Jornal Arrocha - Edição 17 - Transportes

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FEVEREIRO DE 2013. ANO III. NÚMERO 17

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA

Arrocha JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL-JORNALISMO DA UFMA, CAMPUS DE IMPERATRIZ

Transportes

DANIEL SENA


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2 EDITORIAL - TRÂNSITO DESAFIADOR Como toda cidade em pleno ritmo de expansão, Imperatriz enfrenta graves problemas de trânsito. Basta observar uma região movimentada, como as ruas do centro da cidade nos horários de pico para perceber uma confluência de motos, carros, caminhões, carroças, bicicletas e pedestres não necessariamente convivendo em paz e harmonia. Diante de tal quadro o desafio dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFMA que prepararam esta edição foi justamente buscar histórias de pessoas que lidam diariamente ou dependem de todo e qualquer tipo de transporte para se locomover. Os futuros repórteres também procuraram as autoridades de trânsito para explicar o motivo de certos problemas, como a precariedade das vias, persistirem sem

ANO III. NÚMERO 17 IMPERATRIZ, FEVEREIRO DE 2013

CHARGE RHAYSA NOVAKOSKI

solução. Nestas páginas o leitor vai encontrar, ainda, personagens que usam o transporte fluvial das balsas, ou usufruem dos serviços aéreos. Temos orgulho de apresentar, bem aí ao lado, a nossa nova chargista, Rhaysa Novakoski, que, junto com a acadêmica Kelly Saraiva vão alternar o olhar bem humorado sobre os temas centrais de cada edição do jornal Arrocha. O jornal continua com a sua vocação de ser um espaço aberto para novos olhares a respeito da cidade. Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também um ritmo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.

Ensaio Fotográfico ADRIANA DIAS

BRENO FRANCO

SABRINA CHAMORRO

ISRAEL SHAMIR

EXPEDIENTE Jornal Arrocha. Ano III. Número 17. Fevereiro de 2013 Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da universidade.

Reitor - Prof. Dr. Natalino Salgado Filho | Diretor Prótempore do campus de Imperatriz - Prof. Dr. Marcelo Soares dos Santos | Coordenadora do Curso de Jornalismo - Prof. M. Marcelli Alves.

Reportagens: Adriana Dias, Andreza Vital, Breno Franco, Eva Fernandes, Israel Shamir, Kellyanne Barros, Raylson Lima, Raísa Sales.

Professores: M. Alexandre Maciel (Jornalismo Impresso), M. Marco Antônio Gehlen (Programação Visual), M. Marcus Túlio Lavarda (Fotojornalismo). e Revisão: M. Alexandre Maciel.

Fotografias: Adriana Dias, Adriana de Sá, Andreza Vital, Breno Franco, Israel Shamir, Kellyanne Barros, Mirían Gomes, Núbia Carvalho, Raylson Lima, Raísa Sales, Stepheson Sousa, Sabrina Chamorro.

Diagramação: Ana Paula Viana Ramos; André Ricardo Guimarães Cadete; Bruna Viveiros dos Santos; Islene Sousa Lima, Jorzennilio Alves Junior; Jose Silva de Moraes; Juliana Ferreira Eugenio; Juscelino da Silva Oliveira; Kayro Lima Ferreira Sousa; Leticia Kuniko Sekitani, Liana Melo Lima Bittencourt, Lucas Sousa Oliveira, Manoel Nascimento Silva de Maria, Mariana Sousa de Castro, Ramon Tulio Oliveira Dias, Samoel Perereira de Freitas, Thiago Coelho de Faria, Welton Gomes de Araujo.

Estágiarias: Adriana de Sá, Hyana Reis, Maria Felix.

Contatos: www.imperatriznoticias.com.br | Fone: (99) 3221-7627 Email: contato@imperatriznoticias.com.br


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COLETIVOS A população reclama da falta de conforto dos pontos de ônibus e do desrespeito ao direito dos idosos de utilizar o serviço de transporte público

Passageiros reclamam dos pontos de ônibus KELLYANE BARROS

Calor intenso. A temperatura aumenta passando dos 35° e, nas avenidas, ônibus e outros veículos se locomovem poluindo o ar com suas respectivas fumaças. Um aglomerado de pessoas disputa o espaço nas calçadas para se aproximar do coletivo. Essa realidade acontece diariamente nas cidades de médio ou grande porte. Os usuários do transporte público enfrentam uma maratona para chegar ao local escolhido. Em Imperatriz não é diferente. A falta de conforto no interior dos veículos se torna um incômodo para os passageiros que precisam dessa condução no seu cotidiano. Joana Silva, 42 anos, mora no bairro Santa Rita e todos os dias depende do transporte para vir ao centro da cidade onde trabalha como doméstica. Acorda às 5h30, pois antes de aguardar a condução precisa arrumar os filhos para levá-los à escola. “Passo mais de uma hora na parada. Quando entro no ônibus, não tem poltronas para sentar, é uma falta de respei-

to com o trabalhador”, questiona Joana. Antônia Pereira também reclama da falta de conforto dos ônibus. Ela é dona de casa, tem 29 anos, mora no Ouro Verde e precisa do transporte público para vir ao centro da cidade. Em sua opinião, os coletivos sempre estão lotados e apertados. “A gente precisa dis-

“Passo mais de uma hora na parada. Quando entro no ônibus, não tem poltronas para sentar, é uma falta de respeito com o trabalhador”

putar uma cadeira para sentar e é mais difícil ainda quando tem uma criança pequena”. Propostas - O secretário de Trânsito e Transportes de Imperatriz, José

de Ribamar Alves Soares, admite que “falta resolver essa questão dos abrigos dos ônibus sendo ainda um desafio a ser solucionado”. No ponto de espera dos coletivos encontramos uma estudante que está cursando o terceiro ano do ensino médio. Carolina Moraes afirma que precisa do transporte público para ir à escola e comenta as dificuldades que encontra no cotidiano. “A aula termina às 11h45 e vou direto esperar o ônibus. Quando chego à parada o sol está muito quente e com isso sinto muita dor de cabeça”. Carolina acredita que é necessário reformar os abrigos para garantir mais comodidade às pessoas. O secretário José Ribamar concorda que é preciso melhorar o conforto dos abrigos, que, na sua própria opinião, não são suficientes para os usuários do transporte de ônibus. Por outro lado, afirma que a Secretaria de Trânsito e Transportes (Setran) tem trabalhado para renovar a frota de ônibus na cidade. E acrescenta, ainda, que os coletivos que circulam nas ruas, em parte, são novos e, na sua visão, em um bom estado de conservação.

MÍRIAN GOMES

Falta de lugares e bancos sujos são algumas das reclamações dos usuários de ônibus coletivos MÍRIAN GOMES

Passageiros esperam por muito tempo os coletivos, sem ter conforto nas paradas de onibus

Usuários de coletivos sofrem com o número excessivo de passageiros KELLYANE BARROS

A semana inicia e recomeça a rotina do vendedor de uma distribuidora de secos e molhados. Diego Lopez aguarda a condução para ir ao trabalho, localizado no bairro Mercadinho. Ao entrar no coletivo, ouve o eco que vem do fundo do ônibus: “Para, motora!” É a exclamação de uma mulher pedindo para descer do veículo. Lopez mora no bairro São José e relata: “Às vezes chego atrasado ao trabalho. Certo dia o ônibus quebrou e não estava nem perto do

serviço. Resolvi pegar um táxi de lotação para não chegar atrasado e não ser reclamado pelo patrão”. No trabalho, Diego dialoga com os clientes. Ele possui uma oratória que convence as pessoas a levar para casa os produtos que não estão no orçamento. No retorno para casa enfrenta o horário de pico do final da tarde e espera o coletivo no abrigo mais próximo do trabalho. São 15 pessoas aguardando o ônibus e esse número cresce com o final do expediente dos estabelecimentos comerciais.

Resistência - Um aglomerado de gente se forma na parada e entre eles está o vendedor Diego. Ele espera para entrar no ônibus e o veículo já está lotado. Pessoas disputam as poltronas para sentar, outras seguram no protetor do coletivo para equilibrar-se. Alguns apertam-se nos degraus do veículo na expectativa de retornarem para casa o mais rápido possível, pois não quiseram esperar a outra linha. “Essa lotação do ônibus no horário de pico parece com as provas do Big Brother Brasil”, comenta Lopez, confirmando a postura de resistên-

cia e paciência das pessoas no coletivo, que oferece pouco conforto aos

“Essa lotação do ônibus no horário de pico se parece com as provas do Big Brother Brasil”

usuários nestas condições. No caminho para o bairro São

José uma senhora grita no meio do ônibus: “Para, para! Quero descer, não vou morrer sufocada nessa lata de sardinha!” Essa rotina de dependência do transporte público movimenta centenas de trabalhadores que necessitam da condução para ir ao trabalho. Nas grandes metrópoles, como São Paulo, uma alternativa para solucionar este problema é a bicicleta, que traz a vantagem de não poluir. “Às vezes, quando quero chegar em casa mais cedo, venho de bicicleta e faço outro percurso nas ruas menos movimentadas”, confirma Lopez.

Idosos enfrentam desrespeito no direito de utilização do transporte público KELLYANE BARROS

A caminhada começa na direção do ponto de ônibus próximo a sua casa. Ela percorre três quadras para aguardar o coletivo que a levará ao centro da cidade, onde irá participar das atividades da Casa do Idoso. Essa é a rotina de Maria Veloso, de 75 anos, que utiliza o transporte público nas suas atividades recreativas e para visitar os seus filhos, que moram em outros bairros da cidade. Encontramos Maria no ponto. Ela acena com as mãos, mas o

ônibus que vai à vila Ayrton Senna percorre as ruas do bairro Vila Nova sem obedecer ao pedido da idosa. O relógio marca uma hora de espera e Maria está em pé, pois não há assentos para os usuários esperarem o ônibus. “Isso acontece com frequência. Quando espero o ônibus na parada e demora muito, caminho na direção de outro ponto para sair do calor e chegar depressa em casa”. Cotidiano - A idosa entra no ônibus Bom Jesus e se distrai olhando o trânsito das ruas no horário de

mais movimento. O coletivo percorre a rua Ceará, via que liga os

“Precisamos de tratamento digno. Somos idosos, mas pagamos impostos”

principais bairros de Imperatriz, na altura do centro da cidade.

