[PUC GOIÁS]
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[GOIÂNIA, 21 DE MAIO DE 2016]
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debate
Para onde vai o jornalismo? Na noite de sexta-feira, duas palestras no Intercom Centro-Oeste apresentaram visões distintassobreofuturodojornalismodiante dasnovastecnologias.AprofessoraSimone Tuzzo, da Universidade Federal de Goiás, e a pesquisadora Luciana Morherdaui apontaram caminhos diversos para o campo da informação, gerando debates a respeito de comoacomunicaçãoestáseadaptandoaos novos tempos em que platafornastradicionais e redes sociais disputam a preferência dos consumidores de notícias. Mídias sociais e o novo jornalismo Texto: Lays Feliciano e Rayka Martins
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om foco na atualidade e nas mídias sociais, a pesquisadora Luciana Moherdaui ministrou a palestra Jornalismo Sem Manchete. A conferência marcou o lançamento do e-book de mesmo nome.“Espero que esse trabalho seja de contribuição para o jornalismo. Tudo começou na minha tese de doutorado”, disse Luciana. A palestra começou com uma reflexão sobre a música Eduardo e Mônica, da banda Legião Urbana, que conta a história de Eduardo que depois de conhecer Mônica teria se adaptado ao “mundo” dela. Para Luciana, o mesmo tem acontecido com o Jornalismo. Em sua avaliação, ele não é mais como antigamente, está se reconfigurando, principalmente em sua estética.
Música e talento nos intervalos de atividades do Intercom. Participantes do congresso soltaram a voz no hall de entrada da PUC Goiás.
Pesquisadora Luciana Moherdaui: jornalismo em novas plataformas Segundo dados expostos por Luciana, grande parcela da população que busca por informação nos dias atuais migrou do jornal impresso para os portais na web e, posteriormente, para as mídias sociais. Este é o caso da estudante do 5º período de Jornalismo da UFG Bruna Policena, que acompanha as notícias principalmente por mídias sociais. “Eu não compro e não tenho contato com o jornal impresso, gosto de ler o impresso em formato digitalizado, como o El País e Estadão. Mas a principal forma de me informar é por mídias sociais”, conta. Uma das principais mídias sociais é o Twitter, que conta com 320 milhões de usuários. Ele tem sido usado muitas vezes como ferramenta de coberturas importantes na es-
fera mundial, como a Primavera Árabe, série de revoltas populares que abalaram regimes de países como Egito, Líbia, Tunísia e Síria. Este caso foi citado por Luciana, que mostrou um gráfico de como se dá a disseminação instantânea de uma informação por meio dos compartilhamentos nas redes sociais. Os usuários e leitores tem a oportunidade de comentar, opinar e compartilhar suas opiniões. Para a pesquisadora, isso explica o fato de tanta gente ter migrado para as plataformas mobiles, como smartphones, onde as mídias sociais são ainda mais dinâmicas. “Não tem manchete no Twitter, não há essa diagramação. É uma nova forma de exibir conteúdo”, explicou a conferencista.
Intercom é um sucesso. Daniela Ota (foto), diretora Regional Centro-Oeste do Intercom, comemora resultados.
