Asma - Material didático 2011

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Projeto Imunologia nas Escolas Instituto de Investigação em Imunologia - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia

ASMA E SISTEMA IMUNE (atividade #5)

São Paulo, 2011


Sumário Roteiro da atividade Roteiro da aula prática Novos paradigmas Produção do conhecimento: anafilaxia O que é a asma? Prevalência da asma Imunologia da asma Resposta imune na asma Asma e tratamento Meio Ambiente e asma História da Asma Reportagem site Ciência Hoje Sugestão de vídeos interessantes


Projeto Imunologia nas Escolas Atividade #5 – ASMA Roteiro do professor OUTUBRO 2011 Estrutura da atividade:

1) Apresentação dos vídeos (10 min) Objetivo: ♦ Mostrar a base do desenvolvimento do processo imunológico de alergia ♦ Discutir asma como uma doença na qual ocorre resposta imune exacerbada. Citar exemplos de outras doenças alérgicas importantes como rinite, alergia a medicamentos, alergias alimentares, etc ♦ Além dos vídeos no DVD da aula, mostrar powerpoint com imagens macroscópicas e microscópicas do pulmão exposto à poluição, um dos agentes alergênicos. 2) Discussão das fichas com texto (50 min) Dividir a turma em 4 grupos. Cada grupo terá um professor do projeto. Ler as fichas e discutir os conceitos estruturantes. Algum aluno deve ler a ficha. Recomenda-se ir parando e perguntando aos alunos, envolvendo todo o grupo. Os conceitos estruturantes devem ser discutidos no grupo. ♦ Processo de construção do conhecimento científico (fichas #1 e #2). ♦ O que é asma? Epidemiologia. (fichas #3 e #4) ♦ Discutir sobre o que acontece imunologicamente na asma, com as fichas que mostram todas as células envolvidas no desenvolvimento da asma (fichas #5 e #6). ♦ Quando falar da célula apresentadora de antígenos no processo de sensibilização, lembrar que o ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 2011 (Ralph Steinman) descobriu as células dendríticas, um tipo de célula apresentadora de antígenos. ♦ Asma e tratamento (ficha #7) ♦ Meio ambiente e asma (ficha #8) Principais conceitos estruturantes da atividade: i) Substâncias alergênicas e reação alérgica – resposta imune exacerbada ii) Regulação da resposta imune (esse conceito deve ser associado ao conceito de homeostase) iii) Classes de anticorpos nos processos alérgicos – principalmente IgE (à vezes IgG)

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iv) O papel do acúmulo de conhecimento na compreensão das doenças – ninguém aprende tudo sozinho, o conhecimento se completa aos poucos ao longo do tempo, logo, toda informação adicional, ainda que pequena e focal, é importante. v) Conceito de asma como doença alérgica, com sintomas decorrentes da inflamação e que tem tratamento. Ressaltar os agentes predisponentes, geralmente ambientais! vi) Aumento dos casos de asma no país, sendo esta uma importante causa de internação, embora não seja uma grande causa de morte no país vii) Relembrar, do vídeo, a sequência do processo: Reconhecimento do antígeno, estímulo ao linfócito T CD4+ ativação do linfócito B liberação de IgE ligação da IgE aos mastócito. No novo contato com o antígeno – ligação com a IgE do mastócito degranulação do mastócito liberação de mediadores inflamatórios recrutamento de outras células inflamatórias, vasodilatação e broncoconstricção. viii) Importância da participação do ambiente no desenvolvimento de doenças – relacionamento disso com a asma e outras doenças. 3) Aula Prática (30 minutos) i) Medição da concentração de poluentes locais – com o equipamento específico. ii) Medição da concentração de poluentes locais – com folhas de árvores da rua ou do pátio. iii) Teste cutâneo ou prick-test (teste de puntura) com inalantes – identificação do agente no processo alérgico iv) Teste respiratório - Medida de Pico de Fluxo Expiratório (PFE) 4) Avaliação da atividade (5-10min.) Os alunos devem responder ao questionário e dar sugestões.

