Impressões Edição Especial - 20/05/2016

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[PUC GOIÁS]

[GOIÂNIA, 20 DE MAIO DE 2016]

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mídia e política

Mesa-redonda no Intercom discute diferentes visões sobre a crise brasileira

Texto: Ana Laura Seibert e Izadora Resende

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omunicação, Política e Cidadania foi o tema da mesa redonda na manhã do segundo dia do Intercom Centro-Oeste. Os desafios da democratização da mídia e a relação dos cidadãos com os meios de comunicação foram amplamente discutidos com a presença dos professores Pedro Santos Mundim (UFG), Luiz Claudio Martino (UnB) e Luiz Antonio Signates (PUC Goiás/UFG), com a mediação de Luiz Carlos do Carmo (PUC Goiás/UFG). Para o professor doutor em Sociologia Luiz Martino, não há cidadania sem os meios de comunicação, mas ressalta que no Brasil as instâncias e legislações não são suficientes para auxiliar as pessoas perante os interesses midiáticos. “A mídia não é como um serviço qualquer. Eu acho que poucas pessoas têm consciência disso. Eu

acho que poucas pessoas sabem o que é se submeter a um regime de influência midiática”, diz. Ele alerta também sobre a cobertura jornalística dada à crise político-econômica brasileira e diz que “toda a mídia internacional está convicta que no Brasil hoje não tem jornalismo. O jornalismo hoje no Brasil é completamente parcial e comprometido com questões políticas, ideológicas, econômicas e outras mais”, critica. Contraponto – Professor de Ciência Política na Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Santos Mundim, não acredita que a cobertura da mídia tenha interferido no afastamento de Dilma Roussef da Presidência da República. “Mais que a mídia, existe a interação entre o que a pessoa é, a história de vida dela, as posições ideológicas com as informações que chegam. Não tem essa manipulação direta que a gente imagina”, avalia. De acordo com ele, a situação é mais complexa. Havia um fluxo informacional negativo

muito forte, que pode até ter sido muito objetivo, sem muito viés. “As notícias eram muito ruins porque elas naturalmente eram ruins e não porque a mídia estava manipulando e transformando o cenário socioeconômico em um cenário muito pior do que ele é”, acredita. Para ele, o papel dos meios de comunicação no processo de impedimento da presidente ainda precisa ser estudado e há duas faces diferentes, que é essa mais recente, dos meios de comunicação terem entrado em frenesi com a ideia de “vamos derrubar mesmo”. Alguns veículos, segundo Pedro, se posicionaram mais criticamente e outros menos. Doutor em Ciência Política pela IUPERJ, Pedro Mundim afirma ainda que não acredita que é a mídia quem dá o “golpe”. “Em uma relação de causalidade entre a atuação da grande mídia ou da imprensa e a queda de um president, de fato há influência, mas não é única variável e as outras variáveis precisam ser consideradas”, argumenta. “Num estudo mais robusto é possível determinar o quanto a mídia teve de culpa, o quanto a ação racional de atores autointeressados teve de influência.” Coordenador da Pesquisa de Mídia Brasileira, realizada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República nos anos de 2014 e 2015, Mundim complementa gosta da discussão teórica da economia comportamental, que fala que as pessoas têm aversão à perda. “O efeito de a pessoa perder um beneficio que ela tem, captamos nas pesquisas qualitativas, é muito maior e mais forte do que eventualmente um ganho que o governo proporciona a ela. Isso gera uma crosta muito mais forte e difícil de quebrar. E foi isso que aconteceu.”

Oficinas para todos os gostos

Design revolucionário

De documentário a empreendedorismo na comunicação, confira o resumo das oficinas de hoje. [3]

Você sabe o que é design thinking? Descubra esse método para resolver problemas com criatividade. [4]


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Impressões [20 | maio de 2016]

planejamento digital

Texto: Rayka Martins om bastante interação com os participantes, uso de gírias e “memes” conhecidos pelos usuários da internet e das mídias sociais, Leonardo Diego, diretor da Associação de Agências Digitais, ministrou a palestra ”Planejamento Digital: Quais os benefícios de uma campanha digital?”, ontem, na primeira noite de atividades do Intercom Centro-Oeste, sediado no Campus V da PUC Goiás. Leonardo é apaixonado por mídias digitais. Após ter acesso a dados sobre a relação entre o estado de Goiás e esses novos meios de comunicação, sentiu a necessidade de criar uma empresa de consultoria e estratégias digitais. Segundo ele,

