cinema jul.2018
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Baronesa + Travessia (80’) As boas maneiras (135’) Rei (90’) Auto de resistência (104’)
Rei (90’) Auto de resistência (104’) As boas maneiras (135’) O nó do diabo (128’)
As boas maneiras (135’) Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’)
Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’) Tapa na pantera + Os famosos e os duendes da morte (101’) Alguma coisa assim (85’) Ex-pajé (81’) Alguma coisa assim (85’) Sessão Mutual Films – Paisagens: James Benning e Clemens Klopfenstein (145’)
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14:00 15:30 18:00 20:00
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Baronesa + Travessia (80’) As boas maneiras (135’) Rei (90’) Auto de resistência (104’)
Rei (90’) Auto de resistência (104’) As boas maneiras (135’) O nó do diabo (128’)
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14:00 As boas maneiras (135’) 16:30 Auto de resistência (104’) 18:30 Ópera na Tela: Don Giovanni (190’)
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Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’) O processo (141’)
14:00 15:40 17:30 19:50
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Rei (90’) Auto de resistência (104’) As boas maneiras (135’) O nó do diabo (128’)
Ex-pajé (81’) As boas maneiras (135’) Ex-pajé (81’) Sessão Cinética: Moscou (78’) Seguida de debate com os críticos da revista Cinética Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’) No intenso agora (127’)
Alguma coisa assim (85’) Ex-pajé (81’) Alguma coisa assim (85’) A noite dos mortos vivos (97’)
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domingo 1 11:15 14:00 15:30 18:00 20:00
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Rei (90’) Auto de resistência (104’) As boas maneiras (135’) O nó do diabo (128’)
As boas maneiras (135’) Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’)
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14:00 Auto de resistência (104’) 15:50 Ex-pajé (81’) 18:00 Imagens do Estado Novo 1937-45 (223’)
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14:00 Imagens do Estado Novo 1937-45 (223’) 18:30 Ex-pajé (81’) 20:00 Alguma coisa assim (85’)
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O processo (141’) Rei (90’) Auto de resistência (104’) As boas maneiras (135’) O nó do diabo (128’) As boas maneiras (135’) Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’)
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11:30 No intenso agora (127’) 14:00 Auto de resistência (104’) 16:00 Família em Foco: A velha a fiar + light painting 18:00 Tapa na pantera + Os famosos e os duendes da morte (101’) 20:00 A noite dos mortos-vivos (97’)
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11:30 No intenso agora (127’) 14:30 Os três ladrões (80’) 16:00 Sessão Mutual Films – Paisagens: James Benning e Clemens Klopfenstein (145’) Seguida de debate com Aaron Cutler e Mariana Shellard 20:00 Alguma coisa assim (85’)
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O processo (141’) Baronesa + Travessia (80’) As boas maneiras (135’) Touki Bouki, a viagem da hiena (95’) Auto de resistência (104’) No intenso agora (127’) Rei (90’) Auto de resistência (104’) As boas maneiras (135’) O nó do diabo (128’) As boas maneiras (135’) Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’)
O processo (141’) Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) O nó do diabo (128’) As boas maneiras (135’)
Auto de resistência (104’) Ex-pajé (81’) Os três ladrões (80’) Moscou (78’) Alguma coisa assim (85’)
Programa sujeito a alterações. Nos dias de jogo do Brasil as mudanças de horário serão informadas em facebook.com/cinemaims e ims.com.br.
capa
A noite dos mortos-vivos (Night of the Living Dead), de George A. Romero (EUA | 1968, 96’, DCP – cópia restaurada em 4k) O nó do diabo, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhésus Tribuzi (Brasil | 2017, 128’, DCP)
destaques de julho 2018 Da Pensilvânia a Moscou, passando pelo amor entre jovens paulistanos ao longo de 10 anos, o cinema do IMS trafega neste mês por distintos registros cinematográficos. Na Sessão Cinética, Eduardo Coutinho filma ensaios do Grupo Galpão para um texto de Tchekhov, em um espaço que, nas palavras do crítico Raul Arthuso, “tanto pode ser um teatro independente na capital mineira quanto uma residência da aristocracia russa no final do século XIX”. Em programação especial em 35 mm dedicada às férias infantis, estão a animação alemã Os três ladrões e o clássico curta A velha a fiar, de Humberto Mauro, que servirá de inspiração a uma
Moscou, de Eduardo Coutinho (Brasil | 2009, 78’, arquivo digital)
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atividade de light painting. Na segunda quinzena, haverá a estreia da Sessão Mutual Films, um cineclube bimestral. A primeira edição apresentará restaurações dos filmes de James Benning e Clemens Klopfenstein, em uma sessão dupla seguida por um debate com os curadores Aaron Cutler e Mariana Shellard. O que zumbis de 1968 nos dizem hoje? A noite dos mortos-vivos se tornou um marco dos filmes de horror. Com sua construção estética, ecoa o que há de sombrio na realidade de 50 anos atrás e também na de hoje. Um procedimento retrabalhado em filmes como O nó do diabo e As boas maneiras, também em cartaz.
