Prancha da Viagem à São Paulo - de 26-04-2013 a 29-04-2013 -

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O Centro de São Paulo passou por uma intensa verticalização, a partir dos anos 1920, se transformando e ampliando rapidamente, constituindo uma malha urbana tradicional ao longo dos anos. A partir da década de 1930 a metrópole industrial está se constituindo e novas escalas e demandas vão alterar o panorama da cidade e do seu centro. Ali, e no Brasil todo, praticamente, o chamado “Estilo Moderno” conviveu em seu nascimento com outros estilos que, se não são modernos na linguagem, o eram parcialmente nas técnicas construtivas e na organização dos programas, causando assim ambiguidades e contradições. Assim, a Arquitetura Moderna já nasce marcada pelo tecido antigo e pelas assimilações, distorções, contrastes, ambiguidades e contradições entre os dois modelos de cidade - a tradicional e a moderna -. Galeria Guatapará | Inauguração Projeto 1928 | Inauguração Galeria 1933

Galeria Sete de Abril | Escritório de Arquitetura Siffredi e Bardelli | 1959

Condomínio Empresarial Rua Nova Barão | Escritório de Arquitetura S i f f r e d i

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B a r d e l l i

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Galeria do Rock - Edifício Grande Galerias | Escritório de Arquitetura S i f f r e d i

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B a r d e l l i

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C o n s t r u ç ã o

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Galeria das Artes - Edifício Veneza - Edifício Florença | 1º Projeto Saul Renato Serson | 2º Projeto João

Galeria Renoir - Galeria Rembrandt - Edifício Louvre | Arquiteto João Artacho Jurado | 1952

Galeria Metropóle - Edifício Metropolitano | Arquitetos Gian Carlo Gasperini e Salvador Candia | 1960

Serpa Albuquerque | 1º Projeto 1953 | 2º Projeto 1956

Galeria Ipê | Arquitetos Plínio Croce e Roberto Aflavo | 1949-1950

Edifício Itália (Nome Oficial Circolo Italiano) | Arquiteto Adolf Franz Heep | Inauguração 1965

- Edifícios em Higienópolis A partir da década de 1930, o processo de verticalização na cidade de São Paulo atinge também o já tradicional bairro de classe alta Higienópolis. Num momento em que a lei recomendava que os edifícios residenciais tivessem recuos e mantivessem áreas livres no terreno, permitindo insolação e ventilação aos apartamentos. Nas décadas de 1940 e 1950, com o crescimento de São Paulo, o bairro passa a ser alvo do setor imobiliário, se adensando ainda mais. Assim, coexistem e se contrastam construções dos séculos XIX e XX. Do século XIX, se compõe, principalmente, Palacetes Ecléticos ou do Art Nouveau, como o edifício da FAU Maranhão de 1902, que deram origem ao bairro e que aos poucos deram lugar a novos Edifícios Residenciais Modernos. Estes Edifícios Modernos, principalmente dos anos 1950 e 1960, possuem um formalismo muito rico. Como quadros abstratos, eles “brincam” com precisão com as fachadas, usando cores, texturas e formas geométricas nas venezianas, brises e caixilhos. Como se nota no Edifício Lausanne, projetado pelo arquiteto Franz Heep em 1956. Porém, ao visualizar o conjunto do bairro, se nota que tais edifícios não brigam por singularidade, mas pelo contrário, formam um conjunto visual, que a partir de soluções parecidas geram uma cultura arquitetônica sem cair na monotonia. Também há um grande esforço em unir a arquitetura a outros elementos da arte, como a escultura, a pintura e também ao paisagismo. Assim, no Edifício Prudência de 1950, projetado pelos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César tem-se o paisagismo de Burle Marx e os murais de Paulo Rossi. Na questão da inserção urbana, se buscava o aproveitamento do solo de maneira a promover espaços livres de qualidade. Ao implantar o Edifício Louveira em 1946, com a fachada cega voltada para a Praça Vilaboim, os arquitetos Artigas e Cascaldi possibilitam a formação de um espaço que permite acesso ao público entre os dois blocos como local de convívio e prolongamento da praça, respeitando, portanto, a cidade existente e agregando valor ao prédio e ao entorno.

