Information Week - Ed. 224

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BRASIL IT+

Governo, entidades e iniciativa privada se unem para reforçar presença internacional do País

CARREIRA

Entenda a lógica, os desafios e benefícios dos empregos no setor público

ENTREVISTA

Thaís Falqueto revela os projetos previstos para 2010 na TI da ALL

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UMA VISÃO SOBRE COMO GERENCIAR AS CORPORAÇÕES A FIM DE PREPARÁ-LAS PARA O QUE ESTÁ POR VIR E UMA ANÁLISE SOBRE OS IMPACTOS DAS RUPTURAS TECNOLÓGICAS NO MERCADO CORPORATIVO E EM NOSSAS VIDAS

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Índice Fevereiro de 2010 - Número 224

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Fixas 06 Expediente 08 Editorial 14 Estratégia 16 www.itweb.com.br 30 Segurança 46 Telecom 67 Mercado 74 Novo Mundo 81 Estante 82 Inovação

ESPECIAL

Que tipo de surpresas o futuro reserva para as empresas e para a sociedade? Como se preparar para uma época na qual inovações capazes de mudar os rumos da história nascem a cada segundo? Que novidades influenciarão a vida corporativa nos próximos anos? Conversamos com especialistas em gestão e tecnologia para tentar responder a estes e outros questionamentos na missão de identificar as maneiras mais eficazes para as empresas de se posicionarem nestes tempos urgentes.

Carreira

e d s i a n o i s s i f o Pr

s planos Entrevista

52 SETORIAL

Poucas compras e muito trabalho interno. Gestores de tecnologia da indústria alimentícia revelam que 2010 será o ano de canalizar esforços para colocar a casa em ordem e reduzir custos por meio da TI.

58 PERFIL

A trajetória de Flávio Jansen, um dos primeiros CIOs a assumir a presidência de empresa no Brasil.

60 FOR IT BY IT

A Taurus viveu um período de reestruturação tecnológica ao longo dos últimos meses. Odilon Devens, analista de suporte, detalha como ocorreu o processo.

62 CARREIRA

A carreira em empresas públicas soa atraente por motivos que passam desde estabilidade até bons salários. Entenda a lógica dos empregos no setor.

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10 ENTREVISTA

68 NA PRÁTICA

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Para suportar picos de tráfico, intensificado em momentos decisivos do Big Brother Brasil, Globo.com troca servidores e migra três bancos de dados sem derrubar o portal.

carreira

De coordenadora de circulação de trens à gerente de TI. Thaís Falqueto conta sua trajetória e revela os projetos previstos para 2010 no departamento de tecnologia da ALL.

22 INDÚSTRIA

70 NA PRÁTICA

Com processo logístico intenso, Lojas Marisa substitui sistema de retaguarda em projeto que envolveu 228 pontos espalhados pelo País.

Governo, entidades e iniciativa privada se unem na criação da marca Brasil IT+. Iniciativa reforça estratégia de 62 tentar posicionar o País como polo internacional de tecnologia.

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72 NA PRÁTICA

Colégio Visconde de Porto Seguro aposta em sistema de gestão com novas funcionalidades e que abrange todas áreas da 02.02.10as 19:59:48 instituição.

28 STARTUP Foto: Ricardo Benichio

O mercado de aplicações para dispositivos móveis vive um lay_carreira 62 período quente. Conheça a SulMob que, já no primeiro ano, faturou R$ 120 mil e conquistou 20 clientes.

76 TECH REVIEW

47 CIO INSIGHT

Cosentino, da totvs: "Conseguimos avanços, mas a ti ainda não está na pauta do governo como deveria" As tecnologias desencadeiam

desafios e oportunidades aos CIOs da vertical de educação. Eduardo Lucas Pinto, do Colégio Dante Alighieri, Marcelo Pereira dos Santos, da Fiap, e José Augusto Pereira Brito, do Mackenzie, discutem os impactos e a função da TI no setor.

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Fotos: Marcelo Elias

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O mundo fica cada vez mais móvel. Uma coisa é implementar e-mail nos celulares dos funcionários. Outra é permitir acesso em tempo real a aplicativos corporativos de forma segura. Veja os novos desafios da mobilidade.

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Expediente PRESIDENTE-EXECUTIVO VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO PRESIDENTE DO CONSELHO EDITORIAL DIRETOR DE RECURSOS E FINANÇAS DIRETOR DE MARKETING GERENTE DE FÓRUNS GERENTE DE WEB GERENTE FINANCEIRO-ADMINISTRATIVO ANALISTA DE PESQUISAS E CIRCULAÇÃO

Adelson de Sousa - adelson@itmidia.com.br Miguel Petrilli - mpetrilli@itmidia.com.br Stela Lachtermacher - stela@itmidia.com.br João Paulo Colombo - jpaulo@itmidia.com.br Guilherme Montoro - gmontoro@itmidia.com.br Emerson Moraes - emoraes@itmidia.com.br Marcos Toledo - mtoledo@itmidia.com.br Marcos Lopes - marcos@itmidia.com.br Andreia Marchione - amarchione@itmidia.com.br

www.informationweek.com.br UNIDADE SETORES E NEGÓCIOS - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER EDITORIAL EDITORA REPÓRTERES PRODUTOR DE ARTE E VÍDEO CONSELHO EDITORIAL

MARKETING GERENTE DE MARKETING ANALISTAS DE MARKETING

Alberto Leite - aleite@itmidia.com.br Roberta Prescott - rprescott@itmidia.com.br Felipe Dreher - fdreher@itmidia.com.br Vitor Cavalcanti - vcavalcanti@itmidia.com.br Rodrigo Martins - rmartins@itmidia.com.br Carlos Arruda - Fundação Dom Cabral Lisias Lauretti - Serasa Experian Mauro Negrete - GRV Solutions e Veris Sérgio Lozinsky - consultor em gestão empresarial e tecnologia

Gaby Loayza - gloayza@itmidia.com.br Ana Luísa Luna - aluna@itmidia.com.br Gabriela Vicari - gvicari@itmidia.com.br

COMERCIAL GERENTE DE CLIENTES EXECUTIVOS DE CONTAS

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Osmar Luis - osmar@itmidia.com.br - (11) 7204-3508 Gustavo Bittencourt - gbittencourt@itmidia.com.br - (11) 7144-2540 Jonathas Ferreira - jferreira@itmidia.com.br - (11) 7144-2547 Rodrigo Gonçalves - rgoncalves@itmidia.com.br - (11) 7103-7840

Rio de Janeiro: Sidney Lobato - sidney.lobato@gmail.com Tel.: [21] 2275-0207 - Celular: (21) 8838-2648 Rio Grande do Sul: Alexandre Stodolni - stodolnimark@pop.com.br (51) 3024-8798 Cel: (51) 9623-7253 USA: Huson International Media Tel.: (1-408) 879-6666 - West Coast | Tel.: (1-212) 268-3344 - East Coast ralph@husonusa.com

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InformationWeek Brasil InformationWeek Brasil é uma publicação mensal da IT Mídia S.A. InformationWeek Brasil contém artigos sob a licença da United Business LLC. Os textos desta edição são traduzidos com a permissão da InformationWeek e da United Business LLC. Todos os direitos reservados United Business LLC. “As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicados refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nessa publicação. As pessoas que não constarem no expediente não têm autorização para falar em nome da IT Mídia ou para retirar qualquer tipo de material se não possuírem em seu poder carta em papel timbrado assinada por qualquer pessoa que conste do expediente. Todos os direitos reservados. É proibida qualquer forma de reutilização, distribuição, reprodução ou publicação parcial ou total deste conteúdo sem prévia autorização da IT Mídia.

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IT Midia S/A Pça Prof José Lanes, 40 - Edifício Berrini 500 - 17º andar - 04571-100 - São Paulo - SP Fone: 55 11 3823.6600 | Fax: 55 11 3823.6690

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Carta ao leitor

O futuro

é agora

Boa lei t ur a!

ROBERTA PRESCOTT EDITORA

ENVIE COMENTÁRIOS E SUGESTÕES PARA: RPRESCOTT@ITMIDIA.COM.BR

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Foto: Ricardo Benichio

A VELOCIDADE COM QUE AS COISAS MUDAM ASSUSTA. AS NOVIDADES INVADEM NOSSO DIA A DIA E SEM QUE PERCEBEMOS CHEGAM A TRANSFORMAR A MANEIRA COMO VIVEMOS. Por vezes, nos fazem dependentes. Há quem se sinta nu sem o celular. Ou quem não consiga ficar um dia longe da internet. Mas em que momento isto aconteceu? Para mim está claro que foi gradual: à medida que novas tecnologias surgiam, iam sendo incorporadas ao cotidiano. A percepção total dos impactos, como bem pontuou o repórter Vitor Cavalcanti em uma das duas matérias do especial Futuro da Tecnologia, só fica nítida quando retrocedemos e fazemos uma observação do macro. Assim, olhar para o futuro e prever com exatidão quais tendências que afetarão nossas vidas pessoais e profissionais, aparentemente, consiste em uma tarefa quase impossível. Não nos propusemos a isto nas reportagens que começam na página 31. Quando discutimos o que poderíamos abordar, decidimos ir além de fornecer informações sobre a capacidade futura dos computadores ou como será o design dos smartphones. Das mãos de Felipe Dreher nasceu um texto a partir de entrevistas com gurus de diversas áreas do conhecimento sobre como se gerencia uma empresa hoje, mas olhando para o futuro. Da complexidade da contemporaneidade à redução dos ciclos de inovações, o repórter mostrou pontos que os gestores devem se atentar para primar pela longevidade de suas empresas. Enquanto isto, Vitor buscava entender como e quais tecnologias causarão rupturas, dando origem a um novo modelo de negócio ou a comportamentos sociais. Este especial será o primeiro de uma série de três que InformationWeek Brasil destaca ao longo de 2010. No segundo, trataremos de segurança e no último abordaremos temas relacionados à carreira. Com isto, reafirmamos o compromisso da revista de servir aos profissionais de TI e telecom, sempre levantando assuntos pertinentes ao dia a dia e os instigando a refletir.

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Fotos: Marcelo Elias

Entrevista

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Na torre de

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Felipe Dreher

O leve sotaque mineiro se mantém perceptível mesmo depois de alguns anos vivendo no Paraná. Thaís Lasmar Falqueto chegou à América Latina Logística (ALL) a convite de um colega para atuar no centro de controle operacional, em 2001. Durante o primeiro ano, a então coordenadora de circulação de trens atuou em diversos projetos relacionados à tecnologia. “Implementamos um sistema de controle de tráfego e depois um projeto de gestão dos ativos”, recorda. Seu desempenho nas iniciativas lhe credenciaram a receber uma proposta para assumir a gerência de TI. O trabalho anterior em uma área operacional ajudou a formar uma visão alinhada ao negócio da empresa. “Talvez na época eu não soubesse, mas acho que esse foi um diferencial na minha carreira”, classifica a executiva que, na entrevista a seguir, aponta os rumos da área que dirige.

informationweek brasil — Como se comportou o orçamento de TI da ALL em 2009? thaís falqueto — Ele ficou na casa dos R$ 15 milhões [mesmo valor de 2008 e superior aos R$ 14 milhões destinados à tecnologia no ano anterior]. Em 2010, teremos um aumento nos investimentos, quando cerca de R$ 18 milhões serão aplicados em TI. iwb — A manutenção teve alguma relação com a crise global? thaís —Sem dúvida. 2009 foi um ano em que investimos, mas a ideia era cautela. Vínhamos num crescente, mas, no último ano, os recursos aplicados em TI não foram aumentados. Mesmo assim, acho que fizemos bastante coisa com o dinheiro que recebemos. Gastamos com bastante cuidado. iwb — A crise refletiu queda nos volumes transportados? thaís —Transportamos bastante durante o ano. Em 2009, a ALL verificou um crescimento de 12% no volume de carga em comparação ao ano anterior. Sofremos em tarifa. Tivemos diferença no valor do diesel e isto impacta, porque trata-se de um componente importante da composição de preço. iwb —Se houve aumento de volume podemos concluir que não sobrou mais tempo para tocar mais projetos? thaís — Em TI não sentimos nada disso. Foi como em todos outros anos. Até ouço gente falando em quedas bruscas no volume de projetos no ano passado, mas aqui não vimos essa redução. Para gente foi um período normal, com zero de diferença.

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Entrevista “Hoje, os sistemas que desenvolvemos para nosso uso também vendemos” iwb — Quantos projetos você administra por ano? thaís —Entre 15 e 20, de grande porte. iwb — Como se comporta a demanda? thaís —Temos uma torre de investimentos. Nossos projetos nunca excedem um ano. A verba é definida e de responsabilidade da TI. Além disso, tem sempre um usuário que é dono do projeto comigo. Respondemos juntos por sua entrega. Uma vez a cada 45 dias temos uma reunião com o presidente da companhia para informá-lo do andamento da iniciativa iwb —Entregar projetos complicados em prazo inferior a um ano deve gerar uma grande correria! thaís — É muito corrido, mas é nosso modelo. As pessoas estão acostumadas. Não entregar é o fim, porque temos uma remuneração variável bastante agressiva e ninguém quer ficar de fora da política de bônus. iwb — Qual a principal iniciativa de TI realizada no último ano? thaís —Nossa lista de projetos foi bem grande. Talvez o mais crítico tenha sido troca do sistema da área de controle de tráfego. É um software que manda a autorização para um trem sair de um ponto a outro. iwb — E o que você tem engatilhado para 2010? thaís —Estamos desenvolvendo um equipamento para medição de rolamento de vagões via som, que é um negócio diferente. Microfones captam sons do trem e é possível identificar se algo anormal está acontecendo e classificar qual o grau de severidade de determinado ruído. O objetivo é ver se o vagão precisa ou não de algum tipo de manutenção antes que algum problema mais sério ocorra. Trabalhamos também em um sistema novo de controle de terminais integrados a distribuição. iwb — Que novidades vocês acha que pode impactar o setor em um futuro próximo e o que está no radar da ALL?

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thaís —Tem algumas coisas. O que trabalhamos no passado e não funcionou como gostaríamos e que será importante para nós nos próximos anos é a parte de RFID (etiquetas de radiofrequência). Tentamos usar e não deu uma resposta adequada para melhorar controles. Quanto melhor eu giro meus ativos, maior minha produtividade. Com isto, conseguiremos medir melhor a nossa eficiência e de quem trabalha com a gente. iwb — Quando vocês testaram e por que não deu certo? thaís —Em 2005. Não deu certo porque o vagão é uma caixa metálica que sofre muita interferência. Dependendo da tecnologia utilizada, o sistema pode não ler a etiqueta adequadamente. Quando testamos, verificamos problemas onde, em alguns casos, as etiquetas não eram lidas. Precisamos de um sistema que não tenha erro. Se não pudermos confiar, é melhor fazer de uma outra forma. iwb — Como está organizada a TI? thaís —Temos uma TI centralizada e cem pontos espalhados pelo Brasil que nos acessam via link de comunicação. Somos muito dependentes dessa infraestrutura de telecom. Ficamos o tempo inteiro monitorando se os servidores estão no ar, o desempenho desses equipamentos e se os links estão garantindo a disponibilidade e acesso aos dados. iwb — O que são esses cem pontos e que tipo de sistemas eles acessam? thaís —Alguns são terminais de carga e descarga. Outros, estações ferroviárias. São pontos por onde os trens passam e eventualmente são manobrados, acrescentados ou subtraídos vagões. Os sistemas acessados informam os vagões que são carregados ou descarregados e, eventualmente, alguma mudança no trem. iwb — Sabemos que as redes de telecomunicações vivem períodos críticos no Brasil. Como manter os links sempre no ar? InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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thaís —Falamos muito em outsourcing de infraestrutura de TI – o que para mim seria uma coisa sensacional –, mas cada vez você fica mais preso aos elos mais fracos da corrente, que são os links. Temos, hoje, uma rede com a Embratel. Para determinados pontos muito críticos usamos contingência com outras operadoras que garantem redundância, mas é inviável fazer isso para as cem localidades, portanto, usamos apenas em regiões de grande importância. É o caso do Mato Grosso, onde temos nosso maior carregamento de soja; do Porto de Santos; e de Paranaguá. iwb — Como está a tecnologia aplicada no setor ferroviário brasileiro em comparação com o resto do mundo? thaís —Acho que somos bem mais modernos que outros países. O setor, no Brasil, é muito inovador em TI. Existem os sistemas tradicionais de ferroviais que muitas vezes têm um custo impeditivo para nossa realidade. Se eu chamar um fornecedor acostumado a vender para ferrovias ao redor do mundo – sendo que grande parte das que operam no mercado ainda é estatal – esse provedor não serve para nós. Então, inventamos muita coisa nova. iwb — Existem muitas soluções de mercado? thaís —Tem empresas pequenas que desenvolvem, mas optamos por fazer internamente, pois nosso modelo de gestão é bem específico. Enxergamos isso como uma oportunidade.

Hoje, os sistemas que desenvolvemos para nosso uso também vendemos. iwb — Para quem? thaís — Tem vários clientes. Um mercado forte é a África do Sul. Ferrovia é um mercado muito antigo. Então, se abrem oportunidades bem bacanas porque desenvolvemos novas soluções focadas em regiões emergentes. Temos um braço chamado ALL Tecnologia, que comercializa estas inovações. Essa unidade é tocada por outra pessoa. Já vendemos um computador de bordo para locomotivas, o sistema Translogic [desenvolvido em 2001 para gestão das operações logísticas] e de gestão de nossos ativos. Além de mais uns outros dois ou três. iwb — Como chega a informatização na locomotiva? thaís — As locomotivas têm componentes tecnológicos. Há um computador de bordo industrial desenvolvido na ALL e um software que roda lá dentro, proporcionando uma série de controles. Todo maquinista começa a viagem espetando um pen drive na locomotiva. O dispositivo identifica quem irá conduzir, bem como informa que aquele profissional

começou sua jornada de trabalho. Através dele fazemos, também, atualizações. É como se fosse um vírus que se espalha pelas ferrovias atualizando todos computadores de bordo. iwb — Você passou por um grande processo de fusão entre a ALL e a Brasil Ferrovias em 2006. Quais foram os desafios? thaís — Estava fazendo um mestrado no exterior e, quando cheguei, tinham acabado de comprar. O anúncio foi feito em maio e voltei para ALL no dia 3 de julho. Fui trabalhar neste projeto. Os seis meses que se sucederam ao meu retorno eu não tinha área, apenas um objetivo. Minha missão era unificar os três sistemas mais críticos das companhias: trazer o ERP da Microsiga da empresa adquirida para dentro do nosso SAP; implementar o sistema de logística que ajudei a desenvolver quando vim para a ALL, chamado de Translogic; e fazer a fusão do centro de controle. Tínhamos seis meses para fazer a integração. O centro de controle implantamos em quatro meses, a migração do ERP em noventa dias e o sistema de logística levou cinco meses. Acabamos tudo em um iwb prazo menor.

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Telecom

“Nunca deixei minha escolaridade interferir na minha formação” (Mark Twain, 1835-1910)

2010 começou com um tom de otimismo nos mercados, todos esperando mais vendas e maiores lucros. Os sinais da economia global ainda são incertos, mas parece que estamos em um bom momento – pelo menos no Brasil. Historicamente, crescimento representa maior possibilidade de conseguir um emprego e, o mais importante hoje em dia, continuar empregado. O profissional que pensa na sua carreira, que tem ambições e sabe que precisa continuar a estudar e a reposicionar-se sempre, talvez tenha percebido que a dinâmica da empregabilidade não depende mais somente de um bom ou um mau ano nas vendas. As empresas estão em busca de perfis mais completos e com atributos importantes no desempenho de suas funções. Isso vale para todos os cargos, mesmo os mais operacionais. Mas é nas posições de gestão que esse “filtro” se manifesta com mais intensidade. Podemos dizer que a maioria das organizações sabe que precisará se “transformar”, principalmente se a economia começar a crescer em ritmo acelerado. Essas empresas necessitarão de profissionais com perfil empreendedor, capazes de enxergar novos mercados, novos produtos, novas formas de fazer as coisas, e que estejam dispostos a colocar “a mão na massa” para fazer com que essas mudanças aconteçam nas suas organizações. As companhias precisarão de pessoas que percebam que os processos de negócios sob sua responsabilidade precisam

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Foto: Magdalena Gutierrez

Empregabilidade na nova década Sergio Lozinsky

é consultor de tecnologia e gestão empresarial

twitter.com/slozinsky

ser desafiados todo o tempo em busca de eficiência, redução de custos e valor agregado. Negócios em que o relacionamento é um item fundamental no sucesso estarão em busca de profissionais que sejam interessantes como pessoas, que tenham certa cultura, uma visão mais abrangente do que o produto ou o serviço que está oferecendo. Que sejam capazes de entender o negócio do cliente e, a partir desse entendimento, proporem algo mais adequado ou personalizado. Esses gerentes, coordenadores e chefes também precisarão adotar boas práticas de gestão de recursos humanos, uma vez que são os times – integrados, treinados, motivados – que conseguem os grandes resultados. Esse gestor não pode ser alguém com medo de que um bom funcionário tire o seu lugar. Todos precisarão usar com desenvoltura os recursos tecnológicos, porque haverá muita tecnologia embarcada em celulares, netbooks, notebooks, etc. O uso intenso desses dispositivos deverá ser acompanhado de uma boa visão de como não misturar o pessoal com o profissional. O tema não se esgota aqui, mas esses profissionais ainda precisarão saber trabalhar com metas e prazos, usar um orçamento econômico/financeiro, prestar contas de resultados... e não temerem o futuro. InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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9a edição

O PRÊMIO QUE RECONHECE OS PROFISSIONAIS DE TI QUE MAIS SE DESTACARAM NO ÚLTIMO ANO O Prêmio EXECUTIVO DE TI DO ANO é o principal estudo do país que reconhece e promove os melhores CIOs e profissionais das indústrias de TI e Telecom. Há 9 anos a premiação destaca o profissional que consegue alinhar a TI com a estratégia da empresa, auxiliando a corporação no alcance de suas metas. Saiba mais: www.informationweek.com.br/executivo

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Microsoft e HP

se unem por Era setembro de 2009 quando o chairman do Gartner, Donald Feinberg, anunciou, durante conferência sobre o futuro da tecnologia em São Paulo, que a Microsoft seria comprada pela HP. Quatro meses depois, em janeiro deste ano, as duas fabricantes anunciaram uma grande aliança de três anos, envolvendo US$ 250 milhões em investimentos, que mira, sobretudo, a nova onda da tecnologia: computação em nuvem. Seria este o início de uma relação ainda mais estreita? As companhias não mencionam esse caso,

mas frisam que a colaboração mútua ocorre há muitos anos. Um comunicado enviado sobre a parceria dizia que o acordo seria focado no mercado corporativo e na construção de um novo modelo de infraestrutura para aplicações, o que deve culminar com o lançamento de diversos produtos. A eliminação da complexidade, de acordo com as fabricantes, é o foco do contrato. Em uma conferência voltada para imprensa, Steve Ballmer, CEO da Microsoft, afirmou que “o mundo está acelerando, indo para modelo cloud, virtualização e novos

modelos de aplicações. Com parceria poderemos lançar produtos e prover aos nossos parceiros oportunidades de novos negócios.” Já Mark Hurd, CEO da HP, além de referendar o foco na nuvem, por meio de diversas menções, lembrou que há um realinhamento da estratégia corporativa em sua companhia e frisou que a aliança permitirá entregar novos valores aos clientes. No final da conferência, o executivo avisou que se tratava de uma evolução natural da parceria e que “isto é apenas o começo.”

