JORNAL LABORATÓRIO [2016 - 2] Impressões
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GOIÂNIA | 2016 / 2
especial
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mudanças e transformações
7 EDIÇÃO MATUTINO
Hora de crescer Em todas as fases da vida, o desafio do crescimento está sempre presente. Em reportagem especial, IMPR ESSÕES busca compreender como esses pro cessos ocorrem, desde a criação dos filhos na inf ância, passando pela intensa e problemática fas e da adolescência e chegando ao momento em que os filhos precisam trilhar seus caminh os sozinhos, sem os pais ao lado, para estudar longe de casa. >> 16 a 19 Goiânia é polo de atração de
Outra vida em outro lugar
universitários
Por respeito e aceitação
Conheça a incrível história de uma sueca e um canadense que vieram para Goiás ajudar crianças órfãs por meio de um projeto que lida com a doma de cavalos.
Bruna Andrade (foto) é uma trans que, como tantas outras, luta por seus direitos e por mais tolerância da sociedade com quem decidiu assumir uma outra identidade de gênero.
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opinião
Gustavo de Aguiar Campos é graduando em bacharelado e licenciatura em Psicologia. Faz parte da comissão organizadora do Cursinho Popular Prepara Trans e é militante autônomo pelos direitos LGBTs e pelo ensino público.
Pelo fim do silêncio Diagramação: Amanda Pinheiro
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esde os grandes movimentos sociais de julho de 2013 pode-se perceber uma mudança no cenário político brasileiro nas suas diversas instâncias, a saber: municipal, estadual e federal. Cada vez mais a população, em especial as/ os jovens, estudantes ou não, vêm assumindo um papel fundamental na política do Brasil, com protestos nas ruas, greves, paralisações, e o mais recente, a onda de ocupações em escolas. De antemão já me desculpo por não abarcar neste pequeno artigo um retrato histórico dos manifestos que movimentaram nosso país, pois precisaria de mais um pouco de espaço e estudo para esgotá-los. A finalidade única deste é promover a reflexão de como nossas e nossos jovens vêm se constituindo politicamente. É no seio de uma crise não somente econômica, mas política, ética, moral e social, que essas e esses jovens nascem, filhos e filhas de muitos e muitas
EXPEDIENTE
JORNAL IMPRESSÕES
que cresceram com o final da ditadura militar e não precisaram lutar por uma democracia supostamente instituída. Esses e essas jovens nasceram para falar que não suportam mais racismo, LGBTfobia, machismo, precarização do ensino e do transporte, fascismo e/ou na busca de um ideal, seja ele revolucionário ou não. Com vitórias e derrotas são esses jovens que constroem o mundo real que acreditam. O que mais enriquece essa nossa pequena reflexão é o fato de que essas e esses jovens não estão se formando politicamente nas escolas, universidades, institutos ou com a mídia televisiva. Organizadas(os) em seus partidos, entidades, grêmios, centros e diretórios acadêmicos, esses e essas jovens se organizam por vontade e necessidade próprias. Se espelham em movimentos históricos e de outros estados, como foi e está sendo os casos das ocupações de
charge
EDITORIAL
A vida e o mundo são movidos por transformações, mas na atualidade esses movimentos parecem ainda mais intensos. Esta edição do IMPRESSÕES fala justamente dessas mudanças em diferentes aspectos e áreas. Da forma de criar os filhos à nova realidade encontrada por quem sai de casa para estudar; dos papeis de destaque assumidos pelas mulheres à reivindicação de direitos por parte das minorias; de pessoas que mudaram suas trajetórias por opção àqueles que se viram obrigados a adaptações. Muitas histórias e experiências à espera de sua leitura. Bom proveito!
Direção da Escola de Comunicação: Profª Sabrina Moreira Coordenação do Curso de Jornalismo: Profº Antônio Carlos Cunha Professores: Ângela Moraes, Carolina Melo, Déborah Borges, Rogério Borges e Salvio Juliano, Edição Geral: Profº Rogério Borges Projeto gráfico: Profº Salvio Juliano Reportagens: 3º período de Jornalismo Fotografias: 2º período de Jornalismo Edição e Diagramação: 5º período de Jornalismo Monitoria: Laura Weiller (8º Período)
escolas das redes municipais e estaduais que aconteceram em São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Ceará, Rio de Janeiro e agora se estendem até para outros países, como o Paraguai. São essas e esses jovens que não se calam mais através das suas próprias táticas e ações, frente o futuro injusto que será nosso e deles. Apesar das crises que vivemos em todas as instâncias, nós presenciamos também o período da contestação. Política já não é mais assunto da televisão, não é só votar de dois em dois anos. Política tem se construído em todos os espaços que essas e esses jovens ocupam, desde suas casas, até suas escolas e trabalhos. Que eles e elas tenham forças para esse percurso cansativo e perigoso que é seguir atrás daquilo em que se acredita. Esses jovens nunca serão os mesmos e esperamos que nosso país os acompanhe!
Charge: Thales Luan
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SEXUALIDADE
Os desafios da liberdade Apesar de medos, inseguranca e repressão, poder se assumir é um processo de liberdade e autoafirmacão gostaria dela, e que ela decepcionaria toTexto: Izadora Resende Carvalho e Laiz Queiroz Edição e Diagramação: Izadora Resende Carvalho dos que estavam a seu redor. Quando a poeira baixou, Gabriela afirma que houve lisson, 18 anos, estudante de En- uma mudança significativa em sua vida. genharia Civil, afirma que se des- “Eu passei a ter confiança em mim mescobriu homossexual aos sete anos ma, me senti melhor e mais forte, e após de idade. “Desde pequeno eu já sabia que um longo período percebi que eu não era existia algo diferente em mim. E a partir anormal e podia ser feliz sim. Vejo o mundesse momento, passei a ter um conflito do de maneira mais feliz e livre, e fico interno, me questionando se era certo ou de bem comigo e com meus sentimentos. errado me sentir assim”, afirma. Os pais Apesar das dificuldades iniciais, eu me de Alisson são separados e a madrasta e aproximei dos meus pais e padrasto e paso pai são evangélicos, o que contribuiu sei a contar com eles para o que eu para que ele tivesse esse questionaprecisava”. mento. Ele afirma que para o Antes de enfrentar “Eu passei a ter pai toda correção deveria ser o mundo lá fora, confiança em mim feita com violência, e nesse muitos preferem período ele apanhou muito, mesma, me senti desabafar no meio sendo obrigado a frequenfamiliar, na busca do melhor e mais forte, e tar uma igreja evangélica. apoio e conforto mas após um longo período Após esse período conflitualguns não o enconpercebi que eu não era oso, Alisson voltou a morar tram. O estudante anormal e podia ser com a mãe, que o levou à Marcos Santos teve terapia e aceitou a opção sefeliz sim.” um processo conturxual do filho. O primeiro nabado. “ Já fui expulso de G. Z., 16 anos, morado veio aos 17 anos, com o casa 5 vezes desde que me estudante conhecimento da mãe e dos avós. assumi. Meus pais me batiam, Não diferente de Alisson, a estudante meu pai quis me matar e eu procuG.Z., de 16 anos, conta que quando assu- rava sempre ajuda no Conselho Tutemiu sua sexualidade sentiu muito medo, lar. Depois da ameaça do Conselho de me e também passou por terapia após entrar recolherem para um abrigo de menores, em depressão. “Minha mãe desconfiava, foi que acabaram as agressões”, afirmou. mas quando chegava nesse assunto, ela, Outro exemplo é Rômulo de Oliveimeu pai e meu padrasto ficavam muito ra, 31 anos, que afirma que se assumir apreensivos e agressivos.” Antes de a mãe homossexual é difícil e desafiador. “Para perceber a realidade dos fatos, ela levou mim foi um processo muito difícil de acei“numa boa”, mas Gabriela reconhece o tação, medo, preconceito, dor, problemas quão difícil foi para a mãe. na família, pessoas que se diziam serem “Tudo que ela tinha em mente para amigos e se afastaram, um irmão religioso mim foi por água abaixo. E tem o risco que no início virou as costas para mim, que corro todos os dias na rua pela rejei- um pai que sem informação me criticou ção da sociedade”, afirma. Aos quatorze e até me mandou embora de casa. Foi um anos a estudante beijou a primeira meni- processo duro e que parecia nunca ter na e se sentiu perdida, sem saber o que era uma solução, mas com o tempo as coisas certo e até mesmo o que queria. Ela tinha foram se ajeitando e a história mudou.” a impressão de que ninguém aceitaria ou
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Transformações Esse processo de adaptação e mudança no meio familiar, no comportamento e nas decisões, se repete para vários jovens dos 18 milhões que se assumem homoafetivos no Brasil. Em entrevista concedida ao site de notícias UOL, a pesquisa “Juventudes na Escola, Sentidos e Buscas: Por que frequentam?” mostra que19,3% dos alunos de escola pública não gostariam de ter um colega de classe travesti, homossexual, transexual ou transgênero.O levantamento foi coordenado pela socióloga Miriam Abramovay e realizado com o apoio da Flacso-Brasil (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura) e do MEC (Ministério da Educação).”É impressionante, a questão da homofobia aparece de uma forma muito contundente no número de jovens que não queria ter colegas homossexuais”, diz a socióloga. Segundo a ISPA Instituto Universitário Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida alguns dos vários mitos relativos à homossexualidade não se baseiam em literatura científica, mas sim na perpetuação de estereótipos e preconceitos sobre a população homossexual.Vivemos numa cultura homofóbica que é interiorizada e reproduzida de igual modo pelos profissionais das mais variadas áreas do conhecimento (Crawford, McLeod, Zamboni & Jordan, 1999). De acordo com o Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, houve em 2011, 18 denúncias de homofobia por dia, número que cresceu 166% no ano seguinte. Independente dos desafios o mais importante é a transformação interna,a liberdade individual adquirida. Segundo Rômulo,“hoje eu vivo em plenitude, me respeito e me aceito homossexual, sou um cara feliz, certo do que eu quero e mais ainda do que não quero, não tenho vergonha dessa situação... Antigamente vivia preocupado com o que as pessoas pensavam a meu respeito, se seria alvo de preconceito, chacota ou qualquer coisa do tipo, isso passou e ficou lá atrás”, afirmou.
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comportamento
Aprender, conviver e respeitar A transsexualidade ainda é tabu. Além disso, há muita incompreensão sobre o que são orientação sexual, sexo biológico e gênero
Texto: Guilherme Araújo Edição e Diagramação: Rodrigo Bento
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ma criança atípica para os padrões da sociedade. Em casa, Bruno Andrade sempre preferiu brincar com as bonecas da prima. Na escola, não se sentia bem jogando futebol e chegava a se isolar dos colegas pelo “comportamento afeminado”. No fim dos anos 2000, já na adolescência, apaixonou-se às escondidas pela dança e se inspirava em artistas de postura andrógina. Na idade adulta, em meio às crises de identidade, na noite agitada de Goiânia conheceu um novo universo, onde homossexuais, drag queens, queers e transexuais eram bem aceitos. Começou a se questionar se de fato “nascera no corpo certo”. Com dificuldade pela falta de informação, Bruno pesquisou muito e embarcou em uma leitura de si mesmo que o faria a se assumir como transexual há dois anos. Hoje responde como Bruna. Os tempos são outros, mas o Brasil ainda caminha a passos lentos. Reconhecidas como vítimas de um “transtorno”, transexuais e transgêneros ainda enfrentam uma série de lutas, como problemas de acesso à saúde e inserção ao mercado de trabalho. As cirurgias de redesignação de sexo, por exemplo, eram proibidas no Brasil até 1997 e só foram oficializadas em 2008, por meio do Sistema Único de Saúde. Hoje a demanda é crescente, mas apenas cinco hospitais no país estão habilitados a realizá-las. Para fazer a mudança de nome é preciso entrar com uma ação judicial e comprovar com laudos médicos, documentos e fotos que a pessoa é transexual e vive como homem – ou mulher – há anos.
Mesmo com a tentativa de construção você extrai todas as suas referênde novos valores frente à militância cias não lhe acolhe, o que de personalidades públicas será do resto do muncomo a modelo transsexual do?”. Bruna declaLea T, o cantor andrógira que a partir do no Lineker e a populamomento em ridade da série de TV que a pessoa RuPaul´s Drag Race transsexual - a mídia ainda se ou transgêmostra acanhada nero tem quanto à retratação esse apoio, de questões de gêtudo fica nero. Não é comum mais fácil. assistir de forma Po r é m , tão clara e didática os embates a abordagem dessa não param por Bruna Andrade, temática na TV aberta aí: é preciso enmodelo, hoster e estudante brasileira. frentar também Na internet, a realidade outros círculos soé um pouco melhor. A liberdade ciais, como o mercado de produção e divulgação permite inide trabalho. A Associação ciativas como a do blog Loading Oliver, do Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) transexual polonês Oliver Mastalerz, de 21 mostra que 90% das transexuais brasileiras anos. Na página, ele conta diariamente sobrevivem do mercado da prostituição. o seu cotidiano, e relata o seu processo de O que agrava a situação é que, além de transição de mulher para uma identidade ser uma profissão extremamente arriscada, masculina, do processo de aceitação e até o a maioria das empresas segue com políticas tratamento hormonal. não inclusivas, dificultando sua aceitação. Mas, em grande parte, as informações Dona de uma carreira bem sucedida, hoje a respeito de questões de gênero ainda são Bruna é exemplo de superação e alerta para desencontradas. A definição de transgêne- a invisibilidade de minorias na sociedade. ro, por exemplo, é de compreensão vaga. A “Eu me fechei num casulo. transsexualidade, por sua vez, ainda é tabu. Hoje dizem que tenho uma história É constantemente associada às visões estere- linda e consegui vencer. Mas a meu ver, se otipadas de comportamento. Além disso, a as outras pessoas trans tivessem as mesmas confusão entre orientação sexual, sexo bio- oportunidades, todas conseguiriam mostrar lógico e gênero é comum entre as pessoas. o seu potencial”, ressalta. A escola é outro desafio. O lugar onde se formam as primeiras relações sociais se converte em um terreno delicado, especialmente se tratando do trabalho com crianças Bruna Andrade, estudante de Arqui- transgênero. A instituição pode se potentetura e modelo transsexual, relembra que cializar como um lugar de opressão, disa principal dificuldade enfrentada está na criminação e preconceitos, como destaca a aceitação da família. “Se o lugar de onde psicóloga Ananda Silva, formada pela Uni-
“Eu ficava incomodada. Não me encaixava. Naquele momento eu estava totalmente perdida. Quando o incômodo ficou muito latente, eu disse ‘esse não sou eu’.”