FAU Maranhão | Arquiteto Carlos Ekman | Construção 1902 | Sede da FAU-USP 1949

- Edifícios Galerias Os Edifícios Galerias conseguem subverter a lógica do lote e da quadrícula, com o ideal moderno que buscava romper a separação entre público e privado, assim, “vazam” a quadra de maneira a conectar um prédio com o outro e uma rua com a outra. O uso misto - residencial, comercial e serviços - permite fluidez pelo térreo e pelos primeiros pavimentos que são de domínio público, abrigando comércios e serviços. O Edifício COPAN, projetado por Niemeyer, com projeto e construção entre 1951 e 1966, é um dos grandes exemplos de edifícios que conforma estes novos fluxos e percursos criados com o urbanismo vertical e as galerias, tencionando os limites da cidade tradicional e criando novas espacialidades que fazem parte da dinâmica urbana. A princípio, encomendado pela Companhia Pan-americana de Hotéis e Turismo, era para se configurar como um grande complexo hoteleiro. Mas no final o Copan se tornou um grande edifício residencial onde vivem distintas classes sociais sobre três pavimentos de galerias comerciais. O Edifício Ester, de 1938 dos arquitetos Álvaro Vital Brasil e Adhemar Marinho, foi construído em frente à Praça da República para ser a Nova Sede do Escritório da Usina de Açúcar Ester. Mas hoje apresenta uso misto. Também o Edifício Itália de 1965 do arquiteto Franz Heep, a Galeria Metrópole de 1960 dos arquitetos Gasperini e Salvador Candia; a Galeria do Rock de 1962 do Escritório Siffredi e Bardelli criam essas novas espacialidades e buscam construir uma nova sociabilidade urbana, que por sua vez, conforma toda uma identidade urbana. Essa ideia de “identidade urbana” não é exatamente igual à grande chave da “identidade nacional” que o Moderno buscava. As questões apresentadas para solução destas e de outras Galerias, como a Galeria Sete de Abril, a Galeria das Artes, a Galeria Ipê, a Galeria Rua Nova Barão e a Galeria Guatapará, para citar algumas, apenas, trazem uma riqueza para lidar com as circunstâncias encontradas na cidade de trama tradicional e levam muito mais em consideração as questões da cidade urbanizada que já estavam ali. Porém, por não irem de encontro com a ideia de identidade nacional, elas e seus arquitetos ficaram muitas vezes à margem da historiografia, junto ao grande número de outros “anônimos” que construíram a maior parte das cidades. No aspecto do estilo arquitetônico, convive ao mesmo tempo o Moderno com outros estilos. Por exemplo, enquanto eram construídos diversos dos edifícios típicos da Escola Moderna, o arquiteto João Artacho Jurado projetou edifícios como o Edifício Louvre com a Galeria Renoir e a Galeria Rembrandt em 1952, cuja concepção estrutural e técnica construtiva são completamente modernas - concreto armado, piloti, planta livre, etc. -. Porém, incorpora, sem preconceitos, elementos decorativos que agradavam a burguesia paulistana, considerados “kitsch”, como pilotis dóricos coloridos e guarda-corpos inspirados no Art-Nouveau. Contemporaneamente, a Praça das Artes, de 2012, concebida pelo Escritório Brasil Arquitetura, também busca esse mesmo tipo de fluidez das Galerias do Centro e usa o miolo da quadra como elemento conector e comunicador.

Edifício Ester | Arquitetos Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho | 1936 - 1938

Edifício Ester | Arquitetos Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho |

- CECAP – Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado O Conjunto CECAP de Guarulhos - projetado em 1968 pelos arquitetos Vilanova Artigas, Fabio Penteado e Paulo Mendes da Rocha e financiado pela Caixa Estadual de Casas para o Povo - retoma as experiências de habitação popular do país, que entre as décadas de 1930 e 1950 contaram com grande participação de arquitetos modernos. Previa-se em seu projeto original a construção de mais de 10 mil apartamentos. Para isso, foram propostos 32 blocos - de 03 andares sobre pilotis, com 60 apartamentos de 63 m² cada - distribuídos em 08 “freguesias” de 04 blocos que receberiam o nome de um Estado Brasileiro e deveriam abrigar equipamentos sociais (hospital, centro de saúde, cinemas, hotel, teatro, comércio próprio, clube). A opção pela planta livre possibilitou paredes internas independentes da estrutura e que, portanto, são removíveis e possibilitam a adaptação segundo as necessidades da família. O projeto seguia a aspiração de Artigas de que a habitação fosse desenhada conforme a lógica industrial e a construção fosse “honesta” e acessível a todos. Para isso, foram realizadas diversas pesquisas de técnicas e materiais que fossem mais adequados para a produção em série das paredes, divisórias, pisos, revestimentos, caixilhos e instalações elétricas e hidráulicas. No entanto, a construção não foi totalmente realizada segundo o projeto e apenas 44% das unidades foram concluídas. E hoje cada freguesia assumiu um caráter de condomínio independente.

Edifício Louveira | Arquitetos Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi | Construção 1946

CECAP Zezinho Magalhães Prado | Arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da

Edifício Cinderela | Arquiteto João Artacho Jurado | 1956

Edifício Brasil Colônia

Parque das Hortênsias | Arquiteto João Artacho Jurado | 1957

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F á b i o

P e n t e a d o

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P r o j e t o

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M u s e u

CECAP Zezinho Magalhães Prado | Arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado | Projeto 1968

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MAM-SP | Projeto Oscar Niemeyer | Reforma para Abrigar o Museu Lina Bo Bardi | Projeto 1 9 5 4

Edifício Lausanne | Arquiteto Adolf Franz Heep | 1956

COPAN | Arquitetos Oscar Niemeyer e Carlos Alberto Cerqueira L e m o s | C o n s t r u ç ã o 1 9 5 1 - 1 9 6 6

1936 - 1938

R o c h a

Edifício Prudência | Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César | 1944-1950

COPAN | Arquitetos Oscar Niemeyer e Carlos Alberto Cerqueira L e m o s | C o n s t r u ç ã o 1 9 5 1 - 1 9 6 6

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Praça das Artes | Brasil Arquitetura | 2012

Biblioteca Mário de Andrade | Arquiteto Jacques Emile Paul Pilon | Recuperação Piratininga Arquitetos Associados | Fundação 1925 | Recuperação 2010

MAC Ibirapuera | Projeto Detran Oscar Niemeyer | Inauguração Detran em 1954 | I n a u g u r a ç ã o M A C 2 0 1 2

Viagem à São Paulo - 26-04-2013 à 28-04-2013 - | Inna Flávia Mascarin | Lara Melotti Tonsig | Letícia Sardella Aranda | IAU 727 - Arquitetura e Urbanismo Contemporâneos I | Professor Doutor Francisco Sales Trajano Filho | Professor Doutor Miguel Antonio Buzzar | Instituto de Arquitetura e Urbanismo - IAU - | Universidade de São Paulo - USP -


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