Maria aproxima-se do ponto de ônibus no qual deseja descer. Estudantes, pessoas com uniforme do trabalho e vários outros idosos disputam espaço para entrar na condução. Maria lembra de outra ocasião, quando estava para descer do veículo, a porta travou e começou o barulho no interior do ônibus pedindo para abrir. “Esperei muito tempo até o motorista resolver o problema”. Legislação - Os idosos são amparados pela lei número 10.048, de 8 de novembro de 2000 e pela Constituição Federal no direito de

utilização do transporte público. No artigo 3º, consta que “as empresas públicas de transporte e as concessionárias de transporte coletivo reservarão assentos, devidamente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo”. Maria contesta os serviços de transporte público. “Precisamos de tratamento digno. Somos idosos, mas pagamos nossos impostos. Eles não estão fazendo favor de carregar os velhinhos. Isso é nosso direito amparado por lei”.


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DUAS RODAS Só em 2011 os acidentes de trânsito envolvendo motos corresponderam a 84% do total e, durante o ano de 2012 , foram 91,81% das ocorrências

Imperatriz: município das 42 mil motos RAÍSA SALLES

Imperatriz tem mais de 100 mil veículos, sendo 42.542 mil motos e cerca de 30 mil carros transitando nas ruas da cidade, segundo dados da Circunscrição da Regional de Trânsito de Imperatriz (Ciretran). Apesar de ser um veículo que se destaca pela economia de combustível e versatilidade em driblar o trânsito, está cada vez mais difícil circular com moto no centro urbano. O desrespeito às regras de trânsito e a imprudência de muitos motociclistas são os principais motivos para alavancar o número de acidentes. De acordo com informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Imperatriz, só em 2011 os acidentes de trânsito envolvendo motos corresponderam a 84%. Outro detalhe curioso é que, no primeiro trimestre de 2012, 91,81% dos acidentes tiveram como envolvidos pessoas do sexo masculino. Contudo, nem por isso a população deixa de sonhar em ter uma moto. A venda desse tipo de veículo ainda é a mais popular nas concessionárias da cidade. Dados do Departamento de Economia da Faculdade de Educação Santa Teresinha (Fest), reunidos a partir de uma pesquisa realizada em 2011, indicam essa tendência. A intenção de compra dos consumidores de Imperatriz com relação à aquisição de uma moto superou inclusive, a de imóveis, segundo as conclusões da pesquisa, representando 21% das pretensões, enquanto que

STEPHESON SOUZA

com relação à aquisição de uma casa apenas 13% manifestaram o desejo.

Preferência - “As motos oferecem melhores vantagens para o consumidor”, enfatiza o balconista de farmácia Everton dos Santos Rodrigues, 27 anos, que comprou sua primeira moto quando era cobrador de loja. Desde então, já foram três. Hoje possui um carro, mas prefere a moto por consumir menos combustível e pela facilidade na manutenção. O sonho de possuir um veículo próprio flutua nos pensamentos do trabalhador imperatrizense. O fato de se livrar dos gastos com mototaxi ou ônibus são os maiores impulsionadores de compra. Luzeny Santos, que trabalha numa gráfica, fala, com olhos brilhando, sobre o seu desejo de ter uma moto: “É melhor, pois facilita para buscar as crianças na escola... Colocar só R$ 10 de gasolina e andar Imperatriz toda. Já pensou? Imperatriz era a cidade das bicicletas e hoje as motos dominam”.

Concessionárias - O preço e a facilidade de pagamento, também são, sem dúvida, grandes atrativos para quem quer deixar a vida de pedestre. As concessionárias comemoram as expectativas concretizadas de vendas para 2012. Ana Paula Linhares, 24 anos, há oito meses trabalhando como gerente de uma grande concessionária da cidade argumenta com entusiasmo sobre as vendas do ano passado e aponta algumas causas do aumento

A intenção de compra dos consumidores de Imperatriz com relação à aquisição de uma moto superou inclusive, a de imóveis durante 2012

da procura, tais como a melhoria do custo-benefício, os reajustes dos salários, sem falar nas formas de financiamento, por meio de parcelamento no cartão de crédito. “No consócio, tem parcelamento até de R$ 85. Até quem recebe um salário mínimo tem como adquirir uma moto. Os financiamentos, dependendo da entrada, ficam entre R$ 200 e R$ 890”.

Vida em duas rodas: rotina de Antonio Ferreira, de carroceiro a mototaxista RAÍSA SALLES

gurança para moto que são: matacachorro, a antena corta cerol, enfim, uma infinidade de coisas”. Ele conclui que é bastante complicado para o profissional. “O cidadão tem que ser de bem se não, não consegue”.

Na garupa - Andar de mototaxi é

Mototaxista no exercício de sua função diária com os equipamentos de identificação e segurança RAÍSA SALLES

Às 21h30 termina mais um dia de trabalho de Antônio Alves Ferreira, 57 anos. Cansado, com rosto suado, meio tímido, ele lembra sua história. Foram 19 anos trabalhando com tração animal (carroceiro). “Transportava todo tipo de coisa, o valor cobrado em cada frete chegava a R$ 5, e nem sempre tinha serviço”. Com muito esforço, conseguiu comprar sua primeira moto e há cinco anos trabalha como mototaxista. “O trabalho é muito cansativo, andar nesse ‘solzão’ todo dia e ainda tem passageiro que não colabora”. Sua média de clientes é 10 a 20 por dia, o que gera, no seu caso, uma renda média de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por mês, descontados os gastos.

Antônio, como muitos que escolheram a profissão de mototaxista, acorda cedo e às 6h já está nas ruas, pronto para mais um dia. Essa é a rotina da maioria dos 650 mototaxistas legalizados em Imperatriz, suprindo, em parte, a necessidade de transporte da população. Conforme o presidente da Associação dos Mototaxistas, Francisco Alencar, os requisitos para quem quer seguir a profissão são encontrados na Lei Municipal 858/2008. Com a regulamentação, a fiscalização ao serviço tornou-se mais constante. Segundo Francisco, o cidadão precisa ser maior de 21 anos, ter habilitação categoria A, não ter antecedentes criminais, morar na cidade e possuir titulo de eleitor. “E têm os equipamentos obrigatórios de se-

uma ótima oportunidade para conhecer a cidade, pois um bom mototaxista é conhecedor de nomes de ruas e pontos de referência dos bairros e localidades mais distantes e, claro, os atalhos para se chegar mais rápido ao destino. “Pra dentro da cidade é o melhor transporte que tem”, garante Antonio Ferreira. Na intenção de “fazer uma corrida”, desta vez com um olhar investigativo, e com a cortesia do seu Antonio, montei na garupa da sua moto, na Beira Rio. Ele acelerou na subida da ladeira da rua Barão do Rio Branco. Já na 15 de Novembro seguiu caminho pilotando entre os carros e motos. Com o vento forte batendo no rosto, senti uma sensação de liberdade. Observei as ruas movimentadas de Imperatriz e o cotidiano das pessoas como cenas que se intercalavam uma após a outra. No sobe e desce das buraqueiras da cidade, tentava equilibrar o capacete, que não queria parar na cabeça. Fiquei na rua Coronel Manoel Bandeira e agradeci a seu Antonio que, sorrindo, acelerou até sumir de vista entre os carros no meio da avenida.

No entanto, é importante apontar uma solução para os problemas ocasionados pela venda em larga escala de veículos, que seriam os acidentes e a imprudência dos motoqueiros, atribuída principalmente à falta de habilitação. Nesse sentido, Frederico Clementino, da diretoria da Ciretran, assevera que a fiscalização, que deveria ser exercida pela prefeitura de Impera-

triz, é falha e insipiente. “Hoje, trânsito é uma questão de saúde pública. Enquanto o poder público não olhar desta forma não vai resolver a situação do Maranhão e nem no Brasil”. Frederico aconselha que se deve “andar por você” e pelos outros. “As pessoas têm que dirigir por elas mesmas, fazer tudo certo e contar que aquele que está na sua frente pode fazer errado”.

Determinada tabela de preços para mototaxis da no Centro será de R$ 4 e, para os bairros, o valor varia de R$ 5 à A categoria dos mototaxistas R$ 7. No horário noturno a partir de Imperatriz é uma das mais da 23h, terá uma aumento de até organizadas do país, segundo o 30% no valor da tabela. ex-presidente Francisco Aragão, Mesmo com a tabela aprovada mototaxista há 15 anos. ainda encontramos mototaxisA cidade reúne, ao todo, 30 tas que afirmam não conhecer. É pontos regulamentados pelo o caso de Lucivaldo Rocha, moConselho Estadual de Trânsito totaxista há 6 anos: “Não tenho (Cetran). De acordo com o atual conhecimento, ainda não passou presidente da associação, Fran- pelas minhas mãos”. cisco Alencar, em Imperatriz atuA vendedora ambulante Ideam 657 mototaxistas legalizados nilde Andrade, de 52 anos, reclapara atenderem a demanda da ma: “Muitos deles não estão cumpopulação prindo o que está por transporna tabela”. Ela te no centro e que semDurante o dia, o preço conta bairros. pre quando sai da corrida no Centro é do Bairro Santa Cerca de 11.826 pessoas de R$4. Para os bairros, Lúcia para trautilizam esse balhar no Mero valor chega a custar cadinho cobram serviço todos os dias, segunR$ 7. “Não tem R$ 7 do o presidencomo negociar, te, o que equiou você paga ou vale a uma média diária de 15 a 18 não vem”. De acordo com a nova passageiros por mototaxista. tabela, o certo seria cobrar R$ 6. Entretanto, devido às reclaO presidente da associação mações dos usuários que não concorda com a informação de estavam satisfeitos com os altos que a maioria dos mototaxistas valores cobrados foi estabelecida cobra valores que extrapolam. uma tabela de preços, aprovada E avisa aos usuários que popela Câmara Municipal de Vere- dem fazer reclamações no sindiadores e sancionada no dia 15 de cato ou na Secretaria de Trânsito dezembro de 2012 pelo prefeito (Setran) e, caso eles não cumpram Sebastião Madeira. o que está estabelecido, serão deDurante o dia o valor da corri- vidamente punidos. RAÍSA SALLES


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JUSTIÇA Os diferentes pontos de vista sobre o seviço de lotação nos táxis, os trâmites que circundam nas decisões judiciais e o jogo de interesses das classes envolvidas

Táxi lotação: benefício ou problema social? ISRAEL SHAMIR

O transporte público em Imperatriz tem vivido nos últimos anos um grande impasse judicial que procura proibir a prática da lotação nos táxis do município. Afinal, por que esse serviço ainda não foi regularizado? O secretário municipal de Trânsito, Cabo J. Ribamar apresentou a Lei Federal n° 12.486, de 26 de agosto de 2011, que prediz que o táxi é um transporte público individual. Para o secretário, que é historiador e bacharel em direito, é um trabalho vão propor uma lei municipal que regularize o serviço dos táxis alternativos, visto que as normas federais têm poderes superiores às demais. A Secretaria de Trânsito (Setran) estima que, em Imperatriz, haja pelo menos 25 mil estudantes que pagam meia passagem, seis mil idosos com direito à gratuidade, milhares de servidores públicos que também tem isenção, além da população portadora de necessidades especiais. O secretário ressaltou que, a exemplo de outras cidades que adotaram esse serviço, o táxi de lotação não é o meio mais adequado para realizar transporte público. Eles não são capazes de aten-

der a demanda diária de uma cidade. Ou seja, se o táxi coletivo fosse autorizado pelo Executivo e a população passasse a utilizá-lo mais que o transporte tradicional, o que é bem provável, se tornaria inviável manter os ônibus circulando. Esse raciocínio parte do princípio que estes precisam dos passageiros integrais para se sustentar.

