The Textiles of Baucau

Page 1

TAIS HUSI

BAUCAU OS TÊXTEIS DE BAUCAU THE TEXTILES OF BAUCAU

TIMOR-LESTE



TAIS HUSI

BAUCAU OS TÊXTEIS DE BAUCAU THE TEXTILES OF BAUCAU

TIMOR-LESTE WRITTEN BY ROSÁLIA E. M. SOARES


Hakerek Nain ||||| Autor ||||| Author: Rosália E Madeira Soares Kolaborador sira ||||| Colaboradores ||||| Collaborators: António Coelho and Madalena Barreto Peskisa ||||| Pesquisa ||||| Research: Joanna Barrkman, Jaquelina Ximenes, Willy Daos Kadati, Rosália E M Soares, Luis Aparicio Guterres, Avelino Gaio and Manuel Fotografia ||||| Fotografia ||||| Fotography: David Palazón, Joanna Barrkman, Jaquelina Ximenes, Willy Daos Kadati, Rosália E M Soares, Gibrael Garocho and Victor de Sousa Revisaun ||||| Revisão ||||| Editing: Carla Fonseca Deseñu ||||| Desenho ||||| Design: David Palazón (www.davidpalazon.com) Impresaun ||||| Impressão ||||| Printing: SETAC ISBN 978-989-8726-30-8 © Copyright SETAC, RDTL, 2017

Peskiza ne’e halao liu husi kolaborasaun entre Sekretaria Estadu Arte no Kultura ho Timor Aid, hodi prezerva no promove tradisaun kultural Timor-Leste nian, liuliu eransa tais nian. Timor Aid agradese Sekretaria Estadu Arte no Kultura, liuliu Sr Luis Aparicio Guterres ho Sr Avelino Gaio no ekipa husi Diresaun Nasional Arte, Kultura no Industria Kreativa Kultural ba apoiu hodi halo publikasaun ida ne’e. Timor Aid mós agradese soru-nain sira, autoridade lokal no komunidade sira hotu husi suku ida-idak iha Munisípiu Baucau ne’ebé peskiza halao, ba sira-nia laran luak no kontribuisaun ho koñesimentu oioin no biban, hodi peskiza ida ne’e to’o iha nia rohan. Liafuan sira ne’ebé hakerek iha italic, mai husi lian seluk, hanesan tuir mai ne’e: Makasae (M), Uaimu’a (Ua), Naueti (Na), Midiki (Mi), Indonésia (I) no Portugés (P). Autora agradese tais nain no produtor sira-nia laran luak, ba informasaun oioin kona-ba tais Baucau nian ne’ebé sira fahe, no mós reklama ninia direitu moral hodi identifika nu’udar hakerek-nain ba publikasaun ida ne’e. Projetu ida ne’e halao husi Diresaun Nasional Arte no Kultura, Timor-Leste, servisu hamutuk ho Timor Aid.

Este trabalho de pesquisa resulta da colaboração entre a Timor Aid e a Secretaria de Estado de Arte e Cultura, para preservar e promover as tradições culturais de Timor-Leste, mais especificamente a sua herança têxtil. A Timor Aid agradece à Secretaria de Estado da Arte e Cultura, particularmente ao Sr Luís Aparício Guterres e Avelino Gaio e à equipa da Direção Nacional da Arte e Cultura e Indústrias Criativas Culturais, por apoiarem esta publicação.

This research work is the result of collaboration between Timor Aid and the State Secretariat for Arts and Culture, to preserve and promote Timor-Leste’s cultural traditions, more specifically its textile heritage. Timor Aid thanks the State Secretariat for Arts and Culture, particularly to Mr Luís Aparício Guterres, Avelino Gaio, and the team of the National Directorate of Arts, Culture and Cultural Creative Industries for the support for this publication.

A Timor Aid agradece ainda às tecedeiras, aos líderes locais e a outros membros da comunidade de cada uma das aldeias do Município de Baucau pelo generoso contributo e partilha do seu conhecimento e pelo tempo disponibilizado, tornando possível a concretização desta pesquisa.

Timor Aid also thanks the weavers, local leaders and other community members from each of the villages in the Municipality of Baucau for their generous contribution, knowledge sharing and their time availability, which enabled this research.

As palavras estrangeiras assinaladas em itálico são em língua tétum, salvo indicação em contrário. Neste caso serão apresentados da seguinte forma: Makasae (M), Uaimu’a (Ua), Naueti (Na) e Midiki (Mi) Indonésio (I).

The foreign words marked in italics are in the Tetun language, unless indicated otherwise. In such cases, those will be presented in the following way: Makasae (M), Uaimu’a (Ua), Naueti (Na), Midiki (Mi) and Indonesian (I).

A autora, que reconhece a generosidade dos proprietários e produtores de têxteis, por partilharem informação relativa aos têxteis de Baucau, reivindica o direito moral de ser identificada como autora desta publicação.

The author, who recognizes the generosity of the textiles’ owners and producers for sharing information relating to the Baucau textiles, claims the moral right to be identified as the author of this publication.

Um projeto da Direção Nacional da Cultura, Timor-Leste, em colaboração com a Timor Aid.

A project of the National Directorate of Culture, Timor-Leste, in collaboration with Timor Aid.


ÍNDICE ||||| ÍNDISE ||||| CONTENTS ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| Lia Makloke ||||| Prólogo ||||| Foreword 06 Prefasiu ||||| Prefácio ||||| Preface 08 Introdusaun ||||| Introdução ||||| Introduction 11 Tais Baucau Nian ||||| Os Tais de Baucau ||||| Textiles of Baucau 15 Prosesu Soru Tais ||||| Processo de Tecelagem ||||| Weaving Process 17 Téknika ||||| Técnica ||||| Technique 18 Tipu, Naran no Uzu ||||| Tipos, Designações e Usos ||||| Types, Designations and Uses 20 Futus no ninia Konservasaun ||||| Motivos e Conservação dos mesmos ||||| Motifs and their Preservation 23 Rejiaun Oioin ||||| Diferentes Regiões ||||| Different Regions Baucau 27 Katálogu Tais Baucau Nian ||||| Catálogo de Têxteis de Baucau ||||| Baucau Textiles Catalogue 30 Laga 32 Katálogu Tais Laga Nian ||||| Catálogo de Têxteis de Laga ||||| Laga Textiles Catalogue 34 Quelicai 36 Katálogu Tais Quelicai Nian ||||| Catálogo de Têxteis de Quelicai ||||| Quelicai Textiles Catalogue 37 Baguia 40 Katálogu Tais Baguia Nian ||||| Catálogo de Têxteis de Baguia ||||| Baguia Textiles Catalogue 42 Venilale 44 Katálogu Tais Venilale Nian ||||| Catálogo de Têxteis de Venilale ||||| Venilale Textiles Catalogue 46 Vemasse 49 Katálogu Tais Vemasse Nian ||||| Catálogo de Têxteis de Vemasse ||||| Vemasse Textiles Catalogue 50


Fig 1. Soru-nain Martinha Freitas hatudu tais mane nuru ulo wiwime iha aldeia Haine Uai. A tecedeira Martinha Freitas seurando um tais mane, nuru ulo wiwime. The weaver Martinha Freitas holding a tais mane, nuru ulo wiwime. Photo by Wily Daos Kadati, Osoala (Vemasse), 2010.

LIA MAKLOKE

PRÓLOGO

FOREWORD

Publikasaun katálogu “Tais Husi Baucau” lao tuir inisiativa ne’ebé uluk hato’o husi Sekretaria Estadu ba Arte no Kultura, atu fornese obra lubuk ida kona-ba produsaun tais tradisionál husi Munisípiu 12 no Rejiaun Administrativu Espesial Oecusse Ambeno (RAEOA) iha Timor-Leste. Publikasaun ida ne’e hetan kolaborasaun husi Timor Aid, ne’ebé hala’o servisu kona-ba peskiza ba Tais orijinal Baucau, liuhusi xefe programa kultural: Rosália E. M. Soares.

A publicação do livro “Os Têxteis de Baucau” dá seguimento à iniciativa anteriormente lançada por a Secretaria de Estado de Arte e Cultura, de disponibilizar um conjunto de obras sobre a produção tradicional de têxteis dos 12 Municípios e da Região Administrativa Especial de Oecusse, Ambeno (RAEOA) de Timor-Leste. Esta obra conta com a preciosa colaboração da Timor Aid, mais especificamente da equipa do Programa da Cultura liderada por Rosália E. M. Soares, que coordenou o trabalho de campo, desenvolveu a pesquisa e elaborou o texto que dá corpo ao livro.

The publication of the book ‘The Textiles of Baucau’ follows the initiative previously launched by the Secretariat of State for Arts and Culture, to provide a series of publication on the traditional textile production of the 12 municipalities and the Special Administrative Region of Oecusse Ambeno of Timor-Leste. This work counts with the valuable collaboration of Timor Aid, in the person of Rosália E. M. Soares, the Team Leader of the culture program, who coordinated the fieldwork, developed the research and drafted the text that embodies the book.

Katálogu ida ne’e sei fó hanoin hodi prezerva, promove no haburas tais orijinal Munisípiu Baucau ba públiku, atu nune’e 6


bele dada apresiador sira hodi dezenvolve arte no kultura, no bele fo koñesimentu klean liután ba jerasaun foun kona-ba valor tradisional no kultural husi tais orijinal sira ne’ebé eziste to’o ohin loron nudar eransa ida husi bei ala sira. Iha tinan hirak liubá, dinamizasaun no promosaun espresaun kultural iha Munisípiu Baucau hetan satisfasaun ba realizasaun katálogu ne’e ho dedikasaun no esforsu husi figura públika na’in-rua nian; Sr Avelino Correia Gaio, xefe seksaun kultura Munisípiu Baucau no partisipa ho ativu iha peskiza ne’ebé dokumenta iha ne’e; no ba Sr Luis Aparicio Guterres, funsionáriu públiku iha Sekretaria Estadu ba Arte no Kultura. Publiksaun livru “Tais Husi Baucau” hakarak atu kontribui ba rejistu patrimóniu espresaun kulturál nian ne’ebé eziste iha ita nia nasaun. Ho publiksaun ne’e, Sekretaria Estadu ba Arte no Kultura hala’o serbisu no kompromisu atu halo inventárizasaun, dokumentasaun no promosaun ba diversidade arte no kultura Timor-Leste ne’ebé maka riku, kontribui ba kultura hodi afirma liután nia an hanesan baze dezenvolvimentu nian ida ba ita nia nasaun. Cecília Assis Diretora Jerál Arte no Kultura Sekretaria Estadu ba Turismo, Arte no Kultura Ministériu do Turismu, Arte no Kultura

Este catálogo irá relembrar para preservar, promover e reforçar a importância dos tecidos tradicionais do Município de Baucau junto do público, para que se possa atrair apreciadores para o desenvolvimento da arte e cultura. O catálogo irá fornecer conhecimentos profundos para as novas gerações sobre o valor tradicional e cultural dos tecidos originais que existem ainda nos dias de hoje, como uma importnate herança cultural deixada pelos antepassados. Ao longo dos últimos anos, porém, a dinamização e promoção das expressões culturais neste Município, teve a felicidade de contar com o trabalho e dedicação de duas figuras públicas, como: Avelino Correia Gaio, Chefe de Secção da Cultura do Município de Baucau e Luis Aparicio Guterres, empregado público da Secretaria do Estado da Arte e Cultura. Ambos participaram ativamente no trabalho de campo aqui documentado. A publicação do livro “Os Têxteis de Baucau” pretende contribuir para o registo da enorme riqueza de expressões culturais existente no nosso país, assentes na tradição. Com ela, a Secretaria de Estado do Turismo, Arte e Cultura dá seguimento ao trabalho e ao compromisso de inventariar, documentar e promover a enorme diversidade cultural de Timor-Leste, contribuindo para que a Cultura se afirme cada vez mais como um dos pilares do desenvolvimento da nossa nação. Cecília Assis Diretora Geral Arte e Cultura Secretaria de Estado do Turismo, Arte e Cultura Ministerio do Turismo Arte e Cultura

This publication is intended to preserve, promote and strengthen the importnance of traditional tais of Baucau Municipality to the public audience, so that it can attract lovers to the development of art and culture. Furthermore, the catalogue will provide deep knowledge for the new generation about the traditional and cultural value of the original tais existing until now as a cultural legacy left by the ancestors. Over the past few years, however, the enhancement and promotion of cultural expressions in this municipality, was fortunate to count on the work and dedication of two public figures named: Avelino Correia Gaio, the Culture Chief of Section of Baucau Municipality and Luis Aparicio Guterres, a public servant of the Secretary of state for Art and Culture both were actively participated in the fieldwork documented here. The publication of the book ‘The Textiles of Baucau’ aims to contribute to the register of the wealth of existing cultural expressions in our country, based on tradition. With it, the Secretariat of State for Tourism, Art and Culture follows on the work and commitment to inventory, document and promote the great cultural diversity of Timor-Leste, contributing for Culture to assert itself increasingly as one of the development pillars of our nation. Cecília Assis Director General of Arts and Culture Secretary of State for Tourism, Arts and Culture Ministry of Tourism, Arts and Culture

7


PREFASIU

PREFÁCIO

PREFACE

Livru “Tais husi Baucau” maka edisaun foun ikus liu ne’ebé hatudu kompromisu Timor Aid nian atu kontinua hala’o peskiza no dokumentasaun ba tais hanesan eransa kultural Timor-Leste nian. Autora livru ne’e maka Rosália Madeira Soares ne’ebé hetan ajuda husi belun nain Antonio Coelho, Madalena Barreto no Carla Fonseca. Peskiza no publikasaun livru ne’e hetan apoiu husi Sekretaria de Estado ba Turismo, Arte no Kultura (SETAC) husi Diresaun Nasional ba Artes, Cultura no Industrias Culturais Criativas. Nune’e mós ekipa ida husi SETAC partisipa hodi halo peskiza iha terrenu. Timor Aid hato’o agradesimentu bot ba SETAC tamba fó ona fiar hodi hala’o parseria ho ami. Parseria ne’e inklui mós atividade seluk hanesan espozisaun, publikasaun no peskiza. Timor Aid hein katak parseria ne’e sei kontinua nafatin ba oin atu nunee bele publika tan livru foun seluk kona-ba tais husi komunidade iha rejiaun seluk iha Timor-Leste.

O livro, “Os Texteis de Baucau” é a publicação mais recente que resulta do compromisso da Timor Aid em continuar a pesquisa e documentação do tais como uma herança cultural de Timor-Leste. Escrito por Rosália Madeira Soares e com a colaboração de António Coelho, Madalena Barreto e Carla Fonseca, a sua publicação não teria sido possivel sem o apoio generoso da Secretaria de Estado de Turismo, Artes e Cultura (SETAC) através da Direção Nacional de Artes, Cultura e Indústrias Culturais Criativas. Uma equipa da SETAC tomou parte na pesquisa do campo e a Timor Aid agradece pela contínua parceria que temos tido com a Secretaria, parceria essa que abrangeu também uma serie de exibições, publicações e projectos de pesquisa. A Timor Aid espera que essa parceria se prolongue ainda mais no futuro para que juntos possamos completar mais monografias sobre tradições de tais oriundos de diferentes comunidades e ou regiões de Timor-Leste.

‘The Textiles of Baucau’ is the latest product of Timor Aid’s continued commitment to research and document the textile cultural heritage of Timor-Leste. Written by Rosália Madeira Soares and assisted by Antonio Coelho and Madalena Barreto, this publication would not have been possible without the generous support of the Secretariat of Tourism, Arts and Culture (SETAC) through its National Directorate of Arts and Cultural Creative Industries. A team from SETAC participated in the field research and Timor Aid is grateful for the ongoing partnership with the Secretariat, a partnership that has extended over a number of exhibitions, publications and research projects. Timor Aid looks forward to continuing this partnership into the future as we complete together monographs on the textile traditions of the different peoples and regions of Timor-Leste.