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AMPLIANDO O CONCEITO DE IMUNIDADE Na maioria das vezes, quando tratamos do sistema imune com vocês enfatizamos sua ação contra doenças, mas será que é apenas isso? 1as considerações A imunologia é uma ciência, relativamente, recente. Como ciência experimental deu seus primeiros passos na segunda metade do século XIX. Os primeiros imunologistas tiveram a tarefa de construir o conceito de imunidade e de revelar ao mundo a existência de um complexo sistema de tecidos, células e substâncias solúveis (humorais) responsáveis por nossas defesas e pelo equilíbrio biológico de nosso organismo.

Observações contraditórias No fim do século XIX algumas observações chamaram a atenção de pesquisadores por serem aparentemente contraditórias com a ideia de um sistema de defesa. Experimentação Observação 01. Alergias Um dos procedimentos para o desenvolvimento de vacinas era testar amostras de toxinas ou extratos de organismos patogênicos em animais de laboratório para ver como esses respondiam gerando uma resposta imune. Em alguns casos, no entanto, os animais morriam de anafilaxia (resposta imune exacerbada e descontrolada), que pode ser compreendida como uma reação de hipersensibilidade desses animais ao tratamento.

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Observação 02. Autoimunidade patológica Muitos cientistas passaram a observar que em certos casos pacientes apresentavam problemas em órgãos específicos que apresentavam processos inflamatórios sem que existisse uma infecção. Em animais, de vez em quando, havia a presença de autoanticorpos específicos contra diversos órgãos, como a tireóide, o fígado e o intestino. Ideia fixa A concepção que anticorpos, que poderiam proteger contra as doenças, também pudessem ser responsáveis por outras doenças soava, a princípio, como absurda. (Clemens Von Pirquet). Essa dificuldade dos cientistas em olhar para o sistema imune por outra perspectiva tardou o desenvolvimento de uma explicação mais consistente para as ALERGIAS e DOENÇAS AUTOIMUNES. Foi preciso uma nova geração de cientistas, com uma bateria de novas perguntas, novos experimentos, novas observações e novas ideias que permitiram concluir que, em certas circunstâncias, o Sistema Imune perde o controle, e anticorpos e células imunes que interagem com estruturas do próprio organismo geram doenças: Doenças autoimunes. Da mesma forma, há outro tipo de desequilíbrio na regulação da resposta imune, dirigida a substâncias do meio ambiente, com as quais interagimos (ex. comidas, ácaros, poluição, etc), ocorrendo a produção exacerbada de um tipo específico de anticorpos (IgE), são as Alergias.

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Resposta Imune Benéfica - Vacinação

Observação 1

Varíola: Problema de Saúde Pública ► Epidemias de varíola com alta mortalidade.

► Pessoas que tinham contato com o gado acometido de vaccínia não contraíam, ou apresentavam formas mais brandas da varíola. Por que isto ocorre?

Experimento

Surgimento da Vacinação

► Em 1798, Edward Jenner inocula extratos das feridas do gado com vaccínia nos seres humanos. ► Os seres humanos ficam protegidos contra a varíola.

Novos Conhecimentos ► Surge a vacinação! ► Nasce a Imunologia Clínica como um ramo da Microbiologia! ► Nasce o conceito de profilaxia (a favor da proteção)! ► A varíola é erradicada!

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Resposta Imune Maléfica -Exacerbada Observação 1

Utilização do Princípio da Vacinação

► Conhecimento do sucesso da vacinação desenvolvida por Edward Jenner. ► Cães da realeza morrem ao entrar em contato com a toxina de caravelas. Podemos vacinar e proteger os cães?

Experimento

Descrição da Anafilaxia ► Em 1901, Richet e Portier inoculam extratos de caravelas em cães.