“As empresas de ônibus prestam um serviço precário, não dão atenção ao estudante e ao idoso”

Se isso de fato viesse a acontecer, as empresas seriam induzidas a retirarem seus carros da linha. O transporte público em Imperatriz poderia entrar em uma crise em detrimento da classe dos taxistas, segundo as previsões da Secretaria de Trânsito.

Vereadores- Em contrapartida, a Câmara Municipal de Imperatriz, em sua maioria, está de acordo com a viabilização desse serviço

na cidade. A entidade entende que o táxi coletivo é um benefício para a população. O presidente da Câmara, vereador Hamilton Miranda, declarou que é completamente a favor da regularização do serviço do táxi coletivo tendo em vista a deficiência no transporte público da cidade. Para ele, a cidade precisa “acompanhar as mudanças”. O vereador Francisco Rodrigues, o Chiquim da Diferro, que já exerceu a profissão de taxista durante 12 anos, propôs a Lei Municipal n° 1063/2003 que determina que sejam criados pontos rotativos para os táxis de lotação e o direito da coleta de passageiros em qualquer ponto da cidade, exceto nas paradas de ônibus e mototáxis. A lei foi sancionada pelo então presidente da Câmara, Joel Gomes da Costa e está em vigor. Porém, Chiquim afirmou que essa legislação nunca foi cumprida devidamente a partir do momento que a Setran não se manifestou para criar os pontos rotativos desses táxis. “As empresas de ônibus prestam um serviço precário, não dão atenção nem para o estudante e nem para o idoso. Não há paradas de ônibus nos bairros de Imperatriz que ofereçam abrigo para as pessoas”, desabafou o vereador.

ISRAEL SHAMIR

Táxi lotação colhendo passageiros livremente numa das principais ruas do bairro Santa Rita

Os mais de 140 táxis lotação assustam as empresas de ônibus da cidade ISRAEL SHAMIR ISRAEL SHAMIR

Faraildes Oliveira, 70 anos, servidora pública há mais de 29, julgou como uma grande perda tanto para ela quanto para todos os outros idosos a abolição do táxi de lotação na cidade. Na sua opinião, a acessibilidade dos táxis, o conforto e a velocidade são os aspectos mais importantes. A rapidez dos carros também foi um fator destacado pela usuária Ceiça Freitas, 42 anos. Ela conta que o desrespeito dos motoristas de ônibus é muito comum nas ruas de Imperatriz e disse que se sente muito mais segura sendo transportada pelos táxis. Manuel Conceição de Almeida, o Bebé, vice-presidente da Associação dos Taxis de Lotação de Imperatriz, revelou que possui 78 taxistas credenciados na entidade criada em 2003, e estima-se que haja pelo menos outros 70 que prestam o serviço da lotação e que ainda não se associaram. Partindo dessa estimativa, há quase 150 táxis de lotação realizando transporte coletivo pelas ruas de Imperatriz. Segundo ele, cada táxi tem um volume diário entre 40 e 50 passageiros nos dias úteis, o que significa um tráfego de 6.750 pessoas diariamente. Diante dessas informações a grande pergunta é quem vai transportar essa “multidão” de cidadãos, visto que os transportes públicos não atendem às necessidades atuais? Traduzindo esses números em dinheiro, quer dizer que as empresas de ônibus coletivos perdem, em média, um valor de R$ 810 mil por-

Dia de comércio intenso em Imperatriz: a disputa entre táxis lotação e ônibus coletivos pela preferência dos passageiros que se deslocam principalmente para os bairros distantes, como o Santa Rita

mês, considerando que a tarifa da passagem seja R$ 4,00. É natural julgar que os “gigantes

do transporte” se incomodem bastante com esse valor se esvaindo de seu controle. É justamente esse mo-

tivo que leva à disputa pelo domínio exclusivo do do transporte público em Imperatriz, que parece oferecer

várias alternativas para os usuários, mesmo com cada tipo de transporte apresentando seus problemas.


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ÁGUAS Transporte aquático de barcos na cidade, com linhas para povoados vizinhos é uma maneira mais barata de se locomover para o município de Imperatriz

Preço de passagem nos barcos atrai clientes ADRIANA DIAS ADRIANA DIAS

São 4 horas da manhã de uma quarta-feira no povoado Jatobal, quando Alberto Silva Cunha, de 27 anos, sai de casa em casa, chamando os passageiros que viajarão para Imperatriz. Esta é a segunda visita feita, pois às 5h do dia anterior, o primeiro contato já foi estabelecido. Às 6h todos têm que estar dentro do barco para a viagem. São dez anos de barqueiro trabalhando de segunda a sábado. As pessoas se acomodam, pegam lençóis para se cobrir do vento frio, enquanto outros se esquentam com um copo de café. Alguns viajam mesmo dormindo em redes. O sol começa a nascer e as tracajás começam a aparecer nos troncos das árvores, por cima da água. O barco encosta nos portos para pegar mais passageiros e o sinal de embarque é feito com panos brancos acenados para cima e para baixo. Existem três linhas diárias de transporte de passageiros e mercadorias para os povoados de Jatobal, Grotão e Imbiral.

Outra linha - Edson Alves Vale, mais

Moradores - Luis de Jesus Silva é um senhor de cabelos brancos de 75 anos que mora no Jatobal desde 1954. São 58 anos vivendo no povoado e ele é um dos mais antigos moradores. Luis recorda que antes o transporte era feito só de canoas e no remo, e demorava muito. “Não existia barcos para o transporte de passageiros, só para transportar óleo na cidade de Itaguatins”, complementou. Luis já possuiu um barco com o qual trabalhou por 12 anos, mas agora só vem

gócio, uma oficina mecânica de motores de rabetas e motocicletas. Vem até a cidade duas vezes por semana, para comprar as peças de que precisa, ou paga o barqueiro para fazer o serviço. Porém, Isaías não gosta da viagem. “Acho barulhenta”. Mas ressalva que o transporte é de grande importância por ser mais barato e ajuda a atender as necessidades dos moradores. “Se não tivesse esses barcos ficaria difícil para a gente”. Ele revela, ainda, que para trazer as mercadorias no único micro-ônibus disponível ficaria mais caro, pois o frete é cobrado por quilo. No barco, levando até cinco caixas, paga-se o valor de uma passagem de R$ 5.

Pessoas que moram em povoados vizinhos viajam quase que diariamente para fazer consultas e compras de mercadorias para os seus comércios

de mês em mês para receber sua aposentadoria na cidade. Raimundo Lira dos Santos também é morador, tem 71 anos e reside há 28 neste povoado. Só viaja “por água” e comenta já ter se acostumado com o barulho do motor, locomo-

vendo-se de três a quatro vezes por mês para consultas médicas e fazer compras. O preço é um dos motivos para ele querer viajar sempre de barco. “Eu pago R$ 10 de ida e volta”, esclareceu. Demora cerca de duas horas

subindo. Esta mesma linha oferece um micro-ônibus de segunda a sábado, custando R$ 9 cada trajeto. Isaias Santos de Sousa, 31 anos, outro morador, residia em Imperatriz e há dois anos decidiu morar no povoado, abrindo o seu próprio ne-

conhecido como Lobão, é barqueiro e faz linha da cidade do Praia Norte a Imperatriz. Ele é o mais antigo barqueiro e dedica-se há 15 anos ao transporte de mercadorias e passageiros, afirmando gostar do que faz. “Gosto de ser barqueiro é o que sei fazer”. Cada viagem demora cinco horas de subida e quatro de descida, custando R$ 20 ida e volta. Edson segue esse mesmo trajeto três vezes por semana. Já conquistou algumas coisas com esse trabalho, como uma casa, moto e terreno. Edson conseguiu obter, também, a confiança de ������ comerciantes, pois faz até as compras de seus clientes. Ele pode levar 22 pessoas e sete mil quilos de mercadorias, número legalizado pela Marinha e fatura de R$ 100 a R$ 200 por viagem.

Clientes da balsa consideram trajeto seguro Passageiros em destaque ADRIANA DIAS

Balsa transporta cerca de cem pessoas diariamente a cada viagem, sendo três minutos cada travessia ADRIANA DIAS

Zuleide da Conceição Ribeiro tem 50 anos, pele morena, estatura média e cabelos pretos. Mora em Imperatriz e há sete depende da Balsa Pipes para ir ao trabalho, fazer faculdade e outro curso no estado do Tocantins. Faz a travessia de segunda a segunda, gastando R$ 14 por semana e considera o trajeto calmo e seguro. Por não possuir nenhum meio de transporte Zuleide não utiliza a ponte Dom Affonso Felippe Gregory, mas afirma que fazendo o mesmo trajeto gastaria mais, além de não se sentir segura. “Tenho medo de assaltos”. Zuleide é porteira servente e atua na área de nutrição na Escola Turma da Mônica, com alunos de 5ª série ao

9º ano, todos participantes do projeto Educação para Jovens e Adultos (EJA), de segunda a sexta. Ela tem uma vida bastante agitada, trabalha na escola, é revendedora dos produtos da Avon, Boticário e Natura, cuida da sua casa e cursa faculdade de pedagogia, em um polo existente na Bela Vista. Além de ainda abrir um espaço na agenda para fazer um curso técnico de nutrição no Instituto Acadêmico Tecnológico de Profissionais da Educação em Augustinópolis.

Usuários - Silvia Ferreira, 52 anos, há dois mora em Bela Vista e tem que atravessar o rio todos os dias para ir trabalhar na cidade. Tem emprego em casa de família e gasta R$ 2 diariamente, assumindo que gosta do transporte. “A balsa é segura”.