Alguma coisa assim, de Esmir Filho e Mariana Bastos (Brasil, Alemanha | 2017, 80’, DCP)
Os três ladrões (Die drei Räuber), de Hayo Freitag (Alemanha | 2007, 80’, 35 mm, dublado em português
História da noite (Geschichte der Nacht), de Clemens Klopfenstein (Suíça | 1979, 64, DCP)
A noite dos mortos-vivos por Kleber Mendonça Filho
A exibição em retrospectiva de um filme marcante na linha do tempo da cultura e do cinema vem sempre acompanhada de uma certa melancolia para quem a programa. Será que a descoberta do filme na sala de cinema terá o bem-definido contexto que o trouxe à cultura? Qual o risco de o filme ser tratado como apenas mais um subproduto da cultura que ele mesmo criou? Esse mês, trazemos para a nossa programação a cópia restaurada de A noite dos mortos-vivos (Night of the Living Dead, 1968), de George A. Romero, falecido no ano passado. O filme está completando 50 anos. A programação recente de Eles vivem (They Live, 1988), de John Carpenter, nas duas salas do IMS, já traziam a ideia do filme como “documento” de época, mesmo que a obra em si nunca tenha tido a pretensão de “documentar” nada, mas talvez apenas de canalizar um estado de espírito do momento em que foi escrito e filmado. Enxergar de forma cristalina o “documento” que há num exercício de tensão e horror como A noite dos mortos-vivos me parece tão 2
instigante quanto a apresentação de um documentário que registra o dito real. Os 50 anos nos informam que “mortos-vivos” ou “zumbis” integram o vocabulário afetivo do cinema, da TV, do YouTube e dos games, da comédia, do camp e do trash, da mesma forma que fazem parte de uma visão politizada do comentário social. E que tudo isso teve um início bem marcado em A noite dos mortos-vivos. Nada do que é representado aqui em preto e branco e aspecto de tela Academy (tela quadrada 1.37:1) aconteceu de fato. Cadáveres de mortos recentes retomam a capacidade de movimento e ação, atacando a dentadas os vivos, que, infectados pelas feridas, logo irão transformar-se em mortos-vivos, não importa se velhos, homens, mulheres ou crianças. Os vivos entrincheiram-se numa propriedade rural na Pensilvânia, numa luta claustrofóbica pela sobrevivência. Romero continuou sua carreira, criando uma obra marcante no horror, e as sequências do filme, Despertar dos mortos (Dawn of the Dead, 1978) e Dia
dos mortos (Day of the Dead, 1983), nos levaram a imagens até então impensáveis no cinema, com uma lógica impactante de necrotério, algo semelhante à conquista da pornografia no campo não muito distante da sexualidade registrada. A paixão americana por armas de fogo, o apego à propriedade privada, e sua defesa, as imagens icônicas já se anunciam a partir da sequência de abertura, em que dois irmãos visitam um cemitério. Visto em 2018, como ficam os elementos marcantes desse filme? O herói negro e o que termina acontecendo com ele no final? Subproduto dos Estados Unidos que viviam a luta pelos direitos civis, Romero inclui isso no filme sem qualquer menção direta à questão, e seu comentário é humano e mordaz. Talvez a real noção de um documento em cinema é sentir como um filme do passado ainda conversa tão bem com os tempos atuais e com a cultura e a nação que o produziram, como fonte inspiradora, matéria-prima de reflexão. Os Estados Unidos e o mundo hoje estão cristalinos em A noite dos mortos-vivos.
No meio do caminho Moscou, de Eduardo Coutinho por Raul Arthuso
Em uma entrevista de 2012 publicada no livro El otro cine de Eduardo Coutinho, o diretor de Moscou diz que a obra em questão “é um filme que deu errado, mas eu considero ao mesmo tempo que tem um mistério interessante”. Essa caracterização de Moscou como um fracasso acompanha o filme desde seu lançamento, assim como, em diversos artigos, as palavras-chaves “incompletude” ou “inacabamento” ou sua dificuldade se comparada à aparente frontalidade de sentidos de seus filmes ao longo dos anos 2000. Passada quase uma década, rever Moscou é uma experiência de descoberta, reconfiguração e deleite com um filme que se desvela central na obra do mais importante cineasta brasileiro deste século. De início, Moscou parece estar em continuidade com o filme anterior de Coutinho, Jogo de cena, na metodologia austera já conhecida do cineasta (sua “camisa de força”), além de compartilhar com este o teatro como o espaço onde se concentra o filme. Já com alguns minutos de projeção, uma cena de reunião com a presença de Eduardo
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Coutinho explicita o jogo de cena: durante três semanas, os atores do Grupo Galpão realizarão um processo de ensaio da peça As três irmãs, de Anton Tchekhov, sob a batuta de um diretor convidado, no caso o ator e diretor Enrique Diaz. Ficam claras, portanto, as semelhanças com a obra pregressa de Coutinho: a concentração em um único espaço, a imersão temporal no universo humano retratado, a premência do instante do encontro, do momento da filmagem, em sua inteireza. Contudo, um universo infinitesimal particulariza Moscou, já que o filme orbita por uma peça que não será encenada, personagens que se manifestam por um texto que não lhes pertence, um diretor de cena outro que não o próprio Coutinho, num espaço indeterminado que tanto pode ser um teatro independente na capital mineira quanto uma residência da aristocracia russa no final do século XIX. Se o ponto de partida parece conhecido, o percurso atravessa o imprevisto: uma peça que “a gente sabe que não dá pra fazer” em três semanas, como afirma Enrique