De saída?

Ciberataques lançados contra o Google e outras 33 companhias estrangeiras na China, em dezembro, abriram um imenso debate sobre a liberdade digital no país asiático. Embora o Google não tenha acusado formalmente o governo chinês de envolvimento no episódio, relatórios de empresas de segurança apontam a participação. Portavozes dos ministérios chineses já negaram qualquer envolvimento e, em relação à liberdade cerceada, a China diz que as empresas são bem-vindas desde que respeitem as regras do país. Diante da situação, o Google afirmou que não aplicará o filtro censor em parte das buscas feitas pelo Google.cn e chegou a ameaçar encerrar suas operações chinesas. O caso ainda deve render boas discussões.

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Suspensa A Oi anunciou a suspensão da incorporação das ações da Brasil Telecom por meio de fato relevante enviado à CVM. A decisão foi motivada por um relatório que revelou ações judiciais acima do estimado. Inicialmente, eram previstas ações num total de R$ 1,290 milhão, mas o documento eleva este montante para R$ 2,535 milhões, sendo grande parte das ações vindas do Rio Grande do Sul.

Integraçãoanunciada A Avaya não quer perder tempo e nem as oportunidades para reter clientes e atrair novos. Para isto, a fabricante anunciou um novo portfólio de produtos já com as soluções da divisão Enterprise da Nortel integradas à carteira. O novo roadmap é basicamente composto pelo portfólio existente em comunicação unificada da fabricante e integra as soluções corporativas da Nortel. Além disto, há ofertas de pacotes de upgrades para clientes das duas companhias. A compra da divisão da ex-gigante canadense custou à Avaya US$ 900 milhões.

Cincopassos para segurança virtual

Em uma pesquisa da InformationWeek Analytic sobre as prioridades da TI governamental nas decisões federais de tecnologia, segurança virtual foi a iniciativa de número um, nas organizações entrevistadas, em termos de importância e foco de liderança. Veja alguns passo para garantir que você não perca de vista seu objetivo final. 1 - Controles mestre estão fora: pense em data centers 2 - Abrace a criptografia de dados 3 - Implemente controles fortes de autenticação 4 - Use prevenção contra perda de dados para “vigiar os vigias” 5 - Estenda em camadas os controles de integridade de dados

Seguindo os passos Também de olho no mercado de publicidade móvel, a Opera segui os passos de Google e Apple e anunciou a aquisição de uma companhia neste segmento. A empresa, famosa por seu browser, comprou a AdMarvel por um valor não divulgado. Atualmente, em torno de 50 milhões de pessoas em todo o mundo utilizam a versão móvel do navegador da Opera, o que poderia ser uma excelente base de trabalho.

Concluído Depois de receber aprovação da Comissão Europeia, a Oracle anunciou a conclusão da aquisição da Sun Microsystems. Na mesma ocasião, a fabricante produziu um encontro com a mídia e parceiros para compartilhar a estratégia a partir da união. Charles Phillips, presidente da companhia, afastou rumores de demissão em massa e informou que a empresa está contratando. O executivo se comprometeu em manter o legado da Sun, investir US$

4,3 bilhões em pesquisa e desenvolvimento no primeiro ano fiscal da união das empresas e sinalizou mudanças de estratégia na comercialização dos produtos. A Sun vinha focando em vendas por canais, mas a Oracle prefere uma força de vendas especializada e voltada para os maiores clientes. Além disso, em todos os momentos, Phillips enfatizou que a Sun tinha sido comprada para que a Oracle pudesse ofertar sistemas completos.

Ponto para as médias Pesquisa divulgada pela Symantec revelou que empresas de médio porte estão avançando na adoção de tecnologia. Isso porque, com orçamento superior ao das pequenas e mais flexibilidade que as grandes, essas companhias conseguem mais espaço para experimentar e adotar novidades tecnológicas. O estudo mostrou também que, independente do porte, uma das grandes dificuldades das empresas, especialmente na América Latina, é encontrar profissionais qualificados.

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> Álvaro Mello, ex-Grupo Estado e Grupo Schincariol, assume como gerente-geral de TI da Votorantim Cimentos. Ele se reportará a Fábio Faria, diretor-corporativo de tecnologia da informação da Votorantim Industrial. > Alexandre Gouvêa assumiu como novo CEO da Atos Origin para o Brasil e América Latina. O executivo havia passado cinco anos na vicepresidência sênior de operações na Orange Business Services. > Jarbas Valente foi nomeado para exercer mandato de cinco anos no Conselho Diretor da Anatel. > Igor Beserra é o novo nome da Seagate para o comando das operações OEM no Brasil. > Ex-Bunge, Marcos Oliveira é o novo gerente de operações na integradora de serviços e soluções de TI Ziva. > Roberto Portella, ex-CIO do Grupo Estado, assumiu posto de executivo-sênior na TI do Pão de Açúcar. Ele responderá pela área de infraestrutura e se reportará ao diretor de tecnologia Joaquim Dias Garcia. > Logica anuncia cinco novos diretores: Paulo Simon, divisão de consultoria e integração de sistemas; Eduardo Pereira, unidade de controle de operações, resourcing, procurement e real estate da Logica para América do Sul; Alex Jacobs, na direção da área de outsourcing de sistemas; Alexandre Junqueira Franco, para diretoria de services & project delivery; e Élcio Zaninelli, que ficará à frente da diretoria de outsourcing services/infraestrutura.

Mário Anseloni FALA SOBRE SUA SAÍDA DA HP FELIPE DREHER

Fotos: divulgação

Vaivém

MÁRIO ANSELONI DEIXA A PRESIDÊNCIA DA HP BRASIL PARA ASSUMIR O POSTO DE CEO DA ITAUTEC. A NOTÍCIA DA SAÍDA DO EXECUTIVO DO COMANDO DA MULTINACIONAL AGITOU O MERCADO DE TI JÁ NOS PRIMEIROS DIAS DE 2010. NA MANHÃ DE 07 DE JANEIRO, O EXECUTIVO CONCEDEU ENTREVISTA EXCLUSIVA AO IT WEB E COMENTOU A TRANSIÇÃO. LEIA ALGUNS TRECHOS: IT WEB: QUANDO VOCÊ TOMOU A DECISÃO DE DEIXAR O COMANDO DA HP BRASIL? MÁRIO ANSELONI: Em setembro de 2009. Na época, cheguei a comunicar minha chefia, que é o presidente da HP para as Américas, que encerraria esse ano fiscal e sairia. No mercado aquecido como o brasileiro acabamos recebendo muitos convites para participar de processos com headhunters. Em geral, não dou muita atenção para isto. Mas teve um projeto que apareceu em paralelo a decisão de deixar a HP. IT WEB: O QUE MOTIVOU SUA SAÍDA? ANSELONI: Na realidade, foi um mix de coisas. Primeiro, a função de presidente de uma subsidiária da companhia vem sofrendo um processo de transformação ao longo dos anos. A HP está muito verticalizada por linhas de negócio. Isso não é uma crítica, pois a empresa tem tido sucesso. Mas, evidentemente, aqueles que ocupam funções chamadas “horizontais”, como

era meu caso, acabam sofrendo consequências, principalmente, de autonomia e de gestão. IT WEB: VOCÊ ESTAVA NA EMPRESA DESDE 98 E NA PRESIDÊNCIA HÁ TRÊS ANOS. COMO AVALIA SUA CARREIRA DENTRO DA COMPANHIA? ANSELONI: Comecei na HP em Miami (EUA) dentro do headquarter de América Latina. Tive um crescimento rápido. Entrei em setembro de 1998, ao sair de um MBA, como gerente de desenvolvimento de negócios na área de consultoria e fui logo ganhando posições importantes até chegar ao comando da operação Brasil. Apesar do crescimento acelerado e muito saudável da minha carreira, saio da empresa sem nenhuma mágoa. Mas chegou um determinado momento em que estava na hora de buscar novas perspectivas. É importante saber também o melhor momento para mudar. Nada é eterno. Leia mais: Confira a entrevista completa em www.itweb.com.br/iwb/marioanseloni.

www.itweb.com.br/iwb/vaivem

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InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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iPad:revolução? O

mercado especulou, imaginou funcionalidades, imagens de protótipos vieram à tona e, na última semana de janeiro, a Apple convocou a imprensa para o seu grande anúncio. Do alto de um palco Steve Jobs, CEO da fabricante, apresentou o tão esperado tablet. Batizado de iPad, o gadget, nas palavras do executivo, é uma revolução. Mas será isto mesmo? Com aparência de um iPhone gigante, o iPad vem com processador desenvolvido pela própria Apple, o A4 de 1 Ghz. Esta velocidade de processamento, como avaliaram especialistas no exterior, seria excelente para um smartphone, mas é o suficiente para um tablet? O Nexus One, celular que leva a marca Google, roda com um chip Qualcomm de 1 Ghz, o Snapdragon.

Ademais, diferente do que era imaginado, o iPad não veio com o Mac OS, ao que tudo indica é uma adaptação do iPhone OS. Outra ausência sentida é de uma câmera, que poderia ser usada para videoconferências. Apesar disso, o produto confere, pela demonstração, uma boa experiência de navegação pela web, leitura de emails, games, visualização de vídeos em alta definição e vem com o kit do iPod, para que os usuários possam ouvir suas músicas. Pensando em manter o modelo de sucesso com o iPhone e App Store, a fabricante informou que o iPad terá acesso à loja de aplicativos e avisou que irá incentivar os desenvolvedores para que produzam aplicações exclusivas para o tablet. O preço,

embora o banco de investimentos Barclays Capital, tenha avaliado como positivo, parece alto até para os padrões norte-americanos: vai de US$ 499 a US$ 829, no modelo mais completo que tem 3G e o máximo de memória (64 GB). Outro ponto positivo do lançamento da Apple é a funcionalidade de e-reader, competindo diretamente com leitores como o Kindle, da Amazon. Isto não significa, no entanto, o fim deste segmento. A empresa de pesquisa In-Stat lembrou que este segmento ainda deve crescer muito e que a tendência é que as fabricantes adicionem funcionalidades ao aparelho. Sem contar que, os donos dos e-readers, aderiram ao produto pela boa experiência de leitura.

Apesardecríticasrelacionadasàcapacidade de processamento,novaapostadaApplecausoufrisson. PreçovaideUS$499aUS$829

Fotos: divulgação

HP

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www.itweb.com.br

Blogs | www.itweb.com.br/blogs Confira alguns dos assuntos postados pelos blogueiros

Itil na Prática Entre os assuntos abordados, os autores discutiram o real papel das ferramentas de TI

Sócio-diretor da TGT Consult abordou as perspectivas de crescimento para 2010 e o papel da TI nesta retomada

Edison Fontes Profissional de segurança da informação debateu um estudo do Ponemom Institute que avalia o valor das informações.

Jomar Silva Diretor-geral da ODF Alliance Chapter Brasil continua com sua série de reviews. Desta vez, apresentou uma avaliação minuciosa sobre o BlackBerry Storm.

Fernando Garcia Sócio da Talengy ensinou como trabalhar a empregabilidade nas redes sociais. O especialista discutiu o imenso classificado criado dentro dos sites de relacionamento.

José Milagre Analista de segurança da informação e perito computacional falou sobre a punição às gravações de vídeos entre namorados.

Frank Meylan Sócio da consultoria KPMG discute se é melhor desenvolver ou adquirir sistema de prevenção e combate a fraudes

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Imagem: Glowimages

Ronei Silva

Tagil Oliveira Ramos, especial para IT Web

Certificações:quala

melhor escolha? E

m uma área supercompetitiva como é a de tecnologia da informação, obter certificações pode determinar, durante um processo seletivo, a contratação. Dentro da empresa, ela ajuda a galgar postos e, é claro, conquistar o desejado aumento salarial. Uma certificação a mais no currículo nunca é demais. Mas é preciso ter tato e uma dose de esperteza para escolher a sua especialização. Muitos dos cursos que certificam não são baratos e a empresa nem sempre pode — ou quer — pagar. O conhecimento adquirido num curso é interessante em qualquer fase. Além de ser inalienável, demonstra aos seus superiores a imagem de pessoa dinâmica e que busca estar sempre atualizada em sua área

de atuação. Existem, entretanto, dois períodos da carreira em que a certificação pode ter um peso decisivo: quando ainda não se tem um diploma universitário ou no começo do exercício profissional, após concluir o ensino superior. Como, então, escolher entre as várias opções no mercado? Quando e quanto investir para melhorar a posição profissional? Como se preparar para fazer os exames? Que tipo de curso realmente dá um upgrade na carreira? Quais são as certificações mais procuradas e mais cobiçadas? Para responder a estas e outras perguntas, o IT Web preparou uma série de quatro reportagens, que foi ao ar em janeiro, com objetivo de trazer informações atualizadas para direcionar melhor a carreira.

Leia mais: Quer saber mais? Acesse o especial completo em www.itweb.com.br/iwb/certificações2010

InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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MENOSPRIVACIDADEÉ

TESTANDO

Imagens: divulgação

NORMA SOCIAL? MODELOS

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, defendeu a nova política de privacidade de sua rede social classificando de “norma social” o compartilhamento e o crescimento da quantidade de dados pessoais na web. Ele comentou o assunto durante uma entrevista a Michaek Arrington, do TechCrunch, e um mês depois de o Facebook ter promovido mudanças que abriu o status de atualizações dos usuários para toda a web, com exceção daqueles que, proativamente, alteraram a opção de abertura dos dados. “As pessoas estão confortáveis em não apenas compartilhar mais informações e de diferentes tipos, mas de forma mais aberta e com mais pessoas”, avaliou Zuckerberg. “E essa norma social é apenas algo que está envolvido o tempo todo e enxergamos isso como uma regra no sistema para inovação constante e atualização.”

LIÇÕES DE UM CFO DURANTE CONFERÊNCIA PARA ANÚNCIO DOS RESULTADOS FINANCEIROS, O CFO DA IBM, MARK LOUGHRIDGE, FALOU SOBRE PERSPECTIVAS INTRIGANTES RELACIONADAS AO CRESCIMENTO DA COMPANHIA. E APROVEITOU PARA PASSAR UM RECADO AOS CIOS QUE QUEREM ESTAR PRÓXIMOS DOS DESAFIOS E OPORTUNIDADES DE SUAS EMPRESAS. CONFIRA: • Há uma crescente oportunidade fora da TI tradicional: a ideia é ajudar clientes a levar mais eficiência para infraestrutura física • Terceirização das aplicações: você já avalia esse processo? Considera apenas algo para reduzir custos? • Business Analytics: é algo crucial e, você, CIO, vai esperar um pedido do seu CEO por previsões assertivas ou buscará uma estratégia de análise?

Para ampliar a receita produzida pelo portal YouTube, o Google avalia um serviço de aluguel de filmes. O primeiro teste foi com filmes do Sundance Film Festival para usuários nos Estados Unidos. Além dos títulos presentes no festival, o site de vídeos pretende ofertar títulos de parceiros de outras indústrias, incluindo saúde e educação. Além disso, o YouTube lançou a campanha “Filmmakers Wanted” para atrair mais cineastas independentes. Eles definiriam o preço dos vídeos e o tempo que eles ficariam disponíveis na web, além de ter 100% dos direitos assegurados. O anúncio indica a busca por alternativas, além da tradicional publicidade online, para alavancar o lucro do portal, que sofre implantar um modelo de negócio que seja lucrativo, dado os custos de infraestrutura.

ALTADE4,6%

É o porcentual que o Gartner prevê de aumento para os gastos com TI. De acordo com a consultoria, a melhora do cenário macroeconômico puxará esta guinada. A expectativa é que, até o fim do ano, os investimentos em tecnologia totalizem US$ 3,4 trilhões. Serviços e software lideram a retomada.

MERCADO

ANDROID

Levantamento da DigiTimes revela que a Motorola pode se tornar a fabricante líder em produção de smartphones com a plataforma open source Android. De acordo com a pesquisa, até o fim deste ano, a fabricante poderá responder por 34,7 dos aparelhos com o sistema criado pelo Google, deixando a HTC em segundo lugar (31,9%). Se concretizada, será uma grande mudança. Em 2009, a HTC dominava o cenário com 64,5% de share.

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Indústria

Nova marca,

velhos p Brasil IT+ passa a ser a identificação para toda a exportação de TI brasileira. A novidade chega junto com novos planos de entidades e empresas para ganhar o mercado global e transformar o País em um polo Gilberto Pavoni Junior, especial para InformationWeek Brasil internacional de tecnologia

O

mercado brasileiro de tecnologia da informação tem uma nova marca para identificar os esforços de exportação e facilitar a propaganda na hora de conquistar mercados pelo mundo afora. A iniciativa é um novo passo no plano de estabelecer o País como um dos principais vendedores de TI para o mundo, seja software ou serviços, e aprimorar a competitividade global das companhias nacionais. Em 2010, estima-se que as exportações brasileiras do setor cheguem a US$ 3,5 bilhões. Em 2006, elas representavam somente US$ 600 milhões. A marca Brasil IT+ (lê-se IT, em inglês, plus), lançada em dezembro último, unifica a linguagem. A criação é da agência de branding Futurebrand e será usada tanto pelas empresas privadas como pelos órgãos do governo envolvidos em

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exportação de TI. As companhias e entidades oficiais já trabalhavam com uma estratégia de marca desde 2004, que trazia o nome do País com “z” e sem o símbolo matemático. No entanto, não havia uma padronização em seu uso e diversas iniciativas e materiais de propaganda do setor acabavam usando logotipos distintos para promover seus esforços comerciais no exterior. A nova caracterização visual pretende acabar com isto. A marca foi criada de acordo com um briefing detalhado sobre o mercado brasileiro e os planos de exportação (confira quadro com os conceitos envolvidos na pag. 25). Mas, a grande diferença em relação à antiga é o uso do símbolo de +. Ele representa a diversidade do setor, que é capaz de exportar um ERP para países latinos, abrigar centros de

serviços de indústrias multinacionais, ser plataforma de terceirização para as globais e ainda conta com uma série de pequenas empresas que conquistam clientes no exterior com softwares de nicho e maior valor agregado. “Somos diferentes da Índia, que se estabeleceu como outsourcing, e precisávamos mostrar isto com maior clareza para o mercado internacional”, aponta Antonio Carlos Rego Gil, presidente-executivo da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação). A novidade agradou os executivos envolvidos com exportação de TI. “É uma operação complexa, que envolve união de empresas e governo, além de muita estratégia. A marca mostra isso”, comenta o presidente da Stefanini IT Solutions, Marco Stefanini. A empresa é uma InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Foto: Ricardo Benichio

s planos Cosentino, da Totvs: "Conseguimos avanรงos, mas a TI ainda nรฃo estรก na pauta do governo como deveria"

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Foto: divulgação

Indústria

Gil, da Brasscom: “Somos diferentes da Índia, que se estabeleceu como outsourcing, e precisávamos mostrar isto para o mercado internacional”

“Quando não se pode competir por preço, as empresas brasileiras precisam inovar”, Leite Netto, da ActMinds das maiores exportadoras brasileiras de TI, com atuação em 16 países e 125 clientes. Cerca de 20% de sua receita de R$ 670 milhões vem do exterior. Para empresários, o selo Brasil IT+ vai facilitar a comunicação principalmente em eventos, nos quais há grupos de empresas distintas mostrando as soluções brasileiras. “A nova marca ajuda no trabalho de comunicação e marketing que ainda precisamos para vender o Brasil no exterior”, avalia o presidente da BRQ IT Services, Benjamin Quadros. A companhia começou a operar nos Estados Unidos em 2003. Em 2008, ela comprou a ThinkInternational, prestadora de serviços de TI para o mercado americano que havia faturado US$ 8 milhões no ano anterior. Com a negociação, vieram os funcionários e os clientes da empresa. “Mesmo assim, ainda precisamos sempre mostrar o que o Brasil tem de bom a oferecer”, comenta.

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Antigos desafios Mas, se a marca Brasil IT+ chega para modernizar o marketing dos exportadores de TI, as barreiras para que as empresas ganhem maior competitividade continuam a ser as mesmas de uma década atrás, quando as primeiras iniciativas foram lançadas. “Conseguimos avanços, mas a TI ainda não está na pauta do governo como deveria”, critica o presidente da Totvs, Laércio Cosentino. Apoio do governo federal, dólar valorizado, isenção fiscal, encargos trabalhistas e investimentos em formação de mão de obra qualificada são reivindicações antigas dos exportadores de TI. Essas dificuldades, principalmente o câmbio, têm se mostrado uma barreira para que o País consiga consolidarse mundialmente. A Matera Systems, que opera nos Estados Unidos junto com outras empresas reunidas na ActMinds Inc. viu a representatividade das exportações cair de 7% do faturamento para 4% nos últimos anos. “O dólar alto influenciou diretamente na competitividade

Quem participou da Brasil IT+ Foram seis meses de discussão e quatro de desenvolvimento somente na Futurebrand. Além da agência de branding, participaram da criação da marca a Brasscom, Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro), Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações (Sucesu) e da Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo). InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Fontes: Para 2006: Banco Central do Brasil. Para 2007 e 2008: IDC e Brasscom. Para o período de 2009 e 2010 os valores são projetados.

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US$ 3,5 bilhões

2010

US$ 3,0 bilhões

2009

US$ 2,2 bilhões

2008

US$ 800 milhões

2007

2006 US$ 604 milhões

ÇÃO DE TI DE PORTAVIÇOS X E DE E SER DADOS ARE W T F SO

petit, da softex: "Vamos aproveitar o bom momento e ganhar mercado"

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Indústria

da nossa oferta”, explica o presidente da Matera e da ActMinds, Carlos Augusto Leite Netto. Para fugir da pressão cambial, a provedora criou um centro em Maringá (PR) onde pode contar com mão de obra qualificada por um custo menor. Além disso, a Matera começou a trabalhar com oferta de produtos de maior valor agregado. Uma solução multitouch baseada em Microsoft Sharepoint e que transforma o computador numa espécie de imenso iPhone para facilitar a interface com sistemas corporativos tem sido o grande destaque da empresa em feiras internacionais. “Quando não se pode competir por preço, as empresas brasileiras precisam inovar”, diz Netto. Esse tipo de capacidade empreendedora é o principal trunfo do Brasil no mercado externo de TI e que a marca Brasil IT+ pretende mostrar em 2010. Mas, além do marketing, a renovação da identidade é acompanhada de grandes planos capitaneados pelas entidades do setor. O mais abrangente deles está no envolvimento da iniciativa privada, governo, profissionais, universidades e mídia para divulgar a importância da tecnologia da informação para o País. De acordo com levantamento da Brasscom, o setor movimenta US$ 60 bilhões ao ano por aqui, o que coloca o Brasil como o oitavo maior mercado do mundo. Se o segmento de telecomunicações for agregado a

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essa conta, o volume transacionado sobe para US$ 140 bilhões. A entidade estima que a TI represente 8% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no País, e empregue ao menos 2 milhões de trabalhadores, com um salário 2,5 vezes maior do que os vencimentos médios verificados no Brasil. Todos estes números serão apresentados tanto em eventos nacionais como internacionais para mostrar o que há por trás da vontade brasileira de exportar soluções tecnológicas. Em 2010, o número de atividades que as empresas brasileiras participam deve aumentar. Ainda não há uma estimativa sobre quais serão, mas o plano é fazer a tecnologia nacional aparecer não apenas em eventos especializados em TI. A intenção é ampliar o leque para feiras de varejo, saúde e demais verticais da economia. A Brasscom irá realizar um evento internacional de outsourcing no Brasil, em junho, com objetivo de posicionar o mercado local no circuito internacional de feiras de TI e promover a integração maior entre executivos estrangeiros com o cenário nacional. “Uma coisa é conhecer o Brasil lá de fora, outra é vir aqui e ver que o País não é só samba e futebol”, declara o presidente da associação. A entidade também abrirá um escritório nos Estados Unidos, além do de Washington. Chicago e São Francisco são as cidades estudadas.

