aos clientes. O site “minhaconexao.com. br” calcula quais são as melhores conexões em Imperatriz. Levando em conta as redes de banda larga, nas quais as velocidades chegam a atingir os 73,88 Mbps e uma média de 58,86 Mbps, a Encabo aparece na liderança, seguida por IBL internet e, em terceiro lugar, pela Jupiter banda larga. A gerente da IBL, Daniela Cristina, relatata que, só
nos últimos meses, diante das restrições por causa da pandemia, houve um aumento de procura de mais de 80% em relação ao mesmo período do ano de 2019. A empresa oferece rede 100% fibra ótica, abrangendo mais de 50% dos bairros da cidade, além de outros municípios, como João Lisboa, Senador La Roque e cidades do estado vizinho, Pará. A IBL teve que investir em mais funcionários para seu suporte por causa do aumento de novos clientes e das buscas pelos seus planos de internet. A gerente Daniela ainda enfatiza que dessa procura, 30% foram de empresas que passaram a manter seus trabalhos em home
office. Desta forma, a IBL apostou em atendimento e suporte online, via WhatsApp, buscando melhorar a comunicação com o cliente. A gerente declarou, ainda, que muitos clientes tem se tornado mais exigentes sobre a qualidade das conexões. Mas a empresa tem que investir em manutenção, ampliação e melhorias na conexão ofertada aos contratantes, que saem da concorrência buscando um melhor serviço, atendimento e, claro, o preço. “Os pacotes hoje oferecidos são maiores em relação ao período de antes da pandemia, que eram em torno de 15 mega. Hoje oferecemos um pacote de 250 mega pelo mesmo valor. Tudo isso para fidelizarmos o cliente e mantermos nossa qualidade”, declarou a gerente. Em tratando de conexão móvel 3G/4G, Imperatriz tem em sua disponibilidade as quatro operadoras que atuam em todo o Brasil. Neste ranking, a melhor conexão é a da Claro, com velocidade de 8.12 Mbps, seguida da Vivo, com 6.95 Mbps. Outras operadoras são a Tim, com 6.77 Mbps e a Oi 5.01 Mbps, uma média de 7,33 Mbps. Ambas oferecem seus serviços nos planos pós e pré-pago. Investimentos - O empreendedor de internet, Antonio Brito de Oliveira, viu sua demanda por novos clientes saltarem em mais de 60% em relação ao período de pré-pandemia, no início de 2020. Hoje, sua rede ofertada aos clientes é
Empresa Jupiter Internet realiza manutenção e soluciona problemas de rede de internet
JACKELINE COELHO
IBL teve que investir em mais funcionários e tecnologia neste período da pandemia da Covid-19
toda em fibra ótica, sendo que o IBL disse que alguns clientes já empresário investiu em antenas de perguntam sobre a nova tecnologia maior alcance, frota de veículos, em que promete um salto de qualidade funcionários, suporte ao cliente, em vários aspectos. A prestadora ponto de atendimento físico, preços de serviço ainda não tem ideia de competitivos com o da concorrênquando será disponibilizada, já que cia e instalação tudo depende do gratuita. Localeilão para deci“Os pacotes hoje lizado no bairqual empresa oferecidos são maiores em dir ro Bacuri, seu terá o direito relação aos de antes da de oferecer a empreendimento pandemia” se tornou acestecnologia. Mas sível aos clientes Daniela Cristipróximos de na garante que sua residência. “Tenho lidado com assim que for disponibilizada pela vizinhos, indicações, pessoas que Anatel, será tratada com urgência a buscam uma conexão boa e acessíreadequação da rede e a implantavel, atendimento formal, agilidade”. ção para oferecer os serviços do 5G A respeito do 5G, a gerente da em todo estado do Maranhão.
Aumento de ofertas de internet em Imperatriz gera reclamações sobre qualidade dos serviços oferecidos WALISON SILVA
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Professor grava aula para ser disponibilizada por meio de plataforma virtual aos seus alunos
WALISON SILVA
om a pandemia da Covid-19 e a necessidade de praticar o isolamento social, muitas pessoas passaram a trabalhar e estudar em casa. Com isso, perceberam que a qualidade da internet contratada não era tão boa assim. De acordo com um levantamento feito com base nas queixas efetuadas no portal “Reclame Aqui”, a insatisfação com a banda larga na quarentena cresceu 26,91%, comparando março a setembro de 2020 com o mesmo período de 2019. Em Imperatriz, também há vários relatos de usuários de serviços de banda larga que se direcionam ao site como única forma de conseguir ter seu problema resolvido. Ascanio Negreiros, professor da rede municipal, que hoje trabalha em casa com a plataforma de educação do município de Imperatriz, é cliente de uma das empresas que fornece internet em seu bairro, Jardim América II. Ele relata que a conexão cai diariamente, e o suporte via mensagem WhatsApp nunca tem um retorno imediato. “Demoram muito
a dar um retorno, me deixando na mão. Isso acontece com bastante frequência”, afirma o professor. O cliente alega que chega a ligar reclamando e, quando consegue uma chamada, dificilmente se tem um prazo para regularizar o problema. Outra reclamação é a omissão do número de protocolo que, segundo Negreiros, só é obtido após muita insistência com o atendente, embora, por lei, deva ser fornecido imediatamente ao cliente, logo ao ser atendido. “Eu que preciso de uma boa conexão, fica difícil lidar com essas interrupções no serviço contratado. Me desanima, fico de mão atadas sem saber a quem recorrer”. Insatisfação - O professor da rede privada de ensino fundamental, médio e universitária, Filipe Araújo, já trocou de operadora móvel várias vezes. “Fui cliente banda larga da operadora Oi, Claro e agora estou usando a Vivo. Como trabalho em cidades próximas de Imperatriz, tive que adquirir pacotes de rede móvel, optando pela flexibilidade e a ques-
tão de poder levar ela comigo para qualquer lugar”. Araújo explica que, mesmo assim, isso não o exime de “dores de cabeça” com quedas de sinal e redução de franquia. “Como tenho trabalhado muito com aulas remotas, além do uso da internet para assistir filmes, para pesquisas, uso das plataformas de ensino, baixar vídeos e disponibilizar esse material aos meus alunos, precisei investir em um bom pacote, que não me deixe na mão”, declarou o professor. Já para o professor e acadêmico de Licenciatura em Ciências Humanas da UFMA, Luís Fernando, as preocupações com a internet são constantes. Embora o suporte ao cliente lhe atenda pelos meios disponibilizados, o problema é que a conexão passa por constante problemas, que acabam atrapalhando no momento em que mais precisa para assistir suas aulas. “Pagamos tão caro pra ter um serviço e quando mais necessitamos acabam nos deixando na mão. Isso me revolta, já que no dia do pagamento ter desconto na fatura é caso impossível”.
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RELIGIÃO
Prefeitura de Imperatriz emitiu um decreto que exige adaptações em relação aos cultos e demais práticas religiosas, fazendo com que os locais de adoração da cidade buscassem a adoção de alternativas online
Espaços de culto adotam práticas online MARCOS PROHMANN
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m detrimento do decreto emitido pela Prefeitura de Imperatriz no dia 3 de março de 2021, algumas medidas restritivas adotadas desde o ano passado foram ampliadas, impactando em diversas áreas, como a religião. Todas as igrejas e demais locais de culto se depararam com a adaptação de costumes e rituais como a única forma de lidar com a espiritualidade na pandemia. Algumas incluíram o universo online nas suas práticas e outras, por exigirem mais presença, tiveram que trabalhar com cultos reduzidos, em locais abertos e com idosos, jovens, crianças e integrantes dos demais grupos de risco, em alas específicas. Alternativas- Assim que as primeiras determinações municipais foram publicadas, em 2020, a igreja cató-
lica já havia tomado a decisão de que os grupos e as missas fechassem, segundo José Ribamar, de 39 anos e presidente do Movimento da Renovação Carismática Católica. Como a plataforma Zoom já tinha sido usada por eles, de 2019 a 2020, ela foi a primeira alternativa apontada para as reuniões, em nível de liderança. Para os grupos
“A gente conseguiu minimizar os impactos com a questão das redes sociais” de oração, a ferramenta de lives, via Instagram e Youtube foi adotada, visando a diminuição dos efeitos da pandemia. “Nós vivemos uma comunhão fraterna, ou seja, estar junto, sempre ajudar o outro. E é muito difícil conviver com esse afastamento, mas a gente conse-
DAVI BRANDÃO
guiu minimizar os impactos com a questão das redes sociais e também dessas plataformas, que foram fundamentais para nós”. Esses serviços de comunicação por áudio e vídeo foram essenciais para Ramsés da Silva, de 42 anos. Ele é o presidente do Centro Espírita André Luiz, além de ser o secretário geral do Conselho Espírita Municipal de Imperatriz e comenta que a migração do presencial para o online também começou desde março de 2020. Porém, ela não foi tão fácil para todos, já que eles tiveram poucas experiências com essa prática. “Por isso que, para muitos, ainda é uma dificuldade a transição das reuniões físicas para as virtuais. Até porque muitos dirigentes são de idades avançadas e tiveram algumas dificuldades com as novas tecnologias. Essa migração, geralmente, foi encabeçada pela juventude das casas espíritas”, explica Ramsés.
Igreja São Francisco de Assis realiza missas, grupos de oração e eventos por meio de redes sociais
Distanciamento social impacta a rotina religiosa MARCOS PROHMANN
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Festa com redução de pessoas e contato na casa de candomblé Tenda Espírita Oxum e Abaluaê
JOÃO VICTOR PINTO
em todas as religiões conseguiram fazer a transição completa para o universo online nestes tempos de pandemia. Para Davi Brandão, 39 anos, responsável por ocupar o cargo médium de corrente e supervisor da casa de candomblé Tenda Espírita Oxum e Abaluaê, as demonstrações espirituais no candomblé são diretamente relacionadas ao ambiente presencial, sobrando apenas alguns momentos de conversa e orientação para o espaço virtual. Por isso, diversos elementos de segurança foram sendo adotados pela casa que ele frequenta. “A forma de se manifestar nas religiões africanas é totalmente distinta das outras. Nós temos as comidas dos orixás, os elementos que nós utilizamos, a vela. Quando existe uma
obrigação, nós nos juntamos, com uma quantidade reduzida de pessoas e com o uso de máscara obrigatório. A casa de santo está toda adaptada com placas indicativas e pias, em determinados lugares”, detalha Davi Brandão. De modo geral, todas as demonstrações de afeto físico pelos irmãos e companheiros de religião foram
“Acho que quem gosta de abraçar sofreu muito. Na igreja a gente se abraça muito” perdidas devido à necessidade de isolamento social provocada pela pandemia. Portanto, abraços, apertos de mão, saídas após os cultos e outros hábitos passaram a ser um risco para os fiéis. Isso influência muito na forma como as pessoas
congregam e sentem a presença de Deus, como comenta Benedito Salazar, 42 anos, líder de jovens da Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Acho que quem gosta de abraçar sofreu muito nessa pandemia e, na igreja, sobretudo, a gente se abraça muito. No final do culto, você vê alguém, um amigo que você gosta, uma senhora, enfim, você dá um abraço. E esse momento que a gente teve que se distanciar, evitar abraços, tudo isso, pesa na forma de se congregar”. Asafe Caio de Pinho, de 29 anos e líder de jovens do Ministério Apostólico Gênesis, também compartilha da mesma visão de Benedito, ao afirmar que “impactou na questão de sermos família. Perdemos o momento de comunhão durante o culto e pós-culto, de relacionamento interpessoal, de conversar sobre problemas, felicidades, sobre projetos”.
