The Antoulas Collection

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KOLESAUN ANTOULAS

A COLECÇÃO ANTOULAS THE ANTOULAS COLLECTION


Produsaun / Produção / Production Secretaria de Estado e Direcção Nacional da Cultura, Ministério da Educação, República Democrática de Timor-Leste Suporta / Apoios / Supports Delegasaun Uniaun Europa nian iha Timor-Leste / Delegação da União Europeia em Timor-Leste/ / Delegation of the European Union in Timor-Leste UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization ICRC – International Committee of the Red Cross Dezenhu / Desenho / Design David Palazón & Elena Tognoli – Imagen, Design, Arquitectura, Lda. Fotografia / Fotografia / Photography Nélson S. Turquel Autor sira / Autores / Authors Kay Rala Xanana Gusmão Juan Carlos Rey Hubert Gijzen Virgílio Simith Syméon Antoulas Tradusaun / Tradução / Translation Maria Amado Mota (Tetun / Tétum / Tetun) Nuno Vasco Oliveira (Portugés no Inglés / Português e Inglês / Portuguese and English) Agradese ba / Agradecimentos / Acknowledgements Abílio da Conceição Silva, Alain Matton, Cecília Assis, Daniel Sera, Emanuel Alves, Felismina Amaral, Gaudêncio da Silva Monteiro, Rosário Cabeças, Terezinha Tilman. Printed in Timor-Leste by Gráfica Patria. © Secretaria de Estado e Direcção Nacional da Cultura, Janeiro 2010.


KOLESAUN ANTOULAS

A COLECÇÃO ANTOULAS THE ANTOULAS COLLECTION



Introdusaun S.E. Sr. Kay Rala Xanana Gusmão, Primeiru-ministru Repúblika Demokrátika Timor-Leste nian

Introdução S.E. Sr. Kay Rala Xanana Gusmão, Primeiro-ministro da República Democrática de Timor-Leste

Introduction H.E. Mr. Kay Rala Xanana Gusmão, Prime Minister of the Democratic Republic of Timor-Leste

« (...) Avô lafaek – katak ai-knanoik i ha’u mós fiar! Mak Timór! »

« (...) Avô crocodilo – diz a lenda e eu acredito! É Timor! »

« (...) Grandfather crocodile – so the legend goes and I believe it! It is Timor! »

Kultura Timór-nian ne’ebé husik hela mai ita, buat ida ke ketaketak lós, ne’ebé reflete ita nia Povu nia klamar hanesan rikusoin rai ne’e nian.

A herança cultural Timorense é singular e reflecte tanto a alma do nosso Povo como a riqueza da nossa terra.

The Timorese cultural heritage is unique and reflects both the soul of our People and the wealth of our land.

Buat ne’ebé hatudu liuhusi arte no etnografia to’o ohin loron kaer pozisaun importante iha sosiedade timór-nian no mós iha experiênsia i istória ita nia komunidade tomak nian. Sira hatudu sentimentus, no mós ita nia Povu nia prosesu kura hasoru momentus ne’ebé susar boot tebes iha ita nia istória no ita nia estórias.

As manifestações artísticas e etnográficas têm vindo a desempenhar uma posição importante na sociedade timorense e na experiência e história partilhadas das nossas comunidades. Expressam sentimentos, bem como o processo de cura do nosso Povo face aos momentos mais atormentados da nossa história e das nossas estórias.

Artistic and ethnographic objects have been important for Timorese society and for the experience and history shared by our communities. They express our feelings and experiences, such as the healing process of our People in relation to the most troubled times of our history, and our stories.

Artefatus no sasán seluktán timór-nian rasik reflete selebrasoens ka buat ne’ebé baibain ita halo hanesan: kait-hamutuk buat ne’ebé jentiu no sagradu, ligasaun ne’ebé metin entre timór-oan ho sira nia abon no bei-ala sira, uniaun entre tempu uluk, oras ne’e nian no ba aban-bain rua.

Os ímpares artefactos e objectos timorenses reflectem ainda as nossas celebrações: o enlace entre o profano e o sagrado, o vínculo entre os timorenses e os seus antepassados “bei ala”, a união entre o passado e o presente e as aspirações para o futuro.

Nune’e, expozisaun ida ne’e reprezenta inisiativa simbólika ida husi buat ne’ebé ita bele no tenke halo iha Timór-Leste hanesan dalan ida atu rai no bali didi’ak ita nia patrimóniu kulturál. Rai no bali didi’ak ita nia kultura, katak haburas no hadi’a liután valores ita hotu nian no fomenta kultura ida ne’ebé nakonu ho Tolerânsia, Dignidade no Páz.

Assim, esta exposição representa uma iniciativa simbólica daquilo que pode e deverá ser feito em Timor-Leste enquanto forma de preservar o nosso património cultural. Preservar a nossa cultura é promover os nossos valores comuns e fomentar uma cultura de Tolerância, Dignidade e Paz.

Timorese artefacts and objects also reflect our celebrations: the interrelationship between the functional and the sacred, the tie between the Timorese and their “bei ala” ancestors, the link between the past and the present and the aspirations for the future. As such, this exposition represents a symbolic initiative of what can and should be done in Timor-Leste in order to preserve our cultural heritage. To preserve our culture means promoting our common values and nurturing a culture of Tolerance, Dignity and Peace.



Nu’udár Nasaun pós-konflitu ida, rai no bali didi’ak kultura Timór-nian, ne’e esensiál tebes ba progresu rekonsiliasaun no dezenvolvimentu, no funsiona mós hanesan instrumentu vitál ida atu hametin unidade no koezaun Nasan ne’e nian, i, tanba ne’e, mak tenke salvaguarda no selebra nafatin.

Enquanto Nação pós-conflito, a preservação da cultura Timorense é essencial para o progresso da reconciliação e do desenvolvimento, funcionando a mesma como instrumento vital para o fortalecimento da unidade e coesão nacionais e, daí, que seja imperativo a sua salvaguarda e celebração.

Inisiativa ida ne’e hanesan hakat ida dahuluk, liuhusi dalan naruk ida, tanba hakarak hetan buat ne’ebé wa’in liután...selebra hodi fó hatene ita nia Nasaun nia eransa ne’ebé boot no furak tebetebes ba timór-oan tomak, ba ema hotu ne’ebé mai vizita ita no mós ba ema sira ne’ebé hakarak tebes atu hatene ita, hanesan halo mós parte iha kosmos,iha mundu no iha sosiedade, ne’e oportunidade di’ak ida atu bele dezenvolve no dinamiza liután ita nia patrimóniu kulturál, ne’ebé hanesan embriaun ka fini husi ita nia objetivu boot, mak oinsá bele harí Muzeu Nasionál Timór-Leste nian ida.

Esta iniciativa constitui-se pois como um primeiro passo numa jornada que se quer ainda mais grandiosa... Celebrar e dar a conhecer o admirável espólio da nossa Nação a todos os timorenses, a todos aqueles que nos visitam e a todos os que estão interessados em melhor compreender a nossa inserção no cosmos, no mundo e na sociedade, é uma oportunidade para desenvolver e dinamizar o nosso património cultural, sendo ainda o embrião daquilo que é nosso grande objectivo de criar um Museu Nacional de Timor-Leste.

Ha’u husu ba ita nia Parseirus Dezenvolvimentu sira hotu, ne’ebé hamutuk ho ita hodi defende ita nia kauzas, atu dala ida tán fó tulun mai Timór-Leste, liuhusi propózitu nobre atu kria Sentru Kulturál ida. Muzeu ida ne’ebé sei hamahon ita nia memórias no tradisoens, nu’udár fatin kultura nian di’ak ida,fatin identidade no orgulhu nasionál.

Apelo aos nossos Parceiros de Desenvolvimento, que sempre partilharam e abraçaram as nossas causas, para apoiarem uma vez mais Timor-Leste, neste nobre propósito de criação de um Museu e Centro Cultural. Um Museu que albergue as nossas memórias e tradições, enquanto espaço vivo de cultura, enquanto espaço de identidade e orgulho nacional. Orgulho em ser, viver e morrer timorense!

Ha’u sente orgulhu tanba bele sai-ema, moris no mate nu’udar timór-oan ida!

As a post-conflict nation, preserving Timorese culture is essential for nurturing reconciliation and development, and is a vital way to strengthen national unity and cohesion. It is, therefore, imperative to protect and celebrate Timorese culture. This initiative is the first step in what we wish to be a great journey... Celebrating and displaying the remarkable legacy of our Nation to all Timorese citizens, to all those who visit us and to all those who seek a better understanding of our place in the cosmos, in the world and in society. And it represents an opportunity to develop and nurture our cultural heritage and, importantly, will serve as the foundation for our primary goal of creating a National Museum of Timor-Leste. I urge our Development Partners, who have always shared and embraced our causes, to once again support Timor-Leste in this noble endeavour of creating a Museum and Cultural Centre. Let this Museum house our memories and traditions and be a living space of culture, identity and national pride. Pride in being, living and dying as a Timorese!