Senhora branca, cabelos loiros e estatura baixa, Sílvia tem duas filhas e foi morar no povoado porque conseguiu comprar sua casa própria. Trata-se de um lugar, segundo ela, calmo e seguro, mas declara que é ruim para trabalho, então tem que arranjar em Imperatriz. Italo Gomes Ramos tem 14 anos e é usuário diário da balsa, pois mora em Imperatriz e estuda no povoado de Bela Vista. Ele também gosta de ir e vir. “Acho muito legal porque a gente poder ficar olhando para esse rio todos os dias, e conhecemos pessoas diferentes que passam por aqui”. Ele explica com um semblante alegre, que, por ser aluno, não paga a passagem da balsa, de R$ 2. Seu amigo Fernando Santos, de 13 anos, também quer participar da entrevista. “Agora é minha vez”. Começa ansioso, dizendo que nunca tinha sido entrevistado, e que com tantas idas e vindas na balsa já arranjou até uma paquera, mas não durou muito. Conheceu também o seu melhor amigo da escola em uma das viagens. A balsa começa a chegar ao porto e eles se levantam dos bancos. Após o barco ancorar eles pegam as mochilas e saem rápido, sobem a ladeira com passos apressados e desaparecem. A pressa talvez seja por já estarem atrasados para o primeiro horário da aula ou talvez queiram chegar mais cedo.

ADRIANA DIAS

Para quem achava que com a inauguração da ponte Dom Affonso Felippe Gregory, em 15 de dezembro de 2009, a empresa de transporte fluvial de veículos de propriedade de Pedro Iran Pereira, Balsas Pipes iria acabar, estava enganado. “No mês de agosto de 2012 trouxemos mais uma balsa para fazer a travessia”, afirma o gerente Francisco Sousa Lopes. Ele esclarece, que a necessidade de colocar uma balsa grande novamente no Porto da Balsa em Imperatriz, partiu dos usuários, que indicaram a necessidade para que o transporte de tração animal e automotores voltasse a funcionar. Então decidiram melhorar o atendimento a seus usuários. Com a chegada da balsa os clientes terão duas alternativas para fazer a travessia do rio Tocantins: tanto por terra como por água. Atualmente, a empresa dispõe de quatro lanchas que estão aptas para o transporte de passageiros do povoado Bela Vista, município de São Miguel, no Tocantins, a Imperatriz, no Maranhão.

Passageiros - São pessoas de ambos os lados que dependem do transporte para trabalhar, fazer compras e estudar. Assim como Silvia Pereira, de 52 anos, que mora no povoado e conta com a lancha

de segunda a sábado para vir trabalhar no Maranhão. “Gosto de atravessar na lancha porque é calmo e seguro”, explica. Outro a cumprir esse trajeto é Pedro Martins Gomes, de 19 anos, que atravessa o rio para fazer curso de informática em Imperatriz, garantindo que a travessia é mais rápida. A lancha leva cerca de três minutos para chegar de um estado a outro. A travessia é tranquila, o barulho do motor faz contraste com o cortar das águas e canoas que passam do lado, levando banhistas para os primeiros bancos de areia recém-formados. Olhares atentos miram de um lado para o outro, e quando a lancha chega, apressam os passos para chegar aos seus destinos. Desde 1990 que a empresa Pipes oferece o transporte na cidade. Antes da inauguração da ponte sobre o rio, trabalhavam com duas balsas e quando necessário usavam também as lanchas. A retirada das balsas que faziam a travessia dos automóveis se deu por fatores de inviabilidade, argumentou Francisco. Atualmente existem quatro lanchas com capacidade para cem passageiros a R$ 1 cada. O transporte começa às quatro da madrugada e vai até meia noite, não tendo interrupção em nenhum dia da semana, segundo o gerente Francisco Sousa Lopes.


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ANO III. NÚMERO 17 IMPERATRIZ, FEVEREIRO DE 2013

AVIAÇÃO Será possível cumprir a carga horária prática e teórica na própria cidade e a presidenta do Aeroclube assegura: “Você pode sair pilotando até Boeing”

Curso de piloto aguarda a homologação RAYLSON LIMA

O Aeroclube de Imperatriz, Centro de Estudos Aeronáuticos Dr. Clemente Barros, foi fundado em 1989 por Moacyr Sposito Ribeiro, que hoje nomeia a avenida onde localiza-se. O nome do Centro de Estudos veio do terceiro presidente, Clemente Luis Barros, que assumiu o cargo em 1991 e abandonou em março de 1999, quando “deixou o plano físico, passando a voar em esferas altas”, menciona o site da empresa. Existente desde a fundação do local, o curso de piloto privado era o único ofertado no aeroclube por ocasião desta entrevista, em 2012, conforme informa a presidente, Ilma Aparecida de Souza, há seis anos no cargo e a sétima a assumir a função. O curso só aguarda nova homologação para voltar a funcionar. Para integrar a média dos 20 alunos das três a quatro turmas anuais, o custo era de R$ 1,3 mil. As aulas teóricas tinham duração de três meses e meio, sendo compostas por cinco disciplinas: regulamentos de tráfego aéreo, teoria de voo, conhecimentos técnicos, meteorologia e navegação. Era necessário também cumprir 41 horas práticas, no prazo de dois anos, quando o aluno é acompanhado por um instrutor de voo, sendo que cada hora custava R$ 270. As prá-

ticas eram obrigatoriamente executadas na única aeronave do aeroclube, um Aero Boero, motor Lycoming, potência de 115 HP, sobre o qual Ilma Aparecida assegurava ser “nova, toda refeita, com apenas 57 horas de voo”. Depois das aulas práticas, um checador da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vem ao Centro de Estudos Aeronáuticos para fazer uma prova. Nesta altura o aluno terá de fazer um voo sozinho e, se for aprovado, recebe o documento de permissão para pilotar, denominado brevê. Para fazer o curso de piloto privado era necessário ter ensino médio completo, ser maior de 18 anos ou ter autorização dos pais, fazer exame psicológico, dos seios da face, sangue, hepatite C e malária, eletroencefalograma e audiometria. Aos que acham que o curso de piloto privado permitia conduzir apenas aviões de pequeno porte a presidenta do Aeroclube informa: “Você pode sair pilotando até Boeing, desde que seja privado”. Ela salienta que não é possível “entrar para uma linha aérea, sem passar pelo PC (piloto comercial) e pelo curso de piloto de linha aérea”.

Formações - Ilma Aparecida esclarece as categorias de pilotos. “Nós temos o piloto privado, comercial e de linha aérea. Nos aeroclubes é fei-

to o piloto comercial e até o privado. Depois, para o piloto de linhas aéreas são somadas as horas e aí vai pra linha aérea especifica e lá ele faz o ground school (curso de familiarização de determinados tipos de aeronaves) do avião” No Centro de Estudos Aeronáuticos Dr. Clemente Barros já funcionou o curso de piloto comercial que, Ilma Aparecida culpa, “o antigo presidente deixou acabar”. Mas, anuncia que novamente estão “homologando o curso de PC (piloto comercial)”. Outro curso que também espera pela autorização é Comissário de Bordo, que “não começou ainda por falta de pessoas interessadas”. A presidenta destaca que essa modalidade já foi homologada antes e que “venceu o prazo, e tem que ser renovado”. E assegura que “vai ser renovado provavelmente com o piloto comercial”. Quando autorizado, o curso voltará a funcionar nas mesmas diretrizes citadas. Ilma é firme na hora de confirmar a credibilidade do Centro de Estudos Aeronáuticos. “Nosso aeroclube é um dos melhores do Brasil. Em termos de logística, de credibilidade da própria Anac. Aeronave nova, manutenção constante e respeitado os prazos e as normas da Anac e da Infraero”. E questiona-me: “Então porque o cara quer sair daqui? Se ele tem tudo

RAYLSON LIMA

“Nosso aeroclube é um dos melhores do Brasil em termos de logística e credibilidade”, garante Ilma

aqui? Ele sai daqui para fazer o curso de piloto comercial que nós não homologamos ainda”. A presidente vangloria-se de informar as conquistas do aeroclube.“Hoje nós temos mais de 10 alunos nas linhas aéreas Tam, Gol e outras”. O discurso de Ilma Aparecida é obstruído.

“Nooossa!”. É a voz do antigo aluno Bergson Soares, que invade o escritório. Ilma alegra-se ao apresentar: “Esse foi aluno daqui e hoje é piloto da Gol”. Soares foi aluno em 1997 e respondeu que escolheu o curso porque “aviação está no sangue, desde pequeno”.

Céu de Imperatriz é cortado desde 1930 por diversos tipos de aeronaves RAYLSON LIMA

Da década de 30 até 1973 a cidade teve três aeroportos, sendo que um deles foi o próprio Rio Tocantins RAYLSON LIMA

Os céus de Imperatriz já são cortados desde a década de 1930. Inicialmente por hidroaviões, que utilizaram do Rio Tocantins de 1939

a 1945, conforme menciona o historiador Adalberto Franklin em seu livro “Apontamentos e fontes para a história econômica de Imperatriz”. “Antes de possuir qualquer estrada carroçável e sem ainda conhe-

cer automóvel, a população se viu ligada por avião a Belém e a todas as cidades da rota tocantina, chegando até a capital da República”, esclarece Franklin no mesmo livro. Só em 1955 os aviões começaram a pousar sobre solo imperatrizense, entrando em operação um aeroporto localizado na área ocupada atualmente pelo Hospital Regional, Universidade Federal do Maranhão, Fórum de Justiça e as Escolas Graça Aranha e Dorgival Pinheiro de Sousa. Esse espaço “foi de muita utilidade durante a construção da rodovia Belém–Brasília”, informa Zequinha Moreira no livro “Simplício Moreira: precursor do desenvolvimento de Imperatriz”. Em 25 de maio de 1973 as obras do atual aeroporto foram inauguradas, passando a se chamar Aeroporto de Imperatriz - Prefeito Renato Moreira só em 11 de março de 2003. Recentemente o local passou por

uma ampliação, expandindo as áreas de embarque e desembarque de passageiros. Possui uma área de três mil metros quadrados, uma pista de 1.798 por 45 metros e um estacionamento com 59 vagas, conforme informa o site da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Atuam na cidade apenas as empresas Tam e Gol e para deslocarse para qualquer lugar no Brasil é necessário seguir inicialmente para São Luís ou Brasília. A Tam possui dois voos para São Luís, às 15h10 e 23h40 e dois para Brasília, às 7h18 e 18h20. A concorrente Gol opera com menos voos, dois para Brasília, às 7h30 e as 23h30 e apenas um para São Luís, às 23h30. Vivência - Chego às 15h03 no aeroporto e vejo apenas umas poucas pessoas. Nos dedos de minhas mãos é possível contar quantas: seis. Nes-

se momento os que iriam para São Luís no voo 3552 da Tam já haviam embarcado e os que chegaram na cidade às 14h40, no voo de mesmo número já não se encontram mais por ali. Na pista ainda é possível ver o avião e ouvir o barulho da turbina invadindo o lugar. Converso com o motorista José Benedito Santana Filho enquanto observa por entre seus óculos escuros a partida do 3552. Devido à profissão, José Santana frequentemente vai ao Prefeito Renato Moreira. Além do de Imperatriz o outro aeroporto que o motorista conhece é o Val de Cans, em Belém (PA) o que não lhe impede de criticar: “Antes aqui era uma negação, um Deus nos acuda”. Pergunto se ampliação do local não sanou os problemas e ele rapidamente responde: “Por enquanto pro porte da cidade está bom, um tamanho normal, mas sempre tem o que mudar”.