► Os cães morrem em decorrência de uma reação sistêmica designada de anafilaxia.

Novos Conhecimentos ► Constata-se que nem toda resposta imune é benéfica! ► Nasce o conceito de anafilaxia (contra proteção)! ► Desenvolvimento de medidas de prevenção/tratamento das reações anafiláticas!

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Sistema Imune – Asma

O que ĂŠ asma? O que acontece com a pessoa com asma?

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Sintomas e desencadeantes da Asma A asma é uma doença alérgica inflamatória crônica das vias aéreas inferiores, que causa episódios recorrentes de obstrução dos brônquios. Na asma, ocorre um aumento da responsividade das vias aéreas inferiores a vários estímulos, tais como, ácaros, pollen, ar frio ou exercício. A inflamação leva a uma grande produção de muco e obstrução de brônquios e bronquíolos que dificulta a passagem do ar, levando a crises repetidas de falta de ar, tosse e chiado e aperto no peito, principalmente à noite e pela manhã ao se acordar. Na asma, expirar é mais difícil do que inspirar. O ar viciado

permanece nos pulmões provocando sensação de sufoco. A palavra asma vem do grego e significa sufocante. Ela acomete pessoas de qualquer idade, a maioria dos casos é diagnosticada na infância e é comum manifestar-se em pessoas de uma mesma família. A palavra crônica não indica gravidade, mas significa que é uma doença prolongada. Geralmente, a doença crônica precisa ser tratada durante toda a vida da pessoa. Assim, não se deve tratar a asma apenas nas crises, mas todos os dias, mesmo estando bem, para evitar as crises.

Fatores precipitantes e/ou agravantes Fatores inespecíficos: • • • • • • • •

Poluentes do ar Fumo Gases químicos Exposição a produtos irritantes Inseticidas Alimentos como: leite e ovos Resfriados e gripes Estresse emocional Prática de exercícios vigorosos

Alérgenos específicos: • • • • •

Ácaros (Poeiras) Mofo Pólen Animais domésticos Insetos (baratas)

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ASMA - Epidemiologia

Como anda a ASMA no Brasil e no mundo? Está crescendo? Por que será? Você tem alguma hipótese?

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ASMA: como está no Brasil e no mundo. Casos de Asma no Brasil (em milhões) 16.2 16 15.8 15.6 15.4 15.2 15 14.8 14.6 14.4 14.2 2006

2007

2008

2009

População média no período: 160 milhões /Internações hospitalares por asma = 400 mil

Fonte: Ministério da Saúde

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Prevalência da Asma Prevalência e mortalidade por asma Brasil

% da população com asma

Brasil

Mortalidade por 100.000 asmáticos

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Resposta Imune na Asma

A Asma é uma doença causada por reações repetidas de hipersensibilidade no pulmão que causam: •

Obstrução reversível e intermitente das vias respiratórias

Inflamação crônica dos bronquíolos com presença de eosinófilos

A sequência de mecanismos é a seguinte:

1. O antígeno (alérgeno) ultrapassa as barreiras de defesa do trato respiratório. e pelos macrófagos. 2.

O alérgeno é processado e apresentado ao linfócito Th2 (CD4+) pela célula apresentadora de antígeno (APC) que pode ser o próprio Linfócito B, ou macrófago

3. Th2 estimula o linfócito B a produzir anticorpos específicos do tipo IgE 4. A IgE se liga ao receptor de IgE na superfície do Mastócito 5. A ligação do alérgeno à IgE específica ativa o Mastócito 6. O Mastócito libera mediadores inflamatórios (citocinas) que levam ao recrutamento de células inflamatórias, inclusive eosinófilos 7. Mastócito, basófilo e eosinófilo produzem mediadores que causam constrição do músculo que envolve os bronquíolos.