Mengajen husi S.E. Sr. Juan Carlos Rey, Embaixadór no Xefe husi Delegasaun husi Unian Europeia iha Timor-Leste

Mensagem de S.E. Sr. Juan Carlos Rey, Embaixador e Chefe da Delegação da União Europeia em Timor Leste

Message from H.E. Mr. Juan Carlos Rey, Ambassador and Head of the Delegation of the European Union in Timor-Leste

Iha tinan hirak liu ba lafaek ki’ikoan ida, ne’ebé hakarak sai boot no forte, la’o hodi buka hahán maybe la konsege to’o iha tasi ibun no labarik ida mak salva nia. Nudar rekoñesimentu tamba labarik salva nia moris, lafaek lori labarik hodi halo viajen boot ida. Sira tuir loron na halo viajen iha tasi laran, tinan ba tinan, to’o bainhira to’o mai tempu mate ba lafaek no, tamba nia sei hanoin katak labarik nia laran luak, nia sai fali illa ida ne’ebé bonita tebes, illa ne’ebé labarik no nia oan sira bele moris to’o loron lakon ona iha tasi. Bainhira lafaek mate nia sai boot liu tan, no nia kotuk sai fali foho Timor-Leste nian.

Há muitos anos atrás, um pequeno crocodilo que queria tornar-se grande e forte, foi à procura de comida mas não encontrando o litoral, foi salvo por um pequeno rapaz. Em sinal de reconhecimento por ter salvo a sua vida, o crocodilo levou o pequeno rapaz numa viagem pelo mundo. Seguindo o sol, viajaram pelos oceanos durante anos até que um dia chegou o momento do crocodilo morrer e, em memória da gentileza do pequeno rapaz, transformou-se numa maravilhosa ilha onde o pequeno rapaz eo seus filhos pudessem viver até que o sol se afundasse no mar. Ao morrer, o crocodilo cresceu, cresceu e o seu dorso estriado transformouse nas montanhas e as suas escamas, nas colinas de Timor.

Many years ago a small crocodile, which wanted to become big and strong, went to look for food, but could not reach the seashore and was saved by a little boy. Out of recognition for saving his life the crocodile took the little boy on a world trip. They followed the sun and travelled the oceans for years, until one day the time had come for the crocodile to die and, in memory of the kindness of the little boy, he turned himself into a beautiful island, where the little boy and later his children could live until the sun sinks in the sea. As the crocodile died, he grew and grew, and his ridged back became the mountains and his scales the hills of Timor.

Lenda lafaek ne’e hanesan símbolu ida ba rikeza, furak no podér husi kultura Timor nian. Nia mós hanesan símbolu ba viajen husi Kolesaun Antoulas, ne’ebé loron ida ema salva no lori sai halo viajen boot no agora fila fali ba rai ne’ebé halo nia moris. Timor-Leste hanesan rai ida ne’ebé iha múzika oin oin, iha dansa oin oin, iha eskultura oin oin, artezanatu oin oin, tais oin oin, Uma lulik oin oin no arte barak seluk tan nebe barak tebes. Sidade, aldeia ka distritu hotu iha nia estilu ketak, ne’ebé halo katak Timor-Leste sai rai ida ne’ebé furak tebes. Kolesaun hanesan ezemplu di’ak ba arte oin oin Timor-Leste nian no sai hanesan parte importante husi Kolesaun Nasionál, ne’ebé aban bain rua, sei hetan nia fatin iha dalan Ba Muzeu Nasionál no Sentru Kulturál.

Esta lenda do crocodilo simboliza a riqueza, a beleza e o poder da cultura timorense. Simboliza igualmente a viagem da Colecção Antoulas que um dia foi salva e viajou pelo mundo, e agora regressa às suas raízes e à terra dos seus criadores. Timor-Leste é um país com uma rica variedade de música, esculturas, artesanato, tais, Uma Lulik e outras formas artísticas. Cada cidade, vila ou distrito tem o seu próprio estilo, o que faz de Timor-Leste um país tão rico e belo. Esta colecção representa uma boa amostra das diferentes expressões de arte timorense e é de um grande valor para a Colecção Nacional que um dia, com certeza, encontrará o caminho do arquivo para um Museu Nacional e Centro Cultural.

This crocodile legend symbolises the richness, beauty and power of the Timorese culture. It symbolises as well the journey the Antoulas Collection, that one day was saved and travelled around the world and which is now returning to its roots and the land of its creators. Timor-Leste is a country with a rich variety of music, dance, sculptures, handicraft, tais, Uma Lulik, and other art forms. Every city, village or district has its own style, which makes Timor-Leste such a rich and beautiful country. This collection is a good sample of the different expressions in Timorese art and is a big asset to the National Collection, which, hopefully one day soon, can find its way from the archives to a National Museum and Cultural Centre.


Iha tinan hirak nia laran, ema hasai tezouru nasionál Timor-Leste nian husi rai laran no ita bele hetan iha mundu tomak, husi Darwin to’o Lisboa, to’o Saint Petersburg to’o New York. Tamba hasai husi rai laran, tradisaun no matenek balu mós fahe no lakon no ita presiza hetan fali tradisaun no matenek sira ne’e. Nune’e, dalan ne’ebé iha atu halo ida ne’e mak tuir ezemplu Syméon Antoulas nian ne’ebé fo fali ba Timor-Leste saida ne’ebé mak uluk Timor nia riku soin.

Durante muitos anos, muitos dos tesouros de Timor-Leste foram removidos do país e podem hoje ser encontrados por todo o mundo, de Darwin a Lisboa, e de São Petersburgo a Nova Iorque. Com esta remoção, a tradição e o conhecimento foram dispersos e perderam-se, e necessitam de voltar a ser encontrados. A única forma de conseguir isto é seguindo o exemplo de Syméon Antoulas e devolver a Timor-Leste o que outrora pertenceu a Timor-Leste.

During many years a lot of the national treasure of Timor-Leste has been removed from the country and can be found all over the world, from Darwin to Lisbon to Saint Petersburg to New York. With this removal, tradition and knowledge has been dispersed and lost and needs to be found again. And the only way to do this is following the example of Syméon Antoulas and return to Timor-Leste that what once belonged to Timor-Leste.

Sei sai kna’ar ba komunidade internasionál hodi hamutuk ho ema Timor, rekupera fali patrimóniu nasionál Timor-Leste nian, ne’ebé hetan terus tinan ba tinan. Nune’e, tamba Kolesaun Antoulas fila fali, ida ne’e sai hanesan pasu dauluk ba rekoñesimentu ba nesesidade ba restaurasaun husi valór kulturál sira Timor-Leste nia. Nune’e, sai onra boot ba Delegasaun husi Uniaun Europeia hodi hetan partisipasaun iha pasu dauluk ne’e no simu espozisaun ida neé iha Casa Europa.

É tarefa da comunidade internacional restituir, em conjunto com o povo timorense, o Património Nacional de Timor-Leste que tem sofrido ao longo dos anos. O regresso da Colecção Antoulas é o início do reconhecimento desta necessidade de restituir os bens culturais de Timor-Leste. É uma honra para a Delegação da União Europeia associar-se a este primeiro passo e acolher esta exposição na Casa Europa.

It is the task of the international community to restore together with the Timorese people the national Heritage of Timor-Leste, which has suffered over the years. The return of the Antoulas Collection is the beginning of the recognition of this need of restoration of cultural values of Timor-Leste. It is an honour for the Delegation of the European Union to be part of this first step and to host this exhibition in Casa Europa.


Mengajen husi Dr. Hubert Gijzen, Directór no Reprezentante, Eskritóriu husi UNESCO iha Jakarta

Mensagem de Dr. Hubert Gijzen, Director e Representante, Escritório da UNESCO em Jakarta

Message from Dr. Hubert Gijzen, Director and Representative, UNESCO Office Jakarta

Dahuluk, ha’u hakarak hato’o ami nia parabéns ba Governu Timor-Leste, liu liu ba Sekretáriu Estadu Kultura, tamba nia fo dalan hodi lori fila fali mai TimorLeste propriedade kulturál rai ida ne’e nian. Ami sente nudar onra hodi fo apoiu atu halo publikasaun ba Katálogu husi Espozisaun ho naran Kolesaun Antoulas, ne’ebé hatudu objetu kulturál 59 ne’ebé Sr. Syméon Antoulas lori mai husi rai liur no atu sai parte ba Kolesaun Nasionál Muzeun no Sentru Kulturál TimorLeste nian, aban bain rua.