Diaz na cena da reunião já citada, cujo objetivo não é a apresentação pública, mas “tentar montar fragmentos dessa peça”. Portanto, a narrativa do fracasso do processo de Moscou não vai além de uma expectativa mal-ajambrada por uma continuação de Jogo de cena, quando, no fundo, todo o cinema de Eduardo Coutinho parece convergir para este filme: Moscou é um convite a uma casa inquietante, na qual já estivemos hospedados, mas precisamos sempre conhecê-la de novo. A concentração espacial do cinema de Coutinho vai aqui se reconfigurando no uso imaginativo da encenação. O cineasta confessara em um de seus raros textos que decidira fazer documentários para não ter que escolher onde colocar a câmera. Optando sempre por delimitações espaciais rígidas, Coutinho cria uma impressão de espontaneidade no encontro que muita vezes leva a esquecer que, se ele “não escolhe” para onde apontar a lente, é o espaço que se reconfigura de acordo com a filmagem. Tanto o recorte espacial de Edifício Master quanto o de
O fim e o princípio são como um galpão em que se troca o cenário de acordo com a cena, a personagem, o momento. Em Moscou, essa ideia é potencializada pela natureza do espaço escolhido: um galpão de ensaios, repleto de objetos esparsos, cômodos vazios, paredes pintadas de cinza ou preto sólidos. Um campo de possibilidades que se pode brincar, reconfigurar, ressignificar. Se é possível não escolher onde pôr a câmera, seu salto no espaço permite ao lugar da filmagem tanto ser um camarim quanto o quarto de três irmãs russas da província, uma sala de estar ou um tablado de ensaio, a mesa de jantar ou de reunião de leitura, o porão onde uma trupe empilha seus objetos de cena não utilizados ou o cantinho afetivo de uma personagem solitária. Pela colagem minimalista de elementos, Coutinho cria cosmos em espaços que podem ser tanto algo quanto seu contrário. Se seu cinema é o do encontro, Moscou ressalta não ser apenas entre cineasta e personagem, mas também das personagens com seus próprios mundos manifestos em seu entorno. 4
Essa abordagem espacial a ressaltar cada ambiente como um novo mundo se desvelando para a câmera reforça o caráter fragmentário e a potência do instante do cinema de Coutinho. A cada novo filme, a montagem – em sua maioria realizada pela parceira de longa data, Jordana Berg – organizava as entrevistas como acordes de uma sinfonia, badalando por repetições,
variações e associações desveladas aos poucos, e que reconfiguravam cada parte e o todo. As repetições são o mote dos efeitos mais explosivos de Jogo de cena, onde a persistência do cenário, a modulação minimalista dos ritmos das entrevistas e o mesmo texto/história sendo interpretado por atrizes são repentinamente implodidos pelo retorno de memórias e narrativas,
como uma espécie de possessão demoníaca de corpos (e Jogo de cena é, antes de tudo, um filme de exorcismo). Em Moscou, as repetições, variações e associações não são apenas efeitos de cena ou estrutura de montagem, mas os mecanismos de transformação do texto teatral em cena. Os diálogos repetidos por atores diferentes, os momentos de leitura que serão depois colocados em cena, as confissões de anseios e memórias dos atores quando dos exercícios de encenação constituem uma dança entre a potência do instante e o acúmulo do todo. Moscou está povoado por fragmentos: objetos imprevistos, deslocados de seu uso corriqueiro, figurinos despropositados ao padrão naturalista, gestos isolados, memórias deslocadas no tempo e espaço, referências pontuais ao imaginário popular e à cultura de massa frente a um texto localizado no final do século XIX, a presença constante da fotografia como índice temporal. Logo no início, um dos atores do Galpão, olhando para a câmera como quem dá um depoimento típico dos filmes de Coutinho, diz: “Esta não é uma 5
foto minha. É uma foto de Moscou.” Essa presença do fragmento – e a fotografia como o fragmento por excelência, um recorte de espaço e tempo concentrado – posiciona Moscou como o auge de uma obra cinematográfica a ser repensada neste novo século. Pois Eduardo Coutinho tem sido tomado por boa parte da crítica e dos estudos cinematográficos nas universidades como um cineasta da escuta, da atenção na palavra do outro. Mas Moscou leva a repensar toda a construção simbólica desse cinema, na medida em que deixa claro o quanto Coutinho é um cineasta da cena, da concentração do mundo em momentos de interação, do confronto – talvez mais do que do encontro – de tempos, ideias e referenciais diferentes num mesmo espaço, o do plano, pensado para a câmera e a visão enquadrada da realidade. Um cinema do instante decisivo. Nesse sentido, Moscou é um experimento no qual as memórias, as particularidades, os anseios e as preocupações que os atores do Galpão projetam nas personagens de Tchekhov revelam as
pequenas fortunas escondidas em cada uma daquelas pessoas, mas também faz o laço entre o tempo do dramaturgo russo e o de Coutinho, duas épocas de intensas mudanças no mundo e na arte: a virada para uma modernidade que transformou o modo de vida e a percepção da humanidade lá no final do século XIX; e o nosso tempo, de modificações tecnológicas cada vez mais rápidas, que mudam as relações dos seres com seus espaços e o tempo do mundo que habitam. A Moscou tão proferida pelas personagens no texto não é um lugar nem uma memória, muito menos um refúgio impossível (como o é para as personagens de As três irmãs). Moscou pode ser um bairro distante, Diamantina ou um imaginário. Moscou é um campo de possibilidades, uma poética imprevista para lidar com um mundo de incertezas, ainda em configuração. Moscou não começa e nem termina com Moscou. Essa poética coutiniana nega explicações, dimensões analíticas ou certezas, não se deixa assentar, numa toada inquietante. É pau, é pedra. Uma pedra no meio do caminho.