O setor de TI movimenta US$ 60 bilhões por ano no Brasil, o que coloca o País como o oitavo maior mercado do mundo. Se o segmento de telecomunicações for agregado a essa conta, o volume transacionado sobe para US$ 140 bilhões

A marca em detalhes O posicionamento estratégico está baseado em quatro pilares: a origem brasileira (vem daí a substituição do z pelo s no nome do País), o porte do setor, a habilidade em construir grandes parcerias e a capacidade de ser um player estratégico em TI. O sinal +, além de mostrar a diversidade do setor, mostra a atual união de empresas e governo. As tipologia adotada é moderna e indica que está sendo comunicado algo tecnológico sem, no entanto, mostrar ligação à hardware ou software. Foram usadas as cores azul, que denota credibilidade e solidez, e verde, que representa a jovialidade associada ao Brasil. Ambas as cores sugerem brasilidade. A identidade visual como um todo remete à idéia de modernidade e tecnologia, atributos fundamentais para a indústria. InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Foto: divulgação

Stefanini, da Stefanini IT Solutions: "O marco mostra a união das empresas e do governo"

Condições Contudo, para alcançar os arrojados planos, o País precisa promover a formação e especialização dos profissionais. Dentro desta perspectiva, o programa de educação a distância para técnicos de TI será expandido. Os cursos podem ser acessados pelo site da Brasscom e fornecem formação em várias especialidades. A associação com as Fatec e o Sistema S (Sebrae, Senai, Sesc, etc) tem garantido bolsas para estudantes interessados em tecnologia. Para o próximo ano, a iniciativa deve ser ampliada. As entidades do setor também prometem continuar a pressionar o governo para a melhoria do ambiente de negócios. O câmbio ideal é algo tido como inatingível, mas

a carga tributária, a burocracia e os encargos trabalhistas serão alvo de muitas reuniões com o governo. Deve-se continuar os avanços conseguidos com a isenção do ISS (Imposto Sobre Serviços) e a MP do Bem. A Softex promete criar um site para que a exportação de TI tenha um apoio na internet para a geração de negócios e o PSI-SW (projeto setorial integrado para exportação de software) será ampliado. Em 2009, ele destinou cerca de R$ 8 milhões para 120 empresas ganharem competitividade no exterior. Este valor será maior em 2010, mas ainda está em definição. “Mas já podemos garantir que o número de empresas participantes subirá para 200”, adianta o diretor de mercado da Softex, Djalma Petit. A entidade planeja passar o ano produzindo white papers sobre a TI brasileira e colocando estes documentos na mídia internacional. “O setor está unido e a imagem do País nunca foi tão boa, por isso, vamos fazer tudo para aproveitar o bom momento e ganhar iwb espaço”, finaliza Petit.

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Startup

Efervescência

móvel Sulmob nasce após vencer um concurso de empreendedorismo com um projeto de aplicativos móveis. E fatura R$ 120 mil durante ano de pré-incubação Felipe Dreher

O

avanço dos smartphones chacoalhou o mercado em um passado recente. O consumo de celulares inteligentes trouxe consigo uma febre: os aplicativos móveis. Em sua loja virtual, a Apple já comercializou mais de 3 bilhões de donwloads de programas desenvolvidos para as plataformas do iPhone e iPod Touch. Para ter uma dimensão do mercado, some a este número a venda de aplicativos para Android, Windows Mobile e BlackBerry. O segmento deve manter-se aquecido. O Gartner estima que 1,2 bilhão de pessoas carregarão dispositivos capazes de realizar transações comerciais móveis, proporcionando um ambiente rico para a convergência da mobilidade e da web ao fim de 2010. As aplicações apontadas como “quentes” pela consultoria em um horizonte de dois anos contempla sistemas de transferências financeiras, pagamento e pesquisa. Além disto, o universo corporativo demanda soluções móveis capazes de impulsionar negócios. Muitos desenvolvedores de software atentaram-se para o que vem por aí e se movimentam para aproveitar o bom momento. A SulMob nasceu de forma quase “despretensiosa” nos corredores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Há dois anos, alunos de diferentes cursos reuniram-se para participar de um torneio de empreendedores promovido pela instituição. Os jovens Rodrigo Castro, Marcus Vinícius Costa e Leonardo Cristofari identificavam a movimentação de mercado em direção aos aplicativos móveis com a percepção de que este tipo de tecnologia trazia possibilidade de negócios. Com base nisto, criaram um projeto de mobilidade, focando em automação de força de vendas, e venceram a competição. O prêmio consistia na chance de participar de um curso para empre-

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raio-x Nascimento: fim de 2008 Numero de funcionários: só os três sócios $ Clientes: 20 atuais $ Metas: dobrar a base atual$de clientes e contratar $ $$ três funcionários até o fim de 2010 $ $ Faturamento: em torno de R$ 120 mil $$$ $ Investidor: não tem $$$ $ $

endedores promovido pelo Sebrae, bolsas de estudos e o direito de ter suporte de um ano no Instituto Idéia, espaço dentro da universidade gaúcha que ajuda na estruturação de projetos e amparo à pesquisa. Ao longo de 2009, a SulMob tomou corpo e desenvolveu-se em um período de pré-incubação. Foi nesse período, por exemplo, que a startup desenvolveu um framework proprietário com bibliotecas para diminuir o tempo de desenvolvimento de sistemas móveis customizados e partiu para o ataque ao mercado focando em plataformas para iPhone, Android e Windows Mobile. Após levantamento para checar os ânimos do mercado, a empresa começou a apresentar suas soluções. O primeiro cliente não demorou a aparecer. O projeto contemplou a comercialização de tecnologia móvel focada em força de vendas. Em 12 meses, outras 19 companhias adquiriram sistemas da startup. O objetivo traçado para o primeiro ano de vida previa levar soluções para região Sul e começar uma entrada no Sudeste. A segunda parte do plano, que visa-

InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Fotomontagem: Rodrigo Martins

va à extensão da cobertura geográfica, foi postergada, mas tende a se intensificar, uma vez que, no início de 2010, a nascente deixou o Instituto Idéia e ganhou novo fôlego hospedada na incubadora Raiar, também dentro da universidade católica. “Queremos levar nossos softwares para todo o País dentro de um prazo de dois anos”, projeta Rodrigo Castro, diretor-comercial da companhia. Marcus Vinícius Costa, estudante de física, é sócio responsável pela área de desenvolvimento e Leonardo Cristofari, formado em sistemas de informação, cuida da parte financeira. No balanço dos últimos meses, a SulMob comemora a colocação de seus produtos em alguns clientes e o desenvolvimento de novas tecnologias. “A solução de força de vendas abre portas nas empresas”, comenta, citando como exemplo a demanda para desenvolvimento de um software de gestão empresarial (ERP) para um cliente de pequeno porte que substituirá uma ferramenta em uso contemplando, ainda, conceitos de mobilidade. De acordo com Castro, a meta é conquistar mais 20 clientes ao longo de 2010, dobrando, assim, o faturamento de R$ 120 mil atingido no último ano. “Mas estamos experimentando o mercado ainda”, comenta, para justificar que a projeção ainda não foi fechada. A companhia também persegue o objetivo de expandir a cobertura geográfica de atuação. Neste sentido, encontra-se em avaliação a possibilidade de firmar parcerias no Sudeste. “É um caminho”, analisa. Além disto, contatos do mundo acadêmico resultaram na possibilidade de vender as soluções da startup no Uruguai por meio de um acordo comercial com uma empresa do país vizinho. A cada edição, a seção Startup conta a história de uma empresa nascente.

Você conhece alguma organização de TI jovem e inovadora? Escreva para fdreher@itmidia.com.br

O diretor-comercial revela, ainda, a intenção de vender alguns aplicativos mais simples nas lojas virtuais dos fabricantes de smartphones. Contudo, isto ainda depende de uma pré-disposição do público corporativo em buscar soluções nas app stores. De fato, a IDC Brasil aponta integração de sistemas de gestão de clientes (CRM, na sigla em inglês), ERP, telemetria, localização e automação de força de vendas às plataformas móveis como iniciativas mais usuais das companhias no que se refere aos projetos para celulares inteligentes. “A melhor forma de usar uma aplicação é fazer com que ela se molde às necessidades da empresa”, comenta Vinicius Caetano, analista-sênior de telecom da consultoria, apontando que soluções deste tipo são um fenômeno grande no País, “mas ainda não alcançam as proporções do que é visto lá fora”. O especialista estima que o mercado local de aplicações móveis corporativas movimentou cerca de R$ 684 milhões, em 2009, incluindo SMS, que compõe a maior fatia deste valor. A expectativa é de crescimento segue forte para os próximos anos a medida que os smartphones avançam em tecnologia e se popularizam. A maturidade, acredita a IDC, virá a partir de 2012, quando o mercado será o dobro do atual. Enquanto isso, os pequenos desenvolvedores farão iwb grande diferença.

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Segurança

As projeções para o Brasil nos próximos dez anos são muito positivas. Eventos como a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e a conjuntura macroeconômica configuram-se em importantes vetores de crescimento. Os desafios serão inúmeros. Além da ampliação da infraestrutura básica, outro ponto relevante a ser resolvido relaciona-se à preparação e à formação da força de trabalho para suportar a expansão acelerada do País. O “apagão de recursos humanos”, sentido levemente nos meses que antecederam à crise de crédito mundial, deverá ser percebido mais profundamente pelo mercado à medida que os investimentos no País cresçam e que se viabilizem as estruturas de working capital e de execução dos planos de expansão no âmbito estatal e corporativo. A crise mundial pode ter potencializado ainda mais o surgimento de apagões setorizados, uma vez que muitas empresas no País dispensaram profissionais experientes, que, se foram repostos, o foram por profissionais menos qualificados e de menor custo. O mercado de trabalho no Brasil tem carências na formação profissional básica para muitos setores. Da mesma forma, profissionais com boa formação acadêmica e com experiência técnica mediana em áreas como segurança da informação estão sendo valorizados, muito embora ainda requeiram investimentos relevantes para o desenvolvimento de suas carreiras. Como parte da formação, temas como cultura empresarial, ética profissional, modelo de negócios e valores corporativos ajudam a ampliar as perspectivas do indivíduo no mercado de trabalho. A questão importante é que muito do desenvolvimento profissional recai sobre a pessoa e sobre a iniciativa privada, que dispõem de capa-

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Foto: Madalena Gutierrez

Vetores de crescimento Edgar D’Andrea

é sócio da área de segurança e tecnologia da PricewaterhouseCoopers

cidade limitada para a formação. Outro fato importante é que há uma nova geração que questiona a tradicional relação entre empregado e empregador. Essa geração dá indicativos que a decisão por onde trabalhar estará cada vez mais associada a modelos de gestão que sejam compatíveis com o perfil pessoal e os interesses individuais. No futuro, se prevê a coexistência de três modelos empresariais distintos. Um com foco na sustentabilidade sócio-ambiental da organização, valorizando a coletividade. Outro com foco na alta performance, valorizando indivíduos que apresentem bons resultados todo o tempo. E, finalmente, o modelo que tem foco na flexibilidade empresarial e na capacidade de se conectar globalmente, valorizando a capacidade de inovação e fragmentação que permita estar interligado permanentemente a redes colaborativas. Recrutar, desenvolver e reter pessoas nas organizações nos próximos anos não será uma tarefa trivial e nem um processo apoiado nas práticas tradicionais. Os desafios são enormes e fica a reflexão para aqueles gestores de segurança, de TI e de RH que buscam melhores profissionais no mercado, que querem estabelecer estratégias de formação e sucessão de pessoas na linha do tempo ou que querem remodelar a gestão de pessoas diante dos desafios de crescimento de suas organizações. InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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E S P E C I A L

w w w . i n f o r m a t i o n w e e k . c o m . b r

COMO SE PREPARAR PARA UMA ÉPOCA NA QUAL INOVAÇÕES CAPAZES DE MUDAR OS RUMOS DA HISTÓRIA NASCEM A CADA SEGUNDO? QUE NOVIDADES INFLUENCIARÃO A VIDA CORPORATIVA NOS PRÓXIMOS ANOS? ESPECIALISTAS EM GESTÃO E TECNOLOGIA RESPONDEM A ESTES QUESTIONAMENTOS

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Especial Reportagem de capa

Gestores do

futu Felipe Dreher

O

planeta vive um período de transformação profunda. O amanhã se modifica a cada fração de segundo. Em um ritmo cada vez mais intenso, inovações instantâneas chegam e trazem consigo impactos sistêmicos. Na mesma medida em que as novidades necessitam ser assimiladas — e isto exige um tempo de compreensão e reação —, as corporações precisam manter-se ágeis para não perder o tempo que as fará perma-

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necerem competitivas nesta era de urgências. O melhor seria uma bola de cristal para ajudar a traçar estratégias que garantam a longevidade das organizações. Mas isto ainda não existe. Se prever o futuro é impossível, a saída, então, é tentar gerenciá-lo. Os atores desse jogo devem compreender seu papel na construção da história. Hoje, muitas empresas ainda acreditam que o futuro será igual ao ontem só que

amanhã. Pegam dados de seu passado e projetam em um modelo para tentar antecipar seus próximos passos. Para coisas simples pode até funcionar. Contudo, para um mundo cada vez mais complexo, que vive transformações e desafios que incluem variáveis fora dos bancos de dados, já não basta. Avanços tecnológicos, disseminação de informações, barateamento de produção, interdependência de regi-

ões, maior fluxo comercial ao redor do globo e interação de diferentes áreas do conhecimento são apenas alguns elementos que acrescentam caldo à contemporaneidade. Se antes existia a mecânica e a biologia, hoje é possível fazer uma interseção entre as duas correntes propondo inovações. Rafael Ramirez, professor da universidade de Oxford e membro de um centro de estudos para antecipação es-

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O

COMPLEXIDADE VIROU QUASE QUE UM SINÔNIMO DE MODERNIDADE. CICLOS CADA VEZ MAIS CURTOS DE INOVAÇÕES DESAFIAM AS EMPRESAS PARA MANTEREM NEGÓCIOS LONGEVOS

TURO tratégica, diz que a gestão do futuro vem a partir da compreensão das casualidades, das conexões existentes entre fatos distintos, da correlação entre elementos paralelos que muitas vezes não tem um impacto tão direto no setor onde a empresa está, atualmente, inserida. Os empresários que conseguirem montar um cenário e traçarem planos eficazes sobreviverão às intensas transformações cada vez mais frequentes.

“O futuro se desenvolve a partir de ações tomadas no presente. Que aos poucos se torna passado”, sintetiza o professor de história contemporânea da UFRJ e coordenador do laboratório de estudos do Tempo Presente, Francisco Carlos Teixeira da Silva. Com uma visão crítica, ele identifica que os brasileiros pensam no desenvolvimento dentro de uma física de movimentos uniformes. “Mas, no século 20, as teorias

da Relatividade e do Caos nos disseram coisas extremamente relevantes sobre as novas formas de administração.” É preciso alterar as lógicas para conseguir saltos de qualidade. “Para moldar o futuro em direção àquilo que a gente deseja, não podemos nos conformar com as regras e métodos existentes. Precisamos buscar o diferente, o que não existe.” No início do século passado, grandes fabricantes de

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Especial Reportagem de capa

Foto: Ricardo Benichio

CRIAR OU, AO MENOS, ENTENDER

GARLAND, DA INNOVATIONSEED: “Se as novidades têm ciclos de vida cada vez mais curtos, os gestores precisam pensar as curvas de crescimento e desenvolvimento dos modelos de negócio dentro dessa perspectiva”

carroças morreram devido à chegada dos automóveis. A falência é atribuída ao fato de que os empresários definiam seus negócios ao redor do produto que vendiam. O erro soa grotesco, mas este tipo de postura pode ser vista nos dias de hoje. Uma grande inovação de 2009, o carro de baixo custo desenvolvido pela indiana Tata, pareceu realmente revolucionário. No entanto, observando a invenção por uma lente macro da administração contemporâ-

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nea — o trânsito caótico das grandes metrópoles (em especial, na Índia) —, veremos algumas complicações no horizonte. “Em vez de pensar como se transportar melhor, a empresa pensou no produto”, analisa Kip Garland, diretor da consultoria de processos em inovação InnovationSeed, avaliando que o veículo não trouxe o retorno esperado e resolveu uma questão instantânea e não o problema maior: melhor capacidade de locomoção.

O consultor mostra exemplos semelhantes na indústria de TI. “Ao longo dos anos, vimos sete mudanças nas arquiteturas de armazenamento. Deste total, quatro vezes, os então líderes de mercado, não conseguiram manter a posição na transição tecnológica.” Garland cita que os fabricantes que produziam storage em fitas, não conseguiram se posicionar a frente quando o mercado começou a comprar discos.

Entretanto, a maneira de as organizações trabalharem a inovação está passando por um período de transformação. Paulo Gustavo Franklin de Abreu, líder de estratégias de colaboração e negócios da Embraer, percebe uma mudança sensível na forma das companhias brasileiras traçarem planos e gerirem o futuro. “As empresas, no passado, avaliavam o ambiente competitivo externo em três situações”, comenta, para listar: “quando ocorria a mudança do CEO; antes do orçamento anual; ou quando era surpreendida por algum evento externo”. Definida a meta para os próximos três anos, era baixar a cabeça e começar a trabalhar para atingir os números estipulados como se houvesse um acordo com o ambiente externo de que não haveria nenhuma mudança. As coisas não podem mais serem conduzidas dessa forma, uma vez que as ameaças e oportunidades vêm de qualquer indústria ou região do mundo. Os mercados deixaram de ser cativos e os conhecimentos disse-

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minaram-se ocasionando homogeneização e diminuição dos ciclos de vida dos produtos. Isto faz com que as empresas necessitem acompanhar sistematicamente as variáveis externas que possuem maiores riscos e incertezas, além de identificar os chamados “sinais fracos” vindos de outros setores que podem impactar o negócio, mas não eram previstos anteriormente. Ou seja, uma inovação na indústria de embalagens pode afetar consideravelmente o mercado de transporte de produtos perecíveis. “Ganha o jogo quem se antecipa e consegue identificar tendências”, revela Abreu. Contudo, para traçar cenários futuros, a maior dificuldade em um contexto de gestão a cada dia mais complexo reside justamente em compreender adequadamente o mercado onde a empresa atua e seu papel no jogo.

Informações, em muitos casos, vêm incompletas, algumas antigas convicções podem cegar os líderes e as premissas que se tem em mãos podem não ser verdadeiras.

INOVAÇÃO URGENTE A preocupação em antecipar cenários reside, muitas vezes, no fato de que a inovação baseia-se no passado, em realidades existentes. “Isto é pobre. Precisa-se criar uma capacidade de inovar dentro de uma perspectiva futura”, inconforma-se Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral. Os ciclos de vida de produtos e serviços estarão mais concentrados, demandando novas soluções em velocidades muito mais altas de lançamento. No contexto, as empresas ganham mais em pouco tempo, mas o que você criou se torna obsoleto mais rapidamente. “Vivemos na era da perenidade”, contextualiza.

Compare o tempo que o telefone fixo levou para se massificar e compare com o avanço dos celulares. O Banco Central norte-americano (FED) mapeou as principais inovações do último século identificando seu comportamento alinhado a seus índices de crescimento. Todas tecnologias de destaque evoluíam de uma maneira não-linear, o que mostra que sofreram impactos não previsíveis. “Se as novidades têm ciclos de vida cada vez mais curtos, os gestores precisam pensar as curvas de crescimento e desenvolvimento de seus modelos de negócio dentro desta perspectiva”, comenta Garland, da InnovationSeed, usando o exemplo da General Electric (GE), companhia mais longeva na Bolsa de Nova York. “Eles começaram com lâmpadas e hoje produzem turbinas de avião, além de atuarem em diversos outros

“Não podemos mais procurar gênios. Precisa-se de pessoas que trabalhem em equipe que vivam no cotidiano”, Francisco da Silva, historiador

PONTOS DE ATENÇÃO GOVERNANÇA

> Padrões governamentais globais; > Ações de estímulo ou retração dos governos nacionais; > Transformações promovidas localmente como, por exemplo, iniciativas para mudar os modelos de cidades; > O desejo da corporação na construção de um ambiente global mais adequado no futuro; > O papel das comunidades na relação da corporação com a sociedade.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, REGULAMENTAÇÃO E RISCOS

> Adaptação de estratégias endereçadas às responsabilidades socioambientais e sustentáveis; > Visão além do lucro trimestral.

TRANSPORTE, TRÂNSITO E CUSTO ENERGÉTICO

> Como as cidades olharão e trabalharão em um mundo de “créditos de carbono” e geração de energia cada vez mais elevados; > Alternativas de custos que podem mudar esse cenário no que tange a cidades inteligentes.

DEMOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

> Migrações e êxodos seguem cursos econômicos e impactam na construção de cidades e ambientes; > Mudanças em modelos de negócio (do indústria para o serviço para a internet, por exemplo).

INFRAESTRUTURA

> Como a infraestrutura pode ser renovada ou repensada para gerar valor; > Que tipo de novos conceitos criarão novas formas organizações de cidades e construções.

TECNOLOGIA

> O impacto na mobilidade na construção de um novo perfil funcional; > Elementos tecnológicos que podem modificar a forma de organização das empresas e cidades; > A inovação constante e o aprendizado contínuo em diferentes niveis culturais, etários e hierárquicos; > Midias sociais e sua possibilidade de transformar relações; > A importância da tecnologia na construção de ambientes mais seguros.

OUTROS TEMAS

> Análise de custos e benefícios de um “movimento sustentável”; > A ética, os valores e os princípios; > Incorporação dos riscos futuros no balanço financeiro; > O fim das fronteiras e a presença das marcas regionais no mundo.

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Foto: Magdalena Gutierres

Especial Reportagem de capa

ARRUDA, DA FDC: “Precisa-se criar uma capacidade de inovar dentro de uma perspectiva futura”

negócios aparentemente sem relação com o foco inicial”. Uma forma de conseguir gerenciar várias ondas de crescimento e continuar uma instituição relevante, alerta o consultor, é estabelecendo um grande tema, maior do que qualquer uma das ondas menores, que dará a direção do futuro para onde a companhia quer chegar. Mas manter tal constância pode não ser simples. O historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva conta que, durante a crise global recente, empresas e Estados pre-

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ocupados com a longevidade aproveitaram o momento turbulento para promoverem um salto de qualidade baseado em intensivos investimentos em inovação. Na visão do professor, isso não pode ser visto no Brasil, que se apegou a ações pontuais. “Somos muito bons na capacidade imaginativa de propor soluções. O brasileiro tem respostas rápidas, mas a gerência é penosa.” A teoria do especialista é que tivemos uma gestão de qualidade quando pertencíamos a uma economia média, mas com a sofisticação econômica deixa-

mos de dar repostas adequadas. Isso fará com que o País saia da crise, “maior, mas o mesmo”. A visão pontual, portanto, pode não ser mais suficiente. Na opinião dos especialistas, o gestor do futuro precisa continuamente avaliar a proposta de valor da empresa para que o modelo de negócio e a estratégia da companhia não descolem da realidade do ambiente externo. O preceito contempla a disseminação de inteligência competitiva por todas esferas corporativas e a construção de uma cultura

que favoreça o fluxo de informações horizontal e verticalmente. Com isto, as empresas que se reposicionam dentro de propostas de valor tendem a mudar a estrutura hierárquica de acordo com o novo modelo estabelecido. Abreu, da Embraer, acredita que o estrategista moderno deveria ter em suas mãos três tipos de incertezas resolvidas antes de tomar decisões: de estado (o evento está realmente acontecendo?), de efeito (o que isso significa para nossa empresa?) e resposta (quais minhas opções de ações frente a esse evento?).

