GOIÂNIA | GOIÁS | BRASIL | EDIÇÃO 006
@INMAGAZINEOFICIAL
DIVERSIDADE Já ouviram falar em Brenda Oliveira? Leiam a nossa matéria de capa e conheçam mais sobre esse personagem emblemático, inteligente, bem humorado e totalmente consciente do seu lugar no mundo
COMPORTAMENTO Manutenção da boa saúde mental OPINIÃO Fé e esperança ainda são as principais soluções para enfrentar a pandemia SAÚDE Médica psiquiatra alerta para os prejuízos do uso excessivo dos aparelhos eletrônicos 1 | in!
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E DI TO R IA L
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lá “Quarenteiners”! Todos estamos passando por um momento atípico e histórico, depois dessa pandemia nossas vidas nunca mais serão as mesmas, passaremos a ver tudo de forma diferente, dando mais atenção às pequenas coisas, momentos simples que estávamos deixando passar sem perceber, tanto pela correria do dia a dia quanto pela falta de interesse mesmo. Esse momento de quarentena também nos faz refletir sobre a nossa vida e o que queremos para o nosso futuro, esperamos sair mais fortalecidos disso tudo. Que essa pandemia é ruim todos sabemos, estampam isso em “nossas caras” todas as horas do dia através dos telejornais e internet, mas essa quarentena também está ajudando o planeta a se recuperar de todo mau que fizemos, a poluição do ar está diminuindo consideravelmente, as águas estão cada vez mais limpas, animais estão deixando de serem mortos por pura ganância e vaidade do homem, enfim, a natureza agradece. Esse vírus está nos fazendo pensar mais em nós em relação ao próximo, vamos aprender a tirar o melhor das situações, nos adaptar, viver melhor a cada dia. E pensando em tudo isso, solicitamos aos nossos colunistas que falassem do assunto, cada um na sua área de atuação, abordaram o tema de forma que possam ajudar nossos leitores a passarem por esse momento de um jeito mais leve. Temos várias matérias interessantes de vários seguimentos, damos destaque a nossa matéria de capa, onde conversamos com Brenda Oliveira, um personagem emblemático, inteligente, bem humorado e totalmente consciente do seu lugar no mundo, Brenda é um homem trans com mais de 20 mil seguidores no Instagram. Vejam também as nossas matérias de Arquitetura e Decoração, a Hora da Pipoca, Beleza e Estética, Comportamento, Gastronomia, Moda, entre outras. Esperamos que gostem dessa edição e fiquem à vontade para dar a sua opinião sobre a revista e cada assunto abordado nela. Obrigado por lerem a “IN!” Magazine e nos deixar fazer parte da sua vida! Um grande abraço e até a próxima edição!
N i ch olas Barh tras
CAPA
Editor Chefe
Capa: Brenda Oliveira, 24 anos, homem trans não-binário, com mais de 20 mil seguidores no Instagram - @broliveir_a 6 | in!
Fotógrafo: André Miranda @andremirandafotografia
COLABORADORES NESSA EDIÇÃO EXPEDIENTE Diretor Geral: Nícholas Bárhtras Projeto Gráfico e Diagramação: DG IN! Fotos: André Miranda, Ana Aquino, Guilherme Corrêa, Nícholas Bárhtras
H u g o A l ex an d r e
E v el y n C r os ar a
H er b er t E m í l i o A r aú j o L o p es
Dhayane Marques
Mar i el a R o m an o
F r ed C ar v alho
D an i el Mar t i n s
Jú l i o Manoel
N ai ar a G o n çal v es
L aí z Q u ei r o z S ouza
Colaboradores: Evelyn Crosara, Daniel Martins, Dhayane Marques, Frederico Carvalho, Herbert Emílio Araújo Lopes, Hugo Alexandre Lima, João Paulo Danas, Júlio Manoel, Laiz Queiroz Souza, Lud Castro, Maíra Azevedo, Mariela Romano, Naiara Gonçalves Departamento Comercial: NBPress.Co Editora Gerente Comercial: Fernando Siqueira Fale com a Redação: revistain08@gmail.com “IN!” Magazine é um produto da NB.Press Editora. +55 62 99931 1861 revistain08@gmail.com A Revista “IN!” Magazine (digital) não se responsabiliza pelos artigos, matérias e textos assinados por seus colaboradores, bem como as fotos e imagens inseridas nos mesmos e também não possui nenhum tipo de vínculo empregatício com nenhum de seus colaboradores. É expressamente proibida a reprodução total ou parcialdas páginas sem autorização e citação da fonte.
J oão P aulo Danta s
Lu d Ca s t r o
Maí r a A zev ed o
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Í N D IC E
_ EDITORIAL ..................................................................... 06 _ EXPEDIENTE | COLABORADORES .............................. 07 _ ÍNDICE ............................................................................. 08
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_ ARQ | DÈCOR - Projetando na quarentena ........................ 10 _ HORA DA PIPOCA - Da ficção a realidade ....................... 12 _ BELEZA & ESTÉTICA - Cuidados com a pele durante a pandemia do coronavírus .................................................... 16
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_ MODA - Moda consciente ................................................. 18
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_ OPINIÃO - Coronavírus: A venda tirada na cegueira humana ............................................................................. 20 _ ECONOMIA - Empresas ganham fôlego com a flexibilização tributária ........................................................................... 22 _ MATÉRIA DE CAPA - Brenda Oliveira - Transformar: Capacidade de mudar e ser ................................................ 24
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_ ETIQUETA - O novo comportamento na covid-19 .............. 30 _ COMPORTAMENTO - Manutenção da boa saúde mental .. 32 _ GASTRONOMIA - Bolo de fubá com cobertura de goiabada e uma dica preciosa para o preparo de um bom café ............. 36 _ SAÚDE - Nomofobia: O medo de ficar sem celular ............. 38
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_ NUTRIÇÃO - Coronavírus X Alimentação .......................... 44
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_ SEUS DIREITOS - As relações contratuais durante o período do covid-19 ........................................................................ 46 _ TURISMO - Enoturismo: Sugestão de viagem para quando esse momento de isolamento passar .................................... 52 _ ARTE - Geometria do ensaio nú artístico ............................ 54
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AR Q | D È C O R
| Por Mariela Romano
PROJETANDO NA QUARENTENA Como enfrentar e nos reinventar neste cenário de isolamento social que estamos vivendo? Essa é uma pergunta frequente nos dias atuais.
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e não estivéssemos sentindo isso na pele e alguém nos contasse que passaríamos por essa situação em qualquer época de nossas vidas, acharíamos que não passasse apenas de um bom roteiro para filmes. Mas infelizmente a realidade é esta. Então a solução que logo vem à mente é: precisamos nos reinventar! Esse é o assunto do momento para todas as áreas profissionais, e de vida. Por isso todos nós estamos nos apoiando e ajudando com união e solidariedade. Acho que a grande maioria das pessoas, mesmo com suas casas totalmente projetadas por arquitetos especialistas, nunca passaram
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tanto tempo confinados para assim realmente perceber e sentir cada lugar de sua casa, e ainda ter que se adaptar a eles, ou talvez ter que torna-los cada vez mais um ambiente multiuso que seu habitual. O que posso falar sobre a arquitetura e interiores hoje? Como todo segmento também estamos nos reformulando para melhorar mais a qualidade e atendimento ao nosso mercado, que é completamente exigente, muda e se transforma a cada dia. Porem nesse tempo de quarentena, descobri que nosso escritório já trabalha com esse formato de atendimento a distância, principalmente para anteder e
suprir as necessidades de nossos clientes, que por algum motivo não pode ser atendido presencialmente é esse atendimento que se encaixa perfeitamente no que precisamos hoje. Isso geralmente acontece quando o projeto é realizado em outra cidade ou estado. Para projetar desde um ambiente a uma casa completa primeiramente devemos analisar o ambiente, o lote, tudo que existe em seu contexto e entorno, para assim posicionar o layout e a planta baixa da melhor maneira atendendo as necessidades funcionais, de conforto e estética. Hoje estamos vivendo situações jamais imaginadas por nós brasileiros a respeito de como podemos ter melhores lugares para viver de uma forma mais funcional e de fácil manutenção, com conforto e qualidade de vida. Constantemente vejo projetos de casas e ambientes mal projetados e pensados de forma totalmente despreparada de conhecimentos técnicos básicos para que esses tenham um bom conforto térmico, acústico e sejam o mínimo funcionais possível. O que devemos nos preocupar primeiramente nos projetos é a segurança, depois a funcionalidade, conforto e pôr fim a estética. Mariela Romano é Arquiteta, Urbanista e Design de interiores. Formada na PUC em Arquitetura e Urbanismo, Pós Graduada em Design de Interiores e Master em Arquitetura, 21 anos de carreira trabalhando com projetos de Arquitetura e Arquiteturas de interiores residenciais, comerciais e consultoria. MARIELA ROMANO ARQUITETURA E INTERIORES Endereço: Rua 14 e 14A Qd. C-9 Lts 02/05-15 nº 3455, Jardim Goiás CEP 74810-180- Goiânia -GO Ed. Flamboyant Park Business Sala 2414 Fone: 62 3637 7779 - 99971 0800 – 99973 5433. Instagram: @marielaromano - www.marielaromano.com.br
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HO R A DA P IP O CA
| Por Frederico Carvalho
DA FICÇÃO PARA A REALIDADE Como enxergamos o “outro” em tempos de crise? Enxergamos?
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filme “Ensaio Sobre a Cegueira” (2008) do diretor Fernando Meirelles, baseado na obra literária homônima de José Saramago, provoca algumas considerações pontuais e importantes para esse momento excepcional que passamos no mundo. Reflexões relativas ao tipo de comportamento que valorizamos e exercemos durante esse momento se mostram fundamentais para vislumbrarmos possíveis futuros que serão agora determinados. Quando tudo isso passar e olharmos para trás, como nos sentiremos em relação às prioridades que defendemos agora? E os governantes? O que estão priorizando? Queremos ao nosso lado, em situações como essa, pessoas que exercem qual tipo de postura? Qual exemplo estamos dando às próximas gerações? Assim como toda ficção tem um pouco de realidade, toda realidade é também um pouco ficcional, seja por conta da subjetividade de quem a experimenta e sobre ela discursa, seja pelas maneiras como essa realidade entra em contato com nossos valores e ideias e se transforma em nossa imaginação. A imaginação transfigura o mundo, cria novos mundos possíveis para além de nossa limitada percepção sensorial resumida à cinco sentidos. Assim, a ficção é uma importante forma de (re)tratar situações recorrentes de nosso cotidiano de maneira metafórica, seja ela trabalhada por meio da literatura, do teatro, do audiovisual ou apresentada por qualquer outro suporte de representação. Muitas vezes, ao deslocar de nossa realidade cotidiana e trivial alguns
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acontecimentos para uma realidade imaginária, as narrativas ficcionais podem clarear ideias sobre aspectos determinantes de nossas vidas. No filme, em situações caóticas instauradas na sociedade (como uma pandemia, por exemplo) algumas marcações comportamentais são bem evidentes e representadas pelos personagens: aqueles que pensam somente em si e que valorizam questões relacionadas ao poder, à riqueza, à exploração e que, muitas vezes, até chegam a aproveitar a situação para ganharem um pouco mais; e aqueles que valorizam a cooperação, o coletivo, a empatia, a solidariedade e, mesmo que não estejam em uma situação tão calamitosa quanto determinados companheiros, decidem ajudar das formas que lhe são possível. Poeticamente a obra tece um dialogo entre essas duas visões de mundo, elevando as reflexões à aspectos morais de nossa sociedade atual e suas atuações frente à pandemia de coronavírus que nos assola. Além da abordagem do sacrifício individual pelo coletivo, o filme também se destaca por tratar metaforicamente a noção de “realidade” e a disposição de nós, seres humanos, em percebermos e entendermos as estruturas que nos regem. Questionar quem está no comando das cordas que nos manipulam, quais os problemas que nos afligem e com quais atitudes esses problemas são tratados pela população, pelos governantes e pelo sistema neoliberal que estamos inseridos institucionalmente. Ao fim de todo esse período de crise dificilmente seremos os mesmos. Certamente passaremos por essa turbulência e estaremos transformados em relação aos nossos valores. Nesse sentido, em meio à essa pandemia que enfrentamos, a obra “Ensaio
Sobre a Cegueira” pode nos dar algumas perspectivas para enxergar possíveis mudanças que precisamos aflorar em nós mesmos para seguirmos bem o restante de nossa viagem pela vida com consciência.