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Impressões [21| maio de 2016]
continuação da capa
“O jornal impresso não morreu” Texto: Ana Carolina Tavares, Gabriel Lima e Mikaelle Oliveira
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palestra Os Sentidos do Jornal Impresso, ministrada pela professora Simone Tuzzo, da UFG, abordou a utilização do jornal impresso em tempos de mídias digitais. A relação sensorial e física dos leitores com o jornal impresso no Brasil e em Portugal foi pesquisada pela palestrante.“Além de ler, o leitor necessita do contato com o papel, de sentir o cheiro da tinta, de ouvir o folhear das páginas, saboreando um café”, afirma Simone. Segundo a palestrante, o jornal impresso serve de base para as outras mídias. “O tempo todo o impresso fala em todos os segmentos, pelo critério de credibilidade”, mencionando a confiançaqueestemeioteriajuntoaosleitores, o que nem sempre encontrariam no jornalismo da internet. O jornal, em sua opinião, teria
expediente Direção Regional Centro-Oeste Daniela Cristiane Ota Coordenação da Organização Intercom Centro -Oeste 2016 Adriana Rodrigues Ferreira
uma relação mútua com o rádio e a TV, pois “o jornal impresso precisa da popularidade da TV e do rádio e a TV e o rádio precisam da credibilidade do impresso.” O estudante Vinícius Valle, que cursa Publicidade e Propaganda na UniAnhanguera, foi à palestra com a intenção de “descobrir a importância e a longevidade do jornal impresso”. Já a aluna do curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) Gabriela Baleeiro acredita que o conteúdo da palestra tem a ver com a opinião pública e atendeu suas expectativas. Professora Simone Tuzzo (UFG): defesa da plataforma jornalística tradicional
Pesquisa do Centro-Oeste Texto: Camila Costa e Sara Prado
Diretora da Escola de Comunicação da PUC Goiás Sabrina Moreira de Morais Oliveira Coordenadora de Publicidade e Propaganda Adriana Rodrigues Ferreira Coordenador de Jornalismo Antônio Carlos Borges Cunha Orientação em redação, proj. gráf. e ed. Gabiella Luccianne, Rogério Borges e Salvio Juliano Logotipo Intercom Hildeu Andrada Monitoria geral Alexandre Ferrari Redação e diagramação Alunos do Curso de Jornalismo
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Painel sobre Pesquisa em Comunicação no Centro-Oeste teve como maior objetivo mostrar como está o cenário da área na região e apontar as dificuldades que alunos e professores enfrentam no campo. As dificuldades abordadas pelos palestrantes foram sobre a falta de interesse dos alunos de sair da graduação e ingressar em um mestrado, seja por questões financeiras, seja pelo deslocamento para outras regiões ou pela dificuldade de permanência na área acadêmica. Os alunos, em sua maioria, visam ingressar no mercado de trabalho e não ir para a docência.
A Profª. Drª. Ana Carolina Rocha Temer, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFG, afirma que há uma dificuldade estrutural. “Fazer uma pesquisa inclui e obriga a ter um pensamento lógico, a possibilidade de entender o mundo, de uma busca sistemática por resultados. O conhecimento implica uma certa dor, você tem que pegar tudo que já sabe e dizer que não é suficiente, tem que abrir espaço para o novo, dedicar-se a coisas novas.” A professora salienta que a cobrança da CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) por resultados prejudica a qualidade da pesquisa porque dificulta no aprofundamenteo e na dedicação necessários ao trabalho. Intercom sempre abre espaço para debate sobre pesquisas e incentiva os alunos a realizá-las. O painel teve ainda a participação dos professores Gérson Martins (UFMS), Gustavo de Castro (UnB) e Rafiza Varão (Universidade Católica de Brasília).
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CONFERÊNCIA
Redes sociais como plataforma para o jornalismo
a tavo Vieir Foto: Gus
Texto: Larissa Laudano e Guilherme Henrique
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terceiro e último dia do Intercom Centro–Oeste foi aberto pela manhã com uma mesa-redonda que contou com a presença dos professores doutores Daniel Christino (UFG), Rafael de Almeida Tavares Borges (UEG) e Gerson Luiz Martins (UFMS) cujo tema foi Transformações dos Conteúdos nas Plataformas Digitais. Mediada pelo professor Cláudio Aleixo (PUC Goiás), o debate teve início com Daniel Cristino, que falou sobre a junção entre jogos e redes sociais, citando o jogo Defense Of The Ancientes, que foi criado em colaboração com a comunidade, construído a partir da dinâmica de redes sociais, que envolvem regras e interações. Já Rafael Borges citou os conceitos de construção de identidade no ciberespaço. “Em redes sociais, nossa identidade é dinâmica de acordo como nos relacionamos com a realidade”, afirma. Em seguida, Gerson Martins trouxe para o debate as questões das transformações dos conteúdos em ciberjornalismo, colocando ênfase nas novas formas de busca pela informação jornalística. Ele comentou sobre propalada a morte do jornal impresso em uma perspectiva ecológica. “Todos sabemos que papel é caro e que envolve todo um processo de desmatamento e isso não pode continuar eternamente , por isso mudamos para o papel eletrônico”, destaca.