Deixem-me primeiro expressar as nossas mais sinceras felicitações ao Governo de Timor-Leste, e em especial ao Secretário de Estado da Cultura, por promover o retorno de propriedade cultural ao país de origem. Temos o prazer e a honra de apoiar a publicação do Catálogo da Exposição entitulada A Colecção Antoulas, que apresenta 59 objectos culturais repatriados pelo Sr. Syméon Antoulas, que se tornarão parte da Colecção Nacional do Futuro Museu e Centro Cultural de Timor-Leste.

Let me first express our sincere congratulation to the Government of Timor-Leste, and especially the State Secretariat of Culture, for promoting the return of cultural property to the country of origin. We are pleased and honored to support the publication of a Catalogue for an Exhibition entitled The Antoulas Collection, which showcases 59 cultural objects repatriated by Mr. Syméon Antoulas, to become part of the National Collection and future Museum and Cultural Centre of Timor-Leste.

Hahú uluk ona UNESCO halo promosaun ba retornu no fo fali propriedade kulturál iha mundu no fo insentivu ba ninia Estadu membru sira hodi simu no asina konvensaun internasionál rua no protokolu ida hodi hametin uniformidade husi asaun ne’ebé ami halo hodi fo protesaun iha nível nasionál no internasionál. Konvensaun no Protokolu nia naran mak: Protokolu

A UNESCO tem vindo desde há muitos anos a promover o retorno e a restituição de propriedade cultural no mundo, encorajando os seus Estados Membros a juntarem-se a duas convenções internacionais e a um protocolo que reforçarão a uniformidade das nossas acções de salvaguarda, a nível nacional e internacional. Nomeadamente, o

UNESCO has been promoting the return and restitution of cultural property in the world for many years, by encouraging its Member States to join two international conventions and one protocol which will strengthen uniformity of our shared safeguarding actions at national and international level. Namely, the 1954 Protocol to The Hague Convention for


husi Konvensaun Haia ninia kona ba Protesaun ba Propriedade Kulturál bainhira mosu Konflitu Armadu, husi 1954; Konvensaun Internasionál kona ba Dalan atu Bandu no taka Dalan ba Importasaun, Esportasaun no Transferénsia Ilegál ba Propriedade husi Bem Kulturál sira, tinan 1970; no Konvensaun UNIDROIT kona ba Na’ok Objetu Kulturál sira ne’ebé hetan Esportasaun Ilegál, tinan 1995.

Protocolo da Convenção de Haia para a Protecção de Propriedade Cultural no Evento de Conflicto Armado, de 1954; a Convenção Internacional dos Meios de Proibição e Prevenção de Importação, Exportação e Transferência Ilícitas de Propriedade de Bens Culturais, de 1970; e a Convenção UNIDROIT para o Roubo de Objectos Culturais Exportados Ilegalmente, de 1995.

Ikus mai, ha’u hakarak hato’o ha’u nia promesa katak UNESCO sei fo nafatin apoiu totál ba inisiativa sira hotu ne’ebé fo kontribuisaun hodi halo protesaun ba patrimóniu kulturál Timor-Leste nian, liu liu, ba projetu ba Muzeu Nasionál no Sentru Kulturál. Ami sei hein katak espozisaun ida ne’e, ne’ebé atu hala’o iha Casa Europa, ne’ebé Delegasaun husi Uniaun Europeia nia uma, sei hetan susesu maka’as.

Finalmente, gostaria de expressar a minha mais sincera promessa do apoio, continuado e sem reservas, da UNESCO para qualquer iniciativa que contribua para a promoção da salvaguarda do património cultural de Timor-Leste, particularmente através do planeado projecto do Museu Nacional e Centro Cultural. Desejamos que esta exposição na Casa Europa, a sede da Delegação da União Europeia em TimorLeste, tenha sucesso.

the Protection of Cultural Property in the Event of Armed Conflict; the 1970 International Convention on the Means of Prohibiting and Preventing the Illicit Import, Export and Transfer of Ownership of Cultural Property; and the 1995 UNIDROIT Convention on Stolen of Illegally Exported Cultural Objects. Lastly, I would like to express my sincere assurance of UNESCO’s unreserved and continued support for any initiative that will contribute to the promotion of the safeguarding of the cultural heritage in TimorLeste, in particular through the planned National Museum and Cultural Centre project. We wish you a successful exhibition in Casa Europa, the head office of the European Union Delegation in Timor-Leste.


Kolesaun Nasionál Timor-Leste nian S.E. Sr. Virgílio Simith, Sekretáriu Estadu Kultura, Repúblika Demokrátika Timor-Leste nian

A Colecção Nacional de Timor-Leste S.E. Sr. Virgílio Simith, Secretário de Estado da Cultura, República Democrática de Timor-Leste

The National Collection of Timor-Leste H.E. Mr. Virgílio Simith, State Secretary of Culture, Democratic Republic of Timor-Leste

Bainhira tama ba dékada 80, iha períodu okupasaun Indonézia nia laran, reprezentante Ministériu Edukasaun no Kultura Indonézia nian mai vizita Timor-Leste no halo planu atu hadi’a edífisiu balu nebe konsidera hanesan monumentu istóriku no atu harii Muzeu Provinsiál Timor Leste nian (Museum Negeri Propinsi Timor-Timur, naran orijinál iha lian Indonézia). Iha 1984, sira hahú estudu viabilidade ba muzeu no rejista objetu kulturál sira hotu ne’ebé sei bele hetan iha rai laran. Iha momentu ne’e fatin kultura no uma lulik balun hetan destruisaun ona no objetu kulturál no etnográfiku sira hetan na’ok no ema lori ba rai liur. Iha 1991 hahu halo konstrusaun ba muzeu no halo inaugurasaun iha loron 28 fulan Agostu tinan 1995, no to’o iha 1997 hetan kolesaun objetu kulturál liu 1800 husi kategoria oin oin (etnografia, istória, arte no seluk seluk tan).

No início dos anos 80, em pleno período de ocupação Indonésia, representantes do Ministério da Educação e Cultura desse país visitaram TimorLeste e planearam a restauração de alguns edifícios monumentais e a construção do Museu da Província de Timor Oriental (Museum Negeri Propinsi TimorTimur, no original em Bahasa). Em 1984, tiveram início os estudos de viabilidade do futuro museu e a inventariação de todos os objectos de cultura material ainda existentes no território. Muitos locais culturais e casas sagradas tinham entretanto sido destruídos, e inúmeros bens culturais de valor histórico e etnográfico roubados e levados para fora de Timor-Leste. Em 1991 iniciava-se a construção do museu, que foi inaugurado a 28 de Agosto de 1995, e até 1997 foram coleccionados mais de 1800 objectos culturais, distribuídos por diferentes categorias (etnografia, história, artes, entre outras).

In the beginning of the 80s, in the midst of the Indonesian occupation, representatives of the Ministry of Education and Culture of that country visited Timor-Leste and planned the restoration of some monumental buildings and the construction of the Provincial Museum of Eastern Timor (Museum Negeri Propinsi Timor-Timur, in the original Bahasa). In 1984, viability studies for the future museum and the inventory of all material cultural objects still existing in the territory begun. Many cultural places and sacred houses had by then been destroyed, and numerous cultural goods of historical and ethnographic value stolen and taken outside TimorLeste. In 1991, the construction of the museum was initiated and it was inaugurated on the 28th of August of 1995. Until 1997, more than 1800 cultural objects were collected, distributed by different categories (ethnography, history and arts, amongst others).

Iha 1999, tamba destruisaun ne’ebé mosu tuir konsulta popuplar iha loron 30 fulan Agostu, muzeu hetan destruisaun mós, sasán barak ema naok no objetu balu lakon no ema lori sai husi rai laran. Iha Marsu tinan 2000 nian, Diretór husi Museum and Art Gallery of the Northern Territory (MAGNT), tamba rona kona ba situasaun la di’ak ne’ebé mosu iha Timor-Leste, haruka ninia tékniku balu mai Timor hodi hamutuk ho sira nia kolega Timor oan, bele buka fali no rai didi’ak objetu balu ne’ebé sei iha, inklui mós livru sira husi biblioteka muzeu ninia. Sira hetan, rejistu no rai besik objetu 500.