Taxis-aéreos cobram preço da “corrida” entre R$ 1,2 e R$ 10 mil RAYLSON LIMA

Desde 1980 instalada no solo de Imperatriz e voando pelo céu do Brasil, a Heringer Táxi Aéreo oferece serviço de transporte aéreo 24 horas. Rogério Heringer, um dos coordenadores da empresa, mecânico e piloto, menciona que a atividade desenvolvida por eles é a de transporte de passageiro e cargas, como valores em dinheiro, órgãos para transplantes e vacinas.

“Temos também serviço de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, que hoje é um dos carros chefe”. O coordenador, Rogério, que leva o nome da empresa em seu sobrenome orgulha-se: “Prestamos serviços não só para região, mas para todo Brasil”. A empresa instalou-se em Imperatriz “mais por uma questão geográfica, não é nem por que, na cidade, existe uma demanda”. E acrescenta: “A gente está aqui a

600 quilômetros de Teresina, 600 de São Luís, 600 de Palmas, 600 de Belém. A qualquer momento, se alguém ligar a gente chega rápido a um custo bem menor que uma empresa que viria de São Paulo ou de Goiânia”. Heringer justifica a carência de demanda da cidade, “mas também, Imperatriz é muito pequena”. E explica que a empresa diferencia-se das linhas aéreas comerciais, pois, “nós não temos uma regularidade,

é de acordo com o que o cliente solicitar”. Aluguel- “Para locar uma das 15 aeronaves da empresa o cliente vem aqui ou telefona, a gente passa o orçamento. Depois que ele aluga a aeronave pode ir para onde desejar. E aí é cobrado por hora de voo”. Orçando uma viagem os verbos “variar” e “depender” foram empregados diversas vezes por Rogério. Ele informa que em “um voo pano-

râmico de uma hora, sobre a cidade, você vai gastar no máximo R$ 1,2 mil reais”. E rapidamente detalha: “Mas, uma nave pequena, um monomotor. Agora, se você for partir para uma linha de turbo hélice ou jato, aí já é uma outra coisa”. E completa que “tem valores de hora de R$ 1,2 a 10 mil”, acrescentando que o fator determinante, do preço, “varia do tipo de equipamento, da pressa e do tipo do cliente”.


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ANO III. NÚMERO 17 IMPERATRIZ, FEVEREIRO DE 2013

BICICLETAS Sorveteiro Albino Santos usa veículo adaptado para vender os seus produtos nas ruas de Imperatriz e ganha, em média, R$ 900 ao mês e R$ 30 ao dia

Bicicleta criativa ajuda no sustento familiar

SABRINA CHAMORRO

EVA FERNANDES

Às 5h da manhã, o céu ainda está escuro e o sol nem se apronta para raiar, mas Albino Santos, um jovem senhor de 53 anos, já está de pé e começa a preparar-se para mais uma rotina de trabalho. “Sempre gostei de acordar cedo, pra trabalhar”, conta. “Esse homem não dorme não”, afirma a esposa Maria Santos, interrompendo a conversa do marido. Quando o sol finalmente acorda e espreguiça-se, apontando os primeiros raios, Albino já está com sua obra de arte montada, pronto para o rojão de 12 horas seguidas de trabalho. Mas, antes de sair, faz o alinhamento do transporte. Verifica capuz, retrovisor, corneta, pneus e depois coloca os isopores com sorvetes na caixa da frente, que também é um guidom. Albino trabalha das 9h às 21h. Dona Maria prepara o almoço logo cedo e antes das 8h30 ele almoça, para chegar ao Porto da Balsa no horário. Vendedor de sorvete há mais de 13 anos, Albino vive com a esposa, duas filhas e uma neta em Bela Vista, Tocantins. Em Imperatriz há quatro anos ele consegue, com sua bicicleta adaptada, fazer as vendas que garantem o sustento da família. “Esta minha obra de arte é meu ganha pão”. Vende em média R$ 30

de sorvete por dia e cerca de R$ 900 ao mês. Albino é uma figura que chama atenção não só pelo transporte que utiliza, mas também pelo jeito simples e carismático de se expressar. As palavras são poucas, mas os sorrisos distribuídos pela cidade são incontáveis.

Vendas - O sorveteiro, como é conhecido, não passa despercebido, sobretudo em locais que tem crianças. O som do alto-falante anuncia, a criançada corre, e os pais atendem aos desejos dos filhos. Os sabores são diferentes, coco, leite condensado, cupu, flocos, chocolate, todos preparados por seu Albino. “Os pais acabam tirando uma casquinha, afinal quem resiste um sorvete diante de um sol quente desse?”, pergunta, entre sorrisos. “Mas têm aqueles que não compram, só reclamam do barulho. Para esses eu digo logo que não vou ficar ali parado, não. Tô dizendo é que estou só passando”. Pois é, quem nunca ouviu a típica frase das tardes ensolaradas? “Olha o sorvete, vai passando o sorveteiro. Traga a vasilha, traga a vasilha, são quatro bolas por um real”.

Adaptação - Tudo começou após o casamento com a dona Maria. Ela conta que desde o início do matrimônio tentou de tudo para garantir

Há quatro anos Albino Santos garante o sustento de sua família por meio das vendas de produtos com o auxílio da sua bicicleta adaptada

a renda na família. Vendeu picolé em carrinho de pau, mas parou porque cansava demais. Também tentou vender banana, mas teve prejuízo. “Uma vez ele comprou mais de R$ 300 de bananas, mas amadureceram ao mesmo tempo e tivemos que doar tudo”, lembra Maria, gargalhando. E somente após investimentos

Ciclistas precisam de atenção redobrada SABRINA CHAMORRO

Um dos principais motivos de acidentes de trânsito envolvendo condutores de bicicletas é a desinformação destes para com a legislação da área EVA FERNANDES

“Acho engraçado os acidentes estúpidos que acontecem na cidade de Imperatriz”, avalia o professor de línguas e ciclista Eduardo Luís Vieira, 45 anos. De acordo com as estatísticas de monitoramento de acidentes registrada pelo Serviço Móvel de Atendimento (Samu), de janeiro a dezembro de 2012 foram registrados cerca de 200 acidentes envolvendo bicicletas em Imperatriz, com um total de 154 vítimas, sem casos de óbitos. Por diversas vezes Eduardo afirma presenciar situações de desrespeito às leis de trânsito por parte dos motoristas de carros com relação aos pedestres, ciclistas e até mesmo entre os próprios condutores. Ele nasceu em Ponta Delgada, ca-

pital de Açores, um arquipélago de território português que fica no meio do oceano Atlântico, entre Portugal e Estados Unidos. Faz quatro anos que mora em Imperatriz e há mais de um ano utiliza bicicleta como meio de transporte. “No trânsito, os condutores de veículos agem como se o mundo fosse acabar amanhã”. Eduardo ressalta que já presenciou acidentes e acredita que falta mais atenção por parte do poder público em relação à infraestrutura para amenizar as infrações no trânsito. “Falta também mais sinalização, e de modo geral, providências necessárias tanto para ordenar o tráfego quanto estruturar o trânsito”. O professor constata que em Imperatriz o trânsito é intenso e argu-

menta que isso vai da ausência de prioridade aos pedestres, ultrapassagem, abuso nas faixas de segurança ao desrespeito à sinalização. “A situação do trânsito em Imperatriz é precária e se tratando de ciclista ainda é pior, pois não há uma linha própria para andar de bicicleta e não tem uma lei que organize isso”. O músico Marlon Serqueira, 33 anos, motorista, ressalta que um dos principais motivos de acidentes de trânsito envolvendo condutores de bicicletas é a desinformação destes para com as leis de trânsito. “É necessário um curso sobre noções de trânsito tanto para ciclistas quanto para pilotos de motonetas ou qualquer outro transporte utilizado no trânsito. Isso sem dúvida alguma, vai ajudar a prevenir acidentes”.

mal sucedidos foi que Albino começou a ver na bicicleta uma forma de aumentar a renda da família. Teve a ideia de criar uma invenção diferente para facilitar a locomoção para vendas. “Foi aí que eu comprei uma bicicleta cargueira e inventei a minha obra de arte. Na época ela me custou R$ 700. Foi um investimen-

to que deu certo na hora certa, pois logo eu comecei a fazer sorvetes e vender nas ruas”. Sonha em poder ampliar o negócio, montando uma sorveteria pequena, porque reconhece que, mesmo gostando muito do que faz, não poderá trabalhar por muito tempo desta maneira, por conta da idade.

Joel Silva, regueiro sobre três rodas O “regueiro nato”, como prefere ser chamado, conta sua roFã de samba e apaixonado por tina em meio ao intenso trânreggae, Joel Silva, 33 anos, mais sito desordenado da cidade. popularmente conhecido como DJ Joel, que desde os 14 anos tem Joel ou Odair, é um entre os milha- deficiência nas pernas, descobriu res de condutores de triciclos em em seu triciclo o apoio que preciImperatriz. De acordo com a Secre- sava para locomover-se. “Entaria de Trânsito (Setran), Impera- contrei as pernas que perdi na adotriz tem cerca de 11 mil motonetas lescência”. e ciclomotores. Mas reE segundo clama das dados do Ser“Acidentes, ultrapassagens, dificuldaviço de Atendides que enmento Móvel falta de informação é o que a frenta no (Samu) foram retrânsito de gente vê todos os dias” gistrados 1420 Imperaacidentes, 1613 triz. “Acivítimas e sete dentes, óbitos de janeiultrapasro a dezembro de 2012. sagens, falta de informação é o que Número inferior ao ano de a gente vê todos os dias. Acredito 2011, quando ocorreu um total que somente a ampliação de camde 176 acidentes, com 178 vítimas, panhas educativas pode ajudar a também sem registro de óbitos. deixar o trânsito menos perigoso”. EVA FERNANDES

SABRINA CHAMORRO

Joel Silva, mais popularmente conhecido como “Dj Odair”, é um regueiro sobre três rodas


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ENTREVISTA Secretário de Trânsito, Cabo J. Ribamar

“A base do nosso projeto é a educação” ISRAEL SHAMIR

José Ribamar Alves Soares, 42 anos, conhecido por cabo J Ribamar faz um balanço exclusivo, em entrevista ao Jornal

Arrocha, sobre os quatro primeiros anos de sua gestão como secretário de Trânsito de Imperatriz. Formado em história e bacharel em direito, assumiu a secretaria no dia 1º de janeiro de 2009.