Frederico Carvalho Felipe é Doutorando e Mestre em Arte e Cultura Visual. Especialista em Cinema. Bacharel em Relações Internacionais. Professor de fotografia, cinema, produção audiovisual, semiótica, linguagem visual, história da arte e filosofia. Baixista nas horas vagas. E-mail: fredcfelipe@gmail.com
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PREPARE A PIPOCA
Esse incrível filme existencialista, disponível na Netflix, aborda a chegada de naves alienígenas em diferentes pontos da Terra. Uma linguista e um físico são chamados pelo governo para estabelecer comunicação com esses seres e tentar entender as intenções deles em nosso planeta. Um ótimo filme que traz uma visão inusitada sobre situações de emergência e que fogem ao nosso controle. Um filme de ficção científica que aborda a importância da comunicação e do autoconhecimento em nossa sociedade sem apelar para uma trama catastrófica. Excelentes reflexões são possibilitadas acerca dos caminhos que a humanidade tem percorrido e ainda pode percorrer para evoluir.
SÉRIE PARA MARATONAR
Série criminal austríacoalemã com bastante suspense, produzida pela Netflix, que pode frustrar profundamente quem espera uma cinebiografia documental fiel do pai da psicanálise, Sigmund Freud. Mesmo usando referências factuais da vida do pensador, como o uso de cocaína, o casamento com Martha, a hipnose e a catarse como método, os estudos sobre histeria, o trabalho no hospital psiquiátrico, suas exposições na faculdade e seu trabalho com Charcot, Breuer e Meynart, a série extrapola o viés documental e parte para uma narrativa construída sobre uma forte estrutura ficcional. Vista desta forma, como uma obra de ficção a la Arthur Conan Doyle e Edgar Allan Poe (romances lançados na época do personagem histórico que dá nome a série) com pitadas de ocultismo, a série não é nada enfadonha. Algumas boas metáforas audiovisuais relacionadas ao contexto da época e ao pensamento
de Freud são trabalhadas, como por exemplo a imersão de personagens em processos mentais com referências à Édipo, ao estranho, familiar e inquietante (unheimlich), ao romance escrito por Robert Louis Stevenson intitulado “O Médico e o monstro” (1885) e à associação do tratamento psicanalítico como uma investigação policial, que leva o sujeito a descobrir em si o que ele procura fora de si, entre outras representações. Todavia, o personagem que dá nome à série é na trama, de certa forma, secundário na condução das ações se comparado a outros como o policial Alfred Kiss e a médium Fleur Salomé (nome tirado talvez de uma associação com o livro de Charles Baudelaire intitulado “Les Fleurs du Mal”, e uma das mulheres mais admiradas por Freud, Lou Andreas-Salomé, amante do poeta Rainer Maria Rilke e de Nietzsche, uma das primeiras a trazer o tema da repetição para a psicanálise). De forma geral, a série tem seus bons momentos, além de uma admirável ambientação histórica de uma Viena fin-de-siécle, capital do Império Austro-Húngaro.
QUARENTENA ANIMADA
que eu assisti e recomendo foi O Conto da Princesa Kaguya. Além da história delicada, o filme adota um visual em aquarela, tornando-se esteticamente muito agradável.
Por Leticia Guelfi – Professora, Historiadora e Especialista em Processos e Produtos Criativos
Em tempos de confinamento a oportunidade é perfeita para assistir filmes em família. Uma boa dica são as animações do Studio Ghibli que têm uma áurea diferenciada e chamam a atenção pela qualidade da produção. Talvez por isso a Netflix tenha investido pesado na aquisição das produções do estúdio japonês, disponibilizando vários títulos como Meu amigo Totoro, A Viagem de Chihiro, Princesa Mononoke e, mais recentemente, As Memórias de Marnie. O último
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Filme: A Chegada (The Arrival) Direção: Denis Villeneuve Ano: 2016
Série: Freud Ano: 2020 (1 temporada) Onde assistir: Netflix
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B EL E Z A & E S T ÉT ICA
| Por Hugo Alexandre Lima
OS CUIDADOS COM A PELE DURANTE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS Durante a pandemia, a pele deve ser higienizada, com bastante frequência, o que faz com que ela fique mais ressecada. Saiba como deixá-la mais hidratada e saudável
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pele é o maior e mais exposto órgão do corpo humano. Além das variações climáticas (temperatura e umidade), o excesso de higienização influencia em seu estado de textura e hidratação. O mundo está passando por uma fase crítica e caótica por causa da pandemia do coronavírus. Nesse período, os cuidados com a higienização e a assepsia da pele se tornaram fundamentais para conter o avanço da infecção.
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O vírus entra no organismo por vias aéreas – nariz e boca. Ele é transmitido de uma pessoa para outra através de gotículas da fala, do espirro, da tosse, da saliva e de secreções nasais. As mãos são os principais vetores dessa transmissão. É habitual levar as mãos à boca durante espirro e tosse, e, com isso, elas se contaminam com milhares de vírus. Onde as mãos tocam, elas deixam milhares de vírus que sobrevivem de dois a três dias em superfícies – as pessoas
saudáveis podem se contaminar ao tocar as mãos nessas superfícies. Portanto as mãos devem ser higienizadas e desinfetadas com frequência. Elas devem ser lavadas com água corrente e sabão. É importante ensaboá-las e esfregá-las por, no mínimo, 20 segundos. Feito isso, aplicar álcool em gel. Também, durante esse período, é recomendado tomar banho sempre que retornar para casa após ir à rua. Entretanto esse excesso – porém fundamental – do uso de sabão e álcool diminui o manto hidrolipídico da pele. Sendo assim, ela fica mais seca e com aspecto esbranquiçado pela perda de água e desnaturação das proteínas. Uma pele desidratada e ressecada causa sensação de desconforto. As coceiras tornam-se mais frequentes, e os processos alérgicos surgem com mais facilidade. A pele ressecada tende a envelhecer precocemente. Para minimizar esses efeitos, o uso de hidratantes é imprescindível. Eles devem ser aplicados, nas mãos, várias vezes ao dia, principalmente a cada lavagem e utilização do álcool em gel.
Ficar em casa é a melhor medida para conter o avanço do coronavírus. Sair de casa é recomendado somente por motivos essenciais, por exemplo, ir a supermercados e farmácias. Sempre que retornar ao lar, além do banho as roupas devem ser colocadas para a lavagem, e, os sapatos, higienizados.
Hugo Alexandre Lima é Médico Dermatologista e Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. CRM-GO: 11101; RQE: 9563. 62 3998 5444 - 98110 0816 (whatsapp) @hugoalexandre.lima.
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M O DA
| Por Lud Castro
MODA CONSCIENTE
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mundo mudou em um piscar de olhos. Os efeitos da pandemia do coronavírus, que é enfrentada neste momento por quase todos os países, ainda não podem ser precisamente mensurados. Mas é fato que o mercado da moda foi um dos mais atingidos. Assim como não seremos mais os mesmos depois desse período, o universo fashion será mais humano e consciente. Essa mudança tende a começar pela indústria têxtil, que deve manifestar preocupação ambiental e social, repensando a produção em massa, o desperdício e as relações de trabalho. Também é tempo de despertar para as novas tecnologias e sustentabilidade, apostando no uso de produtos biodegradáveis e recicláveis. Opções já estão postas, mas nem sempre foram incluídas nas produções, como os fios desenvolvidos a partir da reciclagem de garrafa pet e a refibra da celulose contendo resíduos de algodão. Outra tendência é o tricô 3D, uma malha de fio único desenvolvida
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pela grife italiana Benetton, que tece malhas sem costura usando apenas um rolo de fio permitindo a utilização de quase 100% do fio original sem gerar qualquer desperdício durante o processo de fabricação. Há empresas como a H&M, que segue um caminho mais tradicional do que tecnológico na busca da moda sustentável e recolhe roupas que os consumidores já não usam mais, independentemente da marca. O objetivo é dar a todas as peças uma nova vida, seja através da reciclagem, doação ou de outras soluções que passem longe dos aterros sanitários. A marca sueca desenha modelos que são totalmente feitos de material usado reduzindo o uso de energia, água e produtos químicos que são os vilões do impacto ambiental. Já existem experimentos no mercado, mas, enfim, chegou a hora de engajar cada vez mais produtores e consumidores em atitudes ligadas ao conceito sustentável e consciente. Esse novo perfil também conhecido por Eco Fashion acredita que a sustentabilidade está ligada à forma de produção minimizando a degradação do planeta sem comprometer design. A durabilidade e conforto das peças também são prioridades. A moda consciente também envolve o comportamento do consumidor, muitos já têm como pré-requisito para a compra as histórias por trás das marcas. Por isso, as empresas precisam ser sinceras ao manifestar preocupação com a origem dos produtos e com o destino final: o consumidor. Uma mudança, que vinha como utopia de poucos, agora se tornou prioridade para a sobrevivência deste mercado. Mas, a inovação, criatividade e superação sempre marcaram a história da moda, esse novo capítulo pode ser, sim, muito escrito por todos.
NOTAS & AFINS MODA SOLIDÁRIA
Grifes de luxo, como Prada, Versace e Giorgio Armani, se sensibilizaram com a pandemia do novo coronavírus e estão fazendo doações milionárias para hospitais e aquisições de máscaras e equipamentos de proteção aos profissionais da saúde dos países mais afetados, como Itália, França e Espanha.
TREND COLOR
Uma das tendências mais chamativas para essa temporada é a variedade de cores. Os tons de verde ganham destaque com variação de nuances, que vai da delicadeza do verde menta ao protagonismo do verde militar. Opções tão coringas como marrom e preto.
CALENDÁRIO FASHION
Todas as marcas tiveram que alterar as datas de suas “Cruise Collection”, que aconteceriam em abril. Giorgia Armani, que apresentaria desfile em Dubai, adiou para novembro. Hermés desfilaria no dia 28 de abril, em Londres, mas cancelou. A Chanel segue firme mantendo a programação de desembarcar em Capri no dia 7 de abril. Vamos aguardar!