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Resposta Imune na Asma Alérgeno

Linfócitos B

Linfócitos Th2 Produção IL-4

Plasmócitos Produção anticorpo IgE Anticorpos IgE se ligam

Mastócitos

Alérgenos se ligam a anticorpos IgE ligados a

Mastócitos

Degranulação de

Mastócitos

Constrição Brônquica

Inflamação

Liberação Substâncias Inflamatórias

Vias aéreas

Começam sintomas: Eosinófilo

Alvéolos

Neutrófilo

Dificuldade de respirar, aperto no peito, chiado, Tosse, fadiga

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ASMA – Prevenção e Tratamento

O que podemos fazer para prevenir crises de asma? Como a asma é tratada?

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ASMA – Prevenção e Tratamento Todos os pacientes com asma devem receber orientação sobre sua doença e noções de como eliminar fatores desencadeantes, especialmente domiciliares e ocupacionais.

Pontos importantes: 1. Parceria paciente/médico 2. Identificar e reduzir a exposição aos fatores de risco e agravantes 3. Avaliar, tratar e monitorar Asma 4. Evitar a exacerbação de asma/ controle por meio dos medicamentos 5. Permitir atividades normais – trabalho, escola e lazer Tratamento básico: Drogas devem: 1. Dilatar os brônquios (broncodilatadores) 2. Diminuir hiperreatividade brônquica e a secreção de muco 3. Diminuir/inibir a inflamação e as alterações imunológicas ((i) corticoides, (ii) antiinflamatórios, (iii) anticorpos bloqueadores dos anticorpos da Asma, anti-IgE e anti-IL-4)

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ASMA e o Meio Ambiente

Qual a relação entre Asma e o meio ambiente? Externo

Doméstico

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ASMA e o meio ambiente. A cidade pode ser entendida como um organismo vivo, onde os bairros seriam órgãos e os habitantes, células dessa estrutura. A analogia permite que, na análise da saúde desse organismo, seja possível imaginar a cidade de São Paulo como um corpo adoecido, afetando também seus habitantes. São Paulo, paciente do sexo feminino, com 456 anos, refere que se sentia compelida a ser uma das cidades que mais cresciam no mundo. Com o passar do tempo e, principalmente, nos últimos 60 anos, relata ter perdido o controle da situação, engordado em excesso. Queixa-se de febre (aquecimento), calafrios e intensa sudorese (eventos extremos, chuvas, inundações, ventos fortes), falta de ar (poluição), entupimento de suas artérias, que não permite fruição do trânsito e dificuldade para eliminar urina (filtração – tratamento de água). Ao exame físico São Paulo mostra-se uma paciente obesa, febril, com notável distribuição das células mais pobres na periferia. Apresenta-se com falta de ar e notório escurecimento do ar expirado por fuligem. Apresenta edema generalizado (inchaço), coincidindo com chuvas (congestão arterial). Além disso, observa-se intensa queda de cabelo, pois sua cobertura vegetal foi parcialmente destruída. A pele está seca, espessa e escura devido ao asfaltamento e à impermeabilização do solo. Constata-se déficit de audição

por excesso de ruídos. Scientific American Brasil – Abril de 2010 “No interior dos parques os níveis de poluentes são inferiores aos da periferia desses mesmos locais. Segundo ela, as árvores próximas das ruas e avenidas absorvem as partículas responsáveis pela má qualidade do ar, deixando o centro mais "limpo". A análise foi baseada no material depositado na camada externa (casca morta) de cem árvores espalhadas por cinco parques da capital paulista” Os poluentes afetam a nossa saúde e podem desencadear/agravar a Asma. Vejam um caso abaixo: ‘Líder do ranking da WTA (Associação das Tenistas Profissionais), a belga Justine Henin declarou nesta segunda-feira que pode não defender a medalha de ouro conquistada em Atenas-2004 nos Jogos Olímpicos do próximo ano devido à poluição de Pequim, que poderia prejudicar o seu quadro asmático. "Tive asma por alguns meses e me senti muito mal em Nova York, na final do Aberto dos Estados Unidos. Estou realmente preocupada quanto a Pequim, porque quero jogar o torneio", afirmou a atleta, que se prepara para a disputa da Masters Cup, em Madrid.’ – Folha de São Paulo 06/03/2008

