O despertar da besta, de José Mojica Marins
(Brasil | 1969, 92’, DCP, restauração 4K)
O despertar da besta, de José Mojica Marins
(Brasil | 1969, 92’, DCP, restauração 4K)
Entre o ofício da prostituição e a marginalidade, dois homens ora se amam, ora se odeiam, mas topam atravessar afetos duros e complexos para ajudar um ao outro. Essa é parte da premissa de Baby, de Marcelo Caetano, e também de Garotos de programa, de Gus Van Sant. Separados por mais de 30 anos de seus lançamentos, os dois filmes serão exibidos em programa duplo no Cinema do IMS, com cópia restaurada do filme de Van Sant.
José Mojica Marins elabora o impacto cultural de seu Zé do Caixão em Despertar da besta, uma obra metalinguística que passou mais de 10 anos proibida de circular pela censura do regime militar. O diretor introduz também o personagem Finis Hominis, considerado uma espécie de anti-Zé do Caixão. Os filmes serão exibidos em novas restaurações 4K, em diálogo com o mexicano O espelho da bruxa, de Chano Urueta. Com estreia brasileira no IMS, A árvore documenta um ano na vida de um carvalho bicentenário que serve de lar para esquilos, pássaros, camundongos e outros animais. Esse filme para adultos e crianças de todas as idades é o destaque de um programa de férias que conta ainda com Robô selvagem e os preciosos exemplares do cinema de animação brasileiro Bia desenha, Historietas assombradas e Os Under-Undergrounds.
Ainda este mês, a brilhante trajetória musical de Luiz Melodia contada por suas próprias palavras; a comovente aventura de um jovem determinado a aproveitar os últimos dias de vida de sua avó; e as peripécias do rapaz que volta à cidade natal para o enterro de seu antigo patrão.
O espelho da
(
(México | 1960, 75’, DCP, restauração 2K) [imagem da capa]
Baby, de Marcelo Caetano (Brasil, França | 2024, 107’, DCP)
(Brasil | 2024, 75’, DCP)
cartaz
Baby
Marcelo Caetano | DCP
Kasa Branca
Luciano Vidigal | DCP
Luiz Melodia – No coração do Brasil
Alessandra Dorgan | DCP
Malu
Pedro Freire | DCP
Misericórdia (Miséricorde)
Alain Guiraudie | DCP
Garotos de programa
(My Own Private Idaho)
Gus Van Sant | DCP, restauração 2K
A árvore (Le Chêne)
Laurent Charbonnier, Michel Seyd | DCP
Bia desenha
Neco Tabosa e Kalor Pacheco | Arquivo digital
Historietas assombradas – O filme
Victor-Hugo Borges | Arquivo digital
Os Under-Undergrounds – O começo
Nelson Botter Jr. | Arquivo digital
Robô selvagem (The Wild Robot)
Chris Sanders | DCP
Restaurado
1958-1961
O despertar da besta
(ex-Ritual dos sádicos)
José Mojica Marins | DCP, restauração 4K
Finis Hominis – O fim do homem
José Mojica Marins | DCP, restauração 4K
Quando os deuses adormecem
José Mojica Marins | DCP, restauração 4K
O espelho da bruxa
(El espejo de la bruja)
Chano Urueta | DCP, restauração 2K
15:00 Robô selvagem (102')
19:00 Malu (103')
Historietas
15:00 Os Under-Undergrounds – O começo (108') 19:00 Baby (107')
15:00 Robô selvagem (102')
19:00 Luiz Melodia – No coração do Brasil (75')
Os Under-Undergrounds – O começo (108')
Robô selvagem (102')
15:00 Historietas assombradas – O filme (90') 19:00 Kasa Branca (95')
15:00 Bia desenha (42')
19:00 Luiz Melodia – No coração do Brasil (75')
15:00 Historietas assombradas – O filme (90')
19:00 Malu (103')
15:00 Robô selvagem (102')
19:00 Finis Hominis – O fim do homem (88')
15:00 Bia desenha (42')
19:00 O despertar da besta (ex-Ritual dos sádicos) (92') 11
16:00 Baby (107')
19:00 O espelho da bruxa (75')
15:00 Historietas assombradas – O filme (90')
19:00 Misericórdia (102')
15:00 Bia desenha (42')
19:00 Quando os deuses adormecem (90')
16:00 Garotos de programa (104')
19:00 Baby (107')
15:00 Os Under-Undergrounds – O começo (108') 18:30 Malu (103') 12
16:00 Baby (107') 18:30 Malu (103') 19
16:00 Misericórdia (102')
18:30 Luiz Melodia – No coração do Brasil (75')
15:00 Os Under-Undergrounds – O começo (108')
19:00 Kasa Branca (95')
16:00 A árvore (80')
19:00 Kasa Branca (95')
16:00 Kasa Branca (95')
18:30 Luiz Melodia – No coração do Brasil (75')
Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em ims.com.br.