SECOND HAND
O consumo desenfreado perde a vez e entra em cena o second hand, que é um termo de luxo e veio para ficar. Segundo Robert Chavez, CEO da Hermés, isso serve para decor, beleza e moda. Sustentabilidade é para todos, basta dar o primeiro passo. Depois que o senso de responsabilidade desperta, passamos a perceber os impactos das nossas atitudes e, consequentemente, repensar valores e padrões. Agora, podemos até contar com a tecnologia de apps para busca ou descarte específico.
PELUDINHA
A fofura dos casacos também atingiu as bolsas. Na temporada outono inverno 2020 não será raro se deparar com bolsas e mochilas peludas em uma paleta de cores diversificada no maior estilo anos 90 que você respeita. A cor da bolsa não necessariamente precisa ser a mesma do casaco, vale brincar com os contrastes.
Lud Castro é Personal Stylist e criadora da marca Studio de Estilo Instagram: @estilo_lud_castro
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OPINIÃ O
| Por João Paulo Dantas
CORONAVÍRUS: A VENDA TIRADA NA CEGUEIRA HUMANA Fé e esperança ainda são as principais soluções para enfrentar a pandemia
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m a n a r r ativa que talvez brilhar ia os o l h o s d e S teven Spielberg. Se r ia , qu e m sa b e , seu próxim o sucesso . Ma s é “ a p e n a s” a nossa realidade. E é o que assu st a : é r e a lidade, não ficção esp e r a da na s t e l a s d o cinema. O s atores são r e a is e o r o t e i r o im previsível. N enhum a utor ai n d a é c a p az de definir o desfecho. O mu n d o t o r n ou-se o protagonista numa s a g a a t o r m entada pelo grande vilã o: o C o r o n a v í r u s. E r a d o í d o , m as era cômodo olha r os p r o b l e m as sociais, econôm icos e ge o g r á f i c o s, do outro lado, sem vivê l o s. N o s c om padecem os, porém , c a da na ç ã o c o m o seu problema. N o en ta nto, ag o r a , e st a mos unidos sem nos enc osta r, j u n t o s e n u nca antes tão separado s. A p e sa r d o sofrim ento, gosto de p e nsa r
Crianças pintam cartazes com mensagem de esperança contra coronavírus. Reprodução: internet
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que a pa nde mia ve io pa r a nos tra z e r nova s c ha nc e s, a guç a r novos olha r e s . Sua via ge m pla ne ja da , me us pla n o s pa r a o f ina l de se ma na , nossa s f es ta s , shows, o c a sa me nto de se ja do, o sor v e te no domingo e a visita a os a vós vir a r a m pó, a ssim, do na da . Sumir a m se m ped irnos pe r missã o, e sf r e ga ndo de spid a a gr a nde ve r da de ma quia da : NÃO SOM O S DONOS DE NADA! Toda via , só a pr e nde a voa r que m, e m a lgum mome nto, pe r de o c hã o. Ac r ed ito que e ste é o mome nto de c r ia r mos as a s . O mundo nos implor a por silê nc io p a r a e nxe rga r mos o que r e a lme nte impo r ta . Qua ntos dia s pa ssa mos se m c onve r s a r olho no olho? Qua nta s ve z e s n ã o a pr e c ia mos a c a lma r ia de simple sm e n te “ f a z e r na da ” ? Qua nta s ve z e s a me nsa g e m substituiu o c a lor do e nc ontr o r e a l? Ta ntos f or a m os mome ntos qu e o c or po huma no pif ou por que o c li e n te nã o podia e spe r a r, ou o sono f ic o u de la do pa r a tr a ba lha r ma is e ga n h a r dinhe ir o! O Cor ona é ma is que um vír u s , é um c a stigo da do por mã e : que p u n e pa r a ha ve r a pr e ndiz a do. E c oi ta d o da que le que sa ir de sse suf oc o s e m te r a pr e ndido na da ! A insupor t á v e l qua r e nte na é uma f or ma da v id a c a la r- nos pa r a ouvir mos o q u e pr e c isa se r ouvido. Ne nhuma l iç ã o c onse gue c he ga r a té nós se os ba r u lh o s
Mulher anuncia noivado ao avô através da janela. Reprodução: internet
s e c u n d á r i o s são altos dem ais. É pre c iso ca l a r p a r a ouvir. É preciso ouvir pa r a ap r e n d e r e seguir em frente. Agora, i n contáveis pessoas sã o o b r i g a d a s a conviverem com o ma r ido, es p o sa , f i l hos, pais, irm ãos... Muito t i v e r a m a r r ancados de si alguns sonhos. E st a m o s a p rendendo a econo miz a r co m i d a e d i n heiro, a reorganizar te mpo, p r i o r i d a d e s e sentim entos. Vida s se d e sf a z e n d o e m segundos, todos os dia s, s e m a v i so , obrigando-nos a ref le tir s o b r e o q u e r ealmente vale a pena s e ntir, i n v e st i r, f o car e viver. A i n d a a ssi m, é lamentável como a r a ç a h u m a n a é r ealmente teim osa. C omo se n ã o e st i v é ss emos on-line o suficie nte an t e s d a p a ndemia, agora, o nú me r o d e p e sso a s conectadas à internet e a o v i d e o g a m e a um entou. N o período pa r a l e r m a i s, c onversar, aprender, ap r e c ia r o si l ê n c i o e a calm aria, estamos nos re a d a p t a n d o naquilo que fazíamos a nte s: v i v e r o v i r t u al e se deliciar com o ir r e a l i l u só r i o . S e rá que estamos realme nte ap r e n d e n d o ? Tenho a sensação que fu g i m o s se mpre de nós m esmos e da n o ssa e v o l u ção, com m edo de enc a r a r o n o sso e u . C laro, excluo, aqui, aque la s
pe ssoa s que of e r ec e m e xc e le nte s c onte údos p a r a sa úde f ísic a , me nta l e e ntr e te nime nto e voluc io n a l. Se m dúvida , e ste pe r ío d o nos de u de pr e se nte a ESPERANÇA. Ac ima d e tudo, r e a sc e nde u no mu n d o o ve r da de ir o signif ic a d o e pode r da FÉ. É por e la q u e a c or da mos e te mos a c e r te z a de que c onse guir e mos ven c e r e ste de sa f io. Nã o é mome n to de se de se spe r a r, ma s d e a pr e nde r. De se a ga r r a r n o s motivos que dã o se ntid o à vida , de VI VER a f é . É h o r a de a te nta r nossos olho s à simplic ida de e pe r c e be r que milhõe s d e se guidor e s, c ur tida s, c onta tos, dinh e ir o e via ge ns ja ma is vã o substituir o pr a z e r da libe r da de . Va mos pa ssa r por isso juntos, ma s a n te s , gosta r ia que r e f le tisse m na se gu in te pe rgunta que pode de f inir o se u f u tu r o e nqua nto se r huma no e voluído ou n ã o : “ Que m se r á voc ê de pois da qua r e nte n a ?
João Paulo Dantas é Jornalista formado pela Pontifícia Univerdade Católica de Goiás
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EC O NO MIA
EMPRESAS GANHAM FÔLEGO COM FLEXIBILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA Consultor tributário aponta que muitas empresas podem ter ferramentas que trazem soluções para os impactos econômicos, mas por desconhecimento, não sabem utilizá-las Texto: Naiara Gonçalves.
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lexibilização tem sido a ação adotada pelos governos para enfrentar os impactos da crise econômica vivenciada em decorrência do isolamento social causado pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Medidas tributárias extraordinárias começaram a ser adotadas pelos governos federal, estaduais e municipais suspendendo ou postergando o pagamento dos impostos para ajudar as empresas a enfrentarem os efeitos da paralisação da atividade econômica. Para o advogado e consultor jurídicotributário, Fabrizio Caldeira Landim, estratégias tributárias podem ser utilizadas pelos empresários nesse momento de crise, sendo possível até conseguir mudança de regime tributário. “As medidas são uma forma de dar mais fôlego ao caixa das empresas, tendo em vista que muitas das portarias e decretos trazem até 90 de dias de postergação”, assegura. Primeiro o governo federal suspendeu, por três meses, o pagamento do Simples. Também cortou pela metade a contribuição que as empresas pagam para o Sistema S. Em seguida reduziu à 0%, até 30 de setembro de 2020, a alíquota do IPI
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incidente sobre os artigos médicos e hospitalares listados. O mesmo fez com a alíquota do IOF (0%) sobre as operações de crédito contratadas
Fabrizio Caldeira Landim Advogado e Consultor Jurídico-Tributário
no período de 03 de abril até 03 de julho deste ano, inclusive no que se refere à alíquota adicional de 0,38%. O benefício também se aplica às hipóteses de novação, composição, consolidação, confissão de dívida e negócios assemelhado em que não haja substituição do devedor, bem como aos casos de não cumprimento do prazo de pagamento em empréstimos com prazo inferior a 365 dias. “Aludida estratégia adotada pelo Governo Federal visa diminuir o custo do dinheiro nesse período de crise, para garantir a manutenção do emprego e das fontes geradoras”, reflete Fabrizio. Outro tributo cujo prazo de pagamento foi prorrogado se refere ao vencimento do PIS e COFINS, da contribuição previdenciária regular da empresa, e da contribuição previdenciária devida pelo empregador doméstico relativos às competências março e abril de 2020, para julho e setembro do corrente ano. O prazo de apresentação das DCTFs que deveriam ser transmitidas originalmente em abril, maio e junho de 2020, também foram prorrogadas para o décimo-quinto dia útil de julho de 2020; e para o décimo dia útil de julho de 2020, o prazo para
entrega da EFD-Contribuições, cujas obrigações venciam, originariamente, em abril, maio e junho de 2020. “Percebemos que o judiciário está sensível com esta realidade, e, por isso, vem mitigando os efeitos das cobranças tributárias e até mesmo a negativização deste passivo tributário, notadamente para empresas em recuperação fiscal”, aponta Fabrizio. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) suspendeu, por 90 dias, o envio de cobrança administrativa e protesto de certidões de dívida ativa, com exceção dos casos em que houver risco de prescrição e manteve os valores mínimos fixados para o parcelamento previsto na Portaria PGFN nº 448/2019 até 31 de dezembro de 2020. “O empresário, às vezes, tem a ferramenta na mão, no entanto não sabe utilizála. E essas orientações são importantes, pois auxilia nesse momento. O que percebemos é que existem respostas bem claras do ponto de vista tributário que estão sendo dadas especialmente para trazer alívios de caixa das empresas, sendo muitas condicionadas à manutenção do emprego”, enfatiza o presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag), Leopoldo Moreira Neto.
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M AT É R IA DE C A PA
Fotos: André Miranda.
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TRANSFORMAR: CAPACIDADE DE MUDAR E SER “Em festa de São João, eu não dançava quadrilha, porque tinha que usar vestido, e quando minha mãe me obrigava, eu literalmente, na metade da festa trocava de roupa. Eu ficava de Maria Chiquinha, mas trocava por botina, calça jeans e camisa xadrez.” Texto: Laiz Queiroz Souza.
