R$ 14,99. Julho de 2021 - Edição 1
As Ciências Humanas pós-pandemia
Bioenergia a partir de escamas de peixes Produção sustentavel de alface e jilo em Estreito
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Destaques
Índice
Ilustração de capa 4
Projeto gráfico e diagramação
Produção de energia
Bioenergia
a partir de escamas de peixes
Produção de energia a partir de escamas de peixes
Pg 4
6
Cientista aos 14, a menina que se apaixonou pelo mundo da Ciência
Capa Conheça Beatriz a menina que se apaixonou pela Ciência
10 Pesquisa que utiliza técnicas sustentáveis para a produção de alface e jiló é desenvolvida em Estreito
Pg 6
13 Que mudanças a Pandemia forçou as Ciências Humanas a adotarem nas pesquisas?
Essa revista é um produto do Laboratório de Jornalismo Impresso, do curso de comunicação social com habilitação em Jornalismo.
Hortaliças Pesquisa que utiliza técnicas sustentáveis para a produção de alface e jiló é desenvolvida em Estreito
Pg 10
Pesquisador Arthur Silva
Glauber Cruz Orientador do projeto de pesquisa Escamas de peixe de água doce
Mestre em Engenharia Aeronáutica e Mecânica (2006) pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Doutor em Engenharia Mecânica (2015) pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) - Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é Professor Adjunto III e Pesquisador do Curso de Engenharia Mecânica (CCEM) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Ana Beatriz Castro ganhou o primeiro lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).
Congresso de ciências na Infomatrix Latino Americana, realizada em Guadalajara, no México
Processo de preparação do Poliácido Lático (PLA), para a produção do bioplastico.
Mostratec de 2019, primeira participação em uma feira internacional, Na ocasião ganhou o Isef
revista chamento
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Pesquisa que utiliza técnicas sustentáveis para a produção de alface e jiló é desenvolvida em Estreito Marcela Lima¹
I
ntitulada como “Técnicas de manejo para a produção de hortaliças na região Tocantina do Maranhão”, projeto desenvolvido em Estreito, no Maranhão, utiliza o esterco bovino como adubação orgânica, trabalhando com culturas de importância que os agricultores já cultivam nas suas propriedades. E avalia a cobertura morta do solo causada pelas elevadas temperaturas, proporcionando que o ambiente consiga car mais úmido e menos quente para a produção de alface e jiló. Este projeto conta com a coordenação do professor do curso de Engenharia agronômica, do CCANL (Centro de Ciências Agrárias Naturais e Letras) da Uemasul (Universidade Estadual do Sul do Maranhão), Jarisson Cavalcante Nunes, 32 anos, Agrônomo, formado na UFPB (Universidade Federal da Paraíba), mestre e doutor em agronomia, atuante no município de Estreito desde março de 2020, quando o campus iniciou suas atividades. Segundo informações do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), no Brasil, a atividade de agricultura familiar, com a gestão da propriedade compartilhada pela família, tem os alimentos produzidos como a principal fonte de renda desse grupo. Envolve aproximadamente 4,4 milhões de famílias, sendo responsável
foto: ASCOM/Uemasul
por gerar renda para 70% dos brasileiros no campo. A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que 80% de toda a comida do planeta venha desse tipo de produção. Surgimento Uma das primeiras coisas que o professor Jarisson Nunes fez quando chegou em Estreito foi uma avaliação nesse projeto de pesquisa, a partir da qual identicou que, dentre as hortaliças produzidas no município, a alface era uma das que liderava. E pelo fato da área abranger 22 municípios da região Tocantina do Maranhão, boa parte da produção da alface do estado é oriunda destas cidades. Foi a partir da constatação dessa importância que Jarisson desenvolveu o interesse em trabalhar com a cultura da alface. A pesquisa iniciou em dezembro de 2020 e tem previsão de término em agosto de 2022, com duração total de dois anos. Conta com cinco experimentos, sendo que três deles já foram realizados no primeiro ano, com a participação de três integrantes no projeto especíco: duas bolsistas e o professor no primeiro momento.
nos s de dois an o n e m m o ais c o campus, boas pesquisas regio já acumula
1: Estudante de Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão, Campus Imperatriz.