Hau hakarak hato’o obrigado ba Rosália, Xefe Departamentu Kultura Timor Aid nian, ne’ebé lidera ona prosesu rekolla dadus iha terrenu hodi hakerek nia resultadu iha livru nee. Obrigado mós ba membru sira seluk Ekipa Peskiza nian hanesan Joanna Barrkman, Jaquelina Ximenes, Willy Daos Kadati, Luis Aparicio Guterres, Avelino Gaio, Manuel no empregado SETAC sira seluk. Aleinde hakerek livru, Rosália sai nu’udar forsa ne’ebé dudu no aumenta ekipa Timor Aid nia kbit no beran iha ami nia servisu kolesaun no konservasaun tais ne’ebé importante liu maibe hahú mukit ona iha ita let. Timor Aid apresia Rosália nia dedikasaun no nia servisu hamutuk ho komunidade soru na’in sira durante prosesu naruk hodi hakerek livru nee to’o hotu.

8

A Timor Aid fica reconhecidamente grata a Rosália, Chefe de Departamento de Cultura da Timor Aid, pelas hhabilidades demonstradas nas pesquisas no terreno e no resultado deste livro. O agradecimento de Timor Aid estende-se ainda a outros membros da equipa da pesquisa nomeadamente Joanna Barrkman, Jaquelina Ximenes, Willy Daos Kadati, Luis Aparicio Guterres, Avelino Gaio, Manuel e os restantes empregados da SETAC. Esta é também uma força impulsionadora no aumento da capacidade da equipa de cultura da Timor Aid e hhabilidades demonstradas nas pesquisas no terreno, no resultado deste livro de coleção e conservação dos tecidos mais importantes e raros de Timor-Leste.

Timor Aid is very grateful for for Rosália Madeira Soares, Head of the Department of Culture of Timor Aid, for the abilities demonstrated in field research and the outcome of this book. Timor Aid is also indebted to other members of the field research team which is comprised of Joanna Barrkman, Jaquelina Ximenes, Willy Daos Kadati, Luis Aparicio Guterres, Avelino Gaio and Manuel and the rest of SETAC staffs. She has also been the driving force to increasing the research capacity of Timor Aid staffs, in our work in collecting and conserving important cloths of Timor-Leste. Timor Aid would like to express its appreciation to Rosália for the dedication and care she has demonstrated in working with our organization and with the artisans and communities over the time that it took to complete this book. Rosália and the


Rosália no ekipa peskizadora dokumenta ona tais lubuk ida ne’ebé kapás teb-tebes. Iha mós kazu úniku ida kona-ba fen ho la’en uma kain ida ne’ebé buka moris liu deit husi soru tais. Normalmente feto sira deit maka soru maibe iha Quelicai, iha Suco Guruçá, iha ema kazal ida maka soru tais deit hodi buka moris. Molok atu remata, hau hakru’uk hodi hato’o agradesimentu ba soru na’in Baucau sira hotu ne’ebé fahe ona sira nia tempu hodi dada lia ho ekipa peskizadora kona-ba tais sira nian atu ami bele dokumenta iha livru ne’e atu ema rai seluk mós bele hatene kona-ba soru na’in sira nia liman badaen, arte no kriatividade. Tais sai hanesan liman rohan importante liu ne’ebé ita nia bei ala sira husik hela ba ita. Timor Aid saúda no agradese soru na’in Baucau sira hotu nia laran luak hodi hein katak livru nee sei lori ksolok ba sira hotu no mós ema seluk ne’ebé iha interese atu hatene liu tan kona-ba kultura Timor-Leste nian. Florentino Sarmento Diretor Exekutivu Timor Aid

A Timor Aid aprecia o trabalho dedicado e carinhoso da que Rosália tem demonstrado nas suas lides com os artesãos e comunidades com quem trabalhou ao longo de todo o processo deste livro. Rosália e a equipa de pesquisadores documentaram alguns têxteis maravilhosos nas páginas seguintes, bem como um caso excecional, no Suco de Guruçá em Quelicai. Aqui, há um casal que ganha a vida a tecer tais, quando normalmente são só as mulheres que tecem. A Timor Aid espera que a presente publicação vá alegrar as comunidades tecedeiras de Baucau bem como o público em geral. Finalmente, a Timor Aid agradece sinceramente às tecedeira e às comunidades de Baucau por terem partilhado connosco o seu tempo, as suas histórias e os seus tecidos, permitindo ao mundo, desta forma, ver as suas habilidades extraordinarias, a sua ingenuidade e criatividade. Os texteis constituem o seu legado e a manifestação mais importante da sua cultura. Saudamos o seu trabalho artístico, e agradecemos lhes por terem sido tão generosos para connosco. Bem hajam!

team have documented some wonderful textiles in the following pages. In addition, Rosália and the team have documented an exceptional case of a couple of husband and wife who are both weavers. Normally, throughout the country, the weavers are women only but in the village of Guruçá in Quelicai there is a couple who earn their income from being weavers. We hope that this book brings pleasure to the weaving communities of Baucau as well as to the wider public. Finally, Timor Aid is grateful to the weavers and communities of Baucau for sharing their time, stories and textiles with us thus allowing the world to see their extraordinary skills, ingenuity and creativity. Their textiles are their legacy, and the most important manifestation of their culture. We salute their artistic work, and thank them for sharing it so generously with us. Florentino Sarmento Executive Director Timor Aid

Florentino Sarmento Diretor Executivo Timor Aid

9


10


INTRODUSAUN

INTRODUÇÃO

INTRODUCTION

Tais halo parte ba identidade kultural TimorLeste nian. Ninia ezisténsia iha Timor-Leste, hahú kedas husi beiala sira nia tempu, ne’ebé uza tais iha forma oioin no ida-idak ho signifikadu ne’ebé la hanesan. Nu’udar símbolu identidade Timor nian, tais halo parte fundamental iha serimónia kultural, sosial, relijiozu no governamental oioin timoroan sira nian.

Os tais fazem parte da identidade cultural de Timor-Leste. Estes textêis, cuja existência remonta há séculos, são apresentados em diferentes formas e cada um deles tem diferentes significados. Em qualquer cerimónia social, religiosa e governamental os tais são uma peça fundamental.

Tais are part of the cultural identity of Timor-Leste. These textiles, whose existence have been for centuries, are used in different ways, and each one has a different meaning. Its presence in social, religious and governmental events is a fundamental symbol of timorese tradition.

O processo de tecelagem é idêntico em toda a ilha tendo, de uma forma geral, as suas técnicas de execução sido passadas de geração em geração sem alterações de maior. Contudo, com o decorrer dos tempos e com as influências estrangeiras foram sendo incorporados novos elementos na tradição que merecem ser referidos.

The weaving process is identical throughout the island and, in general, their execution techniques have been passed down from generation to generation, without major changes. However, with the passage of time and with foreign influences being incorporated, new elements have been included in the tradition that deserves to be mentioned.

É o caso, por exemplo, das novas técnicas e dos desenhos de influência europeia, como os motivos florais, religiosos e etc., durante o período de administração portuguesa. Ou, o selendang (I)1 durante o período de administração indonésia e a intensificação do uso dos fios brilhantes de cor dourada e prateada, o lurex.

This is the case, for example, of the new techniques and designs of European influence, such as floral, religious, and other motifs which have introduced during the period of Portuguese administration; and of selendang (I) 1 introduced during the Indonesian administration period and the intensification of the use of bright gold and silver colour threads, the lurex.

Prosesu soru tais hanesan iha illa Timor tomak, babain, matenek soru ida ne’e hatun husi jerasaun ba jerasaun hanesan lisan ida la ho mudansa ne’ebé bo’ot. Maibe, ho tempu ne’ebé lao nafatin no ho influênsia husi rai liur, iha elementu foun balun ne’ebé tama tabik iha tradisaun ne’e ne’ebé presiza atu temi iha ne’e. Ezemplu ida maka kazu téknika foun no dezeñu foun ho influênsia husi europa hanesan dezeñu ai-funan, dezeñu relijiozu, no nsst, ne’ebé hola fatin durante periodu administrásaun portugés nian; ka selendang (I)1 durante periódu administrásaun indonézia no inténsifikasaun ba uzu kábas nabilan ho kor osan mean no osan mutin, lurex. Tuir hateten, soru-nain sira hahú uza kábas industrial makaas hahú iha tinan hirak ikus ne’e nia laran, laos deit tamba fasil atu sosa iha merkadu lokal, maibe mós kabas ne’e hakmaan serbisu soru. Realidade ida ne’e hamosu problema ida katak, bele halakon valor balun husi patrimóniu kultural imaterial ne’ebé iha tais, iha aban bainrua. Liután ida ne’e, durante tinan barak nia laran, komunidade oioin no grupu etnolinguístiku sira nia tais hahú ona lakon karakteristika Fig 2. Feto ida tutur hela tais no hare iha serimónia hatama antra iha aldeia Sagadati. Mulher transportando o tais e arroz num cesto, numa cerimónia de antra na aldeia de Sagadati. Woman carrying tais and newly harvested padi in a basket in the antra traditional ceremony in Sagadati village. Photo by Rosália M Soares. Laga, 2016.

Aliás, o uso de fios industriais foi-se vulgarizando nos últimos anos, não só porque é cada vez mais fácil adquiri-los nos mercados locais, como facilita o trabalho. Esta realidade levanta o problema de se poder perder, num futuro próximo, uma parte do valor do património cultural imaterial que os tais representam. De resto, ao longo dos anos, as diferentes comunidades e grupos etnolinguísticos foram perdendo aos poucos as suas características próprias como os motivos, os padrões antigos e as histórias dos seus tais, não sendo os habitantes de Baucau exceção.

In fact, the use of industrial thread has become common in recent years, not only because it is increasingly easy to acquire in local markets, but it also simplifies the work. This reality raises the issue of the intangible cultural heritage that tais represents is endangered and could be lost in the near future. Moreover, over the years, the different communities and ethnic groups have been losing their specific characteristics, the motifs and patterns of their tais, with the inhabitants of Baucau not being an exception. 1. Tais kiikoan ida ne’ebé dalabarak uza iha serimónia resepsaun ka simu ema ruma. Um tais de pequena dimensão, parecido com um cachecol, utilizado maioritariamente em cerimónias de receção e de boas-vindas. A small tais, like a scarf, mostly used for reception and welcome ceremonies.

11


rasik iha sira-nia dezeñu no padraun sira, no situasaun ida ne’e mós akontese ho komunidade Baucau nian. Munisípiu ida ne’e kompostu husi Postu Administrativu nen: Vemasse, Venilale Quelicai, Baguia, Laga no Baucau Vila, integradu iha grupu etnolingistiku lima ne’ebé lahanesan: Makasae, Uaimu’a, Midike/Kairui, Galolen no Naueti, ne’ebé balun ninia tradisaun soru tais sei metin liu fali sira seluk. Tais sira ne’ebé ekipa Timor Aid hetan iha Munisípiu Baucau atu hanesan mós ho tais sira ne’ebé mai husi Munisípiu sira ne’ebé besik: Lautem no Viqueque. Maibe tamba dialetu la hanesan entre fatin sira ne’e no entre Baucau tasi no Baucau foho, maka sira uza liafuan ne’ebé lahanesan hodi refere tais no ninia komponente sira. Hanesan ezemplu ida, iha Baucau tasi, tais feto ida ho futus ai-funan boot iha ain bolu naran sika, no iha Baucau foho, bolu naran kalaur. Iha Baucau tasi, bolu futus ho naran isu/esu, maibe iha Baucau foho, bolu ho naran safa esu ka oto. Atu bolu riska mean sira iha tais, soru-nain sira husi tasi bolu leka, maibe sira ne’ebé husi foho bolu naran baka. Partikularidade sira ne’e ita sei refere iha kapitulu sira ne’ebé koalia kona-ba subdistritu ida-idak. Levantamentu dadus ka prosesu halibur dadus ba produsaun publikasaun ida ne’e halao liuhusi vizita barak ne’ebé ekipa ida husi Timor Aid, akompaña husi funsionáriu Sekretaria Estadu Arte no Kultura halo, no mós peskiza ne’ebé halao iha Baguia lidera husi Sra Joana Barrkman. Nu’udar hatudu iha mapa, servisu ne’ebé halao iha kampu ne’e seidauk halao iha Munisípiu Baucau laran tomak, servisu ida ne’e sai deit nu’udar matadalan kiikoan ida ba servisu barak ne’ebé sei presiza atu halo tan peskiza no dokumentasaun iha futuru.

Este Município é composto por seis Postos Administrativos: Vemasse, Venilale, Quelicai, Baguia, Laga e Baucau Vila, integrando cinco diferentes grupos etnolinguísticos: Makasae, Uaimu’a, Midike/Kairui, Galolen e Naueti, sendo que alguns têm uma tradição mais sólida de produção de tais do que outros. Os têxteis que a equipa da Timor Aid encontrou no Município de Baucau assemelham-se aos das zonas vizinhas: Lautém e Viqueque. Mas devido às diferenças linguísticas, sobretudo entre o litoral de Baucau e as regiões do interior montanhoso, existem termos distintos para designar os diferentes tais e respectivos componentes. A título de exemplo, um modelo de tais feto com motivos florais na barra é denominado sika no litoral de Baucau e kalaur nas zonas montanhosas. Para designar o futus, no litoral de Baucau usa-se o termo isu/esu (M), sendo que nas montanhas se usa o termo safa esu ou oto. Para designar as riscas vermelhas no tais as tecedeiras do litoral usam o termo leka, enquanto que em algumas zonas remotas, utiliza-se o termo baka. Estas particularidades estão referidas nos capítulos que dizem respeito a cada subdistrito. O levantamento de dados para a produção desta publicação contou com várias visitas ao terreno de uma equipa da Timor Aid, acompanhada de funcionários da Secretaria de Estado de Arte e Cultura e, ainda, com a pesquisa liderada por Joana Barrkman, na região de Baguia. Conforme indicado no mapa, o trabalho de campo não decorreu em todo o Município, sendo este trabalho apenas uma pequena amostra do muito que ainda está por pesquisar e documentar.

This municipality is composed of six Administrative Posts: Vemasse, Venilale, Quelicai, Baguia, Laga and Baucau Vila, integrating five different ethno-linguistic groups: Makasae, Uaimu’a, Medike/Kairui, Galolen and Naueti, with some having a stronger tradition of tais production than others. The textiles that Timor Aid’s team found in Baucau Municipality are similar in style to those from neighbouring areas: Lautém and Viqueque. However, due to language differences, especially between Baucau’s coast and the mountainous interior regions, there are separate terms to designate the various tais and their components. For example, a model of tais feto with floral motifs on the wider bar is called sika in Baucau’s coastal area and kalaur in the mountainous areas. To designate the futus, on the coast of Baucau they use the term isu or esu, but in the mountainous areas they use safa or oto. To designate the red stripes in the tais the weavers from the coast use the term leka, while in some remote areas they use the term baka. These particularities are referred to in the chapters that relate to each sub-district. The data collection for this publication was done through several visits of Timor Aid’s team to the field, accompanied by officials from the State Secretariat for Arts and Culture, and with the research in the Subdistrict of Baguia led by Joanna Barrkman. As indicated in the map, the field work was not done throughout the whole municipality, this work being only a small sample of what is still to be researched and documented.

Fig 3. Mapa hatudu fatin sira ne’ebé ekipa halao peskiza. Mapa indicando os locais vistados pela equipa de pesquisa. Map indicating the sites visited by the reseaerch team. Design by David Palazón, 2017.

12


Banda Sea

Sulawesi

BAUCAU DISTRICT

West Papua

INDONESIA Atauro Island

Flores

Dili

Oecusse

Arafura Sea TIMOR-LESTE

West Timor

Timor Sea

AUSTRALIA

Tirilolo Bahu

LAGA

Buruma Vemasse

BAUCAU

Saelari

Sagadate Guruça

Bado-Ho’o

VEMASSE

Alawa-Kraik

QUELICAI Ossouala

BAGUIA Alawa-Leten

VENILALE Uato-Haco

Afaloicai

13


14


TAIS BAUCAU NIAN

OS TAIS DE BAUCAU

THE BAUCAU TAIS

Mean sai nu’udar kor predominante ba tais ne’ebé identifika iha Munisípiu Baucau, no tais sira ne’e hatudu patrimóniu kultural husi komunidade ida ne’e, ne’ebé sira uza liu ba serimónia relijiozu no etnokultural.