de: Fábio Leal
para: Marcelo Caetano
data: 06 de nov. de 2024, 09:42
assunto:
ei, marcelo! ontem voltei da sessão de baby chateado por só ter conseguido dizer “parabéns, muito bom” pra você. não gosto muito de estreias. da necessidade de emitir uma opinião sobre o filme imediatamente após o fim. vi um rapaz tascando quatro estrelas e meia no letterboxd ainda durante os créditos. sei lá, os filmes que mexem comigo trilham um caminho diferente, vão acendendo memórias.
lembrei muito de maria bethânia no seu filme, mesmo ela não estando presente nem em imagem nem em som. mas lembrei dela assim que o filme começou. primeiro com aquela cena inicial chiquérrima, belíssima, com o tambor dando o tom. ela me ligou, via som, a outro momento de um filme seu, na sua companhia. marcela do nascimento incorporando bethânia, por sua vez acompanhada somente do tambor, cantando
“que sina a tua, meu peito que nunca estás satisfeito que dás tudo... e não tens nada.”
esse fado podia caber também pro seu protagonista de agora, wellington, saindo da prisão sem um puto no bolso, sem eira nem beira, sem pai nem mãe. quando wellington é batizado de baby, bethânia invadiu minha cabeça de novo. obviamente me lembrei de “baby”, a canção de caetano, mas na versão do disco recital na boite barroco. quase todo mundo canta essa música numa forma meio contida. já bethânia grita aos brados: “BABY BABY EU SEI QUE É ASSIM, I LOVE YOU, HÁ QUANTO TEMPO...”
seus personagens aqui amam nessa voltagem bethânica, são intensos na mesma proporção que suas vidas, aqui todo mundo tá por um fio. o que tá em jogo não é a liberdade, sei lá, de ser ou não
Baby, de Marcelo Caetano ser monogâmico, por exemplo. é a liberdade literal de estar ou não trancado num presídio. é viver a vida ou ser morto pela polícia do tarcísio. a vida real não é interrompida pra que o romance aconteça, tudo tá misturado, tudo é arriscado. e, por falar em risco, eu adoro que você não problematiza o fato de ronaldo ser bem mais velho que baby. um amigo, erneste, cita sempre aquele filósofo emanuele coccia, que diz que o conceito de geração é uma ideia fascista. peraí que vou precisar te mostrar esse trecho da entrevista do coccia.*
“a ideia de geração é em si uma ideia bastante fascista. a ideia de que existam umas verdades compartilhadas, só em função do
compartilhamento de uma época de nascimento. essa ideia me parece não só boba, mas também muito perigosa. talvez o que você diz, que eu não sou millennial, mas apesar disso posso ser associado a eles, significa que algo em mim não corresponde de nenhuma maneira à minha geração, e talvez essa seja a realidade de todos. biologicamente, o nosso corpo é composto por peças que provêm de gerações de épocas distintas. do ponto de vista genético, há pedaços de mim que provêm da minha mãe ou do meu avô, e há pedaços juntados de última hora, como um balde japonês que tem peças muito antigas e algumas recentíssimas. sou, então, intergeracional, e também intercultural, porque misturo continuamente elementos que chegam da minha filha com formas culturais que provêm da idade média. [...] quando se começa
a conhecer um pouquinho as árvores, ao entrar num bosque nos damos conta que estamos em um espaço cronologicamente louco, porque não só as árvores e as plantas não têm a mesma idade, mas cada uma das espécies provém de épocas distintas. uma floresta, portanto, testemunha essa assincronia fundamental de tudo aquilo que vive, e é isso que faz com que uma cultura seja viva, o fato de que um discurso possa incluir dentro de si expressões e palavras que vêm de idades completamente incompatíveis, idades de nascimento e históricas.”