Barreiras
Ativismo Longe de valores e crenças de cunho ho- >> Bruna Andrade não tem problemas em assumir sua transexualidade. mofóbico e sexista. É sob essa perspectiva que surgem iniciativas como o cursinho PreparaTrans, apoiado pela Universidade Federal de Goiás. A proposta é trabalhar com LGBTs periféricos, que não tem acesso à educação, dando-lhes novas perspectivas. Kim Xavier, estudante de Letras e coordenadora do projeto, relembra que as lutas em torno das questões de gênero começaram há cerca 70 anos, mas que ainda hoje existe uma visão equivocada de que o lugar dessas pessoas não é na universidade. “Justamente por isso é preciso criar um espaço e um debate que mostre a essas pessoas que existe futuro e que a sociedade de modo geral é capaz de conviver e respeitar a diversidade”, afirma.
Não são minoria O Brasil há cerca de 18 milhões de pessoas que se assumem gays. Só em São Paulo, vivem 40% dos gays brasileiros. No Rio de Janeiro, estão outros 14%; em Minas Gerais, 8% e no Rio Grande do Sul, outros 8%. O público gay consome 30% a mais que os heterossexuais. Deles, 47% são da classe B, 36% da classe A e 16% da classe C. Além disso, 57% têm nível superior, 40% têm ensino médio e 3% completaram apenas o ensino fundamental. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Cultura GLS.
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5 Foto: Vitor Marques
versidade Federal de Minas Gerais. “São comuns problemas como a dificuldade de matrícula, a participação em atividades pedagógicas e o uso de estruturas físicas, como o polêmico terceiro banheiro, considerado excludente”, diz. No espaço da escola é comum, professores não saberem agir quando um estudante afirma ser homossexual ou transgênero. “Por isso, a importância de medidas voltadas a oferecer a inclusão de tais temas na formação inicial e continuada, bem como estimular a pesquisa e a divulgação do conhecimento sobre a diversidade”, completa. Porém, Ananda destaca que mesmo com todas as dificuldades, a escola ainda é “um espaço no qual podem ser construídos novos padrões de aprendizado, convivência e transmissão de conhecimento”.
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perfil
Da alta sociedade canadense para o interior goiano Texto: Gabriel Hamon Edição: Silvio Barbosa e Guilherme Henrique Diagramação: Silvio Barbosa
Foto: Tobi Elliott
Uma famosa domadora de cavalos e seu marido vêm chefiando em Anápolis um projeto que transforma a vida de órfãos
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sueca Ingla Larsson Smith e o Sem dinheiro, sem falar português e sem canadense Richard Larsson Smith contatos, o casal enfrentou alguns problemas abandonaram a badalada vida de estruturais, como o fechamento do projeto luxo de eventos, competições com doma de no orfanato em Cocalzinho, interior goiano, cavalos da alta sociedade e de celebridades e a dificuldade de comprar terra para dar que tinham no Canadá e vários continuidade ao programa. Hoje países da Europa para fazerem estão situados na zona rural a diferença na vida órfãos do de Igreji- nha, região de “Deus pediu para interior goiano, na região Anápolis, contam com três de Anápolis. O casal se cavalos e ajudam cerca de que cuidásse-mos mudou para o Brasil em 15 crianças. de crianças órfãs 2008 e implantou o projeto Para o casal, ao cuidar no Brasil, na Índia e Horses for Orphans (H40), de cavalos, as crianças em português, Cavalos para conseguem aprender a ter China” Órfãos, por meio de uma responsabilidades, serem Richard Smith, organização sem fins lucrativos. boas pessoas e criarem um domador Tudo começou, segundo Richard, senso de liderança. “O programa quando receberam uma mensagem possibilita crianças que moram divina. “Deus falou com Ingela, pedindo e m orfanatos a experimentarem para que cuidásse-mos de crianças órfãs no alegria e curarem seus corações com a Brasil, na Índia e China. Viemos então para interação com cavalos de maneira natural, o Brasil e começamos o projeto”. através de um relacionamento”.
>> Ingla Smith praticando a doma natural Um dos adolescentes de destaque, Douglas, de 16 anos, está desde 2014 vivendo com o casal. Fala fluentemente inglês e admite que, sem o projeto, provavelmente estaria mexendo com drogas. “Aqui eu tenho futuro, perspectiva e aprendo muitas coisas, diferentemente do orfanato, eu já estive em vários. Eu quero ir para o exército no futuro.” Douglas também fala de seu aprendizado em inglês. “Aprendi tudo aqui com a Ingela e o Richard e, pra falar a verdade, aprendi português também”. Valdemir, 15 anos, está há aproximadamente um mês na região rural, após algumas fugas do orfanato. “Uma vez eu fugi de um orfanato em Alexânia (GO) e vim andando por 11 horas para chegar à fazenda da Inge- la e do Richard”. O garoto conheceu o projeto no antigo orfanato em Cocalzinho. Douglas e Valdemir se conheceram em Cocalzinho. “A gente só morava lá, não tínhamos nenhum acompanhamento na
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precisavam de alguém para cuidar do projeto em sua ausência e vim. Parecia-me a coisa certa a se fazer”, diz. Darren deixou sua família no Canadá e está no Brasil há duas semanas. Ainda não está acostumado com a diferença cultural. “Minha mulher também viria se pudesse, mas não pode. É minha primeira vez no Brasil e devo admitir que chorei várias vezes desde que cheguei aqui. A desigualdade, a pobreza, não temos isso no Canadá e isso não parece certo, todos deviam ter as mesma condições”. Segundo os planos do casal Smith, o programa deve ser implantando também na Índia e posteriormente na China, países que respectivamente têm mais órfãos no mundo.
Doma natural
Fotos: Tobi Elliott
escola e não fazíamos nenhuma atividade. Tínha- mos também alguns problemas de brigas”. Hoje, vivendo na fazenda, os dois têm uma rotina bem estabelecida. “Acordamos cedo, fazemos alguns serviços no campo, lemos a Bíblia, vamos à escola no período da tarde e treinamos com os cavalos quando chegamos”, diz Wladimir. Richard e Ingela não possuem visto permanente, por isso não podem ficar mais de seis meses no Brasil. Durante o tempo que não estão no País, Darren Parker, canadense de 49 anos, estará no comando. O canadense conta que conheceu Richard e Ingela recentemente. “Tínhamos alguns amigos em comum, mas nos vimos somente duas vezes antes de eu vir ao Brasil. Fiquei sabendo que
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Segundo o Portal Agropecuário, a doma natural é o método mais moderno e eficaz de domesticação dos cavalos, já que leva em consideração a personalidade de cada animal, além do relacionamento sadio entre homem e cavalo. Esse tipo de doma tem como base, primeiramente, conhecer o comportamento do cavalo, quais são seus medos, aflições, as atividades que ele mais gosta de fazer e qual o nível de bem-estar dele ao realizar tais atividades. Esse conhecimento é fundamental para conquistar a confiança do animal. Como umas das principais domadoras desta técnica no mundo, Ingla Smith usa o doma natural como método educativo, pois a pática exige do domador aprendiz, que supere medos, exerça liderança e conquiste confiança do animal domado.
>> Projeto Horse for Orfãs praticando doma natural como método didático
>> Ingla e Richard Smith
Brasil, 9º país com mais órfãos
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Brasil é o nono país com mais órfãos no mundo. Segundo dados do Fundo da ONU para a Infância e o Adolescente (Unicef), cerca de 3,7 milhões de crianças são órfãs de pai ou mãe. Em número geral, 46 mil crianças estão acolhidas nos quase quatro mil orfanatos e lares temporários espalhados pelo País, como revela dados do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA). A ida- de predominante é entre nove e 17 anos, e a maioria de sexo masculino. No estado de Goiás, existem 1.450 órfãos em 114 entidades, segundo a CNCA. Os números não contabilizam as inúmeras crianças que não são registradas,
não estão em orfanatos e são praticamente invisíveis para o sistema social e de registros. Vale lembrar que 23 mil crianças, segundo Censo divulgado pelo Governo Federal, moram na rua, não sendo necessariamente órfãos, mas enfrentando condições precárias de existência. Para as crianças que vivem em orfanatos, a falta de amor paterno e materno está entre os motivadores de problemas sociais. Segunda a psicóloga Katia Padovez, os pesquisadores relacionam a falta de afeto com a apresentação de problemas afetivos sociais dos jovens. “O afeto pode ser tão importante quanto a alimentação para a criança”. A
psicóloga ainda relata que a falta de afeto pode acarretar deficiências cognitivas e até mesmo físicas. “As crianças podem se tornar inseguras e, em alguns casos, utilizar a violência como mecanismo de defesa”. Segundo pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas cerca de 6% dos orfanatos incentivam a convivência familiar. Já em 78,4% dos abrigos predomina o regime de permanência continuada, onde crianças e adolescentes fazem da instituição, somente seu local de moradia. Muitos não possuem acompanhamento escolar e existem poucos projetos de reinserção dos jovens.
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tecnologia
Ensino em nova era Ferramentas tecnológicas oferecem suporte a novos paradigmas na educação
Texto: Mariana Carvalho Edição e Diagramação: Jéssica Souza
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om as novas plataformas de comu- eficaz. Vejo benefício por possuir conteúnicação e a facilidade de acesso a do atualizado em tempo real e ser de fácil elas, intensifica-se a presença e o acesso para a maioria das pessoas. uso de equipamentos tecnológicos na sala Os novos equipamentos frequentes de aula, como tablets, smartphones, note- em sala também podem ter malefícios aos book e celulares. Isso impõe um desafio às próprios estudantes. É o que evidencia a instituições de ensino e educadores: usar a publicitária Letícia Silvero, que prefere tecnologia a seu favor. utilizar as ferramentas apenas em atiA tecnologia transforma a sala vidades fora da sala de aula. de aula tanto no processo de “Acho que a “Querendo ou não, isso tira aprendizado do aluno, na forfoco dos estudantes em profissão de ma como ele recebe a inforsala. Quando chega uma mação, quanto na maneira mensagem no Whats professor foi como o professor prepara App ou uma postagem reinventada dentro a sua aula, como explica no Facebook, o estudanda sala de aula.” a professora de Jornalismo te acaba dando um jeito Jhony Rodrigues, Lara Guerrero. “Gosto de de entrar para verificar estudante utilizar em sala de aula as planovas atualizações e acaba taformas como consulta do tema confundindo a permissão de que estou aplicando. Por exemplo, usar esses eletrônicos.” quando cito um autor peço para que façam uma busca sobre ele, porque aí fica fresco na memória e fica salvo no histórico. Em caso de dúvida, os alunos podem retornar a essa pesquisa mais tarde”. Para o estudante de Direito Jhony Rodrigues, a entrada desses recursos no âmbito do ensino faz com que os professores modifiquem a forma de passar o conhecimento. “Acho que a profissão de professor foi reinventada dentro da sala de aula, tornando o ensino menos formal, buscando maior interesse e participação dos alunos.” O estudante ainda explica que a utilização desses recursos em sala de aula é favorável ao professor. “No caso dos tablets, notebooks e celulares, acho que são considerados benefícios na questão da pesquisa por informação. A rapidez do mundo digital para encontrar conhecimento é muito
Adaptação Para o professor Diego Magalhães, da Faculdade Uni-Anhaguera, um passo importante para os educadores é a transformação e a sua adaptação com essa nova formação acadêmica. Esses novos meios, sendo bem usados na sala de aula, servem para aproximar o professor do aluno através das redes sociais ou por e-mail, facilitando o aluno tirar duvidas. “Essa aproximação é positiva quanto ao estudo, o esclarecimento de dúvidas, mas não é tão bom porque os alunos entendem, ou não conseguem compreender, que o professor pode ou deve ser rigoroso. Então, quando há esse vinculo de amizade, essa aproximação isso fica mais explícito, a gente perde um pouco da capacidade de exigir e de cobrar.” O professor faz um alerta sobre o manuseio desses equipamentos. “O aluno tem que entender que ele está na instituição para estudar, para aprender, para ter um oficio, uma formação acadêmica, o que nem sempre acontece. O aluno acha que simplesmente estar na instituição e frequentar as aulas são o suficiente. A tecnologia deve ser utilizada com muito cuidado, primeiro para não dispersar a atenção do aluno, segundo porque ela pode ser utilizada de forma equivocada, como para ‘colas’”, por exemplo.