O vermelho é a cor predominante dos tais identificados no Município de Baucau e estes têxteis, que representam o património cultural desta comunidade específica, são usados, principalmente, para fins religiosos e etnoculturais.

The red is the predominant colour of the tais identified in Baucau’s Municipality and these textiles, which represent the cultural heritage of this particular community, are used primarily for religious and ethnocultural purposes.

Os tais que apresentam barras largas nas extremidades, ou seja os modelos tradiconais, são usados em rituais. Quando se trata de uma cerimónia festiva, usam-se os tais com barras vermelha, quando é um funeral com barras preta. Já os tais mais recentes, que ostentam padrões florais e uma certa variedade de cor, são usados nas cerimónias festivas não rituais. O homem usa o tais enrolado e preso à cintura com um cinto ou, mais tradicionalmente, por uma longa tira de pano conhecida por heti knotak.2 O traje fica completo com um outro pendurado no ombro direito.

According to tradition, although not widely practiced today, tais with wide red or black borders woven according to traditional style are used mostly in ritual ceremonies in the following ways. For festive ceremonies the tais has a red border, but when it is a funerary event the border is black. However, the most recent style, those bearing floral patterns and a variety of colours, are used in festive events. The man wears tais wrapped and tied at the waist with a belt or, more traditionally, with a long strip of white cloth called heti knotak.2 The costume is completed by another smaller hanging over his right shoulder.

Tais sira ne’ebé ninia ninin iha belar boot mean ka metan, ka soru tuir modelu tradisional, babain uza ba hafolin iha ritual kultural ho funsaun hanesan tuir ma. Bainhira festa ruma ka lia moris uza tais ho ninin mean ka kor moris, bainhira ema mate ka lia mate uza tais ne’ebé nia ninin kor metan ka kor nakukun. Tais sira ohin loron nian ho modelu ai-funan bara-barak no kor oioin uza liu ba festa kultural no apresentasaun. Banhira hatais, mane kabala tais no hakás ho futu kabun eh bele mós halo tuir beiala sira, kesi ho heti knotak.2 No bainhira hatais hotu ona, kahe tan tais kahe ida iha kabás loos. Feto sira hatais tais ho maneira rua: tuir tradisaun, feto sira susumetin deit, no tara tan tais kahe: (selendang) ka tais feto ida iha sira kabás. Maneira seluk ne’ebé hetan influênsia husi rai liur, mak: tais kabala deit no uza ho kabaya 3 hodi taka nia isin lolon no dalaruma tara mós selendang ida iha kabás.

Prosesu Soru Tais Tais ema soru iha atis atis, babain soru-nain ida hetan tutan ekipamentu ida ne’e husi ninia avo feto ka inan atu nune’e tradisaun ne’e labele mate. Ekipamentu ida ne’ebé simples teb-tebes no halo deit iha rai laran, maibe nia ajuda soru-nain sira atu elabora servisu ida ne’ebé susar maibe furak.

Fig 4. Soru-nain ida soru hela iha suco Fatulia, Venilale. Uma tecedeira tecendo no suco de Fatulia, Venilale. Weaver at work in the village of Fatulia, Venilale. Photo by David Palazón, 2010.

A mulher traja o tais de duas formas: No modo tradicional, a mulher veste-o como se fosse um vestido, fixando-o na zona do peito com uma pequena dobra e colocando um segundo dobrado longitudinalmente no ombro direito. A outra forma, por influência do exterior, consiste em dobrar o tais numa medida suficiente para assim formar uma saia alta que é fixa à cintura usando-se, para cobrir o peito e os ombros, uma kabaya 3 e, às vezes, sobrepondo um selendang ao ombro.

2. Babain hena ne’e kor mutin no ninia tutun saren hakloran no ninia naruk bele too metru 4 ka 6. Em geral é um pano branco com pontas frisadas e que pode medir entre quatro a seis metros. In general is a long white cloth with fringe’s’ at the end. The cloth can measure between four and six meters depending on the person wearing it. 3. Introdus husi komersiante Malaiu sira, bluza ida ne’ebé ita hatais no prega ho alfeneti. Foi introduzida pelos comerciantes Malaios e consiste numa blusa cintada que se aperta com uma pregadeira, ou alfinete. It was introduced by Malay traders and consists of a tight fitting blouse that is tied with a brooch or pin.

Fig 5. Joven foin sae sira ho traje tradisional Baucau nian ne’ebé partisipa iha eventu Kuda halai taru iha Batugade. Um par de jovens com traje tradicional de Baucau na abertura do evento cultural de corridas de cavalo em Batugade. Young couple in traditional Baucau costume at the opening of horse racing event in Batugade. Photo by Vitorino Pereira. Bobonaro, 2014.

15


16


Fig 7. Soru-nain foti nanún hodi hatama sasokar no noru. Uma tecedeira levanta a vareta de liços para introduzir a lançadeira e a espada. A weaver lifting the heddle stick to insert the shuttle and the sword. Photo by Wily Daos Kadati. Venilale, 2014.

The woman wears the tais in two ways: in the traditional way, the woman wears it as if it was a dress, wrapping it around the chest with a small fold and putting a second folded lengthwise over her right shoulder. The other way, foreign influenced, consists in wrapping the tais sufficiently to form a long skirt that is held at the waist. The chest and shoulders are covered using a Kabaya 3 and, sometimes a selendang overlaps at the shoulder.

Weaving Process

Bainhira atu soru tais, soru-nain kesi atis ne’e ba ai riin kiik rua no tuur iha rai no kesi liur ba nia knotak atu nunee nia bele haka’as no hamamar kabas iha atis ne’e ho nia isin bainhira nia hakru’uk ba oin ka sadere ba kotuk. Nia ain tuba ba ai-knotak ida iha atis okos atu nune’e bainhira nia hakru’uk ka sadere hanesan dansa ida, sei permite nia kontrola kabas iha atis ne’e. Bainhira nia hakru’uk ba oin kabas sira sei sai longra no soru-nain foti nanun hodi hatama sasokar ba kabas leet. Hafoin nia sadere ba kotuk, kabas sira haka’as an iha atis (liña vertikal), permite ba soru-nain baku ho noru ka seru kai, atu nune’e bele aumenta tan kabas lahan ida ba tais. Movimentu sira ne’e kontinua nafatin to’o tais ne’e hotu ka to’o tais ne’e tomak (fig 4). Fig 6. Atis, ekipamentu simples ne’ebé fó beran ba soru-nain sira hodi hamoris no haburas obra artisitika ne’ebé ita hanaran tais. Atis, equimento simples que permite as tecedeiras criarem e desenvolverem obras artísticas a que chamamos tais. Atis, simple equipment that allows weavers to create and develop artistic works that we call tais. Photo by Rosália M Soares. Baucau, 2014.

Processo de Tecelagem O tais é produzido num atis, um tear de cintura, normalmmente oferecido por um familiar para que a tradição seja continuada. Trata-se de um equipamento muito simples feito localmente, mas que permite à tecedeira elaborar trabalhos de grande complexidade e beleza. Para tecer, prende-se o atis a dois pequenos postes de madeira e senta-se no chão. Depois, coloca o suporte da cintura, o liur (fig 3), nas costas e prende-o ao atis, transformando-se assim numa parte do mecanismo. Com os pés colocados contra um bloco de madeira ela vai executando o movimento para a frente e para trás e é esta espécie de dança que lhe permite controlar a tensão da urdidura. Esta, por sua vez, tem a largura correspondente à amplitude dos seus braços.

The tais is produced in an atis, a backstrap loom, usually provided by a family member as a way to maintain the tradition. It is very simple equipment locally produced, but which allows the weaver to develop work of great complexity and beauty. To weave, the atis is held to two small wooden poles and the weaver sits on the floor. Then, the weaver puts the back support, the liur (fig 3), and secures it to the atis, becoming a part of the mechanism herself. With feet placed against a block of wood she will make the movement back and forward, in a kind of dance that allows after her control the tension of the warp. This, in turn, has a width corresponding to her arm extension. When she reclines over the warp the thread becomes looser and the weaver raises the heddle stick, nanun to enable the passing of the shuttle, sasokar, with the weft thread. Then, with the body leaning backwards, tensioning the warp, she hits with the sword, nuro, thus securing another weft to her tais. These movements are repeated until the fabric is finished (fig 4). 17


Téknika Iha Munisípiu Baucau ami identifika teknika oin tolu ne’ebé uza iha prosesu soru tais: 1. Teknika futus, iha Makasae isu/esu 4, konsiste husi bobar ka kesi kabas ne’ebé prepara tiha ona ho tali rafia ka hirik atu forma dezeñu futus. Hafoin, hakoor futus. Bainhira prontu ona, futus sei tau ba atis hamutuk ho kabas sira seluk tuir modelu tais ne’ebé hakarak. Uluk liu, soru-nain sira uza kor natural ne’ebé halo husi ai-kulit, ai-tahan no ai-abut husi ai-horis oioin iha besik fatin sira hela ba. Hanesan ezemplu, taum tahan hodi hakoor kabas kor azul ka metan, nenuk no kaiseba hodi hakor mean ka kor kafe. Ohin loron, tradisaun ida ne’e soru-nain sira ladún halo ona iha Munisípiu Baucau, tamba soru-nain sira ne’ebé hela iha vila hakarak liu uza wantex, produtu hakor kabas sintétiku ne’ebé mak sorunain sira hahú koñese iha tempu uluk. Prosesu hanesan aplika mós ba kabas sira seluk ne’ebé uza hodi soru (fig 5). 2. Leu (bobar), koñesidu iha zona ho naran su’u, teknika ida ne’e dala barak ema konfundi ho bordadu tamba soru-nain sira uza kabas rohan kor oioin hodi forma padraun ne’ebé enfeita tais nia ninin (fig 6 ). 3. Liana, (twining), teknika ida ne’e soru-nain sira aplika iha tais mane no selendang (Ua)6 nia ninin ho objetivu atu, alem de enfeita tais, nia mós atu garante tais metin nafatin no ninia ninin labele naksobu.

Tipu, Naran no Uzu Hanesan mós ho fatin sira seluk iha territóriu laran, tais sira ne’ebé husi Munisípiu Baucau iha formatu tolu: tais mane, koñesidu ho naran kola (M) no nuru ulu (Ua); tais feto, ka rabi no nuru lolo (Ua); no kahe koñesidu mós 18

Quando se reclina sobre a urdidura os fios ficam mais soltos e a tecedeira levanta a vareta de liços para fazer passar a lançadeira, sasokar, com o fio da trama. Depois, com o corpo reclinado para trás, tensionando a urdidura, bate com a espada, nuro, prendendo assim mais uma trama ao seu tais. Estes movimentos são repetidos até o tecido estar terminado (fig 4).

Técnica No Município de Baucau foram identificadas três diferentes técnicas utilizadas na tecelagem dos tais: 1. A técnica futus, em Makasae isu ou esu 4, consiste em atar pequenos fios de ráfia 5 à volta dos fios da urdidura, para se formarem padrões. Depois, tingese. Uma vez pronto é montado no atis, completando a urdidura. Antigamente eram usados corantes orgânicos feitos a partir da mistura de diferentes plantas provenientes da região. Como por exemplo, o taum (índigo) para tingir o fio de azul ou preto, o nenuk (morinda) e o kaiseba para tingir cores castanhas ou avermelhados. Atualmente, esta tradição é pouco usada no Município de Baucau, uma vez que as tecedeiras nas áreas urbanas preferem usar o wantex, um produto de tinturaria industrial introduzido durante a administração indonésia. A mesma prática é aplicada aos fios usados para tecer (fig 5). 2. Leu (Bobar), conhecido na zona como su’u, uma técnica que muitas vezes se confunde com o bordado, porque as tecedeiras usam fios coloridos para formar os padrões na urdidura enquanto tecem.

Technique In the Municipality of Baucau three different techniques used in the weaving of tais were identified: 1. The futus technique, in Makasae isu or esu 4, consists in tying small threads of raffia or hirik5 around the warp threads, to form the patterns before dyeing. Once ready, the threads are mounted in the atis, completing the warp. Traditionally organic dyes made from a mixture of different plants from the region were used. As for example, the taum (indigo) is used for dyeing the thread blue or black, the nenuk (morinda) and the kaiseba to dye the colours brown or reddish. Currently, this tradition is little used in the Municipality of Baucau, as the weavers in urban areas prefer to use wantex, a product for industrial dyeing introduced during the Indonesian administration. The same practice is applied to the other threads used for weaving (fig 5). 2. Leu (Bobar), known in the area as su’u, a technique often confused with embroidery because weavers use colored threads to form patterns in the warp while weaving. 3. The Liana is a technique used in the ends of the tais mane and tais selendang as finishing. In addition to embellishing, this technique allows you to hold the thread so they do not unrevel. This more recent technique aims to ensure that the textile does not shred. 4. Illa hotu ne’ebé hamutuk iha arkipelagu Indonezia hanaran ikat (I). No conjunto das ilhas do arquipélago da Indonésia é conhecido por ikat. Em Baucau existem várias maneiras de referir o futus: isu ou esu em Makasae, safa em Neutei, e oto em Midiki e Uaimua. Known as ikat in all the islands of the archipelago of Indonesia. In Baucau there are four term to designate a futus: isu or esu in Makasae language, safa in Naueti and oto in Uaimua and Midiki. 5. Hirik mak tali kiikoan ne’ebé halo husi tali tahan nurak. Pequenos fios feitos com as folhas de corypha utan tradicionalmente usados para atar o futus. Small strings made of coryphe utan leaves traditionally used in the tie dye process 6. Selendang.


Fig 8. Futus ai-funan tutun walu (8) iha tais mane ida. Futus flor de oito (8) pontas, num tais mane. Flower futus in a tais mane. Victor de Sousa, Venilale, 2016.

Fig 9. Soru-nain haka’as hela rafia ne’ebé bobar ba kabas atu halo padraun. A tecedeira atando o fio com a rafia para formar um padrão. A weaver knotting the thread with raffia to form a pattern. Photo by Wily Daos Kadati. Osoala, Vemasse, 2014.

Fig 10. Soru-nain Martinha Freitas kesi futus atu soru tais iha aldeia Haine Uai. A tecedeira Martinha Freitas preparandoo futus para um tais. The weaver Martinha Freitas preparing futus for a tais. Photo by Wily Daos Kadati. Osoala, Vemasse, 2014.

19


ho naran kola mata (M) no basteme (Ua). Tais sira ne’e uza iha serimónia tradisional, komemorasaun espesial ka iha selebrasaun importante ruma, maski iha loron baibain tais mane mós funsiona nu’udar manta hodi taka isin iha kalan, tais feto uza hodi kele labarik kiik no kahe ka selendang uza hodi taka ulun. Tradisionalmente tais mane mak hena retangular kompostu husi tais tahan rua ne’ebé suku hamutuk lonjitudinalmente no nia ninin rua iha barra kor mean ka metan, no tuir kedas ho futus inan ida. Iha klaran iha risku kor oioin ho luan ne’ebé lahanesan no saren iha rohan.

3. O Liana é uma técnica usada nas extremidades do tais mane e selendang como remate. Além de enfeitar, esta técnica permite segurar os fios para que não desfiem.

Tipos, Designações e Usos Como em todo o território, os tais no Município de Baucau apresentam–se em três formatos: o tais mane (fig 11), conhecido como kola (M) e nuru ulu (Ua), para uso masculino; o tais feto (fig 12), ou rabi (M) e nuru lolo (Ua), para uso feminino; e o kahe (fig 13) também conhecido como kola mata (M) e basteme (Ua), que se usa sobre o ombro.