O
que pode parecer apenas o relato de uma criança que não gostava nenhum pouco de festas de São João, na verdade é um relato de um jovem que se viu muito diferente dos outros desde muito cedo. Para além dos possíveis estereótipos as quais ele poderia tentar se encaixar, Brenda não demorou muito a iniciar sua trajetória em busca de entender a si mesmo, com muita maturidade e paciência. Brenda Oliveira, 24 anos, se define como um homem transexual não-binário. Com mais de 20 mil seguidores no Instagram, ele utiliza a sua voz e a sua tranquilidade para explicar e ajudar outras pessoas transexuais e seus familiares a passarem pela jornada da transição e do autoconhecimento. Nessa entrevista, ele explica como se descobriu transexual, a reação de familiares, amigos, como lida com a militância LGBTQ+ e porque decidiu manter seu nome de nascimento. Antes, no entanto, é preciso explicar alguns conceitos iniciais que podem causar confusão. Sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero são aspectos muito diferentes da vida de uma pessoa. → Sexo biológico é determinado pelos genitais, sistema reprodutivo, cromossomos e hormônios. Pode ser feminino, masculino ou intersexo (quando há presença de determinantes tanto masculinos quanto femininos). → Orientação diz respeito ao interesse sexual ou romântico por outras pessoas.
→ Identidade de gênero é como a pessoa se vê, que pode ser como mulher, como homem, como gênero neutro ou como bigênero. SEGUE A ENTREVISTA: COMO FOI O SEU PROCESSO DESCOBERTA DA TRANSEXUALIDADE?
DE
Brenda: É um pouco complicado, porque na minha época, a geração de 1990, não teve tanta informação. No início, eu me entendi como mulher lésbica, por conta dos trejeitos masculinos. A gente cresce acreditando naquele estereótipo de mulher lésbica, então na fase da pré adolescência, eu tentava me enquadrar bastante, ser o mais feminina possível, mas não consegui por muito tempo. Com 15, 16 anos, eu meti o pé na jaca, não ligava muito para opinião das pessoas, falei para minha mãe que ia cortar o cabelo curto, mas não falei como ia cortar. Quando cortei, já voltei com as vestes masculinas. Eu brinco que fui fazendo a transição sem saber que estava em uma. Quando Tereza Brant surgiu, hoje o Tarso, muitas pessoas se descobriram, e eu me encaixei. Até aquele momento, já estava na academia, tentava masculinizar meu corpo, tinha trocado as roupas, tinha trocado tudo. Aí fui atrás de psicólogo, para tentar entender melhor essa questão da pessoa trans. Outra fase primordial foi meu primeiro contato com garotos trans, aos 21 anos de idade, quando eu participei de um concurso fitness trans, que era o primeiro >> 25 | in!
até então, e conheci homens trans no Rio de Janeiro.
psicológico mesmo só ocorreu há um ano e meio atrás, que consegui entrar pelo SUS.
Transexual: pessoa a qual se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi dado no nascimento.
SOBRE AS AMIZADES QUE CITOU: VOCÊ TEM AMIGOS QUE TE ACOMPANHARAM DESDE O INÍCIO? QUAL FOI O PAPEL DELES (AS) NESSE PROCESSO?
VOCÊ DISSE QUE SEU CORPO E SUA MENTE FORAM SE TRANSFORMANDO INCONSCIENTEMENTE E QUE VOCÊ TEVE APOIO PSICOLÓGICO. COMO SURGIU A NECESSIDADE DESSE APOIO? VEIO DA SUA FAMÍLIA OU UMA DECISÃO SUA? Brenda: A questão do apoio psicológico surgiu mais como uma necessidade, e não foi literalmente um acompanhamento. Como o Tarso apareceu, e eu já estava fazendo minha transição sem saber, eu só queria tentar entender melhor esse mundo. E quando busquei ajuda psicológica, foi mais pra tirar dúvidas e ver se aquilo era onde me encaixava mesmo, porque na época eu ficava muito perdido. O acompanhamento
Brenda: Eu sempre fui muito comunicativo, tinha facilidade de conversar, então tive amizade com muitas pessoas, mas sabe aquela pessoa que conhece e brinca com todos, mas no final sempre está sozinho? Não tive um grupo de amigos a ficar andando especificamente, era muito esse tipo de pessoa que ficava pulando nos grupos. Estudei por muitos anos na rede particular, quando fui para rede pública, eu comecei a fazer minha transição, tinham pessoas que estudaram comigo dos 8 aos 15 anos e não me viam há muitos anos, então quando me viram, acharam muito legal, e isso foi um alívio. Não que eu precisasse da opinião deles ou de algo para me fazer inteiro, porque eu já estava inteiro quando eu reencontrei essas pessoas. VOCÊ FALOU QUE SUA MÃE SENTIU UM CERTO IMPACTO NO COMEÇO, MAS QUE DEPOIS AS COISAS MUDARAM. COMO FOI A REAÇÃO DA SUA FAMÍLIA? Brenda: Durante dois ou três anos, minha avó me criou para minha mãe trabalhar em outra cidade, e eu era mimado, tanto que todo mundo sempre falou que eu era o neto predileto da minha avó. Teve uma coisa que minha mãe me contou que nem eu sabia: quando falei da minha orientação sexual, ela ficou uns 3 meses quieta, muda, tentando entender essa questão. Era o primeiro caso da família, então foi um baque, mas quem interveio, quem conversou com ela, foi minha avó. Isso me deixou surpreso, porque minha avó sempre foi muito rígida na criação dos filhos, dos netos nem tanto, e ela falou uma coisa pra minha mãe que eu não esqueço, “que eu não ia deixar de ser filho dela por essa questão, que não se joga um filho fora”. Eu falo que sangue nosso até mosquito tem, porque família pra mim é quem me ama e me aceita do jeito que eu sou. SOBRE A TRANSIÇÃO, QUANDO ISSO SE TORNOU ALGO MAIS CONSCIENTE PARA VOCÊ? E COMO FOI? HOUVE ALGUMA MUDANÇA MAIS IMPACTANTE?
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Brenda: Eu fiquei mais consciente sobre essa transição física primeiramente aos 17, 18 anos que era o reflexo que eu via no espelho. Tudo o que eu almejei, na época, eu tinha conseguido. Era o início do início? Era, mas minha autoestima já era outra, a minha liberdade, até o meu modo de expressar era outro, eu era mais livre em relação a essas coisas, a (condição) física me ajudou muito emocionalmente também, porque no decorrer das fases, fui aprendendo a ter que controlar humor, por conta de testosterona, a ser mais acessível, mais educado, ter um certo nível de paciência, tentar ensinar às pessoas o porquê eu era diferente dos outros, e isso foi mexendo na minha maturidade também. Sobre a mudança mais impactante, eu me sinto um velho hoje, emocionalmente falando (risos). Eu não sou mais tão ousado quanto era quando mais novo, acho que a questão da idade, não sei. A questão da maturidade, é isso que se chama. Porém fisicamente, uma questão que eu odeio é o cabelo, a queda dele. QUANDO DECIDIU COMEÇAR A TOMAR OS HORMÔNIOS? Brenda: Eu comecei a querer tomar hormônio aos 17, mas eu interrompi, porque eu fiquei com muito medo. Comprei meu hormônio com gente da academia, e fiquei com medo devido a várias pesquisas, então eu desisti. Aí somente aos 21 anos eu retornei, com uma maturidade a mais, tentei entrar nos SUS, já sabia qual hormônio deveria usar na época, então eu reiniciei, e foram dois anos contínuos, dos 21 aos 23 anos. Aos 23 anos, entrei no SUS, eles pediram para eu reiniciar, colocar outro hormônio, ficar um tempo sem para reiniciar o tratamento com acompanhamento psicológico e hormonal, só que com outro hormônio. Terapia hormonal: consiste em uso de testosterona por homens trans ou uso de estrógeno e/ou de antiandrógenos por mulheres transexuais ou travestis. Pessoas não-binárias podem também ter interesse em realizar terapia hormonal. * Fonte: Cuidado de Pessoas Transexuais e Travestis/Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
QUAIS SÃO SUAS EXPECTATIVAS RELAÇÃO ÀS CIRURGIAS?
EM
Brenda: Em relação a cirurgia, eu estou na fila, às vezes acontece muitos probleminhas dentro do sistema do SUS, que é um pouco bagunçado ainda. Tem dois anos que estou na fila esperando, mas geralmente a fila demora só seis meses. Eu pretendo fazer a mastectomia, mas a histerectomia parcial, porque penso em retirar somente os ovários, já que se amanhã a minha namorada não puder gerar uma criança por algum problema de fertilidade, ou qualquer que seja, eu posso tentar gerar. Já a mastectomia eu penso, mas eu sempre cuidei do meu peito para ele diminuir, com exercícios e tudo mais, então no dia que vir vou ficar muito feliz. Hoje eu sou um pouco menos disfórico justamente porque eu tento me cuidar, para não ter essa disforia muito grande. >> 27 | in!
Mastectomia: é o nome dado à cirurgia de remoção completa da mama e consiste em um dos tratamentos cirúrgicos para o câncer de mama, para a ginecomastia ou como parte da cirurgia de redesignação sexual do homem trans.
Histerectomia: é um procedimento cirúrgico que consiste na retirada total ou parcial do útero e anexos. É dita total quando se retira o corpo e o colo do útero; subtotal, quando só se retira o corpo do útero e radical quando, juntamente com o útero, são retirados os ovários e as trompas de Falópio (que ligam os ovários ao útero).
DISFORIA: Disforia de gênero é definida como um desconforto ou sofrimento causados pela incongruência entre o gênero atribuído ao nascimento e o gênero experimentado pelo indivíduo. * Fonte: Classificação presente no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais de 2012 (DSM-5), editado pela Associação de Psiquiatria Americana (APA).