Tamba orsamentu ladun iha no matenek tékniku ba kestaun ne’e mós la iha, objetu sira ne’e, ne’ebé agora halo parte ba Kolesaun Nasionál Timor-Leste nian, rai hela durante tinan lima iha armazen ida iha Ministériu Eduksaun nia fatin, ne’ebé ladun iha kondisaun hodi rai didi’ak objetu sira ne’e. Atu hasa’e kapasidade téknika husi funsionáriu sira husi Diresaun Nasionál Kultura nian, ne’ebé responsável ba Kolesaun Nasionál, instituisaun internasionál oin oin fo formasaun kona ba muzeu no oinsá atu halo konservasaun ba objetu kulturál sira. Instituisaun sira ne’e inklui mós UNESCO, Centro de Conservação de Materiais Culturais da Universidade de Melbourne, no MAGNT. Iha 2007 iha fulan hitu nia laran, MAGNT fo formasaun kona ba muzeu iha Darwin ba funsionáriu na’in tolu husi Diresaun Nasionál Kultura. Bazeia ba formasaun ne’e, ho orsamentu ne’ebé fo husi Embaixada Amérika nian iha Timor-Leste, halo ona organizasaun fali no rejistu ba Kolesaun Nasionál, no harii ona kondisaun sira ne’ebé di’ak hodi konserva objetu hotu sira ne’ebé iha. Kolesaun Nasionál ne’e, sai hanesan riin ba Muzeun no Sentru Kulturál Timor-Leste nian. Iha Kolesaun ne’e ita bele hetan objetu ne’ebé ho valór aas liu, ne’ebé hatudu ezemplu kulturál ba sasán ne’ebé kleur ona la iha iha Timor-leste. Atu harii Muzeu no Sentru Kulturál Timor-Leste nian, kleur ona sai hanesan prioridade husi Governu, maibé problema mak atu hetan rekursu finanseiru no tékniku ne’ebé to’o agora sei limitadu tebes. Tamba hahu ona fo formasaun ba tékniku sira

Em 1999, na sequência da destruição ocorrida após o anúncio do resultado da consulta popular de 30 de Agosto, o museu foi destruído e uma parte significativa da Colecção foi roubada, tendo muitas peças sido perdidas. Em Março de 2000, o Director do Museum and Art Gallery of the Northern Territory (MAGNT), tendo tido conhecimento do desastre que se abatia sobre Timor-Leste, enviou uma equipa de técnicos e conservadores a Dili que, em conjunto com funcionários timorenses, ajudou à recolha e conservação dos objectos existentes, incluindo os livros da biblioteca do museu. Cerca de 500 objectos intactos foram recolhidos, inventariados e conservados. Devido à falta de orçamento e conhecimentos técnicos adequados estes objectos, que actualmente constituem a Colecção Nacional de Timor-Leste, estiveram armazenados durante cinco anos num pequeno espaço do Ministério da Educação, sem condições adequadas de conservação. No sentido de aumentar a capacidade técnica dos funcionários da então criada Direcção Nacional da Cultura, que tem à sua guarda a Colecção Nacional, várias instituições internacionais facilitaram cursos de formação em museologia e conservação de objectos culturais. Entre estas instituições contam-se a UNESCO, o Centro de Conservação de Materiais Culturais da Universidade de Melbourne, e o MAGNT. Em 2007 e durante sete meses, o MAGNT providenciou formação museológica em Darwin a

In 1999, following the destruction occurred after the announcement of the popular consultation results of August 30, the museum was destroyed and a significant part of the Collection was stolen, with many pieces lost. In March 2000, knowing about the disaster falling on Timor-Leste, the Director of the Museum and Art Gallery of the Northern Territory (MAGNT) sent a team of technicians and conservators to Dili, who together with East Timorese officials helped recovering and conserving the existing objects, including the books of the museum library. Around 500 intact objects were recovered, inventoried and conserved. Due to the lack of a budget and appropriate technical knowledge, those objects, which currently comprise the National Collection of Timor-Leste, were stored for five years in a small space in the Ministry of Education, without adequate conservation conditions. Aiming at increasing the technical capacity of the staff of the National Directorate of Culture – the body that has the responsibility of safeguarding the National Collection –, various international institutions facilitated training courses in museum studies and the conservation of cultural objects. Amongst such institutions were UNESCO, the Centre for Cultural Materials Conservation at the University of Melbourne, and MAGNT. In 2007, MAGNT provided training in museum studies to three staff of the National Directorate of Culture. Based on such training and with financial support provided


husi DNC kona ba muzeu no Estadu hasa’e ona investimentu iha área kultura, agora iha ona kondisaun hodi harii Muzeu no Sentru Kulturál Timor-Leste nian. Muzeu no Sentru Kulturál Timor-Leste nian sai hanesan uma ba Kolesaun Nasionál no mós iha fatin hodi halo espozisaun ne’ebé temporáriu no fatin hodi hatudu materiál foun ne’ebé aban bain rua sei hola. Muzeu no Sentru Kulturál Timor-Leste nian sei simu espóliu jeolójiku, arkeolójiku no etnográfiku hodi hatudu ba Timor oan sira parte husi sira nia istória ne’ebé importante tebes. Ne’e iha mós dimensaun ba kultura moris nian, ho atividade tradisionál dansa, múzika no arte, hodi sai fatin ne’ebé dinamiku ne’ebé halo ligasaun husi istória agora ninia, ba istória aban bain rua nian.

três funcionários da Direcção Nacional da Cultura. Com base nessa formação e com financiamento providenciado pela Embaixada dos Estados Unidos da América em Timor-Leste, procedeu-se à reorganização e inventariação da Colecção Nacional, criando-se finalmente condições adequadas de preservação para todos os objectos existentes. A Colecção Nacional constitui um dos pilares do futuro Museu e Centro Cultural de Timor-Leste. Contém peças de valor incalculável, algumas das quais representam exemplos de cultura material há muito desaparecidos no país. A criação de um Museu e Centro Cultural de Timor-Leste é, desde há muito, uma prioridade do Governo, apenas dificultada pelo facto de existirem recursos financeiros e técnicos limitados. A gradual qualificação de técnicos da DNC em áreas museológicas, já iniciada, e um aumento do investimento na área da cultura por parte do Estado, permitirão finalmente criar condições para que a construção do Museu e Centro Cultural de TimorLeste se torne uma realidade.

by the Embassy of the United States of America in Timor-Leste, the National Collection was reorganised and inventoried, and adequate conditions for the preservation of all existing objects were finally made available.

Para além de vir a albergar a Colecção Nacional, o Museu e Centro Cultural de Timor-Leste disporá igualmente de espaços para exposições temporárias e de espaços de reservas para materiais a adquirir futuramente. O futuro Museu e Centro Cultural de Timor-Leste albergará os espólios geológico, arqueológico e etnográfico, permitindo dar a conhecer aos timorenses uma parte fundamental da sua história. Contará ainda com uma dimensão de museu vivo, ligado às actividades tradicionais de dança, música e artes plásticas, constituindo-se como local dinâmico que permitirá a ligação da história ao Presente e ao Futuro.

Besides hosting the National Collection, the Museum and Cultural Centre of Timor-Leste will also include temporary exhibition areas and space for future acquisitions. The future Museum and Cultural Centre of Timor-Leste will host geological, archaeological and ethnographic property, allowing making public to all East Timorese a fundamental part of their history. It will contain a living museum dimension, linked to traditional activities – dances, music and arts –, forming a dynamic place which will allow linking history with the Present and the Future.

The National Collection constitutes one of the pillars of the future Museum and Cultural Centre of Timor-Leste. It contains pieces of countless significance, some of which represent examples of material culture that have long disappeared from the country. The creation of a Museum and Cultural Centre of Timor-Leste has for a long time been a priority in Government, only made difficult due to the fact that there are limited financial and technical resources. The gradual qualification of staff in museum studies at the National Directorate of Culture, already initiated, and an increase in investment in the cultural sector by the State, will finally allow the creation of conditions for the Museum and Cultural Centre of Timor-Leste to become a reality.


Muzeu no Sentru Kulturál Timor-Leste nian hanesan vontade ne’ebé mai dezde uluk kedas hodi hatudu ba ema Timor sira, nia kultura rasik, hodi halu interkambiu kulturál entre komunidade sira, no entre rai viziñu sira, hodi hametin identidade nasionál Timor-Leste nia, Iha Sudeste Aziátiku no iha Mundu. Objetu sira ne’ebé ami hatudu iha espozisaun ne’e, ne’ebé bele hetan iha katálogu, iha valór boot tebes ne’ebé liu sira nia importánsia nudar objetu kultura nian. Espozisaun ida ne’e mak dauluk ema fo fali kolesaun ne’ebé ho valór aas ba Timor-Leste, hahú husi restaurasaun Independénsia iha 2002. Nune’e, Governu TimorLeste nian hakarak fo nia agradesimentu boot ba Komité Internasionál Cruz Vermelha nian, liu liu ba Dr. Syméon Antoulas (nia naran mak sai Kolesaun nia naran), ne’ebé iha tinan 10 nia laran sai responsável kona ba rai didi’ak kolesaun ne’e. Ami nia hakarak, mak inisiativa ne’e, ne’ebé importante tebes ba Muzeu no Sentru Kulturál Timor-Leste nian, sei loke dalan ba inisiativa barak liu tan, no sei hetan nafatin apoiu husi instituisaun internasionál sira no parseiru dezenvolvimentu sira seluk hodi harii instituisaun ne’e.