A METÁFORA 2.0 As redes sociais viraram uma forma figurativa de ressaltar a importância das interconexões da modernidade. Com níveis de interação constante e o fluxo cada vez mais caótico de informações, diversifica-se a atuação do CIO. “Trabalhar o futuro é entender os papéis das redes dentro da paisagem de soluções de TI”, avalia José Cláudio Terra, CEO da TerraForum Consulting. Historicamente, os gestores de tecnologia trabalharam muito (e com sucesso) as in-

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É preciso alterar as lógicas para conseguir saltos de qualidade formações internas da empresa e canalizaram esforços na automação de processos, ganhos de agilidade e eficiência. Tais atributos arraigados são expostos no estudo “A nova voz do CIO”, divulgado pela IBM Brasil em 2009 e que ouviu mais de 130 líderes de TI do País. Nele, os gestores nacionais são descritos como “visionários e pragmáticos, criadores de valor e agentes de redução de custo, decisores estratégicos e fontes de inspiração para a equipe técnica”. De acordo com o levantamento, os profissionais hoje preocupam-se com a mudança nos modelos de negócio, orçamento e fatores macroeconômicos. “Estamos na metade do caminho de uma mudança que vem acontecendo ao longo dos últimos anos”, reconhece Adriano Aquino, diretor de TI da Abyara Brokers e sócio do CIO On Demand. A orientação de uma estratégia para desenvolvimento de tecnologia contemplará o alvo apontado pela empresa e será tomada com base em

macro tendências sociais, econômicas e culturais. O gestor do futuro, talvez, terá menos que fazer previsões e passará a fazer criações para levar o curso da história para onde ele imagina que as coisas se transformarão. “A TI como suporte tende a ficar no passado devido à automatização. A área precisará ser reorientada para criar experimentação e modelos de negócio”, avalia Kip Garland, dizendo que a tecnologia terá a função de facilitar a interação cliente-empresa. Restará ao CIO entender todo o processo para canalizar a sabedoria de seu time em busca da melhor solução possível para o negócio. “O único ganho de escala virá da criação de plataformas de experimentação”, projeta. É provável que as definições clássicas dos cargos percam a relevância. “O que vai ficar cada vez mais importante será a capacidade dos profissionais de atuarem em múltiplos projetos”, diz o CEO da TerraForum, prevendo que essa forma flexí-

Colocar todo mundo na linha de frente da inovação implica não passar fórmulas, mas desafios aos times

vel ajudará a potencializar habilidades individuais para a conquista de um objetivo comum. As pessoas, então, desfrutarão um maior grau de liberdade, o que, por sua vez, aumenta a responsabilidade. Colocar todo mundo na linha de frente da inovação implica não passar fórmulas, mas desafios aos times. Na avaliação de José Terra esta postura foi desencadeada pelo fato de as corporações não saberem de antemão todos os desafios que terão pela frente. Se gestão é conjunto, valerá mais a cooperação e não a competição. Algumas empresas continuam incentivando com bônus financeiro os funcionários que atingem patamares de vendas ou produção. “Não podemos mais procurar

gênios. Precisa-se de pessoas que trabalhem em equipe que vivam no cotidiano. Não adianta colocar um sujeito com 180 de QI desplugado do mundo. O especialista isolado não é mais um quadro ideal”, conclui o historiador Francisco da Silva sobre a forma de organização necessária aos construtores do futuro. Resta a certeza de que as distâncias não são mais barreiras e o mundo de amanhã mostra-se ainda mais complexo do que o de agora. Se a mudança é constante, a inovação, a adaptação, a visão sistêmica serão fatores necessários aos que querem empresas longevas. Afinal, o ditado que diz “a idade da pedra não acabou por falta de pedra” traz uma IWB boa carga de verdade.

O CIO STUDY APONTOU ALGUMAS SUGESTÕES PARA OS LÍDERES DE TI SEGUIREM ESSE CAMINHO: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

Promover a integração entre TI e negócios Incentivar a inovação Expandir a importância do papel do CIO Colaborar com a visão empresarial Promover a colaboração e o uso de parceiros de negócios Decodificar os dados, entregando informações pertinentes ao negócio Promover novos canais de interação com o consumidor Ampliar a integração e a transparência Padronizar processos e criar sistemas mais eficientes Implementar uma infraestrutura compartilhada e dinâmica Profundo conhecimento do negócio Liderar e dedicar parte do seu tempo à inovação

Fonte: IBM/2009

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Especial Reportagem de capa

S I E V Á T I V INE

U T P U R VITOR CAVALCANTI

H

á quantos anos a máquina de escrever deixou de fazer parte da realidade dos principais escritórios no Brasil? Quantos faxes você enviava há uns dez anos e quantos envia e recebe atualmente? Você se lembra quando a telefonia móvel chegou ao Brasil? Na época, conseguia imaginar que aqueles aparelhos de design duvidoso se converteriam em smartphones complexos e conectados à

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internet? Talvez você nem tenha se dado conta que estes episódios influenciaram sua vida, mas eles integram uma série de (r)evoluções tecnológicas que vem mudando a forma como as pessoas trabalham e se relacionam E este processo não para. É claro que nada ocorre da noite para o dia. Mesmo quando um especialista apresenta uma novidade, como foi o caso da internet,

os impactos na rotina são sentidos aos poucos — e as alterações são mais bem perceptíveis quando observadas no todo, ao se olhar para trás. Contudo, quanto mais avançamos, mais rápida é a absorção de uma determinada tecnologia e as grandes rupturas não demoram mais décadas para acontecer. Vinton Cerf, evangelista do Google, fala, por exemplo, em web interplanetária.

Mas, se por um lado as inovações tecnológicas mudam o dia a dia das pessoas, por outro respondem aos anseios da sociedade e até criam necessidades. Nesta via de mão dupla, alguns exemplos dos impactos são muito claros. Compare como se trabalhava há 15 anos e hoje. Agora, olhe para o futuro. Já se sabe que na empresa do amanhã o escritório físico perderá sua importância. A flexibilidade na rotina do trabalho decor-

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MOBILIDADE, CO DA MODALIDAD MPUTAÇÃO EM NUVEM, G TODO LUGAR ESE COMO SERVIÇO E BANDAEOLOCALIZAÇÃO, DISSEMIN MUNDO EMPRE TÃO ENTRE CONCEITOS QU LARGA MÓVEL DISPONÍVE AÇÃO L SARIAL E DA SO E CIEDADE EM GDEETERMINARÃO OS RUMOSEMD RAL O

TURAS re dos avanços da tecnologia. “É algo que virá. As pessoas estarão conectadas e com internet disponível em todo lugar. Com isto, serão criados novos tipos de corporações e um novo corporativismo”, corrobora Michael Cusumano, professor de administração e engenharia de sistemas do Massachussets Institute of Technology (MIT) e integrante do grupo de inovação tecnológica da instituição. A mobilidade veio para

ficar, mas ela está apenas começando. Levantamentos apontam que, até 2015, serão 15 bilhões de máquinas conectadas, podendo ser desde um celular até uma geladeira. A IDC acredita que em 2013 o mundo terá um bilhão de dispositivos móveis conectados e a internet móvel será usada cada vez mais para compras e acesso a aplicações corporativas. Tais números evidenciam a força que a mobilidade exer-

cerá dentro de alguns anos. Os profissionais da geração Y contribuem para esta revolução por conta do perfil comportamental, no qual a qualidade de vida se torna crucial, mesmo num mundo altamente competitivo. Um estudo apresentado em 2008 pela Pew Internet and American Life Projetc revelou que, para 77% dos 1.196 entrevistados, até 2020, os dispositivos móveis terão mais capacidade de proces-

samento e se tornarão a primeira plataforma de acesso à internet. Enquanto isso, Tomi Ahonen, especialista em mobilidade reconhecido mundialmente, projeta para daqui a dez anos que, em muitos países, metade da economia transitará em pagamentos efetuados por telefones móveis. O diretor do centro de tecnologia e sociedade da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, Ronaldo

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Foto: divulgação

Especial Reportagem de capa

CUSUMANO,DOMIT: “Asoluçãoé transformarprodutosemserviços,em assinaturas,comoaApplepensacom otableteaAmazon,comoKindle.Você podefazercomsmartphonestambém”

Lemos, concorda com essa tendência, no entanto àqueles que pregam a morte do escritório tradicional o especialista aposta em um modelo híbrido. Ou seja, a empresa como hoje é conhecida se tornaria um ponto de encontro, não necessariamente o principal, estando conectada com outros hubs. “O home office é uma realidade, mas não substitui o escritório físico e não substituirá nos próximos dez anos. Acredito no modelo onde as pessoas se reúnem no local físico para

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troca de informações e depois seguem em campo.” Dentro desse contexto, continuariam cumprindo uma rotina diária nas corporações aqueles que possuem função braçal e justificam uma ida até a sede. Entrariam em cena robôs, automatizando ainda mais as linhas de produção. A evolução da robótica permitirá esta guinada. O jornal China Daily soltou previsão, de acordo com o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), em Brasília, que até 2018 robôs assumirão função de cozinheiros nas casas. Isso tem ainda relação direta com o envelhecimento da população. Há pesquisas que indicam que, até 2050, haverá mundialmente mais pessoas com idade superior a 60 anos que indivíduos de 14 anos, elevando a necessidade de automação de serviços que exigem muito esforço físico. É a tecnologia atendendo às necessidades da sociedade. Contudo, para as transformações ocorrerem em sua totalidade, questões como mudanças na legislação trabalhista, que precisará ser mais flexível, e regras de aposentaria também pre-

cisarão ser revistas. Afinal, aos 60 anos, um profissional poderá estar no auge de sua capacidade intelectual e contribuindo com as empresas.

NOVOS MODELOS A mudança no estilo do trabalho ou mesmo na adoção mais acentuada do home office é apenas uma parte de uma série de paradigmas que poderão ser quebrados nos próximos anos a partir de tecnologias existentes, como a computação em nuvem. Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias aplicadas da IBM, acredita que cloud deve se tornar algo mais normal já em 2012, além de conceitos que se agregam a ela como software como serviço (SaaS, da sigla em inglês), causando rupturas na indústria de TI, na forma como as corporações administram seus dados e também na maneira como negociam a compra de softwares. Isso inclui a tendência muito forte — e sem volta — de transformar praticamente tudo em serviço. O lado cruel é que especialistas apontam que diversas companhias, principalmente fornecedores de TI, talvez

não sobrevivam a tais mudanças, sucumbindo ou sendo adquiridas por players maiores. “Tudo depende do segmento de atuação, mas, certamente, a indústria de software será bastante modificada. Jornais, livros, agências de viagem, livrarias, sofrerão muitas rupturas nos próximos quinze anos e isto está se acelerando”, pontua Cusumano, do MIT. Já Taurion, da IBM, fala sobre essa mudança de modelo numa tentativa de não criar um alarde. Para o executivo haverá, sim, uma grande mudança de filosofia, inclusive chegando até a parte de estabelecimento de um novo mecanismo para premiação da força de vendas. Nada, entretanto, que as companhias não possam se adaptar. “Leva algum tempo? Sim. Até para as empresas que têm modelo estruturado na forma atual, mas isto não é radical. Não é reinventar algo, mas mudar o modelo de negócio”, avalia. Antes, no entanto, Taurion havia confessado que, quando se parte para um modelo de serviço, a responsabilidade do fornecedor aumenta, uma vez que o software es-

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bilhões em receita publicitária”, pontua, trazendo para a discussão a tendência de se oferecer as coisas gratuitamente, embora nem tudo e nem sempre seja completamente sem custo. Reverter a gratuidade para pagamento é algo quase improvável em sua totalidade. O professor Lemos, da FGV, lembra que nem todos vão querer pagar por um conteúdo, já que a internet deixa disponível uma gama de páginas informativas muito grande. “Você não consegue que todos paguem, mesmo com micropagamentos. Acredito em um modelo ‘freemium’, onde parte é gratuita e os serviços premium são cobrados.”

OS PILARES Questionado sobre os principais conceitos que trariam rupturas nos próximos cinco ou dez anos, Cusumano, do MIT, citou quatro pontos:

mobilidade (nos próximos dez anos); banda larga móvel (disponível em todo lugar e gratuitamente nas ruas); aplicativos de geolocalização; e serviços (como modelo de negócio). “O SaaS é um exemplo de como transformar um produto em serviço e ele se tornará muito popular. Hoje, 3% ou 4% das empresas mundialmente têm aplicações como serviço, mas, em cinco anos, deve chegar a 30%.” Entretanto, o cenário no Brasil e também em outros países da América Latina diferencia-se um pouco. Será realidade ao observar as grandes corporações, mas, em geral, como argumentou Lemos, da FGV, a região precisará evoluir muito. “Ele [Cusumano] tem toda razão quando cita os quatro pontos, porém, no Brasil e na AL, nos próximos dez anos, o avanço da inclusão digital fará a

LIÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA O professor do MIT Michael Cusumano acaba que escrever o livro Staying Power: Six Enduring Principles for Managing Strategy & Innovation in an Uncertain World (Lessons from Toyota, Microsoft, Intel, Apple, Google, and More). Confira os seis princípios apontados pelo especialista após diversos estudos: > Pense em plataformas e não em produtos > O mundo é serviços e não mais produtos > Capacidades e não apenas estratégia > Seja mais pé no chão > Atente-se ao foco e não apenas à escala > Flexibilidade e não eficiência

Foto: divulgação

tará na nuvem do fabricante, que responderá por qualquer problema de acesso ou de segurança. Por outro lado, a vida do cliente é facilitada, pois ele poderá cancelar o serviço como faz com uma linha de celular. O modelo de serviços é algo que as companhias precisarão aprender. “A solução é transformar produtos em serviços, em assinaturas, como a Apple pensa com o tablet e a Amazon, com o Kindle. Você pode fazer com smartphones também”, sinaliza o professor do MIT. Embora argumente desta maneira, Cusumano enxerga o futuro destas empresas com um pouco de incerteza. “Não temos uma solução ainda. O The New York Times anunciou que irá cobrar pelo conteúdo online, não se sabe o que vai acontecer. Muitos jornais e companhias de mídias foram desafiados pelo Google que captou

LEMOS,DAFGV:"Ousoinovadordasredes sociaisterámuitaimportânciaeécrescente. Nãosepodeignoraropoderdelas"

A mudança no estilo do trabalho ou a adoção mais acentuada do home office é apenas uma parte de uma série de paradigmas que poderão ser quebrados nos próximos anos a partir de tecnologias existentes 41

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Especial Reportagem de capa

Foto: Magdalena Gutierres

BRIGA PELO PADRÃO

TAURION,DAIBM: "Ajunçãodemobilidadeenuvemdemonstraráoparadigmacomputacional"

grande diferença”, ressalta Lemos. “Cloud e mobilidade pressupõem infraestrutura de rede instalada e isto passará pela inclusão digital.” O especialista brasileiro também acredita que a realidade dos grandes grupos empresariais seja diferenciada, ainda assim, alerta que, para colocar tudo em cloud computing, tais companhias precisarão contar com uma banda larga de qualidade, além de resolver pontos relacionados à segurança de dados. E os desafios que o Brasil possui em internet rápida são claros. A velocidade provida é baixa e a

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qualidade, dependendo da região, duvidosa. Na área móvel, falta leilão de banda e pesquisas para teste com tecnologias mais avançadas como Long Term Evolution (LTE). Certamente, a previsão do Reino Unido de internet banda larga disponível em qualquer lugar até 2015 não será a mesma para a realidade brasileira. O diretor de desenvolvimento de tecnologia da Intel para América Latina, Reinaldo Afonso, vê como desafio na computação em nuvem o desenvolvimento de um protocolo de troca de informações entre as nuvens dos diversos fornecedores que

surgirem, levando assim mais liberdade aos clientes. “Por que não usar o melhor de cada prestador? Isto demora por depender de padronização. No início, haverá mais conservadorismo, mas depois muda. Quando a necessidade for identificada, se desenvolve rapidamente.” A ideia do executivo é que a companhia tenha um CRM na nuvem X, um storage com Y e alguns aplicativos na W — tudo conversando e trocando informações. Existem iniciativas neste sentido como a do Open Cloud Manifesto, que discute adoção de parâmetros para o conceito. “Hoje, quando se fala

O que esperar o futuro da web? O governo da Coréia do Sul, conforme cita o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), sediado em Brasília, acredita que até 2015 haverá a possibilidade de transmitir aromas pela internet, o que seria uma imensa revolução para o comércio online. Mas, à parte destas previsões, o diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, Ronaldo Lemos, ressalta a briga para o estabelecimento de um padrão de interoperabilidade, que poderia ser aberto ou fechado. “Hoje temos dois modelos em termos de negócios, o primeiro baseado na abertura da rede, e protagonizado por Google e Mozilla, e o sistema fechado, liderado por Apple e Microsoft”, explica Lemos. “A Apple cria redes dentro da rede. Todos os sistemas são fechados e proprietários. Te fecha no mundo Apple.” O especialista acredita que o Facebook segue a mesma linha, mas com um pouco mais de abertura, o que configuraria um modelo híbrido, já que a rede social permite o desenvolvimento de aplicativos, como os diversos games disponíveis. Já o Google encabeçaria a luta pela abertura radical, onde todos participam do desenvolvimento. Lemos cita o próprio Nexus One como um exemplo. “A abertura favorece a competição e o fechado, a concentração. No modelo da Apple não tem ecossistemas de muitas empresas competindo.”

InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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ADRÃO

uro da Coréia ta o Estudos , sediado a áa nsmitir et, o nsa mércio destas do ae Ronaldo riga ento

que ou

odelos cios,

,e Google ma or Apple a Lemos. dentro da mas são ários. Te ple.” dita que a mesma pouco que odelo e social vimento o os poníveis. çaria a adical, am do emos cita e como rtura ção e o ação. No o tem uitas ndo.”

Para Ahonen, os celulares se converterão em uma espécie de concierge. Ou seja, o aparelho terá a capacidade de coletar dados “da nuvem” e trabalhá-los de forma a ajudar o dono do aparelho em tecnologia, pensa-se em um servidor e por meio do PC acessa-se às informações. Em dez anos, será com cloud e mobilidade. As mudanças e rupturas transformam exponencialmente, mas no dia a dia você não vê”, divaga Taurion, da IBM. “Nuvem é capacidade computacional em qualquer lugar, você não precisará de uma máquina potente, o armazenamento poderá estar em cloud. A junção mobilidade e nuvem será o modelo que demonstrará o paradigma computacional.” Uma das previsões feita por Ahonen, especialista em mobile, para 2020 congrega o discurso de mobilidade e computação em nuvem levantado por Taurion. Para Ahonen, os celulares se converterão em uma espécie de concierge. Ou seja, o aparelho terá a capacidade de coletar dados “da nuvem” e trabalhá-los de forma a ajudar o dono do aparelho. Para agendar uma reunião, por exemplo, o sistema puxará foto do Facebook, trará

o perfil no Linkedin etc. Ele lembra, contudo, que, para isto acontecer, será necessária banda larga mais rápida e de melhor qualidade que a atual 3G. A Pyramid Research acredita que até 2015 serão 100 milhões de assinantes de 4G com tecnologia LTE.

SURGIMENTO DO INESPERADO Diante da realidade desenhada pelos especialistas ouvidos por InformationWeek Brasil, chama atenção também algo alertado pelo diretor do centro de tecnologia e sociedade da FGV. Lemos afirma que, em nações como o Brasil, onde o avanço tecnológico segue etapas diferenciadas dos países ricos, não é de surpreender o surgimento de modelos alternativos. Ele cita como exemplo um grupo de Belém (PA) que utilizou a tecnologia para criar e distribuir música, driblando os percalços da indústria de entretenimento. Seguindo a mesma linha, ele acredita

que as redes sociais, especialmente no Brasil, são pontos de evolução e que merecem muita atenção. “Há empresas de pequeno porte que surgiram dentro do Orkut”, comenta. “O uso inovador das redes terá muita importância e é crescente. Não se pode ignorar, no Brasil, o poder delas. Tem a característica da socialização e também gera modelos inesperados e locais.” O fenômeno do Orkut no País fez com que o Google transferisse o comando da rede social para a subsidiária brasileira. No Twitter, o Brasil só perde para os Estados Unidos e a adoção do Facebook está em alta. É difícil garantir que qualquer projeção seja concretizada. É fato, entretanto, que algumas ações discutidas na reportagem integram, de certa forma, a realidade. Para Taurion, da IBM, a revolução, a ruptura, é algo exponencial quando se olha o todo, mas, na rotina, é como um tratamento seguindo doses homeopáticas. A mobilidade,

por exemplo, tem sua bandeira levantada há alguns bons anos e agora se começa a construir algo mais concreto e de valor, devendo causar uma revolução na troca de informações nos próximos anos. Cloud está acontecendo, mas há muito o que evoluir. Banda larga, nem se fala. O Brasil é um país que ainda considera internet rápida toda conexão acima de 256 Kbps, algo inimaginável nos cenários colocados pelos entrevistados. Em relação aos modelos de negócios, as rupturas estão em curso e, passo a passo, as companhias se aventuram com lançamentos que pisam em terrenos desconhecidos. O mesmo que ocorreu em civilizações anteriores, que sucumbiram às colonizações, guerras e avanços tecnológicos veremos acontecer no mundo empresarial. Em dez ou quinze anos, ao avaliar o todo, teremos uma noção mais exata de como todas as previsões concretizadas causaram imensas alterações na forma IWB de ser, pensar e agir.