Foto: Laura Weiller
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educação
Goiás é o Estado que mais adotou esse modelo de gestão, com um total de 26 unidades. As taxas cobradas pelos uniformes, porém, ainda são altas e geram discussões
Texto: Marcus Vinícius Edição: Larissa Laudano, Magdiel Rezende Diagramação: Magdiel Rezende
valores cobrados pelos uniformes, divergem opiniões, já que seu uso é obrigatório nos colégios. Maria Edna Pereira, s colégios militares, em sua mãe de Bruno Mendes Pegrande maioria, são bem reira, que está no terceiro ano do vistos pela sociedade por Ensino Médio no CPMG sua política de educação e soPedro Xavier Teixeira, é bretudo pelos seus índices na entusiasta da implantaqualidade do ensino, que “Muitos alunos deixam ção dos colégios mié uma das justificativas a escola porque não tem litares. “Dá gosto de do governo para a imdinheiro para pagar todas entrar neles. Os aluplantação desse modelo nos são disciplinaas taxas cobradas” de gestão. Até o ano de dos. Há educação”, 2016, o governo goiano Rebeca Calgaro, afirma. Seu filho está militarizou 26 colégios movimento secundarista no terceiro ano e, para estaduais, deixando Goiás ela, as taxas de matrícula no topo da lista de unidades e uniforme são acessíveis. da federação com o maior núme“Muitos alunos deixam ro de escolas militares do País. Segundo a escola porque não tem dinheiro a secretaria de Educação, Cultura e Espara pagar todas as taxas cobradas”, diz porte (Seduce), há cerca de 1.160 escolas Rebeca Maria Peres Calgaro, do Moviem Goiás; 26 delas foram militarizadas. mento dos Secundaristas de Goiás. Para ela, o objetivo dos colégios militares é formar alunos disciplinados, e sem senso Custos e uniformes crítico. Militarizado há seis A Seduce afirma que nos colégios militares não existem cobranças de mensalidades. meses , o Colégio ColiAssociações de Pais e Mestres definem na Azul tenta adaptaruma contribuição financeira. De acordo se ao novo modelo de com a diretora do Movimento Secundaris- ensino. Para os alunos, ta de Goiás, Rebeca Calgaro, muitos dos o atual padrão é mais alunos deixam as escolas por falta de di- agradável que o antinheiro para pagar todas as taxas cobradas. go – que era público. No colégio militar, a família arca com as despesas dos uniformes, que variam entre R$ 400,00 a R$ 600,00. Mais o de Educa>> CPMG Pedro Xavier ção Física, cujo valor é de R$ 240,00. Os Teixeira Senador Canedo
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Ranking dos colégios militares 1º - Goiás, com 26 colégios militares, deixando estado no topo da lista. 2º - Minas Gerais, conta com 22 escolas militarizadas. 3º - Bahia com 13 colégios 4º - Rio Grande do Sul com sete escolas. 5º - Paraná, Paraíba, Distrito Federal, Mato Grosso, Roraima e Alagoas figuram com apenas um colégio militar cada. O estudante do 6º ano, Robert Maxuell disse que o novo modelo é mais rigoroso e disciplinador. Segundo ele, a grade curricular é como a das outras escolas, exceto Cidadania – que é ministrada por militar. “Gosto de estudar aqui, porque a gente aprender a ser melhor”, assegura. A coordenadora pedagógica, Rubjane Campos, afirmou que a comunidade aceitou a implantação dos colégios militares, mas houve temor por causa da farda.
Foto: Magdiel Rezende
Colégios militarizados dividem opiniões
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recomeço
Volta aos estudos alimenta esperanças em tempos de crise Sonho de ter um diploma gera expectativa para quem interrompeu os estudos há anos e agora decidiu retornar à sala de aula Texto: Laura Ribeiro Edição e Diagramação: Diandra Fernandes
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atual situação financeira do país está limitando os brasileiros em inúmeros aspectos. A qualificação profissional é algo cada vez mais raro e exigido no mercado de trabalho. Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) comprovou que menos de 20% das pessoas que procuram um emprego no território brasileiro possuem alguma qualificação, chegando, portanto, a um assustador número de mais de 8 milhões de trabalhadores sem experiência ou qualificação. Diante de tais dalados no programa de Educação de Jovens dos, a procura para concluir os estudos, seja e Adultos (EJA). O dado foi divulgado pelo em caráter de ensino médio ou superior, se Ministério da Educação. eleva mesmo em tempos de crises financeiras A falta de prática leva o cérebro a se e políticas. acostumar apenas com atividades diárias triNa busca pelo aperfeiçoamento, cargos viais, executadas mecanicamente. melhores ou mesmo uma mudança radical A volta aos estudos proporciona melhona vida profissional, muitos trabalhadores ra nas condições psicológicas e, convoltam às salas de aula e ganham sequentemente, na vida no âmuma transformação na vida bito geral. Permite inclusive, pessoal e profissional. “Mesmo com a uma elevação na alta-esNo Brasil, a pretentima e melhora fatores pausa nos estudos, me são de garantir o empsicossociais. prego dos sonhos e a sinto confiante e capaz de Entretanto, quem possibilidade de muvolta aos estudos após alcançar os jovens que dança proporcionada anos parado encontra pelo Exame Naciosaíram do ensino médio muitos obstáculos. nal do Ensino Médio O apoio familiar recentemente.” (ENEM) faz com que pode ajudar a superar adultos ingressem em muitos deles, estudanRuthinéia Sobrinho, cursinhos pré-vestibulates que já são mães e pais estudante res e instituições de ensino possuem o apoio dos filhos, para adultos, como o EJA. mesmo enquanto crianças já noEm Goiás, o projeto Goiás Enem tam o ato heróico e corajoso dos pais. reforça a demanda de alunos que procuram Estabilidade financeira e realizaas salas de aula, ampliando a rede de ensino ção pessoal são alguns dos motivos para o para essa população. regresso. Ruthinéia Sobrinho Pereira de OliDe acordo com dados do Censo da Eduveira, de 39 anos, é cantora gospel e visuacação Básica de 2015, no Brasil existem mais lizou no curso de Jornalismo a oportunidae de 3,4 milhões de alunos estavam matricu-
para obter crescimento pessoal. Após terminar o ensino médio aos 17 anos, ingressou em uma instituição de ensino superior aos 38. “Mesmo com a pausa nos estudos, me sinto confiante e capaz de alcançar os jovens que saíram do ensino médio recentemente.” Com a mudança de ares, o conhecimento adquirido, os estudantes se sentem mais confiantes para enfrentar o mercado de trabalho, para buscarem além de uma vaga melhor, uma vida que abandonaram quando deixaram os estudos. É uma melhoria pessoal e profissional para a pessoa em questão, mas também para todo o setor financeiro e educacional do país.
Fonte: Andréa Naliato/ Censo escolar 20009
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qualidade de vida
Empresas investem no bem-estar dos funcionários Programas de qualidade de vida são fundamentais para o crescimento das organizações tividade entre os próprios participantes da equipe, fazendo com o que rendimento da obra dê muito resultados”. O analista de suprimento da empresa Consciente Construtora, Fabricio Godoi, mpresas investem cada vez mais em relata que a organização promove várias atividades de promoção a qualida- atividades para a qualidade de vida dende de vida, saúde e bem estar para tro da empresa, como ginástica laboral e os funcionários. Dormitórios, sala de des- hidroginástica. Além disso, Fabrício concanso, mesas de pingue-pongue, sinuca e ta que a Consciente oferece pufes fazem parte do ambiente de cursos de inglês e outrabalho. Essas iniciativas comtros para incentibatem alguns dos piores males o crescimento “Parte da motivação no varprofissional que afetam os profissionais: dos o estresse e os problemas trabalho de uma pessoa vem colaboradores. emocionais. Formada em vez por do fato de ela saber que tem Uma Recursos Humanos, Luano eles dão ciana Pires afirma que, uma viagem, um papel dentro das empresas deve tendo a opção importante na organização”. de escolher o existir a humanização, entender que as pessoas não seu destino. O Luciana Pires, são mais máquinas como ancolaborador recegerente de RH tigamente eram vistas e ter criabe folga no dia do seu tividade de inovar a fim de quebrar aniversário e se o funcioparadigmas em organizações que ainda nário completa cinco anos de vivem sob uma visão mecanicista. casa, re- cebe medalhas como forma Uma pesquisa recente realizada nos de honra. “Eu acho muito importante Estados Unidos, publicada pelo programa que as empresas invistam na qualidade de Fantástico, da Rede Globo, revelou que vida dos seus colaboradores, porque isso trabalhadores mais felizes produzem cerca é o futuro. Isto será uma necessidade das de 12% a mais. Já os infelizes, estes saem caro: os gastos com demissões de funcionários que não se sentem satisfeitos são de US$ 350 bilhões - quase R$ 900 bilhões - por ano. Para Emerson Alexandre Tartaia, diretor da Torton Engenharia, toda empresa deveria remunerar melhor seus funcionários. “Além de um bom salário, os nossos colaboradores ganham uma espécie de bonificação por rendimento; ao final de uma obra, é colocado porcentual de participação. Isso cria um espírito de competiTexto: Jackline Mendoça Edição e Diagramação: Suelen Mota
Créditos: banco de imagens
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DICAS
O Instituto Brasileiro de Coaching deixa uma série de questoes sobre a qualidade que o proprio colaborador deve buscar: Evite fofocas: tornam o clima pesado. Seja pontual, demonstre responsabilidade. Trabalhe em equipe; contar com o apoio dos seus colegas torna o trabalho mais produtivo. empresas, para que os funcionários produzam mais e ajude no crescimento da organização”, diz Fabrício. Para a psicóloga Karol Ribeiro, as empresas devem trabalhar sempre em prol de atender as necessidades das pessoas, isso inclui necessidades como salário em dia, benefícios, cumprimento de acordos e também atendendo e respeitando a qualidade de vida do colaborador. “Quem consegue conciliar trabalho com família, lazer, diversão, tende a ser mais produtivo no ambiente corporativo”, afirma ela.
Motivação “Parte da motivação no trabalho de uma pessoa vem do fato de ela saber que tem um papel importante na organização e que outras pessoas contam com ela”, afirma Luciana Pires. A qualidade de vida no trabalho está ligada à motivação dos funcionários. Para isso é necessário criar um ambiente onde as pessoas possam se sentir bem com a gerência, com elas mesmas e entre seus colegas de trabalho e estar confiantes na satisfação das próprias necessidades, ao mesmo tempo em que cooperam com o grupo.
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bem-estar
A terceira e melhor idade
Cada vez mais os idosos procuram alternativas para manter a saúde e a libido em dia
A
prática de exercício físico na terceira envelhece, todos os excessos envelhecem. Se idade é um elemento indispensável comer demais, a pessoa vai engordar e vai para retardar o envelhecimento. acelerar o envelhecimento de órgão internos Alguns idosos têm saído da rotina e apos- e da pele”. tado em atividades mais movimentadas. Dentre muitos exercícios recomendados, a Cirurgia Plástica dança tem sido a protagonista nos dias de hoje. Conceituada apenas como “um conPreocupados não só com o bem-estar e a junto organizado de movimentos ritmados qualidade de vida, a terceira idade tem aposdo corpo”, essa atividade prova que é bem tado em intervenções para melhor a estética mais que isso. Ela proporciona diversos be- e a autoestima, como tratamento facial e cinefícios, como a melhora da autoestima, da rurgias plásticas. ansiedade, do stress, da memória, da hiperSegundo dados da International Societensão e da obesidade. ty of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), com “Assim como a caminhada, a dança é 10% o Brasil com ocupa o segundo lugar no considerada uma atividade de baixo impac- ranking de procedimentos cirúrgicos e não to. Os riscos de futuras lesões são bem meno- cirúrgicos realizados em 2014, atrás somente res”, diz o professor de dança para terceira dos Estados Unidos com 20%. idade Adiel Alexandre. É o caso da aposenO geriatra Antônio Marques diz que a tada Maria Aparecida, 51 anos, que diz se questão estética do envelhecimento é algo sentir mais jovem depois cultural. “Aqui no Brasil as pessoas se imporde ter adotado a dantam e se incomodam muito com estética. ça. “Dança é lazer, Outras culturas não estão tão preocu“O álcool alegria e saúde. pados com essa parte externa.” envelhece, todos Quando eu estou dançando, não os excessos sinto dor. ” Sexo depois dos 60 envelhecem.” Corista e intérprete de O sexo continua vivo em qualJosé Araujo, Libras, Lívia Ferquer fase da vida. aposentado nandes, 64, destaIsso tem feito com ca o quanto a dança que vários idosos promudou a sua saúde físicurem especialistas, ca. “Eu tinha polineuropatia e entre eles urologistas, caía muito. A partir do momento em que sexólogos, ginecologiscomecei a praticar a atividade, minhas per- tas, geriatras e psicólogos, nas se fortaleceram. Eu troquei a fisioterapia visando ter mais inforcomum pela dança. ” mação. A fisioterapeuta, O cuidado com a saúde também é uma psicóloga e professora da preocupação e motivação para os idosos. A PUC/GO Gabriella Asaposentada Maria José Araujo, 70, garante sunção Alvarenga ressalta que se cuida e realiza check-up todos os anos. que “a maioria das pessoas Ela faz questão de dizer que a idade não a da terceira idade acha que impediu de conseguir sua segunda gradua- é natural pela idade perder ção no ano passado. Já o aposentado Antô- o desejo pelo outro, mas nio Marques afirma que para ter uma vida não é e deve-se procurar saudável é preciso evitar excessos. “O álcool ajuda”.
População idosa em crescimento – 13,7% da população brasileira tem mais de 60 anos de idade, segundo a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (Pnad) – A população brasileira acima de 65 anos deve crescer 4 vezes até 2060, chegando a 58,4 milhões de pessoas daqui 45 anos, segundo estimativas do IBGE. Com isto, os desafios para conseguir um envelhecimento saudável são inúmeros. Nos homens podemos citar andropausa, complicações com a próstata, impotência ou disfunção erétil. Nas mulheres, a menopausa, a atrofia vaginal e a falta de lubrificação, além da diminuição da libido. Um exemplo de casal ativo na terceira idade é o formado por Antonilo Rodrigues da Mata, 77 anos, e Ana Neves da Mata, 76. Eles revelam que nos 56 anos em que estão juntos nunca deixaram de ter relações sexuais. Quando se fala em preservativos, ela afirma: “não me sinto incomodada em usar se precisar”.