Tais feto mak hena tubular ida ne’ebé kompostu husi tais tahan rua ne’ebé suku hamutuk orizontalmente, no nia rohan rua suku hamutuk hanesan lipa ida. Iha tais ulun no ain, iha futus inan no barra boot mean ka metan no iha klaran risku oioin ne’ebé

Fig 11. Tais mane nuru ulu wiwime (Ua), husi uma lisan Nunu Wala Wake. Tecido masculino nuru ulu wiwime (Ua), da casa tradicional Nunu Wala Wake. Men’s cloth nuru ulu wiwime (Ua) from the traditional house Nunu Wala Wake. Photo by Wily Daos Kadati. Caisidu, Baucau Vila, 2014.

20

Types, Designations and Uses As in all the territory, the Baucau municipality tais have three formats: tais mane (fig 11), known as kola (M) and nuru ulu (Ua), for male usage; the feto (fig 12), or rabi and nuru lolo (Ua), for female usage; and the kahe (fig 13), also known as kola mata (M) and basteme (Ua), which is used on the shoulder. These tais are used in traditional ceremonies, special celebrations or in important receptions, although, on the day-to-day, the tais mane may also function as a coat for the night, the tais feto to carry newborn babies or young children, and kahe to cover the head. The tais mane is traditionally a rectangle textile composed of two panels sewn longitudinally, having on both sides a red

Fig 12. Tais feto nuro lolo wiwime (Ua), rabi wali imi (M). Tecido feminino nuro lolo wiwime (Ua), rabi wali imi (M). Womas’ cloth nuro lolo wiwime (Ua), rabi wali imi (M). Photo by Willy Daos Kadati. Aldeia Aubaka, Triloka, Baucau, 2014.

Fig 13. Tais basteme (Ua)/kola mata (M) husi Baucau. Kolesaun privada. Tais basteme (Ua)/kola mata (M) de Baucau. Coleção privada. Tais basteme (Ua)/kola mata (M) from Baucau. Private collection. Photo by Gibrael Garocho. Baucau, 2015.


Fig 14. Ninin husi tais rabi wali imi/nuru lolo wiwime tuir modelu tradisional. Extremidades do tais rabi wali imi/nuru lolo wiwime segundo o modelo tradicional. The far end of a tais rabi wali imi/nuru lolo wiwime according to the traditional style. Photo by Gibrael Garocho, 2015.

hanesan ho sira ne’ebé iha tais mane. Tais kahe maka tais tahan/baluk mesak ida deit, ho saren iha rohan, no nia modelu halo tuir tais mane ida. Tais sira ne’e hotu hamutuk fahe ba kategoria prinsipal rua no uza iha situasaun ne’ebé lahanesan: tais tradisional, maka sira hanesan imileka, kialai, wali imi no wali meta tuir kultura. Tais sira ne’e konsideradu nuudar tais folin boot liu tamba sei banati tuir nafatin modelu tradisional, no bele reprezenta folin iha serimónia ritual kultural. Tais sika, kalaur, wali ena no wali molu, maka tais sira ne’ebé hatudu ona influênsia husi rai liur, tamba ne’e tais sira ne’e uza liu ba halo roupa no hatais iha festa festa kultural. Tais importante tebes iha serimónia sira hanesan: uma lisan, barlake, lia mate no kore-metan, sau batar, nsst. Serimónia sira ne’e hotu lidera husi lia-na’in ka ema ruma ne’ebé familia ka komunidade mak hili hodi lidera serimónia ne’e. Molok halo serimónia saida deit, familia ka komunidade ida tenki prepara tais feto no tais mane oioin, tuir ezijénsia serimónia nian.

Fig 15. Ninin husi tais rabi wali imi/nuru lolo wiwime tuir modelu tradisional. Extremidades do tais rabi sika/kalaur segundo o modelo contemporâneo que mostra influência estrangeira. The far end of a tais rabi sika/kalaur according to the contemporary style which shows the foreign influence. Photo by Gibrael Garocho, 2015.

Estes tais são usados em cerimónias tradicionais, comemorações especiais ou em importantes receções, embora, no dia a dia, o tais mane também funcione como agasalho para a noite, o tais feto para transportar recém-nascidos, ou crianças de tenra idade, e o kahe para cobrir a cabeça. O tais mane é tradicionalmente um pano retangular composto por dois painéis costurados longitudinalmente, tendo em ambas as margens uma barra vermelha ou preta, seguida depois de uma barra de futus. Na parte central apresenta um conjunto de riscas de diversas espessuras. O tais feto é um têxtil tubular composto por dois painéis costurados horizontalmente, com o mesmo tipo de riscas características do masculino, como por exemplo o kola imileka daho e rabi wali imi.7 O kahe é constituído por um único painel idêntico ao do tais mane. Todos estes tipos de tais agrupam-se em dois principais géneros e são usados em diferentes situações: os tais tradicionais

Fig 16. Ninin husi tais kola imileka/nuru ulu wiwime dekoradu ho su’u iha liana nia sorin rua. Modelu ne’ebé hahú lakon ona. Motivos de decoração na extremidade de um kola imileka/nuru ulu wiwime conhecido por su’u em ambos os lados do liana. Este é um modelo que está em risco de desaparecer. Decoration drawings on the ends of a kola imileka/nuru ulu wiwime termed by su’u on both sides of the liana. The model that is at risk of loss. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

or black bar, followed with a futus bar. The central part presents a set of lines of different thicknestes. The tais feto is a tubular textile composed of two panels sewn horizontally, with the same type of stripe characteristics as the male ones, for example the kola imileka daho and rabi wali imi.7 The kahe is constituted by a single panel identical to that of the tais mane. All these types of tais are grouped into two main types and are used in different situations: the traditional tais such as imileka (fig 10), kialai, wali imi and wali meta are considered the most valuable one in terms of cultural heritage, as they are the most faithful to the traditional models and are therefore used in rituals. The wali furu or kalaur wali ena and wali molu (fig 11), which already show foreign influent motifs, are used in other festive occasions.

7. Imi significa vermelho em Makasae. Imi means red in Makasae.

21


22


Liu tan, bainhira tais mane ida ne’ebé iha riska ho naran leka barak maka tais ne’e nia valor ekonomiku sei boot, no bainhira iha leka sira ne’e nia rohan iha tan enfeite kiikoan naran su’u (fig 12) maka nia folin sei sae tan. Maske nunee, iha tais ohin loron nian, liliu iha tais kola karakteristika ida ne’e ladún iha ona.

como o imileka (fig 10), kialai, wali imi e wali meta são considerados mais valioso em termos culturais, por serem fiéis aos modelos tradiconais, e por isso são usados em rituais. Os tais sica ou kalaur, wali ena e wali molu (fig 11) que já mostram motivos de influência estrangeira, são utilizados nas outrás ocasiões festivas.

Futus no ninia Konservasaun

O uso do tais é central nas cerimónias relacionados com a uma lisan (casa sagrada familiar), no barlake (processo tradicional de negociação de casamento), nos lia mate e kore-metan (cerimónias fúnebres), no sau batar (cerimónias relacionadas com a colheita do milho), no han hare foun (cerimónias relacionadas com a colheita do arroz), etc. Todas estas cerimónias são dirigidas por um lia-na’in (dono e senhor da palavra), ou por um ancião selecionado pela família, ou pela comunidade para orientar estas cerimónias. Antes de qualquer cerimónia, a família ou a comunidade tem de preparar vários tais de uso masculino e feminino, conforme as exigências da cerimónia.

Iha Munisípiu Baucau Timor Aid dokumenta tais barak ne’ebé nia dezeñu no padraun iha influênsia europa nian mak hanesan: dezeñu ai-funan, relijiozu no eráldica. Sira mós hetan dezeñu ne’ebé tradisional liu ho reprezentasaun zoomorfika nian ne’ebé hatudu relasaun ho natureza, hanesan dezeñu ai-dila funan, ne’ebé reflete ninia prezensa ne’ebé makaas iha fatin ne’e. No entantu, dezeñu no inspirasaun husi europa ne’ebé kongregasaun relijiozu sira lori mai iha tempu Portugés, kontinua makaas iha komunidade sira ne’ebé rai hela dezeñu sira ne’e. Aplikasaun husi dezeñu foun sira ne’e halo padraun antigu sira hahú mukit liu tan, no ohin loron iha ezemplu oituan deit husi tais tuan sira ne’e, ne’ebé sei konserva nafatin dezeñu tuan sira hafoin liu tiha tempu difisil istoria Timor-Leste nian. Nanis kedas, dezeñu sira ne’ebé soru-nain ida hatene no uza, nia hanorin ba ninia familia no ema sira ne’ebé besik ba nia, no tuir biban sira kopia, adapta no tau hamutuk ba sira nia kolesaun banati nian. Soru-nain koñesidu sira babain halibur dezeñu sira iha banati ida ne’ebé konserva dezeñu, padraun no estilu tais nian ne’ebé Fig 17. Tais iha serimónia tradisional kee mate ruin “umu gini sabu gini” iha Baucau Vila. Tais mane representa mate ruin mane, tais feto representa mae ruin feto no lipa ba labarik nurak. Tais na cerimónia fúnebre tradicional kee mate ruin-umu gini sabu gini em Baucau vila. O tais mane representa o defunto homem, o tais feto representa a defunta e a lipa a criança.. Tais in traditional ceremony kee mate ruin-umu gini sabu gini in Baucau town. The tais mane represents man’s bones, the tais feto represents woman’s bones and lipa represents child’s bones. Photograph by Willy Daos Kadati, 2014.

De resto, quanto mais riscas vermelhas, as denominadas leka um tais de uso masculino incluir, maior é o seu valor económico-social, especialmente reforçado se incluir na extremidade de cada leka, pequenos motivos de trama suplementar, denominados por su’u (fig 12). Nos tais contemporâneos, em particular nos kola, esta característica já não é muito executada.

Motivos e Conservação dos mesmos No Município de Baucau, a Timor Aid documentou tais em que predominam motivos e padrões de influência europeia, como os florais, os religiosos e os de heráldica, entre outros. Também se encontraram motivos mais antigos com

The use of tais is central in the ceremonies connected with the uma lisan (sacred family house), the barlake (traditional process of marriage negotiation), the lia mate and kore-metan (burial ceremonies), the sau batar (ceremonies connected with the corn harvest), the han hare foun (ceremonies connected with the harvest of rice), etc. All of these ceremonies are led by a lia-na’in (owner and lord of the word) or by an elder selected by the family or the community to guide these ceremonies. Before any ceremony, the family or the community must prepare several tais for men and women, according to the demands of the ceremony. The more red stripes, the so-called leka, a male tais includes, the greater is its socialeconomic value, especially reinforced if it includes at the end of each leka small motifs of weft called su’u (fig 12). In contemporary tais, particularly in the kola, this feature is now seldom used.

Motifs and their Preservation In the municipality of Baucau, Timor Aid documented tais predominantly with motifs and patterns of European influence, such as floral, religious and heraldry, among others. Older motifs with zoomorphic representations and related to nature are also found, with emphasis on the papaya flower, reflecting its strong presence in the region. However, European inspired motifs now prevail. These were brought by religious congregations during Portuguese time and were assimilated by different communities over time. The use of these new motifs led to the lester use of traditional ones, and today there are few examples of these older textiles that have survived to the turbulent times in Timorese history.

23


24


representações zoomórficas e relativas à natureza, com destaque para a flor de papaieira, refletindo a sua forte presença na região. Prevalecem, no entanto, os motivos de inspiração europeia trazidos pelas congregações religiosas, no tempo português, e que as diversas comunidades foram assimilando. O uso destes novos motivos levou a que os padrões usados anteriormente fossem sendo cada vez menos utilizados e hoje em dia já sobram poucos exemplares destes têxteis mais antigos que resistiram aos tempos conturbados da história timorense. Desde sempre, os motivos conhecidos e utilizados por uma determinada tecedeira eram partilhados com as suas famílias e pessoas chegadas, que por sua vez os copiavam, adaptavam e juntavam à sua coleção de amostrás. Fig 19. Banati tradisional ne’ebé halo ho kesak oan. Amostra tradicional feita de palitos de bambu. Traditional sample made from bamboo sticks. Photograph by Willy Daos Kadati, 2014.

fundamental, laos deit hanesan katálogu hodi banati tuir modelu ne’e iha futuru, maibe mós atu hatutan koñesimentu ba ninia beioan sira.

Habitualmente a mestre tecedeira coleciona amostrás num arquivo, onde conserva os motivos, padrões e estilos de um têxtil, o que é fundamental, não só enquanto catálogo de modelos para futuras produções, mas também para transmitir conhecimento às futuras gerações.

Estudu iha Munisípiu ne’e hetan banati oin tolu: bibite (fig 14), amostra ne’ebé halo ho ai-kadiru tahan, no uza ba padraun sira iha tais nia ninin. Ba liana (fig 15), uza amostra ne’ebé halo ho kesak; no ikus liu ba ninia estilu sira uza banati tais rohan ne’ebé tesi husi tais (fig 16) ne’ebé sira nia beiala soru tiha ona.

No Município em estudo foram encontrados três tipos de amostrás (banati): O bibite (fig 14), uma espécie de esteira feita de folha de palmeira ai-kadiru. Para os padrões nas barras horizontais, o liana (fig 15), feito com pequenos palitos de bambu e, finalmente, para o estilo usaram-se pedaços de tais (fig 16) anteriormente produzidos.

Fig 20. Banati tradisional ne’ebé halo ho tais rohan. Amostra tradicional feita de pontas de tais tecido anteriormente. Traditional sample made from previously woven tais pieces. Photograph by Willy Daos Kadati, 2014.

Since ancient times motifs known and used by a particular weaver were shared with her family and close friends, who in turn would copy, adapt and gather them to a collection of samples. Usually the master weaver collects samples in an archive, where she preserves the motifs, patterns and styles of a textile which are fundamental, not only as a catalogue of models for future production, but also to transmit knowledge to future generations. In the municipality being studied three types of samples (banati) were found: the bibite (fig 14), a kind of mat made of ai-kadiru palm leaf; for the patterns in the horizontal bars, the lliana (fig15), done in small sticks of bamboo; and, finally, regarding style, pieces of tais (fig 16) previously produced were used.

Fig 18. Bibite, amostra tradisional antigu ho dezenho europeu hetan iha komunidade Aubaka. Bibite, amostra tradicional antiga conservando um desenho europeu encontrada na comunidade Aubaka. Bibite, an old traditional sample preserving an European design found in the Aubaka community. Photograph by Willy Daos Kadati. Troloka, 2014.

25


26


REJIAUN OIOIN: BAUCAU

DIFERENTES REGIÕES: BAUCAU

DIFFERENT REGIONS: BAUCAU

Iha tempu portuges Baucau Vila ofisialmente koñesidu ho naran Vila Salazar. Nu’udar kapital Munisípiu nian, fatin ne’ebá mak sai nu’udar sentru ba atividade administrativa no komersiu hodi dada populasaun sira husi fatin ne’ebé besik ba buka moris iha ne’ebá. Tan ne’e normal bainhira ita hetan tais ne’ebé mai husi Quelicai, Laga no fatin sira seluk iha merkadu ne’ebá.

Baucau Vila era, no tempo português, oficialmente conhecido por Vila Salazar. Sendo capital do Município, ali centralizavamse as atividades administrativas e comerciais que atraíam as populações das áreas vizinhas, que vieram para a capital tentar a sua sorte. Por isso é normal encontrar nos mercados de Baucau tais provenientes de Quelicai, Laga e outrás localidades.

Baucau Vila was, during Portuguese time, officially known as Vila Salazar. Being the capital of the municipality, it had centralized administrative activities and trade that attracted people from neighbouring areas, who would come to the capital to try their luck. That is why it is normal to find in Baucau markets tais from Quelicai, Laga and other locations.