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Especial Reportagem de capa

Sistema operacional móvel Android será o segundo mais usado. Até lá, os embarques de smartphones devem atingir 390 milhões de unidades (IDC) 60% das emissões de gases estufa na vida total dos computadores terão ocorrido antes que o usuário ligue a máquina pela primeira vez(Gartner)

Google compete com iPhone ao lançar o Nexus One e Apple tenta causar frisson com o tablet iPad

2010

Gastos com TI devem atingir US$ 1,48 trilhão, abaixo do recorde de US$ 1,5 trilhão em 2008 (IDC)

Long Term Evolution (LTE) ganha destaque em 2010 e mercado de infraestrutura para tecnologia 4G chega a US$ 5 bilhões em 2013 (Infonetics Research

2011

Smartphones responderão pela metade dos hotspots conectados em todo o mundo. Predominância das operadoras móveis neste segmento de mercado ajudará na popularização

Mercados de contact center IP e comunicação unificada devem retomar crescimento de dois dígitos, com vendas ultrapassando US$ 1 bilhão em 2012 e 2013 (Infonetics Research)

2012

20% das empresas não terão ativos de TI: virtualização, cloud computing e profissionais usarão sistemas em redes corporativas (Gartner) Facebook se tornará um hub para integração de redes sociais e socialização web (Gartner)

Assinantes móveis atingirão 5,9 bilhões por forte demanda na China, Índia e África (Infonetics Research) Número de dispositivos móveis acessando internet ultrapassará um bilhão (IDC) Políticas de estímulo econômico da China levarão os gastos de TI a atingir US$ 39 bilhões (Gartner)

2013

Controle de voz substituirá 30% das funções com mouse e teclado (TechCast) Telefones celulares ultrapassarão os PCs como dispositivo mais comum para acesso à web (Gartner) Penetração de VoIP no mercado norte-americano atinjirá 79%, contra 42% em 2009 (In-Stat) Embarques de aparelhos leitores de blu-ray ainda estarão atrás dos embarques de DVD, mas receita já será superior (In-Stat) População de trabalhadores móveis atingirá 1,19 bilhão (IDC)

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Tradutor universal se tornará comum. Todos os celulares de entrada terão tradutores de voz e texto. (Tomi Ahonen) Supercelulares custarão US$ 10. Em 2020, os celulares serão melhores e mais baratos que os modelos mais cobiçados atualmente como iPhone 3GS, Nexus One e Nokia N900. (Tomi Ahonen)

Apesar do domínio do LTE como tecnologia 4G, o WiMax será usado por 53 milhões de pessoas, se configurando como uma forte opção à Long Term Evolution (Pyramid Research) Queda exponencial nos preços de produtos tecnológicos aumentará uso de semicondutores no armazenamento de dados (World Future Society)

2014

Custos da correção de carbono integrarão grande parte dos cases de negócios. Apelo de responsabilidade ambiental também deverá crescer (Gartner) 3 bilhões de pessoas poderão efetuar transações eletronicamente por meio de celulares ou internet (Gartner)

2015

Redes de banda larga estarão disponíveis em qualquer lugar e a qualquer momento (governo do Reino Unido) A internet será é capaz de transmitir aromas na mesma capacidade que transmite dados (Governo da Coréia do Sul) Robôs prestarão serviços de check in (Henley Centre HeadlightVision) Embarques de tablets deve atingir 57 milhões de unidades por ano (ABI Research)

Metade da economia em muitos países transitará por pagamentos feitos por dispositivos móveis. O crescimento acelerado do banco e crédito móvel mudará os sistemas de pagamentos em muitos países. Combinado com a publicidade móvel, o dinheiro móvel transformará o celular em uma carteira com nossas chaves e cartões de identificação. (Tomi Ahonen)

2020 2025

Telefones se transformarão em concierge. Com pagamento, calendários, mídia e outras informações integradas, a concierge agregará ao telefone funções como secretária, contabilidade, entre outras, para auxiliar no dia a dia. Como a Amazon se antecipa e sugere um lançamento, o celular avatar comandará praticamente rodará nossas vidas, respostas, chamadas, enviará mensagens em nosso nome, solicitará bens e serviços e nos alertará de compromissos. (Tomi Ahonen)

Decisões serão tomadas por entidades nãohumanas, reduzindo erros (World Future Society)

Publicidade móvel se converterá em uma grande plataforma de anúncios. Apesar de o crescimento e da maturidade, a publicidade móvel não deverá matar modelos da mídia antigoa, como TV, internet tradicional e impressos. (Tomi Ahonen) Dispositivos de comunicação serão usados para acesso à informação em qualquer lugar (Rand Corporation) Marketing via internet será regulamentado, controlando mais de US$ 250 bilhões em gastos globalmente (Gartner)

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Telecom

Otimismo e planos ambiciosos para os próximos anos. Empresas se preparam para surfar a grande onda de investimentos públicos e privados que deve passar pelo Brasil em um futuro breve. É o momento de se estruturar e aproveitar as oportunidades que estão se abrindo. O problema é que muitos estão fazendo isso de maneira descoordenada, ou como falamos no dia a dia, saem atirando para todos os lados, transformando o mercado num tiroteio maluco. Falta articulação estratégica, formação de alianças visando a ganhos conjuntos. Em muitos casos, é cada um por si e todos querendo abocanhar a maior parte do bolo, até mais do que podem digerir. Poucas empresas enxergam que provavelmente a oportunidade nos próximos anos é tão grande que alguns segmentos podem ter mais demanda que a oferta local, obviamente atraindo companhias internacionais. Existe uma demanda crescente por planos diretores de tecnologia de longo prazo (5 anos). Por incrível que pareça algumas empresas nunca fizeram antes. Acredite: a maioria não tem um planejamento de tecnologia. E, das que já fizeram, alguns foram feitos isoladamente pelas áreas de TI. Erro fatal. Um plano de tecnologia não pode ser levado a sério se não considerar uma análise do mercado em que a companhia está inserida. E plano que se preze deve conter claramente de onde se quer partir e onde se quer chegar. Parece óbvio, mas algumas empresas sequer sabem onde elas estão. Hoje, existe até mais controle, mas atire a

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Foto: divulgação

Planos Luís Minoru Shibata

Diretor de consultoria da PromonLogicalis.

twitter.com/luisminoru

primeira pedra o CIO ou gestor de tecnologia que nunca se deparou com um “servidorzinho não identificado” ou aplicações “escondidas” em áreas operacionais. Além disso, o plano deve ser viável, não um delírio. Outra observação importante é que de nada adianta montar um cenário desejável em 5 anos, mas que na realidade jamais será alcançado por questões de orçamento, por exemplo. Um plano deve ser obrigatoriamente executável. Enfim, os profissionais ou empresas que desenham estratégias, devem obrigatoriamente entender da sua viabilidade e, preferencialmente, contar com a participação de todos os envolvidos. Esse é um dos pontos que o plano começa a parecer uma coisa do além, impossível de ser feito. Ainda mais porque as pessoas estão cada vez mais pressionadas pelos resultados de curto prazo. É o momento que começa a surgir o pensamento “está querendo demais, vai saber o que estarei fazendo daqui a cinco anos”. A sua empresa certamente quer abocanhar as oportunidades trazidas com os investimentos em infraestrutura para Copa do Mundo, por exemplo. Mas ela sabe como quer estar daqui a três anos, época que a grande parte do investimento estará sendo feito? E, se sabe, como quer estar e como chegará lá? InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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CIO INSIGHT VIVEMOS A ERA DO CONHECIMENTO. TAL PREMISSA REFLETE DE FORMA INTENSA EM DISTINTAS ESFERAS DA SOCIEDADE, IMPRIMINDO MUDANÇAS PROFUNDAS CADA VEZ MAIS VELOZES. A FORMA COMO A INFORMAÇÃO É TRANSMITIDA E RETIDA PELO INTERLOCUTOR SOFREU IMENSAS TRANSFORMAÇÕES A MEDIDA QUE A TECNOLOGIA INSERIU-SE COMO ELEMENTO NOVO NESSE CONTEXTO. NOS ARTIGOS A SEGUIR, VOCÊ VERÁ A OPINIÃO DE GESTORES DE TI QUE ATUAM NO SETOR DE EDUÇÃO. OS TEXTOS EXPLORAM QUESTÕES COMO O PARADIGMA CULTURAL QUE IMPLICA LEVAR TECNOLOGIA PARA A SALA DE AULA; OS IMPACTOS DE NOVAS SOLUÇÕES NAS ROTINAS EDUCACIONAIS E A IMPORTÂNCIA DA MULTIDISCIPLINARIDADE NA FORMAÇÃO DA CARREIRA DE CIO.

AS NOVAS FRONTEIRAS DO SABER José Augusto Brito, do Mackenzie, analisa a importância de uma formação multidisciplinar para a construção da carreira de CIO.

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3 ARTIGOS ESPECIAIS lay_cio_insight 47

Foto: Magdalena Gutierrez

Virtualização a serviço do professor. Marcelo Pereira dos Santos, da Fiap, reflete sobre os impactos do conceito aplicados na vertical de educação.

Foto: Ricardo Benichio

Novos paradigmas. Eduardo Lucas Pinto, do Colégio Dante Alighieri, avalia os benefícios das soluções tecnológicas no ambiente educacional.

Eduardo Lucas Pinto | Marcelo Pereira dos Santos | José Augusto Brito

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F CIO Insight

Leia todos os artigos em: www.itweb.com.br/iwb/cioinsight

Foto: Ricardo Benichio

O ser humano, ao mesmo tempo que almeja o progresso e a eficiência, tem receio de mudanças que representem perda de controle ou necessidade de aprender algo novo

O paradoxo educacional

Eduardo Lucas Pinto é CIO do Colégio Dante Alighieri

Para atuar no segmento educacional, o CIO deverá entender de duas tecnologias: a da informação e a da educação. Hoje, os diretores de TI têm uma atuação modificada dentro das empresas devido à governança corporativa. Uma das principais preocupações é garantir a aderência dos principais atores a códigos de conduta pré-acordados, através de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos de interesse. Como em todas as áreas, o gestor de tecnologia deve entender do segmento em que irá atuar. Em empresas do setor educacional, ele deverá entender de pedagogia para poder ajudar o professor a implementar novas soluções em sala de aula. Hoje estamos em uma fase de transição entre a antiga e a moderna educação. Antigamente, o modelo de ensino era baseado no poder que o professor exercia sobre os alunos na sala de aula, mas hoje, com o advento da internet, surgiu uma nova geração, a do conhecimento. Os membros desse grupo questionam, interagem, querem fazer suas escolhas e não aceitam passivamente o método antigo de impor o saber. O ser humano tem um comportamento paradoxal. Ao mesmo tempo que almeja

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o progresso e a eficiência, tem receio de mudanças que representem alguma perda de controle ou a necessidade de aprender algo novo. A entrada das tecnologias digitais na sala de aula criou um diferente paradigma na educação: as novas ferramentas que os professores podem usar, embora ainda mal as conheçam, são geralmente do domínio dos alunos. As escolas têm, pela frente, um desafio e uma oportunidade. O desafio: formular um projeto pedagógico que contemple as inovações tecnológicas e promova a interatividade dos alunos. A oportunidade: deixar para trás um modelo de ensino que se tornou obsoleto no século XXI. A educação antiga não ensina o professor a lidar com o inespe-

rado, com a mudança de posicionamento do educador, que agora deve sair do “centro do universo” para ser o guia do processo de aprendizagem, servindo de elo entre o aluno e a academia. O CIO tem como função básica ser o elo entre os professores e as novas tecnologias, mostrando como aplicá-las no dia a dia. Cabe ao gestor de TI entender as diferenças entre as diversas áreas envolvidas e ajudar na aplicação de uma mesma ferramenta de acordo com a necessidade de cada área. A tecnologia sempre estará à frente nesse processo. Restam às duas áreas de tecnologia (a Pedagógica e a da Informação) trabalhar em conjunto para que a implantação dessas novas soluções nas instituições de ensino aconteça de forma integrada.

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Os benefícios da virtualização

Ao usar esta tecnologia, a área de TI aproxima-se da academia, podendo proporcionar aulas cada vez mais prazerosas, uma vez que os professores terão menos preocupação em deixar o ambiente preparado e funcionando a cada aula, e poderão concentrar seus esforços e tempo para preparar novas experiências de uso. A facilidade de restaurar e criar ambientes virtualizados também fortalecerá a parceria professor e área de TI das instituições de ensino, pois o docente poderá enviar toda a programação das aulas por turmas e caberá à área de tecnologia preparar os ambientes de forma segura e confiável. Com os ambientes preparados, o professor pode acessar remotamente sua área para validar cada aula. Os mecanismos de virtualização atuais permitem alocar os recursos necessários dinamicamente e de

forma eficiente para diversas aulas simultâneas. Um exemplo poderia ser uma empresa fictícia com dez filiais, em que os alunos precisassem fazer a configuração do sistema operacional, permitir acesso aos servidores de arquivos e impressoras de cada localidade. Nesse desafio, os estudantes trabalhariam em equipes exercitando o trabalho de interação nas empresas, bem como suas habilidades técnicas sem restrição de acesso às máquinas virtuais. Após esta turma usar o ambiente, outra poderia fazê-lo em poucos minutos, sem problemas. Para preparar uma infraestrutura como esta, é necessário realizar um bom estudo no conteúdo das aulas dos professores, avaliar a compatibilidade dos softwares neste ambiente e dimensionar o hardware para atender, sem perda de desempenho, as atividades propostas nas aulas.

A facilidade de restaurar e criar ambientes virtualizados também fortalecerá a parceria professor e área de TI das instituições de ensino

Foto: Rogério Moreno

Quando se fala em virtualização, é comum pensarmos em redução de custos, facilidade de gerenciamento e uso eficiente de energia, sendo este último item o foco das atenções no panorama ambiental que estamos vivendo. Para o setor de educação, virtualizar traz outros benefícios de valor agregado muito grande. Um deles é a possibilidade de criar diversos cenários para ilustrar os conteúdos de cada aula ministrada de forma muito flexível para o professor.

Marcelo Pereira dos Santos é diretor de TI da FIAP

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F CIO Insight

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Formação holística A construção de uma carreira profissional de CIO, como ocorre em outras atividades executivas, é composta por fatores que transcendem as decisões puramente racionais, e incluem os sonhos, os desafios, a satisfação no trabalho, as oportunidades e as compensações, tudo isto associado a uma formação continuada e multifacetada.

trabalhar no segmento de tecnologias inovadoras aplicadas, inicialmente, a instituições de educação básica e, posteriormente, nas de nível superior. Logo que vim para o Mackenzie, em 1999, busquei conhecer pessoalmente muitas renomadas universidades em vários países. Foram experiências, dentre outras tantas, que balizaram minha visão para os anos subsequentes: planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, adoção e inovação na aplicação de tecnologias da informação, empreendedorismo, valorização da ética e da cidadania, internacionalização e novas culturas, foco nos negócios e a busca por resultados. Portanto, o investimento contínuo na formação, associado a uma visão mais ampla, maximiza os resultados em todos os ciclos ao longo da vida profissional.

Investimento contínuo na formação, associado a uma visão mais ampla, maximiza os resultados em todos os ciclos da vida profissional

Foto: Magdalena Gutierrez

Desde a minha época de graduação em engenharia, na década de 80, a computação despertou em mim a visão de que os computadores revolucionariam os processos das organizações. A partir daí busquei competências no desenvolvimento e uso de sistemas que alavancariam as oportunidades, a produtividade e a rapidez nos projetos de engenharia, resultados estes típicos dos profissionais com dezenas de anos de experiência profissional. A computação

permitia a aplicação prática e rápida de teorias, métodos e experiências na forma de sistemas informatizados. No final da graduação, uma premiação pelo MEC do Brasil e governo do Japão me possibilitou uma vasta gama de experiências e aprendizados multidisciplinares naquele país. Associadas ao gosto pela tecnologia e pela inovação, esses foram os fundamentos do estímulo para que eu continuasse investindo muitos anos no aprendizado de novas competências, tanto acadêmicas e de pesquisa quanto técnicas e executivas. Com o advento da internet no Brasil surgindo nas instituições onde eu estava estudando, presenciei o impacto das inovações tecnológicas na redefinição da computação e das relações virtuais entre pessoas, organizações e mercados. Esta visão foi mais um estímulo para continuar a buscar outras formações e competências como os cursos de tecnologias para internet no Instituto Infnet-RJ, de e-business e educação a distância na Fundação Getúlio Vargas-SP e o doutorado em comunicação, tecnologias e processos políticos virtuais na USP. Após vários anos em diversos setores da engenharia, tive a oportunidade de

José Augusto Pereira Brito é CIO do Mackenzie

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Setorial

Comendo pelas b

Gilberto P

Indústrias do setor de alimentos planejam comprar pouca TI em 2010. O ano deve ser de colocar a casa em ordem e garantir suporte às estratégias de crescimento dos negócios

O

setor de alimentos viveu um 2009 instável por conta da crise financeira mundial. Em relação a 2008, as perdas chegaram a 10%, o que se mostrou um tremendo percalço para quem registrava taxas de crescimento entre 4% e 8% nos últimos anos. Mesmo assim, muitas indústrias não estancaram os investimentos em tecnologia da informação. “As principais empresas do segmento dependem muito da TI para melhorar seus processos administrativos e conseguir vantagens no mercado”, argumenta o diretor-comercial da Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos), Denis Pinheiro. A entidade não tem estudos sobre o uso de TI no setor ou fórum interno para discutir o assunto. Mesmo assim, Pinheiro acredita que a cultura em torno da tecnologia não deve se alterar. Para ele, o segmento é globalizado e precisa de investimentos em soluções tecnológicas para manter a competitividade. “Cada empresa lida do seu jeito com TI,

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mas todas sabem da importância disso para os negócios”, argumenta. De acordo com dados da Abia, a vertical teve faturamento de aproximadamente R$ 290 milhões em 2009. A expansão foi de 2,53% no volume de vendas e 0,92% de crescimento de produção física. Na pior parte da crise, algumas indústrias que exportam para Europa e Estados Unidos tiveram decréscimo nas vendas e somente com a boa maré de volta ao cenário elas conseguiram se reposicionar. Para 2010, as perspectivas são mais promissoras. A entidade espera que o setor cresça 4,5%. O fato de o País ter passado pela crise com pouca turbulência e ter sido o primeiro a emergir do caos entusiasma os executivos do setor. A elevação da renda das famílias e o surgimento de novos consumidores nas classes D e E também dão base segura para essa certa euforia. Conforme dados da empresa de pesquisa LatinPanel, os brasileiros nessas classes sociais foram campeões de consumo

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as beiradas Gilberto Pavoni Junior, especial para InformationWeek Brasil

no último trimestre de 2009, com expansão de 16,8% em relação ao mesmo período de 2008. Foram eles que mais contribuíram para o aumento geral de 9,7% em volume médio do mercado ao gastarem 14,3% a mais do que em 2008. De acordo com o estudo, a categoria de alimentos, com um aumento em volume médio de 13,8% no terceiro trimestre de 2009, ante o mesmo período do ano anterior, foi a principal responsável pelo crescimento do consumo de bens não duráveis. “O cenário está pronto para as empresas correrem atrás dos prejuízos”, destaca Pinheiro. Porém, diferentemente de 2009 quando todo o setor esteve envolvido com as instalações e personalizações referentes à nota fiscal eletrônica e ao sistema público de escrituração digital (Sped), não há uma tendência consolidada para o uso de TI. Cada empresa tem seu próprio ritmo e

trabalha com planos distintos. Há, no entanto, uma coincidência relevante. Os executivos não acreditam em grandes compras de soluções tecnológicas e parecem mais dispostos a passar o ano colocando a casa em ordem e aprimorando a infraestrutura já existente para que ela ajude a descobrir novas oportunidades de mercado com essa nova expansão de consumidores, refletindo em vendas. “Em geral, a produção está garantida na indústria e estamos mais preocupados em ajudar a área de vendas”, comenta o gerente de TI da Vilma Alimentos, Marcelo Salata. A empresa especializada em massas e misturas, fabricante das marcas Vilma, Yara, Alvorada e Econômico, olha de perto o crescimento do mercado nacional. Com sede em Contagem (MG), atua fortemente nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Tocantins. No último ano, a companhia passou a

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Setorial

Foto: Gerci Cardoso

Executivos de TI do setor não acreditam em grandes compras de soluções tecnológicas. Estão mais dispostos a aprimorar a infraestrutura existente para que ela ajude a descobrir oportunidades de mercado com a nova expansão de consumidores Brunassi, da Marilan: “Estamos renovando alguma coisa do parque e preparando a área para ser estratégica em 2010”

comercializar seus produtos também em Goiás e no Paraná. O maior investimento da empresa em 2009 foi no novo centro de distribuição. O projeto era um desejo antigo e foi possível após um bom primeiro trimestre. Mesmo com crise, a Vilma cresceu 9%, alcançando R$ 103 milhões de faturamento, no período. O local servirá como ponto de apoio para aumentar a oferta de produtos aos consumidores. Em termos de TI, os esforços foram pela integração das informações das movimentações de carga com o software de gestão empresarial (ERP). O antigo centro contava com apenas quatro coletores de dados. O novo tem 35. Em 2010, o plano da companhia é trabalhar de forma mais adequada os

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dados de mercado e transformá-los em informações valiosas para o time de vendas. “Somos capazes de saber quanto é o consumo de macarrão em determinada região, mas ainda não conseguimos identificar as oportunidades pontuais que existem por lá”, avalia Salata. Para melhorar isso, a TI da empresa precisará melhorar o detalhamento dos relatórios enviados às áreas de negócio. No entanto, os planos de TI não incluem compras. “Já temos um sistema de business intelligence (BI) e ele funciona muito bem, temos que trabalhar na granularidade dos dados”, completa o gerente.

Margens enxutas Na Marilan, terceira maior fabricante de biscoitos do País, o ano de

2009 marcou o posicionamento para o crescimento. A empresa renovou sua identidade visual e definiu a entrada em novos mercados, principalmente o de bolos e torradas. O primeiro segmento movimenta, no Brasil, R$ 327 milhões, com 165,4 milhões de unidades vendidas. Já o de torradas tem vendas de R$ 134 milhões e 10,4 mil toneladas produzidas para consumo do mercado nacional. A estratégia da companhia reside em crescer agressivamente e trabalhar com margens enxutas. A Marilan espera conseguir 10% de participação nos segmentos de bolos e torradas. O crescimento será baseado na oferta de produtos com preços entre 5% e 10% menores do que as principais concorrentes de mercado. InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Acostumada a lidar com o segmento de biscoitos há mais de 50 anos, a indústria visualiza novos lucros na sua investida nesses setores. O ano de 2010 será definitivo nesta nova empreitada. Nestes planos audaciosos, a área de TI precisa estar preparada para dar o suporte necessário. “Estamos renovando alguma coisa do parque e preparando a área para ser estratégica em 2010”, aponta o gerente de TI, Alberto Brunassi. A renovação inclui os servidores corporativos que passaram dos HP RP 4440 para Itanium, com a modernização do sistema operacional dessas máquinas. A empresa fez, ainda, a substituição de 80% das impressoras deskjet por ilhas de impressão de uso comum. O banco de dados Oracle foi atualizado da versão 9 para a 10g. A Marilan trabalha, atualmente, para melhorar a integração com distribuidores por meio de EDI (electronic data interchange) e a integração dos dados com o sistema da empresa. “Apesar da crise, tivemos poucos projetos postergados em 2009”, diz Brunassi, afirmando que as iniciativas engavetadas serão retomadas ao longo deste ano. Essencialmente, são planos de renovação do parque de notebooks e atualização de softwares específicos dos processos internos que trarão mais informações para as áreas de negócio. O principal foco da área de TI será o de dar suporte para a empresa trabalhar com margens enxutas. A fabricante não pretende fazer grandes aquisições de equipamentos ou softwares. Mas deve canalizar esforços na centralização do gerenciamento da infraestrutura tec-

nológica, virtualização dos servidores e uso de tecnologia mobile para ajudar o time de vendas. Brunassi explica que assim como outras empresas, a Marilan não vislumbra ganhos de competitividade frente à concorrência com grandes compras de TI. “O nosso maior desafio é usar melhor o que temos e conseguir ganhos a partir disso”, completa. Com isso, as áreas de tecnologia se mostrarão preparadas para qualquer cenário.