>> Apresentação dos alunos do Centro de Convivência Vila Vida
Foto: Sabrina Melo
Texto: Ingrydi Marques, Sabrina Melo, Alessandra Rocha, Fernanda Cassimiro e Marília Gomide Edição e Diagramação: Dinake Núbia, Aline Neném e Rosária das Virgens
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mulheres
Elas exigem respeito Mesmo com avanços em várias áreas, a discriminação por gênero ainda é uma realidade, como as desigualdades salariais entre homens e mulheres no Brasil Texto: Milena Barbosa e Fabiana Rodrigues Edição: Thales Dias e Marília Siqueira Diagramação: Thales Dias e Marília Siqueira
A
s grandes revoluções femininas no Brasil remetem ao século XIX, com as lutas pela inclusão na educação e o direito ao voto. Os espaços conquistados são ainda espaços em disputa. Vez ou outra, as mulheres se deparam com alguma tentativa de diminuição ou retirada de direitos. Um exemplo de preconceito e discriminação enfrentado ainda hoje é a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Os dados [gráfico à direita] revelam uma continuidade no processo de elevação da participação das mulheres no mercado trabalho formal, que em 2012 era de 42,47%. Apesar do avanço discreto no mercado de trabalho, o salário médio da mulher brasileira na educação superior representa 62% do salário de um homem, segundo a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O desemprego feminino supera o masculino em
1,34 %
A presença masculina ainda é predominante no mercado de trabalho. Enquanto as mulheres representam
42,47%
62 %
do salário do homem é o que a mulher recebe na educação superior brasileira
Fonte: Portal do Brasil, 2015 e Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE)
valorização do homem heterossexual, machista e viril. Para a historiadora Yordanna Lara, as mulheres continuam sendo prejudicadas, mesmo com os avanços. “A determinação de papeis entre homens e mulheres se confunde em espaços bem específicos e minoritários, mas, no geral e no inconsciente coletivo, ainda estão bem separados e estigmatizados”, esclarece. Violência “Tive de interromper A historiadora Yordanna Lara afirma que a igualcarreira acadêmica e um A violência contra a mudade de gênero precisa ser lher é estampada nas páginas mestrado por ser mulher” situada junto à totalidade dos jornais como reflexo da Luana Lutterman, das relações sociais, envolcultura machista da sociedamestre em letras vendo todos os sujeitos afede brasileira. De acordo com tados pela ofensiva do capital a socióloga, Thais Marinho: “A e do patriarcado, cujo princímasculinidade na sociedade brasileira pio básico é a desigualdade . A professora ainda privilegia uma estrutura de relação apoia a luta defendida pelos grupos feministas, entre três variáveis: a sexualidade, a reprodos quais participa, e contribui promovendo dução e o poder, que admite variações de classe e particularidades históricas e étnicas. conscientizações dos direitos da mulher. O gênero feminino é construído em torno da ideia de inferioridade e, por isso, existem Assédio os altos índices de violência física, estupros, “Tive de interromper carreira acadêassassinatos, entres tantos outros atos de viomica, um mestrado em Brasília, por ser mulência”, afirma. lher. Eu me sinto constrangida por contar Ela acredita que um dos passos para a dos preconceitos que sofri e perdi as contas igualdade múltipla seria a não legitimação das diversas vezes em que sonhos foram indos papeis sociais que, ao criar crenças, terditados ou me senti interpelada de modo disseminam no imaginário social posturas ridículo. É muito comum o assédio sexual e de violência contra a mulher por meio da
precisa ser denunciado”, revela a professora de Letras, Luana Alves Luterman. Uma em cada três mulheres no mundo já foi forçada a manter rela- ções sexuais ou sofreu algum tipo de agressão e abuso íntimo, segundo a vice-presidente do Comitê das Nações Unidas sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, Xiaoqaio Zou.
entre 46 países, o Brasil é o que tem maior diferença salarial entre homens e mulheres.
Fonte: Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE)
Goiânia conta com Centros de apoio e acolhimento à mulher vítima de violência e a denúncia é muito importante. Disque 180.
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saúde
artes plásticas
Mudança no cardápio Cerca de dez milhões de brasileiros que estão acima do peso buscam uma dieta ideal
Texto: Ingryd Bastos de Almeida e Caroline Santana Edição e Diagramação: Isabela Melo
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EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
o Brasil, o índice de pessoas que A pressa em obter resultados é o maior se alimentam mal é alto. Segundo perigo das dietas que podem ser realizadas de o IBGE, 56,9% da população acimaneira negligente, sem o acompanhamenma de 18 anos estão acima do peso. Além to de um profissional. Dentre as inúmeras disso, 20,8% das pessoas são classificadas dietas, a nutricionista Ana Carolina Rabelo como obesas. Para o nutrólogo, José Cardestaca duas que se sobressaem: a dieta com los Gomes, dieta não significa resultados o aumento da ingestão de proteína e a dieta de emagrecimento e sim de mudanças no de redução de carboidratos. estilo de vida. “Sem o acompanhamenSegundo ela, a primeira tem como finato de um profissional da área, a pessoa lidade a hipertrofia. A desvantagem da dieque busca dietas milagrosas vai ter todas ta são danos causados nas funções as repercussões de uma dieta sem os hepáticas e renais devido ao nutrientes adequados para o mí“Já fui daquelas aumento de ureia. Quanto nimo do funcionamento do à redução do carboidrato que fazem dietas organismo”. para perda de peso, a nuAlgumas pessoas insaloucas. Já perdi tricionista cita sintomas e tisfeitas com a saúde e com 7kg em uma os efeitos ao organismo, o corpo buscam uma vida tais como dores de cabeça, melhor através da alimensemana.” cansaço e fraqueza. tação seja por orientação Thays Guimarães, Thays Guimarães, de médica ou por conta própria, estudante de direito 20 anos, estudante de Direito, como é o caso de Luan Sávio afirma que sempre foi ligada à alide Freitas, de 19 anos, que decidiu mentação saudável e que praticava montar sua dieta substituindo frituras e enlatados por frutas, verduras e opções esportes quando criança, mas com o afastade lanches naturais, conciliando a boa mento dos treinos, optou por uma dieta que alimentação com exercícios físicos e se trouxe danos à sua saúde. “Já fui daquelas alimentado em média a cada três horas. que fazem dietas loucas. Já perdi 7kg em “Eu decidi que queria viver melhor comi- uma semana, amei, mas a consequência dego mesmo, e nada melhor do que começar pois foi pior, me deu anemia”, diz ela. Thays está sete quilos acima do peso e garante que com meu corpo”, afirmou. Complicações causadas por doenças voltará a praticar boxe, sua paixão, e que crônicas também levam à adoção de die- não vai desistir enquanto não obter êxito, tas funcionais. Yngrid Gomes, por exem- mas desta vez focada numa reeducação aliplo, foi surpreendida com o diagnóstico mentar apropriada. A nutricionista Ana Rabelo afirma que de diabetes aos 15 anos. Hoje, aos 18, dietas realmente funcionam. Se o que procucontinua seguindo sua dieta restrita de ra é um resultado correto e duradouro o memassas, açúcar e frituras. A mudança em lhor a se fazer é a educação alimentar. “Com seu hábito alimentar ocorreu por necessias dietas rigorosas o corpo só tem a perder. dade, mas houve melhoria em sua saúde Cada pessoa precisa de quantidades diferen“Mesmo sendo difícil, percebi mudanças tes de macro e micronutrientes para o bom como não sentir mais fraquezas, dormir funcionamento metabólico”. bem e estar disposta é o melhor”.
Nutrição vegetariana No decorrer do tempo, mais pessoas vem adotando o vegetarianismo. Esse tipo de alimentação tornou-se cada vez mais comum para as pessoas que procuram qualidade de vida. Lembrando que alimentação saudável deve ser aquela que consegue suprir todas as necessidades de nutrientes do nosso corpo e deve ser adequada ao modo de vida e realidade de cada um. O vegetarianismo tem diversos argumentos, entre eles estão maus tratos e contrabando de animais, destruição de florestas para o cultivo de gado, aquecimento global, desperdício de água para o tratamento e comercialização da carne. Essa prática de não comer carne de qualquer tipo de animal, com ou sem uso de laticínios e ovos, é uma das principais razões para as pessoas adotarem o vegetarianismo, consumindo apenas alimentos de origem vegetal. Gustavo Cruzeiro, estudante, é vegetariano desde agosto de 2015 por motivos éticos e por achar a indústria da carne “suja”. “O ser humano é capaz de sobreviver sem carne e demais alimentos de origem animal. Só que é um pouco complicado sair pra comer fora, pois a maioria dos bares e restaurantes não tem alimentos sem carne”, reclama.
Ingryd Bastos de Almeida
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fisiculturismo
Um esporte de mudanças radicais Jovens veem na musculação intensa uma opção atrativa para o crescimento da massa corporal
Texto: Isabela Quize Edição e Diagramação: Nívia Galdino e Lucas Almeida
toda energia para construção do músculo. Nela contém carboidrato, proteína, gorduras e minerais. Então basicamente a dieta de um fisiculturista é hipercalórica e hiperprotéica”. O treino é bem pesado, consiste em séries de exercícios e o resultado da fisiculturismo é a prática regutransformação do corpo é mais rápido, com lar de exercícios para o deseno auxílio de um profissional dedicado apevolvimento do volume e definição muscunas para aquele atleta. lar, por meio também de dieta alimentar Antes vista com ressalvas, a modalidade especial, com fins estéticos e competitivos. vem caindo no gosto dos jovens. “Além de mal O início das competições data da década visto, quem pratica não é valorizado como de 1940 e impulsionou o crescimento da atleta. O problema ocorre quando conciliam modalidade. Entre os campeões braa prática com o uso indevido de sileiros, o goiano Douglas Maresteroides anabólico-androgê“É só treinar ques começou o seu desenvolnico, mais conhecidos como vimento físico bem jovem, anabolizantes. “O uso de pesado, ter entre os 14 e 15 anos. anabolizante juntamente disciplina e calma, que Recentemente, Doucom a dieta é utilizado, com o tempo os glas foi campeão da Body mas não recomendado, resultados Classic na categoria juvepois a maioria das pesaparecem.” nil. “Eu era muito magro, soas que tomam, fazem Douglas Marques, pesava em torno de 47 kg. sem orientação médica, o fisiculturista Sempre que via as fotos dos que pode danificar o orgaatletas me via com “tal” corpo e nismo e gerar riscos à saúde”, isso me motivou a iniciar os treinaexplica Douglas. mentos”, lembra. Hoje com 77 kg, já parSe- gundo pesquisas o uso de anaboliticipou de três campeonatos, ganhando o zantes pode trazer inúmeras consequências. 2° e 3° lugar. “Antes de começar os treina- Eles são hormônios sintéticos fabricados mentos, eu já era fascinado pelo esporte, a partir da testosterona, hormônio sexual após iniciar a prática e obter resultados, masculino. Eles ajudam no desempenho, na acabei me motivando a participar de cam- força e no ganho muscular, mas são considepeonatos”. A dieta do Douglas é composta rados substâncias proibidas, em competições de proteína e muito carboidrato, claras de esportivas por exemplo, se o atleta for pego ovo, carne vermelha, arroz branco e ba- usando esse tipo de hormônio, ele pode ser tata doce. banido para sempre. Além de levar a depenA transformação do corpo ocorre de dência, o uso desses medicamentos atinge acordo com o empenho na academia. Quem tanto os homens quanto as mulheres e pode escolhe ser fisiculturista deve ter quatro pi- trazer inúmeras consequências ao usuário, lares essenciais: alimentação, hidratação, como: engrossamento da voz (mulheres), treino e descanso. A dieta é o primordial e acne em todo o corpo, aumento dos pelos depende da categoria que o atleta escolhe. no corpo, irregularidade nas funções mensMuita gente acredita que fisiculturistas vivem truais, disfunções testiculares, alteração no de anabolizantes, mas não, sem dieta o pro- humor, impotência sexual, ataques cardíacos cesso não acontece”, explica o endócrino e e hipertensão, além é claro de problemas no nutrólogo Amir Saado. “A dieta vai fornecer fígado e intestino.
Marco Túlio de Asssis
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>> Douglas Marques campeão Body Classic
(IFBB) na categoria Juvenil
Fisiculturismo no mundo feminino É comum associar o fisiculturismo ao universo masculino, porém as mulheres também praticam e há até as que superam os homens. As regiões metropolitanas do Brasil concentram o maior número de atletas, inclusive a campeã mundial Larissa Cunha, que nasceu em Curitiba. As mulheres tendem ir atrás da modalidade em busca de força, aptidão, saúde e estética. O primeiro campeonato feminino foi realizado na década de 70 com o Miss Physique e o Miss Americana. A partir daí, o interesse entre as mulheres só cresceu.
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capa
Inovações na forma de educar
Mudanças no modo de punição e avanços tecnológicos estão gerando transformações na maneira de criar os filhos mentos, quando acontecem de forma não amigável, tem influenciado de forma negativa o contexto de como estão agindo as crianças e adolescentes, pois após a separação dos pais muitos se tornam agressivos e rebeldes. Do ponto de vista bíblico, no que diz ão há nem nunca houve um único respeito à criação dos filhos, existe uma modo de criação dos filhos. Pais, necessidade de regras, normas e princípios biológicos ou não, juntos ou sepa- que devem ser obedecidas. Segundo o teórados, avós, tios ou quem quer que seja, logo Moisés da Corte Miranda, quando isso não acontece, perde-se o referencial de o fato é que quem sabe a melhor maneiautoridade. “É o que nós vemos, ra de se educar uma criança são pais sem autoridade sobre os seus responsáveis. No entanto, “Estamos vivendo filhos, filhos que mandam mudanças gerais na forma uma mudança pronos pais. Isso tem sido um de criação que a sociedade problema para nossa soacredita ser a certa andam gressiva e muito ciedade”, afirma. ocorrendo, como por exemrápida em relação à Para a aposentada plo nas formas de punição. criação de filhos.” Manuelita Adenir ForO artigo 18 da Lei 8.069 Manuelita Adenir, tes, “estamos vivendo do Estatuto da Criança e do aposentada uma mudança progressiva Adolescente assegura que os e muito rápida em relação à menores de idade “têm o direito criação de filhos”. Ela, que tem de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel a res- ponsabilidade de criardois netos ou degradante, como formas de correção, adolescentes, diz que vê pais reféns ou codisciplina, educação ou qualquer outro mandados pelos filhos por terem que ficar pretexto, pelos pais, pelos integrantes da o dia todo longe deles. Quando voltam família ampliada, pelos responsáveis, pe- para casa, tendem a sentir culpa. Por oulos agentes públicos executores de medi- tro lado, os filhos, percebendo a fragilidadas socioeducativas ou por qualquer pes- de dos pais, querem ditar as regras. soa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los”. Segundo a presidente do Conselho Tutelar de Aparecida de Goiânia, Maria Luísa Brandão, existem várias formas de correção sem os pais ou responsáveis terem de apelar para o castigo físico. Ela cita alguns exemplos, como proibi-los de fazerem aquilo que mais gostam ou colocá-los no cantinho da disciplina. Maria Luísa garante que uma boa conversa é sempre uma ótima aliada. Além disso, afirma que a dissolução de casa-
Texto: Ruthinéia Sobrinho Pereira e Maria José dos Santos Cruz Edição e Diagramação: Juliana Nogueira e Sarah Rhayane
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Influência tecnológica
Segundo a socióloga e professora da PUC Goiás, Neusa Maria Branco, do ponto de vista da sociologia, um dos fatores que contribuem para as mudanças e transformações na criação dos filhos são as novas tecnologias da comunicação e informação. A mídia é forte aliada na influência e manipulação de crianças, jovens e adolescentes. Ela afirma que é necessária “uma análise crítica dos pais em relação aos produtos oferecidos pela mídia aos filhos, pois ela tem o poder de interferir nessa criação e formação, levando os pais ou responsáveis à futuras frustrações”. Para Núbia Cristina Alves, que é divorciada e cria dois filhos adolescentes com a ajuda dos pais, que lhes dão suporte desde a sua separação há dez anos, não está havendo padrão de família. “As pessoas estão egoístas e só pensam em si mesmas e, por isso, há tantas consequências ruins”. Segundo Núbia, a criminalidade, a marginalidade, jovens entrando cada vez mais cedo para o mundo das drogas, a internet liberada para as crianças pelo celular muito precocemente são questões preocupantes. “Que Deus desperte os pais a voltarem ao padrão de família, e é uma inverdade aquela frase que diz: família, instituição falida”, conclui.