Sessão Mutual Films – Paisagens: James Benning e Clemens Klopfenstein 11 x 14 e História da noite
por Aaron Cutler e Mariana Shellard
Uma paisagem é o que fazemos dela. O que apreendemos, como usufruímos e como transformamos nosso entorno. As paisagens nascem a partir da interação ambivalente entre ambiente e ser humano e expressam momentos distintos da evolução dessa interação. Analogamente, o registro da paisagem é o início e a base de qualquer meio de comunicação, e expressa diferentes momentos históricos. Nos filmes 11 x 14 (1977), do norte-americano James Benning, e História da noite (1979), do suíço Clemens Klopfenstein, ambos filmados em 16 mm, observamos paisagens representativas de culturas distintas que também são reflexos das gerações do pós-guerra. No primeiro, construções imagéticas plácidas mostram uma realidade pacata e segura nos Estados Unidos. No segundo, imagens trêmulas, sem contraste, transmitem uma realidade precária e instável na Europa. Ainda que partindo de pontos de vista pessoais, ambos os cineastas expressam visões recorrentes dos locais retratados. Novas restaurações digitais dos dois filmes 6
serão projetadas em sessões duplas no Instituto Moreira Salles no mês de julho, como parte da nova mostra bimestral Sessão Mutual Films. Em 11 x 14, Benning registra, em cores, paisagens do meio-oeste estadunidense, frequentemente interligadas por deslocamentos de pessoas e automóveis. Nas três primeiras cenas do filme, vemos: no centro da imagem, um casal namorando diante de um muro, enquanto, na parte superior, um trem passa rapidamente, e, na inferior à direita, um carro para e dele sai, atravessando a imagem, um homem com uma criança no colo; um transeunte cruzando uma avenida cortada por dois viadutos; uma placa de trânsito alertando “não vire à direita”, e logo a câmera (em um movimento panorâmico) se desloca para a direita, delineando uma segunda paisagem atravessada por um muro e uma calçada onde, ao longe, algumas pessoas caminham. Conforme o filme progride e as cenas se acumulam, narrativas são sugeridas por meio de reaparições, o homem que compôs o casal na cena
inicial posteriormente aparece tomando café em uma cozinha, enquanto outra mulher lava a louça. Uma mulher andrógena, em uma cena, sai de um carro e, em outra, aparece em um quarto acariciando um corpo feminino nu, do qual vemos apenas as costas. Até a música “Black Diamond Bay”, de Bob Dylan, é tocada na íntegra duas vezes. O filme opera com um senso de humor autorreferencial e com prazer em mergulhar na criatividade que os locais inspiram. As suas cenas mais verborrágicas são de outdoors comerciais, que sintetizam a identidade americana em slogans como “Nós temos sua luz do sol” e “Eu conheço meu gosto”. Ainda, em tom hitchcockiano, são recorrentes outdoors do bourbon JB. Em História da noite, Klopfenstein utiliza película em preto e branco supersensível para registrar cenas noturnas com uma câmera Bolex em cerca de 50 cidades europeias, entre elas Basileia, Dublim, Helsinque, Istambul e Roma. O mergulho na noite é introduzido com um trecho de Ulisses (1922), de James Joyce, em um intertítulo:
“Casas, linhas de casas, ruas, milhas de calçadas, tijolos amontoados, pedras. Mudando de dono. Este proprietário, aquele. O dono nunca morre dizem. Um outro mete os pés nos seus sapatos quando ele recebe ordem de partir. Eles compram o lugar com ouro e ainda assim eles têm todo o ouro. Alguma fraude nisso em algum lugar. Amontoados em cidades, esgotados século após século. Pirâmides na areia. Construídas à base de pão e cebola. Escravos da muralha da China. Babilônia. Grandes pedras deixadas. Torres redondas. Resíduo de cascalho, subúrbios esparramados, construídos às pressas. Casas de cogumelos de Kerwan construídas de brisa. Abrigo, para a noite. Ninguém é nada. Esta é a hora pior do dia. Vitalidade. Apática, deprimente: odeio esta hora. Sinto como se tivesse sido comido e vomitado.”1 1. JOYCE, James. Ulisses. Tradução de Bernardina da Silveira Pinheiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p. 189. 7
Em História da noite, quarteirões de casas destruídas contrastam com edifícios monumentais, emblemáticos de um período que há muito tempo se extinguiu. Regiões são sugeridas por meio de palavras em cartazes em diferentes línguas. O cineasta utiliza um tom poético para conectar as paisagens urbanas como se fizessem parte de um único passeio. Andarilhos perpassam as imagens e, em alguns raros momentos, a câmera se aproxima de agrupamentos de pessoas, como jovens negros em um clube noturno e uma procissão religiosa. A imagem, porém, permanece silenciosa e distante, caminhando sem se envolver com o que observa. A instabilidade da câmera na mão se projeta nas paisagens, muitas delas desertas. Ela cria uma sensação fantasmagórica e voyeurística, como se alguém mais, além de nós, observasse as cenas. Em seus longas de estreia, Benning e Klopfenstein, ambos com 35 anos ao concluírem os filmes, assumem perspectivas de observadores distantes para registrar a vida de cada local. Benning, um autodidata, escolheu
os lugares e as situações de 11 x 14 para que refletissem seus sentimentos de inflexibilidade e resistência da vida americana, que ele absorveu, em grande parte, por meio da cultura pop. Enquanto isso, Klopfenstein, pintor de formação, projeta uma sensibilidade modernista ao expor sensações de transformação e fragmentação da vida em cidades europeias. Na justaposição desses filmes, com métodos independentes de produção similares, é possível notar como ambos refletem zeitgeists profundamente contrastantes, ainda que coexistindo em uma mesma época. Questões de pobreza e desigualdade social são deixadas implícitas, nos espaços que existem entre as imagens. Ao olhar para as obras, um espectador pode, em seu imaginário particular, construir realidades que somem o novo ao velho, atualizando essas paisagens que permanecem em transformação.
Filmes em cartaz Alguma coisa assim
Auto de resistência
Em 2006, Esmir Filho e Mariana Bastos realizaram o curta Alguma coisa assim, sobre uma noite na vida dos adolescentes Caio e Mari (André Antunes e Caroline Abras) pelas ruas de São Paulo. O filme foi exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes e recebeu o prêmio de Melhor Roteiro. Em 2014, os realizadores fizeram um novo curta com os mesmos personagens, chamado Sete anos depois. Alguma coisa assim, o longa de 2017, reúne novamente Caio e Mari, agora em Berlim, e retoma os encontros anteriores. “A gente discute muito com esse filme questões que são importantes e que estão em pauta. Uma delas é a sexualidade, outra o relacionamento sem rótulos, a liberdade de você poder viver uma relação sem se categorizar em uma gaveta. O filme chama Alguma coisa assim justamente por conta disso, pois é uma relação que não é uma coisa nem outra, e eles vivem as dificuldades de ter uma relação que não consegue se colocar dentro do padrão. Mas há muita verdade no sentimento que um tem pelo outro, e eles vivem de maneira muito conectada. Uma relação que, como todas as relações muito próximas, tem problemas, mas também traz muitas surpresas”, conta a diretora Mariana Bastos à Rádio CBN.
