Vacinas - Material Didático 2012

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Projeto Imunologia nas Escolas Instituto de Investigação em Imunologia / Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia

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Vacinas Atividade nº 4

São Paulo, 2012 " 1" " " " "


Sumário 1. Roteiro do Professor 2. Introdução: Histórico da Vacinação no mundo e no Brasil 3. Fichas de discussão: Calendário básico de vacinação A varíola: o problema Construção do conhecimento: a invenção da vacina O que é uma vacina e qual a diferença entre soro e vacina Como são produzidas as vacinas Vias de administração e exemplos de vacinas Como funcionam as vacinas Efeitos colaterais das vacinas 4. Vídeo relacionado: A Revolta da Vacina 5. Atividade para casa

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1. Roteiro do Professor Principais conceitos estruturantes desta atividade: i) Resposta imune à infecção: antígeno, células envolvidas, anticorpo ii) Produção do conhecimento sobre a invenção da vacina iii) Como funcionam as vacinas e no que diferem dos soros iv) Como são produzidas as vacinas v) Como se dá a resposta imune induzida pela vacina vi) História da introdução da vacina no Brasil: Revolta da Vacina Estrutura da atividade: 1) Representação da resposta imune (10 min) A sala deverá estar dividida em 4 pequenos grupos, cada um terá um professor do projeto. Com o auxílio de um kit de células impressas em tamanho grande, tentar, juntamente com os alunos, reconstituir os principais passos da resposta imune. Neste processo ressaltar os principais conceitos e nomes envolvidos: antígeno, células envolvidas (macrófagos, linfócitos T e B, anticorpos, citocinas), comunicação intercelular. 2) Discussão das fichas (50 min.) Com a turma ainda em 4 grupos, discutir as fichas: Ficha 1 - Calendário básico de vacinação Cada aluno receberá uma cópia do Calendário de Vacinação da Criança usado no Brasil. Todos deverão observá-lo e descrever como ele funciona. Em seguida, os alunos serão convidados a levantar dúvidas sobre seu funcionamento, tentando relacionar com o que aprendemos sobre a resposta imune à infecção. • Que tipo de doença estamos prevenindo com o esquema de vacinação proposto? • Por que ele é dirigido principalmente para crianças? • Existem vacinações para adolescentes e adultos? Quais vacinas são utilizadas nestes outros grupos? • A resposta imune induzida por uma vacina é específica? • A reposta imune é sempre induzida da mesma maneira para diferentes agentes infecciosos? • Este calendário é igual em outros países? Por que? • Quando um país desenvolve seu programa de vacinação, o que ele leva em consideração para definir os tipos de vacina utilizados e a idade dos indivíduos que deverão recebe-la? Ficha 2 – A varíola: o problema Ficha 3 – Construção do conhecimento: a invenção da vacina Ficha 4 – O que é uma vacina e qual a diferença entre soro e vacina Ficha 5 – Como são produzidas as vacinas Ficha 6 – Vias de administração e exemplos de vacinas Ficha 7 - Como funcionam as vacinas Ficha 8 – Efeitos colaterais das vacinas A ficha que contém texto deve ser lida pelos alunos. Recomenda-se ir parando e perguntando aos estudantes, envolvendo o grupo. Conceitos em negrito nas fichas devem ser discutidos no grupo. Deve-se tentar destacar os conceitos estruturantes durante a discussão. 3) Filme “A revolta da vacina” (10 min.) Um professor do projeto deve ir comentando os principais momentos do filme. 4) Avaliação da atividade (5-10min.) Cada professor deve conversar com seu grupo sobre como foi a atividade. Deve explicar que eles estão avaliando o nosso trabalho para podermos aprimorá-lo. Em seguida, deve deixar 5 min. para que respondam a avaliação. Os alunos não precisam se identificar, mas podem fazê-lo, se quiserem. 5) Atividade para casa (5 min.) Poderá ser feita individualmente ou em duplas e entregue em 15 dias ao coordenador pedagógico da escola.

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2. Introdução Momentos históricos da vacinação no mundo e no Brasil "Edward Jenner, médico inglês, descobriu que era possível induzir a imunidade contra a varíola " humana usando material extraído de vacas (cowpox virus). Em 1796, ele administrou o material em um menino de 8 anos de idade que ficou protegido contra a doença. Esta foi a primeira vacina de que se tem notícia. O termo vacina vem da palavra vaccinus, que em latim significa vaca. Em 1885, chegava ao laboratório de Louis Pasteur um menino de 9 anos, que havia sido mordido por um cão raivoso. Pasteur, que vinha desenvolvendo pesquisas na atenuação do vírus da raiva, injetou na criança o material proveniente da medula óssea de um coelho infectado. Ao todo, foram 13 inoculações, cada uma com material mais virulento. A criança não chegou a contrair a doença. Neste mesmo ano, Pasteur comunicou à Academia de Ciências a descoberta do imunizante contra a raiva, que chamou de vacina em homenagem a Jenner. Fundador da moderna microbiologia e da medicina experimental, Pasteur revolucionou a ciência ao desenvolver um imunizante produzido à vontade por um método que podia ser generalizado. Até os dias atuais a vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir doenças infecciosas.

transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém reconstruída cidade do Rio de Janeiro numa praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados. O Brasil tem evoluído nos últimos anos nessa área, especialmente com a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, que facilitou o acesso da população à vacinação. O calendário de vacinação corresponde ao conjunto de vacinas prioritárias para o País. Todas elas estão disponíveis gratuitamente nos postos da rede pública.