Encontros presenciais nas igrejas fazem falta para grupo de risco MARCOS PROHMANN
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esde o surgimento das primeiras religiões, essas manifestações incentivam a ligação entre os seres humanos e o mundo espiritual, proporcionando momentos de contato direto entre diversas pessoas com crenças semelhantes. No entanto, devido à pandemia da Covid-19, muitos fiéis tiveram que adaptar sua forma de adoração ao universo online, já que a proximidade física poderia representar uma ameaça para a vida de qualquer um, principalmente para as pessoas do grupo de risco, que inclui gestantes, crianças menores de cinco anos, portadores de doenças crônicas, fumantes e pessoas acima de 60 anos. Aline Conceição Feitosa, 21 anos, conta que preferiu ficar em casa ao invés de correr o risco de ir à igreja e pegar a doença, já que isso seria arriscado, principalmente, para sua
filha de 9 meses. “Eu gostei para a gente se proteger, porque a gente sempre quer o bem para nós e para os nossos filhos, para quem está ao nosso redor”. Aline, evangélica “desde sempre” e frequentadora da Assembleia de Deus, reconhece que as igrejas são espaços pequenos, geralmente, de ambiente fechado, e que isso afeta
“A gente sempre quer o bem para nós e para quem está ao nosso redor” na forma de estabelecer contato com os outros. Precaução - A mesma situação é vivenciada por Lorrany Klisly Gomes Silva, também com 21 anos. Ela frequenta o Ministério Apostólico Gênesis e não pôde comparecer aos encontros pelo motivo de ter
uma filha de um ano e achar que o culto presencial poderia ser muita exposição para ambas. Lorrany também relata que sente saudade de ir à igreja para poder ver seus amigos, mas, acima de tudo, para ter um maior contato com Deus. “Sinto falta dos amigos, dos eventos da igreja, que foram todos cancelados e mais do clamor de estar no altar e sentir a presença de Deus”. Esse sentimento não é exclusivo de Lorrany. Stephany Mota Oliveira, 21 anos, comenta que acompanha a Catedral Nossa Senhora de Fátima desde criança e que isso é uma tradição em sua família. Apesar de ter a igreja como um símbolo de união familiar, Stephany precisou ficar em casa, porque possui vários problemas respiratórios, como asma. Ela acrescenta que o ambiente online desmotiva as pessoas pelo fato de quebrar com as rotinas e relações mantidas no espaço presen-
VILANI MOTA
Setephany Mota, que tem asma, assiste às missas online da Catedral Nossa Senhora de Fátima
cial. “Todo domingo, às sete horas da manhã, eu me arrumava para ir à igreja. Era uma maneira de estar
com a minha família. Isso não foi uma quebra só no sentido religioso, mas também familiar”.
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ENTREVISTA: CIENTISTA DA COMPUTAÇÃO THIAGO PAIVA FREIRE
JOILSON BARROS
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raduado e mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Thiago Paiva Freire, 36 anos, é coordenador do curso de Bacharelado em Ciência da Computação do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), campus Imperatriz. Ele tem como área de pesquisa a visão computacional e a inteligência artificial. Na entrevista, o cientista da computação avalia a força da cultura digital na qual as pessoas foram levadas a se inserir devido à pandemia da Covid-19.
“O mundo virtual é maravilhoso, mas esconde muitos perigos” GILMARA FREIRE
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o uso da internet no Brasil cresceu de 40% a 50% na pandemia, causando uma conexão instável. A chegada do 5G seria uma boa alternativa para esse momento de pandemia? O que a gente experimentou nessa pandemia foi um crescimento de uso fora do projetado, não tínhamos algo dessa magnitude. Sendo assim, nenhuma empresa do ramo se preparou para isso e fomos pegos desprevenidos. E em relação a isso, todo desenvolvimento de tecnologia é bem-vindo. Já estamos no 5G, há 15 anos estávamos iniciando o 3G, e com o aumento da tecnologia de comunicação nos foi permitido o desenvolvimento de novas soluções. Quando eu iniciei minha graduação, em 2005, internet banda larga era um privilégio de pouquíssimos. Hoje já temos rádio e TVs que funcionam pela internet e modificaram nossa forma de acesso ao entretenimento.
Quais as vantagens da comunicação virtual nesse tempo de pandemia? Essa tecnologia está se mostrando muito útil nesse momento em que o distanciamento é algo fundamental, pois foi pensada para manter próximas pessoas que fisicamente não o podem fazer. Quais são as desvantagens da comunicação virtual nesse momento pandêmico? Ao meu ver, o nosso problema está no fim da pandemia, que esperamos que venha logo, pois corremos o risco de nos acostumar com esse distanciamento físico por causa da proximidade da aproximação virtual. Isso já pode ser visto no nosso comportamento antes da pandemia. Com o advento das redes sociais, famílias se comunicam mais pela rede social do que pessoalmente. Conseguimos nos conectar mais e ao mesmo tempo nos distanciar.
“Já se fala em dependência digital, como dependência química” A pandemia exigiu que as empresas e comércios fechassem. Muitos funcionários passaram a trabalhar remotamente. Comente sobre essa transição para o home office. Do ponto de vista tecnológico, essa situação foi uma prova do que as tecnologias da informação podem fornecer para a sociedade. Isso já é um ponto de partida para que a
Ninguém anda dando dinheiro por aí.
Cientista da computação, Thiago Freire, acredita que as atividades cotidianas pós-Covid-19 serão desenvolvidas de forma cada vez mais digital
nossa geração experimente cada vez mais soluções computacionais no dia a dia, em tarefas de trabalho, ou até mesmo nas cotidianas. Por outro lado, do ponto de vista pessoal, ter o trabalho em um ambiente tão intangível quanto o digital, pode tornar o homem escravo do trabalho. Quando o trabalho é limitado por um espaço físico, basta sair deste espaço que as tarefas cessam, mas quando esse trabalho está presente em cada GILMARA FREIRE
espaço do seu dia, por meio de dispositivos computacionais, como limitar essa obrigação? Isso exige muita autodisciplina do trabalhador nesse momento de home office. Os governos deveriam pensar em combater as desigualdades digitais? Por quê? Sim. Desde os anos 1980 o mundo experimenta de forma mais contundente a informatização dos processos e isso se dá em todos os níveis e setores da nossa sociedade. Um indivíduo privado de acesso a dispositivos computacionais é o novo analfabeto, tanto que já temos a alcunha de analfabeto digital. Nos próximos anos, e isso muito impulsionado pela pandemia, experimen-
“Com o advento das redes sociais, famílias se comunicam mais pela rede do que pessoalmente” taremos uma vida mais digital, onde computadores e smartphones serão cada vez mais necessários no cotidiano, fazendo com que indivíduos, que não tenham acesso a esses dispositivos, se tornem marginalizados socialmente.
Professor Thiago Freire alerta para a necessidade da autodisciplina no trabalho home office
Com a necessidade de isolamento social, muitas pessoas passaram a usar mais a internet para a interação social. Quais as consequências dessa atitude? Corremos um sério risco de piorarmos uma tendência que já tínhamos, de nos isolar cada vez mais, mesmo estando próximos. A Internet e todas as tecnologias agregadas a ela foram pensadas para aproximarem
pessoas que estivessem em distanciamento geográfico considerável. O que não percebemos é que ela traria uma dependência tão grande que absorveria seus usuários de tal forma que o indivíduo prefiriria o mundo virtual ao real. Isso é tão grave, que já se fala em dependência digital, como dependência química. E com o maior consumo desse tipo de insumo, corremos um sério risco de sermos cada vez mais dependentes. De que maneira o senhor pressupõe o mundo pós-Covid? Acredito que a pandemia irá mudar o nosso modo de interagir e o nosso olhar sobre as tecnologias digitais nos vários campos do cotidiano. Minha única preocupação é que isso não traga problemas como os que já citei. Espero que saibamos lidar com a tecnologia como ela deve ser encarada, como ferramenta a ser utilizada e não como um senhor que nos controla. Nessa nova realidade, os riscos de se cair em golpes virtuais aumentaram. Como navegar com segurança na internet e redes sociais? Um turista é sempre um ser vulnerável, pois desconhece os perigos do local em que se anda. Na internet isso não é diferente. O acesso a esse mundo digital ainda é novo para a maioria das pessoas, ainda existem muitos indivíduos que não sabem manipular um dispositivo computacional em sua integralidade. Isso permite que pessoas de má fé se aproveitem desse desconhecimento. E aí a regra é a mesma pro mundo real: Procure conhecer por onde está andando, as regras e os perigos. Minha dica é que usem sempre aplicativos e sites confiáveis. Sempre desconfie daquilo que é inacreditável.
“Um indivíduo privado de acesso a dispositivos computacionais é o novo analfabeto”
Nas aulas remotas, muitos estudantes têm problemas na instabilidade da internet. O que fazer para melhorar a conectividade durante esse confinamento? A conexão à internet de qualidade ainda não é um item universal em nosso país e o distanciamento social deixou isso muito claro. A desigualdade social ficou mais nítida nesse momento. E como o combate à desigualdade social deve ser uma bandeira de maior peso para o poder público, acredito que nossas autoridades políticas devem ver esse aspecto com maior cuidado e atenção.
“A conexão à internet de qualidade ainda não é um item universal em nosso país”
Existe alguma questão que o senhor gostaria de falar que eu não perguntei? Só deixo uma contribuição final reiterando: pedir que usem as tecnologias digitais com muito cuidado e parcimônia. O mundo virtual é maravilhoso, mas esconde muitos perigos. Ele pode ser semelhante a um carro. Se usado com cuidado e atenção, ele poderá te levar a lugares ótimos, mas se usado com imprudência pode produzir danos gravíssimos.
MUNDO VI RTUAL
ENSAIO FOTOGRÁFICO
CRÉDITOS NO EXPEDIENTE
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REDES SOCIAIS Com a pandemia, trabalhar ou se divertir se tornaram atividades difíceis sem a possibilidade de sair de casa. Portanto, se dedicar às redes sociais se tornou uma ocupação mais segura e lucrativa para alguns
Diversão e trabalho em meio à pandemia EDUARDA SOARES
você seja consistente, ofereça um conteúdo de qualidade e tenha uma boa oportunidade”, acredita. om a pandemia, investir Lennon posta em seu canal no em uma carreira nas redes Youtube, semanalmente, vídeos sociais ou se dedicar às humorísticos roteirizados e propáginas já existentes, se tornou a duzidos por ele mesmo, que, além solução para muitos. Tanto por ter de humorista, é também roteirismais tempo para gravar, como para ta. Ele revela que faz constantes acompanhar o que mais se destaca pesquisas sobre o que está em alta e como fica o seu engajamento nas no momento e que seus vídeos são plataformas. sempre humorísticos, pois gosta de O humorista Willian Lennon, melhorar o ânimo das pessoas. perfil @wlennonitz, 30 anos, conta Mesmo tendo que esse trabastante atuação balho com as nas redes sociais, redes sociais, “Infelizmente, é um o humorista revela em especial mal de todo lugar, não que o trabalho o Youtube e valorizam os artistas nem sempre é valoInstagram é de locais” rizado e conta uma grande imporexperiência que já tância, pois é viveu: “Eu já faço vídeos pro Youtuassim que ele sustenta a esposa e be há um tempo e em um determio filho de três anos, já que não é nado dia resolvi fazer um vídeo sopossível realizar shows de stand bre o bolo de Imperatriz. Inclusive, up comedy no momento. “Com os deu um engajamento bom no meu locais todos fechados ou impossicanal do Youtube, porém, a maiobilitados de fazer apresentações, ria das pessoas começou a criticar, fica complicado de lucrar. As redes dizendo que eu estava imitando sociais podem, sim, trazer lucro e Whindersson Nunes”. ser um bom trabalho, desde que IANY SANTOS
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Youtuber Eduarda Soares e seu mini estúdio de gravação: “Eu amo fazer isso, me dedico ao máximo”
Tik Tok é nova opção de entretenimento durante durante a fase de isolamento social IANY SANTOS
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MARIANA VIEIRA
té fevereiro de 2021, a plataforma TikTok atingiu a marca de 56 milhões de instalações em todo o mundo, se tornando o aplicativo mais baixado. A rede social de vídeos, que já fazia sucesso entre os jovens e adolescentes antes da pandemia, acabou se destacando mais durante este período, segundo pesquisa realizada pelo Sensor Tower, blog de insights sobre aplicativos. Por ter um processo de edição simples, com vídeos de até 60 segundos e uma infinidade de
Mariana Vieira, que sempre gostou de produzir vídeos, mostra os bastidores de suas postagens para o app Tik Tok
efeitos, como música de fundo, dublagens e até danças, o app proporciona ao usuário falar de vários assuntos. Essa informação é destacada pela estudante Ana Ribeiro, perfil @sxpector, 19 anos. “Abordo assuntos como política, saúde, estética, aceitação, comédia e cosméticos.” Ana diz que usa o app faz um ano e suas postagens têm bastante engajamento. A estudante destaca que publica para passar o tempo e que não se preocupa com seguidores ou lucros. Seu público alvo são adolescentes e
jovens entre 15 e 25 anos. Diferente de Ana, para Mariana Vieira, estudante, 16 anos, as possibilidades de lucrar com o app são cogitadas. Apesar de ainda não ter acontecido, ela relata que já fez parcerias com algumas óticas e maquiadoras. O fato de já gostar de gravar vídeos rotineiramente despertou nela o lado tiktoker e assim deu início às postagens em seu perfil @mvccrs. Ela diz que se preocupa muito com o que consome na rede social e também com o que posta. Por isso, faz algumas pesquisas sobre o que está em alta no momento, e suas postagens dependem do seu humor no dia de publicar ou gravar. “Gosto de aparecer feliz, ou seja, nunca posto quando estou triste. A gente transmite sensações, não gosto de transmitir coisas ruins para o meu público, mesmo que seja pequeno”, revela Mariana. Conteúdo- A jovem diz consumir sempre conteúdos que falam sobre estudos, pois já é vestibulanda. Seu tempo na rede social é usado principalmente para tentar esquecer a situação pela qual o mundo está passando. Por isso, busca sempre postar conteúdos como cotidiano, canto, indicações de filmes e séries, além de algumas piadas, no estilo de humor tiktoker. Mesmo com bastante esforço e com empenho para conquistar público, ela comenta que está no início da experiência. “Ainda é bem complicado a questão do engajamento e falta de apoio a contas pequenas, mas sempre dizem que tenho potencial e eu acredito muito nisso.”