A existência de um Museu e Centro Cultural de Timor-Leste corresponde a um desejo antigo de dar a conhecer à população timorense a sua própria cultura, providenciando o intercâmbio cultural entre comunidades e entre estas e os povos vizinhos, reforçando a identidade nacional de Timor-Leste no contexto do Sudeste Asiático e mundial. As peças presentes nesta exposição e descritas no catálogo têm um valor significativo que vai para além da sua importância como simples objectos de cultura material. Representam a primeira vez que uma colecção de alto valor patrimonial é devolvida a Timor-Leste, desde a restauração da independência em 2002. Neste sentido, o Governo de Timor-Leste manifesta publicamente a sua gratidão para com o Comité Internacional da Cruz Vermelha, e em particular para com o Dr. Syméon Antoulas (que empresta o nome à Colecção), que durante mais de 10 anos se responsabilizou pela conservação da mesma. Espera-se que esta iniciativa, de fundamental importância para o futuro Museu e Centro Cultural do país, seja a primeira de muitas, e que TimorLeste possa continuar a contar com o apoio de organizações internacionais e de outros Parceiros de Desenvolvimento na criação desta instituição.

The existence of a Museum and Cultural Centre of Timor-Leste fulfils an ancient wish of making available to the East Timorese information on their own culture, providing cultural exchange between communities, and between these and neighbouring countries, strengthening Timor-Leste’s national identity in Southeast Asia and in the world. The pieces presented in this exhibition and illustrated in the catalogue have a significant value that goes beyond their importance as simple objects of material culture. They represent the first time that a heritage collection of high value is returned to Timor-Leste since the restoration of independence, in 2002. As such, the Government of Timor-Leste publicly expresses its gratitude towards the International Red Cross Committee, and especially to Dr. Syméon Antoulas (from whom this Collection boroughs its name), who over more than 10 years was responsible for its preservation. We hope that this initiative, of fundamental importance for the future Museum and Cultural Centre of Timor-Leste will be the first of many, and that Timor-Leste may continue to count on the support of international organisations and other Development Partners in the establishment of such an institution.


Kolesaun Antoulas Sr. Syméon Antoulas no Sra. Robyn Baxendale

A Colecção Antoulas Sr. Syméon Antoulas e Sra. Robyn Baxendale

The Antoulas Collection Mr. Syméon Antoulas and Mrs. Robyn Baxendale

(Testu ida ne’e hasai no hadia husi “Protesaun no Prezervasaun husi Propriedade Kulturál iha Situasaun Konflitu Armadu”, ne’ebé sei sai iha Michael Leach. Atu Komprende Timor-Leste – Konferénsia Daruak husi Timor-Leste Studies Association (TLSA), Liceu, Universidade Nacional de Timor-Lorosae (UNTL), Dili, Timor-Leste, 2-3 Jullu 2009).

(Excerto editado de “Protecção e Preservação de Propriedade Cultural em Situações de Conflicto Armado”, que irá aparecer em Michael Leach editor. Compreender Timor-Leste – Segunda Conferência da Associação de Estudos de Timor-Leste Studies Association (TLSA), Liceu Campus, Universidade Nacional de TimorLorosae (UNTL), Dili, Timor-Leste, 2-3 Julho 2009).

(Edited excerpt from ‘Protection and Preservation of Cultural Property in the Event of Armed Conflict’, which will appear in Michael Leach, editor. Understanding Timor-Leste – 2nd Timor-Leste Studies Association (TLSA) Conference, Liceu Campus, National University of Timor-Lorosae (UNTL), Dili, Timor-Leste, 2-3 July 2009).

Istória violénsia Timor-Leste nia fo susar no terus iha nível oin oin ba Timor oan sira. Iha tempu nebé foin liu dadaun, ita hetan beibeik instabilidade polítika, konflitu sosiál no dala balu violénsia duni. Bainhira buat sira ne’e mosu susar atu fo rekonhesimentu, protesaun no perzervasaun ba objetu kulturál sira, tamba iha prioridade seluk hanesan sobrevivénsia nebe konsidera urgenti liu. Hanoin ida ne’e mak hamosu kolesaun no perzervasaun ba ojetu kulturál Timor nian nebe hamutuk 82, balu ne’ebé mai husi bainhira ema Portugal sira tama iha Timor, no sai simbolu husi aspetu oin oin husi patrimóniu kulturál Timor-Leste nian.

A violenta história de Timor-Leste trouxe sofrimento e perda em múltiplos níveis às pessoas desta nação. No passado recente, agitação política, convulsões sociais e, em alguns períodos, violência explícita, foram lugar-comum. Em tais circunstâncias, o reconhecimento e mais ainda a protecção e preservação de objectos de significado cultural, pode ser ignorado uma vez que questões mais urgentes de sobrevivência básica, de necessidade, tomam precedente. Esta percepção foi o catalizador por detrás da colecção e da preservação de 82 artefactos e objectos etnográficos timorenses, alguns datando do início da presença portuguesa em Timor, que reflectem e simbolizam vários aspectos do património cultural de Timor-Leste.

Kolesaun ne’e aumenta tan iha tinan sanulu nia laran ho objetu sira ne’ebé mai husi Timor-Leste iha tinan 1993-1996, 1999 n 2002, no mós (foin daudaun) ho objetu sira ne’ebé mai husi rai seluk, inklui Bangkok, Bali, Hong Kong, Makau no Zurike. Tamba ema hatene katak iha tempu ne’eba Timor-leste sei iha frajilidade no vulnerabilidade – no beibeik ema labele la’o livre no ema estraga ema nia sasán beibeik – halo katak ema halo identifikasaun no rai objetu sira ne’ebé sira hanoin iha signifikadu kulturál ruma.

The violent history of Timor-Leste has brought suffering and loss to the people of this nation on multiple levels. In the recent past, political unrest, social upheaval, and in some periods, overt violence, have been commonplace. In such circumstances, the recognition, let alone protection and preservation of objects of cultural significance can be overlooked, as more urgent matters of basic survival, of necessity, take precedence. This realisation was the catalyst behind the collection and preservation of 82 Timorese artifacts and ethnological objects some dating back to the beginning of the Portuguese presence, which reflect and symbolise various aspects of the Timorese cultural heritage. The collection evolved over some ten years, with items sourced in Timor-Leste between 1993-1996, 1999 and in 2002, as well as (more recently), from several other locations including Bangkok, Bali, Hong Kong, Macau and Zurich. An awareness of the fragility and vulnerability of Timor-Leste at the time - which made issues such as limited freedom of movement, and destruction of property commonplace - led to the identification and preservation of items which appeared to be of cultural significance.


Bainhira ita ko’alia kona ba kolesaun ne’e nudar ‘patrimóniu kulturál’ ema Timor nian, ita rekoñese katak, tuir kritériu balu, termu ne’e uza hanesan hela lia mamuk. Maski nune’e, tamba razaun istória foin daudaun, liu liu destruisaun ne’ebé mosu iha 1999, ami hanoin katak atu bolu ida ne’e ‘patrimóniu kulturál’ ne’e lós. ‘Patrimóniu kulturál’ iha konseitu ida ne’ebé nakloke, no reflete tantu ba kultura ne’ebé sei moris no ba kultura ne’ebé mai husi bei ala sira. Objetu sira ne’ebé hatudu tradisaun kultura no fiar, ne’ebé fo husi inan aman ba oan sira, hanesan reprezentasaun no ilustrasaun ba influénsia mak nasaun ida hetan. Ida ne’e bele mai husi buat kiik ne’ebé mai husi moris loron loron nian no husi arte, lian no múzika. Ho signifikadu hanesan iha mós sistema espiritual no filozófiku sira, ne’ebé sai baze ba objetu sira ne’e, tamba sira mak substansia moris komunidade nian , ninia istória no ninia identidade. Iha tinan sanulu ne’ebé kolesaun ne’e moris, dezafiu ba sobrevivénsia loron loron nia iha Timor-Leste la fo dalan atu fo prioridade ba protesaun ba objetu sira ne’e, ne’ebé tuir ami hanoin, hanesan patrimóniu importante ba povu Timor. Iha rai laran, objetu sira ne’e mai husi rejiaun no aldeia oin oin, inklui mós área sira ne’ebé dook liu. Objetu sira ne’e hotu ami simu nudar oferta ka hola husi membru populasaun sira ne’ebé hakarak faan objetu sira ne’e – ne’e akontese beibeik bainhira ema lakon sira nia uma, sira nia sasán ka sira nia subsisténsia. Objetu balu hetan iha uma sira ne’ebé ahi han ona, seluk hetan hamutuk ho ai balun ne’ebé ema rai hodi sunu hodi te’in.