seu filme é uma floresta, né? é um filme inter. tem pardo, preto, branco, gordo, magro, bombado, gay, bi, homem, mulher, cis, trans, bear, twink... eu gosto de pelo menos pensar que estar permeável por pessoas completamente diferentes de nós é possível. a possibilidade da mistura.
mas tem algo que une todos os seus personagens. e aí chegamos à última (eu juro!) lembrança que eu tive de bethânia. um depoimento que ela dá no filme os doces bárbaros pra um jornalista podre.
“ você não se identifica com rótulo nenhum?
− nenhum, sou meio à margem. marginal? à margem. qual é a diferença?
modo de falar. mais elegante.”
toda a fauna e flora do seu filme se equilibra nesse entre. são pessoas à margem que são constantemente empurradas para uma assim chamada marginalidade. e ser marginal é infinitamente melhor do que ser assimilado por uma sociedade que, na melhor
das hipóteses, nos tolera. e o mais bonito do seu filme é que essas pessoas que você criou não são definidas pelos delitos que cometem, e sim pela forma como amam.
quero que pinte pra mim também um amor-bethânia. e um amor-bethânia não é liso, tem a aspereza da voz dela e da própria vida real e de viés (poxa vida, preciso parar de enfiar citações a músicas de caetano também, mas não consigo). existe um movimento cada vez mais forte dentro desse recorte nosso (esquerda progressista artista etc.) de tirar a complexidade e contradição das coisas, colocar tudo de forma maniqueísta. mas, se a gente quiser ser justo com o amor, não dá pra colocar nesses termos de bonzinho e mauzinho, né? como somos escrotos com quem a gente ama, como são violentas as bichas que nos amam, e como isso tá colado com maravilhosidades que fazemos e que nos fazem. no instagram dá pra pregar o contrário, mas só lá. um outro amigo, thiago, me mandou um áudio uma vez dizendo que “a violência é uma parte das nossas relações que, na era da autoajuda virtual, a gente tenta muito botar pra baixo do tapete ou resolver de formas muito neoliberais, do tipo ‘se alguém não contribui com a sua vida, jogue fora!’”. como se fosse fácil jogar um amor fora sem que boa parte do que nos constitui naquele momento vá junto. (por favor, marcelo, não mostra este e-mail pra ninguém ou vou ser cancelado, acusado de louvar a violência e a toxicidade das relações!! nem sei se te mando este e-mail, na verdade…)
mas, enfim, agora, sim, de novo, e mais uma vez: parabéns, muito bom.
* a entrevista toda do coccia tá aqui: www.youtube.com/watch?v=P8EeaSN3hjw.
Patricia Palumbo
Hoje quero contar pra vocês uma história bonita. Luiz Carlos dos Santos, conhecido como Luiz Melodia – sobrenome artístico herdado do pai, nasceu no Rio de Janeiro em janeiro de 1951 no morro do Estácio. Sempre fui admiradora e fã de sua música e obra. Em 2002, publiquei meu primeiro livro de entrevistas, e ele está lá, registrado em fotos num ensaio de Luciana De Francesco e contando sua história como nunca tinha feito antes.