Desde que foi nomeado, procurou dar uma nova “cara” para o trânsito, sugerindo a abolição do órgão que antes era apenas uma superintendência e criando uma Secretaria de Trânsito, a Setran.

Cabo J Ribamar já foi vereador durante um mandato e expressa ter paixão pela vida e o serviço público. Com a educação como alicerce principal de sua gestão, ele expõe sua visão

sobre vários aspectos que compõe o universo em que atua. O secretário acredita, principalmente, que o trânsito não vai melhorar enquanto não houver educação de cada motorista.

ISRAEL SHAMIR

Como era o cenário do trânsito de Imperatriz antes da sua gestão? Quando assumimos o cargo, no dia 1º de janeiro de 2009, tínhamos aqui uma superintendência, sendo que nesse órgão não havia estrutura necessária para administrar o trânsito da cidade. Então fizemos um levantamento e apresentamos para o prefeito Sebastião Madeira mostrando a importância que tinha esse órgão e também o tamanho da necessidade que havia de se implantar uma secretaria voltada para cuidar do trânsito da cidade. Foi aí que ele me pediu para fazer aquilo que era mais urgente em Imperatriz. Solicitamos então que a prefeitura nos concedesse um caminhão Munque para aparelhar o sistema de implantação e manutenção dos semáforos, que por sinal, ainda não tinha. Esse serviço ainda era feito por uma empresa terceirizada. Outra condição que apresentamos foi a de criar uma Coordenação de Educação para o Trânsito, que logo foi autorizada. Além dessas, mostramos também que nós não tínhamos uma confecção de alvarás que fossem seguros. Até então os alvarás eram produzidos em papéis comuns, facilitando a sua falsificação, conforme já tínhamos até recebido denúncias dessa natureza. Além dessas, outra reivindicação que foi feita na época foi concernente ao aumento do quadro efetivo aqui da secretaria, que era bem pequeno. Foram então, chamadas algumas pessoas que haviam feito concurso para trabalhar no serviço interno do órgão. No aspecto externo, fizemos um levantamento da quantidade de veículos, que na época variava em um torno de 55 mil e de como a cidade se adequaria para o crescimento previsto. Com isso, identificamos que era pouca a sinalização existente e essa ainda era precária, sendo que tinha semáforos que ficavam três meses parados com defeito sem ser arrumados. Antes da sua gestão havia uma superintendência. Hoje esse órgão é uma secretaria. Qual é a diferença entre eles? Superintendência é um órgão que, se pensarmos por uma perspectiva hierárquica, estaria subordinada a uma secretaria, ou seja, seria um departamento de uma secretaria. No caso de Imperatriz, essa superintendência estava subordinada à secretaria de obras. No momento em que eu desvinculo essa superintendência e ela passa a ser uma secretaria, cria-se uma identidade própria e ela passa a ter mais autonomia, um orçamento próprio e tem mais liberdade. O secretário também passa a ter acesso direto ao prefeito, sem precisar estar subordinado a outras hierarquias. Isso contribui para que as ações sejam muito mais rápidas. Além disso, a estrutura de superintendência é bem menor. Já a estrutura voltada para a secretaria é muito mais ampla e se faz mais importante no processo administrativo.

consideramos velha. Apesar de já haver alguns ônibus novos ainda não está nem perto daquilo que planejamos e acreditamos que o povo merece. Com relação aos táxis e moto-táxis nós temos um cuidado diferenciado. A prova disso é que 90% da frota dos táxis em Imperatriz têm menos de dois anos de uso e a dos mototaxis menos de três anos: é uma frota nova. O que se espera para os próximos anos? Já não está na hora de uma terceira empresa de ônibus ganhar uma concessão para atender a demanda e ao mesmo tempo aquecer a concorrência visando uma melhoria no serviço? Realmente a concorrência prioriza e melhora o serviço. Quando recebemos a secretaria já havia sido feita uma concorrência pública, em 2008, quando foram abertas as licitações para todas as linhas em Imperatriz. A VBL e a Aparecida foram as duas empresas que venceram o processo licitatório, então foi feito um contrato que ainda está em vigor, está sendo aplicado. No entanto, as empresas precisam oferecer as condições acordadas. Ou seja, diante dessas situações, se as empresas não se adequarem a essa necessidade que hoje Imperatriz exige, aí sim, podemos entrar juridicamente com uma solicitação de quebra de contrato. E nesse aspecto, de cancelamento, podemos convocar um novo processo licitatório e abrir para novas empresas. Secretário de Trânsito, Cabo J. Ribamar em seu gabinete. Ele mostra os planos que gostaria de adequar para que possa melhorar o trânsito

Hoje, qual é o maior desafio em termos do trânsito em Imperatriz? Não é estrutural. Não é colocar uma placa na rua, não é colocar um agente de trânsito para fiscalizar. O nosso maior desafio é fazer com que as pessoas entendam qual é o seu papel no trânsito. O trânsito é um espaço de exercício de cidadania, de respeito e de amor para com as pessoas. E aqui quero chamar atenção para um detalhe: todos querem um trânsito organizado, mas não querem se comportar como tal. Às vezes queremos que os agentes estejam

“Não é colocar uma placa na rua, um agente de trânsito . O nosso maior desafio é fazer com que as pessoas entendam qual é o seu papel no trânsito” nas ruas para multar os outros, mas quando a gente erra, não queremos ser multados. Às vezes achamos que o trânsito está desorganizado, mas não contribuímos para que fique organizado. Nosso maior desafio é fazer com que as pessoas compreendam o novo trânsito que nós vivemos, que au-

mentou de 55 mil veículos para mais de 115 mil em três anos e meio. Quais têm sido as estratégias e os métodos adotados pela gestão para melhoria do trânsito? Nós temos adotado três grandes frentes. A primeira delas é a da engenharia, que trabalha na parte da sinalização, seja ela vertical ou horizontal. Temos buscado sinalizar a cidade, embora ainda não tenhamos completado nosso ciclo. A outra grande frente é na área de fiscalização, que também é um trabalho muito amplo. A prefeitura disponibilizou duas novas viaturas e nós trabalhamos com elas com uma dinâmica diferente, o que levou a uma melhora significativa. Nós ainda aparelhamos essas viaturas com sistemas de rádio para melhoria da comunicação, por meio do qual, hoje, os agentes podem manter contato conosco e com a Polícia Militar e o Samu. O terceiro eixo é a área de educação para o trânsito. Essa nós julgamos ser a mais importante. Entendemos que não adianta e nem resolve os problemas somente uma engenharia bem feita ou apenas fiscalização nas ruas. Como Imperatriz tem se adequado a este novo cenário? Imperatriz tem crescido inclusive, além que a média nacional. Nos últimos três anos Imperatriz superou a média nacional, e isso foi assunto de matérias positivas num dos jornais mais lidos no Brasil, que é a Folha de

São Paulo e também na revista Veja. Imperatriz era reconhecida no cenário nacional como uma cidade violenta... Hoje já está sendo conhecida nacionalmente como uma cidade de oportunidades, que tem crescido e evoluído. Com relação ao aumento da frota, o Brasil todo sofre a consequências. O país passa por dificuldades gigantescas com relação à sua estrutura. Como a Setran se posiciona em

“O trânsito é um espaço de exercicío de cidadania, de respeito e de amor às pessoas”

relação às reclamações da população no tocante à qualidade do transporte público em Imperatriz? Existe um padrão de qualidade a ser seguido? O transporte coletivo em Imperatriz ainda é um dos nossos desafios. Melhoramos em muitos aspectos na gestão anterior, mas não foi o suficiente para fazer tudo. Nesta nova gestão, o transporte público será nossa prioridade. Isso implica em dar um melhor conforto nas paradas de ônibus para os usuários do transporte e melhorar a frota, pois a de Imperatriz de fato, não é boa. É uma frota que

Como a população pode contribuir para que o trânsito em Imperatriz seja o mais pacífico possível? Ah... De várias maneiras! Eu recebo muitas sugestões da população pelo e-mail, por meio de mensagens pelo Facebook e particularmente é boa essa participação das pessoas. Quero abrir um parêntesis aqui e ressaltar que sou muito grato à paciência das pessoas e à compreensão que elas têm em saber que não dá para fazer tudo de uma vez! Mas aquilo que o povo pode estar realmente contribuindo é com relação ao comportamento e aos hábitos no trânsito. Isso sim é o que eu gostaria destacar e pedir à população. Só assim poderemos reduzir significativamente o número de acidentes no trânsito. Para finalizar, se você pudesse definir a sua gestão numa palavra-chave qual seria? (Risos) Trabalho seria a palavra-chave. Poderia colocar tantas outras, né?! Poderia colocar vocação eleitoral, vocação administrativa, amor às pessoas, mas escolho a palavra trabalho porque dediquei nesses quatro anos e alguns meses a minha vida para esse cargo. Renunciei aos estudos e à família em alguns momentos e o lazer. Parte da minha vida foi renunciada para me dedicar à causa pública, principalmente porque eu sei que isso é provisório. Sendo passageiro, quero dar o melhor de mim para fazer o máximo que posso, pois sei que vale a pena.


