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3. CENTRO DE COMPETÊNCIAS EMERGENTES O CONCEITO
priorização de respostas a necessidades que podemos antecipar e que podem vir a provar como problemas efetivos.
As soluções para estes temas são, necessariamente, o resultado do pensamento crítico, criativo e inovador, diversificado e amplificado através do trabalho colaborativo que aproveita as sinergias de pessoas, de equipas e de organizações públicas, articuladas em redes colaborativas onde a sociedade civil, o setor privado e os centros de conhecimento e investigação são partes interessadas, ativas e profícuas, na antevisão das possibilidades e na construção dessas soluções.
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Assim, nos processos de suporte à cadeia de valor das entidades públicas, fundamentais para o apoio à decisão e sustentação das estratégias a prosseguir, podemos identificar desde já o seguinte conjunto de competências chave:
1. Monitorização da envolvente (Radar): Esta competência consiste na capacidade de observação contínua do contexto da sociedade, no que releva para a dinâmica da organização pública, para a prestação de serviços aos seus destinatários e para as diferentes partes interessadas, bem como para os resultados obtidos. Implica a recolha sistemática de informação de diferentes fontes e através de diferentes canais e mecanismos, podendo envolver, ainda, estudos e iniciativas de benchmarking. Os elementos obtidos são agregados e disseminados em formatos facilitadores de reporte e preparatórios de análise. 2. Análise: Esta competência, que exige necessariamente pensamento crítico, permite organizar o acervo de dados sobre um tema, realizar operações sobre os dados, através de filtragem, identificação de padrões, agregação e relacionamento, e, desta forma, obter a informação que permite a compreensão alargada do tema. É uma competência hoje muito facilitada pelo digital, que permite trabalhar big data, utilizar técnicas de ciência de dados e inteligência artificial. Esta compreensão reforça a inteligência organizacional e contempla: 1) uma dimensão interna, que inclui a compreensão dos processos de negócio e de suporte executados, resultados apurados, desvios face a objetivos, propostas corretivas e de melhoria em organização e processos, aquisição ou reforço de competências e afetação ou desenvolvimento de recursos, incluindo tecnologia e 2) uma dimensão externa, que atende ao conjunto de destinatários e outras partes interessadas, em função do respetivo grau de correspondência a expetativas, dos níveis de satisfação, das necessidades atuais e futuras e das oportunidades identificadas de desenvolvimento de produtos e serviços. A análise produz instrumentos de reporte e outros de apoio
à gestão dinâmica das entidades, como relatórios de atividade, dashboards, pareceres e recomendações. 3. Prospetiva: Competência que se evidencia através da utilização de modelos analíticos para antecipar tendências e perspetivar cenários de ação de melhoria de resultados e de evolução na organização e dinâmica das entidades. Utiliza, muitas vezes, informação parcial, porquanto as frequentes e rápidas mutações socioeconómicas, ambientais, de saúde e demográficas, não permitem uma completa apropriação de todos os elementos informativos relevantes, e elabora propostas baseadas na avaliação de risco, tendo em linha de conta o impacto potencial dos diferentes cursos de ação. Produz informação e propostas de modo a facilitar o processo de tomada de decisão informada da equipa de gestão, quer em matéria estratégica, quer em matéria operacional, que, no seu todo, concorram para um melhor desempenho da entidade e para a sustentabilidade global do serviço público.
3. CENTRO DE COMPETÊNCIAS EMERGENTES – O
CONCEITO
O QUE É
O Centro de Competências Emergentes (CCE) é uma medida colaborativa de reforço da oferta de formação à distância e em escala para capacitação dos/as trabalhadores/as e dirigentes da Administração Pública, de modo a estarem preparados para lidar com os desafios do futuro, garantindo qualidade e efetividade do valor criado no serviço público.
O CCE contribui especificamente para o desenvolvimento contínuo e para a profissionalização dos trabalhadores/as, fomentando a aquisição ou o reforço das competências necessárias para a obtenção de níveis elevados de eficiência e eficácia num contexto global de marcada complexidade, que impulsionam a necessidade de gerar respostas inovadoras.
O carácter colaborativo do CCE tem uma dupla dimensão:
• resulta da colaboração entre entidades da AP na reflexão para a identificação das competências necessárias face às transformações que o futuro poderá trazer para o setor no qual se inserem; • resulta da colaboração entre vários parceiros que proporcionam oferta formativa, de forma colaborativa, alavancando assim a capacidade de disponibilizar atempadamente formação de qualidade para as necessidades identificadas.