O áudio completo dessa entrevista virou filme! Alessandra Dorgan, cineasta e uma querida amiga, me chamou pra fazer cinema, e o resultado foi o documentário Luiz Melodia –No coração do Brasil. Alessandra é a diretora, o argumento é nosso, e fiz a direção musical e também sou uma das roteiristas. Cinema é um trabalho de equipe sempre, muita gente pra fazer uma obra acontecer. A montagem de Joaquim Castro é poética como a gente queria e como pedia a história desse artista. Estreamos no festival É Tudo Verdade, ganhamos prêmio de Melhor Filme no In-Edit Brasil, prêmio do Júri Popular no Bonito CineSur, e Melhor Documentário no Festival Internacional de Paraty. Seguimos correndo festivais e agora temos distribuição nos cinemas! Essa notícia é maravilhosa por muitos motivos, mas principalmente porque Luiz Melodia merece ser visto e ouvido.
Nesse filme, ele conta a própria história. Sua voz é o guia e nos conduz pela trajetória de um menino nascido num morro carioca, que conviveu com poetas como Waly Salomão e Torquato Neto, foi gravado por Gal Costa e Maria Bethânia antes mesmo de lançar seu próprio disco, estourou com “Juventude transviada” e fugiu pra Bahia assustado com o sucesso. Lá conheceu Jane Reis, fez o Mico de circo com festa de lançamento “nos braços do povo”, chegando numa charrete no Mercado Sete Portas. Uma sequência linda no filme, que tem uma belíssima pesquisa de imagens de arquivo. Assisti ao doc numa sessão no Rio de Janeiro ao lado de Jards Macalé, que emocionado me disse que muita coisa ali ele nunca tinha visto. Temos imagens preciosas de uma fita super-8 desse tempo na Bahia. Um presente de Rica Saito que, sabendo do nosso trabalho, ofereceu esse material incrível para o que era ainda só um projeto. Não deixamos passar a pressão do mercado e da imprensa para que ele gravasse discos de samba. Ficou bem clara a formação plural e diversa que ele teve ouvindo rádio, o gosto pela música negra feita no mundo, pelo jazz e pelo blues, está lá a presença da banda Black Rio e também da poesia – suas “canetadas” coloquiais e maravilhosas. Um artista único.
A música é personagem principal, porque a história também é contada pelas canções. Preste atenção nas letras, sempre digo. E, no cinema, fique até o fim para ver nos créditos a lista de canções.
Como disse, cinema é equipe. Por isso é fundamental falar dos nossos produtores: MUK (do querido parceiro Daniel Gaggini) e bigBonsai. E a nossa distribuidora é a Embaúba, nome de árvore da mata atlântica, que vai fazer Luiz Melodia correr o Brasil. Enquanto isso, ouçam seus discos.
O primeiro é o Pérola negra, de 1973. O mais recente é o Zerima, lançado também na versão ao vivo em 2018.
A música é um dos nossos maiores tesouros, e Luiz Melodia é um joia de real grandeza.
Marcelo Caetano | Brasil, França | 2024, 107’, DCP (Festival Mix Brasil)
Após ser liberado de um centro de detenção juvenil, Wellington se vê sozinho e perdido nas ruas de São Paulo, sem contato com seus pais e sem recursos para reconstruir sua vida. Durante uma visita a um cinema pornô, ele encontra Ronaldo, um homem mais velho, que lhe ensina novas formas de sobrevivência. Gradualmente, o relacionamento entre eles se transforma em uma paixão conflituosa, oscilando entre exploração e proteção, ciúmes e cumplicidade. Baby estreou em 2024 na 63ª Semana da Crítica de Cannes, onde recebeu o prêmio de Melhor Ator Revelação para Ricardo Teodoro. No Festival do Rio, conquistou os prêmios de Melhor Longa de Ficção – junto a Malu –, Ator, para João Pedro Mariano, Direção de Arte e o Prêmio Especial do Júri.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Branca
Luciano Vidigal | Brasil | 2024, 95’, DCP (Vitrine Filmes)
Dé é um adolescente negro da periferia da Chatuba, no Rio de Janeiro, que recebe a notícia de que a avó, Almerinda, está na fase terminal da doença de Alzheimer. Ele tem a ajuda de seus dois melhores amigos, Adrianim e Martins, para enfrentar o mundo e aproveitar os últimos dias de vida com ela.