Outros canais - Além dos canais humorísticos, há também aqueles que investem em espaços virtuais de moda, beleza e dança, como é o caso de Yasmin Santos, 15 anos, perfil @Yasminflordejasmin, e também de Eduarda Soares, 18, @ Eduardazoares. Yasmin, que mantém o canal desde 2019, diz que sempre gostou de gravar para passar o tempo e se divertir. Com adolescentes, crianças e adultos como público bem participativo, ela busca perguntar o que eles querem ver no canal. “Os mais compartilhados são as danças, porque as pessoas talvez achem que eu tenho um desempenho melhor.” Já Eduarda posta, em especial, para mulheres e diz que seus maiores engajamentos são nos vídeos de beleza e moda. Ela decidiu investir nesse tipo de vídeo e até organizou um mini estúdio de gravação em casa. ”Tem uma importância enorme pra mim, eu amo fazer isso, me dedico ao máximo e espero futuramente crescer nesse meio”.
Instagrammes representam um novo mercado ESMERALDO NETO
Instagrammer Basiliano Neto durante pesquisa e produção de conteúdo para seus vídeos IANY SANTOS
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pandemia, o isolamento e a maior parte de tempo em casa, fez das redes sociais um passatempo seguro neste período. Acompanhar os conteúdos produzidos pelos influencers e Instagrammes se tornou rotina diária para várias pessoas. Dicas de maquiagem, series, filmes, fofocas e outros assuntos são abordados pelos criadores de conteúdo. Carolina dos Santos, perfil @Kaah_Sousa081, 20 anos, blogueira e maquiadora, atua no Instagram há dois anos. Ela relata que passa cerca de três horas por dia na rede social e que suas postagens são principalmente sobre violência doméstica. “É um assunto muito sério, e muitas mulheres sofrem isso caladas em casa, então, faço para ser um alerta”.
Carolina sempre sonhou em ser blogueira e poder se manter financeiramente, algo que já é possível com sua atuação na rede social, a partir de parcerias.
Lucro - “Quando eu percebi que dava pra ganhar dinheiro comecei a investir meu tempo nisso”, diz Basiliano Neto, fotógrafo, de 19 anos, perfil @neto2. Neto investe em postagens simples no Instagram desde 2018. Mesmo sendo fotógrafo e tendo equipamento profissional, os vídeos que engajam mais são os gravados no celular, com ele sentado no chão falando sobre séries e filmes de conteúdos que ajudam no aprendizado de idiomas, por exemplo. Por ter se contaminado com o coronavírus, o instagrammer resolveu dar uma pausa para descansar e agora irá retomar as produções de conteúdo para sua página.
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RELACIONAMENTOS Casais que se encontram virtualmente contam suas experiências com o webnamoro e as maiores dificuldades que enfrentam com esse tipo de relacionamento
Internet vira aliada do namoro a distância FOTOS: ACERVO PESSOAL
Kayla Reis no primeiro encontro com seu namorado de Goiás: Sonho de um futuro juntos
LIA AMARAL
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s casais que se comunicavam por meio de cartas se renovaram. Com a chegada da internet, houve várias facilitações para os amantes, e surgiu um novo termo que muitos chamam de web namoro ou namoro digital, já que se trata de um relacionamento em que se usa a internet para se comunicar. Kayla Reis, 40 anos, já viveu três relacionamentos e dois deles resultaram em casamento. No entanto, ela se diz desiludida do amor, depois da sua última experiência. “Eu me blindei para o amor, não acreditava
“A distância é um mínimo detalhe, quando se tem amor” mais nele, estava bem sozinha e não queria me envolver com ninguém”. Sua profissão como professora a fez questionar quando um estranho lhe
mandou mensagem pelo Facebook. E, quando ele lhe disse suas reais intenções, a professora, que nunca tinha flertado pela internet, estranhou. O relacionamento entre os dois foi crescendo, ao ponto de ficarem horas no telefone conversando e descobrindo suas afinidades. “Ele reside no Goiás, mas tem família aqui no Maranhão. Isso tirou um pouco
que nunca se sentiu tão amada e respeitada por um parceiro. “A distância é um mínimo detalhe, quando se tem amor”, acredita Kayla. Os dois vivem mundos diferentes, ocupados com seus trabalhos, porém encontram meios de se comunicar durante o dia e planejam um futuro juntos. “Ele veio passar três semanas aqui e, pra mim, foram as melhores semanas da minha vida”. Quando questionada sobre como lida com os ciúmes, expressa que, às vezes, se torna impossível não
meu medodele ser um completo desconhecido”. As conversas duram a noite toda e ela descreve Brena Nascimento, que conheceu seu namorado em um grupo de jogos online, encontra-se com ele pela primeira vez
LIA AMARAL LIVIA MARTINS
Aposentada Otília Martins em sua sala de estar conferindo suas mensagens no celular: “Eu agradeço muito a tecnologia”
“É um momento que me lembra dos aniversários, do Natal, pois é a hora que todos estão juntos”
que todos os dias recebe ligação dos filhos. “Eu agradeço muito a tecnologia. Sem ela nem poderia ver meus filhos”, conta a aposentada. Por estar sempre preocupada com todos, teme muito pelos seus entes queridos. Assim é que surgiu a ideia das videochamadas. A filha mais nova, Kelia Martins, conta sua preocupação da mãe desenvolver doenças como a depressão, já que no passado foi diagnosticada com ansiedade. As videochamadas alegram e são o ponto máximo do seu dia. “É um momento que me lembra dos aniversários, do Natal, pois é a hora que todos estão juntos, rindo e contando como foi seu dia.”
tão fáceis, agora estão cada vez mais contidas. Otilia Martins, aposentada de 79 anos, relata que os dias estão mais difíceis. Por ter muitas doenças respiratórias, a idosa se isolou logo nas primeiras notícias sobre o vírus. “Meus filhos vêm somente para deixar as compras e vão embora. Eu sinto saudades do contato físico, mesmo não sendo uma pessoa super carinhosa”. Ela relata
Filha - Kelia Martins, de 40 anos, trabalha no Tribunal de Justiça e tem duas filhas. Para ela, que já morou com a mãe por muito tempo, é muito difícil esse afastamento. “Nós nunca nos desgrudamos, tanto que quando escolhi um apartamento para morar, optei por um que fosse próximo do dela”. Anteriormente, a servidora pública ligava uma vez durante o dia, hoje telefona no mínimo três vezes. As ligações sempre são muito alegres e animadas, deixando de fora
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uando se imagina família reunida, logo se remete aos almoços regados de muita comida e gente rindo e conversando. Porém, com a pandemia, a situação ficou diferente. A matriarca da família, que faz aquela comida tão gostosa, teve que se isolar. E a reunião dos parentes agora se faz pela tela de um computador ou celular. A preocupação diária se tornou pauta das conversas e risadas, antes
as notícias do coronavírus e focando somente na alegria de estarem todos com saúde e reunidos. “Me sinto muito abençoada por ter a família que tenho, em nenhum momento me senti desamparada. É uma sensação boa saber que criei muito bem meus filhos”, descreve Otília. KELIA MARTINS
Aposentada Otília Martins, em reunião por Internet com sua família, diz sentir saudades do contato físico
Distância - A história de Brena Nascimento, de 18 anos, é diferente, pois não teve outros relacionamentos. Relatou que uma amiga lhe colocou em um grupo de jogos online e foi assim que se conheceram. “A gente conversava todo dia, toda hora, ele se tornou parte da minha rotina”. Com o tempo passando, os dois se identificavam e já se consideravam um casal. “Tentamos sempre arranjar algo para fazermos juntos, vemos séries, filmes e jogamos muito”. A família ficou surpresa no começo, mas aceita hoje em dia. “A saudade é uma das coisas que mais dói, às vezes a gente só queria poder se abraçar”, diz Brena. A jovem relata que a distância é bem dolorosa para ambos, mas eles sempre dão um jeito de se ver por vídeo-chamada. “Planejamos nosso futuro juntos, ter a nossa casa e poder se ver todos os dias sem uma tela nos atrapalhando. Mesmo com todos os empecilhos, não mudaria nada na nossa história.”
Solteiros na pandemia encontraram nos aplicativos um modo de se relacionar
Aposentada relata solidão do idoso no isolamento
LIA AMARAL
sentir, mas seu parceiro constantemente tenta lhe passar segurança.
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ser humano em sua maioria procura por afeto, mas encontrar um(a) parceiro(a) nesses tempos difíceis de pandemia de coronavírus se tornou quase um desafio. O amor digital está em alta e aplicativos de relacionamentos nunca estiveram tão lotados como estão hoje em dia. Michaelly Pinheiro, acadêmica de Letras, 21 anos, conta que está solteira há três meses e informa que começou a usar os aplicativos de relacionamento no começo da quarentena. Para ela, essas ferramentas servem como uma válvula de escape. “Desde que começou a quarentena fico muito no meu quarto e me sinto muito sozinha. Conversar com outras pessoas pelas redes sociais e aplicativos de relacionamentos me tira do tédio”. Para a acadêmica, a possibilidade de errar sem tanta preocupação com julgamentos, compartilhando vivências e convicções
é um dos principais benefícios de usar os aplicativos. Já Eduardo Vaz relata uma versão diferente de suas experiências. Para ele, estar em uma pandemia é como viver uma realidade paralela. A estranha sensação de que você pode ser quem quiser nas redes o faz pensar dessa forma. “Conversar com alguém que nunca vi na vida me traz uma certa curiosidade e medo. Eu posso estar conversando com uma pessoa totalmente diferente”. Por só ter 16 anos, o estudante relata que não expõe sua verdadeira idade. Contar para família de onde surgiu aquele amor em plena quarentena também é um dos desafios. Na opinião de Victor Oliveira, que já está solteiro há três anos, é difícil revelar para a sua mãe que conheceu alguém em um aplicativo. “Ela não sabe muito bem como funciona, acha que tudo da internet é golpe”. Com isso, o jovem prefere contar que já conhecia a garota de outros lugares. JOÃO PEDRO OLIVEIRA
Jovem Victor Oliveira, que está solteiro há três anos, explora o aplicativo Tinder
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ENSINO
Inovação no âmbito educacional tem proporcionado que professores ministrem aulas de várias maneiras. Entretanto, em tempos de pandemia, sem o contato presencial, os formatos ficam limitados e o contato presencial com os alunos faz falta
Dificuldades das aulas a distância afetam aprendizado na rede pública
Educação vive adaptação didática frente à Covid-19 E
FELIPE RIBEIRO
MARCELO MIRANDA
FELIPE RIBEIRO
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m meio ao período de quarentena e o temor pelos efeitos da Covid-19, profissionais da educação aderiram ao desafio de adaptarem suas aulas para o formato remoto. Nesse cenário, a inovação e a tecnologia têm sido fundamentais para disponibilizar formas de continuidade educacional e fazer com que os alunos atinjam bons resultados. É o caso da professora, especialista em Letras e pedagoga, Danielle Barbosa, 24 anos, que foi surpreendida com o desafio de gravar aulas, mesmo sem ter intimidade com a produção de vídeo para plataformas. “Dei a cara a tapa e aos poucos fui me desbloqueando para as inovações”, afirma. Nesse período, a professora percebeu que outros profissionais da educação buscavam informações, orientações e dicas. Surgiu então a ideia de ajudar os colegas. “Decidi que iria compartilhar o que estava desenvolvendo. Compartilhei histórias, recursos pedagógicos digitais e dicas”, conta Danielle. No processo de aprendizagem das ferramentas digitais, nasceu o Carrossel Pedagógico, uma forma de dar aula que conta com a ajuda de um pequeno estúdio para produzir ambientes animados, trilhas sonoras e atividades interativas. Além disso, a professora também conta com plataformas de jogos educacionais que auxiliam no processo de aprendizagem dos alunos. Danielle Barbosa explica que investiu em iluminação e em uma ferramenta de efeito visual que permite a substituição do fundo de um vídeo ou imagem, chamado de chroma-key. “Busquei recursos para inserir nos vídeos, como trilha sonora, animações e background.