Um documentário sobre os homicídios praticados pela polícia contra civis no Rio de Janeiro, em casos conhecidos como “autos de resistência”. O filme acompanha a trajetória de pessoas que lidam com essas mortes em seus cotidianos, mostrando o tratamento dado pelo Estado a esses casos, desde o momento em que um indivíduo é morto, passando pela investigação da polícia, até as fases de arquivamento ou julgamento. Em Auto de resistência, a diretora Natasha Neri, que estuda o tema há dez anos, opta por acompanhar os casos por meio do olhar dos familiares e pelo sistema de justiça: “Muitos casos que estão no filme são os que tiveram processo, e são a exceção”, comenta em entrevista ao portal Ponte Jornalismo. “Nosso recorte é de situações em que a militância dos familiares ou vídeos que caíram nas redes sociais contribuíram na investigação. Esses dois fatores acabam influenciando a possibilidade de haver processo, isso é dado de pesquisa.”
Esmir Filho e Mariana Bastos | Brasil, Alemanha | 2017, 80’, DCP
[Ouça a entrevista no link: glo.bo/2HM6RqK] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia) 8
Natasha Neri e Lula Carvalho | Brasil | 2018, 104’, DCP
[Íntegra da entrevista em: bit.ly/auto-neri] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
Baronesa
Juliana Antunes | Brasil | 2017, 73’, DCP Andreia e Leid vivem na periferia de Vila Mariquinha, Zona Norte de Belo Horizonte. Leid espera com os filhos o retorno do marido preso. Andreia quer se mudar. Enquanto isso, tentam se desviar dos perigos de uma guerra entre traficantes. Com uma equipe predominantemente feminina, Baronesa partiu de um trabalho para a matéria de cinema documentário na graduação de Juliana Antunes, como uma pesquisa sobre bairros periféricos de Belo Horizonte com nomes de mulheres. Nas palavras da diretora, “Baronesa é um filme de ‘não atrizes’ feito por uma ‘não diretora’ e uma ‘não equipe’. Foi a primeira vez de todo mundo. Andreia e Leid são grandes atrizes, só não tiveram oportunidades na vida de se destacarem como tal, assim como a maioria das mulheres da equipe não havia tido oportunidade no mercado de trabalho, pois estavam no começo de carreira de uma profissão que ainda opera em uma lógica muito masculina.” Entre os prêmios recebidos pelo filme em 2017, estão o de Melhor Filme Mostra Aurora e Prêmio Helena Ignez Destaque Feminino na Mostra de Cinema de Tiradentes; Melhor Filme pelos Júris da Crítica e Jovem no Pirenópolis Doc; Melhor Montagem na 9ª Semana, no Rio de Janeiro; e três prêmios de público no Festival Internacional de Cinema de Marselha: Melhor Filme pelo Júri Popular, o Prix Marseille Espérance e o Prix Renaud Victor – em júri composto pelos detentos do Centro Penitenciário de Baumettes. O curta Travessia, de Safira Moreira, será exibido antes de Baronesa. Ingressos: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia)
As boas maneiras
Marco Dutra e Juliana Rojas | Brasil, França | 2017, 135’, DCP Ana está grávida e vive sozinha em São Paulo. Ela contrata Clara para ser babá de seu futuro filho. Mas, nas noites de lua cheia, o bebê fica um pouco mais agitado do que o normal. No site Mubi, Juliana Rojas conta: “A ideia original de As boas maneiras veio de um sonho de Marco: duas mulheres morando em uma casa isolada e criando um bebê estranho. Começamos a investigar o folclore do lobisomem em diferentes culturas e vimos como o mito geralmente se relaciona com impulsos de violência e sexo, e também com valores religiosos e conservadores. Nós começamos a mergulhar mais fundo nas duas principais personagens femininas e seus conflitos de classe, raça e desejo. Em relação à criança lobo, nós o vimos como alguém que está descobrindo algo crucial sobre sua própria natureza, da mesma forma que todos nós fazemos quando crescemos.” O filme recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Locarno em 2017 e, no mesmo ano, foi premiado no Festival do Rio nas categorias de Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Filme LGBT (Prêmio Felix) e Melhor Filme pela crítica Fipresci. [Leia a entrevista completa, em inglês, no link: bit.ly/2IAmSB7] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia) 9
Ex-pajé
Luiz Bolognesi | Brasil | 2018, 82’, DCP Os Paiter Suruí, habitantes da terra indígena Sete de Setembro, em Rondônia, viveram mais de metade do século XX isolados. Perpera, o protagonista de Ex-pajé, tinha 20 anos quando seu povo fez o primeiro contato com os brancos, em 1969. Até aquele momento, ele era pajé de seu povo. Mas, com os brancos, chegou o pastor evangélico que condenava o xamanismo, e Perpera viu-se obrigado a abandonar sua prática ancestral. O ex-pajé sabe que os espíritos da floresta estão bravos, já que ele não reza mais nem toca as flautas sagradas. Com medo, dorme sempre com a luz acesa. “Antes se consultava o pajé, hoje só tomam aspirina”, diz, contrariado. “O filme retrata a experiência indígena brasileira nos tempos atuais de dentro para fora. Se mantém longe dos clichês românticos. Ele mergulha na vida cotidiana de uma tribo de cerca de mil indígenas que ainda falam a língua Paiter Suruí, e até 1969 viviam isolados na floresta. [...] O conceito foi trabalhar no limite entre documentário e ficção. Os atores interpretam eles mesmos e retratam suas histórias verídicas. Torna-se difícil identificar a linha tênue onde a ficção começa e o documentário termina, e vice-versa”, conta o diretor Luiz Bolognesi. O longa recebeu Menção Especial do júri para documentário original no Festival de Berlim de 2018, onde teve sua primeira exibição. Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
Imagens do Estado Novo 1937-45 Eduardo Escorel | Brasil | 2017, 223’, DCP
Recorrendo a vasto material de arquivo, entre cinejornais, fotografias, cartas, filmes familiares e de ficção, trechos de diário e canções populares, o documentário examina a herança do Estado Novo (1937-1945), comandado por Getúlio Vargas. A partir da comparação e da análise desses registros heterogêneos, produzidos para fins diversos, o filme reavalia esse momento histórico em suas fontes de inspiração externas, formas de funcionamento e contradições. Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