>> Moisés da Corte Miranda e família
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artes plásticas
Mudanças e transformações na adolescência Rapazes engrossam a voz, o corpo das meninas ganha mais forma e opiniões começam a se formar Texto: Rafaella Soares Edição: Aline Nenem e Rosária das Virgens Diagramação: Aline Nenem
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lém das mudanças que ocorrem fisicamente, os adolescentes são assombrados por questões emocionais que, na maioria dos casos, viram grandes problemas psicológicos. E não é para menos, sobretudo quando se trata da maior mudança que ocorre na vida de alguém. O primeiro namorado, decepções amorosas, amizades destruídas, problemas que, se não acompanhados, podem causar grandes transtornos futuros. De acordo com a psicóloga Vanessa Crédito: freepik Micaelly Vieira, grande parte dos sem coragem de conversar com adolescentes têm a necessidade a mãe sobre suas dificuldades de passar por um terapeue achando que não tem ta para se autoconhecer, “Como é difícil amar e amigos, Ana conta que porque nessa fase os senvárias vezes crescer. Crescer não foi jáempensou timentos são confusos fugir de casa e que um problema, e nunca e precisam de acompaainda não o fez porque nhamento. “Jovens ainda será, o maior problema é sabe que não tem para ficam mais deprimidos onde ir. “Quando tea sociedade.” quando se descobrem, por nho vontade de fugir, Douglas Máximo, exemplo, homossexuais. vou para a rua e choro até estudante Porque nesse momento o cornão aguentar mais, então eu po tem um desejo e a sociedade volto para casa”. Ela faz parte dita que devem desejar o sexo oposto.” da grande parcela de adolescentes Para o jovem Douglas Máximo, 18 anos, que não tem condições de ter um a passagem pela adolescência foi uma transi- acompanhamento psicológico. ção de muito sofrimento. Desde criança ele Muitos pais também não conseguem foi vítima de bullying no colégio e quando perceber esse tipo de problema nos filhos se tornou adolescente, continuou sofrendo e em vários casos eles são ainda mais difípreconceitos por ser obeso e homossexual. ceis que os próprios adolescentes, porque Passou por terapias, fez cirurgia bariátrica acham que é um problema que pode ser e conseguiu superar os problemas. “Diaria- resolvido com rapidez, como afirma a psimente me pergunto como a vida é uma faca cóloga Vanessa Vieira. “O ideal é que os de dois gumes e sem punhal. Como é difícil pais passem por uma terapia para aprenamar e crescer. Crescer não foi um problema, derem a entender os filhos. Já os filhos e nunca será, o maior problema é a socieda- devem fazer para encontrarem respostas de, a construção social, o ambiente ao qual para seus dramas pessoais.” estamos inseridos, a intolerância, o preconNão são só as mudanças físicas que ceito e a aceitação da diversidade”, afirma. transformam a vida de um adolescente. Aos 12 anos, Ana Carolina acredi- No caso da estudante Lorena Fernandes, ta que a vida não reserva nada de bom 20, a gravidez inesperada aos 16 anos para o seu futuro. Com os pais separados, mudou completamente sua vida. “Preci-
Gravidez precoce
Gravidez na adolescência não é novidade para ninguém, mas o que tem sido preocupante é o aumento de adolescentes que não estudam e nem trabalham por conta dos filhos. Um levantamento feito pelo Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) concluiu que em 2013 pelo menos 75% das adolescentes que têm filhos estão fora da escola. O mesmo estudo diz que pouco mais de 104 mil jovens com filho estudam e as que trabalham fica em torno de 52 mil. O MEC (Ministério da Educação) diz que não possui um programa específico para jovens mães que deixam os estudos, mas afirma que em parceria com as prefeituras desenvolve dois programas, um de prevenção à gravidez na adolescência e outro de oferta de creches.
sei parar de estudar e trabalhar, pois tive uma gravidez delicada, o pai do meu filho morava comigo, mas acabou não dando certo e nos separamos.” Ela explica que o apoio e a ajuda dos pais foram fundamentais nesse processo e diz que o diálogo foi extremamente importante.
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artes plásticas
O caminho longe de casa O início dos estudos no ensino superior marca uma nova etapa na vida dos jovens ‘‘Mesmo sabendo cozinhar, comida de mãe faz falta.”
Texto: Guilherme Barreto, Nathália Costa, Yanka Araújo, Eliara Salla Edição e Diagramação: Lucas Melo e Sara Prado
Karinelle Palhares, estudante de engenharia civil
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uando as cidades do interior não oferecem seu curso de interesse, os jovens partem para o desafio de morar sozinhos em cidades grandes e cuidar de suas próprias obrigações. Deixam a comodidade do lar, o carinho dos pais e a ausência de responsabilidades domésticas. De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Estágios (ABRES), feita pelo MEC em 2013, ingressam nas universidades, por ano, cerca de 2 milhões e 700 mil alunos em todo Brasil. Deixar os familiares para estudar força os alunos a aprender mais sobre crescimento e responsabilidade. Mas a saudade e a falta dos pais é uma consequência dessa mudança. A estudante de Engenharia Civil Karinelle Palhares de Freitas Castro, 21, morava em Mineiros (GO). Quando completou 18 anos foi para Uberlândia (MG), onde morou durante 2 anos. Karinelle tinha como objetivo conquistar uma vaga na Universidade Federal de Uberlândia, (UFU). Atualmente a estudante mora em Jataí (GO) e está cursando o terceiro período no Instituto Federal de Goiás. “Meus pais sempre me apoiaram muito nos meus estudos. Apesar de sentirmos muita falta do convívio, do carinho físico, do dia a dia ao lado uns dos outros, estamos lidando bem com a situação, porque pensamos mais na minha realização profissional”, diz Karinelle.
FOCO ‘‘Confesso que queria ir morar longe dos meus pais. Imaginava a dificuldade que seria em me virar sozinho longe de casa, mas o desafio só me dava mais vontade de mudar para outra cidade. Sempre achei que seria uma experiência engrandecedora ter minhas responsabilidades”, conta Edinésio, estudante de Medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT), que antes morava em São Simão, em Goiás. Para ele, os desafios são infindáveis. Mas alguns são mais complexos do que outros. Um deles é ter que administrar a casa e pagar contas que passaram a ser conduzidas por ele. “Adorei poder tomar minhas próprias decisões e arcar com suas consequências”, diz o acadêmico. A liberdade é maravilhosa. Ao longo desses 6 anos, pôde montar o seu próprio código de conduta que o ajudou na criação de seu senso de ética e moral. “Não acho que sob os olhares dos meus pais, eu me colocaria em situações que me fariam refletir sobre o certo e o errado, sobre até onde vai o meu espaço e onde começa o espaço do outro e situações equivalentes.”
TIPOS DE MORADIA Variados são os tipos de moradia para facilitar a vida do estudante. A república, chamada a casa ou o apartamento, possui muitos quartos, divididos entre estudantes de diferentes cursos, idades e até sexos diferentes (há repúblicas só de meninos ou só de meninas também). Outra opção é a Casa do Estudante, que são pequenos apartamentos ou quartos divididos também por estudantes considerados de baixa-renda, oferecidos pela universidade. Para os jovens que dependem da assistência estudantil, os enfrentamentos são ainda maiores. Segundo a pesquisa de Lívia Mesquita de Souza “Jovens universitários de baixa-renda e a busca pela inclusão social via universidade”, os jovens que moram nas Casas de Estudantes vivem uma nova exclusão na universidade por estarem nessa condição dependente da assistência estudantil para a manutenção do curso. “Embora esteja assegurado a esses estudantes o direito de residir na cidade onde estão estudando, esse direito é concedido de um modo muito precário, tendo em vista as condições de moradia e de convivência. Isso traz consequências, muitas vezes, dolorosas, como o sentimento de estar numa condição inferior,” afirma.
>> Casa do Estudante da PUC Goiás
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AVENTURA É O DESAFIO, EVOLUÇÃO É O RESULTADO A psicóloga Carla Rejane Paiva fala sobre o desejo dos jovens de conhecer e desbravar o mundo. “Na realidade, estas mudanças vem de encontro com o desejo de conhecer o mundo então não as vejo como drásticas e avassaladoras. São coerentes com as ansiedades de todo jovem”. Ela ressalta a importância da participação dos pais, dando limites, regras e responsabilidades adequadas a idade de cada filho. O preparo deve ser continuo. “A criação e educação dos filhos é uma constante atitude cuidadora e responsável”, diz ela. Segundo Carla Rejane, há momentos de fragilidade porque é da natureza humana e, quando bater a insegurança, os pais acolhedores saberão que vão precisar estar mais presentes, seja pessoalmente ou por telefone. A psicóloga afirma ainda que não há o que temer, desde que as regras e responsabilidades sejam bem planejadas. “Verão que conseguem fazer coisas, desenvolverão habilidades para lidar com o inusitado e, após estas novas descobertas, verão que são capazes de ir além, arriscarão novas habilida-
DO ENSINO MÉDIO AO SUPERIOR Texto: Naiane Batista
des. Terão novos exemplos que são os mestres, conhecidos e poderão com isso administrar o que lhes servirão e o que descartarão e isso é crescer, amadurecer. Usar das habilidades conhecidas e ampliá-las. Os filhos vão ganhando espaço na casa e nas atividades da família.”
INGRESSO DE JOVENS EM UNIVERSIDADES NAS REGIÕES BRASILEIRAS
NORTE
7,4%
NORDESTE CENTRO-OESTE
18,8%
SUDESTE
47,9% SUL
15,7%
Fonte: Associação Brasileira de Estágios (ABRES)
10,2%
O estilo de estudo que o terceirão imagina vai mais além. O ingresso na faculdade pode representar um período delicado de mudanças, em que a adaptação ao novo ritmo de estudo pode não ser tão simples assim. “Os calouros são os alunos que se formaram em dezembro e, em fevereiro do ano seguinte, começam na faculdade. Ele fica um período deslocado e assustado com as novidades que surgem na fase de adaptação.” , comenta a professora Adélia Freitas, que leciona para alunos do Ensino Médio e para universitários. A faculdade tem oferecido diversas experiências, o que faz com que alunos de pouca idade passem a ter maturidade diante dos desafios da vida, e a primeira delas é a liberdade que o estudante tem dentro da instituição de ensino, onde o professor não estará mais no seu pé, A aluna de Relações Internacionais da PUC Goiás Yara Otto conta que no colégio criavam-se mais laços com as pessoas por ficarem um ano juntas. Na faculdade, de seis em seis meses a turma pode mudar. “O círculo de amizade vai girando, mas o legal é que conhecemos pessoas de diferentes estilos de vida”. Ela também menciona que no primeiro semestre se sentiu um tanto perdida com as novas informações e com as responsabilidades que teve que tomar de forma rápida. Administrar o tempo, as notas e estudar línguas para aprimorar os conhecimentos são alguns exemplos. “Antes meu único objetivo era entrar na faculdade e, agora que estou nela, meu objetivo é criar uma carreira.’’ Além da universidade possuir o papel de profissionalização, ainda existe a função de preparar o emocional do estudante para enfrentar o mercado de trabalho e relacionamentos na vida. Qual seja a área escolhida para graduar, o ensino superior amplia o conhecimento e desenvolve uma linha de pensamento técnico para uma carreira de sucesso diante desse mundo.
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Cabelos Coloridos
Texto: Anna Flávia Lopes e Katrine Fernandes Edição e Diagramação: Camila Costa
panorâmica
Independência Quando se fala em cabelos longos, logo vêm à mente diversos tipos de cortes e penteados, mas ultimamente uma nova tendência está em alta: os cabelos coloridos. Várias mulheres aderiram à moda que se tornou popular com a influência de celebridades nacionais e internacionais. Colorir os cabelos é uma expressão de personalidade, da vontade de a pessoa ter a sua marca. Natasha Freitas Aquino diz que já teve partes do cabelo pintado quando era adolescente mas sempre quis colorir tudo. “Depois que fiquei adulta resolvi colocar essa vontade em prática e pintei todo ele”, conta, ostentando um penteado cor-de-rosa. Natasha Freitas Aquino
Fonte: Click&Ink Fotografia e Tatuagem
Vontade própria
Quem tem coragem de quebrar os padrões e enfrentar os modelos tradicionais deixa a sua experiência como exemplo e dá iniciativa para outras pessoas expressarem a sua forma de ser. Isadora Fucci diz que já teve várias cores de cabelo como rosa, azul e roxo. Ela faz hidratação regularmente e sua tinta é à base de creme, o que também ajuda a manter os fios saudavéis. “Eu sempre pintei meu cabelo, desde muito novinha. Gostava, além do diferencial, de me identificar com a cor que estava. Estou com ele verde há 3 anos. Escolhi essa cor por ser a favorita do meu filho, que é fã do Hulk.” Isadora Fucci
Cuidados com os cabelos
A cabeleireira Dayane Carla afirma que é interessante que a pintura dos fios seja iniciada aos poucos e é necessária atenção à idade da pessoa. “Caso a cliente queira realizar uma coloração, sempre é bom fazer um teste antes de iniciar o procedimento para ver se os fios aguentam, para no fim sair um trabalho perfeito. Não é indicado para crianças, pois o couro cabeludo delas é mais sensível e pode ser prejudicial.” Os cuidados para manter os cabelos coloridos com qualidade são essenciais. Hidratação e retoques são sempre recomendados para garantir a duração e eficácia da tinta. A cabeleireira indica hidratação pelo menos uma vez por semana às suas clientes.