Capacidade para crescer Se o ano promete ser o de arrumar a casa no que tange a TI do setor de alimentos, isso tem uma explicação conjuntural. As empresas estão trabalhando com uma capacidade ociosa elevada. Enquanto outros mercados verticais operam com cerca de 80% de uso de suas instalações, o de alimentos chega a ter uma das maiores ociosidades monitoradas pelo Banco Central. Algumas empresas vêm com essa característica desde a explosão de consumo do Plano Real, outras cresceram durante a boa fase da economia em 2008, antes da crise. A Yakult, por exemplo, tem atualmente 50% de capacidade ociosa em suas fábricas, uma herança do Plano Real quando a companhia chegou a vender 3 milhões de frascos de seus produtos por dia. Hoje, são comercializados 1,5 milhão e há muito espaço para suportar um novo aumento do consumo. “Isso traz muita tranquilidade para a empresa planejar crescimento sem atropelos em 2010”, comenta o gerente de TI, Renato Cezar Pinto. O ano de 2009 foi de renovação na TI

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Setorial 2010, vamos nos concentrar em processos internos para colocar a casa em ordem”, enfatiza Cezar. Mas há algumas prioridades de investimentos para o ano. A principal deve ser na área de storage. A Yakult não tem infraestrutura de armazenamento atualmente e isso é visto como uma falha na estratégia de segurança e continuidade dos negócios. O uso de tecnologia VoIP também é estudado como forma de reduzir custos. Essa, aliás, é outra das únicas coincidências na TI do setor de alimentos. Se o ano de 2010 promete algo para os executivos de tecnologia dessas empresas, essa promessa é o intenso trabalho para reduzir os custos. iwb

TI como novo produto O ano deve ser promissor na TI da Yakult. A empresa quer aproveitar o conhecimento que tem do setor e começar a vender seus sistemas desenvolvidos internamente para outras companhias. O modelo lembra um pouco o realizado pela indústria automobilística e que deu origem a empresas como EDS, Gedas e Debis Humaitá. “Temos excelentes programas e uma operação específica que pode ser interessante para outras empresas”, avalia o gerente de TI, Renato Cezar Pinto.

Foto: Ricardo Benichio

da empresa, trazendo um orçamento para a área jamais visto. Foram cerca de R$ 2 milhões destinados à troca de computadores nas 320 filiais da marca. Alguns equipamentos ainda rodavam Windows 95 e 98 e, embora a troca de informações entre essa rede de comercialização e a matriz seja muito pequena, a modernização era mais do que necessária. As filiais passaram a contar com conexão de banda larga e, onde não havia disponibilidade foi implantado um sistema de telefonia 3G. Até então, boa parte dos distribuidores utilizavam acesso discado para mandar informações sobre as movimentações financeiras e pedidos. “Em

CezarPinto,daYakult:oanode2009foiderenovaçãonaTI daempresa,comumorçamentodaáreajamaisvisto

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9a edição

O EXECUTIVO DE TI DO ANO 9ª EDIÇÃO homenageia os profissionais que mais se destacaram no último ano por sua contribuição no crescimento da empresa, gerindo a TI como ferramenta estratégica e, como consequência, destacando a importância da atuação desses profissionais nas corporações. Neste ano a metodologia do estudo passou por mudanças com o intuito de aperfeiçoá-lo e fotografar cuidadosamente as práticas e os papéis do profissional de TI dentro de uma companhia. A reformulação conta com o apoio da Consultoria PricewaterhouseCoopers. Sendo assim, a avaliação dos executivos não tem mais qualquer ligação com os finalistas do prêmio “As 100+ Inovadoras no Uso de TI”. Os CIOs serão avaliados por sua competência e atuação em 8 categorias, que no momento estão sob análise. Pelo importante papel desempenhado junto ao dia a dia do CIO, os melhores executivos da Indústria Fornecedora de TI e Telecom continuam a ser homenageados em 4 categorias: “Principal Executivo da Indústria de TI”, “Principal Executivo Integrador”, “Principal Executivo de Marketing” e “Principal Executivo de Vendas”. Os próprios CIOs de empresas de diversos setores indicaram os nomes dos executivos de destaque, por meio de critérios pré-definidos pela IT Mídia. Os três nomes mais citados compõem a Lista Tríplice que será aberta para votação de todo o mercado, iniciando-se a segunda fase da pesquisa. Todos os assinantes da revista InformationWeek Brasil e cadastrados no portal IT Web até 01/fevereiro de 2010 são convidados a eleger os 4 executivos da Indústria Fornecedora de TI e Telecom.

CONHEÇA OS FINALISTAS DAS CATEGORIAS INDÚSTRIA FORNECEDORA DE TI CATEGORIA

FINALISTAS

Principal Executivo da Indústria de TI

Cleber Morais – Avaya

Luis César Verdi – SAP

Michel Levy – Microsoft

Principal Executivo do Integrador de TI

Yim King Po – YKP

Benjamin Quadros – BRQ

Luis Carlos Nacif - Microcity

Principal Executivo de Marketing da Indústria de TI

Carmela Borst – Oracle

César Aymoré – Positivo

Marcus Vinicius Giorgi – SAP

Principal Executivo de Vendas/Comercial da Indústria de TI

Fabio Costa – Oracle

Idel Bacal – Positivo

Luis Medina - Avaya

PARTICIPE DA VOTAÇÃO! MAIS INFORMAÇÕES: www.informationweek.com.br/executivo Apoio:

calhau lista de indicados - iwb 1 1

Promoção:

Realização:

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Perfil Flávio Jansen

Sempre

aprendi muito

rápido Roberta Prescott

Q

uem observa superficialmente a trajetória profissional de Flávio Jansen pode achar que foi uma ascensão gradual e natural. Até poderia ser, se não fosse o fato de ele ter sido um dos primeiros CIOs a galgar o posto de presidente de uma empresa. Sem temer o desconhecido, Jansen se aventurou em áreas como financeiro e, assim, expandiu seus conhecimentos para além da tecnologia da informação. Sua formação ficou holística e sua carreira - marcada por momentos como a condução do IPO do Submarino e sua fusão com a Americanas.com enquanto era CEO - serve de inspiração a outros profissionais do mercado. Carioca, ele cursou na capital fluminense o colégio e a faculdade (engenharia elétrica, com ênfase em eletrônica na PUC-RJ). “Naquela época, não havia uma carreira em computação, mas já pensava em trabalhar com redes e me voltei para isto.” Trabalhou no Rio de Janeiro por um par de anos

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e desembarcou, em 1991, em São Paulo para atuar em uma empresa que conectava TCP/IP a mainframes. Ali se familiarizou com o protocolo IP. “As duas cidades têm dinâmicas diferentes. SP é muito interessante.” A curva na carreira de Jansen em direção aos negócios começou em 1996, quando ele aceitou o convite para ingressar na Mandic, que começava como provedora de internet, em uma função que acumulava a liderança de TI e de finanças. No comando de 30 pessoas e ainda se ambientando com o lado financeiro, Jansen tinha o desafio de acompanhar as novidades tecnológicas que pipocavam no mundo. “Muito de hoje nasceu entre 1997 e 1999. A BBS já era uma rede social, tinha de pegar aquilo e levar para internet”, lembra, citando ainda que a Mandic desenvolvia sites de comércio eletrônico. No entanto, ele ainda tinha de desenvolver competências como lidar com planejamento de negócios. “É

muito diferente de, por exemplo, fazer um planejamento de rodovia, porque há muitas incertezas. Da internet, você tem ideia aonde ela vai chegar, mas você não sabe em quando tempo.” A volta para tecnologia em tempo integral deveu-se à sua entrada no Submarino, em meados de 1999. Mesmo assim, nada que o afastasse das decisões de negócio, principalmente porque o site estava começando e ele estava participando da fundação. O desafio de estruturar um portal de comércio eletrônico ficou ainda mais complexo pelo momento. Pouco depois, a bolha da internet estourou, abalando todo o mercado. “Na bolha, valorizaram-se todas as empresas e, assim, o risco foi subestimado”, explica. No fim de 2002, Jansen assumiu a presidência do Submarino e viveu em 2003, segundo ele, um ano muito legal, apesar da situação econômica do Brasil. “Acertamos a mão em tudo, mesmo porque nós precisávamos InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Foto: Ricardo Benichio

acertar. O dinheiro acabou antes de alcançarmos o equilíbrio e não conseguíamos captar capital, porque ninguém acreditava na internet.” Sem poder errar, Jansen tinha de vender mais e com margem maior. Ao seu lado, relembra, havia uma equipe jovial e que tinha acompanhado o Submarino. “Crescemos 60% em 2003, conseguimos equilibrar as receitas e ter Ebitda positivo.” Os outros anos se sucederam de forma mais fácil e com seguidos aumentos de faturamento, até ser inevitável a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). Depois disto, Jansen conduziu a fusão com a Americanas.com, levada a cabo no fim de 2006 e que deu origem à B2W. “Ninguém prepara a empresa para a fusão, mas vimos que seria uma oportunidade de ganhar corpo e achamos que faria sentido”, conta o executivo, que permaneceu na companhia até setembro de 2007 para acompanhar a integração. Ao deixar o Submarino, Jansen tirou um período sabático. Além de viajar com a esposa e filhos para a Europa, prestou consultoria para a Mandic e ingressou no conselho da Locaweb. “Não queria uma carreira executiva, por isto não fiquei na B2W”, pontua o profissional que também integrou o conselho da Quero-Quero no momento em que a empresa deixava de ser familiar e foi comprada. Sem voltar a carrreira para o executivo, Jansen acumulou a posição de conselheiro em diversas empresas - em uma das mais recentes, a Brandsclub, atua como coaching. “Vi que era um negócio que eu gostaria de participar, porque era um modelo diferente e que não existia no Brasil.” Fazendo um balanço de sua trajetória, Jansen revela o gosto por situações novas. “Sempre aprendi muito rápido. Área nova é a minha cara.” Aos 43 anos e pai de três filhos (uma menina de sete, outra de cinco e um menino de três), ele está contente com o rumo que a carreira tomou. “Ser conselheiro tem sido uma experiência bem interessante, me ensinado a ter paciência, a ver que as coisas vão acontecer e a tomar iwb decisões de longo prazo”, pondera.

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Reconstrução Taurus reformula ambiente de infraestrutura e rede e obtém ganhos de continuidade operacional com 99,98% de disponibilidade

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rabalho na Taurus há dois anos, onde desempenho a função de administrador de redes. Vou contar um pouco de algo que, na verdade, deu um “start” em minha vida profissional. Trata-se de um projeto que visava a uma reestruturação total na rede e infraestrutura da empresa. Em maio de 2008, houve uma alteração na gestão de tecnologia da informação da companhia. Foi nesse período que começamos as mudanças que se estenderam até janeiro do ano seguinte. Iniciamos um projeto com o objetivo de ter um ambiente centralizado, automatizado, mais estável e com um menor número de recursos para gerenciá-lo, em condições de fazer tudo com mais facilidade e segurança. Muitos problemas eram enfrentados antes da reestruturação. Entre eles destaca-se o correio eletrônico, devido ao excesso de caixas locais (e-mails guardados diretamente nos PCs) e à credibilidade, afetada após uma migração parcial para o Lotus Notes que ocorreu sem sucesso. Além disso, existiam dois correios ativos na empresa (Notes e um open source). A saída passou pela definição do Microsoft Exchange como “ferramenta corporativa”. Durante o projeto, a empresa corria alguns riscos devido à falta de estrutura adequada para algumas operações. A continuidade operacional era desafiada, devido à inexistência de conexões redundantes (WAN), ou seja, foi necessário fazer essas conexões em paralelo às migrações. A virtualização que seria feita poderia causar uma parada dos servidores e das unidades da companhia, pois se tratava de uma operação de risco. Então, para termos a segurança necessária,

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contamos com o apoio de fornecedores para esta implementação. Possuímos outras cinco unidades de negócio no Brasil. No passado, existiam dois links externos de internet e apenas um de conexão com cada unidade. Foi realizado, então, o contingenciamento de toda a comunicação com uma operadora específica, a maioria 2x1 Mbps utilizando dois meios físicos diferentes – rádio e fibra. No decorrer do projeto, a Taurus adquiriu uma empresa, a Rossi, cuja operação foi fundida com nossa estrutura, instalando seu próprio Domain Controller com File Server e 2 links contingenciados para comunicação. Foram adquiridos, da Dell, um storage e três servidores com 32 GB de memória cada, que compõem um ambiente VMware onde foram virtualizados 20 servidores. Com as virtualizações e retirada de servidores Lotus Notes das unidades, foi possível remanejar oito deles, pois, mesmo contando com um parque de máquinas de alto nível, algumas não estavam sendo utilizadas da forma correta. Toda a estrutura de backups foi revisada, com cópias incrementais diárias e totais nos finais de semana de todos os serviços, inclusive as imagens dos servidores virtualizados. Foram envolvidos cerca de 20 técnicos para o projeto, entre parceiros e funcionáInformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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total Ambiente Virtual

• 1 Storage Dell EMC” CX3-10, 4.5TB • 3 Servidores ESX Dell PowerEdge 2950 III, 32GB RAM, 2 Xeon Quad-Core 12M 3.00GHz • 2 Switches Fiber Channel Cisco para contigência • 1 Servidor VCB (Virtual Center Backup) Dell 1950, 4GB RAM, Intel Xeon CPU 2.13GHz

Principais servidores virtuais • 2 Domain Controllers • Exchange em Cluster • File Server em Cluster • AntiSpam IMSS • Proxy ISA Server 2006 • Business Intelligence • Sharepoint • ERP Desenvolvimento • BlackBerry Enterprise Server – BES

Banco de dados

• Oracle RAC - Real Application Clusters: • 1 Storage Dell EMC” R200, 1.5TB • 2 Servidores PowerEdge 2950, 16GB RAM, 2 Xeon Quad-Core 4M 3.00GHz Imagem: divulgação

Como ficou a infraestrutura

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Outros servidores físicos

• File Server exclusivo para engenharia • Dell 2950 III, 4GB RAM, 600 GB, Intel Xeon CPU 3.6GHz • ERP Server • Dell 1950, 4GB RAM, 2 Xeon Quad-Core 2.33GHz • 3 Servidores WTS com Network Load Balancing – NLB – para acesso remoto ao ERP pelas filiais • Dell 2950, 8GB RAM, 2 Xeon Quad-Core 3.0GHz • Banco de dados Stand-by para o Oracle RAC • Servidores para serviços • Inventário e Monitoramento de rede • Sistema de gerenciamento de ServiceDesk • WSUS e Antivírus, 1 servidor cada unidade

Cada filial possui

• Pelo menos 1 servidor File Server e Domain Controller • 1 servidor aplicativos, WSUS e Antivírus

Comunicação entre as empresas

• 2 links MPLS de 1MB ou 512kbps para as menores filiais. • Firewall 2 Cisco ASA 5520 Appliance(Ativo e Stand-by) • VPN Cisco 2800

Backup

• 1 Unidade de Fita Dell PowerVault TL2000 LTO3 na Matriz • 1 Unidade de Fita PowerVault 124-T LTO2 nas unidades

Odilon Devens

> É analista de suporte da Taurus > Possui sete anos atuando na área de tecnologia da informação em ambientes Microsoft e VMware; gerenciamento e implementação de redes; administração de antivírus corporativo, anti-spam e serviços de backup; planejamento e execução de projetos de TI e suporte. > Estudou Sistemas de Informações (incompleto) pela PUC/RS, fez cursos de Windows Server 2003 > Gerenciamento de Ambiente Windows 2003 e Microsoft Exchange e VMware.

rios, e cerca de 800 usuários. Os investimentos, incluindo hardware, softwares e serviços, ficaram na ordem de R$ 1 milhão. O retorno está previsto para dois anos e meio, sendo que o principal fator de ganhos reside na continuidade operacional, que hoje está na casa de 99,98% de disponibilidade do ambiente. A mudança para a plataforma Windows trouxe estabilidade e economia em custos de manutenção. Com a virtualização dos principais servidores, obtivemos um melhor monitoramento no desempenho, e agilidade na resolução de possíveis problemas.

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Carreira

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Durante muitos anos, prestar concursos e trabalhar em empresas estatais foi o objetivo de muitos brasileiros graças a estabilidade e bons salários. Entenda a lógica por trás da carreira no setor público na área de TI

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Por Ana Lúcia Moura Fé, especial para InformationWeek Brasil

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os últimos anos, quem acompanhou os editais de concursos públicos percebeu uma quantidade cada vez maior de vagas para cargos de nível superior em TI. A tendência chama a atenção não apenas por demonstrar que o setor está mais empenhado em captar talentos na área, mas também por alguns salários oferecidos, muitas vezes superiores aos da iniciativa privada. Um exemplo é o concurso realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), no ano passado, em que graduados em tecnologia da informação, análise de sistemas, sistemas de informação, engenharia da computação ou ciência da computação disputaram vagas de analista com salário inicial de R$ 9.552,00. Nada mal para quem já se sentia atraído pela estabilidade e outra série de direitos restritos ao funcionalismo público. Em quantidade, as vagas específicas ainda são pouco significativas. A boa notícia é que este número tende a aumentar. Enquanto isso, aqueles em fase inicial de carreira dispostos a conquistar seu espaço no setor público podem disputar vagas em carreiras básicas, fora da área de TI. Uma vez aprovados e contratados, podem direcionar o desenvolvimento para a sua área de formação, por meio de capacitação e da participação em concursos internos. No Banco do Brasil, por exemplo, não há seleção pública para cargos específicos de TI. “Todo profissional do banco entra por concurso na carreira de escriturário e vai trabalhar em agência. Foi assim que entrei, em 1986”, diz Anderson Luis Cambraia Itaborahy, gerente-executivo do proje-

to de governança de TI da instituição. Itaborahy, que se formou engenheiro elétrico quando já estava no banco, conta como se desenvolveu e foi parar na área tecnológica, depois de passar por departamentos diversos, como o de crédito rural. “Eu estudava informática por conta própria e me interessei muito pela carreira de TI”, revela. A oportunidade surgiu seis anos após o seu ingresso na instituição, quando houve um concurso interno nacional para a área. O executivo foi aprovado, enviado para um curso de capacitação e assumiu função em Belo Horizonte, em 1992. Posteriormente, foi transferido para Brasília, na ocasião em que toda a TI da instituição foi concentrada no Distrito Federal. “É assim que os profissionais ingressam e crescem na TI do BB. Depende do surgimento de vagas e de processo seletivo interno, seja mais formal, seja coordenado pela gerência. Se aprovado, ele muda de função, não de carreira. No ramo técnico, por exemplo, começa como assistente de tecnologia, passa a assessor júnior e assim por diante”, conta Itaborahy. Ele acrescenta que, eventualmente, o departamento recruta de outra área alguém com reconhecida experiência. “Mas a verdade é que nem todos os graduados em computação e tecnologia do banco estão trabalhando em TI”, diz. O gerente afirma que o banco investe pesado na qualificação dos seus profissionais, inclusive por meio de universidade corporativa. Segundo ele, é comum a própria área de TI se adiantar e montar cursos para, em seguida, credenciá-los na universidade corporativa. A empresa também patrocina cursos

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LOUREIRO,DASABESP:"Comoem qualquerempresa,oprofissionaldeTIdeve deixardeserapenas umótimotécnico"

de especialização em universidades de primeira linha. “Eu mesmo fiz pósgraduação em engenharia de software pela USP, em uma turma fechada, e de sistema de informação na FGV, ambos patrocinados pelo BB. Mas isto não significa promoção automática. O que dá é uma pontuação que pode ser benéfica em um processo de concorrência”, revela. Para o gerente, a maior vantagem de trabalhar na TI do BB é o fato de ser uma grande empresa. “Mais do que ser pública, é uma corporação que investe pesado em inovação e está à frente em muitos aspectos nessa área”, comenta. Além disso, ele destaca os benefícios óbvios, como a certeza de uma carreira longa, o que, além da segurança, permite um conhecimento da empresa e dos seus objetivos em um nível pouco comum na iniciativa privada. “Se a gente olha o conjunto de vantagens e remuneração, na média, o banco está igual ou melhor do que o mercado. Claro que vários talentos nossos, como os especialistas em tecnologias específicas, ganhariam mais nas empresas priva-

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Ftoto: divulgação

Foto: divulgação

Ftoto: divulgação

Carreira

ROSANA,DACEF:"Osdesafios sãomotivadores,porque trazem oportunidades"

das”, compara. Por outro lado, Itaborahy reconhece que a estabilidade na carreira pode trazer limitações.

DESAFIOS MOTIVADORES Rosana Watanabe Hanada, gerente nacional de informações de TI da Caixa Econômica Federal (CEF), indica aos interessados em ingressar no banco que os desafios tecnológicos são maiores do que em outras empresas do setor privado “porque não se limitam ao retorno financeiro, uma vez que se trata de um banco 100% público e um dos principais agentes de políticas públicas do governo federal”, explica. A gerente informa que a Caixa e outros órgãos do setor público no Brasil vêm promovendo uma renovação no seu quadro de pessoal, a partir da realização de concursos. Há uma busca por profissionais altamente capacitados e que possam escalar gradualmente posições na empresa. Quanto aos atrativos para a área de TI, Rosana argumenta que não estão restritos somente às possibilidades de ganho financeiro. “Os próprios desafios são

ITABORAHY,DOBB: obancoinveste pesadonaqualificaçãodeseus profissionais

motivadores, porque trazem grandes oportunidades para o profissional, dando-lhe acesso a tecnologias inovadoras e permitindo, inclusive, que seja protagonista tanto da mudança social quanto da liderança internacional do Brasil em alguns setores de TI”, analisa. Para ela, o sentimento de pertencer a uma instituição responsável pela implantação das políticas públicas do governo federal é uma grande motivação para se trabalhar no setor público. O banco possui um dos maiores complexos computacionais das Américas. Muitos dos seus projetos de TI se tornam cases conhecidos no mercado, pela inovação e pelo pioneirismo. Por trás desta atuação, há pesados investimentos tanto em tecnologia quanto em pessoas. O ingresso no quadro de empregados se dá exclusivamente por concurso público, existindo um polo específico de TI. Já a ascensão profissional acontece por mérito ou antiguidade (promoção) ou por meio de processos seletivos internos para acesso a um plano de cargos comissionados, diferenciados em termos de responInformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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A estabilidade, uma das diferenças básicas do emprego público em relação ao setor privado, dá a possibilidade de planejar o crescimento profissional

sabilidade e complexidade. “Todos os empregados que possuem os requisitos exigidos para o cargo em comissão podem concorrer. Inclusive, estamos prestes a lançar um novo concurso para buscar profissionais específicos para atuar na área de TI”, avisa. A executiva diz que há na CEF uma priorização para a tecnologia da informação. Os empregados lotados nas unidades vinculadas à vice-presidência de TI têm condições diferenciadas para acesso aos cargos em comissão da área. “Nesse processo, são reconhecidas as suas experiências externas.” Rosana chama atenção para o fato de que a estabilidade, uma das diferenças básicas do emprego público em relação ao setor privado, proporciona a possibilidade de planejar o crescimento numa carreira de uma área específica. Outra diferença do setor reside nos valores que devem nortear o atendimento. “O profissional deve ter em mente que o foco do setor público é o benefício para sociedade como um todo”, diz. Além disto, existe uma necessidade de adaptação às mudanças cíclicas de gestão, relativas a trocas de governo. “Este é um dos principais desafios”, julga a gerente. Como estímulo, ela informa que a Caixa incentiva e apoia a formação acadêmica e o desenvolvimento profissional de seus empregados, oferecendo cursos e universidade corporativa virtual. “O banco também viabiliza um plano de previdência complementar ao benefício do INSS e

o Saúde Caixa, um plano de saúde que contempla o empregado e sua família”, explica.