A colecção evoluiu durante cerca de dez anos, com objectos originários de Timor-Leste entre 19931996, 1999 e 2002, bem como (mais recentemente) de vários outros locais, incluindo Bangkok, Bali, Hong Kong, Macau e Zurique. Uma consciência da fragilidade e vulnerabilidade de Timor-Leste na altura – que fez de assuntos tais como a limitada liberdade de circulação e a destruição de propriedade lugarescomum –, levaram à identificação e preservação de objectos que pareciam ser de significado cultural. Em fazendo referência a esta colecção como ‘património cultural’ do povo timorense, reconhecese que de acordo com alguns critérios, o termo é aqui usado de forma vaga. Não obstante, devido às circunstâncias da história timorense recente, em particular a dimensão da destruição e perda que ocorreram em 1999, jugamo-lo apropriado. O conceito de ‘património cultural’ é aberto, reflectindo tanto a cultura viva como aquela do passado. Objectos que reflectem tradições culturais e mitologias, que passam de geração em geração, são representativos e ilustrativos das influências numa nação. Isto pode envolver fragmentos que reflectem a vida do dia-a-dia (como neste caso), bem como mais sofisticadas artes dramáticas, línguas e música. De igual significado são os sistemas espirituais e filosóficos sobre os quais esses objectos assentam, uma vez que eles são a substância da vida da comunidade, a sua história e identidade.

In referring to this collection as the ‘cultural heritage’ of the Timorese people, it is acknowledged that in some understandings, the term is applied loosely. However, given the circumstances of recent Timorese history, particularly the extent of destruction and loss which occurred in 1999, we deem it appropriate. The concept of ‘cultural heritage’ is an open one, reflecting living culture, every bit as much as that of the past. Objects which reflect cultural traditions and mythologies, which pass down through generations, are representative and illustrative of the influences within a nation. This can encompass pieces reflective of daily living (as in this case), as much as more sophisticated dramatic arts, languages and music.


Hodi fo garantia ba perzervasaun ba buat ne’ebé sai hanesan espresaun nebe iha signifikadu bot tebes ba patrimóniu kulturál Timor-Leste nian, ami hola desizaun hodi hasai temporariamente kolesaun ne’e husi Timor-Leste, maski hanoin nafatin atu fo fila fali mai Timor-Leste hanesan nain ba kolesaun sira ne, iha kondisaun ona atu simu kolesaun ne’e. To’o agora, ami ko’alia ho muzeu balu hodi koko atu hetan fatin ruma hodi sai uma temporária ba kolesaun ne’e hodi bele hatudu kolesaun ba ema seluk. Maibé tamba la hetan kompromisu ne’ebé garante katak kolesaun fila mai Timor, kolesaun ne’e rai hela hanesan sasan privadu iha Zurike. Ho kolesaun ne’e halo espozisaun ida hodi hatudu ba ema entre Fulan Dezembru tinan 2001 no fulan Agostu tinan 2002 iha Museu da Cruz Vermelha Internacional e do Crescente Vermelho (MICR), iha Genebra, fatin ne’ebé rai kolesaun to’o foin daudaun. Kolesaun iha objetu oin oin, kona ba halo ho saida no kona ba saida, ho objetu sira ne’ebé halo husi ai, fatuk, karau dikur, besi, ahu no hena. Inkluí mós eskultura ho pintura husi ema no animál, kaixa makerek, biru no parte husi objetu oin oin. Objetu barak la iha data – inklui xikote husi karau dikur no karau kulit ho nia dezeñu, no ai ledu kabas ne’ebé halo ho ai. Objetu sira ne’ebé ki’ikoan liu mak ho sentímetru uitoan deit – tuir tradisaun biru sira ne’e halo ho ai no karau dikur, katak materiál sira ne’ebé iha valor ás liu tuir kultura Timor nian – ne’ebé uza hodi reprezenta ema família ne’ebé sira estima duni (no beibeik mate ona).

Ao longo dos anos em que esta colecção foi concebida, os desafios da sobrevivência diária em Timor-Leste permitiram que pouca prioridade fosse dada à protecção deste tipo de artefactos, alguns dos quais, no nosso entender, são fundamentais como património essencial do povo timorense. Dentro do país, as peças são originárias de muitas regiões e aldeias, incluindo áreas remotas. Todas as peças originárias no país foram, ou recebidas como ofertas de boa fé, ou compradas a membros da população local que se ofereceram para vendê-las – uma ocorrência que não é invulgar para aqueles que possam ter perdido as suas casas, possessões e/ou meios de subsistência. Algumas peças foram descobertas abandonadas em casas incendiadas, enquanto outras foram desenterradas de pilhas de madeira em quintais suburbanos, destinadas a serem utilizadas como lenha. No sentido de garantir a preservação daquilo que cresceu como uma expressão significativa e diversa do património cultural timorense, foi tomada a decisão de remover temporariamente a colecção de Timor-Leste, com a intenção de a devolver na sua totalidade e logo que fosse viável aos seus donos legítimos, o povo timorense. No período que entretanto passou, vários museus foram sondados, no sentido de tentar conseguir uma casa transitória onde a colecção pudesse ser posta em exposição. No entanto, sem que um compromisso alguma vez chegasse que garantisse uma eventual propriedade timorense e o regresso a Timor-Leste, a colecção foi armazenada de forma privada em Zurique. Foi exposta na sua totalidade apenas uma vez – entre Dezembro de 2001 e Agosto de 2002,

Of equal significance are the spiritual and philosophical systems upon which such items are based, in that they are the substance of the life of the community, its history and identity. Throughout the years over which this collection was conceived, the challenges of daily survival in Timor-Leste allowed little priority to be given to the protection of these types of artifacts, some of which, in our understanding, are fundamental to the essential heritage of the Timorese people. Within the country, pieces were sourced from many regions and towns, including outlying areas. All pieces sourced incountry were either received as gifts in good faith, or purchased from members of the local population who had offered them for sale - not an unusual occurrence for those who may have lost their homes, possessions and/or livelihoods. Some pieces were discovered abandoned in burnt-out houses, while others were unearthed from woodpiles in suburban backyards, destined to be used as firewood. In order to ensure the preservation of what grew into a significant and diverse expression of the Timorese cultural heritage, the decision was made to temporarily remove the collection from Timor-Leste, with the intention that as soon as practicable, it would be returned in its entirety to the rightful owners, the Timorese people. In the intervening period, several Museums were canvassed in a bid to find a transient home where the collection could be put on display. However, with no firm commitment ever forthcoming that would guarantee eventual Timorese ownership and return to Timor-Leste, the collection was privately stored in Zurich. It has been exhibited


Estátua ne’ebé reprezenta ema nia oin barak liu mak halo husi ai no ita hanoin katak estátua ne’e nudar reprezentasaun ba bei ala sira ne’ebé mate ona. Estátua sira ne’e beibeik tau iha liur no hetan konsekuénsia husi anin, udan no naroman: ai nia aat tinan ba tinan reprezenta mós katak bei alas sira nia klamar mos neineik ba ona mundu seluk. Papél husi estátua sira ne’e mós atu garante katak bei ala nia klamar bele ba neineik, tuir ai nia aat. Husi objetu ne’ebé boot liu iha kolesaun ne’e ita ko’alia kona ba odamatan sira. Ida ne’ebé boot liu ho nia medida sentímetru 138 x 35 x 6. Ita fiar katak odamatan sira ne’e uluk iha uma lulik ruma – uma lulik mak uma ne’ebé harii ba klamar husi bei ala sira no ema la hela iha ne’eba. Bainhira iha serimónia ruma hanesan serimónia koremetan ka omenajen ba ema ne’ebé mate ona, katuas sira tama iha uma lulik hodi hala’o sira nia tradisaun. Odamatan sira ne’e hanesan reprezentasaun importante liu husi patrimóniu kulturál Timor nian – wainhira desvaloriza ka halo lakon ne’e hanesan mós halo lakon istória nasaun ne’e nian. Objetu barak husi kolesaun ne’e iha referénsia ka tuir forma lafaek nian. Lafaek hanesan elementu ne’ebé importante ba fiar no kultura Timor nian. Kultura seluk husi rejiaun - Papua, Austrália no Filipinas – iha mós lafaek nudar tema ikóniku ne’ebé mosu beibeik, no ida ne’e hatudu katak iha fiar ruma ne’ebé hanesan iha povu sira ne’e nia laran. Tamba ita haree ba katak objetu sira ne’e hetan rai didi’ak no hatudu iha ambitu Muzeu nasionál Timor-Leste, ita fo omenajen la’ós deit ba kultura Timor nian maibé mós ba kultura husi rai ne’ebé besik.