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sertanejo
Do caipira ao universitário A origem e as mudanças de um dos estilos musicais mais tocados no Brasil Texto: Victor Pimenta Edição: Felipe Cardoso e João Vitor Correa Diagramação: Felipe Cardoso
abordarem um contexto social, como a música O Último Julgamento, por exemplo. A música espalhou-se na década de 1980 em rádios FM e na televisão. Durante as décadas de 80/90, suregundo o site A História, as expressões “música de raiz” ou “música caipira” giram inúmeros artistas conhecidos até surgiram para designar um estilo ori- hoje, como Chitãozinho & Xororó, Zezé ginário em locais afastados. A expressão ser- Di Camargo & Luciano, Matogrosso & taneja surgiu por conta das secas na região Mathias, entre outros, artistas sob forNordeste e a música abrangia os estados do te influência do country americano. Nos Centro-Oeste, o interior de Minas Gerais, anos 2000, um movimento parecido com São Paulo, Paraná e Rondônia e Goiás. Para o da década de 1970 foi criado, chamado ser denominado “sertanejo”, era necessária por muitos de sertanejo universitário, com uma composição ao som de instrumentos tí- cantores como Victor & Léo, Jorge & Mapicos do Brasil, como uma viola caipira, por teus e Gusttavo Lima. Se comparado ao início, o estilo sertanejo exemplo. Os cantores soltavam as vozes sozinhos ou se reuniam em duplas. O ritmo musi- mudou muito. Não só em relação às letras, cal dura até os dias atuais, porém com trans- que acabaram diminuindo e tornando-se formações, tanto nas composições, quanto mais fáceis de decorar, com refrãos pegajosos, fazendo com que se espalhem com nos modos de tocar. facilidade. Os padrões tradicionais Tudo começou em 1929, com foram substituídos por cabelos as trovas da canção Causos, de Cornélio Pires. Tinham “Hoje os shows são arrepiados, calças coladas, colachapéus, botas e pulseiras. características simples verdadeiras peças res, Sertanejo virou um show para com letras que falavam de teatro” os amantes da música curtirem, do campo, vozes agudas Leo Roque, beberem e dançarem. ao som de violas. Nessa produtor musical O produtor artístico Léo Romesma época destacaramque diz que o perfil dos novos canse duplas como Alvarenga & tores são pessoas fisicamente bonitas, Ranchinho, Torres & Florêncio e c o m vestimentas da moda, dispostos a faTonico & Tinoco, por exemplo. Passaram-se anos e na década de 1970, zer um espetáculo em cima do palco. ”Hoje segunda era do movimento, Palmeira & Biá, os cantores interagem demais com o público, Cascatinha & Inhana e Milionário & José brincam com a banda, tocam vários instruRico inovaram com o uso de novos instru- mentos musicais, dançam. Resumindo, hoje mentos em suas composições além das letras os shows são verdadeiras peças de teatro.”
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Com o mercado crescente, a junção com outros gêneros, as letras ficaram mais animadas, aumentando a quantidade de shows. A internet chegou para mudar o mundo e a música não fica de fora disso. Hoje, cada vez mais, cantores buscam esse meio para divulgação e interação com os fãs. É ali que o cantor, muitas vezes, começa sua carreira. “A internet, sem sombra de dúvidas, contribui bastante para a música, pelo fato de a pessoa ter acesso fácil e gratuito. Os artistas se promovem e conseguem grande alcance”, afirma Matheus, da dupla Sérgio Costa e Matheus.
O site de Wikihow apresenta três métodos para divulgação de trabalhos
1 Prepare-se para divulgar sua música • •
Certifique-se de estar pronto para compartilhar sua música Descubra seu estilo
2 Divulgue sua música online • • • • •
Divulgue sua música no Twitter Divulgue sua música no Facebook. Divulgue sua música pelo Instagram Divulgue sua música em um website Distribua músicas online.
3 Divulgue sua música em pessoa • • • •
Construa laços em pessoa. Crie um kit de imprensa matador Encontre um empresário Faça apresentações sempre
Inovaram com o uso de de novos instrumentos em suas composições
Suas letras abordam o contexto social, também em forma de contos
Até 1960
Internet como aliada
1970 Suas letras abordam o contexto social
1980/90
Letras menores e junção com outros gêneros musicais
2000 Letras menores com refrãos pegajosos
Após 2000
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drogas
A luta contra a dependência química As transformações de quem sofre os males causados pelas drogas e as consequências do vício que pode mudar totalmente o rumo de uma vida Texto: Felipe André Patrick Wallison Edição: Stéfany Ilalia, Sthephany Paula e Karyta Gonzaga Diagramação: Stéfany Ilalia
O
consumo de determinadas drogas continuadamente pode criar o que chamamos de dependência. Esta necessidade é caracterizada por alterações mentais ou físicas profundas que dificultam o controle do seu uso ou da sua abstinência. Desse modo, o usuário acredita que para se sentir bem, ou mesmo sobreviver, precisa se drogar criando o que se chama de dependência psicológica. Já a dependência física, é mais profunda atingindo o mecanismo energético e estrutural do usuário. Estas duas dependências dificultam o usuário de se livrar do vício. Assim, a psicóloga Glauciene Silva Alves analisa a dependência e a dificuldade do indivíduo de deixar o vício. >> Cracolândias em várias capitais brasileiras mostram o poder do vício O assunto é complicado para o dependente falar em público derealizado por um grupo, vido a vergonha e o medo de visando o tratamento de ser discriminado. Para ela, a dependência química leva o “O assunto é complicado pessoas realmente interessadas em se tratar. ser humano a uma jornada A prevalência do uso de drogas para o dependente falar Os internos desenvolmuitas vezes sem volta, pois continua estável em todo o mundo, vem outras atividades nem sempre a ajuda exterem público.” de acordo com o Relatório Mundial como ajudantes na na será o suficiente. Glauciene Silva, sobre Drogas de 2015 do Escritório cozinha e responsáveis Dependentes procuram psicológa das Nações Unidas sobre Drogas e pela limpeza do salão, as clínicas de reabilitação para refeitório e dormitórios. Há Crimes (UNODC). Estima-se que um tentar voltar a ter uma vida nortambém atividades recremal. As regras são repassadas a eles total de 246 milhões de pessoas - um ativas, xadrez, futebol, e desde o primeiro mês. As instituições usam pouco mais do que 5% da população psicólogos e a palavra de Deus como um dos alguns halteres para quem deseja manter a mundial com idade entre 15 e 64 anos métodos de tratamento. A Associação Servos forma física. O dependente Oberdan Tava- tenha feito uso de drogas ilícitas em de Deus é uma instituição que tem o objeti- res revelou um pouco mais sobre sua experi2013. Cerca de 27 milhões de pessovo de ajudar os dependentes. O local busca ência nas drogas. Seu vício maior se tornou as fazem uso problemático de drogas, através da fé e oração trabalhar para que o álcool, onde chegou a ficar em depressão das quais quase a metade são pessoas as pessoas antes condenadas pela sociedade, profunda em um quarto durante 15 dias que usam drogas injetáveis (PUDI). trancado, , emagreceu 12 quilos. “O álcopossam se tornar livres novamente. O diretor da chácara Maria de Nazaré, Ro- ol ficou tão ativo na minha vida, que já me Site: UNODC naldo Bernardino, explicou que o trabalho é prostitui para beber.”
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Imprudência e sequelas
Vítimas de violência no trânsito tentam reeguer suas vidas Texto: Jefferson Santos Edição e Diagramação: Lilian Camargo
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egundo dados do Hospital de Urgência de Goiânia (HUGO), no ano de 2014 deram entrada na unidade cerca de 10.485 pessoas vítimas de acidentes de trânsito. Em 2015, esse número diminuiu para 8.490 pessoas. Nos dois primeiros meses de 2016, 1.015 pessoas foram vítimas de acidentes de trânsito foram atendidas no pronto-socorro do hospital e em 64% desses acidentes motociclistas estavam envolvidos. Luciano Reis, 28 anos, foi vítima de um acidente de trânsito no dia 12 de agosto de 2012. Ele conduzia uma motocicleta quando o veiculo que estava à sua frente fez uma conversão proibida. Luciano acabou colidindo na lateral do veículo. Como alta velocidade, o impacto da colisão o fez perder parte dos sentidos. Levado ao HUGO, foi diagnosticado com fratura na clavícula em dois lugares e teve um dos pulmões perfurado. Sofreu ainda o desligamento de um nervo no antebraço e na coluna, fazendo com que perdesse o movimento do braço direito. Com as sequelas, ele deixou de trabalhar, recebe ajuda previdenciária, mas que não dá para cobrir o tratamento. Isso mudou sua vida por completo, sua autoestima ficou baixa, apesar de ainda se ver como uma pessoa normal.
EMERGÊNCIA
Segundo o Dr. Bertolini, coordenador de emergência do HUGO, os pacientes que são atendidos na unidade, principalmente aqueles vitimas de trauma, vão apresentar algum tipo de sequela. Isso é decorrente da gravidade do trauma. Alguns pacientes, dependendo da pancada do acidente, podem sofrer traumatismo craniano, ao ponto de o paciente ficar com sequelas permanentes, podendo até mesmo acabar em estado vegetativo, explica o coordenador. Bertolini disse ainda que, outras sequelas, trauma na coluna, AVC, podem também ser permanentes. Algumas vezes essas sequelas podem ser revertidas parcialmente, de 40% a 50% após algum tempo de fisioterapia e acompanhamento medico.
Ele tem dificuldade em fazer muitas coisas, como manusear uma faca com uma mão só e digitar no computador. Teve que se adaptar à situação e com sua nova forma de vida. “Hoje voltei a dirigir carro e moto, mas sempre com receio, e um pouco de trauma”, afirma Luciano, ainda esta em tratamento. Segundo ele, a fé o ajuda a enfrentar todas essas dificuldades. Luciano passou por uma cirurgia de reconstituição de músculo cutâneo e após 230 sessões de fisioterapia recuperou 40% dos movimentos do braço com procedimentos realizados no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER). PSICOLOGIA Para a Dra. Luciana Mendonça, psicóloga do HUGO, os médicos trabalham sempre com a pior das hipóteses. “A maior possibilidade é essa, não andar, ficar em estado vegetativo.” Quando a família pergunta “se existe outra possibilidade”, nesse momento os médicos e a equipe de psicologia devem estar preparados e apoiar o paciente e seus familiares. Ela conta o caso de um paciente que o prognóstico era péssimo, mas, pouco tempo depois de sair do hospital, teve uma recuperação surpreendente, graças à fisioterapia. O paciente precisa ir para a reabilitação e ter força de vontade, bem como sua família. “O apoio familiar é muito importante”, reforça a médica.
ATENDIMENTO ESPECIAL NO CRER O atendimento multidisciplinar no CRER é prestado por uma equipe formada por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos, educadores físicos, musicoterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, enfermeiros e farmacêuticos, entre outros profissionais que oferecem ao paciente um tratamento multiprofissional e humanizado. Antes de iniciar as atividades de reabilitação, o paciente é avaliado por uma equipe especializada. Trata-se da Avaliação Global, que tem como objetivo definir um programa individualizado de reabilitação que pode incluir arteterapia, atividades educativas, avaliação neuropsicológica, educação física adaptada, equoterapia, estimulação visual, fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia, musicoterapia, natação, psicologia, serviço de Biofeedback, serviço social, terapia ocupacional, entre outros métodos terapêuticos. Desde a abertura em 2002 o número de pessoas atendidas foram 356.046 mil e a media de procedimentos cirúrgicos é de 624 por mês.
>> Paciente faz tratamento de reabilitação com equipe do CRER
Foto de Humberto Silva
acidentes
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pesquisa
A pílula da esperança e da discórdia Os reais efeitos da ‘pílula do câncer’ geram polêmica na medicina Texto: Welinton Pereira Silva e Debora Soares Edição e Diagramação: Debora Soares e Ingrid Cardoso
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studos desenvolvidos na Universidade de São Paulo (USP) apontaram para uma substância, a fosfoetanolamina sintética, como possível cura do câncer. O Professor do departamento de Química da USP, Gilberto Orivaldo Chierice, está à frente dos estudos a cerca de 20 anos. Para o oncologista Oren Smaletz, 44 anos, é um retrocesso utilizar substâncias sem a comprovação de sua eficácia, além de um grande risco à saúde. Em entrevista ao site GCN, Oren, que é membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), lembra que a falta de informações sobre a substância limita que os profissionais possam falar sobre o assunto. Sem conhecer nenhum paciente que tenha tido resultados positivos com a droga, ele acredita que estão usando o desespero dos doentes com a ilusão da cura. De acordo com o professor Gilberto, a fosfoetanolamina sintética imita uma substância que existe no organismo e então indica as células cancerigenas para que o sistema imunológico as reconheça e as aperfeiçõe. Gilberto explica que a ingestão das cápsulas manipulam para as células cansegirenas sejam destruidas, fazendo com que o tumor desapareça entre seis e oito meses de tratamento. Ele alerta que variar de acordo com o sistema imunológico de cada paciente. O coordenador do Movimento Fosfoetanolamina Sintética Goiás (FosfoGoiás), Reginaldo Barbosa, entrou na luta pela pílula do câncer após se esgotarem os recursos para o tratamento de sua esposa que é portadora de câncer cerebral. Desde 2014 a esposa de Reginaldo, Luciany Rita
dos Reis, 42 anos, trava uma luta constante contra a doença. Para ele, o momento é promissor, “porque há muita informação científica acumulada”. Segundo Reginaldo, “a fosfoetanolamina sintética já é uma realidade e não tem mais como ser ignorada pela sociedade e muito menos pela comunidade médica. Mais de 40 mil pessoas já fizeram uso com centenas de relatos de cura”. Ele resalta que, “a fosfo não é vendida, e seu custo de produção é de apenas R$ 0,10 por cápsula. Entretanto, os pacientes de câncer só conseguem acesso a ela por meio de liminar na Justiça”. O coordenador afirma, “o mundo precisa de mudança e o desenvolvimento da fosfoetanolamina veio para ficar. Chega dessa crueldade com os pacientes e familiares”. No Brasil, a evolução no tratamento contra o câncer tem se mostrado imprescindível. Já é a segunda doença que mais mata no Brasil e muitos brasileiros estão perdendo a batalha simplesmente porque não tem recursos, não tem proteção do sistema de saúde ou acesso a medicamentos de alto custo.