m decorrência dos efeitos provocados pela Covid-19, escolas distribuídas pelo mundo paralisaram o ensino e as atividades presenciais. Consequentemente, profissionais da educação, com o objetivo de reduzir o prejuízo pedagógico, viram-se com o desafio de atuar em um contexto não habitual. Célia Sousa, 39 anos, professora, afirma que, “no primeiro momento, a sensação foi de medo e preocupação, mas, com as habilidades digitais sendo desenvolvidas, a situação foi fluindo”. Frente a esse panorama, professores receberam o desafio de ampliarem suas habilidades tecnológicas, visto que nem todos tiveram a formação adequada para lecionar a distância. Sem o contato presencial, a comunicação com os familiares mudou e o conhecimento digital, de ambas as partes, tornou-se indispensável.
Apesar disso, de acordo com a professora Célia, “muitos pais ainda não têm acesso à internet por condições financeiras, outros porque não deram importância”. Nesse aspecto, outro fato desafiador se refere à participação de todos os alunos nos encontros virtuais. “Hoje as dificuldades são mais vencíveis. Nós, professores, tivemos que nos adaptar a um formato que por enquanto é o mais seguro: as aulas remotas”, explica a professora. Assim, as práticas de educação online cresceram e são definidas por aulas guiadas por plataformas digitais síncronas e assíncronas, conforme o cronograma das atividades presenciais, como explica Célia Sousa. “Eu trabalho com dois tipos de alunos: aqueles que acessam a plataforma e outros com blocos de tarefas entregues na escola com proposta de questionários aplicados na base digital, conforme o desenvolvimento do aluno”. ELIAS FIGUEIREDO
Educadora Danielle Barbosa utiliza a técnica do chroma key em todas as suas aulas remotas
Tudo isso deixa a aula mais atrativa e prende a atenção dos estudantes”. Nas atividades desenvolvidas com os alunos, Danielle preza pelo relacionamento familiar, com ações que envolvam a família, bem como aquelas que trabalham o emocional do aluno. “É importante mencionar que, para o sucesso no ensino remoto, foi primordial o relacionamento com as famílias”, contextualiza. Desafios – Para a pedagoga, cada etapa dessa mudança teve sua dificuldade específica. Entretanto, o impasse principal é direcionado aos alunos.
De acordo com a professora, alguns alunos não possuem auxílio para acompanhar as aulas, pois seus responsáveis precisam trabalhar e as crianças ficam em casa. ”Outros alunos encontram grandes problemas de conexão e até mesmo com aparelhos inadequados para acompanhamento das aulas”, reitera. Danielle assume que, ainda assim, é importante pontuar o quanto tais situações geram “uma sensação de impotência nos professores, por não conseguirem alcançar todos os alunos”.
Professora Célia Sousa avalia os seus alunos de forma remota em uma de suas aulas
Ausência de atividades presenciais prejudica colação de grau e estágios FELIPE RIBEIRO
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erimônias e práticas educacionais como outorgas de grau, formaturas e estágios foram suspensos presencialmente durante o período da pandemia. Com essa situação, os alunos que
pido por conta do grande número de contaminados pela Covid-19. Embora os professores e as instituições educacionais estejam à procura de melhorias na qualida-
de do ensino remoto, Letícia ainda não conseguiu adaptar-se a este formato, mesmo com acesso às disciplinas. “Eu tenho outras dificuldades
relacionadas à concentração, realização de trabalhos, além da entrega no prazo. A pandemia me sobrecarregou muito, me deixou muito cansada”, afirma.
VOLFF ANDRADE
“A pandemia me sobrecarregou muito, me deixou muito cansada”
necessitam realizar atividades que exijam proximidade social foram os mais afetados. Letícia Bezerra, 23 anos, estudante de Ciências Humanas, iniciou o período de estágio na faculdade em 2020. No entanto, foi interrom-
Athalaeny Gomes busca uma citação para discurso de cerimônia online: “A princípio eu acreditava que logo passaria e que a colação seria presencial”
Espera – Apesar das restrições impostas pelas autoridades para contenção da disseminação do novo coronavírus, as instituições de ensino buscaram formas de se adaptar e atender as necessidades dos discentes e formandos. Athalaeny Gomes, 23 anos, administradora, concluiu seu curso em dezembro de 2019 e tinha sua outorga de grau marcada para abril de 2020. Entretanto, por conta da suspensão de cerimônias presenciais, não foi possível a realização. “A princípio, eu acreditava que logo passaria e poderia realizar minha colação presencial, mas o tempo passou e oportunidades surgiriam, me impossibilitando de aguardar para receber meu diploma”, declara a administradora. Após esperar oito meses, Athalaeny participou da outorga de grau online. “Apesar de não ser da maneira tradicional, me senti feliz por finalizar minha graduação. A forma que ocorreu não diminuiu o mérito da conquista”, acredita.
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TRABALHO REMOTO
Com a chegada da pandemia, o home office se tornou a forma mais segura de se esquivar das complicações e, para melhorar a situação, empresas se readaptaram para conseguir driblar a crise devido à Covid-19
Home office marca tempos de pandemia ANA MARIA RODRIGUES
PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA
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egundo pesquisa do site GOHome, feita com 1.876 diretores de recursos humanos em 16 países, o Brasil é o terceiro país em que mais cresce o home office em tempos de pandemia da Covid-19. Enquanto alguns estão buscando formas para se adaptar à esta modalidade, outros já conseguem identificar qual a melhor maneira de se trabalhar de casa. A designer gráfica Ana Maria Rodrigues comenta que já desenvolveu os métodos de aproveitar o trabalho remoto. “Quando estou em casa, busco sempre aquele lugar que me deixa em paz para trabalhar”, explica. Durante a pandemia, outra profissão que teve que se reinventar foi a de professor, principalmente a do ensino público. Apesar de sempre ter existido o Ensino a Distância (EAD), esses profissionais não tinham o treinamento necessário para essa modalidade e foram pegos de surpresa. A professora de ensino médio e dona de casa, Leide Oliveira, explica que conciliar os dois papeis é algo muito difícil, pois as demandas dos trabalhos não para de chegar e, se deixar acumular essas atividades, fica mais difícil para se organizar. Ela também comenta que as aulas presenciais nunca serão trocadas pela modalidade online. “O contato olho no olho nunca será substituído”, declara a professora.
Designer Ana Maria realiza seu planejamento do mês de abril para disciplinar o trabalho em sua casa: “Sempre busco o lugar onde possa ficar mais em paz”
Renda - A adequação da sociedade em sua rotina de trabalho durante a pandemia ampliou as opções de algumas pessoas, tornando possível que a internet, além do estudo, fosse uma ferramenta
Aprenda a focar no trabalho remoto PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA
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home office consiste em trabalhar em casa, porém, a concentração não é a mesma do trabalho presencial. Para a auxiliar de marketing da empresa Equatorial, Kelly Costa, as formas de se concentrar para o trabalho no ambiente do lar são muitas. Só que sempre existe aquela distração já que, de qualquer modo, todos sempre buscam dar uma rápida “espiadinha” nas redes sociais. “Eu busco sempre desligar o celular ou botar em modo avião durante algo que me faça ter atenção redobrada, como reuniões e trabalhos que me entregam de última hora para resolver”, comenta Kelly. Algumas pessoas conseguem se adequar e focar no trabalho remoto, enquanto outras não. As dicas são bem rápidas e práticas. Sempre busque estar em lugares que lhe deixem confortável, procure ambientes em que não haja muito barulho ou que seus familiares possam estar presentes com frequência. Para Danilo Ferreira, trader do mercado online, o home office costuma ser “mais legal”, pois assim ele faz seus próprios horários
sem muita preocupação. “Me sinto mais disposto, porque é algo que consegui me identificar, gosto de trabalhar com isso e ainda estou menos exposto aos riscos devido à pandemia da Covid-19”, garante. Outra dica essencial é usar sempre cadeiras e almofadas que lhe deixem mais à vontade, assim garantindo mais liberdade de se sentir
no ambiente de trabalho. Música ambiente e incensos ajudam a manter o foco. Sempre busque deixar as redes sociais de lado, a não ser que as use como ferramenta de trabalho. Mas saiba separar trabalho de vida pessoal, evite, por exemplo, dar uma espiadinha nas suas redes sociais, deixe para o horário de almoço ou do lanche. KELLY COSTA ESTRÊLA
No trabalho home office o ideal é procurar um ambiente em que não haja muito barulho
para garantir renda. Esse é o entendimento de Danilo Ferreira, que já estudava sobre mercado digital antes do isolamento social. Com isso, ele teve mais tempo para poder investir e lucrar. “Encontrei algo que me identifiquei e que gosto de trabalhar, pois agora eu decido os meus próprios horários sem que isso me agrave. Sobra até tempo para fazer outras coisas, pois não passo de quatro horas na frente do computador.” Danilo adequou seu tempo e gosto pelo mercado digital, vendo assim uma vantagem em trabalhar com o home office. “Eu acho
“O contato olho no olho nunca será substituído”
seguro, pois consigo trabalhar sem correr riscos, tenho até mais disposição. E quando não tenho é só repensar em como as coisas estão e faço uma pequena pausa. Mas volto com gosto, pois foi a partir disso que consegui montar meu mini escritório”, detalha Danilo. Ele reitera o porquê de ter escolhido essa área e também a função. “Meu maior problema era com clientes, quando trabalhava em uma clínica, e isso me irritava às vezes. Hoje, o mercado me proporcionou essa liberdade”.
Vantagens e desvantagens PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA
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trabalho de home office tem suas vantagens e desvantagens, levando-se em conta qualquer setor que precisou ser reinventado. No comércio, a área que mais teve impacto foi a do atendimento ao público, como, por exemplo, o delivery e vendas online. Já outras até hoje não conseguiram se adequar à essa modalidade, como as de venda de consórcio e cartas de crédito. A vendedora de consórcios, Juliana Evangelista, opina que a única vantagem que percebe no home office é apenas a de ficar em casa. Em outros aspectos, acredita que existe muita desvantagem, pois, segundo a sua opinião, os clientes não confiam em contratar serviços de forma online. A confiança estaria, segundo Juliana, no “olho a olho, presencial”, algo que hoje em dia se torna mais difícil com o avanço da pandemia no país. “A perda de presença junto ao cliente traz de certa forma um medo. Só mandar o dinheiro e realizar a assinatura via digital, tem cliente que não confia. Assim, a
perda de clientes se torna mais recorrente no dia a dia, por isso a desvantagem”, lamenta a vendedora. Precaução - Já para outros profissionais, as vantagens de trabalhar em casa são maiores. Corre-se menos riscos de ficar doente, os gastos com transporte e alimentação são minimizados, além da vantagem de estar no conforto de casa. Apesar de tudo isso, também são apontadas algumas desvantagens, como a perda de criatividade e a falta de comunicação. O auxiliar de marketing, Luiz Silva, diz que o lado positivo do home office é o de poder se resguardar durante a pandemia. “Eu vejo como um lado bom, pelo fato de não correr risco de sair de casa e se infectar”, declara. Seja no trabalho ou nas atividades escolares, as vantagens e desvantagens dependem da qualidade e bem estar de cada pessoa. O melhor é sempre buscar algo que deixe o profissional mais confortável possível para exercer os papeis dados pela empresa ou escola.