O nó do diabo
Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhésus Tribuzi | Brasil | 2017, 128’, DCP Cinco contos de terror se passam no mesmo engenho da Paraíba. De 1818 até os dias de hoje, O nó do diabo apresenta um histórico de violência e racismo. Cada episódio do filme é dirigido por um realizador, e todas as partes têm um mesmo antagonista, Seu Vieira (Fernando Teixeira), a representação do dono das terras que ultrapassa gerações. Fazem parte do elenco também Zezé Motta e Isabél Zuaa. “É um filme de gênero, é um filme de horror, que através dessa chave fala da quantidade de desgraça que a gente já viveu e ainda está vivendo. A ideia era fazer cinco episódios, cada um com um horror específico, o que era bom pro projeto, pois, com mais de um diretor, cada um teria liberdade para trabalhar o que cada episódio pedia”, conta o diretor Ian Abé em entrevista ao Canal Curta. [Assista à entrevista no link: bit.ly/2LMBwXl] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
No intenso agora
João Moreira Salles | Brasil | 2017, 127’, DCP Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial da Revolução Cultural, No intenso agora investiga a natureza de registros audiovisuais gravados em momentos de grande intensidade. Às cenas da China, somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor quantidade, no Brasil. As imagens, todas elas de arquivo, revelam o estado de espírito das pessoas filmadas e também a relação entre registro e circunstância política. O ponto de partida do filme foram imagens captadas pela mãe do diretor, encontradas por ele na época da finalização de Santiago (2007). “Eu precisava de imagens da casa onde minha família morou, na Gávea, e pedi a alguém para procurar”, conta João Moreira Salles em entrevista ao jornal O Globo. “Encontramos as imagens, mas eu não sabia direito o que eram, qual o sentimento dela durante a viagem. Aí encontrei uma reportagem que ela escreveu sobre a viagem, em forma de diário, para a revista O Cruzeiro. Fiquei muito impressionado com a comoção dela diante de tudo o que viu lá. Minha mãe e a Revolução Cultural são opostos absolutos, seria fácil imaginar uma reação dogmática. Mas não, ela ficou deslumbrada com aquilo. E eu fiquei tocado com esse deslumbramento dela e com a intensidade com que ela o descreveu, porque minha mãe foi perdendo isso com o tempo.” [Leia a entrevista completa de João Moreira Salles para O Globo: goo.gl/PhCNxe]
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Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
O processo
Rei
Em cerca de 450 horas de filmagem, Maria Augusta Ramos acompanhou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Concentrada em sua defesa, formada por José Eduardo Cardozo, Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, a diretora faz um estudo particular dos bastidores desse momento histórico, ao longo de reuniões e discussões no Senado Federal, mas também por meio das expressões de seus protagonistas e dos defensores do impeachment. Em entrevista à Deutsche Welle, ao ser perguntada sobre a abordagem do ponto de vista da defesa de Dilma Rousseff, Maria Augusta diz: “Não é que seja a perspectiva da defesa: eu acompanho muito mais os bastidores da defesa porque a defesa me deu esse acesso. Eu tive acesso a reuniões da liderança da esquerda, da minoria que era contra o impeachment. A oposição não me deu esse acesso. Se tivesse dado, eu certamente teria filmado mais. Mas eu acho que era importante, sim, apresentar o argumento da direita, o argumento pró-impeachment. Para expor isso, eu escolhi, por exemplo, o senador Cássio Cunha Lima, que tem uma lógica de argumentação inteligente, ou que, pelo menos, faz sentido. Também a advogada Janaína Paschoal, que, independentemente de você concordar ou discordar dela, teve um papel essencial no impeachment.”
Em 1860, um aventureiro francês de 35 anos partiu para Araucanía, uma região inóspita no sul do Chile, com o intuito de fundar um reino. Ele partiu com o aval do chefe indígena da região, Mañil. Porém, ao chegar, descobre que Mañil morreu. Sem seu apoio, é preso pelo governo chileno, que vê no estrangeiro um perigo, e tem que justificar sua viagem. “Na primeira vez que encontrei a história de Orélie-Antoine de Tounens, Rei da Araucanía e Patagônia, fiquei intrigado com a natureza enigmática desse advogado francês e a escassa memória que ainda resta dele”, conta o diretor Niles Atallah. “Sob camadas de mitos e lendas, havia apenas evidências concretas o suficiente acerca desse homem e de seu reino para impedir que caíssem por completo no esquecimento. No entanto, havia tantos buracos nessa história que, na melhor das hipóteses, apenas uma visão fragmentada poderia ser reconstituída. Rei surgiu conforme eu examinava as muitas peças da história desse rei. Eu imaginei um filme que evocasse no espectador uma experiência análoga: uma viagem através de um reino de sonhos esquecidos, memórias decompostas e as fantasias de um fantasma.” Vencedor do prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema Latino-Americano de Toulouse, na França, em 2017.
Maria Augusta Ramos | Brasil, Alemanha e Holanda | 2018, 139’, DCP
[A entrevista completa pode ser acessada no link: bit.ly/DWprocesso] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia) 11
Rey Niles Atallah | Chile, França | 2017, 90’, DCP
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
Travessia
Safira Moreira | Brasil | 2017, 5’, DCP Travessia parte da busca pela memória fotográfica das famílias negras e assume uma postura crítica e afirmativa diante da quase ausência e da estigmatização da representação do negro. Prêmio de Melhor Curta-Metragem no Cachoeiradoc. Na 9ª Semana, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri, Prêmio de Melhor Curta-Metragem do Júri de estudantes de audiovisual e o Prêmio Especial do Júri da Crítica. Travessia será exibido antes do longa-metragem Baronesa, de Juliana Antunes.