MAIS PACIENTE PARA EXPLICAR PARA AS PESSOAS, FOI MUITO DIFÍCIL? Brenda: A questão era porque eu tinha que saber mais sobre o meio trans, se quisesse passar informações adiante. E é um meio muito grande, se for parar para pesquisar, ainda mais sobre pessoas não-binárias. Essa era minha preocupação, até porque eu sempre fui muito paciente para conversar, e muitos não tem essa paciência, tirar uma dúvida, trocar uma ideia, eu já fui assim. Tanto que eu tenho amigos que são extremistas na questão da militância trans, eu conheço feministas maravilhosas, então eu conheço um pouquinho de cada um e eu tento conversar para entender. NÃO-BINÁRIO: Termo associado a pessoas cuja identidade ou expressão de gênero não se limita às categorias “masculino” ou “feminino”. Algumas pessoas não-binárias podem sentir que seu gênero está “em algum lugar entre homem e mulher”, ou até podem definir seu gênero de maneira totalmente diferente — e distante — destes dois polos. * Fonte: GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation)
ACREDITO QUE MUITAS PESSOAS TÊM MUITAS DÚVIDAS SOBRE A PARTE MÉDICA E BUROCRÁTICA. COMO ACONTECE ESSE TRATAMENTO PELO SUS? Brenda: Por mais que o governo, prefeitura, pague pela nossa cirurgia, nós dependemos muito da burocracia dentro do hospital que é bem complicada. Nós vamos lá, pedimos encaminhamento e se os profissionais do postinho de saúde não souberem te encaminhar, você acha que está sendo encaminhado, mas não está. Seu pedido vai ficar ali retido, até um dia você dar um jeito de ver o regulamento e ver qual é o procedimento correto para ser encaminhado. E infelizmente, muitos não sabem disso. Então tem todo esse aparato aí, que enrola muito a vida de quem é transexual e também precisa de cuidados em relação à saúde, ao psicológico, durante essa transição. VOCÊ MENCIONOU O FATO DE TER QUE SE PREPARAR MENTALMENTE, SE TORNAR
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VOCÊ DISSE CONHECER PESSOAS DE DIVERSOS ESPECTROS E POSIÇÕES POLÍTICAS. LEVANTAR A BANDEIRA, MILITAR SÃO COISAS QUASE EXIGIDAS HOJE EM DIA. COMO VOCÊ LIDA COM ISSO? Brenda: Eu tento lidar da forma mais leve possível, respeitando, porque eu não conheço às vezes a luta de uma bandeira. A gente cresceu em um país que é homofóbico, lesbofóbico, transfóbico, então cada luta é uma luta, e eu respeito muito isso e tento aprender com um pouco de cada. Agora se você me perguntar se eu sou uma pessoa militante, eu não falo que sim, sou militante, as pessoas falam que minhas ações são de tentar postar vídeos explicando sobre disforia, falando sobre como cuidar para diminuir os seios. A minha forma, o meu ´jeitinho´ de lidar com a militância, é tentar informar a galera que está passando pela transição, da galera que está lidando com quem está passando pela transição, falar
sobre mãe, pai, família. Inclusive pessoas da família me procuram para conversar com a pessoa que está passando pela transição, então eu fico muito feliz em poder ajudar. COMO VOCÊ CONHECEU E CONSEGUIU SE IDENTIFICAR COMO NÃO-BINÁRIO? ACREDITO QUE SEJA UM ESPECTRO LGBTQ QUE ESTÁ NO INÍCIO DO DEBATE, TANTO PRA QUEM É LGBTQ, COMO PARA QUEM NÃO É. A DECISÃO DE MANTER O SEU NOME VÊM DESSA IDENTIFICAÇÃO COM O NÃO-BINARISMO? Brenda: No início eu apanhei, confesso, porque eu sabia que era uma pessoa trans, justamente por ter feito a transição, mas eu não entendia o porquê era diferente dos demais. O porquê eu gostava tanto do meu nome a ponto de mantê-lo e não ter vergonha dele, se alguém me chamava pelo pronome
ela ou ele, isso não me incomodava, eu tinha muitos porquês na minha cabeça, muitas perguntas que eu não entendia. Eu sabia que era diferente dos demais e isso infelizmente era ruim, porque eu era muito criticado. Só fui saber da existência da não-binariedade depois, que uma pessoa trans falou comigo que existia o não-binarismo, pessoas fluídas, pessoas bigêneras, dentro de outras inúmeras identidades de gênero, foi quando eu pesquisei sobre e fui falar com meu psicólogo. Hoje eu sou super seguro disso, eu faço questão de tentar explicar para pessoas o que é uma pessoa não-binária, binária, as diferenças, eu não vejo tabu em explicar isso. Para saber mais sobre o seu dia a dia, basta segui-lo no Instagram - @broliveir_a
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E T I Q U E TA
| Por Evelyn Crosara
O NOVO COMPORTAMENTO E ETIQUETA SOCIAL NA COVID-19 Acreditamos que a vida das pessoas não será a mesma após a pandemia. Esse vírus, invisível a olho nu, “parou” o mundo, nossa geração jamais viu algo parecido. Mas nem só coisas ruins ele provoca. Precisamos ver também o lado bom, difícil? Um pouco, mas no meio do caos muitos se reinventaram e alguns setores da economia estão superaquecidos.
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oltando ao nosso tema principal, quais foram as principais mudanças de etiqueta e comportamento social na pandemia? A primeira delas é com relação à convivência. Por orientação e recomendação da Organização Mundial da Saúde – OMS, devemos praticar o isolamento social e reforçar a higiene pessoal e dos ambientes de
convívio, pois o contágio é feito por objetos e pessoas contaminadas. Se for receber ou visitar alguém, não hesite em higienizar as mãos, maçanetas, mesa, cadeiras, copos, banheiro e manter a mascara no rosto. Mantenha a distância de pelo menos 1
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metro, não se toquem, nada de beijinhos ou abraços, mantenha janelas abertas e ambiente arejado. Levar consigo um frasco de álcool gel, mascara e uma caixinha de lenço de papel se tornaram obrigatórios. Para sua proteção e do próximo, saia de casa somente se realmente for necessário. Somos, por natureza, agregadores, gostamos de confraternizar e estar próximos aos amigos e familiares. A regra de colocar a mão no rosto ao tossir ou espirrar não é mais válida. A nova “etiqueta respiratória” determina que a mão seja, agora, coberta por um lenço
de papel. Outra forma de evitar o contágio, durante essas ações é proteger o rosto com o antebraço. Podemos, e devemos usar a tecnologia a nosso favor como forma de minimizar a sensação de distância e isolamento. As redes sociais, as lives, cursos e aulas online estão aí para isso, conecte-se. Aproveite para colocar a leitura em dia, assistir aquela série e filmes prediletos, separar algumas peças de roupa para doação e se possível se engajar em alguma ação social. Por falar em tecnologia a nosso favor, muitos de nós está trabalhando home office ou num termo mais atualizado, smart working. O que a maioria não tem praticado são as boas maneiras, e principalmente a etiqueta. Vamos a exemplos? Chamada de vídeo. Assustador quando alguém te chama por vídeo e você está descabelado? Superimportante, mas precisa ser avisada com antecedência. Não ligue e espere que a pessoa atenda de imediato. Cá entre nós, depois de um tempo as pessoas não se preocupam muito com a aparência. Crie uma rotina de trabalho, determine horários e tire o pijama. Sim, tire o pijama. Não precisa colocar gravata ou salto alto, mas se arrumar ajuda a manter a saúde mental e disciplina, independente dessa
chamada de vídeo. Entenda que o período é de reclusão, não de férias. Também comum nesse período são as reuniões virtuais de equipe. Mas não é porque as pessoas não estão se vendo fisicamente que elas driblarão algumas convenções sociais. O ideal é que, antes do inicio da reunião, mantenhamos algumas formalidades como dizer “bom dia”, questionar como está sendo o dia das pessoas, como estão seus familiares, enfim, as regras de boa convivência. Seguirmos as novas normas demonstra empatia, educação, preocupação e atenção ao próximo. Acreditando na mudança de comportamento social e profissional e nas novas regras de etiqueta, desejo que esse período seja superado com saúde física e mental. Nos encontramos, por enquanto, virtualmente. Até breve!
Evelyn Crosara, diretora-fundadora da Escola Real humanidades e boas maneiras, com formação internacional pela Societa Dante Alighieri em Firenze/Itália e na Ecole de La Courtoisie et du Protocole Business Etiquette Paris/França. No Brasil, é bacharelada em Geografia, Turismo e Hotelaria e professora convidada pela UFG – Universidade Federal de Goiás. Escola Real Humanidades e Boas Maneiras E-mail: escolareal.brasil@gmail.com Telefone/WhatsApp: 62 99523-0330 Instagram: @escolareal_evelyn_crosara Facebook: @escolarealhumanidades
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C O MP O R TA M EN TO
| Por Júlio Manoel
MANUTENÇÃO DA BOA SAÚDE MENTAL Saúde psicológica em meio à escassez de estímulos: ajustamentos possíveis durante o distanciamento social
Saúde psicológica em meio à escassez de estímulos: ajustamentos possíveis durante o distanciamento social A corrente situação de enfrentamento à pandemia da COVID-19 traz consigo modificações nos hábitos de vida, nas relações sociais e, por consequência, desafios à manutenção da boa saúde mental. Saúde é capacidade de adaptação: no contato com o mundo que o circunda, o organismo saudável é aquele capaz de implementar modificações em si mesmo, a todo o momento. É a capacidade de renascer, constantemente, que possibilita a fluidez dos processos orgânicos. No
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caso do combate ao novo corona vírus, por exemplo, a eficiência do nosso sistema imune é proporcional à capacidade de operar mudanças para combater o agente nocivo. Semelhantemente, o funcionamento psicológico mostra-se mais ou menos eficiente na medida de sua adaptação a situações novas: quando a saúde psicológica é boa, os aspectos cognitivos, afetivos, comportamentais e relacionais ajustam-se de modo a permitir a satisfação das necessidades do organismo em sua interação com os recursos disponíveis em um dado momento. Considerando-se como psicologicamente saudável o sujeito que é capaz de manejar seus desejos e ações em meio às infinitas possibilidades presentes no universo alcançado por sua percepção e as múltiplas limitações impostas pela experiência individual, a presente situação de pandemia pode ser considerada um teste de sanidade mental, tendo em vista que as possibilidades e os limites mudam radicalmente de perspectiva a todo momento. Nesse sentido, da reunião por vídeo chamada à confecção caseira de máscaras de proteção, as pessoas buscam formas de lidar com os limites impostos pelo meio. Para além dos objetivos mais imediatos (resolver pendências de um grupo de trabalho ou impor barreira à dispersão de gotículas), realizar videochamadas
ou costurar máscaras são também meios de atender necessidades de relacionamento humano e de produção de significados m a t e r i a l m e n t e tangíveis. No fundo, toda ação humana envolve a expressão de subjetividade, o que permite aos sujeitos a algum manejo, inclusive, de seus estados emocionais. No que diz respeito ao fator relacional (nossa necessidade de estar em contato com outros seres humanos), não há que se enganar com a ideia de que as conexões virtuais não denotam distanciamento entre as pessoas. No entanto, em momentos excepcionais como o atual, medidas também de exceção mostram-se necessárias mesmo quando causam prejuízos em outras dimensões da vida. Ademais, embora haja prejuízos, as comunicações à distância, mesmo vividas como única alternativa no momento, trazem uma satisfação parcial. Entretanto, nada é igualmente percebido por todos da mesma maneira: o quão (in) satisfatória esse tipo de comunicação se mostra está relacionado à familiaridade de cada pessoa com a experiência de estar presente com o outro em um mesmo ambiente concreto. Se para algumas pessoas as mudanças em curso não são de grande impacto psicológico, há de se ponderar o quanto a ligação interpessoal “tradicional” lhes é importante. Essa ponderação, longe de ser um julgamento moral, é, na verdade, o reconhecimento de diferenças individuais nas quais residem pontos positivos e negativos. Assim, se até então não representava grande vantagem a preferência por contatos eletronicamente mediados em detrimento da presença face a face, hoje, talvez temporariamente, essa seja uma forma de viver mais bem
adaptada ao contexto atual e, portanto, mais saudável. É importante ressaltar que, embora o funcionamento psicológico saudável seja, necessariamente, a capacidade de adaptação, esse dinamismo ocorre de modo constante e gradual, exigindo um nível mínimo de estabilidade ambiental. Assim, tendo em vista que o atual
Júlio Manoel é Psicólogo (CRP 09/7467),Especialista em Psicologia Clínica, Mestre em Psicologia eMembro da British Psychological Society (MBPsS 483834). Trabalha com demandas variadas de adolescentes e adultos, sobretudo aquelas relacionadas à sexualidade e ao desempenho sexual. Contato: www.psicologopelainternet.com.br 62 98178 1271 (WhatsApp) juliomsfilho@gmail.com
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contexto de distanciamento social marcou um rompimento brusco com o modo de vida cotidiano até então conhecido, seus efeitos psicológicos podem alcançar expressões negativas variadas em forma e intensidade: modificações do padrão de sono, irritabilidade, crises de ansiedade etc. Para lidar com esses efeitos, reflexões com ênfase na experiência individual podem ser bastante esclarecedoras. De que forma cada um de nós reequilibra-se quando as situações fogem radicalmente ao nosso controle? Quais são os recursos de que nos utilizamos? Esses recursos podem não estar disponíveis neste momento, ao menos não da forma como estamos habituados a utilizá-los. Ainda assim, a construção de alternativas deve partir dessas questões que sinalizam o que nos é válido pessoalmente. Portanto, no lugar de buscar por formas padronizadas
de lidar com as dificuldades vividas neste momento, devemos buscar pelos recursos que já nos são familiares e, a partir deles, pensar adaptações que os tornem possíveis no contexto atual.