Sai nu’udar elementu importante iha tradisaun kultura timoroan nian, no ho realidade katak soru-nain iha sidade ladun barak/menus, faan tais iha merkadu halo alterasaun ba tradisaun produsaun tais sira ho karateristika espesifika husi komunidade ida. Se husi parte ida, realidade ida ne’e hafasil liu inan feton sira ne’ebé la soru, nune’e sira bele hetan tais ba sira nia familia maibe iha parte seluk sira lakon valor kultural.

Por ser um elemento importante na tradição cultural timorense, e pelo facto de existirem menos tecedeiras nas áreas urbanas, as vendas de tais nos mercados veio alterar a tradição da produção de tais com as características específicas de uma determinada comunidade. Se por um lado essa realidade facilita a vida às donas de casa que não tecem, podendo desta forma adquirirem tais para as suas famílias, por outro lado, estes perdem valor cultural.

Being an important element in the cultural tradition of Timor-Leste, and because there are fewer weavers in urban areas, the sales of tais in the markets changed the tradition of producing tais with the specific characteristics of a particular community. On the one hand this fact makes life easier for housewives who do not weave, as they can now acquire tais for their families, on the other hand tais lose their cultural value.

Atu hetan tais ne’ebé iha estilu tradisional iha Munisípiu Baucau, tantu iha komunidade Makasae no mós Uaimua, diak liu ba vizita lia-nain ka soru-nain sira nia uma. Lia-nain no mós soru-nain sira liuliu soru-nain boot sira babain, rai tais ne’ebé soru ho kabas natural no hoban ho kor natural. Ne’e nu’udar prestijiu ba sira, tamba tais sira ne’e, liuliu sira ne’ebé soru ho kabas tii no ho kor natural, sai hanesan ezemplu tais ne’ebé susar atu hetan ona iha komunidade. Alein de ida ne’e sira mós iha tais ne’ebé soru ho kabas industrial ho kualidade ne’ebé diak ba sira-nia familia. Iha moos soru-nain balun ne’ebé halibur hamutuk iha grupu ne’ebé soru tais hodi faan. Tais ne’ebé sira soru barak liu mak uza kabas industrial, tamba kabas sira ne’e Fig 21. Dekorasaun Kakuluk uma tradisionál iha Baucau Vila. Decoração no teto da casa tradicional em Baucau Vila. Roof decoration of the traditional house in Baucau Vila. Photo by Rosália Soares, 2010.

Para encontrar bons tais no estilo tradicional, no Município de Baucau, tanto da comunidade Makasae como da Uaimua, é aconselhável uma visita às casas dos lia-nains, ou às casas das tecedeiras. Tanto uns como outros, principalmente as antigas tecedeiras, costumam guardar uma coleção de tais feitos de fio fiado manualmente e tingido com cor natural. É um prestigio para elas, pois estes tais, principalmente os de fio fiado manualmente,já são exemplares raros na comunidade. Além destes também têm tais feitos de fios industriais e de boa qualidade para o seu uso familiar. Há também tecedeiras que se juntam em grupos para tecerem tais que posteriormente serão vendidos. A maioria dos tais que tecem são feitos de fio industrial, facilmente adquiridos nas lojas perto de casa, e os

To find good tais in the traditional style, in the municipality of Baucau, from either of the Makasae or Uaimua communities, it is advisable to visit the lia-nains’ homes, or the homes of the weavers. Both, especially the old weavers, usually keep a collection of tais made with handspun cotton and dyed with natural colour. It is a prestige for them, because such tais, especially those of hand spun cotton, are already rare examples in the community. In addition to these, they also have tais made of industrial thread and of good quality for their family use. There are also weavers who gather in groups to produce tais that will later be sold. The majority of the tais they weave are made with industrial thread, easily purchased in small shops close to their houses, and their models are often to the tastes of the customers. They may also include lurex 27


28


fasil atu hetan iha loja sira ne’ebé besik sira nia uma, no dalabarak nia modelu hanesan ho kliente sira nia hakarak. Sira mós bele uza lurex atu halo tais sai luxu liu. Naturalmente, soru-nain sira prefere liu uza kabas industrial tamba fasil atu hetan no aselera prosesu soru tais, tamba sira la presiza lakon tempu hodi tii kabas no hakoor tuir prosesu tradisional.

seus modelos correspondem muitas vezes ao gosto dos clientes. Podem também incluir fio lurex, para lhes dar uma aparência luxuosa. Naturalmente, as tecedeiras preferem usar o fio industrial por ser mais fácil de encontrar e pela rapidez do processo de tecelagem, já que se perde menos tempo com a fiação manual e a tinturaria tradicional.

Maioria tais ne’ebé identifika iha Baucau Vila iha futus ho modelu tradisional, hanesan kola imeleka no mós rabi wali imi no tais semimodernu. No iha prosesu levantamentu dadus sira hetan tais bone oituan liu.

A maioria dos tais identificados em Baucau Vila incluem futus de estilo tradicional, como os kola imileka e os rabi wali imi, e semi-modernos. Em relação aos tais bone encontraram-se muito poucos ao longo do processo de levantamento de dados.

Futus ne’ebé komun liu mak: ai funan, gi fu no kaidila fu. Iha tais balun hatudu futus tradisional, maibe soru-nain sira hateten katak, futus sira ne’e nia naran nunka fó sai ba gerasaun foun sira no tais sira. No tais sira ne’e mak iha valor boot liu iha ritual tradisional. Iha tais modernu sira, ita haree mudansa balun iha tais ninin, iha liana no su’u no mós iha tipu no tamañu futus sira. Maske nia modelu sei nafatin hanesan ho tais sira uluk, iha tais modernu tamañu liana sira ladún boot hanesan iha tais antigu no la enfeita ho su’u iha tais ninin klaran no rohan. Tais sira ne’e maioria mai ho futus modernu no ho kor oioin. Exemplu balun husi tais sira ne’e hatudu iha katálogu ida ne’e.

Fig 22. Vizita iha feto soru tais uma nian iha Caisidu, Baucau. Visita à casa de uma tecedeira em Caisidu. Weaver at work in the village of Fatulia. Photo by Rosália Soares, 2014.

Os futus mais comuns são: kaidila gi fu e futus ai funan (florais). Em alguns tais são visíveis futus tradicionais cujos nomes, segundo as tecedeiras, nunca foram transmitidos às gerações mais novas. E são estes tais que possuem maior valor cultural nos rituais tradicionais. Nos tais mais modernos notam-se algumas alterações na barra do remate, liana/su’u (M). Embora os motivos se mantenham iguais, nos tais antigos estas barras eram mais largas e com motivos bone, feitos com a técnica buna. Mas, apesar de algumas tradições estarem a mudar, ainda existem algumas tecedeiras que continuam a arquivar os banati das suas mães e avós.

Fig 23. tempo uluk soru-nain uza kabas natural ba soru tais. Algodão local antigamente usado pela tecedeiras para produzir fios para tecer o tais. Cotton was used by weavers in the past to make the threads used to weave the tais.

thread, to give them a luxurious appearance. Of course, the weavers prefer to use the industrial thread because it’s easier to find and allows for a greater weaving speed, as they spend less time with the spinning and traditional dyeing. The majority of tais identified in Baucau Vila include traditional style futus, such as the kola imileka, rabi wali imi, and semi-modern. Regarding sotis tais we found very few throughout the process of data collection. The most common futus are: kaidila gi fu and futus ai funan (floral). In some tais we can see traditional futus whose names, according to the weavers, were never transmitted to the younger generation. These are the tais that have greater cultural value in traditional rituals. In the more modern tais there are some changes in the border, liana/su’u (M). Although the motifs remain the same, in older tais these borders were wider and with bone motifs, made with the buna technique. But, in spite of changing traditions, there are still some weavers who continue to archive the banati from their mothers and grandmothers.

29


BAUCAU KATÁLOGU TAIS NIAN ||||| CATÁLOGO DE TÊXTEIS ||||| TEXTILES CATALOGUE |||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 24. Tais kola imi leka daho/nuru ulu wiwime maka tais mane prinsipal iha serimónia kultural tradisional husi komunidade sira iha Baucau. Tais ida ne’e ninia folin bele to’o karau ida. Kolesaun privado Sra Áurea Belo. Tais kola imi leka daho/ nuru ulu wiwime é o tais principal nas cerimónias tradicionais culturais da comunidade em Baucau. O valor deste tais pode atinguir o custo de um búfalo. Coleção privado de Sra Áurea Belo. ais Kola imi leka daho/nuru ulu is the main tais for traditional ceremonies of the communities in Baucau. The value of this tais can be equivalent with the cost of a buffalo. Private collection of Mrs Áurea Belo. Photo by Gibrael Garocho, 2014.

Fig 25. Tais kola mata sica bone ida ne’e hanesan ezemplu husi tais “modernu ne’ebé ohin loron ema mane no mós feto uza hodi kahe iha kabas. Kolesaun privadu Sra Áurea Belo. Este kola mata sica bone é um exemplar do tais selendang que hoje em dia é muito produzido e usado sobre os ombros tanto pelos homens como mulheres. Coleção privado de Sra Áurea Belo. This kola mata sica bone is one example of the current model of selendang produced nowadays and can be used by both man and women over their shoulders. Private collection of Mrs. Áurea Belo. Photo by Gibrael Garocho, 2014.

30


||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 26. Tais rabi sika ida ne’e soru ho kabas tíi no hakor ho kor natural no sintétiku. Maski tais ida ne’e nia futus hatudu influênsia husi rai liur, maibe tais hanesan ne’e ohin loron susar atu hetan ona iha Timor-Leste. Kolesaun privadu lia-nain Sr Francisco ne’ebé nia halo iha tempu portugés. Tais rabi sika, tecido com fio fiado manualmente e cores naturais e sintéticas. Embora o motivo do tais demonstre influência estrangeira, este tais faz parte daqueles que raramente se podem encontrar hoje em dia em Timor-Leste. Coleção privada do lia-nain Sr Francisco, recolhido no tempo portugues. Tais rabi sika, woven with hand-spun cotton and dyed with natural and synthetic colours. Although its motives show foreign influence, this tais belongs to the group of endangered tais difficult to find nowadays in Timor-leste. Private collection of lian-nain Sr Francisco collected during Portuguese time. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

Fig 27. Tais rabi wali imi maka tais ho modelu tradisional ne’ebé relevante iha serimimónia kultural no lia moris sira. Kolesaun privadu lia-nain Sr Francisco ne’ebé nia halo iha tempu portugés. Tais rabi wali imi é um dos tais femininos que segue o modelo tradicional e cuja presença é relevante nas cerimónias culturais tradicionais e festivas. Coleção privada do liannain Sr Francisco, recolhido no tempo português. Tais rabi wali imi is one the women cloth which follows the traditional style and its presence is very important in traditional ceremonies. Private collection of lia-nain Sr Francisco collected during the Portuguese time. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

Fig 28. Tais rabi wali meta maka tais feto ho modelu tradisional ne’ebé uza bainhira ba lia mate. Iha tempu babain ema ferik sira maka uza bainhira ba atende serimónia kultural sira. Kolesaun privadu lia-nain Sra Áurea Belo. Tais rabi wali meta é o tais feminino de modelo tradicional cujo uso é apropriado para as cerimónias fúnebres. Este tais também é usado pelas senhoras mais idosas quando participam nas cerimónias culturais. Coleção privada do Sra Áurea Belo. Tais rabi wali meta is a female textile with traditional style commonly used in funerary occasions. It is also worn by older ladies participating in cultural ceremonies. Private collection of Mrs Áurea Belo. Photo by Gibrael Garocho, 2014.

31


Fig 29. Aldeia tradisional ho rate kristaun, iha Laga. Aldeia tradicional e cemitério cristão, em Laga. Traditional village and a Christian cemetery in Laga. Photo by Rosália Soares, 2014.

LAGA

LAGA

LAGA

Laga maka subdistritu Baucau nian ne’ebé halo baliza ho Laivai no Luru husi Munisípiu Lautem. Pozisaun geográfika ida ne’e mós hatudu iha lian dialetu fatin sira ne’e nian, Makasae no Saane ne’ebé hasara malu. Komunidade Makasae iha Laga sei kaer nafatin sira nia tradisaun kultural sira hanesan feto san ho umane, lia mate no lia moris, nsst. Bainhira halao serimónia kultural sira ne’e, tais mós tama nu’udar sasan ne’ebé sira presiza atu prepara molok hahú serimónia. Tuir soru-nain sira ne’ebé ekipa hasoru iha Saleari hato’o, bainhira sira atu fó kaben sira nian oan, família husi feto sei prepara tais 12 to’o 14 atu fó ba família mane nian no simu hikas husi sira, karau surik no osan.

Laga é um dos subdistritos de Baucau, que faz fronteira com Laivai e Luro do Município de Lautém. Por causa da sua posição geográfica os dialetos locais, Makasae e Saane, assemelham-se. A comunidade Makasae de Laga continua a manter as suas tradições culturais de feto-san e umane, lia mate, lia moris e etc. Na preparação destas cerimónias tradicionais o tais é um elemento insubstituível. Segundo as informações das tecedeiras da aldeia de Saelari, quando há um casamento a família da noiva tem de oferecer 12 a 14 tais à família do noivo e em troca recebe um búfalo, espadas e dinheiro.

Laga is one of the sub-districts of Baucau, which borders Laivai and Luro of the Municipality of Lautém. Because of their geographical position the local dialects, Makasae and Saane, resemble each other. The Makasae community of Laga continues to maintain its cultural traditions of feto-san and umane, lia mate, lia moris and etc. In the preparation of these traditional ceremonies the tais is an irreplaceable element. According to information from the weavers of the village of Saelari, when there is a wedding the family of the bride has to offer 12 to 14 such to the family of the groom and in return receives a buffalo, swords and money.

Tais ne’ebé ekipa identifika iha Laga barak maka halo deit ona ho kabas industrial ne’ebé ho kor oioin. Iha Laga, soru-nain sira ladún uza ona kabas tíi no métodu hakoor kabas tradisional. Koñesimentu kona-ba 32

Em Laga, já é raro as tecedeiras usarem o método tradicional de tingir fio. No entanto, ainda não se perdeu este conhecimento e a tradição de tecelagem neste subdistrito mantém-se forte. Consciente da necessidade de preservar o património cultural dos tais, e no sentido

In Laga, it is already rare for the weavers to use the traditional method of dyeing thread. However, this knowledge is still not lost and weaving tradition in this subdistrict remains strong.


prosesu ida ne’e hela deit ona iha soru-nain balun nia poder. Kondisaun ne’ebé indika katak matenek ne’e iha perigu atu lakon iha tinan balun mai. Konsiente ho nesesidade atu prezerva eransa kultural ida ne’e, komunidade sira iha Saelari hahú inisiativa atu haburas tais, liuhusi promove pratika balun hodi hafórsa ninia importansia. Hanesan ezemplu, iha Saelari, lider lokal sira kria kostume ida ba mane klosan sira ne’ebé hakarak ba festa dansa ida, tenki uza kola mata (selendang) nu’udar sinal katak nia halo parte ba ema sira ne’ebé bele partisipa iha festa ne’e. Terminologia ne’ebé sira uza ba tais hanesan ho Baucau vila nian: kola, rabi no kola mata ka selendang; eseptu ba futus ne’ebé, iha Baucau vila bolu isu ka esu no iha Laga bolu safa esu. Tipu tais sira ne’ebé hetan iha Laga mak kola kialai ba mane sira no rabi wali furu no rabi wali imi ba feto sira. Kola no rabi sira ne’ebé hetan durante peskiza ne’e halo ho kabas industrial no balun uza mós lurex. Iha mós karakteristika unika ida iha futus sira iha tais balun ne’ebé halo ho kabas kor rua. Ladún hatene se modelu futus ida ne’e hahú iha temu portugés ka indonesia nian. Futus ne’ebé komun liu iha fatin ne’e mak ho modelu funan-funan futus ate fu hanesan kaidila fu (ai-dila funan), no baria fu (baria funan). Dezeñu seluk ne’ebé komun mós mak hanesan manu aman. Amóstra futus ate fu no manu aman barak mak fóti husi amóstra desfiadu no pontu kruz nian. Tuir soru-nain sira, iha eventu relijiozu no governamental, komunidade sira gosta uza tais ne’ebé ho kor moris no iha serimónia tradisional bele uza mós tais ne’ebé halo uza kabas industrial naran katak tais sira ne’e rabi wali imi no kola kialai.

de vulgarizar o seu uso, a comunidade tem promovido algumas práticas para reforçar a sua importância. Por exemplo, na Vila de Saelari, os líderes locais criaram o costume, entre os jovens que queiram dançar numa festa, de usar um kola mata (selendang). A terminologia usada para definir os tais é idêntica à de Baucau Vila: kola, rabi e kola mata ou salendang. O futus é uma exceção, em Baucau Vila diz-se isu ou esu e em Laga safa esu. Os tipos de tais identificados em Laga foram o kola kialai para homem e o rabi wali furu e rabi imir para mulher. Todos os kola e rabi encontrados ao longo da pesquisa eram feitos com fio industrial e alguns incluíam também fio lurex. Nos tais de Laga identificamos uma caraterística única na técnica de futus. Aqui são usados dois fios de diferentes cores para produzir o futus. Não se sabe se esta técnica foi introduzida no tempo português ou no indonésio. Os futus mais comuns nesta região são os futus ate fu de motivos florais como a kaidila fu (flor de papaeira), ou a baria fu (um fruto de sabor amargo semelhante ao pepino). Outro motivo comum é o galo. De acordo com as tecedeiras, nos eventos religiosos e governamentais, a comunidade gosta de usar tais de cores fortes. Muitos dos futus ate fu e de galo são adaptados a partir de desenhos de desfiado e ponto cruz. Nas cerimónias tradicionais os tecidos com fio industrial são permitidos, desde que sejam rabi imir e o kola kialai.