No Festival do Rio, em 2024, Kasa Branca recebeu os prêmios de Melhor Direção em Ficção, Melhor Fotografia, Melhor Ator Coadjuvante, para Diego Francisco, e Melhor Trilha Sonora Original.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Luiz Melodia – No coração do Brasil
Alessandra Dorgan | Brasil | 2024, 75’, DCP (Embaúba Filmes)
Uma viagem sonora e visual, com materiais raros e inéditos de arquivo, que retrata a vida e obra do grande cantor e compositor brasileiro Luiz Melodia. O documentário musical é guiado pela própria voz do artista, que, ao abraçar sua liberdade e originalidade, desafiou muitas normas no mercado fonográfico e cultural brasileiro. Em 2024, além de integrar a seleção oficial do Doc Lisboa e do É Tudo Verdade, o filme de Alessandra Dorgan foi premiado como Melhor Filme pelo In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Pedro Freire | Brasil | 2024, 103’, DCP (Filmes do Estação)
Malu é uma mulher com um passado glorioso na atuação, mas cuja carreira chegou ao ostracismo. Em um casarão em construção, afastado dos centros urbanos, vive com sua mãe conservadora e seu amigo Tibira. Eventualmente recebe visitas da filha. A complexa relação entre as três mulheres oscila entre momentos de carinho e ternura e rompantes de ressentimento e agressividade. No terraço de sua casa, Malu quer construir um teatro. Livremente inspirado na vida da atriz paulista Malu Rocha, mãe do diretor Pedro Freire, Malu faz um agudo e nuançado retrato de relações familiares e de uma atriz afastada da profissão. Além de ter trabalhado em filmes de Ruy Guerra, Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, o diretor Pedro Freire já havia dirigido curtas-metragens, teatro e novela. Para seu primeiro longa-metragem, conta ao Jornal do Brasil: “Eu queria que meu primeiro longa fosse um filme inevitável para mim [...]. Então, ali por 2017, aos 36 anos, eu decidi que
tinha chegado a hora de tomar uma decisão: que primeiro longa seria esse? Então me conectei as coisas mais importantes para mim, busquei o que seria tão profundo que só eu poderia fazer, e me encontrei com a pessoa mais importante e transformadora da minha vida, minha mãe, Malu Rocha. Digo com nome e sobrenome porque ela foi além de uma mãe, ela era mãe e ao mesmo tempo tinha uma persona, ‘a atriz Malu Rocha’, que ela levava para dentro de casa o tempo todo. E aquela personagem dentro da minha casa não era simples, porque ao mesmo tempo era difícil a distância – imagina que a sua mãe está sempre atuando – e também era fascinante, porque era uma personagem maravilhosa, inteligentíssima, humana, corajosa, culta. Enfim decidi que tinha que contar a história dela e entendi que a parte de sua história que mais me marcou foi o momento em que ela ficou mais isolada do mundo, dos amigos, morando com a mãe numa casa semiconstruída numa favela do Rio de Janeiro, sempre dizendo que queria voltar para São Paulo”. O longa conta com as interpretações de Yara de Novaes, Carol Duarte, Juliana Carneiro da Cunha e Átila Bee. Depois de passar pelo Festival de Sundance, em janeiro deste ano, Malu fez sua estreia brasileira no Festival do Rio, no qual recebeu os prêmios de Melhor Longa de Ficção –junto a Baby, de Marcelo Caetano –, Roteiro, Atriz (para Novaes) e Atriz Coadjuvante (dividido entre Carneiro e Duarte).