Sessão Mutual Films Paisagens: James Benning e Clemens Klopfenstein A Sessão Mutual Films é um evento bimestral realizado no Instituto Moreira Salles com o propósito de criar diálogos entre as várias faces do meio cinematográfico, trazendo para o público brasileiro, sempre que possível, filmes, restaurações e eventos inéditos, exibidos em conjunto numa mesma sessão. A escolha dos filmes parte de um engajamento estético em comum que encara o cinema como um meio artístico e educacional. No dia 26/7, a sessão dupla será seguida de debate com os curadores Aaron Cutler e Mariana Shellard. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)
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11 x 14
James Benning | EUA | 1977, 82’, DCP 11 x 14 é um estudo sobre o meio-oeste americano. Uma série de breves tableaux que mostram o cotidiano iconicamente estadunidense, sob um olhar desapegado de significados que transcendam a superfície da imagem. Campos verdes arados por tratores, carros passando por avenidas, pessoas caminhando. A câmera ocasionalmente se desloca para revelar uma ação que complementa a cena. Ela também viaja dentro de carros e trens, observa através de janelas de dentro para fora e vice-versa. Como num jogo de memória, o desdobrar do filme suscita conexões entre cenas que são criadas por nossa própria lembrança do que se passou. Tudo é mistério, pois não há desenlace para o que se vê, apenas lembranças de ações ou iterações que podem sugerir narrativas fragmentadas. O primeiro longa-metragem do renomado cineasta experimental norte-americano James Benning é um marco no cinema de vanguarda dos últimos 50 anos. Ele foi restaurado pela parceria Arsenal-Institut für Film und Videokunst e.V., em Berlim, e Austrian Film Museum, em Viena, a partir do material original em 16 mm, e convertido em cópias 35 mm e DCP. Essa restauração estreou no Festival de Berlim em fevereiro de 2018, junto a um novo filme de Benning.
História da noite
Geschichte der Nacht Clemens Klopfenstein | Suíça | 1979, 64, DCP História da noite é uma jornada por uma Europa pós-apocalíptica, filmada integralmente à noite, com película em preto e branco supersensível e uma câmera Bolex. Somos carregados por paisagens sombrias e melancólicas de cidades não identificadas, onde observamos edifícios em ruínas, uma estação de trem que acolhe alguns poucos desabrigados, monumentos que sugerem antepassados imponentes, porém inanimados. Salvo alguns raros encontros com seres humanos – jovens dançando uma música que não ouvimos, uma procissão religiosa e transeuntes ocasionais –, o passeio noturno é deserto e amedrontador, pois nos sentimos constantemente testemunhas de um ato de violência que está por acontecer ou que se perdeu no decorrer do tempo. Mas essas expectativas se diluem ao longo da jornada, envolvidas pelo silêncio da noite. O primeiro longa-metragem do cineasta suíço Clemens Klopfenstein teve pouca repercussão quando estreou, mas hoje é considerado uma obra-prima do cinema de vanguarda europeu da geração pós-guerra. Esta nova restauração digital foi realizada pela Cinemateca Suíça, em parceria com a Universidade de Basileia e apoio do laboratório Cinegrell, a partir do material original em 16 mm. A restauração estreou no Festival de Locarno em 2016, como parte de uma homenagem ao cineasta, que segue ativo, produzindo e fotografando filmes.
Sessão Cinética
Programação infantil Família em Foco: A velha a fiar + light painting A velha a fiar
Humberto Mauro | Brasil | 1964, 5’, 35 mm
Moscou
Eduardo Coutinho | Brasil | 2009, 78’, arquivo digital Fragmentos de improvisações, oficinas e ensaios de uma peça que não teve e nem teria estreia. O documentarista Eduardo Coutinho convida a companhia teatral Grupo Galpão, de Belo Horizonte, sob direção de Enrique Diaz, a ensaiar a peça As três irmãs, de Anton Tchekhov, por um período de três semanas. Os atores só saberiam qual seria o texto no primeiro dia de filmagem. “A gente vai tentar montar fragmentos ao menos dessa peça, que é enorme, e coisas citadas que não são dessa peça”, explica Coutinho ao apresentar a proposta e o texto. “O objetivo é o seguinte: o inacabado, o fragmento – que, aliás, é Tchekhov –, é maravilhoso. A gente não quer fazer o completo.” As três irmãs conta a história de Olga, Macha e Irina, que, sem perspectivas com a vida levada na província, sonham em voltar para Moscou. A primeira exibição de Moscou será seguida por um debate com os críticos da revista Cinética. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia) 13
Os três ladrões
Die drei Räuber Hayo Freitag | Alemanha | 2007, 80’, 35 mm, dublado em português Eles eram três ladrões que viviam na estrada rendendo e assaltando os viajantes. Um dia, abordam Tiffany, uma jovem órfã que seguia de carruagem para o asilo de sua tia malvada em um castelo nas montanhas. Insatisfeita com sua vida, a menina acha que aquela é uma boa chance de fugir. Em pouco tempo, eles passam de sequestradores a reféns da garotinha. Inspirado no livro homônimo de Tomi Ungerer, Os três ladrões recebeu o prêmio do público no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, em 2008. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)
No clássico curta-metragem, exibido em cópia 35 mm, Humberto Mauro apresenta uma cantiga popular do interior do Brasil executada pelo Trio Irakitan. A música parte de um jogo de repetições e acumulações, que servirá de inspiração a uma atividade colaborativa. Após assistir ao filme, os participantes serão convidados a experimentar a técnica do light painting, que permite fotografar desenhos feitos no ar com lanternas. Ao som de diferentes instrumentos musicais, serão feitos desenhos com luz dentro da sala de cinema. Ao fim, as famílias poderão conhecer uma câmara escura de grande formato e películas de filme. Uma iniciativa do Cinema do IMS com o Família em Foco, programa mensal de ações para grupos familiares, realizado pela equipe de Educação do IMS, que promove a interação, a convivência e a aprendizagem de forma lúdica, entre adultos e crianças a partir de 6 anos. Entrada gratuita. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento.