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Projeto Imunologia nas Escolas Atividade #5 – ASMA Roteiro do professor OUTUBRO 2011 Estrutura da atividade: Aula prática - ASMA

i) Medição da concentração de poluentes locais – com o equipamento específico. Basta ligar e ele marcará a concentração de material particulado – a fuligem pequena, que não conseguimos ver e que se deposita nas vias aéreas e pulmões.

ii) Medição da concentração de poluentes locais – com folhas de árvores da rua ou do pátio. Para tornar mais visível, pegar folhas de árvore na rua ou no pátio. Passar sobre a folha um algodão limpo e ver que o algodão estará repleto de material enegrecido – que corresponde à fuligem medida anteriormente. É possível fazer isso em qualquer local, e árvores perto de ruas com muitos carros, terão maior concentração desta fuligem.

iii) Teste cutâneo ou prick-test (teste de puntura) com inalantes – identificação do processo alérgico A confirmação de alergia como causa dos sintomas respiratórios pode ser realizada através de testes na pele. TESTE: utilizado para identificar se o paciente é alérgico ou não aos alérgenos inaláveis. É realizado através da inoculação de uma gota de cada extrato de alérgeno (material que conhecidamente desencadeia uma reação leve na pele dos pacientes alérgicos a substância testada) é colocada na pele do antebraço. ALÉRGENOS MAIS COMUNS: ácaros, fungos, epitélio de animais, barata e pólens. Bolinha no local da aplicação e coceira: Reação positiva = paciente alérgico a esta substância. Os sinais do teste desaparecem em poucos minutos após o término. TÉCNICA: As gotas são colocadas com cerca de dois cm de distância entre si para que não haja interferência de reações. A pele é perfurada verticalmente através da gota, com uma lanceta, durante 5 segundos.

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O resultado do teste é aparece em aproximadamente 15 minutos e o tamanho da bola é medido com uma régua milimetrada. Os testes positivos são aqueles com edema maior do que 3 x 3 mm de diâmetro em relação ao controle negativo.

iv) Teste respiratório - Medida de Pico de Fluxo Expiratório (PFE) As medidas de PFE são realizadas com aparelho Mini-Wright. Os pacientes são orientados a realizar três medidas de PFE e o maior valor é escolhido para a curva diária. Quando as duas maiores medidas diferiram de mais de 40 mL, mais duas medidas devem ser realizadas e a maior escolhida. TESTE: ♦ Relativamente barato ♦ Portátil: Ideal para pacientes utilizarem em casa ♦ Avaliar a variabilidade durante o dia INDICAÇÕES: ♦ Confirmar o diagnóstico de asma ♦ Melhorar controle da asma ♦ Identificar causas ambientais de sintomas da asma

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História da Asma • •

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Asma é uma palavra grega que significa ofegante, dificuldade na respiração. Foi utilizada pela primeira vez por Homero na Ilíada. Hipócrates (460-370 a.C.) descreveu a asma como um ataque paroxístico, mais severo do que uma simples falta de ar afastando o conceito anterior de que a asma era comparada a uma convulsão epiléptica, que era vista como um castigo divino. Thomas E Willis (1621-16750) foi o primeiro a reconhecer que se tratava de uma doença brônquica, em que ocorria a "contração do brônquio". Bernardino Ramazzini (1633-1714) descreveu: ' o impacto da exposição à poeira nos padeiros e nos moleiros, que se transformavam " finalmente em asmáticos" Laënnec (1781–1826) acreditava que o mecanismo da doença consistia em estimulação nervosa, determinando espasmo dos bronquíolos. Charles H. Blackley (1820-1900) Na metade do século XIX acreditava-se que a rinite era determinada pela inalação de diversas substâncias. Através de experimentações em si próprio, Charles H. Blackley foi capaz de criar uma relação causa e efeito com a poeira e o pólen. Durante as investigações, que incluíam vários testes cutâneos e de broncoprovocação, desencadeou em si mesmo ataques de asma. Clements von Pirquet (1874-1929), médico austríaco, cria o termo alergia (allos- outro, ergon- ação) (42). Designação de estado de hipersensibilidade causado por exposição a determinado antígeno, dito alérgeno, sendo observadas reações imunológicas nocivas se houver subseqüentes exposições a este mesmo alérgeno.Von Pirquet propos o termo alergia para denotar uma responsividade alterada.