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Miséricorde
Alain Guiraudie | França, Espanha, Portugal | 2024, 103’, DCP (Zeta Filmes)
Jérémie regressa à sua cidade natal para o funeral do seu antigo patrão, o padeiro da aldeia. Decide ficar uns dias com Martine, a viúva. No entanto, um desaparecimento misterioso, as ameaças de um vizinho e um padre com estranhas intenções fazem a curta estadia de Jérémie na aldeia tomar um rumo inesperado.
Do mesmo diretor de Um estranho no lago (2013) e Na vertical (2016), Misericórdia estreou no Festival de Cannes 2024, na mostra Cannes Première, e foi escolhido como melhor filme do ano pela Cahiers du Cinéma.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
My Own Private Idaho
Gus Van Sant | EUA | 1991, 104’, DCP (Park Circus), restauração 2K
Por ocasião da estreia de Baby, de Marcelo Caetano, o Cinema do IMS exibe o clássico de Gus Van Sant, em um programa duplo.
Dois jovens vivem nas ruas de Portland aplicando pequenos golpes, em meio a drogas e prostituição. Scott, filho rebelde do prefeito, só quer envergonhar sua família. Mike sofre de narcolepsia e é apaixonado por Scott. Eles decidem viajar para a Itália em busca da mãe perdida de Mike.
Um marco no assim chamado New Queer Cinema, Garotos de programa é livremente inspirado em Henrique IV, de William Shakespeare, e conta com interpretações de Keanu Reeves e River Phoenix.
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
O Cinema do IMS apresenta uma programação especial de férias para crianças de todas as idades, com entrada gratuita.
Com exibição única, o imperdível A árvore conta a vida de um carvalho bicentenário ao longo de um ano, mostrando a forma como resiste às estações e como abriga os mais diferentes animaizinhos, até a ameaça dos parasitas e predadores. Sem distribuição brasileira, A árvore estreia no país no Cinema do IMS.
Exibido em cópia dublada, Robô selvagem narra as aventuras de Roz, uma máquina que precisará aprender a viver no meio da natureza.
A programação inclui ainda grandes obras do cinema de animação brasileiro recente, todas realizadas a partir de séries de televisão de sucesso: Bia desenha, Historietas assombradas e Os Under-Undergrounds.
Entrada gratuita. Distribuição de senhas 60 minutos antes da exibição. Limite de uma senha por pessoa. Sujeito à lotação da sala.
Le Chêne
Laurent Charbonnier, Michel Seyd | França | 2021, 80’, DCP (Gaumont) [imagem ao lado]
Era uma vez um carvalho de 210 anos de idade… Uma grandiosa árvore que é guardiã de seu mundo e do equilíbrio da natureza. Como uma casa coletiva, sempre aberta, era visitado e habitado por insetos, pica-paus, camundongos e um esquilo vermelho, mas também por parasitas traiçoeiros e predadores implacáveis.
Um carvalho é capaz de viver por até mil anos. Neste filme para crianças e adultos de todas as idades, dois eminentes cineastas amantes da natureza filmaram durante um ano, estação após estação, a mesma árvore na verdejante região francesa de Sologne. Sem falas, as emoções são orientadas pelo uso criativo da música.
Selecionado para o Festival de Berlim em 2022, A árvore não teve distribuição nos cinemas brasileiros e faz sua estreia no Cinema do IMS.
Neco Tabosa e Kalor Pacheco | Brasil | 2019, 42’, Arquivo digital (Carnaval Filmes)
Bia, 5 anos, e Raul, 6 anos, são primos. Os dois moram em casas ao redor do mesmo quintal, numa periferia da região metropolitana do Recife. A grande aventura da vida deles é quando se encontram depois da aula para brincar e desenhar.
A série estimula a comunicação e o afeto em uma família pouco convencional, investigando os temas que passam pela cabeça das crianças enquanto elas se expressam com letras, traços e cores.
Esta sessão especial reúne 6 episódios da série infantil Bia desenha.