NEM TÃO DIFERENTE ASSIM Na área de TI da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) desde 1979, Maurício Loureiro, superintendente de tecnologia da informação, avisa que profissionais de TI de empresas públicas enfrentam desafios muito similares aos profissionais da iniciativa privada. “Como em qualquer empresa, o profissional de TI deve procurar deixar de ser apenas um ótimo técnico e buscar atualização permanente, sintonia com o mercado, agilidade e flexibilidade no atendimento das demandas internas, conhecimento da empresa e alinhamento com as áreas de negócio. São fatores essenciais para o crescimento na área”, relata o superintendente, que lidera um time de 235 profissionais, a maior parte alocada nas áreas de operação, infraestrutura e telecom (48%) e desenvolvimento e manutenção de sistemas (39%). As perspectivas de crescimento dessa equipe são as mesmas dos demais profissionais da empresa, pois estão vinculadas a uma única política corporativa de RH. Segundo Loureiro, a realização de projetos inovadores tem exigido da Sabesp muitos investimentos em treinamento e capacitação, com benefícios para os profissionais. “Em 2010, traçamos planos com o objetivo de aprimorar a comunicação interna e externa, a multiplicação de

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Carreira conhecimentos e a capacitação dos profissionais da superintendência. Em 2009, realizamos o I Encontro de TI, com palestras proferidas por profissionais do mercado sobre temas atuais de TI”, conta. Sem ter passado pela experiência privada, Loureiro comenta sobre as habilidades que o CIO precisa ter para atuar em um setor onde há menos liberdade para investir com rapidez na modernização da TI, devido à exigência de licitações, por exemplo. “O profissional que toma decisão precisa desenvolver espírito empreendedor, ter habilidade para negociar com o mercado, poder de convencimento junto à alta direção para ‘vender’ os projetos e capacidade de planejar a TI para estar em sincronia com a organização”, enumera. Empenhado em tornar a TI da Sabesp menos reativa, Loureiro acredita que o conhecimento técnico em um determinado nível para administrar o ambiente tecnológico é importante, mas não imprescindível. “É preciso ter conhecimento dos negócios da organização, ter liderança junto ao seu time e conhecer o funcionamento das principais áreas da empresa”, explica. Como dica para crescimento na carreira, ele ressalta, além dos estudos formais, a participação em eventos e congressos que abordam as tendências no setor. “Nestes eventos tenho oportunidade de trocar experiências com outros profissionais; isto é muito bom”, diz.

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Saber esperar Fátima Motta, professora dos cursos de gestão de pessoas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e sócia-diretora da F&M Consultores, ressalta o papel do CIO na gestão e motivação dos profissionais de TI das empresas públicas. Segundo ela, o processo de crescimento interno pode ser altamente desmotivador, uma vez que as pessoas têm de esperar muito tempo para realizar concursos internos que lhes permitem subir degraus da carreira. “Neste cenário, o CIO tem de ter habilidade interpessoal, saber gerir e motivar pessoas, além da visão estratégica com foco em inovação”, diz. Para a consultora, os CIOS em geral são formados para serem mais técnicos. “Muitos problemas quanto à orientação dos subordinados, delegação de poderes, resolução de pequenos problemas ou motivação vêm dessa formação mais técnica e menos comportamental”, comenta. Como especialista na formação e desenvolvimento de lideranças e como coaching de executivos, Fátima percebe que há muito trabalho isolado em TI. “Isso não é bom. Crescer nessa carreira significa saber se relacionar e dialogar com os outros, independentemente de o cargo ser público ou privaiwb do”, finaliza.

Dez concursos públicos com vagas em nível superior nas áreas de TI e informática (*) 1.EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - inscrição até 18/02/2010. Cargos: Analista e Pesquisador - Salários: de R$ 5.440,07 a 7.419,96 - Informações: http://www.institutocetro.org.br 2.Tribunal Regional Federal da 4ª Região (RS, SC, PR) Cargo: Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Especialidade Informática – Salário: R$ 6.551,52 - inscrição até 18/02/2010. Informações: http://www.concursosfcc.com.br 3.Minas Gerais Administração e Serviços (MG) - inscrição até 18/02/2010 – Cargos: Analista de Sistemas, Analista de Suporte, Tecnólogo em redes - Salários: R$ 1.155,83 a R$ 2.144,36 Informações: www.esppconcursos.com.br 4.Instituto Brasileiro de Museus – Ibram - Inscrição até 23/02/2010 – Informações Cargo: Analista – Salário: R$ R$ 3.012,82 http://www.funcab.org/site/concursos/ 5.Imprensa Oficial-SP – Inscrição até 26/02/2010 - Cargo: Analista de Tecnologia da Informação e Comunicação – Salário: R$ 3.873,47 - Informações: http://www.vunesp.com.br 6.Superintendência de Seguros Privados – Susep - Cargo: Analista Técnico - Tecnologia da Informação – Salário: R$ 12.413,65 - Inscrição até 28/02/2010. Informações: http://www.esaf.fazenda.gov.br 7.Prefeitura de Novo Hamburgo (RS) - Cargos: Analista de desenvolvimento de sistemas, Analista de suporte – Salário: R$ 3.439,91 - inscrição até 08/03/2010. Informações: www.fundacaolasalle.org.br/concursos 8.Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte - PRODABEL - Inscrição até 18/03/2010 – Cargo: Analista - Especialização Tecnologia da Informação, Salário: R$ 3.604,00 Informações: http://www.gestaodeconcurso.com.br 9.Companhia de Desenvolvimento de Informática de Uberaba – Codiub - Inscrição até 26/03/2010 – Cargos: Analista de Sistemas e Analista de Suporte – Salários: R$ 1.415,00 a R$ 2.160,00 - Informações: http://www.gestaodeconcurso.com.br 10.Tribunal de Justiça do Acre (AC) – Cargos: Analista de Suporte e Analista de Sistema – Salário: R$ 2.598,16 Inscrição até: 30/03/2010 informações: www. fmp.com.br (*) Conferir datas, cargos e salários em editais nos sites dos respectivos organizadores.

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Mercado

Governo não é apenas Já faz quase um ano que escrevo em prol do estabelecimento de uma estratégia nacional de longo prazo para o setor de tecnologia da informação. Um tema tão amplo precisa ser debatido com todos os interessados. Este debate está tendo lugar na web. A partir das contribuições recebidas neste debate virtual identifico que um ponto-chave seja o papel do governo no universo da TI. Lembramos que o governo é um grande cliente, mas também atua como regulador do mercado, de forma que seu comportamento tem que ser muito cuidadoso. Além disso, ele precisa ser monitorado pela sociedade, a quem deve servir (e não o contrário!). Quando questionamos o método de escolha de fornecedores de sistemas para o portal de Software Público, vimos várias manifestações, algumas inflamadas, vindas da comunidade de software livre. Algumas delas pleiteavam o direito do governo de ser livre, como qualquer outro consumidor, para comprar ou desenvolver seus insumos para a administração pública. Seja lá como for, foi noticiado recentemente que o Ministério do Planejamento pretende melhorar as regras de seleção para este portal. Além de seus múltiplos papéis como usuário e regulador da TI, ainda tem a questão jurídica: compras públicas

Foto: Magdalena Gutierrez

consumidor! Roberto Carlos Mayer

é diretor da MBI, presidente da Assespro São Paulo e membro do conselho da Assespro Nacional.

E-mail: rocmayer@mbi.com.br

se regem pela Lei 8666 (chamada de Lei das Licitações), e não pelo Estatuto do Consumidor. A própria Lei prevê a possibilidade de não usar as licitações, definindo critérios para isso. Assim, no caso do uso de software livre, deveria ser comprovada a economia que ele representa, sendo homologada pelo Tribunal de Contas. O Comitê de Software Livre cita centenas de milhões de reais economizados com a não compra de licenças de sistemas proprietários. Quanto custa o acréscimo de milhares de profissionais às folhas de pagamento nas empresas públicas de TI? A pergunta mostra o quanto precisamos avaliar a totalidade da questão para chegar a uma conclusão imparcial. Todos queremos o fortalecimento da comunidade, dos profissionais e da indústria nacional de tecnologia. Software livre é uma das alavancas para que isso ocorra, mas não é a “bala de prata” que modificará tudo num passe de mágica (nem aos outros países que são nossos concorrentes no cenário global). Sugiro avaliarmos as experiências bem sucedidas de outros países, que saíram na nossa frente no fortalecimento do uso da TI, beneficiando seus cidadãos e as empresas.

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Na Prática

Bastidores do

GrandeIr Felipe Dreher

Globo.com troca servidores e migra três bancos de dados sem tirar o portal do ar. Projeto visava a suportar crescimento e picos de acesso como os registrados durante o Big Brother Brasil

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Em foco Desafio: migrar três bancos de dados para um novo servidor com a mínima paralisação possível Solução: adoção temporária de um software para migração incremental Resultado: ativação do novo banco de dados sem interrupção dos serviços para os usuários

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uem você quer que vença o Big Brother e ganhe R$ 1 milhão”. O estímulo do apresentador abre o último episódio da nona edição do reality show, ocorrida no ano passado. Em seguida, ele lista opções via telefone e internet para que os telespectadores votem em seu preferido entre os três participantes que chegaram à final do programa. No período de uma hora após o desafio de Pedro Bial, o site da Globo.com precisou estar preparado para suportar acessos que se converteram em 20 milhões de votos, que definiram o vencedor do BBB9. Misturando teorias midiáticas, elementos de ficção científica e experiência sócio-comportamental, o Big Brother Brasil tornou-se um fenômeno de audiência. O poder e a convergência de meios de comunicação refletem resultados surpreendentes. “Durante os quatro meses de BBB, a carga nos sistemas do portal aumenta em 35% sobre os números tradicionais”, dimensiona Camila Pereira Dias, coordenadora de banco de dados da Globo.com. “Nos preparamos para dar suporte ao Big Brother Brasil, que começaria em janeiro de 2009.

Sabíamos que o número de sessões simultâneas aumentaria muito; para garantir com folga o processamento desses acessos era fundamental realizar um upgrade nos servidores”, diz a executiva, afirmando que máquinas baseadas nos chips Itanium utilizadas até então já operavam no gargalo. Os grandes picos de acesso no portal ocasionados pelo reality show exigiam uma reformulação da infraestrutura de TI. A intenção era trocar quatro máquinas antigas por cinco servidores Intel x86. A conclusão de atualização tecnológica como forma de melhorar desempenho em um cenário de expansão parecia simples e irrefutável, mas como fazer isso sem tirar do ar um portal de conteúdo que recebe milhões de visitas todos os dias? Um ponto-chave para o sucesso da migração de bancos de dados residia na escolha de uma tecnologia que tivesse o menor downtime para que os internautas nem percebessem o processo. Era fundamental transferir todos os registros de três grandes sistemas da Globo. com para os novos equipamentos. O departamento de tecnologia mapeou três possibilidades de conduzir o processo: fazer as InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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eIrmão importações e exportações na mão; desenvolver internamente uma solução para migração com cópias incrementais; ou adquirir uma tecnologia de mercado com as mesmas funcionalidades. A primeira alternativa foi descartada por tirar o site do ar por um período muito longo. Restava decidir se processo, então, viria de uma ferramenta caseira ou de mercado. Camila ficou com a terceira hipótese. A Globo.com adotou três licenças do Quest Shareplex for Oracle como solução para transferência de dados. “O sistema faz uma cópia do banco de dados de origem replicando-o no destino”, explica a executiva, dizendo que a solução permite um tipo de migração praticamente sem paradas. Os esforços dividiram-se em três miniprojetos, um para cada banco de dados de dados migrado. Isso permitiu, ainda, que as licenças do software e o custo de serviço fossem contratadas

por tempo limitado de três meses. Cada iniciativa contemplou duas semanas, uma para migração das informações e outra para teste e validação do sucesso do processo. A coordenadora prefere não revelar o valor investido. Só depois de verificada a consistência dos dados na nova máquina, o banco antigo era desligado. Camila conta que isso acarretava paradas de, no máximo, 40 minutos até as aplicações se reconectarem na nova máquina. Nesse tempo, o portal continuava no ar servido por caches, o único ônus residia na impossibilidade de publicar novas notícias durante tal intervalo. A coordenadora afirma que o processo de migração correu de forma tranquila e suportou a expansão orgânica bem como os picos de acesso em momentos como a votação online para ver quem ganharia o programa no ano passado. A expectativa é que estrutura monada suporte a evolução por um prazo de cinco anos. iwb

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CHAVE

Na Prática

Virando a Lojas Marisa substitui sistema de retaguarda em processo que envolveu 228 lojas distribuídas por todo País

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Fundação Getúlio Vargas aponta que o setor de comércio investiu 2,7% de seu faturamento líquido em TI ao longo de 2008. O estudo conduzido pelo professor Fernando Meirelles acredita que este porcentual tinha potencial para chegar próximo a 3% em 2009. Com números mais agressivos que a média do mercado, as Lojas Marisa direcionou 12% de seu capital para tecnologia no último ano. Deste total, 28% destinou-se à implantação de um sistema para controle de retaguarda. Poucas horas após o Grupo Pão de Açúcar anunciar que havia comprado as Casas Bahia, no dia 4 de dezembro, Mendel Szlejf,

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CIO das Lojas Marisa — concorrente direto — concedeu, por telefone, entrevista para InformationWeek Brasil, quando contou o projeto de uma solução para controle financeiro, que consumiu aproximadamente dois anos de esforços e atingiu 228 lojas da rede varejista. A tecnologia provida pela N&L demandou uma “logística monstruosa” devido ao número de localidades atingida. Por sua complexidade e abrangência, a Marisa dividiu o País em várias regiões e, à medida que as lojas recebiam o sistema, o time de TI virava a chave de uma localidade e partia para um novo desafio. A rede varejista conviveu

Em foco Desafio: deixar mais ágil o fechamento fiscal e contábil das lojas. Solução: substituição de um sistema obsoleto por uma solução mais moderna Resultado: automatização de processos, acuracidade dos dados, maior velocidade e processos mais integrados

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com dois sistemas paralelos durante seis meses, entre janeiro e junho de 2009. Nas palavras do CIO, a iniciativa classifica-se como uma das principais tocadas pelo departamento ao longo do ano passado. “A loja pode ser dividida em três partes”, explica o executivo, “ponto de venda (PDV), retaguarda financeira (tesouraria fiscal e contábil) e retaguarda mercantil (controle de estoque e operações de entrada e saída de mercadoria)”. A solução ataca justamente a segunda camada, de forma a consolidar todas informações colhidas e facilitar o processo nos momentos de “fechar o caixa”, atualiMF_ADVERSTING_BRASCIN_1_2_INFO.pdf zando dados em todos sistemas corporativos. As vendas são realizadas e

o software manda informações para um banco de dados, que faz todas as contas para fechar as conciliações financeiras ao fim do expediente O sistema reduziu o tempo de processo. Grande parte dos fechamentos acontece no mesmo dia, “na pior das hipóteses, em D+1”, comemora o Szlejf. O executivo recorda que o sistema anterior era suportado por uma plataforma tecnológica desenvolvida em Clipper por uma pequena fábrica de software. Durante muito tempo, a ferramenta foi útil, mas o crescimento da companhia e as diversas personalizações realizadas ao longo dos anos transformaram-se em gar3/2/2010 13:52:16 galos. “Era um fim e não um meio”, comenta o diretor, sentenciando com

a justificativa que os funcionários não podiam mais quebrar a cabeça no fim do expediente. “Varejo é uma indústria muito dinâmica. Nenhum dia é igual ao outro”, sentencia. A ferramenta trabalha de forma integrada com todos os sistemas legados da Marisa, inclusive integra-se ao ERP da SAP, o que permite a consolidação das informações para a realização de todas as contabilizações, apurações e movimentações de estoque da companhia. O sistema conferiu automatização aos processos. Com isto, melhorou a acuracidade dos dados, velocidade para realizar contabilizações e apurações dos movimentos das lojas, processos mais integrados e IWB redução no retrabalho. (FD)

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ção | Intel | Experiê | Service Desk | Outsourc aliza a çã o nci Desk i ng u p t l r e i a aliz ão | de I H V u | s | t N o mp Vir o | Estoqu Loc ll ent r | eç açã ewaricantes | Preço | Estoque | Pré -vendas e ePtóBseelsle|ssPãro v| eDndaresi|nam rd Fab o n i a s c e i r r F wta o i b | Loc Soluções | a e F T eE e s e | r | Os mçaa | r s o Produtos | Parcerias | Os mai ação qui rte ktop n | Fi o a p p r a am e s|W ç Su n e e gu a d ntos r orks | Consultoria | Contratos e gu tations | Soluções de S

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Tech Review Na Prática administrador muda. Ele precisa confiar aplicativos de contato com cliente e em outra pessoa para fazer seu papel relatórios de declaração de acidentes usando a plataforma da Sales.com. tradicional de gerenciar e, para acessar um servidor, deverá aprender mais habiLevou apenas um quarto do tempo e custo que levaria para desenvolver lidades de programação, como protocoe implementar em infraestrutura los de serviços web soap ou rest e como convencional, disse Yoshihiko Ohta, lidar máquinas virtuais em um ambiengerente-geral sênior do Japan Post. te distribuído, o que pode exigir conhecimento de PHP, Python ou alguma Um lado negativo da Sales.com é que outra linguagem de script. “Não existirá os desenvolvedores não conseguem um administrador de sistema distinto fazer toda a customização que gostado programador”, prevê Jason Hoffman, riam. Mas com a lógica do aplicativo fundador e CTO da Joyent, fornecedora principal e muitas funções de interde data center virtual há seis anos. face pré-criadas, alguns aplicativos A linha que separa o administrador podem ser desenvolvidos em alguns Vitor Cavalcanti de sistema do programador está cada dias. Isso implora por uma abordaPara modernizar TI, Colégio Visconde de Porto Seguro sistema de gestão vez mais tênue na National Retirement gem mais aposta ágil, deem criação rápida e com novas funcionalidades e que abrange todas as áreas da instituição Partners, companhia cujos conselheiros revisões frequentes. ajudam outras empresas a escolherem o A computação em nuveme poderia setor de educação tem ganhado de desenvolvimento interno as plamelhor plano aposentadoria. se movertinham rápido demais muitas muitade atenção no País. AAdam prolife- taformas poucospara recursos. Sokolic, de opeoperaçõesmudar de tecnologia bem como raçãovice-presidente de instituições sênior de ensino supe- Queríamos o modelo para ter rações, disse que pode desenhar uma exigir mudanças em políticas, em rior trouxe grande preocupação com resultados mais rápidos.” ferramenta e que um de termos detrabalho aprovação de TI, gerenciao aprendizado deadministrador base, envolvendo Com um árduo e desafiasistemas pode desenvolvê-la para ser usamento de projetos, de portfólio até desde a educação infantil até o ensi- dor pela frente, Beserra começou e,por da no com CRM Se da do Salesforce.com, usando a uma mesmo, de orçamento. Quando médio. lado das instituições avaliação do que poderia ser um feilinguagem Apex. e ca- to.gerente de uma unidade de negócio públicas de osprogramação avanços demoram Em março de 2006, pouco tempo Sokolic dirige esse esforço TI como pedede porcontratado, mais capacidade no busca serviminham a passos lentos,de quando se depois saiu em umparte contador em tecnologia. A hoje,atender um esforço de seis para expert um raio X do setor privado, dedor, um significa, sistema para às neceshabilidade de adicionar, rapidamente, semanas, aproximadamente. Com entretanto, o retrato que se tem é de sidades do colégio. Foram seis meses ferramentas tecnológicas é uma peçaa virtualização, um novo servidor investimentos tanto em profissionais avaliando fornecedores, período que chave que mostrao como empresa gabaritados, que aajuda dar espera mais também aproveitou para conhecer o escalar mais profissionais sua lista qualidade de ensino e para atrair alunos, dia a dia da instituição e mapear as atual de 150 conselheiros: “Usamos ferquanto na infraestrutura para supor- necessidades. “A ideia era algo esperamentas baseadas na Salesforce para tar o crescimento. E a TI tem dado cial para mercado acadêmico e não há recrutar”, contou. grandes contribuições. muita O sistema da Totvs [que Por opção. enquanto, confidenciais Já os desenvolvedores no Japanque Post,vi- foidados Consciente das mudanças escolhido ] atua no acadêmico, fidevem permanecer umnham conglomerado serviços pos- o Co- nanceiro ocorrendodeno segmento, e gestão”, justifica a decisão, em casa ou serem enviadosque apenas tais, bancos e seguradoras com 70 milem explicando légio Visconde de Porto Seguro, a possibilidade de trapara parceiros com funcionários, que podem São Paulo, descobriram recrutou Gustavo Beserra, balhar com confiáveis diferentes fornecedores sistemas ter atual mais gerente rapidamente novas ferramentas de TI da instituição, para havia sido descartada. “Buscamos um usando plataformas em nuvem,domas comandar a modernização depar- ERP especializado, mas que atendesse antes precisam a desenvoltamento de aprender tecnologia. “A parte de tudo de forma integrada. É uma muversistema aplicativos ágeis.com A empresa criou contava uma estrutura dança difícil.”

Mudança

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Áreas de TI

Empresas

Concorrênc


que a virtualização é capaz de fazer”, seis unidades. “Quando consolidei diz o analista Haff, “Mesmo que seja com a Totvs, comprei e copossível acessar um hardware servidor em 60 loquei tudo não no adiantará mesmo data center. segundos, de nada se o Mas, por outro lado, hoje dependo usuário ainda precisar de três semanas muito de telecom, por conta dos links para aprovação.” de alta velocidade (100 megabites) que interligam as unidades”, O que está dentRO, pondera. Resumindo os benefícios, BeserO que está fORa ra exalta a flexibilidade ganhou. de A linha que separa a que virtualização Com modelo interno elecenter não conseservidor dentro do data de uma guia ter uma visão do grupo como empresa e a computação em nuvem um todo eno qualquer necessidade pública, estilo danova Amazon, também criava grande de pessoficarádependência mais tênue. As habilidades que os as. Algumas ferramentas, entanprofissionais de data centerno têm aprimoto, como lançamento de notas,emx86 que rado porocausa da virtualização bem, foram mantidas e aprender a ajustar os sistemas de forma funcionava não será perdida, conforme eles tentam Sem alternativas integradas ao ERP da Totvs. Nenhuque os usuários recebam os direitos de levar um pouco da capacidade para acordo com Beserra, uma das adaptação do sistema de gestão da usarDe os servidores e acessar recursos que ma nuvens públicas. Num futuro próximo, dificuldades encontrada no caminho fabricante foi requerida, eles preferiestejam de acordo com suas funções. tentar mover carga de trabalho de dentro para implantação da plataforma adaptar o negócio plataforma Se o processo de aprovação parafoi a ram de um data center para àuma nuvem falta servidores de opções de soluções para quevia fossem criados processos novos não atingirespecíficas essa pública migração exigirá muito para este mercado. “Percebe-se que as padrões, impedindo, assim, velocidade, os negócios podem sair conhecimento. E, se você for diferenum usuário empresase têm demanda por profissioças entre asserá unidades. perdendo a área de TI arrisca uma VMware, bom conhecer a habilinaisforma e um pouco de conflito. “Hoje processos mais bem nova de retrocesso. “OsFalta pro-gendade detemos conversão para o formato AMI te qualificada para implantar na veloconsolidados”, comemora. cessos de negócio precisam refletir o (Amazon Machine Image),Odacolégio, Amazon, cidade necessária. O mercado precisa que tem em torno de 10,5 mil alunos evoluir”, alerta. A implementação foi e 850 professores, ganhou também feita pela Totvs, bem como o serviço em na amostragem de resultados. Benefício Ele conta que possui Com a nova Risco plataforma, a TI consede consultoria. A computação em nuveminterna pode ser mais uma infraestrutura no colé- gue, por Algumas exemplo, permitir umem cargas de trabalho não que têm sentido uma ferramenta nas mãos da equipe de TI, computação em nuvem. As equipes de TI precisam ajudando a suprir as necessidades do negócio dos cem estar usuários do mudar sistema geree as Áreas de TIgio que contribuiu para o processo. A preparadas para a organização de forma criativa, mais rápida e eficiente, habilidades necessárias, mas também manter a especialmente se unida aos recursos internos equipede data quecenter. Beserra coordena conta, relatóriosempresa comlonge estadas estratégias de risco. atualmente, com 17 pessoas. tísticas de acompaA computação em nuvem oferece o potencial Interrupções e perda de dados são os maiores para recursos variáveis de computação, perO trabalho do gestor, entretanto, nhamento do aluDesafio: riscos. A nuvem requer novos relacionamentos com mitindo que as empresas diminuam os gastos sistema Empresas fornecedores, entendimentomodernizar absoluto da segurança não sedaresumiu modificar no. A atualização área de TI paraapenas o essencialem e fiquem mais de gestão oferecida e mais ênfase no monitoramento da confiantes para enfrentar demanda de pico. do usuário final. a plataforma de gestão. Para suportar cadastralexperiência melhorou Solução: adoção de plataforma que o novo sistema, o Visconde de Porto e o fato de usar plaintegraessas todosduas os vantaAs empresas podem desperdiçar Mais rapidez para as ofertas do mercado departamentos gens, a não servique suas políticas as acompanhem Seguro promover atualiza- taforma web, na comprecisou potenciais vantagens de estratégia, - aprovação mais rápida para aproveitar a vantagem Concorrência Resultado: com baixo custo total como vantagem da implementação e controle apropriado ção dos hardwares. O sistema antigo são do gestor, “deixada nuvemprocessos operacional crítica para garantir que o desperdício não aconteça consolidados, visão era descentralizado, com um servidor a instituição mais do negócio como um todo e estrutura na unidade central e “mini-CPDs” em bem preparada para preparada para Conclusão mudanças iwb A computação — em nuvem está em estágiopossui inicial de adoção, mas os líderes de TI devem antecipar como ela poderá mudar a cada endereço a instituição mudanças.”