Conscious of the need to preserve the tais cultural heritage, and aiming to increase its use, the community promoted some practices to reinforce its importance. For example, in the village of Saelari, local leaders created the habit among young people who want to dance at a party to use a kola mata (selendang). The terminology used to define the tais is identical to that of Baucau Vila: kola, rabi and kola mata or selendang. The futus is an exception, in Baucau Vila is said to be isu or esu and in Laga safa esu. The types of identified tais in Laga were the kola kialai for man and the rabi wali furu and rabi imir for woman. All kola and rabi found throughout the research were made with industrial thread and some also included lurex thread. In the tais of Laga we have identified a unique characteristic in the technique of futus. Two threads of different colors are used here to produce the futus. It is not known if this technique was introduced in Portuguese time or in Indonesian. The most common futus in this region are with floral motifs such as the kaidila fu (papaya flower), or the baria fu (bitter gourd). Another common motif is the rooster. According to the weavers, in religious and government events the community likes to use tais with strong colours. Many of the rooster futus ate fu are adapted from embroidery and cross stitch designs. In traditional ceremonies the fabrics with industrial thread are permitted, as long as they are rabi imir or kola kialai.

33


LAGA KATÁLOGU TAIS NIAN ||||| CATÁLOGO DE TÊXTEIS ||||| TEXTILES CATALOGUE |||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 30. Tais rabi wali meta ida ne’e ninia futus halo ho kabas kor oin rua. Tais feto ho modelu ida ne’e hetan iha Salai, Suku Saelari. Babain tais ne’e uza bainhira ba lia mate. Este tais rabi wali meta tem o futus feito com fios de duas cores diferentes. Esta variedade de tecido feminino foi identificada na aldeia Salai, Suco Saelari. Normalmente é usado nas cerimónias fúnebres. This rabi wali meta tais has its futus made of two different colours of yarn. This type of women’s cloth was found in Salai village at suku Saelari. Normally, it is used in funeral occasions. Photo by Rosália Soares, 2014.

34

Fig 31. Tais rabi wali imi ida ne’e ninia barra mean belar ne’ebé iha tais ulun no ain, enfeita ho dezeñu halo ho teknika sotis. Tais ho modelu tradisional ida ne’e hahú menus ona iha Baucau. Este tais rabi wali imi possui nas duas barras das extremidades enfeites feitos com a técnica de sotis. Este tipo de tais de modelo tradicional já não é muito comum encontrar-se em Baucau. This rabi wali imi has both border ornamented with a motive made of sotis. This type of tais with traditional style is not very common to find in Baucau. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 32. Tais rabi wali lumuru ida ne’e maka versaun foun husi rabi wali imi. Soru-nain ne’e troka kabas mean ho fali kabas azul maibe ninia estilu no padraun sira manten nafatin. Este tais rabi wali lumuru é uma versão nova copiada do tais rabi wali imi. A tecedeira apenas mudou a cor encarnada para azul mas o estilo e padrão mantêm-se. This tais rabi wali lumuru is a new version copied from the tais rabi wali imi. The weaver just changed the red colour with the blue but the style and motives remain the same. Photo by Rosália Soares, 2014.


|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 33. Tais rabi sika ida ne’e nakonu ho futus aifunan ate fu kiik no boot. Tais ida ne’e soru nain iha Sagadate soru ba foinsae sira atu hatais ba dansa. Uza kabas no kor sintetiku hotu. Este tais rabi sika está preenchido com futus florais ­ate fu em vários tamanhos. A tecedeira em Sagadate preparou propositadamente este tais para as jovens usarem numa apresentação de danças tradicionais. This tais rabi sika is fully decorated with flowers futus ate fu in various sizes. The weaver in Sagadate intentionally prepared this textile for the young women to wear in a traditional dance performance. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 34. Tais rabi sika ida ne’e iha futus inan manu aman no iha klaran nakonu ho futus oan aifunan ate fu. Tais ida ne’e soru-nain iha Sagadate soru ba foinsae sira atu hatais ba dansa. Uza kabas no kor sintetiku hotu. Este tais rabi sika tem como futus principal o galo, e no centro é preenchido com futus florais ate fu. A tecedeira em Sagadate preparou este tais para as jovens usarem numa apresentação de danças tradicionais. This tais rabi sika has rooster motifs as the main futus at the two ends and in the central filled with flowers futus ate fu. The weaver in Sagadate has prepared this tais for the young women to wear in a traditional dance performance. Photo by Rosália Soares, 2014.

35


Fig 35. Vista husi Quelicai Vila. Vista de Quelicai Vila. A view of Quelicai Vila. Photo by Wily Daos Kadati, 2014.

36

QUELICAI

QUELICAI

QUELICAI

Iha Postu Administrativu Quelicai, liuliu iha aldeia Laku Lela, suku Guruça, ekipa hasoru situasaun ida ne’ebé furak tebes: kazal ida ne’ebé soru tais. Feto soru tais feto, rabi, no nia kaben soru tais mane, kola no sira nain rua mós soru tais oioin seluk tan. Situasaun ida ne’e ladún komun iha Timor laran tomak maibe laos la iha. Iha fatin balun lisan bandu.

No Posto Administrativo de Quelicai, concretamente na aldeia Laku Lela, no Suco Guruça, a equipa encontrou algo excecional e muito interessante: um casal, marido e mulher, a tecer. A mulher trabalha essencialmente os tais de uso feminino, o rabi, e o marido os de uso masculino, o kola, mas ambos produzem vários tipos de tais.

In the Quelicai Administrative Post, specifically in the village of Laku Lela, in the Suco of Guruça, the team found something exceptional and very interesting: a husband and wife weavers. The wife works estentially on the female tais, the rabi, and the husband on the male version, the kola, but both produce several types of tais.

Iha sira nia uma, ekipa hetan tais oioin ne’ebé sira rasik soru hanesan: kola kialia, kola imileka no kola wali imi (tais mane); rabi wali imi ho wali molu (tais feto) no wali molu. Tais sira ne’e atu uza ba lia, ba serimónia relijiozu no balun ba faan.

Em sua casa encontrámos: kialai e kola imir (tais de uso masculino); e rabi imir e wali furu (tais de uso feminino). Todos os motivos usados estão reproduzidos em folhas de papel quadriculado para servirem como amostra.

In their home we found: kialai and kola imir (tais for men); and rabi imir and wali furu (tais for women). All the used motifs are reproduced in graph paper sheets to serve as sample.


Maioria tais sira ne’e uza dezeñu modernu ne’ebé hatudu influénsia husi rai liur no dezeñu sira ne’e sira pinta ba surat tahan kuadrikuladu hanesan iha Pontu Kruz hodi rai nu’udar amóstra. Hanesan iha Laga, komunidade iha Quelicai uza lian Makasae hodi bolu tais sira. Iha ne’eba iha soru-nain balun halibur–an hamutuk hodi soru tais ba sira uza, ema hameno no ba faan. Kabas ne’e sira uza maioria industrial hotu no barak mak soru tuir modelu ohin loron nianho kor oioin. Tuir valorizasan tradisional liña leka sira mak fó valor boot ba tais ida, maka soru-nain sira ladún fó importansia ba futus iha kola imileka no ba rabi wali imi. Tamañu futus iha tais sira ne’e dala barak kiik hodi haktuir modelu uluk nian deit; maibe iha tais rabi sika/kalaur, kola kialai no wali molu ne’ebé barak liu uza ba serimónia festa, hatudu futus ne’ebé boot hodi dada ema nia matan. Nu’udar tradisaun ona iha Munisípiu Baucau, iha serimónia tradisional sira, numeru leka nian no ninia naruk mak determina valor tais nian, liuliu iha kola. Bainhira leka nia numeru boot, signika katak kola ne’e nia fólin aas. Tamba ne’e maka soru-nain kazal ne’e dada kabas iha atis halo naruk no luan hodi bele soru tais ho leka barak no naruk. Razaun seluk soru-nain kazal ne’e mós dada kabas naruk iha atis maka, atu permite sira soru tais baluk rua dala ida. Signifika katak distánsia ne’ebé soru-nain ne’e tuur ho airiin ne’ebé nia kesi atis ba, luba, dook mais ou menus metru 3 ka liu. Métodu ida ne’e lalais liu maibe ariskadu, tamba bainhira soru sala tais baluk rua sala hotu. Pratika ida ne’ebé komun liu iha Baguia maibe kazal rua ne’e uza iha Guruça.

A maioria dos tais apresentam motivos modernos de influência estrangeira e que são desenhados no papel quadriculado tal como a amostra do Ponto Cruz.

Most of the fabrics have modern motifs of foreign influence and are drawn on checkered paper such as the cross stitch sample.

Tal como em Laga, a comunidade de Quelicai usa o mesmo dialeto, o Makasae, para designar os tais. Nesta comunidade, as tecedeiras reunem-se para tecerem juntas tais para uso próprio, encomendas e vendas. A maioria dos fios que usam são industriais e os modelos são maioritariamente contemporâneos.

As in Laga, the Quelicai community uses the same dialect, the Makasae, to designate the tais. In this is community, weavers come together to weave together tais for their own use, orders and sales. Most of the threads they use are industrial and the models are mostly contemporary.

Em resultado da tradicional valorização das linhas leka, as tecedeiras não dão tanta importância ao futus quer no kola imileka quer no rabi wali imi. Já no rabi sika e kola kialai o futus é mais valorizado. Numa cerimónia tradicional no Município de Baucau é o número de lekas e maior comprimento que determinam o valor do tais , especialmente no kola. Quanto maior for o numero de lekas maior é o valor do kola. Por isso houve a necessidade de se montarem urdiduras mais longas para tecer tais maiores. Outra razão para usar urdidura longa é que permite tecerem ambos os painéis ao mesmo tempo. Significa que para o fazer, tendo em conta a distância de três metros entre o luba e o artesão, este casal precisou de muito mais espaço para os seus trabalhos. Explicaram que para produzir o tais rabi fazem-no seguindo este método, por ser um processo bem mais rápido e que só precisa de uma única urdidura, em vez das duas habituais. Esta prática é mais comum em Baguia mas é utilizada por este casal em Guruça.

As a result of the traditional value given to the leka lines, the weavers do not give much importance to the futus either on the kola imileka or in the rabi wali imi. For this reason often the size of the futus are small because they follow the old model. However, the rabi sika/kalaur, kola kialai and wali molu tais that are used at parties present larger futures to be more showy. For traditional ceremonies the number of lekas and greater length is what determines the value of the tais, especially in the kola. The higher the number of lekas the value of the kola is greater. That is why there was the need to create longer warps for bigger tais. Another reason of creating longer wraps was to enable them to weave both panels at the same time. This means that, in order to do this, taking into account the distance of three meters between the luba and the artisan, this couple needed more space for their work. They explained that they produced tais rabi following this method because it is a much faster process and they only need a single warp, instead of the usual two. This practice is more common in Baguia but is used by this couple in Guruça.

37


QUELICAI KATÁLOGU TAIS NIAN ||||| CATÁLOGO DE TÊXTEIS ||||| TEXTILES CATALOGUE |||||||||||||||||||||||||||||

Fig 36. Tais kola imiri mós halo parte ba grupo tais imileka ne’ebé iha funsaun iha serimónia kultural sira. Tais ida ne’e nia folin mós sukat tuir ninia risku mean sira ne’e. Este tais kola imiri faz parte do grupo do tais kola imileka que possue funções específicas nas cerimónias culturais tradicionais. O seu valor é calculado baseando nas listrás vermelhas que contem. This kola imiri tais is part of the group of tais kola imileka that has specific functions in traditional cultural ceremonies. Its value is calculated based on the red stripes that it contains. Photo by Gibrael Garocho, 2014.

Fig 37. Tais kola kialai ida ne’e ninia naruk besik metro tolu. Tuir soru-nain hatutan, sira halo tais naruk atu bainhira lori ba halo lia, nia folin bele too hanesan ho karau nian. Este tais kola kialai possui um comprimento de quase 3 metros. Segundo a tecedeira o comprimento do tais vai ajudar a aumentar os valores para equivaler ao custo de um búfalo. This kialai tais measure almost 3 metres. According to the weaver, the size of the tais will increase the value of the tais to be equal to a buffalo. Photo by Gibrael Garocho, 2014.

38


||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 38. Tais kola wali molu soru iha tinan 1998 atu lori ba enfeita altar igreija lokal iha serimónia ida. Tais ida ne’e kompostu husi tahan ida deit ho futus aifunan no hakerek soru ho kor sintektiku no kabas industrial. Este kola wali molu foi tecido no ano 1998 para enfeitar o altar da igreja local numa cerimónia. É composto por um painel singular e de motivos florais e letrás feitas em cor sintética e fios industriais. This kola wali molu was woven in 1998 to adorn the altar of the local church during a ceremony. It is composed of a single panel with floral and written futus using industrial threads and synthetic dyes. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 39. Tais rabi wali metana ida ne’e soru husi grupo soru-nain sira husi Quelicai atu faan. Tais ida ne’e hatudu kombinasaun husi modelu antigu no modernu, ne’ebé iha barra belar rua iha ulun no ain, ida metan no ida funan. Este rabi wali metana foi tecido pelo grupo de tecedeiras em Quelicai para ser vendido. O estilo do tais mostra uma combinação do antigo e do moderno, pois as duas extremidades possuem duas barras, uma preta e outra floral. This rabi wali metana was woven by a group of weavers in Quelicai for sale. The tais shows a combination of the old and modern styles, both ends has two big stripes, one black and the other floral. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 40. Tais rabi wali imi ida ne’e soru husi grupo soru-nain sira husi Quelicai atu faan. Tais ida ne’e hatudu kombinasaun husi modelu antigu no modernu, ne’ebé iha barra belar rua iha ulun no ain, ida mean no ida funan. Este rabi wali imi foi tecido pelo grupo de tecedeiras em Quelicai para ser vendido. O estilo do tais mostra uma combinação do antigo e do moderno, pois as duas extremidades possuem duas barras, uma vermelha e outra floral. This rabi wali imi was woven by a group of weavers in Quelicai to for sale. The tais shows a combination of the old and modern styles, both ends has two big stripes, one red and the other floral. Photo by Rosália Soares, 2014.