Para união entre ComunicaçãoeEducação
Foto: Gustavo Vieira
Hoje consumimos informações jornalísticas por meio das redes sociais, tendo como os principais canais o Facebook e Twitter. Gerson, porém, salientou que o Snapchat tem se tornado uma nova forma de se fazer e consumir jornalismo. “O Snapchat está deixando seu lado de lazer e passando a transmitir também informações. Um exemplo é o jornal Washington Post, que já aderiu à nova plataforma”, comentou. Snapchat é uma rede social de mensagens instantâneas voltada para dispositivos móveis. Essa ferramenta pode criar conteúdos de informações e de entretenimento. O aplicativo também apresenta interatividade, instantaneidade e recursos multimídias características do ciberjornalismo. As informações nessa plataforma são curtas e breves o que gera maior interesse. Sobre a linguagem na rede, Gerson destacou que as empresas têm dificuldades em adaptar seu conteúdo ao ciberespaço. Finalizando a mesa de debates o professor Rafael Borges apresentou sua pesquisa no qual tenta aproximar as plataformas digitais com os fluxos de imagens e o filme – ensaio.
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a tarde da sexta-feira (20), o Intercom Centro-Oeste promoveu, no Teatro da PUC, a mesa-redonda Interfaces da Relação Entre Comunicação e Educação. Mediado pela professora Ângela Teixeira (PUC Goiás / UFG), o debate contou com as presenças de Mirza Seabra Toschi, da Universidade Estadual de Goiás, e das professoras da UFG Cleide Aparecida Rodrigues e Rosana Ribeiro Borges. Foi um momentoparaproporideiasefazerreflexões a respeito de qual o papel que a comunicação deve e pode exercer no campo educacional, podendoserumaferramentapedagógicaimportante e inovadora.
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Balanço positivo
iretora regional Centro-Oeste do Intercom, a professora Daniela Cristina Ota (foto) fez um balanço positivo do evento, sediado este ano na PUC Goiás. “Tivemos números expressivos. Isso mostra um desejo de alunos e professores de Comunicação da região em se integrarem, em dar visibilidade aos seus trabalhos”, enfatiza. Foram apresentados 163 artigos nos DTs e Intercom Júnior (dedicado aos alunos). Outros 300 trabalhos disputaram os prêmios do Expocom e houve a participação de 1.200 inscritos no evento. Destes, 900 eram estudantes. “É uma demonstração que o Centro-Oeste está produzindo muito e eventos como o Intercom são espaços para integrar tudo isso. Este foi um dos melhores congressos que tivemos nos últimos tempos”, elogiou Ota.
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Impressões [21| maio de 2016]
cultura
cenas do dia
Todos os ritmos Texto: Thiago Costa
Foto: Gustavo Vieira
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uem chega ao Intercom Centro-Oeste, no Câmpus V da PUC Goiás, é recebido por um clima nada comum. No hall de entrada, o ambiente era de confraternização entre os estudantes e profissionais da área de Comunicação. Música ao vivo entreteve quem aguardava o início das palestras, oficinas e mesas redondas. Larissa Barbosa, estudante de Direito da PUC Goiás, disse que gostou da movimentação e que se sentiu atraída pelo evento. "Queria participar, porém tenho que ir para a aula", lamentou. Acadêmica de jornalismo da Faculdade Alves Faria (ALFA), em Goiânia, Sabrina Monteiro é cantora do gênero sertanejo universitário e conta que, enquanto aguardava o início da programação e assistia algumas apresentações musicais, viu a oportunidade de apresentar o seu talento. Que agradou muitos. O jornalista Matheus de Souza, formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB), está no evento para apresentar seu curta-metragem sobre a crise hídrica. Ele parabenizou a organização do evento, que, segundo ele, preocupou-se com os mínimos detalhes para melhor atender a todos.