no Museu da Cruz Vermelha Internacional e do Crescente Vermelho (MICR), em Genebra, onde até recentemente permaneceu armazenada. A colecção é diversa na sua composição e assunto, com objectos feitos de várias combinações de madeira, pedra, corno de búfalo, metal, bambu e têxteis. Incluídas estão pinturas esculpidas de figuras animais e humanas, contentores decorativos, amuletos e uma variedade de implementos. Muitas peças não estão datadas – estas incluem um chicote de corno e couro com enfeites esculpidos, e um tear de madeira. As peças mais pequenas medem apenas alguns centímetros em comprimento – tipicamente amuletos feitos de madeira ou corno de búfalo, que são considerados de algum modo materiais ‘nobres’ na cultura timorense –, usados para representar um parente estimado (e habitualmente falecido). A maior parte das efígies humanas são talhadas em madeira e pensa-se que representam antepassados falecidos. Estes são tipicamente colocados num local que estava exposto aos elementos naturais – o vento, a chuva e o sol: a desintegração da madeira ao longo dos anos é representativa da alma do falecido a partir gradualmente deste mundo. O papel da efígie era, portanto, o de garantir uma suave transição de um antepassado ao reino dos espíritos, simbolizada na desintegração da madeira.

in its entirety only once - between December 2001 and August 2002 in the International Red Cross and Red Crescent Museum (MICR) in Geneva, where until recently, it remained in storage. The collection is diverse in composition and subject matter, with objects made of various combinations of wood, stone, buffalo horn, metal, bamboo and textile. Included are carved depictions of animal and human figures, decorative containers, amulets, and a variety of implements. Many pieces are undated - these include an ornately carved horn and leather whip, and a wooden weaving loom. The smallest pieces measure only a few centimeters in length - typically amulets made of wood or buffalo horn which are considered as somewhat ‘noble’ materials in Timorese culture - worn to represent a cherished (usually deceased relative.)


Objetu importante liu husi Kolesaun Antoulas mak ai bahat na’i bei (eskultura husi lafaek ne’ebé halo ho ai), ho nia boot besik metru ida ho balu. Objetu ne’e aprezenta tiha ona iha selo komemorativu ida, ne’ebé Nasoins Unidas fo sai iha 2002 ‘ nudar simbolu ba mudansa iha nivel sosiál no polítiku no estatutu foun independénsia Timor-Leste nian, liu husi rekoñesimentu no promosaun husi simbolu kulturál ne’ebé importante tebes. Ba nasaun sira ne’ebé sei iha rekuperasaun tamba períodu konflitu no violénsia, hodi halo prezervasaun ba propriedade kulturál hanesan objetu sira husi kolesaun ne’e, sai hanesan base ba identifikasaun ne’ebé ajuda komunidade sira atu hamriik fali, ne’ebé harii fali identidade sira nebe kait ba povu nia istória husi tempu uluk no sira nia tempu agora no aban bain rua. Ida ne’e iha importánsia boot ba populasaun iha ekonomia ne’ebé komesa sa’e, la’os deit ba parte ekonómiku maibé mós hanesan dalan hodi ema bele iha vida inteletuál, emosionál, morál no espiritual ne’ebé di’ak liu. Ba rai ida hanesan Timor-Leste, fatin iha ne’ebé to’o ohin ita sei bele hetan divizaun ba malu, hodi halo prezervasaun no omenajen ba objetu sira ne’e bele sai nudar riin ba inkluzaun no respeitu ne’ebé sentrál ba nasaun nurak ne’e.

Entre os artigios de maiores dimensões estão dois painéis decorativos de portas, o maior dos quais mede 138 x 35 x 6 centímetros. Crê-se que os painéis terão adornado a entrada de uma ‘uma lulik’ – uma casa construída para os espíritos dos antepassados falecidos que normalmente permanece desabitada. Apenas em ocasiões especiais, tais como cerimónias de recordação e outras festas em honra aos mortos, os anciãos da aldeia têm acesso à uma lulik para levar a cabo os rituais apropriados. Tais peças são as pedras angulares do património cultural timorense – desvalorizá-las ou perdê-las é desvalorizar a rica história desta nação. Não supreendentemente, várias peças na colecção estão decoradas com, ou tomam a forma de um réptil – um lagarto ou crocodilo –, que é um elemento dominante na mitologia e cultura timorenses. Várias outras culturas indígenas na região – na Papua, Austrália e Filipinas – vêm igualmente o crocodilo como tema recorrente e icónico, o que é sugestivo de uma mitologia colectiva dos povos desta parte do mundo. Ao assegurar que peças como estas são protegidas e exibidas no âmbito do Museu Nacional de Timor-Leste, não apenas se celebra a cultura timorense mas se liga essa cultura às dos estados vizinhos.

Most of the human effigies are carved in wood, and are thought to represent deceased ancestors. These are typically placed in a location that was exposed to the elements - the wind, rain and sun: the disintegration of the wood over the years is representative of the soul of the deceased gradually departing this world. The role of the effigy was thus to ensure a smooth transition of an ancestor to the realm of spirits, symbolised in the disintegration of the wood. Among the more sizeable articles are two decorative wooden door panels, the largest of which measures 138 x 35 x 6 cms. The panels are believed to have adorned the entrance to an “uma lulik” - a house built for the spirits of deceased ancestors which normally remains uninhabited. Only on special occasions, such as remembrance ceremonies and other feasts in honour of the dead, do the village elders have access to the uma lulik to perform appropriate rituals. Such pieces are the cornerstone of the Timorese cultural heritage - to devalue or lose them is to devalue the rich history of this nation. Not surprisingly, several pieces in the collection are decorated with, or take the form of a reptile - a lizard or crocodile - which is a dominant element in Timorese mythology and culture. Several other indigenous cultures of the region - such as Papua, Australia and the Philippines - also view the crocodile


A peça mais proeminente da Colecção Antoulas nesta categoria é uma magnífica escultura em madeira de um crocodilo, com quase um metro e meio de comprimento. Esta peça foi representada num selo comemorativo, emitido pela administração postal das Nações Unidas, em 2002 – uma confirmação simbólica das mudanças na paisagem social e política e no estatuto de independência de Timor-Leste, através do reconhecimento e promoção de um importante ícon cultural. Para nações a recuperar de prolongados períodos de conflicto e violência, a preservação de propriedade cultural como as peças nesta colecção fornece uma base de identificação que ajuda a reconstruir comunidades desfeitas, a restabelecer identidades e a ligar o passado de um povo com o seu presente e o seu futuro. Isto tem particular relevância para a população de uma economia emergente. Na fase de pós-conflicto, a identificação cultural é uma força motora de desenvolvimento, não apenas no que diz respeito ao crescimento económico mas também como elemento essencial para os indivíduos viverem uma vida intelectual, emocional, moral e espiritual mais preenchida. Para um país como Timor-Leste, onde ainda hoje as divisões permanecem evidentes, preservar e celebrar estes objectos pode consstituir a argamassa de inclusão e respeito que são centrais à criação do tecido da nova nação.

as a recurrent and iconic theme, which is suggestive of a collective mythology of the Peoples of this part of the world. Ensuring that pieces like this are protected and displayed within the Timor-Leste National Museum not only celebrates the Timorese culture, it serves to connect that culture to these neighboring states. The standout piece from the Antoulas collection in this category is a magnificent wooden crocodile sculpture almost a meter and a half in length. This piece was depicted in a commemorative stamp issued by the UN postal administration in 2002 – a symbolic acknowledgment of Timor-Leste’s changing social and political landscape and independent status via the recognition and promotion of an important cultural icon. For nations recovering from prolonged periods of conflict and violence, preservation of cultural property such as the pieces in this collection provides a basis of identification which helps to rebuild broken communities, to re-establish identities and to link a Peoples’ past with their present and future. This has particular relevance for the population of an emerging economy. In the post-conflict phase, cultural identification is a driving force of development, not only in respect of economic growth, but also as a pivotal element in individuals leading a more fulfilling intellectual, emotional, moral and spiritual life. For a country like Timor-Leste, where even today divisions remain evident, preserving and celebrating these pieces can provide the building blocks of inclusion and respect which are central to creating the fabric of the new nation.