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FERROVIA Desde sua criação, em 1985, os trilhos da estrada de ferro Carajás, conhecida por transportar minério de ferro, também levam, em média, 1,3 mil pessoas por dia

Trilhos de Carajás levam pessoas e cargas RAYLSON LIMA

Somente um ano depois da fundação da estrada de Ferro Carajás seu trem de passageiros entrou em atividade. O veículo liga, pelos seus 892 quilômetros, as minas de ferro de Carajás, no Pará, ao Terminal da Ponta da Madeira, que fica no Maranhão RAYLSON LIMA

Criada em 1985, a estrada de Ferro Carajás liga pelos seus 892 quilômetros as minas de ferro de Carajás, no Pará, ao Terminal da Ponta da Madeira, no Maranhão. Pelos seus trilhos são transportados principalmente minério de ferro, ferro-gusa, manganês, cobre, combustíveis, carvão e pessoas. O trem de passageiros passou a funcionar um ano depois da inauguração da ferrovia e é responsável por transportar 1.100 pessoas por dia em um percurso que passa por 23 municípios. O trem parte da Estação Ferroviária de São Luís (MA), com destino a Parauapebas (PA), às 8 horas, nas segundas, quintas e sábados, com percurso de 15h50. Às 6 horas das terças, sextas e domingos, realiza o trajeto inverso. Na quarta-feira, não há viagem, porquanto é feita a ma-

nutenção dos carros e locomotivas. Essa máquina de levar e trazer gente é dividida em classes executiva e econômica. A diferença de passagem entre as categorias chega a mais de 50%. Para o ator Domingos Almeida, que já andou nas duas classes, “a vantagem de você viajar na econômica é a movimentação que tem. Você presencia fatos que são anormais e acaba se divertindo”. Almeida complementa: “A mãe brigar com criança, derramar comida em cima de alguém, é muito comum”. Para ele, a classe executiva tem o “incômodo do frio, o ambiente fica muito seco”. E conclui: “A executiva é só pra quem vive realmente enfurnado nos escritórios”. A pedagoga Herli Carvalho, que já ocupou tantas vezes uma das 88 poltronas de um vagão, que nem sabe ao certo quantas, “sempre na executiva”, conta que da classe econômica

“sempre ouvi reclamar de barulho e calor”. E escolheu andar de executiva, pois “é a metade da passagem de ônibus”. A preferência também é feita pelo “conforto, o ar-condiciona-

“Levam peru, gato, cachorro, porco, levam tudo. E ainda é quente lascando” do, as poltronas são bem largas, os programas educativos, filmes, música”. E assegura: “Você tem a informação, diversão e tem uma viagem confortável”. A preferência de andar apenas na executiva também foi feita pelo acadêmico de comunicação social, Mário Lima, que opta por ser “mais cômodo, tem ar condicionado e serviço

de bordo”. Lima, que já percorreu mais de 10 vezes os 513 quilômetros de ferrovia que ligam Açailândia a São Luís, reclama que “na classe econômica não se compra cadeira marcada, não há garantia que terei um lugar pra sentar”. Já a professora Maria Luísa Sousa, que viajou de trem duas vezes, quando ainda existia a subestação em Imperatriz critica que na classe econômica “levam peru, gato, cachorro, porco, levam tudo. E ainda é quente lascando”.

Alimentação - O trem de passageiros também possui um vagão lanchonete, e é possível comprar alimentação pelas janelas da classe econômica ou pelo cais – área entre um vagão e outro – quando o trem para em alguma das 10 subestações ou cinco estações. “Não pude comer lá mesmo, preferi me alimentar com o pessoal que vendia alguma coisa, porque lá no trem é muito caro”,

lamenta a técnica em eletrotécnica, Idayane Ferreira. Mário Lima, que só comprou alimentação uma vez pela janela opina que “falta um pouco de higiene”. Mas reconhece a importância deste comércio: “Acho que a venda de água, lanches e alimentos é uma alternativa que as famílias muito pobres têm para sobreviver, pois a ferrovia causa um impacto muito grande nessas cidades, que na maioria são pobres”. Sobre a compra alternativa de comida, Domingos Almeida diz que “é uma opção pela questão do valor da venda dos alimentos dentro do trem, que é muito caro. A qualidade é boa, mas a quantidade não compensa pelo preço que você paga”. Acrescenta também que a compra de alimentação informal deve ser encarado como “um meio para aquele povo pobre ter lucro. É uma alternativa de vida que eles têm”.

Em Imperatriz, para viajar de trem é necessário ir para Açailândia RAYLSON LIMA

Aos imperatrizenses que pretendem viajar de trem a compra de passagens é feita na Rodoviária Governador Jackson Lago. É necessário também, adquirir a passagem do ônibus que leva, da rodoviária, até a estação de Açailândia. Nas terças, sextas e domingos, às 10 horas para os que vão com destino a Nova Vida, Presa de Porco, Altamira, Auzilândia, Mineirinho, Alto Alegre, Santa Inês, Vitória do

Mearim, Arari e São Luís. Saída, às 15 horas, nas segundas, quintas e sábados para os que vão a São Pedro da Água Branca, Marabá, Itainópolis e Parauapebas. Em Imperatriz, a subestação do “maior trem do mundo”, como chegou a ser conhecido, passou a funcionar em 1993. A acadêmica de pedagogia, Cleudinir Sobral, caçula de 10 irmãos, tinha apenas sete anos quando morava vizinha à antiga subestação, mas ainda recorda. “Nós andávamos o dia ‘todim’ de trem” e

complementa: “Ninguém ficava com esse negócio de ficar pegando ‘bicuda’. Até porque, os maquinistas mesmo chamavam a gente”. Cleudinir também relembra: “O trem só beneficia a gente. Porque o movimento de lá era o trem”. Sobre a subestação da cidade a pedagoga Herli Carvalho conta: “Só não fui à viagem de inauguração, mas logo no início andava muito”. Hoje a subestação encontra-se desativada, mas a reativação é aguardada. O assunto já foi debatido em audiência pública, na Câmara de

Vereadores de Imperatriz, onde esteve presente o gerente de Relações Institucionais da Ferrovia Norte-Sul, José Osvaldo Cruz. Ele discorreu sobre a viabilidade de retorno do trem de passageiros da empresa Vale, nos 197 quilômetros de extensão que ligam Açailândia a Estreito. “O retorno vai beneficiar uma maior população, porque a maioria das pessoas que parte do Pequiá se desloca de Imperatriz para lá. Tanto é que a empresa que faz transporte para Açailândia tem que colocar ôni-

bus extra em algumas épocas, porque o volume de passageiros é muito grande”, aponta Mário Lima, com a experiência de quem já viajou diversas vezes. A reativação da subestação de Imperatriz também é aguardada ansiosamente pela professora Herli. “É o que eu mais quero, facilita a vida de muitas pessoas e esse acesso daqui é mais barato”. E exemplifica: “Você vai pra rodoviária, mais a passagem para Açailândia. Termina ficando caro. Agora sendo aqui vou direto pra lá, facilita demais”.


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Arrocha

ANO III. NÚMERO 17 IMPERATRIZ, FEVEREIRO DE 2013

ESTRUTURA A distância do terminal rodoviário de Imperatriz causa desconforto entre os passageiros e comerciantes do local, que reclamam da falta de infraestrutura

Terminal rodoviário é alvo de reclamações ANDREZA VITAL

O Terminal Rodoviário Governador Jackson Lago, inaugurado em junho de 2011, abriga 15 empresas de ônibus e uma responsável pela venda de passagens de trem. Sua estrutura física oferece restaurante, lanchonete, algumas lojas com opções para presentes, banheiros, e até latas de lixo para coleta seletiva de materiais recicláveis. No entanto, a nova rodoviária sofre reclamações desde sua inauguração, tanto de passageiros, quanto de funcionários e comerciantes do local, devido a sua localização ser considerada distante do centro e dos maiores bairros de Imperatriz. Edna Seabra, comerciante do local, afirma que a construção da nova rodoviária não foi vantajosa, pois devido a má localização, as pessoas preferem ir de van para as cidades próximas, diminuindo consideravelmente o fluxo de passageiros. “A rodoviária está com

vendas fracas. Por causa da falta de movimento, muito comerciante não tem como pagar o aluguel”. Ela conta que trabalhou como comerciante por 38 anos no antigo terminal rodoviário de Imperatriz, e que lá as vendas eram melhores. “Hoje o lucro é pouquíssimo, em torno de mil reais”. Céres Silva, funcionária do local, afirma que “a antiga rodoviária virou ponto de vans que fazem linhas para cidades próximas” e que devido a facilidade do acesso ao local, as pessoas tem preferido utilizar esse transporte. Ela diz que, atualmente, a maior parte do lucro das empresas de ônibus é obtida com a venda de passagens para outros estados. Segundo Nilson Machado, também funcionário do novo terminal rodoviário, alguns comerciantes, como a Honda Consórcio e a farmácia fecharam as portas devido ao baixo movimento no local e o alto preço do aluguel, que “fica en-

WALISON REIS

tre R$ 100 e R$ 800, variando de acordo com o ponto”. Já Nilsifran Rosa, funcionária da única empresa responsável pela venda de passagens de trem em Imperatriz, afirma que o baixo movimento no terminal tem representado prejuízo para as lojas e outras empresas, mas não para eles, por não haver concorrência entre a empresa e as vans na nova rodoviária.

Passageiros - Petrônio Sobral é residente em Pernambuco e trabalha como professor no Tocantins. Sempre que viaja a trabalho, conta que passa pelo local. Segundo ele, “a nova rodoviária possui segurança e higiene melhor que no prédio anterior. Mas a localização é muito ruim”, pois quem vem do Tocantins de van é deixado na antiga rodoviária. E por isso é preciso gastar dinheiro com moto-táxi, pois os taxistas cobram muito caro para transportá-lo para nova rodoviária devido à distância.