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Site Ciência Hoje

A ameaça da «jellyfish armada» Caravelas portuguesas invadem praia do mar e nomuras atacam Japão 2009-07-31 Por Marlene Moura A costa da Foz do Arelho tem sido massivamente invadida, esta semana, por caravelas portuguesas (Physalia physalis) – comummente chamadas de ‘garrafa azul’. Apareceram às centenas, na passada terça-feira e regressaram hoje, em menor quantidade; no entanto, a praia continua com a bandeira vermelha hasteada, já que são perigosas e causam alergias ou até queimaduras na pele. Centenas de caravelas portuguesas deram à costa

Esta espécie, também designada por água-viva (e pertencente à classe das Hydrozoas), vive normalmente nas águas profundas do Atlântico e tem tentáculos cheios de células urticantes que podem chegar aos 30 metros. Entretanto, já foram avistadas em outras zonas da nossa costa. O motivo pelo qual se deu este fenómeno não está determinado e, segundo a investigadora Zilda Morais, "as razões podem ser várias". Nos últimos anos, a frequência dos chamados "blooms" tem aumentado, sejam estes de algas ou de invertebrados marinhos. “não são originários dessa zona, nem é o seu local de desova – que costuma ser nos Açores –; no entanto, podem ter ocorrido variações nas correntes marítimas ou na composição e abundância seu alimento que tenham provocado esta migração”, referiu ao «Ciência Hoje». Zilda Morais acrescentou ainda que “as alterações climáticas têm mais efeitos nestes organismos do que se pensa”. Estes seres marinhos vivem em comunidade (e têm um percurso semelhante às formigas). “Se, nas zonas mais profundas, a temperatura da água sofrer um aumento, pode haver a eclosão em cadeia dos pólipos (a forma bêntica) e a sua transformação em medusas (a forma pelágica)”.

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É de referir que a Caravela Portuguesa não é considerada uma alforreca verdadeira, pois trata-se de uma colónia e não um de um organismo único. As chamadas 'true jellyfish' pertencem à classe das Scyphozoas. Outra possível razão para a invasão que se verificou na Praia do Mar é a variação no teor de certos sais (cálcio e potássio). A investigadora explicou que “serve de chamariz” para a ‘garrafa azul’. Contudo, sublinha que "o ‘bloom’ dos ‘jellyfish’ se deve maioritariamente devido à mudança de temperatura, mas também à combinação de vários factores". A docente da Cooperativa de Ensino Superior Egas Moniz (Almada), tem-se debruçado sobre o estudo de “recursos naturais abundantes da costa portuguesa e a sua aplicação na área da saúde”, tanto no que diz respeito à população como ao ambiente e, recentemente, tem dado especial atenção à medusa Catostylus tagi, uma alforreca que ocorre nos estuários do Sado e do Tejo. O grupo de investigação, onde Zilda Morais se integra, já desenvolveu um método para extrair colagénio da alforreca, que pode vir a ser usado em produtos cosméticos, e actualmente está a estudar a utilização deste invertebrado como ingrediente na ração para peixes de aquacultura. Nomura pode ter até dois metros de diâmetro