01. (karuk) Odanmatan, ai (esquerda) Porta, madeira (left) Door, wood Atsabe (c. 1980) 133x39x6 cm 02. (los) Odanmatan, ai (direita) Porta, madeira (right) Door, wood Atsabe (c. 1980) 128x40x 8 cm


03. EztĂĄtua ema mane, ai Estatueta masculina, madeira Male figurine, wood AtaĂşro? (c. 1990) 25x7x6 cm


04. (karuk) Ai toos (esquerda) Estatueta funerรกria, madeira (left) Ceremonial figurine, wood Lospalos (c. 1970) 70x15x14 cm

05. (los) Ai toos (direita) Estatueta funerรกria, madeira (right) Ceremonial figurine, wood Maliana 105x15 cm


06. Eztátua, fatuk Estátua, pedra Sculpture, stone Maliana 17x13x8 cm

07. Eztátua, fatuk Estátua, pedra Sculpture, stone Liquiçá 31x23x8 cm

08. Eztátua, ai Estatueta, madeira Figurine, wood Kupang, Timor 41x16 cm


09. Eztรกtua, ai Estatueta, madeira Figurine, wood 32x10x14 cm


10. Ai koa tabaku, ai Placa para cortar tabaco, madeira Tobacco chopping board, wood Timor-Leste 32x14x5 cm

11. Kaximbu, ai no besi Cachimbo, madeira e alumĂ­nio Pipe, wood and aluminium Dili (1995) 23 cm


12. Ledu kabas, ai Calandra de algod達o, madeira Cotton mangle, wood


13. Ledu kabas, ai Calandra de algod達o, madeira Cotton mangle, wood (c. 1970) 29x30x5 cm


14. Tais mane, kabas Pano masculino, algodão Man’s cloth wrap, cotton 234x78 cm


15. Kanuru, ai Colher, madeira Spoon, wood Viqueque 24x4 cm

16. Kanuru, karau dikur Colher, corno de búfalo Spoon, buffalo horn Timor 20x6 cm

17. Kanuru, karau dikur Colher, corno de búfalo Spoon, buffalo horn Timor-Leste 18x5 cm

18. Kanuru, karau dikur Colher, corno de búfalo Spoon, buffalo horn Timor 21x6 cm


19. Tali metan, tua metan Corda, fibra de palmeira Rope, palm fibre 34x7 cm


20. Eztรกtua lafaek, ai Escultura de crocodilo, madeira Crocodile carving, wood Fatulia, Venilale (c. 1970) 142x24x15 cm


21. Eskultura, besi (riti) Escultura, metal (bronze) Sculpture, metal (bronze) 8x8 cm


22. Eztátua, ai Estatueta, madeira Figurine, wood Timor (1995) 17x4 cm

23. Eztátua sereia, fatuk Escultura de sereia, pedra Mermaid carving, stone Java 8x3 cm

24. Eztátua ema fetu, karau dikur Estatueta feminina, corno de búfalo Female figurine, buffalo horn Baucau/Viqueque (c. 1990) 6x2 cm

25. Eztátua, karau dikur Estatueta, corno de búfalo Figurine, buffalo horn Timor 6x3 cm


26. Eztátua ema mane, rusa dikur Estatueta masculina, corno de veado Male figurine, deer horn Timor (1995) 7x2 cm

27. Eztátua, karau dikur Estatueta, corno de búfalo Figurine, buffalo horn Timor 9x2 cm

28. Eztátua, ai Estatueta, madeira Figurine, wood Timor 10x3x4 cm

29. Eztátua, ai Estatueta, madeira Figurine, wood Ataúro? (1994) 10x2x2 cm


30. Ai oin Mรกscara, madeira Mask, wood Timor 22x13x9 cm


31. Estรกtua, fatuk Estรกtua, pedra Sculpture, stone Maliana/Suai 47x12x10 cm

32. Eztรกtua, fatuk Estรกtua, pedra Sculpture, stone Maliana/Suai 40x9x9 cm


33. Eztรกtua lafaek , rusa dikur Escultura de crocodilo, corno de veado Crocodile carving, deer horn Baucau? (c. 1990) 16x2 cm

34. Eztรกtua lafaek , rusa dikur Escultura de crocodilo, corno de veado Crocodile carving, deer horn Baucau? (c. 1990) 15x2 cm


35. Ezt谩tua lafaek, ai Escultura de crocodilo, madeira Crocodile carving, wood Timor-Leste 13x2 cm

36. Ahu fatin, rusa dikur no ai Recipiente de cal em p贸, corno de veado e madeira Lime powder container, deer horn and wood Timor 10x2 cm


37. Ahu fatin, au no ai Recipiente de cal em pó, bambu e madeira Lime powder container, bamboo and wood Dili (1993) 21x3 cm

38. Ahu fatin, ai Recipiente de cal em pó, madeira Lime powder container, wood Dili (c. 1990) 22x6 cm

39. Ahu fatin, ai Recipiente de cal em pó, madeira Lime powder container, wood Dili (1994) 11x4 cm

40. Ahu fatin, karau dikur Recipiente de cal em pó, corno de búfalo Lime powder container, buffalo horn Timor-Leste (c. 1950) 18x3 cm


41. Ahu fatin, nu no ai Recipiente de cal em p贸, casca de coco e madeira Lime powder container, coconut shell and wood Liqui莽谩 18x13 cm

42. Ahu fatin, nu no ai Recipiente de cal em p贸, casca de coco e madeira Lime powder container, coconut shell and wood 20x13 cm


43. Ahu fatin, karau dikur Recipiente de cal em p贸, corno de b煤falo Lime powder container, buffalo horn Timor-Leste (c. 1950) 22x6x4 cm


44. (karuk) Palmatoria, ai (esquerda) Palmat贸ria, madeira (left) Ruler, wood Uatubuilico 22x11x8 cm

45. (klaran) Xikote, dikur no kulit (centro) Chicote, corno e cabedal (centre) Whip, horn and leather 50x4 cm 46. (los) Rota, ai (direita) Bengala, madeira (right) Walking stick, wood Uatubuilico 120 cm


47. Lesun, ai Pil達o, madeira Mortar, wood Timor-Leste (c. 1980) 44x29 cm


48. (karuk) Eztátua, karau dikur (esquerda) Estatueta, corno de búfalo (left) Figurine, buffalo horn Baucau (1996) 6x3 cm 49. (los) Lesun, ai (direita) Pilão, madeira (right) Mortar, wood Ataúro? (c. 1990) 54x7x7 cm


50. Sasuit, ai Pente, madeira Hair comb, wood Timor 16x8 cm


51. (karuk) Biru lulik, ai (esquerda) Amuleto sagrado, madeira (left) Sacred amulet, wood Timor-Leste 24x13x11 cm

52. (los) Krusifiksu ho ro, metal (lataun) (direita) Crucifixo com caravela, metal (lat達o) (right) Crucifix with caravel, metal (brass) Portugal? 21x6 cm


53. (karuk) Eztátua, ai ho tais (esquerda) Estatueta, madeira e pano (left) Figurine, wood and loincloth Ataúro 26x5x4 cm 54. (los) Eztátua ema fetu, ai (direita) Estatueta feminina, madeira (right) Female figurine, wood Timor-Leste 51x14x12 cm


55. EztĂĄtua ema fetu, ai Estatueta feminina, madeira Female figurine, wood AtaĂşro? (c. 1990) 54x7x7 cm


56. Eztรกtua ema fetu, ai Estatueta feminina, madeira Female figurine, wood Viqueque (c. 1960) 19x5x3 cm

57. Eztรกtua, fatuk Estรกtua, pedra Sculpture, stone Maliana 23x8 cm

58. Eztรกtua, ai Estatueta, madeira Figurine, wood Timor 21x11x8 cm


59. Eztรกtua ema mane, ai Estatueta masculina, madeira Male figurine, wood 24x13x4 cm



Produsaun / Produção / Production Secretaria de Estado e Direcção Nacional da Cultura, Ministério da Educação, República Democrática de Timor-Leste Suporta / Apoios / Supports Delegasaun Uniaun Europa nian iha Timor-Leste / Delegação da União Europeia em Timor-Leste/ / Delegation of the European Union in Timor-Leste UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization ICRC – International Committee of the Red Cross Dezenhu / Desenho / Design David Palazón & Elena Tognoli – Imagen, Design, Arquitectura, Lda. Fotografia / Fotografia / Photography Nélson S. Turquel Autor sira / Autores / Authors Kay Rala Xanana Gusmão Juan Carlos Rey Hubert Gijzen Virgílio Simith Syméon Antoulas Tradusaun / Tradução / Translation Maria Amado Mota (Tetun / Tétum / Tetun) Nuno Vasco Oliveira (Portugés no Inglés / Português e Inglês / Portuguese and English) Agradese ba / Agradecimentos / Acknowledgements Abílio da Conceição Silva, Alain Matton, Cecília Assis, Daniel Sera, Emanuel Alves, Felismina Amaral, Gaudêncio da Silva Monteiro, Rosário Cabeças, Terezinha Tilman. Printed in Timor-Leste by Gráfica Patria. © Secretaria de Estado e Direcção Nacional da Cultura, Janeiro 2010.


KOLESAUN ANTOULAS

A COLECÇÃO ANTOULAS THE ANTOULAS COLLECTION


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