NÚBIA CARVALHO

Terminal Rodoviário, chamado Governador Jackson Lago, foi inaugurado em junho de 2011

Vans são a preferência de usuária devido à agilidade Ao findar um dia de trabalho, inicia uma noite de estudo. Para chegar Tamara Silva, 20 anos, é estudante na aula a tempo, Tamara utiliza uma do 4º período de Ciências Contábeis van fretada pela empresa onde trabana Universidade Federal do Maranhão lha, a qual faz o transporte de algu(UFMA). Bastante esforçada, foi apro- mas pessoas até Imperatriz. vada no vestibular logo na primeira Ela conta que antes de a empresa tentativa. No entanto, para frequen- oferecer o serviço de van, era usuária tar seu curso ela enfrenta diariamen- de ônibus e gastava, por mês, R$ 140. te uma verdadeira maratona. Por não Hoje a despesa com a van chega a R$ possuir veículo próprio e residir no 180. município de Açailândia, distante 70 Entretanto, apesar do preço ser quilômetros de Imperatriz, a jovem mais alto, diz preferir ir de van por ser afirma sempre ter utilizado transpor- mais rápida e confortável. “Quando te público para sua usava ônibus locomoção. chegava em A rotina de Tacasa 1 hora da “Quando usava ônibus mara se inicia com manhã. o nascer do sol. Às 7 chegava em casa 1 hora da Hoje, com horas pega o ônibus a van, chego às manhã. Hoje, com a van, 23h30”. Ao ser que a conduzirá até chego às 23h30” o povoado Pequiá, questionada onde se localiza a sobre o porViena Siderúrgica, quê de tanto empresa na qual trabalha como au- esforço para estudar, a jovem abre um xiliar de contabilidade. Devido a dis- sorriso e diz: “Porque me formar em tância entre Açailândia e o Pequiá, ela Ciências Contábeis sempre foi meu nem mesmo vai em casa almoçar. sonho”. ANDREZA VITAL

Vans são mais agéis, porém a passagem é mais cara. Uma usuária afirma gastar cerca de R$ 180 por mês no trajeto de Imperatriz a outras cidades

Existe um carro para cada oito habitantes ANDREZA VITAL

O relógio ainda nem apontou meio-dia e o trânsito na avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, uma das mais movimentadas do centro de Imperatriz, já se torna bastante conturbado. Por causa da pressa e da falta de paciência, não é incomum se deparar com acidentes nesse horário. Esse é o cenário do trânsito da cidade que possui a segunda maior frota de carros do Maranhão. Segundo dados do Departamento de Trânsito (Detran), o município possui cerca de 30 mil automó-

veis circulando pelas ruas, o que equivale a um carro para cada oito habitantes. A cidade está atrás, apenas, da capital São Luís, que possui cerca de 170 mil carros. De acordo com a Secretaria de Trânsito (Setran), desde janeiro de 2009 a frota de carros de Imperatriz, somada a dos outros tipos de veículos, saltou de 55 mil para 115 mil. Conforme o secretário de Trânsito José Ribamar Alves Soares, desde o início de sua gestão em janeiro de 2009, várias medidas foram tomadas para organizar o trânsito, como a implantação e manutenção de semáforos, e a instauração

de uma coordenação de educação para o trânsito. Há ainda a previsão, que no primeiro semestre de 2013, haja a convocação de 30 agentes de trânsito aprovados no último concurso municipal. No entanto, de acordo com o secretário, um dos maiores problemas durante sua gestão tem sido conscientizar os condutores para a nova realidade vivida no trânsito de Imperatriz. “Nosso maior desafio é fazer com que as pessoas compreendam o fenômeno que foi essa mudança na quantidade de veículos e, com isso, mudar sua atitude no trânsito”.

ANDREZA VITAL

Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, centro de Imperatriz: em horário de pico a rua fica lotada


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ANO III. NÚMERO 17 IMPERATRIZ, FEVEREIRO DE 2013

VANS Transportes alternativos, como as vans, são as principais opções para muitos passageiros que buscam maneiras mais baratas de se locomover

Passageiros buscam formas alternativas NÚBIA CARVALHO BRENO FRANCO

Estima-se que pelo menos 50 mil pessoas utilizem o transporte alternativo todos os dias em Imperatriz e região. Na periferia da cidade e como forma de condução até localidades vizinhas, as vans ou microonibus que prestam esse serviço estão diariamente levando e trazendo passageiros que buscam mais rapidez até o destino e menos espera nos pontos de embarque. O transporte alternativo é cada vez mais popular, segundo o diretor da Cooperativa de Transporte Alternativo do Sul do Maranhão, a Cooptasul, Sebastião Albuquerque. Em todo o estado, já são 1.466 veículos, entre vans e microonibus registrados no Departamento de Trânsito do Maranhão (Detran-MA), utilizados no transporte alternativo. A grande dificuldade, informa Sebastião, é obter a regularização definitiva por parte do governo do Estado, para que o serviço funcione de forma ampla e com pontos fixos espalhados pela cidade. Essa medida garantiria mais comodidade e mais investimentos privados nesse segmento. Hoje, o governo permite parcialmente a atividade, por meio de coo-

Grande dificuldade para os que trabalham com vans como veículo de transporte é obter a regularização definitiva por parte do governo do Estado

perativas. “Aqui a gente tem dificuldade de tá sempre competindo com os ônibus de linha. Os vanzeiros do Tocantins circulam aqui sem problema porque são regularizados lá e os daqui não podem circular lá porque aqui não é regularizado”, conta Sebastião, que é responsável pela cir-

culação de mais de cem vans em um dos três pontos da cooperativa na cidade.

Cotidiano- O ponto chamado de Pé de Macaúba, na marginal direita da rodovia Belém-Brasília é onde funciona o ponto principal da Coop-

tasul, uma das três maiores cooperativas da cidade. Todos os dias, em intervalos de 20 minutos, sai um veículo de passageiro com itinerário que pode chegar até a cidade de Balsas, seguindo pela rodovia, dependendo da demanda. A compra de passagens pode ser feita no local de

saída do veículo, ou seja, no ponto da cooperativa, ou no caso dos passageiros que são pegos no trajeto, com o motorista ou ajudante, que recolhe os bilhetes e ajuda no carregamento de bagagens. Francisco Pereira de Lacerda, um dos fundadores da Cooptasul, tem 14 anos de experiência nesse segmento. “Rodo uma vez por dia, se for preciso eu rodo todo dia. Quando o mês tá bom, eu tiro uns cinco mil”, explica o motorista se referindo à carga horária de trabalho e seus ganhos mensais com a atividade. Apesar dos prestadores desse serviço se organizarem em cooperativas, muitos deles preferem a clandestinidade. Estima-se que para cada um cooperado, exista outro que transporta passageiros de maneira clandestina, ou seja, por conta própria, o que impede, na opinião dos motoristas, uma imagem cem por cento positiva para o transporte alternativo. Acidentes envolvendo vans clandestinas, não são raros nas rodovias do Maranhão. Antônio Eudes do Nascimento mora em Palmas, e vem a Imperatriz com frequência. “Prefiro andar de van, é mais rápido e a bagagem eles levam direitinho. O ônibus não para quando a gente quer e não deixa na porta de casa como os vanzeiros”.

Além de ajudar na locomoção dos alunos, Autoescolas contribuem transporte escolar facilita a vida dos pais com trânsito mais seguro BRENO FRANCO

BRENO FRANCO

Na opinião de quem o utiliza, transporte público ou privado é o mais seguro e necessário aos pais que não tem tempo de transportar filhos à escola BRENO FRANCO

Seja de serviço público ou privado, o transporte escolar faz parte da rotina de muitos estudantes. Na região tocantina, são as vans e microonibus os veículos mais populares dessa atividade. Além de figurar como transporte característico nas zonas urbanas, as áreas rurais também são beneficiadas, na maioria das vezes pelo serviço público. As prefeituras recebem recursos do governo federal para atender comunidades mais distantes das escolas. No caso dos estudantes de ensino superior, não é difícil encontrar alguém que more em uma cidade e estude em outra. Antônio Ferreira de Souza tra-

balha há 20 anos como motorista e há três dirige um microonibus da escola particular Santa Luzia, no bairro Santa Rita, que presta o serviço por um valor que varia entre R$ 140 a R$ 180, dependendo do local onde o aluno mora. “Eu rodo pegando aluno de manhã e de tarde. Dependendo do acerto com a escola eu deixo e busco todo dia”, diz o motorista, enquanto espera os alunos do turno matutino, cujos pais pagam pelo serviço, assistirem a última aula do dia. Esse tipo de transporte é mais seguro e necessário aos pais que não têm tempo de buscar e deixar os filhos na escola. Pelo menos essa é a opinião de quem disponibiliza o serviço. Para funcionar legalmente,

o veículo tem que ser reconhecido na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes como sendo de passageiros. O motorista deve ser devidamente habilitado e obedecer a uma série de ítens de segurança. No segundo semestre de 2012 não houve registros de acidentes envolvendo transporte escolar em Imperatriz. Por outro lado, a qualidade do transporte público nem sempre é a mesma do particular. A maioria dos veículos destinados pela prefeitura para os estudantes do serviço público, por exemplo, não conta com ar condicionado e nem sempre esses estudantes são atendidos com a comodidade de serem buscados e deixados na porta de casa.

Para um trânsito seguro, com respeito às normas, a formação de condutores é importante no sentido de garantir a ordem e a harmonia no fluxo de veículos onde quer que seja permitida a circulação. Em Imperatriz, o Detran do Maranhão tem uma lista de 19 autoescolas disponíveis aos alunos. As aulas práticas representam por lei, 20 horas, que devem ser o tempo que o condutor precisa antes do teste realizado pelo menos dez vezes por ano na cidade. Em sala de aula, são 45 horas de estudos para o teste teórico. Se aprovado nos exames na categoria para o qual o candidato se inscreveu, o aluno está apto para conduzir veículos da determinada categoria em qualquer via terrestre. Três locais de treino são utilizados por alunos de motocicleta em Imperatriz. No mais movimentado deles, na praça Mané Garrincha, são centenas de alunos todos os dias, pela manhã, tarde e noite, realizando um trajeto especialmente elaborado para o teste prático. O exame mede a habilidade do condutor. “Aqui é lotado direto, dia e noite. Por turma eu sempre tenho mais de 20 alunos. Tem muito aluno das outras cidades daqui de perto”, afirma o instrutor de moto, Cláudio Ferreira de Souza.

Estrutura- A grande demanda de alunos que precisam utilizar

espaços permitidos pelo Detran para os treinamentos, provoca alguns problemas estruturais, principalmente na pista para motos da praça. “Tivemos que pedir com jeitinho para os trabalhadores da Secretaria de Infraestrutura que estavam levando asfalto pra colocar um pouco aqui, e assim a gente vai levando”, diz um instrutor que prefere não se identificar. Próximo ao Centro Esportivo Barjonas Lobão, no bairro Nova Imperatriz, candidatos treinam o balizamento de veículos. Muitos afirmam que é a parte mais tensa do teste prático. “A atenção tem que ser redobrada”, conta Paulo Ricardo, um balconista de farmácia de 20 anos, que pretende tirar a carteira para poder trabalhar em vendas externas por cidades da região. O trânsito de automóveis de diferentes autoescolas ocorre quase todos os dias, preferencialmente pela manhã, no antigo centro da cidade. Sempre com um instrutor ao lado, os alunos buscam o conhecimento prático para obter a tão sonhada Carteira Nacional de Habilitação. É comum encontrar alunos que necessitam de mais algumas horas de treino, além das 20 estabelecidas, ou que precisam voltar à sala de aula para estudar mais para a prova teórica, porque não foram aprovados nos primeiros testes. Mas o rigor das provas é um bom sinal que deve se refletir no comportamento do futuro condutor ao guiar um veículo.


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