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INVESTIMENTOS Com baixa rentabilidade da caderneta de poupança, aplicações em renda fixa como o CDB ou tesouro Selic, e renda variável, como ações e fundos imobiliários, tornaram-se as opçoes mais atrativas
Poupança é o investimento menos rentável ISABELLA PELEGRINI
LUCAS DE SOUSA
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Gabriel Mitunari, assessor de Investimento da Plátamo, aconselha investidores
Banco Central anunciou que a poupança, motivada pela incerteza em torno da Covid-19, teve captação recorde de R$ 66,31 bilhões em 2020. Apesar da segurança, a caderneta de poupança pode não ser a aplicação mais rentável. Gabriel Yoshiro, assessor de investimentos da Plátamo, pontua que “com a Selic em 2,75%, a poupança rende 1,93% ao ano.” Ele afirma, ainda, que existem opções seguras no mercado, mas com maior rentabilidade. No entanto, para o investidor iniciante, a reserva de emergência deve ser o primeiro passo a ser tomado. “É um valor que deve ficar investido em aplicações seguras e que podem ser resgatadas a qualquer momento, como o tesouro Selic, CDB de liquidez diária, entre outros”, explica Gabriel. O universitário Tiago Silva, 21 anos, menciona que começou a investir em fevereiro deste ano pelo aplicativo da corretora. “A reserva de emergência me dá a tranquilidade de poder investir no mercado financeiro”.
Precaução - Como o nome diz, a reserva serve para momentos de emergência, como o período de pandemia. Por isso, a renda fixa é a melhor opção de aplicação. Para Gabriel, “a renda fixa é o universo que engloba as aplicações consideradas mais conservadoras e previsíveis do mercado”. Ele reafirma, ainda, que é como se o investidor estivesse fazendo um empréstimo ao banco, no caso do famoso CDB. Nesta opção, o banco arca com o pagamento de taxas ao investidor com um prazo pré-determinado.
“A reserva de emergência me dá a tranquilidade de investir no mercado financeiro” Outra possibilidade de investimento rentável está no ramo da renda variável. O assessor defende que “de modo geral, você está comprando participação em empresas, se tornando sócio de negócios.”
Gabriel Yoshiro afirma que nesse mundo não existe garantia de retorno. Por isso, vale a pena tomar cuidado com as decisões tomadas. Quando falamos em renda variável estamos tratando de Bolsa de Valores. Gabriel declara que, se a empresa que você investiu for bem ao longo do tempo, o investidor participa desse crescimento. Isso se dá a partir da distribuição dos lucros, os famosos dividendos e da valorização da sua participação nas ações, assim como, também, de possíveis prejuízos. Os fundos de investimentos imobiliários (FII), por sua vez, são opções para quem quer investir no mercado de imóveis, mas não possui grandes fortunas. Gabriel explica que para ser negociado em bolsa, o patrimônio do fundo é avaliado e dividido em pequenas frações que são chamadas de cotas. “O investidor que compra essas cotas passa a ter direito à valorização (e desvalorização) do patrimônio do fundo e ao recebimento, proporcional, em dinheiro, ao número de cotas que tem, nos aluguéis que o fundo recebe”, reitera o assessor de investimentos.
Conheça o bitcoin, moeda virtual e descentralizada, mas instável LUCAS DE SOUSA
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bitcoin pode ser adquirido de duas formas diferentes pela internet. A primeira é o Peer-to-Peer (P2P), uma transação direta entre compradores e vendedores, sem intermediação de terceiros. Outra forma de compra é por meio das Exchanges, ou corretoras, que podem ser facilmente acessadas por meio de sites ou aplicativos nos smartphones. O universitário Theylon Vitor, 21 anos, relata que já investia no mercado financeiro desde 2019, mas apenas em janeiro deste ano adquiriu seus primeiros bitcoins. “Eu já sabia que o mercado de criptomoedas existia, mas por não saber
como funcionava, criei uma certa resistência”, afirma. Segurança - No entanto, apesar de ser nova e estar no digital, existe um processo seguro em torno de cada transação. Computadores espalhados ao redor do mundo estão conectados em rede e formam blocos. Quando uma transação é realizada, começa uma corrida entre os computadores para detectar se essa operação é verdadeira. O primeiro a identificar confirma a todos os outros e ganha uma espécie de gorjeta. A criptomoeda tem sido amplamente divulgada na mídia, principalmente após a compra de U$ 1,5 bilhão em bitcoins pelo empresário Elon Musk, da Tesla. Sendo um ativo altamente volátil, ou seja, que va-
ria em seu valor ao longo do tempo, o bitcoin pode ter uma movimentação drástica de preço em poucas horas, podendo subir ou cair em mais de 20%, mas Theylon vê isso com bons olhos. “Para mim é tranquilo. Meu foco é no longo prazo, e não me importo muito com as altas variações que acontecem”. Ele ainda entende os momentos de queda como oportunidades de entrada. Além da compra, recomenda-se a criação de uma carteira virtual na qual todos os bitcoins são guardados, categorizando uma espécie de conta bancária livre de taxas. Mas atenção: assim como qualquer outro investimento, o bitcoin oferece riscos e não deve ser feito sem conhecimento prévio.
THEYLISON RODRIGUES
Universitário Theylon Victor começou a experiência de investir em bitcoin em janeiro de 2021
Pix facilita transferências bancárias e ameniza gastos aos correntistas LUCAS DE SOUSA
“O usuário pode realizar transações entre bancos diferentes a qualquer hora do dia”
a gratuidade do serviço o fez abandonar os meios de pagamento mais tradicionais como
o boleto bancário. Toda essa movimentação financeira pode ser feita de forma simples e fácil a partir da criação de uma chave, que pode ser o CPF, número de celular ou e-mail. Bancário, César Gomes afirma que para quem prefere manter esses dados em sigilo pode ser criada uma chave aleatória. “Basta acessar o aplicativo de seu banco pelo celular, cadastrar uma chave e aguardar ser aprovada, demora pouco tempo”, reforça ele. Feito este procedimento, o usuário pode realizar transações entre bancos diferentes a qualquer hora do dia.
LORENA DA SILVA
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esenvolvido como uma nova opção de pagamento frente ao TED, Doc e cartão, o PIX já possui mais de 73 milhões de usuários entre pessoas físicas e jurídicas. Carla Andrade, 22 anos, diz que teve receio de início por ser uma novidade, mas depois passou a usar com mais frequência. “O pix me ajuda quando eu preciso transferir dinheiro para qualquer pessoa”, afirma . Essa instantaneidade foi o que chamou a atenção do motorista Pedro Silva, que disse: “Eu gosto
da rapidez, em poucos segundos o dinheiro já está na conta, sem problemas”. Ele ainda afirma que
Tela do celular com aba do Pix no aplicativo do banco: transações ficam mais facilitadas
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EMPREENDEDORISMO Canais de comunicação digital se tornaram válvula de escape para pessoas que precisam de renda e não podem contar com investimentos presenciais. Apesar de acessível a todos, a opção apresenta prós e contras
Vendas virtuais disparam em Imperatriz LUCAS MENDES SARA BANDEIRA
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mpreendimentos dos mais variados setores foram impulsionados durante o ano de 2020. De lojas de roupas a deliveries de alimentos e até mesmo cursos online, as redes sociais deixaram de ser apenas uma opção de canal de consumo e se tornaram o meio mais potencializado e propício para vendas. No final de 2019, Luana Donato, 21 anos, começou a vender bordados contemporâneos em bastidores, a partir do Instagram. O que inicialmente era uma habilidade escondida, se tornou a LuBroderie, marca pessoal de Luana. Foi durante o auge da pandemia que a jovem percebeu que seu empreendimento online estava no caminho certo. “Fui muito incentivada por pessoas próximas a comercializar minha arte e encontrei no Instagram uma forma bem acessível de montar meu portfólio, ter contato com clientes e conseguir aproximá-los dos processos de produção’’, explica Luana. Para Laynara Portal, 19 anos, foi um pouco diferente. Ter um negócio virtual não estava em seus planos no início de 2020. A jovem pretendia se dedicar completamente aos estudos e ingressar na universidade. Com a quarentena e o isolamento social, Laynara estacionou seus planos e decidiu que iria ganhar dinheiro por meio da venda de bolos via internet. Foi então que nasceu a Tieta Boleria, com um conceito artesanal e rústico, voltada para a venda de bolos com sabores de frutas e com a identidade regional nordestina.
Luana Donato imprime delicadeza e autenticidade em seus bordados e defende que Instagram é boa opção para microempreendedores
Prática - Assim como qualquer empreendimento físico, o online, apesar de acessível a todos, apresenta prós e contras. Nunca foi tão simples abrir um negócio, mas o esforço para chamar a atenção das pessoas diariamente é redobrado. A confeiteira Bárbara de Oliveira, 21 anos, é dona da DoceBarb, empresa direcionada para a confecção de doces feitos ape-
Amor e afeto resistem ao distanciamento SARA BANDEIRA
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ue o empreendedorismo virtual ganhou força durante a pandemia é fato, mas poucos esperavam que o mercado de casamentos conseguisse sobreviver à época do distanciamento social e que, além disso, pudesse manter seu espaço no mercado online. Fotógrafos, decoradores e designers aproveitaram as restrições de aglomerações e investiram tempo e criatividade em seus perfis de negócios na internet para mostrarem aos casais de Imperatriz como é possível manter uma celebração seguindo as exigências que o cenário mundial impõe. Foi o que aconteceu com Letícia Ariosto, 22 anos, e Antônio Neto Ariosto, 21 anos. Os jovens se casaram em julho de 2020, no auge da pandemia. Com a chegada da Covid-19 no mês de março em Imperatriz, o casal teve dois meses para decidir o destino do casamento. Optaram por reformular a festa, saindo de uma lista de 200 convidados para uma com apenas 10 pessoas. Durante os meses de preparo, os dois passaram por dificuldades com o mercado de casamentos da cidade e, em dezembro de 2020, decidiram abrir o Ateliê Ariosto no Instagram. “O
mercado de Imperatriz é muito enrijecido e não quer dar um passo diferente. Nós vimos tópicos de necessidade nesse setor e pensamos: ‘a gente pode suprir isso’”. Ressignificar - Com o setor da fotografia não foi diferente. José Leite, 24 anos, e Beatriz Leite, 23, são um casal de jovens fotógrafos e donos da Ztriz, empresa online de fotografia direcionada apenas para casamentos. O casal conta que a pandemia proporcionou maior visibilidade para o
“Não é porque a pandemia parou o mundo que significa que ela vai parar seus sonhos”
trabalho deles. Para ambos, o Instagram é a janela pela qual os casais irão olhar para as fotos e vídeos e vão desejar estar no perfil deles. Os fotógrafos se esforçaram para mostrar aos noivos o verdadeiro significado do casamento, quebrando o paradigma de que, para casar, é ne-
cessário planejar uma festa lotada de pessoas e gastar todo o orçamento. “O nosso intuito é mostrar que existem alternativas. Não é porque a pandemia parou o mundo que significa que ela vai parar seus sonhos.’’ Ressignificar a essência do casamento foi o desafio de Jefferson Viana, 27 anos, e Laila Viana, 22. O casal possui um empreendimento virtual, a Tcomamor, em que criam artigos de papelaria para casamentos minimalistas. Os dois contam que durante a quarentena as vendas foram positivas. O isolamento social fez com que os casais desejassem preparar convites e cartões afetivos para as poucas pessoas que poderiam estar em seus casamentos. A pandemia vai fazer com que os casamentos mais intimistas sejam uma opção recorrente em Imperatriz, acreditam José e Beatriz. Os empreendedores enxergam com bons olhos o futuro do mercado de casamentos na internet durante e após a pandemia e deixam dicas para quem deseja entrar no ramo. “Se aproxime de pessoas que estão no nicho que deseja executar, estude as tendências e o mercado financeiro, tenha diferencial, perca o medo e seja intencional”, recomenda José Leite.
nas com morango. Bárbara iniciou seu negócio online em sociedade com uma amiga, mas passou a dirigir o empreendimento sozinha, no início da pandemia. Para a confeiteira, a maior dificuldade é a visibilidade. “Quando você tem uma loja física é mais fácil, porque as pessoas estão passando por ali o tempo todo, e o nome da sua empresa está sempre visível. Mas quando você está na internet e não sabe aparecer, você não cresce”. É inegável o fato de que o universo virtual oferece possibilidades infinitas para quem sonha em empreender sem precisar investir em custos fixos de uma empresa física. “A praticidade e a autonomia são enormes. Você pode ser dono do seu próprio empreendimento, enviar seu produto para outros estados, estabelecer seus próprios horários, não
“Não adianta ter o melhor produto e o melhor preço se as pessoas não te conhecem” precisar pagar aluguel de ponto comercial e ainda tem um bom retorno financeiro’’, afirma Luana. Além disso, para Bárbara, ter um diferencial exclusivo do seu negócio é a certeza de que sua meta será alcançada. A especialista em administração e empresária, Hana Larissa, 29 anos, ressalta que a chave para qualquer negócio online é a boa propaganda. “Não adianta ter o melhor produto e o melhor preço se as pessoas não te conhecem’’. Hana ainda aconselha os empreendedores virtuais a emitirem o CNPJ do seu negócio após observarem o crescimento do engajamento que seus perfis estão alcançando nas redes. Para Luana, construir uma boa identidade visual, ter um perfil organizado e investir em um atendimento humanizado são os passos essenciais para um bom serviço na internet.