A vacinação no Brasil Na passagem do século XIX para o século XX, o Rio de Janeiro era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam às dezenas, em decorrência de doenças infecciosas. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava na eficácia da vacina e não concordava com uma intervenção impositiva no corpo.

A invenção da vacina mudou de forma marcante a história das doenças infecciosas no mundo, sendo provavelmente a intervenção médica de maior impacto na saúde humana. Com a sua introdução nas políticas de saúde pública, foi possível eliminar doenças que mataram milhares de pessoas no mundo, como a varíola, e controlar, de forma significativa, diversas outras doenças, como sarampo, catapora e outras. No Brasil, temos, hoje, uma cobertura vacinal da população para diversas doenças infecciosas que são importantes problemas de saúde pública. Ao mesmo tempo, continuamos a vacinar a população contra doenças que foram um problema no passado, com o objetivo de prevenir um potencial novo surto desta doença. Se uma grande parte da população (em geral mais de 80%) está vacinada com uma vacina de boa eficácia, todos ficam protegidos, pois impede a circulação do patógeno na população. Este fenômeno é chamado de imunidade de rebanho – a população está protegida mesmo que nem todos os indivíduos tenham imunidade contra aquele patógeno. Acredita-se ser importante manter a imunidade de rebanho, uma vez que, em países onde não há esta política, começa a haver surtos de doenças, como sarampo, que praticamente não existiam na população.

A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo se revoltasse, pois já estava profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e era insuflado pela imprensa. Durante uma semana, o povo enfrentou as forças da polícia e do exército até "ser reprimido com violência. O episódio

O desafio, hoje, é desenvolver vacinas, a baixo custo, contra doenças que permanecem como um grande problema de saúde pública, como Aids, malária, dengue e leptospirose, além de enfrentar as novas doenças que surgem em um mundo globalizado.

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3. Fichas de discussão Calendário Básico de Vacinação da Criança

Fonte: http://portal.saude.gov.br

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A varíola: o problema!

Acredita-se que a varíola tenha surgido há mais de três mil anos, provavelmente na Índia ou no Egito. Ela se espalhou pelo mundo, causou inúmeras epidemias, aniquilou populações inteiras (como diversas tribos de índios brasileiros) e mudou o curso da história. Em algumas culturas antigas, a letalidade da varíola era tamanha entre as crianças que estas só recebiam nomes se sobrevivessem a ela. No decorrer do século XVIII, a doença matava um recém-nascido em cada 10 na Suécia e na França, e um em cada sete na Rússia. Não bastasse o medo da morte, os doentes ainda tinham que enfrentar a possibilidade de carregar cicatrizes profundas, principalmente no rosto, ou mesmo de perder a visão.

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Por que?

ordenhadoras não contraíam a doença.

parecidas com as da varíola humana e que

Jenner observou que as vacas tinham pústulas

Construção do conhecimento: a invenção da vacina!

Edward Jenner, 1798

Observação 1

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Construção do conhecimento: a invenção da vacina !

Algo nas pústulas das vacas estimula o organismo da pessoa e protege contra a varíola humana

Conclusão

O garoto não ficou doente ! protegeu

Resultado

Inoculou um garoto de 8 anos com pústula de varíola de vaca e depois o desafiou com a pústula humana.

Experimento

Hipótese: o contato com as pústulas das vacas protege as ! ordenhadoras contra a varíola humana

Teste da hipótese

Jenner vacinando James Phipps

Novo conhecimento ! !

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Rápida e não específica

Ativa desde antes do nascimento e atua toda vida

Imunidade Inata

Aumenta com exposições repetidas

Lenta e específica

Adquirida com o tempo, com as experiências imunológicas

Imunidade Adquirida

Ativam !

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Soros: já contêm anticorpos capazes de neutralizar o patógeno ou a toxina

Vacinas: capazes de ativar resposta imune adquirida, além da inata induzindo proteção contra o agente infeccioso

Antiofídicos

BCG

Tétano

Poliomelite

O que é uma vacina? Qual a diferença entre soro e vacina?

Não aumenta com exposições repetidas

O soro é CURATIVO, enquanto a vacina é PREVENTIVA !

am iliz Ut

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Patógeno

A vacina é composta por partes específicas do microrganismo !Antígenos

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Outras estratégias

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A célula hospedeira digere o microrganismo gerando partes dele ! Antígenos

Vacinas na era do DNA

Como são produzidas as vacinas?