39


Fig 47. Ruinas husi Forte Baguia. Ruinas do Forte de Baguia. Ruins of the old Baguia fort. Photo by David Palazón, Baguia, 2013.

BAGUIA

BAGUIA

BAGUIA

Baguia mak subdistritu Baucau nian ida ne’ebé hela iha fóho Matebian nia okos. Subdistritu ida ne’e iha suku 10 no barak liu mak koalia Makasae (suku 8) no grupu kiik (suku 2) koalia Naueti.

Baguia é o subdistrito de Baucau que fica situada no sopé do Mundo Perdido/foho Matebian. Neste subdistrito há 10 sucos e a maioria das populações falam o Makasae (8 sucos) e um grupo minoritário (2 sucos) falam o Naueti.

Baguia is the sub-district of Baucau, which is situated at the foot of Mundo Perdido/ foho Matebian. This sub-district has 10 sucos, the majority of the people speak Makasae (8 sucos) and a minority (2 sucos) speak Naueti.

Segundo as tecedeiras (da zona Makasae), antigamente cultivava-se o algodão. Nas montanhas, num sítio conhecido por murafa leten, e usava-se tinturaria orgânica. Hoje em dia, é usado apenas o fio industrial de várias cores, acessíveis nos mercados locais de Baguia e Baucau. As razões apontadas pelas tecedeiras são as que já conhecemos: é mais prático e mais rápido usar o fio industrial.

According to the weavers (the Makasae zone), cotton was formerly cultivated in the mountains, in a place known as murafa leten, and organic dye was used. Nowadays, only industrial thread of various colours is used, available in the local markets of Baguia and Baucau. The reasons given by the weavers are those already known: the industrial thread is more practical and of faster use.

Tuir soru-nain sira (zona Makassae nian), uluk sira kuda kabas iha fóho ida naran Murafa Leten, no sira uza tinta tradisional. Ohin loron sira uza deit kabas industrial ho kor oioin ne’ebé ema faan barak iha merkadu lokal ne’ebé iha Baguia no Baucau. Razaun ne’ebé soru-nain sira fó ita hatene tiha ona, razaun ne’e mak: uza kabas industrial ne’e fasil liu no lalais liu. Soru-nain sira husi grupu Naueti hatete katak sira nia inan hahu ona uza kabas 40


industrial desde tempu Portugés, tan ne’e kultivasaun ba kabas hahu menus. Se sira presiza kabas no tinta natural, sira sei ba hola iha Uatucarbau ka Uatulari iha Munisípiu Viqueque. Iha aldeia Alawa Kraik, ami hasoru soru-nain sira ne’ebé kontinua soru kola ida ne’ebé luan liu fali ida babain, uza kabas industrial no nia luan kuaze metru 1.5 no naruk metru 2. Iha Baguia ema bolu futus ho naran sabara/ safara no dezeñu dominante mak ai-funan no riska mean sira, ne’ebé sira hanaran baka ka leka. Soru-nain sira babain soru bainhira sira la halo buat ida no babain tais sira ne’e sira rai ba serimónia kultural ka faan bainhira sira presiza osan. Soru-nain ida ne’ebé ami intervista, hatete katak iha Baguia laiha ona regra ne’ebé makas kona-ba uzu tais nian iha serimónia ritual ka kultural. Se karik tais la to’o bele aumenta ho kain batik ka lipa. Iha serimónia tradisional, sira tau tais iha luhu, no inan feton sira tutur iha sira-nia ulun numeru tais bele to’o 14 no inklui tais mane no’olo (N), no tais feto, krabi (N), simu mós lipa no kain batik. Tipu tais ne’ebé identifika iha rejiaun ne’e maka hanesan: kialai, kola imir, rabi wali furu no no’olo ana ferik sira mak soru iha mós fóinsae balun ne’ebé hakarak kontinua tradisaun soru tais ne’e. Karik ho razaun ida ne’e maka, komunidade ida ne’e simu lipa ka kain batik iha serimónia tradisional ho kondisaun ne’ebé lahanesan ho fatin seluk iha nasaun da ne’e.

As tecedeiras de origem Naueti revelaram que as suas mães começaram a usar os fios industriais no tempo português, consequentemente o cultivo do algodão foi diminuindo. Quando precisavam de fio tingido iam comprar nas áreas de Uatucarbau ou Uatulari, no distrito de Viqueque.

The weavers of Naueti origin revealed that their mothers began to use the industrial thread during Portuguese times, hence the cultivation of cotton diminished. When in need of manually dyed thread they would go to buy it in the areas of Uatucarbau or Uatulari, in Viqueque District.

Na aldeia de Alawa Kraik, encontrámos tecedeiras que continuam a tecer kolas mais largos do que o habitual, com cerca de 1,5 m de largura e 2 m de comprimento, com uso de fio industrial.

In the village of Alawa Kraik, we found weavers who continue to weave kolas wider than usual, with approximately 1,5m wide and 2m in length, with the use of industrial thread.

O futus é conhecido em Bagia por sabara/ safara e os motivos dominantes são os florais e as riscas vermelhos, aqui denominados por baka ka leka. As tecedeiras tecem os tais em casa nos tempos livres e normalmente são guardados para fins culturais ou para serem vendidos no caso de precisarem de dinheiro.

The futus is known in Bagia by sabara/ safara and the dominant motifs are floral and red stripes, here called baka ka leka. The weavers weave tais at home in their spare time and are usually stored for cultural purposes or to be sold when money is needed.

As tecedeiras entrevistadas, referiram que em Baguia já não existem regras rígidas para o uso de tais em cerimónias ou rituais tradicionais. No caso de falta de tais é comum o uso de uma kaim batik ou uma lipa. Nas cerimónias tradicionais, os têxteis chegam em cestas, os chamados luhu, e transportados por mulheres. A quantidade de tais pode chegar às 14 peças e incluem tais masculinos, no’olo (N), e tais femininos, krabi (N), sendo também aceites algumas lipas e kain batiks. Os tipos de tais identificados nesta região foram o kialai, o kola imir, o rabi wali furu e o no’olo ana tecidos por senhoras mais idosas já que poucos jovens estão dispostos a continuar com a tradição de tecelagem destes têxteis. Talvez por essa razão, e ao contrário da norma por todo o país, a inclusão da lipa em cerimónias tradicionais seja agora aceite.

The weavers who were interviewed, reported that in Baguia there are no rigid rules for the use of tais in ceremonies or traditional rituals. In the case of the lack of tais the use of a kain batik or a lipa is common. In traditional ceremonies, textiles come in baskets, the so-called luhu, transported by women. The amount of tais may reach 14 and include male tais, no’olo (N), and female tais, krabi (N), but some lipas and kain batiks are also accepted. The types of identified tais in this region were the kialai, the kola imir, the rabi wali furu and the no’olo ana woven by older ladies as few young people are willing to continue with the tradition of weaving these textiles. Perhaps for this reason, and unlike the norm throughout the country, the inclusion of lipa in traditional ceremonies is now accepted.

41


BAGUIA KATÁLOGU TAIS NIAN ||||| CATÁLOGO DE TÊXTEIS ||||| TEXTILES CATALOGUE ||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 42. Tais no’o ulteme/sika me ulteme maka kualidade tais sika/kalaur ho kor mean no futus nakonu. Tais ida ne’e soru-nain iha aldeia Bui Bela, Afaloikai soru iha tinan 2014, hatuir tais antigu ida ne’ebé uluk liurai sira hatais. O tais no’o ulteme/ sika me ulteme é uma qualidade do tais sika/kalaur de cor vermelha com motivos florais em toda a sua superfície. Este tais foi tecido por uma tecedeira da aldeia Bui Bela, Afaloicai em 2014, seguindo o modelo de um tais que os “liurais” antigamente usavam. No’o ulteme/sika me ulteme is a type of red sika/kalaur tais decorated fully with floral motives. It was woven by a weaver from Bui Bela subvillage, Afaloikai in 2014, replicating the model of an old tais worn by the liurai’s in the past. Photo by Joanna Barrkman, 2014.

Fig 43. Kola mata ida ne’e soru husi sra Maria Freitas uza kabas industrial no kor sintetiku iha tinan 2006. Iha tais ne’e ninia ninin iha liana ho dezeñu relijiozu sinal katak tais ida ne’e halo atu uza iha aktividade relijiozu sira. Este kola mata foi tecido pela Sra Maria Freitas com fios industriais e cores sintéticas no ano 2006. As pontas deste tais apresentam a barra liana com motivos religiosos que indicam que o tais foi feito para este fim. This kola mata was woven by Mrs Maria Freitas in 2006 using industrial threads and synthetic colours. Both ends of this tais have liana with religious motives which indicate that this tais was woven for this purpose. Photo by Joanna Barrkman, 2014.

42


||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 44. Tais rabi wali ena ida ne’e uluk bolu ho naran bai lale. Tais ida ne’e ninia komposisaun kabas kor no futus hanesan ho tais ida iha área visina Iliomar, Lautem ho naran pai lale. Este tais rabi wali ena é conhecido por outro nome bai lale. A composição da cor dos fios no seus paineis e o futus são semelhantes ao do tais pai lale da area vizinha Iliomar Lautem. This rabi wali ena tais used to be called with the name bai lale. The colour composition of the threads in the panels and the futus are similar to the tais pai lale from neighbouring area Iliomar, Lautem. Photo by Joanna Barkman, 2014.

Fig 45. Rabi wali molu lumuru ho futus aifunan no uvas foti husi amostra desfiadu nian. Rabi wali molu lumuru de motivos florais e uvas adaptadas da amostra de desfiado. Rabi wali molu lumuru with adapted floral pattern from the desfiado sample. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 46. Rabi wali molu imitina ho futus aifunan no uvas foti husi amostra desfiadu nian. Rabi wali molu imitina de motivos florais e uvas adaptadas da amostra de desfiado. Rabi wali molu imitina with adapted floral pattern from the desfiado sample. Photo by Rosália Soares, 2014.

43


VENILALE Venilale mak subdistritu ida ne’ebé riku liu ho dezeñu no estilu tais oioin bainhira kompara ho subdistritu seluk iha Munisípiu Baucau. Iha fatin ne’ebé komunidade Kairui no Midike hela ba iha posibilidade atu hetan tais ho futus boot hanesan ho tais bunak sira nian husi Bobonaro no mós tais basteme ho teknika bobone8 ne’ebé sofistikadu. Soru-nain sira, maski oituan no iha grupu ne’ebé kiik, kuidadu nafatin tradisaun soru ida ne’e ho objetivu ekonómiku no kultural. Komunidade Uaimua no Makasae ne’ebé hela iha Fatulia no Hatu Uaco, sira nia tradisaun soru sei fórte nafatin. Soru-nain sira, mesak ka iha grupu, tau sira nia atis iha sira nia varanda ka sira-nia uma kotuk atu nune’e han meudia hotu tiha sira bele servisu hamutuk. Sira produs tais sira ne’ebé uza iha aktividade ka okaziaun ruma ne’ebé importante, iha familia ka iha serimónia kultural no hodi faan iha merkadu ne’ebé sira asesu ba. Atu fasil liu, uza kabas industrial no mós tinta kimiku, ne’ebé sira bele hetan iha merkadu lokal sira ne’ebé besik. Produtu sira ne’e barak liu maka faan iha merkadu Baucau Vila, no liu husi asesu ruma ka ema ruma, sei faan fila fali iha merkadu importante seluk ne’ebé iha Timor-Leste. Singularidade ida ne’ebé hetan iha sorunain sira hotu mak, sira manten, hanesan arkivu, tais ne’ebé soru ho kabas tíi no ho kor natural ne’ebé sira nia inan no avo sira soru. Tais sira ne’e maioria ho futus antigu, boot no moos ne’ebé sira la produs ona ba fan ona tamba han tempu naruk anaunser bainhira iha pedidu espesífiku. Partikularidade seluk, ne’ebé eziste iha Venilale, mak influênsia husi feto-foun Oecusse iha tais ne’ebé sira produs, normal 44

Fig 47. Antigu kolégiu Ossu koñesidu ho naran “Escola do Reino” iha tempu Portugés. Antigo colégio de Ossu conhecido por “Escola do Reino” construída no tempo português. The old building of Ossu college known as ‘Escola do Reino’, build during the Portuguese time. Photo by Rosália M Soares, 2014.

VENILALE

VENILALE

Venilale é o subdistrito mais rico em termos de variedade de motivos e estilos de tais em comparação com os outros subdistritos no Município de Baucau. Foi possível encontrar nas áreas onde habitam comunidades Mediki e Kairui tais com futus largos parecidos aos dos Bunak de Bobonaro e também bastemes com a sofisticada técnica bobone 8. As tecedeiras, embora poucas e em pequenos grupos, continuam a manter a tradição de tecelagem para fins económicos e culturais. Em Fatulia e Hatu Uaco onde vivem comunidades Uaimua e Makasae, mantém-se viva a tradição de tecelagem incluindo grupos maiores do que os da zona Medike9 e Kairui.

When compared with the other districts in the municipality of Baucau, Venilale is the richest subdistrict in terms of the variety of tais’ motifs and styles. In areas inhabited by the Mediki and Kairui it was possible to find tais with wide futus similar to those of the Bunak from Bobonaro and also bastemes with the more sophisticated bobone 8 technique. The weavers, although few and in small groups, continue to maintain the tradition of weaving for economic and cultural purposes. In Fatulia and Hatu Uaco, where Uaimua and Makasae communities live, the tradition of weaving is kept alive including groups larger than those of the Medike9 and Kairui areas.

As tecedeiras, individualmente ou em grupos, montam os seus teares nas varandas ou atrás de suas casas para trabalharem em conjunto nas tardes depois do almoço. Produzem tais para serem usados em ocasiões familiares importantes, em cerimónias culturais relevantes e para serem vendidos nos mercados a que têm acesso.

The weavers, individually or in groups, install their looms on the balconies or behind their houses to work together in the afternoons after lunch. They produce tais to be used in family occasions, in cultural relevant ceremonies and to be sold in the markets to which they have access.

Por ser mais prático, usam fio industrial assim como tintos químicos, que se encontram

For practical reasons, they use industrial thread as well as chemicals dyes, which are available in the local markets they go. Most


disponíveis nos mercados locais que frequentam. A maior parte desta produção é vendida no mercado de Baucau Vila e, através de intermediários, revendidos noutros mercados importantes de Timor-Leste.

Fig 48. Prosesu lale kabas molok tau ba atis. Um dos processos da preparação do fio lale antes de montar no atis. One of the process of preparing the thread before mounting it in the loom. Photo by Joanna Barkman, 2014.

bainhira ita hetan peki-peki, teknika komun ida iha area Dawan iha Oecusse (fig 53). Feto-foun soru-nain sira kontribui makas los ba sira nia tradisaun nia moris, sira soru ba uzu familiar, kultural no ekonomiku nian. Sira mós soru tais ne’ebé hameno husi família sira ne’ebé la soru tais ona, atu nune’e bele hetan rendimentu ne’ebé ajuda garante moris ida ne’ebé sustentavel. Iha serimónia tradisional, tais mane, nero olo melek (Mi), no tais feto, rabi meleka (Mi), tenki iha numeru espesifiku ba númeru meleka (Mi) ne’ebé espesífiku hodi bele troka ho karau. Ida ne’e obriga soru-nain sira produs nero olo ho meleka minimu 4 to’o 6, no leka nia naruk metru 2 ka 3. Se la tuir karateristika sira ne’e, ema sira ne’ebé halo lia tenki aumenta tan tais ka osan to’o nia fólin tuir negosiasaun.

Fig 49. Soru-nain nain rua hatudu hela tais kola imileka. Daus tecedeiras mostrando um tais mane, kola imileka. Two weavers showing a tais mane kola imileka. Photo by Wily Daos Kadati2014, Venilale.