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Casal Letícia e Antônio Ariosto interagem na live realizada com amigos e convidados
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ENTRETENIMENTO Com a chegada da quarentena, aumenta o número de assinantes de streamings como do líder Netflix, que já bateu 16 milhões de usuários . Alguns chegam a assinar vários desses serviços em busca de diversidade
Fugindo da realidade com os streamings AYLLA YOHANA
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pandemia do novo coronavírus prendeu todo mundo dentro de suas casas e agora o jeito é procurar novas maneiras de se manter ocupado. Na quarentena, houve um salto de assinaturas nos streamings, a gigante Netflix chegou a bater cerca de 16 milhões de assinantes no Brasil. Fazendo desses serviços uma válvula de escape da realidade que o país se encontra, a estudante Ana Clara Anjo, de 19 anos, é assinante de quatro. “Eu adoro assistir, apesar de não ter muito tempo.” A dificuldade de conciliar os raros momentos livres com os estudos é uma realidade no período que os horários são personalizados. Para Ana Clara, fazer tudo em casa atrapalha a divisão dos horários. “Às vezes me culpo por estar descansando ao invés de estudar”. O excesso de streamings acaba fazendo com que os assinantes deem preferência para alguns, seja pela falta de tempo ou pelo conteúdo que cada um deles oferece.
A estudante de medicina Bianca Brito, 20 anos, comenta que não consegue aproveitar o que todas as plataformas têm a oferecer. “Principalmente agora, que a faculdade toma a maior parte do meu tempo, utilizo mais nos finais de semana”
“Às vezes me culpo por estar descansando ao invés de estudar”
Uso - Ana Clara também não consegue aproveitar o catálogo de todos os streamings que assina. A pré-vestibulanda estuda cerca de oito horas por dia. “Acabo até esquecendo que tenho alguns, eu uso mais a Netflix”, comenta. Pensando nisso, a estudante de odontologia Fernanda Ferraz,
19 anos, resolveu nadar contra a maré, utilizando apenas um streaming, a Netflix. Fernanda vê isso como uma forma de economizar, já que os preços variam de R$ 45 a R$ 9,99. Atrelando os valores com a falta de tempo, a jovem não vê necessidade de assinar mais do que um serviço desse tipo. “Eu não tenho muito tempo, quase não assisto”, diz a estudante. A falta de produções independentes e de empresas diferentes na Netflix incomoda Fernanda. Nos últimos anos, o streaming resolveu focar nas produções próprias e acabou retirando alguns clássicos da plataforma. “Fica muito a desejar”, reclama Fernanda. Esse problema que leva Bianca Brito a assinar diversas plataformas, a exclusividade das produções próprias e a falta de conteúdo em alguns serviços, obriga os clientes que se sentem frustrados com a ausência de filmes e séries a procurar outros streamings que preencham essa lacuna.
ARQUIVO PESSOAL/ ANA CLARA ANJO
Assinaturas da Netflix, gigante do setor, cresceram 11% desde o começo da pandemia, em 2020
Companhia Ruah realiza live de musical sobre beata Chiara Luce AYLLA YOHANA
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cultura das lives no meio artístico se intensificou com o surgimento do coronavírus. Como tudo em volta do globo, essa classe também teve que se adaptar à nova realidade. A companhia Ruah, em dezembro de 2020, apresentou um musical que conta a vida da italiana Chiara Luce Badano, beatificada em 2010, que morreu em 1990, após descobrir que possuía osteossarcoma, um tumor nas células dos ossos. Segundo Maria Clara Aquino, de 21 anos, que interpretou Chiara, o convite foi um desafio. Os ensaios foram feitos com máscaras, o que impossibilitava o elenco de se conectar. “No trabalho do ator é muito importante manter um contato, ver a reação, o sentimento através das suas expressões e elas cobrindo 50% do rosto, dificultava muito a cone-
xão entre artista e plateia”, desabafa a atriz. O avanço da pandemia no mundo abalou diversos setores, mas Maria Clara comenta que a marginalização do artista sempre esteve presente. Neste momento de
isolamento, grandes companhias de teatro estão tendo que fechar as portas por não conseguirem arcar com as dívidas. “Gente muito grande no meio artístico está tendo que se reinventar de maneiras absurdas”, afirma Maria Clara. DIVULGAÇÃO
Maria Clara Aquino (à esquerda) interpreta a beata santificada em 2010, Chiara Luce
Musical - Além do desafio de manter o distanciamento social, a companhia Ruah teve que priorizar atores da casa e reduzir o elenco, afastando aqueles que fazem parte do grupo de risco. “Foi muito difícil a redução, mas necessária pela realidade que vivemos”, conta o diretor artístico da companhia, Vitor Sabbag. Os desafios não pararam por aí. Por conta do distanciamento social e proibição de aglomeração, o musical, encenado no palco do teatro Ferreira Gullar, não teve a presença da plateia. “A gente sente muita falta da reação da plateia. Nos alimentamos disso pra fazer a peça acontecer”, comenta Maria Clara. O espetáculo “25 minutos: A vida de Chiara Luce” foi transmitido por meio do canal do Youtube da própria Ruah e teve que ser adaptado para as câmeras e não para o públi-
co, como de costume. “Muda toda a metodologia, saímos da nossa zona de conforto”, afirma Vitor. A equipe de produção acompanhou de perto os ensaios, para
“Muda toda a metodologia, saímos da nossa zona de conforto”
entrar em sintonia com o elenco e ajustar luz e som em harmonia. A live do musical pode ser acessada gratuitamente no canal da companhia ou por meio do link https://youtu.be/9Bb6tR-hAdM.
Jovem tenta conciliar a rotina de estudante com a de gamer AYLLA YOHANA
“Hoje eu passo muito mais tempo jogando do que antes, já que não posso sair” dia, três jogos distintos: Fortnite, Rocket League e Grand Theft Auto. “Jogo pela manhã e no final da noite, o resto do tempo eu estudo.” Relação da família - A empresária e mãe da jovem, Suelindia Miranda, 50 anos,
acredita que a filha consegue administrar o tempo. “Eu acho ela muito focada”. Apesar de confiar na filha, Suelindia não deixa de impor e cobrar limites. “Na idade dela, sempre dão um jeito de desobedecer, mas o papel dos pais é esse, cobrar e vigiar”. O perigo da internet também preocupa a mãe. Suelindia acredita que o mundo dos jogos pode ser perigoso e zela pela segurança da filha. “Tenho medo dela começar a conversar com alguém que influencie a fazer alguma coisa errada.” Geralmente, os “predadores online” são pessoas mais velhas que usam esses jogos para atrair e manipular crianças e adolescentes. “Mãe é mãe sempre, né? Eu sempre digo pra ela não conversar com estranhos e isso se aplica para esse novo mundo virtual também”, diz a empresária.
ARQUIVO PESSOAL/MEL CRISTINNE
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distanciamento social e o cancelamento das atividades cotidianas pegaram de surpresa o mundo no início de 2020. Para se entreter em casa, as pessoas tiveram que usar a criatividade, descobrindo hobbies para ocupar o tempo. Um dos mercados que mais faturou com a quarentena foi o de jogos. Com crescimento de 140% no Brasil, a alternativa encontrada pela população foi fugir da realidade e mergulhar de cabeça no mundo dos games. A estudante de 19 anos, Mel Cristinne, dispensada das aulas presencias no último ano, tenta conciliar estudos em casa a partir de plataformas de ensino com os jogos. “Hoje eu passo muito mais tempo jogando do que antes, já que não posso sair”, diz. Apesar de estudar para vestibulares de maneira independente com o
auxílio de sites e cursinhos a distância, Mel criou um cronograma. O tempo da jovem é divido entre estudos e os jogos. Entre as horas livres e os estudos, Mel joga, em média, quatro horas por
Equipamento utilizado pela estudante e gamer Mel Cristinne para jogar no seu tempo livre
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ESPORTES E LAZER Agachamentos utilizando o sofá, pular corda e abdominais são os exercícios mais indicados para praticar dentro de casa, mantendo o isolamento social e com a devida orientação profissional online
Treinar em casa, orientado, ajuda a fortalecer a saúde POLIANA CASTRO
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egundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde o começo do isolamento social, 30,1% dos brasileiros com 18 anos ou mais declararam praticar alguma atividade física em casa, sendo 34,2% homens e 26,4% mulheres. Atividades físicas mais comuns, como futebol, caminhada e musculação foram afetadas pela pandemia e as pessoas tiveram que procurar praticar exercícios dentro dos seus próprios lares. O personal trainer Rodrigo Ribeiro, 28 anos, confirma que os benefícios da prática de exercícios em casa são vários. “Dentre eles estão: perda de peso, saúde dos ossos, sem falar que ajuda você a não desenvolver doenças crônicas e problemas de coluna”. O profissional diz que o melhor exercício para praticar em casa vai depender muito do que você quer para o momento. Porém, a maior procura de exercício é com o objetivo de emagrecer. “Para quem deseja emagrecer o exercício mais indicado é aeróbico. Por exemplo, dançar e correr”, recomenda o personal. Conforme o educador físico Ramon Sousa, 36 anos, o praticante só terá benefícios dependendo do tanto de séries de exercícios
que faz. “Tanto na academia como dentro de casa, você vai fazer, por exemplo, três séries de 15 repetições, por 50 segundos de intervalo de agachamento”, sugere. Acompanhamento - Para o personal Rafael Gomes, é necessário o acompanhamento de um educador físico, “pois com todo o conhecimento que ele tem, vai fazer com que o cliente não sofra qualquer tipo de lesão”. O instrutor alerta que é muito perigoso fi-
“O profissional, com o conhecimento que tem, vai evitar lesões do cliente” car levantando pesos sem a ajuda de quem tem conhecimento sobre esse assunto. “Isso pode resultar em muitos danos”. Para quem não tem condições de contratar um personal, há possibilidades de realizar outros tipos de exercícios que não precisam de acompanhamento. Rafael dá algumas dicas. “Os melhores exercícios para praticar em casa tem que ser os mais simples, os que não precisam de muita flexibilidade. Pode ser agachamento na cadeira ou parede,
mergulho no banco, em que pode ser utilizado o sofá, abdominais e pular corda”. Segundo Rodrigo, para realizar esses treinos em casa é necessário que você programe o lugar e a roupa adequada. “O ambiente tem que ser bem espaçoso, onde você fique bem à vontade. E as roupas tem que ser leves, nada de usar jeans”, afirma. Para começar a praticar exercícios em casa não há idade, como ressalta Rafael. “Fazer atividade física é muito importante para a saúde das crianças e dos adultos, pois ela melhora a flexibilidade, a força muscular, fortalece os ossos e as articulações e desenvolve habilidades psicomotoras”. Rodrigo conta que ao realizar um exercício, se obtém um hormônio chamado de irisina, que, segundo ele, ajuda no combate à Covid 19, segundo indicam algumas pesquisas em fase inicial. “Isso já é comprovado: o hormônio é estudado pela a universidade da Harvard no Estados Unidos. É fácil conseguir esse hormônio a partir de corridas”. Rodrigo ressalta a importância de praticar exercícios em tempos de pandemia. “Devemos nos exercitar para manter o condicionamento físico em dia e ainda espantar a preguiça e as sensações ruins que assombram a quarentena, como a ansiedade e o medo”.