Sessões especiais A noite dos mortos-vivos
Night of the Living Dead George A. Romero | EUA | 1968, 96’, DCP – cópia restaurada em 4k Ben e Barbra devem lutar para sobreviver quando os mortos levantam de seus túmulos para se alimentar dos vivos. Eles encontram refúgio em uma fazenda, mas terão de fugir antes que sejam alcançados. Filmado na periferia da cidade de Pittsburgh com baixo orçamento, A noite dos mortos-vivos se tornou um grande sucesso de bilheteria e é considerado um marco do cinema de horror. “Nós tínhamos seis mil dólares e uma vaga ideia baseada em um conto que eu havia escrito, que era, na verdade, uma coisa alegórica. Decidimos pegar isso e transformar em um verdadeiro filme de sangue e entranhas, e foi assim que começou”, contou George A. Romero em uma entrevista a Alex Ben Block em 1972. “Um dos nossos investidores era um açougueiro, e foi assim que conseguimos as tripas. Ele trouxe para o set e dissemos: ‘Ótimo!’.” “A história era uma alegoria escrita para traçar um paralelo entre o que as pessoas estão se tornando e a ideia de que elas estão operando em muitos níveis de insanidade, que só fazem sentido para elas mesmas. Mas nós não tentamos de fato escrever essas coisas e não filmamos para chegar às explicações oportunas nem nada assim. Filmamos apenas da forma que seria se os mortos
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voltassem à vida.” O filme será apresentado em DCP, uma restauração em 4K, escaneada dos negativos originais e supervisionada pelo próprio Romero. [Íntegra da entrevista de George A. Romero em: bit.ly/romeronight] Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)
Tapa na pantera
Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes | Brasil | 2006, 4’, arquivo digital Maria Alice Vergueiro manda a real sobre o “tapinha”. O curta será exibido junto com o longa Os famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho, em uma programação especial que acontece em paralelo à estreia de Alguma coisa assim.
Ópera na Tela Os famosos e os duendes da morte Esmir Filho | Brasil | 2009, 101’, 35 mm
Mr. Tambourine é o nome adotado por um garoto de 16 anos para navegar na internet. Ele vive no interior do Rio Grande do Sul e sonha em deixar sua cidade para assistir a um show de Bob Dylan. Adolescentes são personagens recorrentes na filmografia de Esmir Filho. “Acho que faltava vê-los mais na tela, como fiz nos meus curtas. Ao mesmo tempo, gosto muito dessa fase, do rito de passagem, dessa coisa do aprendizado, do dolorido que não é ruim, que é gostoso, porque você finalmente aprende”, conta o diretor ao portal Uol. O roteiro de Os famosos e os duendes da morte foi escrito por Esmir Filho e Ismael Cannepele, autor do livro homônimo lançado junto ao filme em 2009, no Festival do Rio. O longa será exibido junto com o curta Tapa na pantera, de Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes, em uma programação especial que acontece em paralelo à estreia de Alguma coisa assim. [Entrevista completa disponível no link: bit.ly/2JTar4a] Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)
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Don Giovanni
Don Giovanni Ópera de Wolfgang Amadeus Mozart, dirigida por Jean-François Sivadier e regida por Jérémie Rhorer | França | 2017, 190’, DCP Com a ajuda de seu criado e cúmplice Leporello, Don Giovanni conquista diversas mulheres e depois as abandona. Encomendada pela Ópera de Praga em 1787, Don Giovanni é a segunda das três óperas que Mozart compôs de um libreto de Lorenzo Da Ponte. Ela retoma o mito do sedutor punido, surgido no contexto do Barroco espanhol. Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)
Curadoria de cinema
Kleber Mendonça Filho Produção de cinema e DVD Barbara Alves Rangel
Assistência de produção
Thiago Gallego e Ligia Gabarra Projeção
Adriano Brito e Edmar Santos
Os filmes de junho
Meia-entrada
O programa de julho tem o apoio do Arsenal - institut für film und videokunst e.V., do CTAv - Centro Técnico Audiovisual, da Cinémathèque Suisse, do Consulado Geral da Suíça de São Paulo, do Festival Ópera na Tela, da Revista Cinética, da Dezenove Som e Imagem, do Festival Internacional de Cinema Infantil, da Saliva Shots, das distribuidoras Arthouse Distribuição, Descoloniza Filmes, Elo Company, Gullane, Imovision, Janus Filmes, VideoFilmes, Vitrine Filmes, Warner Bros e do Espaço Itaú de Cinema. Agradecimentos: Carsten Zimmer, Gesa Knolle, Romain Holweger, André Schaublin, Maxime Morisod, Célia Gambini, Thais Tomazi e Eduardo Valente
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos, portadores de hiv e aposentados por invalidez.
Família em foco: A velha a fiar parceria
Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Venda de ingressos Ingressos à venda na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Vendas antecipadas no site ingresso.com. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala (113 lugares). Devolução de ingressos
Sessão Mutual Films parceria
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Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos ou por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site.
Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br Programa sujeito a alterações. Acompanhe nossa programação em cinema.ims.com.br e facebook.com/cinema ims As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS Rio: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea
A velha a fiar, de Humberto Mauro (Brasil | 1964, 5’, 35 mm
11 x 14, de James Benning (EUA | 1977, 82’, DCP)
Terça a domingo, sessões de cinema até as 20h. Visitação
Terça a domingo, inclusive feriados (exceto segunda), das 11h às 20h Entrada gratuita.
Rua Marquês de São Vicente 476 CEP 22451-040 Gávea – Rio de Janeiro 21 3284 7400 imsrj@ims.com.br
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