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Em outras palavras, devemos repensar perguntas do tipo: Devo organizar uma agenda de afazeres? Quais são os melhores aplicativos para registro de tarefas? Qual é a melhor sequência de tarefas no dia? Quais alimentos aliviam a ansiedade? Embora para cada uma dessas perguntas existam respostas razoáveis e testadas por especialistas, o foco dos questionamentos pode ser mais bem estabelecido quando partem da experiência individual. Assim, mostram-se mais úteis perguntas como: Eu já testei uma agenda de afazeres ou um aplicativo de registro de tarefas em outras situações? Funcionou bem para mim? Caso não tenha funcionado, há alternativas que ainda não considerei? Tenho hábitos de execução de tarefas que podem ser readaptados, no lugar de substituídos? As alternativas apresentadas por especialistas fazem sentido na totalidade do meu modo atual de operar? Portanto, embora mudanças sejam quase sempre desejáveis, devemos pensá-las de maneira estratégica. Se muitos recursos são demandados para implementar uma mudança, talvez seja o caso de considerála em cenário no qual esses recursos estejam mais disponíveis, sob pena de gerar sobrecarga e inefetividade tanto no estabelecimento da estratégia bem como no seu uso pretendido. Retornemos, portanto, às vivências que, pessoalmente, fazem sentido para cada um de nós. Se tomar café com um amigo e conversar sobre a vida é um recurso do qual você se utiliza ao final de um dia difícil no trabalho, fazer uma ligação de vídeo para esse amigo (adaptação possível no momento) vai lhe trazer mais benefícios quando acompanhada de uma xícara de café. Por simples que pareça esse tipo de ajustamento, é importante ter em mente, sobretudo em situações de crise, que o poder de algumas sutilezas não deve ser subestimado. O que dá cor ao nosso viver cotidiano não são grandes eventos, mas a sutileza presente nos detalhes.
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GA S T R O NO MIA
| Por Daniel Martins
BOLO DE FUBÁ COM COBERTURA DE GOIABADA Uma receita com sabor de infância que vai alegrar e aquecer os nossos corações nesse momento de isolamento social
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odos amamos os famoso bolos da vovó, bolos simples cheio de sabor e que remetem a infância, sem falar naquele cheiro maravilhoso de bolo que inunda a casa toda e é uma ótima opção para um café da tarde com a família neste momento de quarentena, então vamos aproveitar esse momento, nos sentar à mesa com a família e compartilhar
bons momentos e para que esse momento se torne ainda mais gostoso, segue uma receita do caderno de receitas da minha avó. Segue na página ao lado uma dica de como preparar um delicioso café para acompanhar o bolo da tarde.
INGREDIENTES
COBERTURA:
MASSA:
300g de goiabada cascão cortada em pedaços pequeno 150ml de água fervente
03 01 01 02 01 02 01
ovos xícara (chá) de óleo xícara (chá) de leite xícaras (chá) de açúcar xícara (chá) de farinha de trigo xícaras (chá) de fubá colher/sopa de fermento em pó
Foto: Nicholas Barhtras
Ótimo lanche a todos!
MODO DE PREPARO DA MASSA: Peneirar os secos numa tigela e reservar Bater os líquidos no liquidificador e juntar nos secos peneirados. Despejar em forma com um buraco no meio, untada e polvilhada com fubá. Leve ao forno por aproximadamente 30 a 40 minutos. MODO DE PREPARO DA COBERTURA: No liquidificador, coloque a goiabada picada e a água fervente, bata tudo por cerca de três minutos ou até que fique bem homogêneo, em seguida cubra o bolo com a quantidade de calda de sua preferência. Sirva morno com café.
DICAS PARA PREPARAR UM BOM CAFÉ O café é uma das bebidas mais populares do mundo e há quem afirme que não há nada melhor do que o aroma de um cafezinho passado na hora. O sabor também é delicioso e suas propriedades fazem dele uma presença marcante no cardápio diário. Mesmo sendo uma bebida queridinha, não é raro encontrar cafés intragáveis por aí. Isso acontece porque nem sempre o preparo é adequado, o que pode comprometer o cheiro e sabor do café. Quer conhecer dicas infalíveis para preparar um bom café? Então confira as dicas ao lado.
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a água ferva. Ela deve estar a aproximadamente 90º C na hora do preparo, caso contrário, a acidez pode ser alterada. O ponto correto é quando a água estiver se movimentando e pequenas bolhas se formarem. Nunca coloque açúcar na água. O ideal é não adoçar o café em nenhuma circunstância, pois o adoçante e o açúcar mascaram demais o sabor da bebida. Mas se você preferir um café docinho, só adoce depois que ele estiver pronto. Ao colocar o açúcar no decorrer do preparo, o ponto da ebulição pode mudar e o café virar um xarope. Você não quer que isso aconteça, quer? Cuidado com as proporções. Cuidado com a proporção de pó e água! O ideal para que o café não fique forte ou fraco demais, é apostar no equilíbrio. Para fazer o tradicional café caseiro você deve usar de 5 a 6 colheres (sopa) para cada litro de água. Depois de pronto, o café deve ser consumido em no máximo uma hora. Se puder, use um bom café moído na hora. Se possível, dê preferência ao café moído na hora, pois o sabor e o aroma são mais intensos. Normalmente as pessoas não possuem moedores em casa, mas esse utensílio tem um preço acessível e pode ser encontrado com facilidade. Caso você não tenha um moedor manual de café e não pretende comprar um, existem padarias que vendem o café moído na hora.
* Gostaram da sugestão do café? Sigam http://blog.clubecafe.net.br/ e aproveite essas e muitas outras dicas.
Escolha um bom pó de café. Se você não tiver como usar o café moído na hora, ao menos escolha um bom pó, se atentando aos seguintes detalhes: Marca: Opte por uma marca que conte com o selo de pureza e qualidade da ABIC, isso garante a procedência do café e assegura que o produto não tem outros resíduos sólidos como mato, insetos e até fezes de animais. Esse certificado pode ser conferido na embalagem. Tipo: Existem vários tipos de café no mercado, incluindo o tradicional, suave, forte, da fazenda, orgânico, gourmet etc. Escolha o que mais agradar o seu paladar! O café gourmet, por exemplo, é ideal para os amantes da bebida, que gostam de viver novas experiências gastronômicas. Embalagem: Observe também a embalagem do café. Os produtos embalados a vácuo conservam melhor o aroma e sabor do café. Armazenamento: após aberto, é importante guardar o café em um recipiente de metal, fechado, dentro da geladeira. Isso conserva as propriedades! Escolha o coador adequado. Existe quem alegue que o café fica mais gostoso quando preparado em coador de pano, pois o tecido de algodão não contém pigmentos, não altera o sabor e nem solta fiapos. Essa teoria é inconsistente, até porque o filtro de papel é composto por 100% de fibras celulósicas, que também não comprometem o sabor e aparência do café. Nesse caso, é melhor usar o filtro de papel, apenas pela questão da praticidade e higiene. A água é sempre muito importante. Isso sim pode afetar a aparência e sabor do café! É indispensável que a água seja filtrada ou mineral, pois a água da torneira, ainda que seja submetida a temperaturas elevadas, pode conter resíduos que comprometem a qualidade da bebida. Outro ponto importante é não permitir que
Daniel Martins é Chef de Cozinha e Patisserie, responsável pelo buffet para pequenos eventos Daniel Martins Gastronomia. Atualmente, além do buffet, Daniel é também Chef de praça de confeitaria de um badalado restaurante de gastronomia internacional na cidade de Goiânia - Goiás. 62 98188 8453 (whatsapp)
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S AÚ DE
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NOMOFOBIA
Medo de ficar sem celular pode se agravar durante isolamento. Insônia, ansiedade e dificuldade de concentração podem estar ligados ao vício nos celulares. Médica psiquiatra alerta para os prejuízos do uso excessivo dos aparelhos eletrônicos
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ocê usa o celular mesmo quando está em conversas presenciais, tem insônia, costuma ficar ansioso ou irritado quando está longe do aparelho e tem medo de perder novidades nas redes sociais? Cuidado, você pode ter nomofobia. A palavra derivada do inglês No Mobile Phobia significa um medo irracional de ficar sem o celular ou outros eletrônicos pela falta de bateria ou conexão à internet. Para a médica psiquiatra Melissa Duarte, os smartphones e as redes sociais são viciantes pela praticidade e agilidade. “Conseguimos qualquer informação de forma imediatista. Logo nos tornamos facilmente impacientes”, explica. Desde o início do isolamento social no Brasil, só nos primeiros três dias, as operadoras de internet registraram aumento de 40% no tráfego de internet banda larga fixa. Em dias comuns, redes domésticas costumavam operar com apenas 20% de carga e 80% de ociosidade ao longo do dia, quando pais e crianças estariam no trabalho e na escola. Mas, atualmente, essas redes passaram a operar em sua capacidade plena e com picos de consumo cerca de 15% maiores, devido ao home office e também à demanda das escolas
Melissa Duarte - Médica Psiquiatra
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e universidades com aulas on-line. Agora que as famílias estão ficando mais dentro de casa, é preciso ter atenção ao tempo que está sendo dedicado aos eletrônicos, já que o excesso do uso deles pode causar problemas psicológicos. Outros desdobramentos podem ser a dificuldade de concentração no trabalho, nas lições da escola ou em outras atividades que exijam atenção; uso do smartphone durante conversas com amigos e familiares; uso “escondido”; medo
de perder novidades e insônia. Os problemas físicos também começam a aparecer como sedentarismo, fadiga, dores musculares e problemas oculares. “Os sinais do excesso são muitos, mas alguns exemplos são: não conseguir ficar sem acessar a internet; incapacidade de desligar o smartphone; verificar obsessivamente chamadas perdidas; e-mails ou mensagens; carregar a bateria constantemente; irritabilidade e ansiedade quando há problemas na conexão ou quando existe a possibilidade de ficar sem o celular nas próximas horas e ser incapaz de ir ao banheiro sem o aparelho. Os adolescentes são os mais suscetíveis ao vício no celular que atinge 58% de homens e 47% das mulheres”, diz Melissa. “Sabemos que nesse momento de isolamento social, os eletrônicos estão sendo usadas como ferramentas de conexão humana e de entretenimento e isso também é importante. Mas é possível ter os benefícios de forma planejada, com horários marcados para não interferir nas outras atividades do cotidiano”, explica a psiquiatra. Por isso, para ajudar controlar o tempo que dedicamos aos eletrônicos sem perder o que eles podem nos oferecer de benefícios, a médica psiquiatra sugere alguns cuidados: • Monitorar o tempo de exposição às telas; • Monitorar os horários e evitar o uso antes de dormir para não prejudicar o sono; • Criar o hábito de realizar as tarefas do dia para depois consumir os conteúdos dos grupos e redes sociais para evitar a procrastinação das tarefas do cotidiano.