Inativos

Primeiras vacinas

Atenuados

Microrganismos sem capacidade de causar doença

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Vias de administração de vacinas

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Exemplos

Vacina contra febre amarela

Poliomelite

Hepatite A e Hepatite B

Vacinas com microrganismos inativados

MMR ou SRC (tríplice viral): Sarampo, rubéola e caxumba

Influenza

Vacinas com microrganismos atenuados

BCG : Vacina contra a tuberculose

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? A vacina é administrada

Exemplo de vacina que induz a produção de anticorpo

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! ! Os anticorpos são imunoglobulinas produzidas pelos plasmócitos que são diferenciados de linfócitos B

Os anticorpos neutralizam o patógeno ligando-se ao antígeno que induziu sua produção, impedindo que o patógeno se multiplique e cause doença

Combatem a infecção diante de uma nova exposição ao vírus ou bactéria presentes na vacina

Como as vacinas funcionam

O sistema imune identifica os antígenos dos vírus e das bactérias presentes nas vacinas

O corpo armazena as células B de memória que se diferenciam em plasmócitos – células produtoras de anticorpos

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FEBRE

CONVULSÃO

Doença vacinal: induzida pela vacina com microrganismos atenuados. Geralmente mais leve do que a doença natural, sendo mais comum em indivíduos imunodeprimidos.

Reação alérgica pode estar associada à: •  Reação ao ovo, substâncias usadas no •  Reação à gelatina, preparo das vacinas •  Reação a alguns antibióticos, •  Reação a alguns componentes do próprio imunógeno

INFECÇÃO NO LOCAL

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Efeitos colaterais das vacinas

Hipersensibilidade moderada a grave

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4. VĂ­deo relacionado

A Revolta da Vacina http://www.youtube.com/watch?v=t27EhLEAWY4

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5. Atividade para casa

Projeto Imunologia nas Escolas Atividade N0 4 – Vacinas Nome:______________________________ Série:______ Data:________ Desta vez, estamos propondo apenas uma atividade e, como de costume, você poderá fazer individualmente ou em dupla. A tarefa deverá ser entregue ao coordenador pedagógico da escola, Prof. Chico Cardoso, dentro de 15 dias. Ela será corrigida pela equipe do Projeto Imunologia nas Escolas e depois você terá um retorno. Assista aos vídeos abaixo: 1. Como se faz uma vacina. http://www.youtube.com/watch?v=t-pIyJmN7eI&feature-related 2. Produção de soros http://www.youtube.com/watch?v=8VBwU1sdwvE&feature=related Com o auxilio da apostila utilizada na atividade sobre Vacinas (1 volume está disponível na biblioteca e a versão online também acessível no blog do projeto (http://projetoimunologianasescolas.blogspot.com.br),

desenvolva

um

texto

respondendo as seguintes perguntas: •

O que queremos induzir ao vacinar uma pessoa?

O que é imunização ativa e imunização passiva?

Qual a diferença entre soro e vacina?

Quais as etapas da resposta imune induzida pela vacina?

Quais as etapas de produção de uma vacina?

Quais as etapas de produção de um soro?

Como está a produção de vacinas e soros no Brasil?

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Projeto Imunologia nas Escolas Plataforma de Ensino e Interação com a Sociedade - iii-INCT

Coordenação Verônica Coelho Paulo Roberto Cunha Sandra Moraes Silvia de O. Sampaio Carolina Lavini Ramos Equipe do projeto na escola Abraão Lucas P. Hercheui Carla Crude Carlo Martins Luciana P. Medina Luciana Mirotti Luiz Fernando F. da Silva* Narciso Junior Vieira Thayna Meirelles Tiago Clemente Vinícius Santana Wesley Brandão Patrícia Santos – Ass. Comunicação * INCT - Análise Integrada do Risco Ambiental/Educadores

Visitas ao Laboratório iii-INCT Andrea Kuramoto Carlo Martins Carolina Lavini Ramos Maria Lucia Aparecida C. Marin Karen Kohlsel Karine De Amicis Natália M. Santos Simone Regina Santos Parceiros E.E.Romeu de Moraes Dorian P. de Godoy – Diretor Francisco Cardoso Or. Pedagógico Orlando Gearletti Prof. Biologia Maria Claudia Santos Prof. Química Filipe Silva - Prof. Filosofia Faculdade de Educação USP Paulo Sérgio Garcia Paulo Monteiro

iii-INCT www.iii.org.br Sede - Incor - Instituto do Coração /HC/FMUSP Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 44 9º andar, bloco 2 São Paulo – SP

- Cerqueira César Cep: 05403-000

Tel: 55 (11) 2661-5907 comunicacao@iii.org.br http://projetoimunologianasescolas.blogspot.com

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