A QUEM SE DESTINA
O CCE disponibiliza, com base no seu modelo de atuação, um portefólio de serviços que tem como destinatários:
• os decisores governamentais, fornecendo informação de apoio à decisão sobre políticas públicas de inovação e modernização do Estado e da administração Pública através da gestão integrada de pessoas e organismos públicos; • os dirigentes e trabalhadores públicos, com soluções de aprendizagem ao longo da vida profissional para a respetiva capacitação;
• os parceiros/entidades formadoras no sistema de formação profissional da
Administração Pública, partilhando tendências em termos de necessidades de aprendizagem e de desenvolvimento e perspetivando as respostas correspondentes.
MODELO DE ATUAÇÃO
O modelo de atuação do CCE assenta em três eixos fundamentais:
• Observação das políticas e dos instrumentos de política pública
O CCE considera os desafios que a realidade social e económica, nacional e internacional, apresenta atualmente e perspetiva para os próximos anos e norteia a sua atuação na dependência das orientações que o governo estabelece para as políticas públicas e através dos instrumentos estratégicos e de gestão que aprova.
Configura as suas linhas de atuação de modo alinhado com o estabelecido no programa do governo, na lei do orçamento do estado, nas estratégias nacionais (globais e setoriais/áreas de governo) e noutros instrumentos aplicáveis, de modo a contribuir para que a força de trabalho da Administração Pública seja qualificada com competências para responder aos desafios identificados.
Estas linhas de atuação consideram quer a natureza das competências, quer o tempo necessário ao desenvolvimento das mesmas, de forma a realizar a capacitação atempada das pessoas face às transformações que se perspetivam.
• Identificação de competências emergentes
O processo de mapeamento e caracterização das competências emergentes requeridas para enfrentar os atuais desafios e antecipar e enfrentar os desafios do futuro, para garantir a efetividade da gestão pública e o serviço aos cidadãos e às empresas, é efetuado através de um conjunto de iniciativas que incluem:
▪ Colaboração com centros nacionais e internacionais de investigação e conhecimento sobre serviços públicos; ▪ Articulação com partes interessadas relevantes dos setores privado e não governamental e das universidades; ▪ Partilha de conhecimento com escolas de administração pública internacionais;
▪ Consulta junto de pontos focais na área de gestão de recursos humanos da
Administração Pública e outros interlocutores equiparados relativamente a necessidades e oportunidades de desenvolvimento dos/as trabalhadores/as e dirigentes; ▪ Dinamização de Oficinas de Participação, um método de envolvimento e recolha de contributos sobre um tema específico através de uma discussão estruturada e orientada por um facilitador da sessão e envolvendo trabalhadores/as e dirigentes de diferentes entidades de todas as áreas de governo, para reflexão colaborativa com partilha de conhecimento e experiências.
Os resultados obtidos das várias iniciativas de caracterização de tendências e de necessidades apoiam a definição de uma matriz global de competências emergentes, assim como a definição de matrizes de competências emergentes setoriais, correspondendo, desse modo, ao levantamento de necessidades específicas.
• Conceção de soluções de capacitação e desenvolvimento
A partir da matriz de competências, o CCE concebe e disponibiliza ações de formação e outras iniciativas de aprendizagem, quer de aquisição de novas competências quer de elevação do grau de domínio e proficiência em competências existentes, para incremento da capacidade de trabalhar em ambientes mais digitais e de participar na construção de respostas rápidas a desafios inesperados, potenciando a adaptabilidade e a ação bem-sucedida face a novas exigências.
As soluções de capacitação incluem cursos de formação, conferências, encontros, webinars, oficinas, programas de mentoria e tutoria, entre outros dispositivos de promoção do desenvolvimento pessoal e profissional. São privilegiados os métodos ativos de aprendizagem que potenciem a aquisição de conhecimentos e de capacidades, a sua aplicação em contexto de trabalho e a concretização de resultados, capacitando trabalhadores/as e dirigentes para as exigências que os contextos profissionais colocam e para exercerem as suas funções de forma adaptativa e efetiva face à volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade verificadas na envolvente socioeconómica, ambiental e de saúde.
As metodologias contemplam, entre outros, a aprendizagem com base em estudos de caso, em resolução de problemas práticos, em comunidades de prática, em gestão de