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NUT R IÇ Ã O
| Por Maíra Azevedo
CORONAVÍRUS X ALIMENTAÇÃO Como fortalecer a imunidade, que é o mecanismo de defesa do organismo contra substâncias estranhas e o que fazer para fortalecer meu sistema imune durante o isolamento? Será que existe algum alimento milagroso? Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo vive uma pandemia A do novo coronavírus. E para o desespero de
todos o número de casos está em constante crescimento, e o pânico já assombra diversos países infectados. Diante deste cenário vem a preocupação de como fortalecer a imunidade, que é o mecanismo de defesa do organismo contra substâncias estranhas (antígenos). O sistema imunológico é responsável por desencadear esse processo de defesa e manter, assim, o equilíbrio e bom funcionamento do organismo. E ai vem o seguinte questionamento, o que fazer para fortalecer meu sistema imune?
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Será que existe algum alimento milagroso? Infelizmente não existe nenhum alimento ou nutriente milagroso que evite ou trate o novo coronavírus. Porém sabemos que uma alimentação balanceada ajuda o organismo a se manter preparado contra invasores, e que uma alimentação desbalanceada pode interferir na modulação das respostas imunes no organismo, deixando o organismo mais susceptível. E agora você deve estar se perguntando, o que é uma alimentação balanceada Drª. Maíra, o que devo comer então? Alimentação balanceada é aquela que inclui todos os nutrientes em quantidades adequadas
ao organismo. Quando falamos da imunidade alguns nutrientes se destacam, como os descritos a seguir: • Vitamina C: A queridinha de todos que tem como função: melhora do sistema imunológico, da pele, do humor e forte ação antioxidante combatendo os radicais livres. Principais fontes: Frutas cítricas (laranja, limão, acerola, kiwi...), tomate, batata inglesa, batata doce, repolho, brócolis dentre outros. Atenção: NÃO HÁ NECESSIDADE DE SUPLEMENTAR VIT C. Se você consumir 3 porções de frutas ao dia você consegue atingir a recomendação diária do consumo desta vitamina. • Vitamina A que tem como função: crescimento e desenvolvimento dos tecidos, capacidade antioxidante, funções reprodutivas, integridade dos epitélios e é super importante para a visão. Os alimentos ricos são principalmente fígado, gema de ovo e óleos de peixes. Os vegetais como cenoura, espinafre, manga e mamão também são boas fontes dessa vitamina porque contêm carotenóides, substância que no organismo será transformada em vitamina A. • Vitamina D: Participa na regulação da concentração de cálcio e fósforo no organismo, favorecendo a absorção desses minerais no intestino e regulando as células que degradam e formam os ossos, mantendo os seus níveis no sangue. Fontes: A principal fonte de vitamina D é a sua produção na pele a partir da exposição aos raios solares. Além da exposição ao sol, a vitamina D pode ser obtida através de fontes alimentares, como óleo de fígado de peixe, frutos de mar, leite e derivados • Zinco: é um mineral necessário para a ação de enzimas, saúde do sistema imunológico, maturação sexual masculina, crescimento e formação de tecidos. Algumas das principais fontes de zinco são alimentos de origem animal, como ostras, carne de boi ou fígado. • Cobre: mineral que participa da formação do sangue e dos ossos, liberação de energia dos alimentos, produção de melanina e faz parte da enzima antioxidante superóxido dismutase. Fontes alimentares: frutos do mar, cereais
integrais, curry, fígado e gérmen de trigo. • Ferro: mineral que participa da formação da hemoglobina, oxidação celular e de reações enzimáticas. Fontes alimentares: Gema de ovo, fígado, carnes e vísceras de cor vermelha, leguminosas, vegetais verdes e folhosos. • Selênio também é um mineral que tem como principal função a neutralização de radicais livres (função antioxidante). Pode ser encontrado nos seguintes alimentos: castanha-do-pará (é o alimento com maior concentração de selênio), salmão, farelo de trigo, sementes de girassol (secas), gema de ovo dentre outros. O consumo dos macronutrientes carboidrato, proteína e gorduras também são importantes. Ah, e não se esqueça da ÁGUA, se hidrate! Cuide da sua alimentação que ela cuidará de você!
Maíra Azevedo é Nutricionista Especialista em Nutrição Clínica e Esportiva - CRN 8740 Contato whatsapp: 62 99307 1928 Instagram: @dicasdanutrimaira
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S EU S DIR E ITO S |
Por Herbert Emílio Araújo Lopes
AS RELAÇÕES CONTRATUAIS NO PERÍODO DO COVID-19 Diante de um cenário global inesperado, quase tudo (para não dizer tudo) sofrerá mudanças e será de alguma forma impactado, para o bem ou para o mal. Porém, apesar do pouco tempo para análise, alguns setores parecem ser mais promissores do que outros neste momento de crise
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pandemia do COVID-19 mudou e muito a vida dos brasileiros, logicamente um cenário de uma epidemia a nível mundial não era esperado e nem desejado por ninguém neste ano de 2020, aliás, muitos culparam a globalização pela disseminação do COVID-19 e defenderam uma linha de “desglobalizar” o mundo, construindo muros, restringindo viagens. A medida inicial tomada pelos governantes foi definir um período de isolamento social, e ondas de Decretos em todos os níveis (federal, estadual e municipal) estabeleceram esse período de afastamento, o que trouxe diversos debates de grupos pró e contra a
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tais medidas determinadas no período de quarentena. A discussão trazida por populares em redes sociais, fervorosas principalmente no Twitter, chegou ao nível de discutir que o vírus “deixaria mais falidos do que falecidos”, a fala surgiu como uma forma amedrontada quanto as consequências deixadas pela paralização dos comércios físicos e que desencadeasse sérios problemas na economia nacional. Ou seja, embora uma quarentena temporária seja essencial para deter a epidemia, o isolacionismo prolongado poderá conduzir a um colapso econômico sem oferecer nenhuma proteção
real contra doenças infecciosas. Sendo assim, o verdadeiro antídoto para epidemias não é a segregação, mas a cooperação. Inicialmente, obrigou os responsáveis pela paralisação (entidades governamentais) a tomarem medidas que coibissem a situação e evitassem uma tragédia econômica pós pandemia. O Governo Federal sancionou a Lei n.º 13.892 em 02 de Abril de 2020, sendo um auxílio emergencial no importe de R$600 (seiscentos reais) e que ficou conhecido como coronavoucher, destinado a cidadãos maiores de idade e sem emprego formal. Logo após, editou a Medida Provisória n.º 948, de 8 de abril de 2020 – que dispõe sobre o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores de turismo e cultura em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus – como uma forma de proteção aos empresários dos setores turísticos e de lazer, possibilitando o reembolso de valores de serviços cancelados no prazo de doze meses contados da data do encerramento da calamidade pública. Do mesmo modo, nas casas legislativas tramita o Projeto de Lei nº 1.179, que dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do Coronavírus (Covid-19), em que foram contemplados dispositivos para estabelecer um mínimo de conforto em contratos já firmados e definir regras de concorrência, sem intervencionismo excessivo. E em entrevista concedida a TV ConJur, o ministro Villas Bôas Cueva do STJ opinou sobre o tema, alegando que: “a suspensão da eficácia de normas de concorrência ajuda a criar um ambiente de maior segurança jurídica para as operações entre os agentes econômicos, além de dar uma sinalização para o mercado, evitando medidas de intervenção estatal que possam ter efeito oposto ao pretendido” . Logicamente, o período é muito propenso a abusos que merecem a intervenção estatal como repressora. No cenário atual, foi noticiado pelas mídias de comunicação, o aumento exagerado em bens de consumo, especificadamente em itens de uso pessoal, >>
tais como máscaras, luvas de silicone e álcool em gel, certamente que o fornecedor possui a liberalidade de estabelecer o valor dos produtos, entretanto em alguns casos enfrentados recentemente não podem ser aceitos, dessa forma, o consumidor deve comunicar os abusos aos setor de fiscalização responsável na municipalidade, ligando no PROCON da rede municipal. Diante de um cenário global inesperado, quase tudo (para não dizer tudo) sofrerá mudanças e será de alguma forma impactado, para o bem ou para o mal. Porém, apesar do pouco tempo para análise, alguns setores parecem ser mais promissores do que outros neste momento de crise — e novamente, o comércio eletrônico é um deles. De certo modo, àquelas empresas que ainda estavam cogitando apostar no comércio eletrônico há tempos, estão agora acelerando os seus processos de entrada. Enxergaram este como uma das melhores saídas para continuarem operando. O motivo é evidente: com a impossibilidade da livre circulação das pessoas, o delivery passa a ser uma alternativa real mesmo para quem não gosta da ideia de comprar pela internet. E segundo a pesquisa
Herbert Emílio Araújo Lopes é Advogado, Professor Universitário, Mestre em Direito. Atualmente é Assistente de Direção do Curso de Direito da UniEvangelica - Anápolis. Professor das disciplinas de Direito Civil e Coordenador das Atividades simuladas do curso.
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TIC Domicílios, aproximadamente 70% da população brasileira utiliza internet . Doutro lado, vêm a figura do consumidor, pois é sabido que, compras realizadas fora do estabelecimento comercial, e por analogia (compras feitas pela internet), o direito de arrependimento ao consumidor é de 07 (sete) dias após a entrega do produto conforme resguarda o art. 49 do Código de Defesa do Consumidor, porém questiona-se: Como fica ao consumidor esse prazo, caso a Agência dos Correios do município esteja fechada? Haverá uma elasticidade nesse prazo legal?
A priori, não existe esse vislumbre legal, porém, convém destacar novamente a PL n.º 1.179, que em seu texto inicial traz no art. 8º, a seguinte redação: Até 30 de outubro de 2020, fica suspensa a aplicação do art. 49 do Código de Defesa do Consumidor na hipótese de produto ou serviço adquirido por entrega domiciliar (delivery) . Sendo assim, num olhar rápido, percebe-se que a proteção das relações constituídas na internet, já estão bem adiantadas, porém e os empresários do comércio físico, tais como
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varejistas, donos de lojas em shopping center, etc? Como ficam em relação aos aluguéis vencidos do estabelecimento comercial? Simplesmente não pagam? Daí o prejuízo é repassado ao dono do imóvel e remanesça o meme da internet “eles que lutem”? Mais uma vez, convém citar o Projeto de Lei 1.179, onde no texto original, em específico no artigo 9º, normatiza que o Judiciário não concederá liminar para desocupação de imóvel nos termos da ação de despejo até 31 de dezembro de 2020, porém, a proposta é de que de um lado, o inquilino, poderá continuar no imóvel pagando, ao menos, metade do valor do aluguel e parcelando o restante em seis parcelas, e ao locador, que, muitas vezes, depende do valor do aluguel para sobreviver, receberá metade do valor do aluguel agora e, depois, com juros remuneratórios de 0,5% ao mês, receberá o restante em seis parcelas, a proposta trabalha no período de aluguéis vencíveis a partir de 20 de março de 2020 até 30 de outubro de 2020. Então, uma solução está sendo construída pelo Legislativo, a fim de que, não sobrecarregue o Judiciário. Logicamente o bom senso, e o verdadeiro anseio pela resolução de tais problemas via acordos estabelecidos entre as partes sempre será o melhor caminho a se seguir. Isso porque a melhor defesa que os humanos têm contra os patógenos não é o isolamento, mas a informação. A humanidade tem vencido a guerra contra as epidemias porque, na corrida armamentista entre patógenos e médicos, os patógenos dependem de mutações cegas, ao passo que os médicos se apoiam na análise científica da informação. Por isso, nesse momento de crise, a batalha decisiva trava-se dentro da própria humanidade, pois se essa epidemia resultar em maior desunião e maior desconfiança entre os seres humanos, o vírus terá aí a sua grande vitória. Quando os humanos batem boca, os vírus se multiplicam. Por outro lado, se a epidemia resultar numa cooperação global mais estreita, triunfaremos não apenas contra o coronavírus, mas contra todos os patógenos futuros.