DIEGO RIBEIRO
Personal Rodrigo praticando agachamento, um dos principais exercícios recomendados para fazer em casa
Alguns sinais podem indicar dependência ao jogo Free Fire GUSTAVO ALENCAR POLIANA CASTRO
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ree Fire é considerado uns dos 21 jogos mais acessados do mundo. De acordo com um relatório da Provedora de Plataforma de Internet (Garena), mais de 100 milhões de pessoas jogam diariamente este que já é considerado um vício entre os jovens e adolescentes. Conforme reportagem publicado pelo UOL, o Free Fire é um dos esportes eletrônicos de celular mais populares do Brasil. O game tem como desafio “eliminar” os adversários a partir de tiros. Pode–se jogar em dupla ou em times de quatro jogadores, como quiser, com desconhecidos ou amigos. Mas o jogo pode afetar a saúde física, psicológica e também o comportamento social. Cleydejane Morais explica sobre como o jogo tem influenciado nas atitudes do seu filho. “Samuel, antes de começar a jogar esse jogo, era mais compreensivo e obediente”. A verdade é que o game se tornou viral entre a mocidade. E, muitas das vezes, um instrumento de separação entre pais e Jogadora Cristina Viera tenta pegar o diamante, que é uma das etapas do jogo Free Fire
filhos, como destaca outra mãe, Maria Luiza Costa. “O jogo pode se tornar vicioso. É o que aconteceu com meu filho, que passa a maior parte do tempo jogando. Tento me comunicar com ele, às vezes me responde, mas nem olha dentro do meu olho. Já não dá mais atenção pra ninguém dentro de casa”, conta. São vários tipos de reação dos adolescentes quando se deixa brincar mais que o habitual. Alguns ficam agressivos, outros não conseguem nem dormir. Eva Nascimento relata sobre o vício do filho. “Tá demais! Só tira tempo pra comer e tomar banho, já perdi o número de vezes que levantei de madrugada e ele fissurado no jogo”. Um dos motivos que levam os jovens a dedicar a maior parte do seu tempo jogando é o entretenimento. “Eu já jogava o Free Fire, mas depois que aconteceu a pandemia, comecei a jogar com mais frequência. É uma maneira que eu acho de passar o tempo mais rápido. Me entretenho muito”, aponta Lázaro Sousa. Já há outros jovens que gostam do jogo para interagir com os colegas. “Eu gosto de jogar
para ouvir a voz dos meus colegas, já que não posso ver eles, pelo menos escuto a voz. A gente reúne nossa turma quase todas as noites por meio do jogo”, explica Cristina Vieira. Alerta - A psicóloga Nádia Borges diz que é importante que os pais fiquem atentos aos sinais que os adolescentes dão ao se tornarem dependentes do game. “Mantenha cuidado se o jogo estiver tirando a vontade de fazer as obrigações do dia a dia, como tomar banho, comer, conversar e até mesmo sorrir”. Portanto, se o filho estiver em caso extremo de vício no jogo, ele precisa da ajuda dos pais. Nádia dá orientações de como se resolver esse problema. “É necessário que os pais tentem conhecer o jogo que o filho está jogando, colocar limite de tempo, incentivar a ler bons livros e passar mais tempo longe das telas”. Ao seguir todas essas regras e não obter resultados, é importante buscar ajuda, conforme alerta Nádia. “Se o filho chegar em um momento no qual o pai não tem mais controle, tem que procurar ajuda de um profissional”.
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DELIVERY Pandemia da Covid-19 impulsionou as entregas de comida. O setor resgatou pessoas desempregadas para atuarem como entregadores em um longo período de distanciamento social
Pandemia altera rotina de restaurantes FRANCISCO MOURÃO
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crise do coronavírus impactou vários setores da economia, entre eles o do ramo alimentício. Pesquisa feita entre 27 de junho e 6 de agosto de 2020, mostrou que quase 7% dos bares e restaurantes do Brasil fecharam as portas de vez devido à pandemia. Os empresários desse setor tiveram que se reinventar para minimizar os impactos causados pela Covid-19. Tudo mudou, como relata Francisca Mendes, proprietária do Espaço Viva Natural, que trabalha com comida vegetariana. “É uma situação nova para todos nós, temos dificuldades que nos obrigam a tomar decisões e, diante disto, inovação é a palavra de ordem. Assim como inovar, adaptar e criar, são inúmeros desafios que nos cabem. Há mudanças e
FRANCISCA MENDES
superação para permanecer no mercado”. A empresária relata que as entregas de comida se afirmaram como uma ajuda para manter os negócios. “O delivery já existia de forma tímida, mas nesse período que estamos vivenciando teve uma demanda maior”.
“É uma situação nova para todos nós, temos dificuldades que nos obrigam a tomar decisões”
Os empreendedores do ramo de alimentos tiveram que ajustar alguns detalhes na produção e no atendimento, como é o caso do José Pinheiro Duarte Júnior, proprietário
Francisca Mendes, proprietária do Espaço Viva Natural: inovação é a palavra de ordem
da Pizza Raíz, fundada há dois anos. “Tive que melhorar meu maquinário, funcionários mesmo só em free-lancer, como entregadores e aplicativos de entrega”, explica. Júnior relata, ainda, que o auxílio emergencial ajudou bastante em seu negócio, pois parte das pessoas que recebiam o benefício utilizavam o dinheiro para encomendar as suas pizzas. Com relação ao serviço de entregas, o empresário diz não ter sentido muita diferença, pois sua empresa já utilizava esse meio antes. Houve, sim, alterações no preço dos ingredientes. “Como sempre fomos delivery, na parte logística não sofremos muito, porém o aumento de preço dos insumos foi bastante impactante. Particularmente estou sempre apostando em inovar e entregar o melhor produto possível por um preço justo”, acredita Júnior.
Entregadores relatam rotina extensa e temores de contágio do vírus FRANCISCO MOURÃO
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“As ruas da nossa cidade deixam muito a desejar”
Isolamento força aumento de gastos com alimentação delivery FRANCISCO MOURÃO
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Entregadores de alimentos precisam dar conta do aumento crescente de pedidos de delivery
Entregador de delivery, Grigorio Lucas, sai para a sua primeira entrega da noite: “Não é um serviço fácil”
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GRIGORIO LUCAS
não tiro a máscara por nada, pois vou em muitas casas e o vírus pode estar em qualquer lugar”.
RIO LU
ções das vias afetam sua rotina e dos demais colegas de profissão. “As ruas da nossa cidade deixam muito a desejar, pois os buracos atrapalham bastante a nossa locomoção. Sem falar que agora,
que estamos em período de chuvas, muitas ruas ficam completamente intrafegáveis. Buracos e excesso de lama são desafios contínuos nesse período chuvoso”, detalha Grigorio. Jeferson Souza, em busca de uma renda extra, é outro trabalhador que decidiu entrar no ramo das entregas. “Eu olhava nesses sites de notícias que estava crescendo muito a demanda de entregas de comida, pois as pessoas estavam mais dentro de casa, com medo de se expor ao vírus. Foi aí que eu decidi virar motorista de delivery para poder ajudar na renda de casa”. Jeferson relata o medo que tem com relação à Covid. “A gente sabe que agora os casos estão aumentando a cada dia e eu sempre levo meu álcool em gel nas entregas. E
GRIGO
iante do cenário de desemprego motivado pela pandemia, muitos trabalhadores foram buscar refúgio no ramo de entregas de alimentos. De acordo com dados do site Statista, o Brasil destacou-se nesse segmento na América Latina em 2020. Sozinho, o país foi responsável por quase metade das vagas nesse mercado, com cerca de 48% de pessoas atuando nessa área. Dirigir pelas ruas de Imperatriz se torna um desafio contínuo para quem trabalha com entregas. É o caso de Grigorio Lucas, que atua como moto boy e que relata seus desafios todos os dias. “Não é um serviço fácil, pois andar à noite
toda de moto pela cidade é uma loucura, principalmente a gente que trabalha com o tempo para fazer as entregas”. Só entregar não é o desafio maior, pois, segundo ele, as condi-
urante a pandemia, os gastos com delivery no Brasil cresceram cerca de 149%, segundo a Mobills, startup de gestão de finanças. A empresa colheu esses dados com base em pesquisas direcionadas para os três aplicativos de comida mais usados no país: Ifood, Rappi e Uber Eats. Existem clientes ainda mais cautelosos na hora de receber sua refeição por meio de delivery, como é o caso de Wanderson Sena. “Como tenho dois filhos, o medo de ser infectado aumentou. Quando peço algum alimento na minha casa, eu sempre tento manter uma distância segura do entregador e limpo com álcool em gel a caixinha que vem com o lanche, como prova de prevenção”.
Quem já não saía muito para lanchar fora de casa passou a pedir ainda mais os alimentos em sua residência como forma de não se expor ao coronavírus, como relata Letícia Silva. “Como cliente, não é preciso sair de casa pra comprar o alimento ao
“O medo de ser infectado aumentou”
qual tem vontade, pode-se considerar que está mais seguro. E isso é benéfico para todos, pois são menos pessoas transitando pelas ruas e menos riscos de propagação de Covid”.
Conforme o tempo foi passando, o medo de se expor ao vírus ficou cada dia maior, e Sabrina Macaro é prova disso. “Antes do vírus, eu sempre saía para comer fora, principalmente nos fins de semana. Mas hoje, com o número de casos cada dia aumentando mais, eu virei essa consumidora de delivery, passei a pedir cada vez mais, pois me sinto mais segura assim”. Cleane Barbosa, por sua vez, sempre gostou de comer fora e, em algumas raras ocasiões fazia uso de delivery. Hoje em dia a frequência por pedidos é unânime em sua casa. “Eu costumo pedir a comida em casa agora, pois tenho medo de ficar em ambientes com muita gente, por causa da Covid, e assim me sinto mais segura”.
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SERVIÇOS PÚBLICOS Alguns clientes que precisam de serviços públicos online durante o período de isolamento social reclamam da forma de atendimento nos órgãos do Maranhão nesta época de pandemia
Atendimento digital causa insatisfação MARCUS DE ARRUDA
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JULIANA CARVALHO
Sabrina Pinheiro tenta agendar uma consulta pelo site do Detran: praticidade é apenas aparente
local em que marquei”. Sabrina ainda relata outras dificuldades que observou durante o período que passou para realmente conseguir realizar o agendamento de seu atendimento online. Ela diz haver uma grande burocracia no setor, e que até mesmo pequenos serviços não têm um desenrolar fácil. “Eu vi muita gente lá, que só queria pegar documento que tinha chegado e fizeram a pessoa voltar para casa e marcar o atendimento”. Em sua experiência com esse método digital, ela diz que o horário marcado previamente às vezes não é respeitado, e que os dados colocados no site para a chegada e início do procedimento são meramente ilustrativos. Sabrina também levanta um questionamento quanto à acessibilidade e inclusão de pessoas de idade mais avançada. “Acho que o atendimento pelo site dificulta um pouco para essas pessoas que, às vezes, por não terem tanto conhecimento das tecnologias, dependem de outras para efetuarem o agendamento”. Ela cita outras alternativas mais viáveis, como as chamadas ou o uso do WhatsApp, que foi divulgado como opção, porém não está realmente em funcionamento. Essas dificuldades são sentidas na pele por Ademar Silva, de 67 anos, que recorre da ajuda de seus netos para a execução das tarefas digitais. Residindo na zona rural, Ademar
Ademar Silva recorre ao auxílio do seu neto para conseguir fazer um agendamento de consulta no INSS
JOAQUIM SILVA
entre os setores que tiveram que se adaptar ao contexto de pandemia, está o do atendimento ao cliente, que em muitos momentos precisou se integrar aos meios digitais. Um verdadeiro desafio para órgãos públicos de serviço social, que tiveram seu sistema de agendamento e atendimento presencial suspensos. Mas todo esse rearranjo do sistema dividiu opiniões. Sabrina Silva Pinheiro, de 25 anos, comenta sobre as dificuldades que teve para marcar consulta no Detran. Após precisar do órgão,
a jovem diz ter tido dificuldades com o processo de agendamento. “Parece ser prático, mas acaba que no fim muitas partes deixam de funcionar”. Sabrina alega que não conseguiu realizar a operação pelo que ela considera ser “falta de transparência” da instituição. “Na semana em que busquei os serviços, o Detran estava mudando de instalação, mas, mesmo assim, disponibilizaram as datas para agendamento. Realizei o procedimento e acabei não conseguindo atendimento no
tem dificuldades com a conexão. Além de uma rede instável, a falta de habilidade com o aparelho telefônico torna tudo mais complicado do que realmente é. “Tudo agora é online, e eu não sei pra onde vai.