Uma singularidade notada em todas estas tecedeiras é que mantêm, como arquivo, tais de fiação artesanal e cores orgânicas tecidos pelas avós e mães, com futus de grande dimensão e nitidez. Estes tais são apenas produzidos através de pedidos específicos por serem de defícil execução. Uma outra particularidade, muito presente em Venilale, é a influencia das feto–foun Oecusse nos tais que são produzidos, sendo usual encontrar-se o peki–peki, uma técnica muito comum em Oecusse e nas zonas Dawan (fig 53). As tecedeiras feto foun são muito ativas contribuindo para a sobrevivência da sua tradição, tecendo para uso familiar, cultural e mercantil. Recebem encomendas das famílias que já não tecem, obtendo desta forma um rendimento que lhes ajudará garantir uma vida sustentável. Como exigido em algumas cerimónias tradicionais, o tais masculino, nero olo melek (Mi), e o tais feminino, rabi meleka (Mi), deve incluir um número especifico de linhas vermelhas, meleka (Mi), para ser trocado por búfalos. Isto obriga as tecedeiras a produzirem nero olo com um mínimo de 4 a 6 lekas e 2 a 3 metros de comprimento. Se não forem atingidas estas características, os promotores da cerimónia são obrigados a aumentar o numero de tais ou incluir dinheiro na negociação.

of this production is sold in the market of Baucau Vila and, through intermediaries, resold in other major markets of Timor-Leste. A particularity noticed in all these weavers is that they maintain, as archive, tais of locally manufactured thread and organic colours, woven by grandmothers and mothers, with futus of large size and sharpness, these tais are only woven when there is a specific order. Another peculiarity, very present in Venilale, is the influence of the feto-foun Oecusse in tais that they produce, and it’s common to find the peki-peki, a very common technique in Oecusse and Dawan areas (fig 53). The feto foun weavers are very active, contributing to the survival of their tradition, weaving for family, cultural and mercantile use. They receive orders from families who no longer weave, obtaining in this way an income that will help them to ensure a sustainable life. As required in some traditional ceremonies, male tais, nero olo melek (Mi), and female tais, rabi meleka (Mi), should include a specific number of red lines, meleka (Mi), to be exchanged for buffalos. This obliges the weaver to produce nero olo with a minimum of 4 to 6 lekas and 2 to 3 meters in length. If these characteristics are not met the promoters of the ceremony are required to increase the number of tais or add money to the negotiation. 8. Durante prosesu levantamentu dadus ami la hetan tais sotis/bobone iha fatin seluk iha Baucau. Modelu tais ida ne’e babain ita hetan iha Ossu, Município Viqueque, no ladún uza iha serimónia tradisional tamba konsideradu nu’udar tais ne’ebé hetan influensia husi rai liur. Durante o processo de levantamento de dados não se encontraram o sotis/bobone nas outrás zonas de Baucau. Este tipo de tais são comuns em Ossu, Município de Viqueque, e não costumam ser aceites nas cerimónias rituais por serem considerados de influência estrangeira. During the data collection process it was not possible to find the sotis/bobone in other areas of Baucau. This type of tais are common in Ossu, Municipality of Viqueque, and tend to not be accepted in the ceremonies/rituals because they are considered of foreign influence. 9. Em Medike, para os mane e o feto usam-se os termos em uaimua. In Medike, for the mane and feto the terms in uaimua are used.

45


VENILALE KATÁLOGU TAIS NIAN ||||| CATÁLOGO DE TÊXTEIS ||||| TEXTILES CATALOGUE |||||||||||||||||||||||||||||

Fig 50. Tais nero olo ida ne’e pertense ba sorunain Agripina Amaral Soares husi aldeia Waibobo suco Baduho’o. Nia inan maka soru durante tempu Indonesia. Kualidade tais nero olo kalaur hanesan ne’e ohin loron soru-nain sira la soru. Este tais nero olo pertence a tecedeira Agripina Amaral Soares da aldeia de Waibobo, suco Baduho’o. Foi tecido pela mãe durante o temo da Indonesia. É uma qualidade do tais kalaur que hoje em dia as tecedeiras já não tecem devido ao tamanho e quantidade de futus que contém. This tais nero olo belongs to the weaver Agripina Amaral Soares from the village of Waibobo, in Baduho’o, Venilale. It was woven by her mother during the Indonesian period. It is a quality of tais kalaur that nowadays weavers no longer weave due to the size and quantity of futus it contains. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 51. Tais basteme ida ne’e nakonu ho dezeñu afunan sira ne’ebe halo ho teknika sotis. Teknika ida ne’e ladun komum iha subdistritu Baucau sira seluk. Tais basteme hanesan ne’e ohin loron ema ladun soru ona. Este tais basteme esta coberto de motivos florais construidos através da técnica sotis. Este tipo de técnica não é comum usada em outros subdistritos de Baucau. Este modelo de tais basteme já não se produz muito hoje em dia. This tais basteme is covered with floral motifs made with the sotis technique. This type of technique is not common in other parts or sub-districts of Baucau. This style of tais is no longer produced often these days. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 52. Tais nero olo kai nena ida ne’e pertense ba Sr José Oloi no soru-nain maka Sra Floretina Ximenes Cardoso husi aldeia Waibobo suco Baduho’o. Nia naruk too metru 3 no luan liu metru ida. Iha serimónia barlake ida, tais ida ne’e tau tan ho tais feto ida bele troka ho karau ida. Este tais nero olo kai nena pertence ao Sr José oloi e foi tecido por Sra Florentina Ximenes Cardoso da aldeia de Waibobo, suco Baduho’o. Possui um comprimento de 3 metros e uma largura de 1.40cm. Num barlake, este tais e mais um tais feto já possuem um valor equivalente a um búfalo. This tais nero olo kai nena belongs to Mr José olio and woven by Sra Florentina Ximenes Cardoso from Waibobo subvillage in Baduho’o, Venilale. It has a length of 3 meters and a width of 1.40cm. In a barlake ceremony, this tais plus a tais feto all together will have a value equivalent to a buffalo. Photo by Rosália Soares, 2014.

46


||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 53. Tais rabi kalaur ida ne’e bolu naran rabi sui mata. Iha tais ida ne’e ita bele hetan similaridade balun ho tais sira husi Oecusse. Tais ida ne’e feto foun husi Oecusse ida maka soru. Este rabi kalaur também se chama rabi sui mata. Neste tais pode-se notar algumas similaridades com os tais de Oecusse. Foi tecido por uma feto foun, a nora de Oecusse. This rabi kalaur tais is also called rabi sui mata. In this tais can be seeing some similarities with the ones from Oecusse. It was woven by a feto foun (daugther-in-law) from Oecusse. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 54. Tais rabi kalaur me ida ne’e iha futus inan rua ho motivo cristianismu ne’ebe sorunain adapta husi amostra desfiado nian no soru iha tinan 2013 iha suco Fatulia. Tais ida ne’e soru ho kabas industrial no hakor ho ai-ben no sintektiku. Este tais rab kalaur me é decorado com duas barras de motivos cristianismo de influência europeia adaptados das amostrás de desfiado pela tecedeiras do suco de Fatulia, Venilale no ano 2013. This rabi kalaur me tais is decorated with two bars with Cristianism motives of European influence taken from the desfiadu sample by the weaver of Fatulia, a village in Venilale, in 2013. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

Fig 55. Tais rabi kalaur ite ida ne’e soru iha tinan 1963 husi soru-nain Claudina Belo husi suco Fatuhaku. Tais ida ne’e soru ho kabas tii no hakor ho ai-ben. Este tais rabi kalau ite foi tecido no ano 1963 pela tecedeira Claudina Belo do suco de Fatuhaku, em Venilale. Este tais foi tecido com fio de algodão fiado manualmente e tingido com cores naturais. This rabi kalau ite tais was woven in the year of 1963 by the weaver Claudina Belo from Fatuhaku village in Venilale. This tais was woven with hand spun cotton and dyed with natural colours. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

47


48


VEMASSE

VEMASSE

VEMASSE

Iha sub-distritu Vemasse grupu komunidade ne’ebé hela barak liu maka Galolen no Uaimua. Tuir komunidade sira ne’ebé ekipa intrevista hato’o, komunidade Galolen okupa maioria área husi tasi no komunidade Uaimua okupa área ira iha foho, maibe liu tiha tempu barak no politika urbana, ne’ebé implementa iha tempu administrásaun Indonesia, komunidade Uaimua barak ne’ebé hela iha fóho muda mai hela iha tasi, no komunidade Galolen sai menus. Maibe, tais tradisional, no tais sira nia naran ne’ebé identifika iha komunidade rua ne’e, hatudu katak atu hanesan.

O subdistrito de Vemasse é maioritariamente habitado por comunidades Galolen e Uaimua. Antigamente predominavam os falantes de Galolen nas zonas costeiras e os de Uaimua nas montanhas, mas com o decorrer do tempo e a política de fixação urbana, implementada pelos indonésios, de diversas comunidades Uaimua provenientes de zonas montanhosas, as comunidades Galolen tornaram-se minoritárias. No entanto, os textêis tradicionais e os nomes que os identificam, usados pelas duas comunidades, demonstram grande proximidade entre ambas.

The subdistrict of Vemasse is predominantly inhabited by Galolen and Uaimua communities. According to the information from the community interviewed, formerly, the speakers of Galolen predominated, but with the passage of time and the move to urban areas policy implemented by the Indonesians, from several Uaimua communities from mountainous areas. However, the traditional textiles and the names that identify them, used by both communities, show a great proximity between both.

Vemasse tasi nu’udar fatin ida ne’ebé movimentadu ho meio de tranporte sira ne’ebé ba-mai munisípiu sira iha leste Timor nian, nune’e soru-nain barak mak para ona soru no sai fali komersiante tamba atividade ida ne’e maka fo benefísiu liu ba sira. Ne’e mak partikularidade ida ne’ebé ami hetan bainhira difisil buka kabas no soru-nain ne’ebé soru nu’udar meiu subsistensia prinsipal, ne’ebé sai perigu ba atividade ida ne’e, ne’ebé sai nu’udar risku ba kontinuasaun atividade ida ne’e.

Como Vemasse Tasi se encontra numa zona de grande tráfego automóvel, várias tecedeiras deixaram de produzir tais para se tornarem comerciantes. Foi particularmente notória a dificuldade em encontrar fio à venda no local e tecedeiras que tenham a produção de tais como modo de subsistência principal, o que põe em perigo a continuação desta atividade.

Maski la soru ativamente, soru-nain sira sei rai nafatin tais ba sira nia uzu pesoal. Iha aldeia Waegae no Osoala iha Vemasse, ita hetan tais ho modelu ne’ebé hanesan ho tais husi Caisidu iha área Uaimua iha Baucau Vila ho termu ne’ebé atu hanesan. Terminologia ne’ebé uza iha komunidade rua ne’e mai husi lian Uaimua: nuro ulu no nuru lolo, atu bolu tais mane no feto; basteme hodi refere ba kola mata; no utus hodi bolu ba teknika futus.

Embora já não produzam ativamente, as tecedeiras conservam tais para seu uso pessoal. Na aldeia de Waegae e Osoala, em Vemasse, encontram-se peças de estilo idêntico às de Caisidu, uma zona Uaimua, em Baucau Vila, bem como denominações parecidas. A terminologia usada nestas duas comunidades são na língua uaimua: nuro ulu e nuru lolo, para desigar o tais usado pelo homem e pela mulher respetivamente; basteme para se referirem ao kola mata; e utus para designar a técnica futus.

As Vemasse Tasi is located in an area of great vehicle traffic, several weavers no longer produce tais and became traders. It was particularly difficulty to find thread on site-sale weavers who have the production of tais as their mode of subsistence, which puts at risk the continuation of this activity. Although they do not actively produce them, the weavers keep tais for their personal use. In the village of Waegae and Osoala, in Vemasse, pieces of identical style to those of Caisidu, a Uaimua area in Baucau Vila, as well as similar vocabulary, are found. The terminology used in these two communities is in the Uaimua language: nuro ulu and nuru lolo, to designate the tais used by man and woman respectively; basteme to refer to the kola mata; and utus to designate the futus technique.

Fig 56. Karau iha distritu Vemasse. Grupo de búfalos no distrito Vemasse. Buffalo herd around the Vemasse district. Photo by David Palazón, 2009.

49


VEMASSE KATÁLOGU TAIS NIAN ||||| CATÁLOGO DE TÊXTEIS ||||| TEXTILES CATALOGUE |||||||||||||||||||||||||||||

Fig 57. Tais turu ulo kai nena ida ne’e maka tais ne’ebé uza ba serimónia tradisional sira hanesan barlake no lia mate. Nia naruk too metru 3 no luan liu metru ida. Iha serimónia barlake ida, tais ida ne’e tau tan ho tais feto ida bele troka ho karau ida. Soru husi Sra Julieta dos Santos Belo iha tinan 2008. Este tais nuru ulo kai nena é o tais destinado para as cerimónias culturais tradicionais como os barlakes e os funerais. Possui um comprimento de 3 metros e uma largura de 1.40cm. Num barlake, este tais e mais um tais feto já possuem um valor equivalente a um búfalo. Foi tecido por Sra Julieta dos Santos Belo. This nuru ulo kai nena is a tais the intended for traditional cultural ceremonies such as barlake and funerals. It has a length of 3 meters and a width of 1.40cm. In a barlake, this tais plus a tais feto all together will have a value equivalent to a buffalo. It was woven by Mrs. Julieta dos Santos Belo. Photo by Rosália Soares, 2014.

Fig 58. Tais basteme ida ne’e soru tuir modelu tradisional no ho futus tradisional soru uza kabas industrial no futus hakor ho ai-ben. Este tais basteme de modelo tradicional e de futus tradicionais foi tecido com fios industriais e os futus tingidos com cores naturais. This basteme was woven accordin to the traditional style. This tais of traditional motives was woven with industrial threads and the motives dyed with natural colours. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

Fig 59. Basteme ida ne’e soru husi Sra Julieta dos Santos Belo husi Caisidu, hela iha Caicua iha tinan 2008. Basteme ho deseñu aifunan ida ne’e soru uza kabas industrial no futus hakor ho ai-ben. Ohin loron basteme hanesan ida ne’e uza ba serimónia festa sira. Este tais basteme foi tecido pela Sra Julieta dos Santos Belo, natural de Caisidu, residente em Caicua no ano 2008. Este basteme de futus florais foi tecido com fios industriais e os futus tingidos com cores naturais. Hoje em dia este modelo de basteme é usada nas cerimónias festivas. This basteme tais was woven by Mrs. Julieta dos Santos Belo, native of Caisidu, resident in Caicua in the year of 2008. This tais of floral motives was woven with industrial threads and the motives dyed with natural colours. Today this type of basteme is used in festive ceremonies. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

50


|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Fig 60. Tais feto nuru lolo kalau kinur ho futus aifunan foti husi amostra desfiadu nian soru husi Sra Joana Luisa Belo iha tinan 2013 atu uza iha serimónia kultural sira. Este tais nuru lolo kalau kinur de motivos florais adaptados da amostra de desfiado foi tecido pela Sra Joana Luisa Belo no ano de 2013 para ser usada nas ceremónias culturais e festivas. This nuru lolo kalaur kinur tais with adapted floral pattern from the desfiado sample was woven by Mrs. Joana Luisa Belo in the year 2013 to be used in cultural and festive ceremonies. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

Fig 61. Tais feto nuru lolo kalau wiwida ho futus tradisional naran kai male oan (Ua) soru husi Sra Julieta dos Santos Belo iha tinan 2008 ba nia oan feto atu uza iha serimónia cultural sira. Este nuru lolo kalau wiwida com futus tradicionais conhecido por kai male oan (Ua) foi tecido pela Sra Julieta dos Santos para a sua filha usar nas ceremónias culturais. This nuru lolo kalau wiwida with traditional futus known as kai male oan (Ua) woven by Mrs. Julieta dos Santos for her daughter to wear in cultural ceremonies. Photo by Willy Daos Kadati, 2014.

51




54


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.