Victor-Hugo Borges | Brasil | 2017, 90’, Arquivo digital (Vitrine Filmes)
Aos 12 anos, Pepe vive com sua avó, uma bruxa-empresária excêntrica. Após descobrir que foi adotado e que seus pais biológicos estão vivos, ele embarca em uma aventura para encontrá-los. No caminho, atrai a atenção de Edmundo, um vilão biomecânico que precisa da energia de crianças para se tornar imortal. Quando sua avó é raptada, Pepe, com a ajuda de seus amigos, precisa resgatá-la, enquanto tenta solucionar o mistério de seus pais desaparecidos.
Baseado na série animada de sucesso, combina humor, fantasia e emoção. O longa foi eleito, em 2018, Melhor Filme de Animação no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e no Prêmio Guarani. Em 2017, recebeu menção honrosa no Festival do Rio.
Nelson Botter Jr. | Brasil | 2020, 108’, Arquivo digital (Vitrine Filmes)
Heitor Villa-Lobos, um jovem músico, é expulso de sua banda por conta de suas grandes orelhas. Ele será substituído por um integrante mais “padrão”. Em um incidente inesperado, Heitor cai em um bueiro e vai parar no mundo Underground. Nessa nova terra, completamente diferente da que estava acostumado, ele conhece os “mutantes”, criaturas humanoides muito peculiares. Entre eles, encontra amigos leais e uma nova banda para tocar.
O longa surge a partir da aclamada série de animação brasileira de mesmo nome, criada por Hugo Oda e exibida originalmente pelo canal Nickelodeon.
The Wild Robot
Chris Sanders | EUA | 2024, 102’, DCP (Universal Pictures do Brasil), cópia dublada em português
A jornada de uma robô – a unidade ROZZUM 7134, também conhecida como Roz – que naufraga em uma ilha desabitada e precisa aprender a se adaptar ao ambiente hostil, construindo pouco a pouco relacionamentos com os animais nativos, e até adotando um filhotinho de ganso órfão.
Do mesmo diretor de sucessos como Lilo e Stich (2002) e Como treinar seu dragão (2010), Robô selvagem é uma adaptação do premiado romance ilustrado de mesmo nome, de Peter Brown. Publicado pela primeira vez em 2016, tornou-se um fenômeno, disparando para o primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times.
A mostra José Mojica Marins restaurado apresenta dez filmes de um dos grandes nomes do cinema brasileiro. As restaurações em 4K inéditas, feitas a partir dos negativos originais, celebram a carreira de Mojica, cuja obra poderá ser revista em cinema com uma qualidade sem precedentes.
O cineasta marcou o Brasil em 1964 com À meia-noite levarei sua alma, apresentando o icônico Zé do Caixão, o coveiro em busca da mulher perfeita para perpetuar sua linhagem. A saga de Zé continuou em Esta noite encarnarei em teu cadáver (1967) e Encarnação do demônio (2008), fechando a trilogia após 44 anos!
Zé do Caixão não foi apenas um personagem de filme, ele se transformou em um ícone pop, com presença na TV, em quadrinhos e até em discos. Embora tenha explorado diversos gêneros, Mojica deixou seu legado eterno no terror.
A mostra segue em cartaz até março de 2025, com a exibição de novos programas a cada mês.
Em janeiro, será exibido Despertar da besta, proibido de circular por mais de 10 anos pela censura da ditadura militar, junto aos filmes em que Mojica apresenta o personagem Finis Hominis, considerado uma espécie de anti-Zé do Caixão.
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
José Mojica Marins | Brasil | 1969, 92’, DCP, restauração 4K (Olhos de Cão)
Um psiquiatra injeta LSD em quatro voluntários para estudar os efeitos da substância em pessoas sob a influência da imagem do perverso personagem Zé do Caixão. Filme proibido em sua íntegra pela censura, liberado apenas em 1986, com novo nome.