revista chamento
11 Também é muito importante a parceria estabelecida com o agricultor, que disponibiliza da sua propriedade, localizada a 25 quilômetros da cidade de Estreito. Os experimentos são realizados tanto em laboratórios da universidade quanto no campo. O pesquisador revela que o seu interesse pela pesquisa surgiu ainda no segundo semestre da graduação, quando ele começou a se envolver com os projetos de pesquisa. “Consegui uma bolsa e atravessei todo o curso sendo bolsista de iniciação cientíca e posteriormente a graduação, ingressei no mestrado e doutorado. Ao mesmo tempo eu já tinha, digamos assim, uma meta, que seria atuar no ensino superior e através dele eu conseguiria também transitar nos outros pilares, que seriam a pesquisa e extensão”, explica Jarisson Nunes. Ele ainda esclarece que a pesquisa surge da observação, então, na sua opinião, todo pesquisador tem que ser curioso, para se levantar hipóteses e gerar conhecimento, utilizando metodologias apropriadas para isso. Desaos Com a pandemia, as atividades presenciais da instituição foram suspensas, logo no início das aulas, mas continuaram se desenvolvendo de forma remota. Mesmo com todas as diculdades e desaos, esse projeto foi pensado, elaborado e aprovado durante o período pandêmico. Pela razão da Covid-19, algumas adaptações
precisaram ser feitas, muitas vezes foi preciso adiar um determinado plantio, ou antecipar um determinado ciclo e assim por diante. Jarisson Nunes explica que as atividades estão acontecendo tomando todos os cuidados, as medidas sanitárias das autoridades de saúde e as instruções normativas da instituição. Por se tratar efetivamente de uma atividade prática, todas as vezes que a equipe precisa se deslocar ao campo é necessário utilizar as medidas protetivas, como o álcool em gel e a máscara. “Esse momento é desaador para todos nós professores e discentes, mas o desao nos faz bem, digo eu”, menciona o pesquisador. Benefícios À medida que se trabalha na propriedade do produtor, ele está visualizando o experimento, logo, observando o que está acontecendo, e a partir daí ele pode conseguir também caminhar com os próprios pés, desenvolvendo as atividades que já conferiu durante o experimento. Ao mesmo tempo, a equipe, como está frequentemente na propriedade, pode dar outros tipos de assistência. Um exemplo desse tipo pode ocorrer quando a equipe executa uma determinada avaliação da cultura da alface e o produtor enfrenta, por exemplo, um problema na cultura da banana. Neste caso, o grupo também consegue, de alguma forma, prestar uma assistência técnica para ele, comenta o professor Jarisson,
especialista em hortaliças. “Eu costumo dizer que na nossa área de engenharia agronômica, o campo é um laboratório a céu aberto. Então, no momento da condução de uma pesquisa, algumas pragas e doenças, por exemplo, podem surgir efetivamente para atacar aquela planta que eu estou avaliando. E enquanto equipe, nós precisamos sempre nos reunir para vericar os melhores procedimentos a serem adotados na nossa pesquisa”, diz Jarisson Nunes. Segundo o professor Jarisson, o aluno vivencia na prática o que ele estuda na teoria. Ou seja, na sala de aula, depois ele vai ter o contato com o produtor rural, que é muito importante. “É interessante que nós prossionais de uma forma geral, saibamos aprender com os agricultores, porque eles têm muito a nos ensinar”. foto: Arquivo Pessoal/Jarisson Nunes
Professor Jarisson Nunes, coordenador do projeto, em campo, mostrando ótimos resultados da pesquisa
revista chamento Outro ponto importante também para os estudantes, na ótica do pesquisador, é que possibilita a questão de uma bolsa de iniciação cientíca, o que ajuda também o estudante a se manter na instituição. “A gente sabe que vários estudantes muitas vezes residem em outros municípios e essa bolsa pode fazer um diferencial. Para a instituição é importante porque ela está desenvolvendo todos os três tripés, que seriam o ensino, a pesquisa e a extensão”. Recursos Toda pesquisa demanda algum tipo de recurso. A Uemasul de Estreito mantém uma agencia de fomento e outras no Maranhão. Os projetos podem ser submetidos para essas instâncias por meio de editais, e uma vez sendo classicado e aprovada, a agência de fomento pode nanciar essa pesquisa. “No momento da construção desse projeto especíco não se tinha um edital ainda de fomento. Então foi feito considerando a infraestrutura e os recursos que a universidade já tinha, como o laboratório, a estrutura física de uma forma geral e um veículo institucional para o deslocamento”, detalha o pesquisador. Jarisson explica que a instituição dá o apoio ao projeto, mas especicamente ele não é nanciado. “Então não se tem um recurso disponível e exclusivo para esse projeto, exceto a bolsa das duas discentes, que servem justamente para proporcionar que a estudante permaneça na instituição e uma forma também de manter e incentivar o estudante”, conta o coordenador da pesquisa. Importância Desaos em conciliar o projeto e as aulas fazem parte da vida das estudantes. “A ida a área experimental foi um pouco difícil no começo, mas depois de
12 ter sido criado uma rotina cou mais fácil. E existem vários pontos que motivam a continuar na pesquisa, mas o principal é a busca do conhecimento”, diz Larissa Aguiar, acadêmica de Engenharia agronômica e bolsista no projeto de pesquisa do Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientica). “A experiência com a pesquisa está sendo muito boa. Estou aprendendo bastante, e com esse projeto eu tive mais contato com o campo, principalmente agora que as aulas estão sendo remotas e não temos muitas aulas práticas.
Larissa Aguiar, aluna bolsista do projeto de pesquisa, desenvolvendo atividade prática no campo.
pesquisa é sempre desaadora, proporcionando cada vez mais leitura, aprendizagem e conhecimento. “Hoje, nós estamos estudando e sabemos da importância da participação da produção de hortaliças em praticamente todos os municípios do Brasil, e no estado do Maranhão não é diferente, assim como no município de Estreito. E um dos fatores importantes para que a gente tenha sucesso na produção e garanta também a sustentabilidade, é que a gente utilize os manejos adequados”.
fotos: até agora, os frutos do projeto de pesquisa, rendem bons resultados científicos e alimentares.
foto: Arquivo Pessoal/Larissa Aguiar
O que me motiva é que eu pretendo futuramente entrar em um mestrado e seguir nesse ramo da pesquisa. Então é importante que eu já esteja fazendo parte desse projeto de pesquisa desde a graduação”, arma Rakell Milhomens, 21 anos, acadêmica de Engenharia agronômica e bolsista no projeto Pibic. Jarisson conclui que a fotos: Arquivo Pessoal/Jarisson Nunes