O impacto da computação em nuvem para a empresa Em foco

TI, as habilidades necessárias e as relações de negócio a fim de extrair todo o potencial oferecido pela nuvem.

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Fonte: InformationWeek EUA

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pode surgir de um template ou, melhor A de compra ocorreuGolden em janeiro ainda, uma imagem Masterde 2007 do e aarmazenamento. implantação teveOsinício em trazida softwado mesmodaano. O processo resfevereiro de gerenciamento VMware, Citrix para colocar todos os módulos e Virtual Iron (agora parte da Oracle)em ofefuncionamento — back office, sistema recem um laboratório de gerenciamento de gestão (administrativa, financeira, front-end , geralmente um portal web, compra e folha) gestão acadêmica, onde o usuário finaleseleciona o tipo e estratégica levou aum ano. deponto servidor que quer e –começa usá-lo “Fizemos trabalho de levantasozinho, se o um sistema permitir. mento dedeprocessos, treinamento e Sistemas cobrança retroativa partimos para a implementação, que podem, automaticamente, cobrar pelo é rápida. Trocamos em janeiro de consumo separado pore,departamento. a operação. Durante Ao2008, unir iniciamos isso à capacidade de nuvens extodo ao principal ano trabalhamos também ternas, dor de cabeça da para área e relatórios.” deajustes TI vai embora. Os líderes de TI devem

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Novo mundo

2009 foi mesmo incrível. ACREDITO QUE RECORDAREMOS DESSE ANO POR VÁRIOS MOTIVOS: definição do Brasil como País-sede de uma olimpíada, pré-sal, Bric e inúmeras outras coisas que vieram para nos lembrar que tudo está mudando, e rápido demais. A principal revolução, na minha opinião, vem do conteúdo disponibilizado na web. A Amazon, maior livraria do mundo, anunciou que vendeu mais e-books do que livros tradicionais. Isso parece não dizer muita coisa, mas diz, por duas grandes razões. A primeira delas é a própria revolução da cultura. Diziam que ninguém trocaria papel por tela. Engano número um. Pessoas querem o que está nas palavras e não onde elas estão. Provavelmente ainda demore para trocarmos letras por cenas, músicas, fotos; mas o meio, este sim, pode ser trocado agora mesmo. A maior prova está aí. Hoje eu tenho mais de 200 livros em casa e penso em me desfazer de todos e baixar tudo de novo no meu Kindle, que, aliás, proporciona uma experiência fantástica. A invenção da Amazon é brilhante por ter disponibilizado a biblioteca nas mãos. Mais do que isso, o faz com uma carinha de livro, letras grandes para leitura, capinha de couro, não cansa a vista, a bateria dura muito tempo e ainda por cima você pode ouvir em vez de ler, no caso de algumas obras. Dizem que em 2010 outros bons leitores aparecerão. Também acho. Coloco somente a eles o desafio da bateria, da luz e do modelo de negócios. A segunda maior revolução é a de vender conteúdo. Sempre me disseram que ele deveria ser gratuito e que o

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Foto: Ricardo Benichio

A revolução está só começando Alberto Leite

é diretor-executivo e publisher da IT Mídia

twitter.com/albertoleite

que as pessoas comprariam seriam os serviços. Engano número dois. Os consumidores estão comprando conteúdo na web e as plataformas novas, como o Kindle, permitem que isso seja feito sem custo fixo, adquirindo só o que você realmente quiser comprar. Uma revista pode ser assinada. Você pode comprar uma única edição ou um único artigo. Pode adquirir um livro, uma música, um filme pela internet e isso torna o negócio mais interessante. O conteúdo passa a ser então um produto valioso. Vejo, agora, Rupert Murdoch, presidente da News Corporation e maior inimigo do Google, com outros olhos. No início achava que sua teoria de que o gigante de buscas era um vilão da humanidade parecia absurda. As ferramentas da empresa ajudaram o ser humano a indexar, a buscar, a localizar conteúdos na web, direcionando-os para os seus donos. Quando o faz em seu próprio ambiente, deixa de cumprir sua parte, criando um ecossistema diferente, onde as donas dos conteúdos se sentem não só ameaçadas por um novo modelo, mas prejudicadas por verem que tudo aquilo que fizeram, de repente, ficou gratuito. É assim que esperamos as cenas dos próximos capítulos desse que deve ser um dos maiores embates de todos os tempos. Até mais. InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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Tech Review

Os desafios da

WEB MÓVEL Peter Rysavy, da InformationWeek EUA

Imagem: Glowimages

UMA COISA É IMPLEMENTAR E-MAIL NOS CELULARES DOS FUNCIONÁRIOS DE SUA EMPRESA. OUTRA – BEM DIFERENTE – É FAZÊLO EM COMBINAÇÃO COM O ACESSO EM TEMPO REAL A APLICATIVOS CORPORATIVOS DE FORMA SEGURA

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O

s smartphones de hoje são tão poderosos quanto um computador, com poder de processamento e armazenamento substanciais. Eles representam o avanço da indústria da computação, incorporando inovações em diversas frentes, da interface com o usuário aos aplicativos e sistemas operacionais. E é aí que reside o problema: as intensas evoluções nos levaram a inúmeras plataformas para os celulares inteligentes. Somente para o iPhone são mais de 100 mil aplicativos, centenas de empresas fornecedoras de suporte, uma grande variedade de ambientes de desenvolvimento, poderosas tecnologias de navegação e vários middlewares focados no dispositivo móvel. Uma coisa é implementar e-mail wireless para seus funcionários, mas outra – bem diferente – é fazê-lo em combinação com o acesso em tempo real a aplicativos corporativos como de gestão de clientes (CRM, na sigla em inglês). Adicione isso a necessidade de um dispositivo de gerenciamento e segurança, e não é de se espantar que os arquitetos de TI se sintam pressionados. Sabemos que cada situação é única e por isso oferecemos uma lista de princípios e guias com as opções que precisam ser analisadas. Nosso foco estará em opções de web versus desenvolvimento nativo. Esse último ponto está se tornando razoável mesmo quando plataformas múltiplas precisam ser suportadas e rodar em

qualquer ambiente de desenvolvimento que esteja em amadurecimento. Um caminho que provavelmente não é uma opção: sentar e esperar que os cálculos se tornem mais fáceis. O número de plataformas e abordagens não deve diminuir e os melhores funcionários das empresas não vão querer esperar. Um dos entrevistados da pesquisa, o CTO da agência de publicidade 22squared, resume bem o porquê de precisarmos resolver tal equação: “as pessoas mal podem esperar para se sentar e pensar em novas formas de contatar seus clientes”, disse Robert Isherwood, “trabalhar é um verbo”.

STATUS DE MERCADO Dos 695 profissionais de tecnologia de negócio que responderam à pesquisa da InformationWeek Analytics sobre aplicativos móveis realizada em novembro de 2009, 42% disseram que suas empresas irão implementar esse tipo de solução de mobilidade em smartphones nos próximos 12 meses e 11% afirmaram que o farão entre os próximos 12 e 24 meses. No entanto, apenas 21% dos entrevistados indicaram adoção corporativa completa, com 42% apontando para

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Tech Review Como as plataformas para aplicativos móveis serão usadas? Uso Expandido

Uso Limitado

Não serão usadas

RIMBlackBerry 61% Apple iPhone 27%

32%

45%

Windows Mobile 24%

28%

44%

32%

Google Android 6% 24% Palm Pre 5%

70%

30%

Symbian (e.g., Nokia E71x) 3% 1 5 %

7%

65%

82%

Dados: Pesquisa da InformationWeek Analytics com 695 profissionais de tecnologia de negócio implementando, ou planejando a implementação, de aplicativos móveis em smartphones.

a implementação em departamentos específicos. Em alguns casos, a postura foi atribuída a questões de economia. “Os preços de telefones PCs/smartphones e dos serviços ainda são muito altos para permitir que todos se beneficiem dos aparelhos”, disse um diretor de TI que atua no setor público. “É difícil justificar com os orçamentos tão apertados.” Entre os líderes, o BlackBerry continua dominando o mercado. A pesquisa revelou que 61% dos entrevistados implementando aplicativos para smartphones citaram o uso ampliado da tecnologia da Research In Motion (RIM). Um fator impressionante, no entanto, foi a velocidade com que o iPhone penetrou no mundo corporativo: 27% apontaram para o uso do aparelho da Apple. O Windows Mobile (que esperávamos que ficasse em segundo lugar na pesquisa) ficou com 24% e o Android,

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do Google, ficou com 6%. O Symbian, o sistema operacional para smartphones líder no mundo, continua lutando para conseguir a atenção corporativa nos Estados Unidos, já que contabilizou 3%, com o Palm Pre um pouco acima, com 5%. Há muito tempo, o serviço de e-mail é o mais popular entre os aplicativos para aparelhos celulares. Ao que tudo indica, isso não mudou, já que 85% dos entrevistados em fase de implantação de aplicações para smartphones citaram projetos de correio eletrônico, seguido pelos de acesso à internet, com 54%; mensagem instantânea, com 44%; funções PIM, com 33%; e CRM, com 23%.

CRESCIMENTO DOS BROWSERS As empresas que estão confusas com tantas opções podem se conformar com um fato: estamos prestes a conhecer a verdadeira web

móvel. O iPhone, com seu competente browser Safari, mostrou ao mundo que a rede mundial de computadores baseado nos conceitos de mobilidade pode ser entregue de forma muito eficaz e que um grande número de usuários pagará pelo privilégio de navegar em qualquer lugar. E o aparelho da Apple não é o único jogador nessa mesa. Entre os outros players estão Google, Microsoft e Mozilla, que crescem e investem pesado para consolidarem-se como provedores de soluções móveis. As implicações disso são significantes e irão mudar a forma como os aplicativos se tornam móveis tanto por fornecedores independentes de software quanto por negócios. Felizmente, parece que estamos todos prontos para essa transição. Na pesquisa realizada pela InformationWeek Analytics, 28% dos entrevistados disseram que planejam uma abordagem de browser móvel, a escolha mais comum depois de um cliente nativo. Esperamos que esse InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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número continue crescendo e que a web se torne uma importante via de implementação de aplicativos móveis. A web móvel está, finalmente, atingindo a plena forma por vários motivos. O grande possibilitador é a rápida taxa de transferência, como a que é oferecida pelas redes de terceira geração (3G). Também ajuda bastante o fato de que a maioria dos aparelhos, hoje em dia, tem a função Wi-Fi. Com a velocidade típica da rede 3G, de 1 Mbps, e a latência entre 100 e 200 milésimos de segundo, as pequenas telas podem ser atualizadas em 5 segundos ou menos. Isso representa um avanço considerável em comparação com os dez segundos ou mais das redes 2G. É claro que 5 segundos é muito em comparação com as atualizações em sub-segundo que se consegue com aplicativos nativos, mas ainda é muito bom. Tecnologias como Ajax e Gears permitem a interação de conteúdo armazenado localmente, o que melhora, de forma significativa, a experiência do usuário mesmo quando a rede não responde imediatamente. Além disso, as redes estão cada vez mais rápidas. Os provedores WiMAX dizem oferecer entre 2 e 4 Mbps em taxas de transferência. As redes HSPA também estão sendo atualizadas e cada vez mais próximas da plataforma 4G, como a Long Term Evolution (LTE), que começará a ser implementada no ano que vem. A latência está caindo, o que significa que os cinco segundos gastos numa atualização de tela hoje serão reduzidos pela metade dentro de um ou dois anos. A capacidade dos aparelhos também desempenha um papel importan-

te. Os dispositivos móveis de hoje tem maior potência de computação do que muitos desktops do início da década. As telas maiores e de alta definição também fazem uma grande diferença, assim como as sensíveis ao toque. Finalmente, um grande número de fornecedores está oferecendo browsers altamente capacitados que podem renderizar quase qualquer conteúdo de web. Os principais são: Safari, para iPhone; Android, do Google; Internet Explorer, da Microsoft; Firefox, da Mozilla; e o S60, da Nokia. É importante destacar que alguns desses navegadores, como o IE, o Safari e o S60 vêm com as plataformas dos aparelhos, enquanto outros, como o Opera, o Firefox, o NetFront e o SkyFire são sistemas terceirizados instaláveis pelos próprios usuários. Assim como nos desktops, os desenvolvedores devem garantir que seus aplicativos funcionem corretamente com qualquer um deles; as funções podem variar, assim como as ferramentas de renderização HTML em uso.

NATIVO VERSUS WEB Então, para que lado as empresas devem ir? Os aplicativos nativos – aqueles criados usando linguagens como C++ ou Java, executados localmente no aparelho – oferecem melhor resposta enquanto permitem operações offline. No entanto, as aplicações nativas vêm com um preço alto, pois são ambientes codificados que costumam ser mais complicados de depurar se comparados aos usados em desktops. Além disso, o aplicativo irá funcionar somente em uma plataforma específica, o que significa que as

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Tech Review empresas precisam criar ou comprar versões diferentes para aparelhos BlackBerry, Google e iPhone. Em contraste, o modelo do navegador simplifica, consideravelmente, as vendas e a distribuição do software, assim como os fornecedores de outros aplicativos precisam trabalhar com múltiplas lojas de aplicativos, como as lojas do iPhone e do Android, e então adaptar os aplicativos para cada plataforma. A distribuição mais simples de aplicativos móveis deve encorajar a inovação e o melhor desenvolvimento, o que acaba beneficiando tanto os negócios quanto os consumidores. Além do mais, as áreas de TI mais normais têm habilidade de gerenciamento de conteúdo web em casa. Mas não são tantas as áreas que possuem as habilidades sofisticadas necessárias para desenvolver e

depurar os aplicativos nativos. Um dos entrevistados da pesquisa prefere a abordagem web: “usamos servidor BES para nos dar acesso relativamente seguro à nossa rede interna”, disse Alfons Schermaier, arquiteto-sênior da PPG Industries. “A partir dali, usamos técnicas de desenvolvimento de aplicativo web padrão e uma abordagem de design que usa o máximo do estado real das telas reduzidas. Esses aplicativos podem, também, ser usados em navegadores de desktop se preciso for. Os testes são um pouco mais envolvidos com os múltiplos clientes-alvo, mas os aplicativos têm mais utilidade e, uma vez que se pega o jeito, as entregas acabam sendo mais rápidas”. Visto desta maneira, podemos dizer que velocidade é o nome do jogo para muitos grupos de TI que tornam os cálculos da questão nativo UBM versus web bem mais fáceis.

O iPhone, com seu browser Safari, mostrou ao mundo que a internet móvel pode ser entregue de forma muito eficaz e que um grande número de usuários pagará pelo privilégio de navegar em qualquer lugar

Avaliação de impacto: Aplicativos móveis Risco

Áreas de TI

As escolhas mais difíceis permanecem: a competição entre as plataformas de smartphone e todas as várias estruturas disponíveis. As áreas de TI não conseguem dar suporte a todas as plataformas e aparelhos que os usuários querem.

Empresas

O poder dos novos smartphones definhou os antigos desktops. Os aplicativos se aproveitam desse poder. Os funcionários podem acessar os dados corporativos que precisarem para trabalhar de onde estiverem.

Portar os aplicativos corporativos para os pequenos fatores dos aparelhos demanda seleção de plataforma: se os usuários do negócio esperam que a área de TI suporte uma grande variedade de smartphones, eles podem estar prestes a se deparar com a cruel realidade.

Concorrência

Para a maioria das empresas, e-mail em dispositivos móveis é o limite para vendedores e executivos. Para conseguir vantagem competitiva real é preciso ir além no desenvolvimento das versões móveis dos aplicativos que oferecem avanço aos

Existe risco de segurança em qualquer situação em que se permite que usuários-finais saiam carregando dados sigilosos. Smartphones e laptops são perdidos todos os dias, e poucas notícias podem ser piores que a de que informações foram perdidas.

Conclusão

Maneiras mais poderosas de criar aplicativos móveis são sinais positivos do desenvolvimento da empresa com competência e capital para tirar as melhores vantagens disso. Mas as plataformas ainda são muito fragmentadas, os planos de dados são caros, a implementação dos navegadores está longe de ser uniforme, os middlewares ainda estão entre nós e as preocupações com gerenciamento e segurança não vão embora. Tenha certeza de estar preparado.

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Fonte: InformationWeek EUA

Benefício Arquiteturas de desenvolvimento de aplicativos móveis e especificações permitem que a TI vá além de sincronização de e-mail e calendário, de forma segura. Se você apoia os poderosos smartphones, por que não permitir que seus funcionários tirem vantagem deles?

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Estante

GOOGLED: THE END OF THE WORLD AS WE KNOW IT

LIDERANÇA: A FORÇA DO TEMPERAMENTO De maneira prática, a obra apresenta um modelo de entendimento das tendências naturais de comportamento e mostra como os temperamentos interferem na atitude dos líderes. O livro traz, ainda, um questionário para ajudar gestores a avaliarem sua equipe. PREÇO SUGERIDO: R$ 49 EDITORA: PEARSON EDUCATION

ARQUITETURA ORIENTADA A SERVIÇOS O Google mudou a forma como as pessoas se relacionam com a internet. Dois perfis contraditórios emergem desse gigante: o primeiro apoiado no slogan “Don´t be evil”; o segundo é a companhia que devora modelos tradicionais sem pagar um tostão para os afetados. As duas facetas soam fascinantes, cada uma a seu jeito. Ken Auletta leva os leitores aos bastidores da corporação de Larry Page e Sergey Brin. Como tudo sobre a empresa, o livro deve despertar interesse e tornarse um best seller instantâneo.

Nos últimos meses a literatura sobre SOA se multiplicou no Brasil. O aumento dá uma dimensão da importância do tema. Dirigido a analistas, engenheiros e arquitetos de software; o livro de José Carlos Lazzeri propõe fundamentos, estratégias e processos a esse estilo de montar a TI de forma a trazer impactos positivos na produtividade e qualidade dos modelos computacionais. PREÇO SUGERIDO: R$ 54 EDITORA: CIÊNCIA MODERNA

Foto: divulgação

PREÇO SUGERIDO: US$ 27,95 EDITORA: PENGUIN PRESS

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Inovação

As comunidades são Escrevo esse artigo diretamente da Suíça, onde tenho o privilégio de participar do Fórum Econômico Mundial. Ao longo dos últimos 11 anos, presenciei o poder da comunidade dos grandes líderes globais quando eles se reúnem em Davos para discutir e socializar. O sucesso do encontro demonstra que comunidades são o nosso futuro. As pessoas querem pertencer a algum grupo. Portanto, será que não devemos tornar o gerenciamento efetivo das comunidades uma prioridade dentro de nossas empresas? Comunidades são baseadas em pessoas e seus conhecimentos. O mais importante possibilitador de um grupo bem-sucedido é a liderança no gerenciamento que encoraja e sustenta uma cultura de compartilhamento. Isso, muitas vezes, depende de uma plataforma tecnológica eficiente para possibilitar a troca de experiências entre locais geograficamente distantes e um processo eficiente para a gestão da qualidade do que é compartilhado. As comunidades são, particularmente, mais eficazes em empresas em que o conhecimento técnico é reconhecido. Em grandes multinacionais, encontrar uma pessoa que possua a experiência específica pode ser uma tarefa difícil. Assim, esse conhecimento acaba se mantendo “escondido” e, consequentemente, inexplorado dentro das estruturas corporativas. Em iniciativas bem-sucedidas, esses problemas não permanecem escondidos, sendo explorados e resolvidos. Grupos precisam de líderes para alcançar seus objetivos. O papel da liderança pode variar e ser compartilhado entre os membros. Por exemplo, a qualidade do conhecimento compartilhado precisa ser gerenciada entre locais, setores e integradas em um processo. Mesmo as comunidades mais populares, como as que estão

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Foto: Divulgação

o nosso futuro Soumitra Dutta

é reitor para relações exteriores do Insead e professor de negócios e tecnologia da Roland Berger

por trás do site Wikipedia, precisam de um gerenciamento formal para garantir a coerência e a qualidade dos seus esforços. As ferramentas de TI são essenciais para o suporte da comunidade de forma global. A comunicação cara a cara nem sempre é possível. A web 2.0 pode ajudar muito no funcionamento eficientemente dos grupos por distintas áreas geográficas e fusos-horários A experiência sugere três ideias para a criação e manutenção das comunidades. A primeira é tentar criar uma que tenha alguma ligação com um objetivo específico do negócio - como o compartilhamento do conhecimento para o desenvolvimento de um produto. A segunda, desenhar um processo de compartilhamento de conhecimento (incluindo ferramentas e incentivos) que se baseie na força natural daquela comunidade enquanto foca o objetivo desejado pelo negócio. E, a terceira, demonstrar ganhos rápidos e comemorar abertamente o sucesso alcançado. Isso ajuda a marcar o momento e sustentar as ações. As comunidades são o futuro. Vamos tornar seu gerenciamento efetivo uma prioridade dentro de nossas empresas. Isso vai colaborar para o sucesso de todos. InformationWeekBrasil | Fevereiro de 2010

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anuncio_netglobe_hapvida_Saida quarta-feira, 27 de janeiro de 2010 12:12:06



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