O que é o Câncer Câncer, é nome dado a uma cadeia de doenças cuja principal a característica é a consequência de um descontrolado crescimento na divisão celular. O processo se inicia quando as células de algum tecido ou órgão do corpo começam a crescer sem controle, gerando células anômalas, que podem se multiplicar e invadir outros órgãos, em um processo conhecido por metástase. A doença também pode ter alguns casos que são hereditários, cerca de 10%. A grande maioria dos diagnósticos, dessa forma, tem relação direta com fatores ambientais e hábitos de vida, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, alimentação inadequada e exposição exagerada ao sol ou micro-organismos. Os tipos de câncer mais incidentes no mundo, segundo a pesquisa do projeto Globocan/ Iarc, são do pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes foram pulmão, próstata, intestino, estômago e fígado. Em mulheres, o câncer mama, intestino, pulmão, colo do útero e estômago são os mais diagnosticados.
Curiosidades sobre a substância A fosfoetanolamina, mais conhecida como fosfoamina, estava em estudo na Universidade de São Paulo desde os anos 90 e era disponibilizada de graça para pacientes com câncer, em São Carlos. Em 2014 por determinação de uma portaria, a universidade parou
de disponibiliza-lá. Sem o liçenciamento da Anvisa, a substância só poderia ser disponibilizada por determinação da justiça. Em 2016, seu uso foi aprovado pelo Congresso e referendado pela Presidência da República, em decisões que causaram polêmica.
Texto: Bruna De Lima e Vitória Cristina Edição e Diagramação: Ana Laura Seibert
E
m 2002, o Crer (Centro de Reabilitação Dr. Henrique Santillo) foi o primeiro hospital goiano a ser administrado por uma Organização Social. Desde então, todos os hospitais estaduais passaram a ter a mesma gestão. De um lado o governo afirma que esta é a solução para a saúde pública. De outro, o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde do Estado de Goiás (Sindsaúde-GO) fala da sobrecarga de trabalho. A proposta apresentada pelo governador Marconi Perillo para mudar o quadro da saúde estadual tem como base a Lei Federal 9.637, de 15 de maio de 1998, que flexibiliza a execução das ações em todas as áreas, sem a exigência de licitação e sem que o Estado perca o controle da gestão. O governo intitula esse modelo de “Gestão compartilhada” e não terceirização. Segundo ele, nesse sistema a administração pública abre mão apenas da gerência das unidades, podendo se dedicar ao planejamento, acompanhamento, fiscalização, controle e apreciação das prestações de contas, desempenhando um papel de “coordenador-supervisor”. “A OS é regida pelas normas do direito privado, portanto pode comprar e contratar com muito mais agilidade do que a administração pública que segue legislação específica e muito mais burocrática”, afirma comunicado no site da Secretaria da Saúde de Goiás. A presidente do Sindsaúde-GO, Flaviana Alves, relata que o aumento dos gastos com a saúde não garantiram emprego e condições adequadas de trabalho aos funcionários. “Houve remanejamento de 50% do quadro de servidores, sobrecarregando o trabalho dos profissionais e aumentando a rotatividade. Nos primeiros oito meses de 2012, o Estado gastou 7,09% do total da folha de pagamento com os trabalhadores do setor. No mesmo período de 2015, porém, o percentual caiu para 5,59%.”
Benefícios para os usuários
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O que é uma OS Uma entidade, sem fins lucrativos, recebe o título de Organização Social para que possa ter benefícios do poder público, como isenção de impostos, por exemplo. Porém é preciso que ela exerça uma função em alguma área social, seja na saúde, educação, cultura, entre outros. Não é permitido que a instituição obtenha lucro. Todo o excedente financeiro deve ser incorporado ao patrimônio. No caso das OSs na saúde, é realizado um contrato com o governo, em que são determinadas metas e há controle dos resultados.
A mudança de gestão influenciou nas condições de trabalho dos servidores. Segundo funcionária de um hospital público que não quis se identificar, após a implantação das OSs houve demissões e remanejamento de comissionados para outras unidades, ficando apenas os concursados e contratados pelas organizações. “Há maior possibilidade de favorecimento politico, porque o governo repassa a verba para a unidade e os administradores da OS aplicam o recurso com manutenção e compra de materiais”, conta. Os funcionários alegam também que os materiais não são de qualidade, porém não faltam medicamentos como na época que o governo era gestor, além da melhora na fiscalização e segurança das unidades, o que favorece a população. >> CRER foi o primeiro hospital goiano gerido por uma OS A reportagem tentou contato com os diretores dos hospitais, mas não obteve respostas. Para Outros estados a população, a mudança foi positiva. A Organizações Sociais na saúde usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), pública não é exclusividade de Goiás. Cleusa Lima, diz que o atendimento meEstados como Santa Catarina, Rondôlhorou: “Os funcionários nos atendem nia e Rio de Janeiro também já aderimelhor e o atendimento é mais rápido, ram a esse modelo de gestão. mas ainda há muito que melhorar.” São Paulo, por exemplo, possui esse tipo de gestão desde 1998. Atualmente, há cerca de 40 hospitais geEm Goiás ridos por Organizações Sociais, além de farmácias e ambulatórios, segundo • Hospital de Urgências Governador a Secretaria de Saúde. paulista Lá, os Otávio Lage de Siqueira (Hugol) - OS: argumentos prós e contras às OSs são Agir os mesmos que em Goiás. As organi• Hospital de Urgências de Goiânia zações do estado, porém, já estiveram (Hugo) - OS: Gerir envolvidas em um escândalo de reser• Hospital de Urgências de Aparecida va de leitos em hospitais públicos para de Goiânia (Huapa) - OS: IGH pacientes com plano de saúde.
Créditos: Secretaria da Saúde de Goiás
Metropolitana OSs na saúde pública geram controvérsias
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meio ambiente
Mudanças climáticas: um caminho sem volta para a humanidade “Se este fenômeno chegar a níveis incontroláveis, a espécie humana poderá ser extinta”, afirma professor Altair Sales
Texto: Gabriel da Silva Araujo Edição: Shayanne Mireya e Mariana Messias Diagramação: Shayanne Mireya
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Fundo Mundial para a Vida Selbônico, que são emitidos por ações humavagem e Natureza (WWF, sigla em nas, como explica o professor Rafael Dias. inglês) explica que o aquecimento “O gás carbônico vem da queima de comglobal é “o aumento da temperatura média bustíveis fósseis da indústria, dos automódos oceanos e da camada de ar próxima à veis, do uso do carvão e das queimadas. O superfície da Terra”. Tal fenômeno se deve à metano vem da indústria, mas fundamentalelevação das emissões de gases do efeito estumente, da digestão do gado”. fa, que retém o calor emitido pelo sol, elevanAinda segundo o IPCC, os animais são do assim temperatura média. os mais afetados por essas mudanças. AtualSegundo o professor e diretor do mente temos um número maior Laboratório de Biogeografia da de espécies em perigo de Conservação da UFG (CB-Lab), extinção em razão às muRafael Dias Loyola, “as mudanem seus habi“O que se discute hoje não danças ças climáticas vêm ocorrendo tats, como o aumento é o problema da mudança da acidez dos oceanos desde o início dos tempos. Elas ocorrem em ciclos e tem climática, mas o quão rápido ou a destruição de causas que podem ser planeflorestas nativas. Mas as mudanças estão tárias ou internas”. As alteranão são somente os acontecendo.” ções, portanto, possuem causa animais que sofrem as natural. O questionamento, enconsequências. Rafael Dias, professor tretanto, é em relação ao acelera“Outra consequência do processo de mudanças. “O que se das mudanças climáticas são as discute hoje não é o problema da mudança alterações dos extremos, chove climática, mas o quão rápido as mudanças em poucos dias o que era esperado para estão acontecendo”. o mês inteiro, há picos de calor, secas proO Painel Intergovernamental sobre longadas. Isso tem consequências para nós Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) afirmesmos e significam inundações em cidades, ma que a causa mais provável para as mudeslizamentos de terra por acúmulo de água, danças no clima atual é a influência humaperdas agrícolas por falta ou excesso de chuna sobre o ambiente. “As emissões de gases va, surgimentos de doenças como dengue, de efeito estufa pelo homem têm aumentafebre amarela”, afirma Loyola. do desde a era pré-industrial, impulsionada O relatório da ONU ainda traz dados de principalmente pelo crescimento econômiuma projeção em que a temperatura da terra co e populacional”. chegaria, em alguns pontos, a 39º centígraDe acordo com o gráfico do relatório dos, se nenhuma ação for tomada. Tal fato de 2014, as quantidades de gases de efeito comprometeria as plantações e os recursos estufa cresceram a níveis sem precedentes hídricos, o que afetaria radicalmente nosso a partir do ano de 1950. Dois gases são os modo de vida. “Vale lembrar que um aqueprincipais causadores, o metano e o gás carcimento médio de 2ºC pode ser catastrófico.
Na última glaciação, o planeta tinha uma temperatura 4ºC abaixo da média global. Ou seja, com 4ºC abaixo da média histórica do planeta, ele congelou. O que pode acontecer se ele aquecer 4ºC?”, alerta o professor Rafael Loyola.
A morte do Cerrado As vegetações já respondem ao processo de aquecimento global e, principalmente, ao impacto de uma cultura política e social insustentável. Na Centro-Oeste do País, o Cerrado, por exemplo, é um bioma em extinção. Segundo o WWF, somente cerca de 20% da vegetação original está relativamente intacta. O principal problema é o desmatamento para a implantação de novas culturas como soja, algodão e cana-de-açúcar, além da pecuária extensiva que se deu, com maior intensidade a partir da expansão da fronteira agrícola. No início dos anos de 1970, com o desenvolvimento de sistemas mecânicos de irrigação, a introdução do arado e a utilização do calcário para a diminuição da acidez do solo, muitas áreas antes impróprias para o cultivo foram valorizadas e a partir de então o empreendimento agroindustrial ganhou força, diminuindo assim grande parte da vegetação nativa do Cerrado. A vegetação do Cerrado é extremamente complexa e fundamental para a alimentação dos grandes aquíferos, por essa razão, as alterações no solo afetam a quantidade de água que os abastece, como explica o professor e pesquisador Altair Sales Barbosa. “Essa vegetação tem plantas que ficam com um terço de
sua estrutura exposta, acima do solo, e dois terços no subsolo. Assim, quando a chuva cai, esse sistema radicular absorve a água e alimenta o lençol freático, que vai alimentar o lençol artesiano, os aquíferos”. O professor também relata que “as águas que brotam do Cerrado são as responsáveis pela alimentação e configuração das grandes bacias hidrográficas da América do Sul”. Portanto, rios como o São Francisco, Paraná e até afluentes que chegam ao Amazonas sofrem com a diminuição das águas dos aquíferos. O maior problema é a recuperação da vegetação. “O Cerrado é uma das matrizes ambientais mais antigas da história recente do Planeta Terra, isto significa que este ambiente já chegou ao seu clímax evolutivo, ou seja, uma vez degradado, não se recupera
jamais na plenitude de sua biodiversidade”, afirma. Portanto, quando houve a substituição das plantas nativas por novas culturas, o Cerrado foi perdendo não somente a capacidade de absorção de água, como também as próprias culturas nativas foram colocadas em perigo. “Em termos ambientais herdamos a possibilidade de vivermos um futuro incerto, com os rios secos e água potável cada vez mais difícil e cara. A derrubada em larga escala da vegetação nativa tem demonstrado que os gases cósmicos provenientes do Sol se concentram na atmosfera baixa da terra, aumentando o efeito estufa e o aquecimento global. Tais fenômenos resultam desses tipos de grandes empreendimentos, que são protótipos do agronegócio predatório”, diz o professor Altair Sales.
Outra causa do aquecemento global O derretimento das geleiras é um destes fenômenos relacionados ao aquecimento global. As geleiras são grandes e espessas massas de gelo formadas em camadas de neve compactada em áreas em que essa quantidade que se acumula é maior do que a neve que derrete, durante várias épocas e cujas extensões podem alcançar vários quilômetros, tanto horizontal quanto verticalmente. O gelo encontrado nessas geleiras é o maior reservatório de água doce sobre o planeta, e perde a posição em volume total de água apenas para os oceanos. Dentre as consequências ligadas ao derretimento das geleiras, as principais são o aumento do nível da água dos oceanos, o avanço do mar sobre ilhas e cidades litorâneas, podendo ocasionar na sua submersão, e a extinção de várias espécies animais e vegetais em decorrência do desaparecimento de determinados ecossistemas.
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Mais informações Seguindo a atual tendência, é possível que, em 2020, observemos temperaturas que só eram esperadas para o fim do século. Quando dizemos que o “tempo” está ruim, estamos nos referindo a alterações locais do clima, dentro de períodos de tempo mais curtos, como minutos, horas, dias e até semanas. Já o “clima” se refere a médias a longo prazo, podendo ser caracterizado regional ou globalmente. Em outras palavras, clima pode ser considerado uma média do tempo ao longo de várias estações, anos ou décadas. Sendo assim, o que são as mudanças climáticas? Já sabemos que não se refere às mudanças que ocorrem de um dia para outro, mas sim ao longo de vários anos ou décadas. Um erro comum é acreditar que mudanças climáticas são a mesma coisa que aquecimento global. O aquecimento global é, sim, uma mudança climática que vem acontecendo ao longo dos anos, mas não a única. Além disso, não é a primeira vez que nosso planeta sofre mudanças no clima a nível global. É um pouco mais difícil visualizarmos a questão das mudanças climáticas, pois as escalas de tempo envolvidas são muito grandes, e seus impactos são menos imediatos.