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expediente Direção Regional Centro-Oeste Daniela Cristiane Ota Coordenação da Organização Intercom Centro -Oeste 2016 Adraina Rodrigues Ferreira Diretora da Escola de Comunicação da PUC Goiás Sabrina Moreira de Morais Oliveira Coordenadora de Publicidade e Propaganda Adriana Rodrigues Ferreira Coordenador de Jornalismo Antônio Carlos Borges Cunha Orientação em redação, proj. gráf. e ed. Gabiella Luccianne, Rogério Borges e Salvio Juliano Logotipo Intercom Hildeu Andrada Monitoria geral Laura Weiller Diagramação Dinake Núbia e Ingrid Cardoso Redação Alunos do Curso de Jornalismo

Goiás é um grande utilizador do e-comerce, tem o maior gasto médio em compras do Brasil e é o estado que tem o maior público conectado em mídias sociais, mas poucas empresas sabem destes dados e investem pouco no estado, tornando-o um exportador de >> Leonardo Diego, da Associação de Agências Digitais compradores. Um dos principais pontos enfatizados cado, estratégias, público-alvo, interesses desdurante o encontro foi a necessidade de ino- se público e metas para um bom marketing vação. A empresa deve evitar cumprir, au- empresarial.” No final do encontro a estudante do tomaticamente, obrigações de comunicação como a mera criação de sites ou confecção curso de Publicidade e Propaganda da Fade banners, assim como ocupar por ocu- culdade Uni-Anhanguera, de Goiânia, par espaços nas mídias sociais sem amparo Natália Gonçalves, elogiou a palestra, mas de planos de comunicação de maior pra- disse que sentiu falta de entender conceitos zo. “Não podemos ser apegados apenas às apresentados. “Na palestra faltou um poutecnologias, mas sim a estratégias”, afirma co de conceitos para quem está iniciando Leonardo. “Ela [a empresa] deve investir na o curso, como o marketing digital. Mas foi inovação e criatividade a partir de pesquisas muito construtiva pois trouxe muitos dados, mercadológicas, levantamento sobre o mer- mecanismos que usamos no mercado e peças de sucesso,“ ressaltou a estudante.

Você e a marca A importância de orientar o assessorado sobre como se comportar, falar e se vestir foi discutida na oficina ministrada pela publicitária Mariana Paiva “Eu a Marca: A desconstrução do personal branding”. De acordo com a especialista em branding, é importante “construir personagens que realmente se identifiquem como seu “eu “ original, pois, no futuro, será difícil manter algo que não seja realmente autêntico“. Mariana mostrou cases e explicou como atua na área, considerada autônoma . “Hoje as marcas falam através de influenciadores da internet”. Aluna do 6º período de Publicidade e Propaganda da Faculdade Alves Faria, Paula Roberta Santana Xavier, aprovou a dinâmica da oficina. “Ela [Mariana] é muito descontraída, didática e objetiva, é muito fácil entender o que ensina”. (Lucas Melo)

Foto: Gustavo Vieira

Novos conceitos de marketing na era da web


[20 | maio de 2016] Impressões

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oficinas

Documentário em foco A professora Eliani Covem explicou sobre as curiosidades e técnicas de produção de documentário para os participantes da oficina nesta sexta. “Muitas pessoas não conhecem e não sabem como funciona a criação de um documentário, que muitas vezes é magnífica. Para Letícia Rocha, aluna do 3o período de Jornalismo da UFG, a oficina teve finalidade prática. “Estou criando um documentário que preciso entregar até o final do semestre, então achei muito interessante e enriquecedor participar por ser um complemento e me ajudar. (Rodrigo Bento)

Arte e fotografia

Foto: Igor Holanda

Foto: Isabella Cristina

Os alunos liberaram toda a criatividade na oficina Processos Fotográficos de Impressão Artesanal, com a professora da Escola de Comunicação da PUC Goiás, Mariana Capeletti Calaça. Durante o encontro foram trabalhadas as principais técnicas de impressão fotográficas, entre elas, a Goma Bicromatada, Calótipo, Papel Salgado e Cianotipia. Esta última, colocada em prática pelos participantes, despertou maior interesse nos alunos devido ao baixo custo. Imagens pessoais em negativo, flores e folhas foram colocadas em contato com produtos químicos, expostos ao sol e depois molhados com água normal para que a imagem tomasse forma. (Lucas Melo)