Quando do sexto Congresso Europeu de Compostos Naturais Marinhos, organizado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), no Porto, foi, inclusivamente, discutida uma proposta para a criação de uma rede europeia que procura compreender as invasões dos ‘jellyfish’, já que não há nenhum organismo que se dedique ao estudo da espécie. Assim, já se poderá, de maneira sistemática, com vista a compreender o fenómeno, acautelar as suas consequências. Medusas gigantes Segundo investigadores da Universidade de Hiroshima, este Verão, o Japão está também sob a iminência da chegada de uma colónia de medusas gigantes, tal e qual a um filme de ficção científica. Os cientistas nipónicos centram estudos na costa chinesa – onde surgiram inicialmente – e sobre a razão que leva a este crescimento desmedido. Já no ano anterior, praias japonesas tinham estado interditas com a possibilidade de sucederem ataques destes enormes invertebrados. A previsão de uma nova invasão pode estar para breve, temem os investigadores.

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Em 2005, as águas japonesas foram inundadas por estes gigantescos ‘jellyfish’ (conhecidos como Nomura) que envenenaram uma série de peixes e custaram aos pescadores biliões de ienes. Desde então, a equipa de investigação da Universidade de Hiroshima, liderada pelo professor Shin-ichi Uye, tem estado atenta para prevenir prejuízos. Praias japonesas interditas

As Nomuras são uma espécie de ‘água-vivas’ japoneses que podem atingir dois metros de diâmetro e pesar mais de 220 quilos e residem geralmente em águas profundas, entre a costa chinesa e japonesa. Zilda Morais adiantou ainda que ““os cientistas nipónicos estão convencidos, após o estudo efectuado em 2005, que o fenómeno está relacionado com o aumento actividade industrial na China e o consequente incremento dos resíduos lançados ao mar.” . Segundo uma notícia publicada pelo jornal britânico «Telegraph», na semana passada, os pescadores tentam manter as medusas à distância usando redes do tipo arame farpado e os investigadores desenvolveram um método de extrair colagénio para futuramente ser usado em produtos cosméticos. *Reportagem publicada em http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=33761&op=all

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Vídeos Interessantes

http://www.youtube.com/watch?v=IGDXNHMwcVs Vídeo sem narração, bom para ir explicando o processo de desenvolvimento da alergia http://www.youtube.com/watch?v=nudFAzJsTog&NR=1 Vídeo mais curto com narração http://www.youtube.com/watch?v=qW2KL6TsFCk&featu re=related Aspectos pulmonares específicos

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“Projeto Imunologia nas Escolas” Plataforma de Ensino e Interação com a Sociedade iii-INCT

Jorge Kalil Coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia – iii-INCT Verônica Coelho Coordenadora da Plataforma de Ensino e Interação com a Sociedade do iii-INCT

Coordenadores do “Projeto Imunologia nas Escolas” Verônica Coelho Paulo Cunha Sandra Moraes Silvia Sampaio Equipe do “Projeto Imunologia nas Escolas” Ana Carolina Moutatlet Carla Sá Carlo de Oliveira Martins Carolina Lavini Ramos Carol Yuri Graziele Manin Karine Marafigo de Amicis Luiz Fernando Ferraz da Silva Maria Lúcia Carnevale Marin Matheus Costa


Nathália Moreira Santos Tárcio Braga Vinícius Santana Wesley Brandão Colaboradores do “Projeto Imunologia nas Escolas” Aluísio Segurado Edecio Cunha Neto Esper Kallas Nélio Bizzo Paulo Hilário Nascimento Parceiros do “Projeto Imunologia nas Escolas” na Escola Estadual Romeu de Moraes Rosângela Valim Francisco Cardoso Denise Ribeiro Flávia Cheloni Orlando Giarletti Sílvia Alencar Fernanda Palma Russiano Maria Alice N. Souto Jornalistas Responsáveis Cristiane Paião Márcio Derbli


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