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ENOTURISMO
Conheça as vinícolas de Saint-Émilion, no sudoeste da França. Uma dica de hospedagem na cidade é o Château Grand Barrail Hôtel. E essa é uma sugestão de viagem para quando esse período de quarentena passar e pudermos voltar a viajar e conhecer lugares lindos como esse
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pesar de menos conhecido pelos brasileiros, o pequeno vilarejo medieval de Saint-Émilion, na região de Nova Aquitânia, sudoeste da França, é um dos destinos de enoturismo mais celebrados e famosos do mundo, a cerca de apenas 40 km de Bordeaux. Quem quiser visitá-lo pode se hospedar no Château Grand Barrail Hôtel, um dos melhores de lá. Trata-se de uma oportunidade imperdível para conhecer algumas das vinícolas mais
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importantes da região, que são avaliadas por uma classificação oficial revisada a cada 10 anos, que é promovida pelo Syndicat Viticole de Saint-Émilion com o objetivo de motivar os produtores e melhorar a percepção dos consumidores. São duas categorias principais - Premiers Grands Crus Classés e Grands Crus Classés -, que abrangem critérios como qualidade e consistência, tipicidade, vinificação, manuseio dos vinhedos, prestígio e preço.
O mais interessante: algumas das vinícolas mais premiadas ficam bem próximas ao Château Grand Barrail Hôtel e seu concierge pode agendar as visitas e degustações. Da categoria Premiers Grands Crus Classés, três vinícolas encontram-se a apenas cinco minutos de carro do hotel, sendo elas a Cheval Blanc (que impressiona a todos pelos seus vinhedos peculiares em terrenos de aluvião, produzindo vinhos repletos de frescor e complexidade aromática), Château Angelus (situada em um anfiteatro natural, com vista para as três igrejas de SaintÉmilion) e Château Canon (que pertence ao grupo da famosa marca Chanel, refletindo na sua elegância e refinamento). Já a uma distância de 10 minutos de carro fica outra vinícola premiada na mesma categoria, a Château Pavie, que possui uma belíssima decoração do renomado fotógrafo e designer de interiores Alberto Pinto, morto em 2012. Para completar, em uma caminhada de 10 minutos também a partir do Grand Barrail chega-se ao Château Figeac, cujas origens datam do século II. Já da categoria Grands Crus Classés, outras grandes vinícolas também se destacam. O
impressionante Château de Ferrand (a cinco minutos de carro do hotel) foi construído em 1702 e oferece visitas panorâmicas espetaculares do vale de Dordogne, uma arquitetura soberba e caves incrustradas na pedra de um monumento ao rei Luís XIV, resultando em uma personalidade única exemplo perfeito da filosofia estética que combina equilíbrio e classicismo. À mesma distância ficam o Château Fonroque (com uma abordagem interessante e avançada de produção, misturando conhecimentos da biodinâmica), o Château La Dominique (com elogiadas safras e vizinho ao Château Cheval Blanc), o Château Grand Mayne (que esbanja um estilo com valores de autenticidade e simplicidade clássica) e o Château Franc Mayne (que possui uma interessante vista panorâmica de sete hectares de trepadeiras cultivadas). Por fim, dirigindo por apenas 10 minutos é possível encontrar o autêntico Château Larmande. Entre um passeio e outro, os visitantes podem aproveitar o Château Grand Barrail Hôtel e sua infraestrutura de resort cinco-estrelas, posicionada em meio a vinhas e jardins verdejantes. São 46 apartamentos divididos
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em quatro prédios de estilos variados, alguns perfeitamente adaptados para hóspedes que exigem acessibilidade. Nos quartos superiores do castelo, um château clássico, a decoração elegante, como a cama com dossel (exclusividade da Suíte Royal), se mistura à paisagem dos vinhedos. Nos outros prédios, em que algumas suítes contam com terraços, o design ganha requintes mais contemporâneos. Divididas em seis categorias, as acomodações têm ainda nuances que todo viajante moderno preza, como caixas de som bluetooth e máquinas de Nespresso. As famílias com integrantes de quatro patas também são bem-vindas, já que alguns apartamentos são pet friendly. O local, que tem ainda o Salão Mourisco com surpreendentes vitrais em longas janelas e o Grand Salon, espaço elegante e finamente decorado, recebe os visitantes com deliciosos almoços no mais tradicional estilo bistrô francês e jantares com menu gastronômico. Parte da coleção Small Luxury Hotel of the World, o hotel abriga também o Spa SaintÉmilion, que é fonte de bem-estar em uma
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jornada sensorial que traz equilíbrio ao corpo e à mente. Os tratamentos e os produtos são da marca francesa Cinq Mode e os espaços com vista para os jardins têm ainda saunas secas e a vapor, banheira de hidromassagem, áreas de relaxamento em zonas secas e úmidas, piscina interna e academia aberta 24 horas, com equipamentos aeróbicos e de musculação. O bem-estar é complementado pela piscina externa aquecida, que tem serviço de bar e snacks, e um tranquilo passeio pelos belos jardins da propriedade, com seus locais totalmente instagramáveis. O hotel conta ainda com recepção, concierge e business center abertos 24 horas por dia, serviço de babá, Wi-Fi e entrega gratuita de jornais. MAIS INFORMAÇÕES: O Château Grand Barrail Hôtel é representado no Brasil pela Key Partners (www.keypartners.com. br), de Sylvia Leimann. Para mais informações e reservas, acesse o site www.grand-barrail.com.
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AR T E
GEOMETRIA DO ENSAIO NU ARTÍSTICO A sensibilidade de capturar por uma lente à essência do corpo e personalidade Texto: Dhayane Marques
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nudez já foi tratada como uma objetificação sexual feminino por expor uma fragilidade dos poderes de sedução e beleza. Também houve um tempo em que a única finalidade do homem mostrar o seu corpo nu era de despertar o desejo em outras pessoas. Em 1960, apesar das controvérsias daquela época, a nudez assume uma performance de contestação de padrões sociais e o corpo se torna uma arma contra os tabus. Esse comportamento passou a ser cada vez mais adotado e assim permitiu a alteração na forma de como se relacionam com o fato de alguém estar nu. O fenômeno estimulou nas pessoas o autoconhecimento, auto aceitação, amor-próprio entre outros quesitos que atualmente passam a ser melhor
Guilherme Correêa - Fotógrafo @guilhermecorreafoto - @xnutopia
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compreendidos. Os padrões de corpo deixam de ser um requisito e passam ser uma auto afirmação e de liberdade aos próprios olhos. Apesar da crescente procura pelos ensaios de nudez, ainda existem questionamentos como: quem pode posar? Só modelo pode ser fotografado? Os padrões são válidos? Só famosos que fazem? Quem decide o que é ou não belo? Dúvidas como essas são mais recorrentes entre homens, por haver certa resistência em explorar algo sutil, delicado e belo. Ainda assim não é uma regra. Há cinco anos trabalhando com fotografia, o carioca Guilherme Correa, 40 anos, afirma que 99% dos ensaios nus são de homens. Além de fazer ensaios de moda, Guilherme se especializou em ensaio nu artístico, sensuais e de casais. “O meu foco sempre foi trabalhar com ensaio nu artístico masculino”, destacou o fotógrafo. Expor algo íntimo de maneira especial requer muita segurança no profissional que está por trás da câmera. De acordo com ele, é preciso que a “confiança seja uma via de mão dupla”. O trabalho de Guilherme Correa começou a ganhar mais forma desde que criou um projeto com a finalidade de expor a alma das pessoas que posam com o corpo nu e vulnerável. O Nutopia, foi um projeto que se transformou na marca do trabalho sensível que tem apresentado ao público masculino. Essa dedicação fez com que o fotógrafo ganhasse visibilidade, ao todo são mais de cinco mil imagens inéditas e sem censura, clicadas pelas lentes do fotógrafo-autor. “O Nutopia quer revelar muito mais do que corpos, não existe um ‘padrão de beleza’. A proposta é se desnudar, oferecer liberdade”, acrescentou o profissional ao reforçar que ele mesmo já participou do projeto e que
essa atitude acaba encorajado outros homens. NÃO PRECISA TIRAR MUITO Há corpos criados e eles podem ser representados de distintas formas, em diferentes grupos sociais. A vulnerabilidade que a nudez transparece nos alerta de que somos mais que um corpo. Para a fotógrafa Ana Aquino, 54 anos, existe uma linha muito tênue que separa a arte do erotismo e que para não errar na hora do ensaio ela busca criar roteiros com uma narrativa que explore os desejos de quem será fotografado. “Para se fazer uma foto sensual você não precisa tirar a roupa”, afirmou Aquino. A exposição do corpo nem sempre é algo muito confortável e para isso os profissionais se desdobram para conseguir um bom ângulo, uma boa luz, um belo sorriso. Ana Aquino conta que gosta de brincar enquanto está construindo o personagem junto ao modelo, conforme a pessoa vai se soltando “na medida que se conquista a confiança ela percebe que o profissional
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experientes e vou te falar, elas dão um show”, brincou Ana Aquino. Explorar o corpo é saber que, na verdade a beleza é plural, não existe um “padrão” para se sentir bem com a história, lutas internas e externas, as marcas, cicatrizes e essências que cada pessoa carrega. Particularmente, as pessoas merecem um momento de vaidade que ampare no resgate da autoestima. “A sensualidade está no olhar de cada um, alguns enxergam muito próximo da sexualidade e do erótico. Acho que podemos fazer fotos sensuais encostando no erótico, mas requer muito cuidado”, pontuou a fotógrafa Ana Aquino. Já dizia Zeca Baleiro em sua música “me sinto nu, nu com a minha máscara”. Ana Aquino - Fotógrafa @anaaquino_fotografiasensual - @anaaquino_fotografia
vai capturando cada momento, cada detalhe”. Essa abordagem mais sensível e minuciosa na criação de um roteiro de ensaio, segundo Aquino, tem sido um grande diferencial do seu trabalho. As mulheres entre 38 e 54 anos são as que mais procuram a profissional para realizar ensaio nu artistíssimos ou sensuais. “Não são apenas jovens de 20 poucos anos que procuram, mas, também mulheres mais
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