Ideias para empreender Transformar ideias em negócios é desafiador. Segundo a professora Sabrina Del Bianco, que ministrou oficina sobre o assunto, ter a ideia não é o mais importante, mas saber dar uma forma para o que é idealizado. A aluna do curso de Jornalismo da PUC Goiás, Thaynara de Souza, destacou a importância do tema. “Meu principal objetivo é adquirir conhecimento para o futuro, pois ideias podem surgir e, quem sabe, eu possa iniciar um negócio de sucesso”. (Rodrigo Bento) Foto: Igor Holanda

Publicidade e mercado de trabalho são discutidos em minicurso

O minicurso Um F5 na Publicidade, ministrado pelos publicitários Bruno Lopes e Marcella Sahium, abordou os conteúdos teóricos vistos em sala de aula a partir do ponto de vista da prática profissional. Os palestrantes fizeram uma comparação entre a publicidade arcaica e a atual, que sofre o reflexo das novas tecnologias. Marcela e Bruno compartilharam experiências do mercado de trabalho e percepções sobre as transfor-

mações que auxiliam os futuros profissionais na escolha das áreas de atuação. Com tema atrativo, as 20 vagas do minicurso foram preenchidas. “O nome escolhido para a palestra chamou a atenção pela proposta de mostrar novas técnicas para minha profissão e dar apoio ao marketing”, afirma o aluno Felipe Faria, do 3o período de Relações Públicas na Universidade Federal de Goiás (UFG). Daniella Monteiro e Ludmyla Gonçalves


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Impressões [20 | maio de 2016]

visual

design thinking

Cenas do dia

Em busca da solução Foto: Jefferson Furtado

Foto: Igor Holanda

Foto: Gustavo Vieira

Foto: Jefferson Furtado

Texto: Adriel Moraes

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om uma palestra simples e envolvente durante o Intercom Centro-Oeste, Alexandre Andrade, publicitário e artista plástico, conseguiu mostrar aos participantes da oficina O que é Design Thinking? o conceito desta prática que tem conquistado espaço no mercado de trabalho e na educação. O design thinking consiste na problematização das idéias relacionadas à informação, fazendo uma análise de conhecimento e produzindo soluções. Trata-se da forma de avaliar os problemas da comunicação e da sociedade em geral. Nesta abordagem da questão, é considerada a capacidade de combinar empatia em um momento de adversidade, em um problema. Usar a criatividade para a geração de soluções e a razão para analisar e adaptar as posturas para o contexto é o ponto principal no processo criativo. Adotado por organizações e pessoas, principalmente no mundo dos negócios, bem como em engenharia e design contemporâneo, o design thinking tem mostrado crescimento, entre diversas disciplinas na atualidade, como uma forma de abordar e solucionar problemas. “Não existe certo ou errado, todos estamos corretos, segundo nosso ponto de vista”, diz Alexandre Andrade. Seguindo esse pensamento, é possivel “mapear a cultura, os contextos, as experiências pessoais e os processos na vida dos indivíduos para ganhar uma visão mais completa e, assim, melhor identificar as barreiras e gerar alternativas para transpô-las”, pontua. Para que isso ocorra, o design thinking propõe que um novo olhar seja adotado ao lidar com problemas complexos, um ponto de vista mais empático que permita colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto e gerar resultados que são mais desejáveis para elas, mas que ao mesmo tempo sejam financeiramente interessantes e tecnicamente possíveis de ser transformados em realidade. Após a participação da oficina, os estudantes jornalismo César Onízio dos Santos, do 5º período da Faculdade Alves Faria, e Pedro Alexandre, do 3º período da Universidade Federal de Goiás, relatam que conseguiram introjetar o que aprenderam na oficina, no seu processo criativo, pois o design thinking auxilia na compreensão dos problemas e na busca de soluções dos problemas que possam vir a acontecer. A estudante do 3º de Publicidade e Propaganda da PUC Goiás, Ana Paula, decidiu participar da oficina para ampliar seus conhecimentos, e compreender melhor como funciona o design thinking. Após sua participação, ela tem certeza que esse processo de resolucão de problemas vai auxiliar na sua formação acadêmica.


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