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economia
Quanto vale 1 real? A moeda brasileira se desvalorizou aproximadamente 80% desde quando o plano econômico foi criado, em 1994
O
real tornou-se a moeda oficial brasileira em 1º de julho de 1994. Apesar de ter sido arquitetada em 1993 pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, no Governo Itamar Franco, foi concretizada somente no governo de FHC, um ano após. O ex presidente e estudantes de economia da PUC-RJ firmaram o plano a fim de controlar a hiperinflação que estava na faixa dos 1.000% após o impeachment de Fernando Collor. Também em decorrência de recessão, em 1992, dava dinheiro suficiente para cobrir despesas. Isso fez com que o Banco Central, ordenado pelo presidente, imprimisse mais dinheiro. Ordem essa que contribui para uma hiperinflação de 6.821% de janeiro de 1991 a dezembro de 1992. “O Brasil conseguiu uma estabilidade da moeda”, segundo o professor Jeferson Casto Vieira, professor de Ciências Econômicas na PUC-Goiás. Segundo o professor, com uma maior abertura econômica do Brasil e com a entrada e saída de mercadorias, os investidores puderam investir aqui, e as matérias primas tiveram maior visibilidade para o mercado internacional. “Em 2008, o Governo não conseguiu segurar as contas do Estado e, aumentando o grau de endividamento, o Estado perde sua credibilidade no mercado financeiro internacional”, diz o professor.
A partir de 2010, a por 1 real. Hoje, commoeda começa a sentir o a R$ 3,60. O “Em 2008, o Governo não pra-se impacto da crise interEuro compete com o conseguiu segurar as nacional, mas agravou mercado americano em 2012 e 2014. Poe as moedas estão contas do Estado” rém, seu ápice foi em equivalentes. Com 2015, quando a moeda 1 dólar compraJeferson Caio Vieira, perdeu ainda mais sua se € 0,8782. O professor de ciências credibilidade e valor peReal, perante o Peso econômicas rante o mercado financeiro argentino, tem maior internacional. mercado. Com 1 Real Quando o real foi criado, compra-se, aproximadacomprava-se 1 Dólar americano mente, ARS 4,03.
Infográfico: Lorena Mendes
Texto: Dayrel Godin Edição e Diagramação: Lorena Mendes
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crise
Queda no c omércio varejista a tinge Goiâ nia Economista relaciona alta nos preços de produtos Texto: Thauany Monma Morais Edição: Sarah de Oliveira e Lucas Teixeira Diagramação: Sarah de Oliveira e Lucas Teixeira
comercializados com endividamento dos brasileiros
A
lém do desemprego, a crise financeira tirão um pouco menos, por outro Vendas no varejo em 2015 trouxe queda nas vendas do comér- lado, a venda de veículos, eletrodoteve a maior queda nos cio no Brasil. Dados anunciados pelo mésticos e materiais de construção últimos 4 anos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística tendem a ter uma queda mais ex(IBGE) registraram queda de 10,2% em 2015 pressiva, pois dependem mais da comparado ao ano de 2014, apenas em Goiás. confiança do consumidor e de deSegundo a economista Kerssia Ka- cisões macroeconômicas”, informa. menach, no ano de 2015 houve queda das Segundo a economista, a inflação vendas em 4,3% no Brasil e 15% em Goiás. coloca mais pressão sobre os custos, De acordo com ela, este recuo está ligado ao com isso os comerciantes precisam cenário econômico do País. “Em 2014, o co- observar primeiro o que os presmércio varejista ampliado fechou o ano sionam internamente com uma taxa reduzida comparae ir “enxugando” do com o ano de 2013. No ano os custos sem de 2015 vários fatores influen“Estamos passando comprometer ciaram no resultado negativo. qualidade, por uma crise que está aentrega Com a alta da taxa básica de e serjuros, a inflação fechou o ano abalando diversos tipos viço do prode 2015 em 10,67% e a méduto. “Para de comércios.” dia anual de desemprego em ser feito um Maria Queiroz, 2015 atingiu 6,8%”, disse. corte, o concomerciante Para a comerciante da área sumidor precisa de vestuário Maria Queiroz, as saber cada detalhe vendas em sua loja despencaram 80% dos custos. É importante em menos de dois anos. “Estamos passanlembrar que o consumido por uma crise que está abalando diver- d o r atual é multicanal e cross sos tipos de comércio.” De acordo com ela, canal, ou seja, compra em diversas gerenciar uma pequena empresa está cada plataformas de acordo com as suas dia mais difícil. Com isso, os comerciantes necessidades”. tentam se adaptar à condição financeira Com a crise, vários bens de dos clientes. “Para gerar bons resultados consumo foram excluídos da vida nas vendas, busco por mercadorias dos brasileiros. Meryam Carvalho é uma das O feirante José Rodrigues diz ter diminude valores mais baixos. Entretanto, consumidoras que abandonou alguns ído o faturamento nas vendas de alimentos, mantenho a qualidade dos produgastos. “Hoje opto por comprar o porém afirma não ter perdido seus clientes. tos”, acrescenta. que é necessário, pois a crise “As vendas no comércio de alimentos tiveram De acordo com a economista que o país enfrenta afetou uma queda, mas como a mercadoria faz parKerssia Kamenach, os segtodas as áreas. O consu- te de uma necessidade de sobrevivência humentos do comércio conmidor fica em posição de mana, não é uma queda abalável”, afirmou. tinuarão impactados pela escolha pelas necessidades Confiante, José Rodrigues acredita em uma elevação do desemprego e prioritárias. Deixo de com- reviravolta na economia do País. “É necessáqueda de renda disponível prar um casaco novo para rio ter pensamento positivo. Apesar do mau das famílias. “As áreas faradquirir um medicamento momento, temos que ter foco nos objetivos a macêutica e de supermercados senfarmacêutico”, disse. serem alcançados”.
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superação
artes plásticas
Tênis de mesa
Vida que segue por meio do esporte
paraolímpico
1- Prática com a raquete amarrada ao braço devido a limitação de alguns movimentos; 2- O atleta tem mais força nos braços, joga com a raquete normal, porém, não consegue levantar o quadril;
Texto: Carla Thamyres Ferreira e Bruna Ferreira Martins Edição e Diagramação: Sabrina Pontes de Assis
O
esporte é fundamental na vida de qualquer pessoa. No caso dos portadores de deficiência, assume um importante papel no processo de reabilitação e socialização. Além de auxiliar no tratamento, os treinos frequentes acabam despertando a vontade de se tornar atleta profissional. >> José Nunes, paciente da ADFEGO e atleta paraoO Estado de Goiás conta hoje com límpico na modalidade tênis de mesa um grande número de atletas paraolímpicos e deficientes físicos que utilizam o autoestima e também os quadros de depresesporte no tratamento. A Associação dos são, principalmente com o pacientes pós-aDeficientes Físicos do Estado de Goiás cidente com deficiência adquirida, que têm (ADFEGO) oferece essa oportunidade ao uma tendência maior à depressão devido a paciente, com médicos especializados e uma ruptura do seu estado de vida, e um reinício. Incentivando a prática treinadores que também são pordo esporte, o deficiente se sotadores de deficiência física. cializa, convive com pessoas A ADFEGO atende “A minha saúde com as mesmas deficiênatualmente em torno de melhorou muito, quando cias e que já saíram deste 2 mil pessoas por mês, fico mais de dois dias estado depressivo, e cocom recursos próprios e meça a conquistar coisas alguns subsídios de isensem praticar esportes que antes não eram imação de água e luz, além sinto dores no corpo.” ginadas. da renda obtida com loJosé Nunes, Reforçando a ideia cação de espaços e com a atleta paraolípico de conquistas e superação, produção de uma fábrica de o campeão brasileiro de tênis cadeira de rodas. de mesa, José Nunes, se trata na A coordenadora de Projetos da associação, Sandra Pantaleão, relata que as ADFEGO há trinta anos, e hoje treina mudanças na vida do deficiente são muito novos atletas. Antes boiadeiro, berranteiro significativas quando se inicia a prática es- e peão de rodeio, ele nunca imaginava que portiva. Além da condição física, melhora a sua vida seria transformada drasticamen-
Foto: Bruna Martins
Recomeço, motivação, inclusão, socialização são benefícios da prática esportiva para portadores de necessidades especias
3- Atleta paraplégico com pouco mais de habilidade;
4- Também paraplégico, porém com mais desenvolvimento de tronco e quadril; 5- Praticante com mais movimentos de tronco e quadril, joga sem o uso das mãos.
te após ser baleado. Segundo ele, mais do que a superação, o esporte promove saúde mental e corporal. “A minha saúde melhorou muito, quando fico mais de dois dias sem praticar esporte sinto dores no corpo”. Mesmo sendo atleta profissional, José Nunes não treina somente competidores, mas faz com que todo aluno praticante de tênis de mesa seja um vencedor. O processo de inserção do deficiente na associação depende do encaminhamento de outra unidade de saúde. Quando o paciente inicia o processo, é feita uma avaliação da necessidade do indivíduo, sendo encaminhado para o setor apropriado, neurológico, ortopédico ou respiratório. Segundo o fisioterapeuta e coordenador das oficinas terapêuticas Husys Cardoso, a associação oferece oficinas de artes, linguagem, pintura, artesanato, taiki vôlei, tênis de mesa. Já os pacientes que gostam ou que já tinham uma vida esportiva ativa antes, participam de outras modalidades, como vôlei em cadeira de rodas e vôlei sentado. Os mais interessados participam de campeonatos nacionais e internacionais por meio da associação.
livros
Literatura que transforma
Foto: Alessandra Castro
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Projeto que distribui livros no Eixo Anhanguera incentiva leitores a conhecerem novos mundos Texto: Bruna Martins de Souza Edição e Diagramação: Augusto Alves e Paulino Martins
>> Passageiros do trasporte coletivo de Goiânia recebem livros do projeto Literatura no Eixo.
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esde o nascimento o ser humano é Não são todos que podem desfrutar do apresentado a diversos tipos de lei- desvelamento do mundo por meio de um turas, sejam elas verbais, gestuais, livro. No Brasil um grande obstáculo é o escritas ou icônicas. É através da leitura que analfabetismo funcional. A incapacidade se chega ao desvendamento de um mundo de interpretar textos além da identificação ilimitado capaz de gerar modificações indi- de letras e números, dificulta o desenvolvividuais e sociais. mento social e pessoal. De acordo com uma Com grande acervo em casa e mais de pesquisa publicada em 2014 pelo Instituto cem livros lidos, o técnico de laboratório de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), engenharia, Carlos Manoel Sátiro Melo, os índices de analfabetismo vem caindo, aprendeu a perceber a sociedade e mas ainda atinge mais de 8,3% da a si mesmo enquanto indivíduo população. através da literatura. “Eu tiMestre em Letras e es“A leitura aguça nha a mente fechada, vivia pecialista em Linguística, as percepções, os em um mundo restrito, disLayssa Gabriela Almeida tante da realidade cotidiae Silva, afirma que o leisentidos e as na. Não conseguia me entor diante de um texto, sensações.” caixar em nenhum grupo, principalmente literário, seja de comportamento ou tem a oportunidade de se Kaio Bruno Dias ideologias. Era uma pessoa colocar no lugar do outro, estudante e poeta ignorante em vários aspectos, de ter acesso a outras culturas, sem assuntos e diálogos”, diz. e de refletir sobre a sua, contriMesmo com o hábito de leitura debuindo assim para o desenvolvimensenvolvido desde a infância, Carlos Manoel t o social. “A leitura, como diz Ingedore teve sua realidade transformada a partir da Koch, deve ir além da mera codificação e deleitura do livro A Importância de Viver, de codificação de palavras. Ao ler, o leitor deve Lin Yutang. “Eu aprendi a cultivar e expan- ser capaz de fazer inferências do mundo em dir as fronteiras desse mundo interior lendo que vive, para assim dar sentido ao texto.” mais, debatendo ideias e opiniões, construinO estudante de Letras e poeta, Kaio do uma perspectiva mais realista do mundo e Bruno Dias, começou a se interessar por das pessoas”, afirma Carlos. literatura por meio de uma cadeia de in-
Bibliotecas em Goiânia
De acordo com a prefeitura de Goiânia, existem18 bibliotecas na capital do estado equipadas com livros de pesquisas para teses de mestrado, doutorado, graduação e livros correspondentes aos cursos
fluências: os gibis que ganhava do pai, os livros da mãe, os desenhos animados que assistia na infância, as bandas de rock que ouvia, entre outras coisas, das mais superficiais às mais profundas. Kaio acredita que toda nossa concepção de mundo é feita através da leitura, e afirma: “É uma forma de diálogo que você tem com quem produziu o texto. Ao mesmo tempo, é um ato solitário, que você elabora reflexões. A leitura aguça as percepções, os sentidos e as sensações”. Com o projeto Literatura no Eixo, Kaio leva música, poesia e livros à pessoas que utilizam o meio de transporte público do Eixo Anhanguera. “Eu como usuário do transporte coletivo e morador da periferia, sempre peguei ônibus e percebia um grande número de pedintes e vendedores. No projeto a gente doa livros, faz canções, conversa com os passageiros, leva uma boa energia para melhorar a viagem” Parece que a virtualidade e a instantaneidade surgiram para exterminar o habito da leitura por causa da rapidez de expansão, mas a literatura continua com o mesmo poder de sempre, uma maquina de transformação de mentes e de acordo com o livro de Loren cunninghan, “O livro que transforma as nações“, uma boa leitura pode até transformar o rumo ou futuro de um País. das diversas universidades que Goiânia possui. Na sua maioria, as bibliotecas existem literalmente para auxiliar os alunos , mas também existem outras que estão disponíveis a população em geral.
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ensaio
O século XX foi datado por uma utilização cada vez maior da imagem como forma de informação, principalmente em jornais. Com isso, houve a necessidade da diminuição do equipamento fotográfico, para que ficasse mais cômodo aos fotojornalistas.
Inventadas e desenvolvidas na segunda metade do século XIX, as máquinas de escrever contribuíram decisivamente para um grande impulso nas comunicações da época. A manufatura desses objetos exigiu muita criatividade, trabalho árduo e coragem de inventores e empreendedores de então.
A fotografia, assim como a datilografia, contribuiu fortemente ao logo da história. Vários âmbitos profissionais os agregaram como meios de amplificar as possibilidades e produzir estudos detalhados e precisos.
Fotos: Lúcia Gobbi Edição e Diagramação: Felipe Cardoso e João Vitor Correia