“Parece ser prático, mas acaba que no fim muitas partes deixam de funcionar”
Quando preciso dessas coisas é meus netos que ajudam”. Ele ainda completa: “Aqui em casa mesmo a internet não é boa. Aí eu peço pra eles lá, pra passar as informações”.
Almejando conseguir a aposentadoria ainda este ano, Ademar conta o quão complicado é ter que vir à cidade mais de uma vez para além da realização do atendimento, e ainda ter que passar pelo agendamento online feito pelos netos. “Nessa pandemia fica bem difícil tá viajando assim, com a idade que eu tenho”. Essa distância pode atrapalhar muito o funcionamento do serviço, principalmente no caso de atendimentos sociais, que precisam de uma maior inclusão. A família de Ademar se preocupa com a demora para a resposta de seu requerimento. A filha se vê revoltada por ter que fazer o pai se deslocar tanto para um agendamento de consulta. “Se caso não dê certo, ele vai ter que passar por todo o processo de novo”, reclama.
Agendamento online: saiba como marcar seu horário MARCUS DE ARRUDA
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os meses de setembro a janeiro de 2020, as entidades públicas utilizaram um sistema híbrido para o atendimento da população, alternando o presencial e o remoto. Porém, com o agravamento da situação e a chegada da segunda onda da pandemia, em 2021, se tornou prudente a retomada ao método integral online. Segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), os principais serviços públicos tiveram um aumento de mais de 100% no atendimento online. Essas transformações podem incluir os mais diversos meios e diferentes recursos. Dependendo da demanda, os tipos de atendimento podem variar de acordo com o órgão. Muitos optaram por agendamento via chamada, enquanto outros por preenchimento de formulários no site, o que causa uma dúvida quanto a que contato deve ser feito. O imperatrizense Luis Guilherme, 19 anos, diz ter pro-
curado informações sobre a forma de atendimento de um determinado órgão e só teve resposta ao comparecer diretamente ao local e encontrar um aviso na entrada. “Achei um pouco difícil saber por qual canal exatamente eles estejam efetuando o atendimento.” Divulgação - Para facilitar a propagação dessas informações, os órgãos públicos têm investido em divulgação por meio das redes sociais, para que ninguém perca seu direito de atendimento. A expedição de documentos realizada pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), por exemplo, está sendo marcada por meio de telefone. O atendimento permanece, porém, com redução de fluxo. Já no INSS, o processo fica pelo portal oficial, no qual se pode realizar o acesso tanto com o CPF quanto por certificado digital. O órgão também conta com a plataforma “Meu INSS”, que simplifica as ações prestadas por meio digital. Já o Centro de Referência à Assistência Social, que realiza serviços de proteção e atendimento integral
à família e ao meio social em geral, encontra dificuldades na realização de atendimento digital. Por isso, oferece o agendamento via telefone para a realização de serviços, sendo que os números estão disponíveis no site da prefeitura de Imperatriz, variando por unidade, conforme a coordenação do centro. O Procon Maranhão, por sua vez, desenvolveu sua própria plataforma de atendimento. O aplicativo está disponível para todos os sistemas operacionais, prometendo a inclusão do usuário. Na plataforma, é possível marcar atendimento, esclarecer dúvidas, conferir notícias e fazer denúncias. Além do aplicativo, ainda existe a opção de telefone e WhatsApp e o uso do site como meio principal. A presidente do Procon Maranhão, Karen Barros, vem buscando cada vez mais essa transparência e facilitação. “Especialmente nesse momento de pandemia, essa é mais uma ferramenta oferecida pelo Viva/Procon, a qual permite que, de maneira online, sem precisar sair de casa, o cidadão acesse diversos tipos de atendimentos”.
MARCUS MARINHO
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PERIGO NA REDE Muitas companhias aderiram ao regime de home office e os dispositivos domésticos de trabalhadores são alvos frequentes de criminosos com a intenção de roubar informações corporativas
Golpes digitais aumentam na pandemia VITOR HUGO
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om o cenário de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), “cibercriminosos” aumentaram as suas ações. Essas fraudes têm como objetivo se aproveitar das fraquezas sociais e emocionais dos usuários de meios tecnológicos e usar as brechas do novo formato de sistema, por exemplo: a transferência do trabalho presencial dos empregados para o remoto; a necessidade de resolver problemas pessoais (contas e pagamentos) somente pela internet, além do consumo elevado de conteúdo virtual. O “golpe digital” em sua definição, se refere a todo e qualquer tipo de atividade ilegal feita com recursos de tecnologia virtual. Os “cibercriminosos”, que alternam entre indivíduos desonestos a grupos de crime organizado, são extremamente meticulosos e específicos em seus procedimentos, o que leva muitas pessoas a perderem enor-
mes quantias e dados todos os dias. A técnica para realização desse roubo de dados é conhecida como “phishing”. Trata-se de uma maneira de fazer a pessoa repassar as suas informações pessoais achando que servirá para determinada finalidade, mas na verdade, está sendo alvo de um crime.
”Vale mais pagar um anti-vírus do que perder o computador inteiro”
Dessa forma, esses criminosos têm aproveitado a epidemia para replicar mensagens da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, e alterá-las com base em seus objetivos. Algumas páginas informam que a vítima pode estar conta-
minada pelo coronavírus. Outras, oferecem um agendamento online fictício para vacinação contra a Covid-19, entre outras situações falsas. Recentemente, o próprio Governo Federal foi alvo de um grande golpe quando liberou o cadastro para o benefício do auxílio emergencial, uma operação tecnológica ampla e complexa. Criminosos se aproveitaram dessa premissa e criaram um site falso, que prometia um “auxílio cidadão” no valor de R$ 200 para os vitimizados. Para reforçar sua suposta autenticidade, a plataforma foi desenhada com os mesmos recursos visuais de canais do Executivo. Para piorar a situação de uma maneira geral, os danos causados por esses crimes, além de serem graves, são muitas vezes absorvidos ou prolongados em suas audiências de avaliação. A internet, por ser um meio abrangente, móvel e prático, dificulta muitas vezes o rastreio do acusado correto e legítimo. Quando
VITOR HUGO
Estudante acessa sua conta do banco: criminosos se aproveitam de brechas dos sistemas de segurança
encontra o suposto hacker, ainda tem que ser feitas apurações de mais dados com a finalidade de
juntar provas que comprovem se o culpado é realmente quem está sendo acusado de violações de dados.
Confira algumas dicas para evitar ser alvo de crimes virtuais SAMUEL FARIAS VITOR HUGO
De acordo com o analista e desenvolvedor de sistemas, Samuel Felipe Farias, listar todas as iniciativas ou estabelecer um método que seja totalmente eficaz para evitar os golpes digitais é impossível, porém existem alguns passos que podem ser seguidos para ajudar a tornar esse ambiente tecnológico mais seguro e, assim, desviar das enganações. Na área de compras online, deve-se ter cuidado redobrado, de acordo com Samuel. “Ocorreu uma transformação digital desencadeada pela pandemia. Devido a isso eu fiz pesquisas e divulguei no meu Instagram dicas de segurança e ajudei várias pessoas”, informa o analista. Segundo ele, o usuário de internet deve ter atenção redobrada no protocolo de segurança de cada site. “Para que as pessoas possam acessar um espaço virtual de compras e
Samuel Farias produz podcast de dicas para evitar golpes digitais durante a pandemia
não ficar com medo de fazer seus se pensar em segurança digital. “As investimentos, os certificados de seadequações à legislação por parte gurança em cada página, avaliações das redes sociais também são intede qualidade e votações são primorressantes, como o Whatsapp, que diais também”, destaca Samuel. obrigou seus usuários a aceitar seus O analista códigos de seguconta que fornerança no aplicacer dados para tivo. Tudo isso um site de emvai influenciar “Ocorreu uma presa antes de futuramente em verificar se ele uma melhor ou transformação digital é legitimo é um pior manipulaque foi desencadeada erro gravíssimo. ção da internet pela pandemia e “Alguns sites e cada um faz o dão informações que pode”, anos crimes digitais precisas, falsas tecipa Samuel. aumentaram” e discretas para Ele conclui que enganar, mas nessa época de que podem ser pandemia, o uso percebidas facilfrequente de mente se compafake news é asradas com as originais”, alerta. sustador. “Todos os critérios de apuA nova Lei de Proteção de Daração devem ser feitos para saber redos, 13.853 de 8 de julho de 2019, é almente se uma notícia é verdadeira um outro fator a se considerar ao ou não”.
Quem já sofreu com crimes via internet fala em susto e surpresa VITOR HUGO
Universitária Thalyne Mariane a princípio não suspeitou do golpe
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Outro método é usar contas de aplicativo de bate papo -como o Whatsapp- que tem bastante conversa, pois assim seus integrantes demonstram confiança e não irão suspeitar tanto de um pedido inesperado de dinheiro, como foi o caso da Thalyne.
G HU
Susto - Não só pelas redes sociais, mas as contas bancárias digitais também estão sujeitas a tal situação. Como é o caso do José Luiz Lima, 38, gerente da loja RC Bike Shop, que foi vítima de um golpe, no qual teve a sua conta hackeada e redirecionada para aplicar golpes de roubo de dinheiro. Esse fato é relacionado a uma operação feita pela Polícia Civil do Maranhão, cumprindo mandados de busca e de prisão a integran-
tes de uma quadrilha de hackers que causou um prejuízo ao Banco Nubank, no valor de quase R$ 13 milhões. “Foi uma situação muito estressante e apavorante. Tive que parar meu trabalho e praticamente minha vida por causa disso. Como minha conta foi usada, fui considerado temporariamente criminoso, investigado e até preso. Nunca passei tanto sufoco, mas, no final deu tudo certo, graças a Deus”, conta o gerente. Os criminosos se aproveitam das melhores oportunidades para enganar e facilitar seus procedimentos. Como, por exemplo, usar contas de bancos digitais com pouca movimentação e que têm baixo armazenamento de dinheiro, sendo uma das poucas prováveis em uma investigação, como é o caso José Luiz.
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m um dia de semana que seguia a sua rotina de trabalho normalmente, Thalyne Mariane, 23 anos, foi surpreendida por um golpe a partir do número clonado da sua amiga da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). ”Levei um susto. Foi tão de repente que fiquei muito espantada e quase caí no golpe”,conta. Thalyne disse que como se tratava de mensagem de alguém conhecido, não suspeitou, a princípio, que se tratasse de algo de errado. “Só não caí porque a pessoa era amadora, chegou logo pedindo R$ 1 mil. Estranhei o valor e fui atrás dos detalhes para verificar, depois descobri que o número dela tinha sido clonado”. O cuidado com as redes sociais
nessa época de grandes índices de golpes digitais deve ser redobrado. Em aplicativos de bate-papo, as mensagens fraudulentas podem chegar até você por contatos que foram vítimas do golpe. Por isso, o alerta sempre eminente deve ser implementado, mesmo com mensagens enviadas por pessoas conhecidas.