Finis Hominis – O fim do homem
José Mojica Marins | Brasil | 1971, 88’, DCP, restauração 4K (Olhos de Cão)
Um homem completamente nu emerge do mar e caminha tranquilamente pelas ruas da cidade, causando espanto geral e sendo reconhecido pela população como um messias moderno, capaz de operar milagres.
Quando os deuses adormecem
José Mojica Marins | Brasil | 1972, 90’, DCP, restauração 4K (Olhos de Cão)
Continuação da saga do misterioso personagem Finis Hominis, estranha figura que conscientiza os homens do caminho correto para a humanidade. Raríssimo filme de Mojica, resgatado pelo projeto de restauro de sua obra graças à existência de uma única cópia no acervo da Cinemateca Brasileira.
A mostra no Cinema do IMS reúne quatro clássicos do horror mexicano dos anos 1960 restaurados, alinhados à filmografia de José Mojica Marins. Mistérios de além-túmulo, O espelho da bruxa, O barão do terror e A maldição da Chorona trazem de volta pesadelos cinematográficos com uma abordagem alternativa ao cinema de gênero dominado por Hollywood. Essa programação especial revela o impacto cultural e histórico dessas obras, que, mesmo fora do circuito hegemônico, marcaram época com suas histórias sombrias, efeitos marcantes e características genuinamente latino-americanas. Em cartaz até março de 2025, a mostra apresenta um novo título da seleção a cada mês.
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
O espelho da bruxa
El espejo de la bruja
Chano Urueta | México | 1960, 75’, DCP, restauração 2K (Alameda Films)
Sara, uma governanta adepta das artes das trevas, mostra à sua afilhada, Elena, seu destino macabro com a ajuda de um espelho: Elena será assassinada pelo marido mulherengo, Eduardo. Depois de não conseguir mudar o destino de Elena, Sara se vinga apresentando o ocultismo à nova esposa de Eduardo.
Instituto Moreira Salles
Cinema
Curador
Kleber Mendonça Filho
Programadora
Marcia Vaz
Programador adjunto
Thiago Gallego
Produtora de programação
Quesia do Carmo
Assistente de programação
Lucas Gonçalves de Souza
Projeção
Fagner Andrades e Gilmar Tavares
Revista de Cinema IMS
Produção de textos e edição
Thiago Gallego e Marcia Vaz
Diagramação
Marcela Souza e Taiane Brito
Revisão
Flávio Cintra do Amaral
A programação do mês tem apoio de Alameda Films, Carnaval Filmes, Gaumont, Olhos de Cão, das distribuidoras Embaúba Filmes, Filmes do Estação, Park Circus, Retrato Filmes, Universal Pictures Brasil, Vitrine Filmes, Warner Bros. e Zeta Filmes.
Agradecemos a André Vinicius, Elaine Vegnaduzzi, Fábio Leal, Felipe Martín Lozano, João Vieira Jr., Kalor Pacheco, Louise Paraut, Luís Fernando Moura, Nara Aragão, Natália Meira, Patricia Palumbo, Paulo Sacramento, Sandra Escribano Orpez e Tarsila Tavares.
José Mojica Marins restaurado
Realização: Cinema do IMS
Curadoria e Produção: Olhos de Cão
México macabro: 1958-1961
Realização, curadoria e produção: Cinema do IMS
Ingressos à venda pelo site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural, para sessões do mesmo dia. No ingresso.com, a venda é mensal, e os ingressos são liberados no primeiro dia do mês.
Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 85 lugares.
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública e privada, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos e titulares do cartão Itaú (crédito ou débito).
Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas no site ims.com.br e no Instagram @imoreirasalles. Confira as classificações indicativas no site do IMS.
Garotos de programa
(My Own Private Idaho), de Gus Van Sant (EUA | 1991, 104’, DCP, restauração 2K)
Visitação: terça a sexta, das 13h às 19h. Sábados e domingos, das 9h às 19h.
Entrada gratuita.
Rua Teresópolis, 90 CEP 37701-058
Cristiano OsórioPoços de Caldas ims.pc@ims.com.br
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