Desafios Inovação AP #1

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Desafios Inovação AP / #1 INOVAÇÃO CONDUZIDA PELOS TRABALHADORES Introdução: A inovação na administração pública (Inovação AP) A inovação na Administração Pública tem um quadro de incentivos, consagrado no Sistema de Incentivos à Inovação na Gestão Pública (SIIGeP), aprovado pela Portaria n.º 186/2018, de 27 de junho. No preâmbulo deste diploma pode ler-se o seguinte: “(…) é essencial promover um ecossistema que favoreça a execução de estratégias de inovação abrangentes, não apenas nos serviços prestados aos cidadãos e às empresas, mas também na gestão das organizações e das pessoas. Esta perspetiva ajudará as entidades públicas a desenvolverem ambientes e modelos de trabalho que, com lideranças mobilizadoras, permitam aos trabalhadores identificar problemas, formular ideias, desenvolver propostas, colocar em prática projetos inovadores, avaliar os resultados e partilhar o conhecimento de forma mais colaborativa”.

Sublinha-se, aqui, a importância das lideranças mobilizadoras para estimular a participação dos trabalhadores na inovação, desde a identificação de problemas até à execução de projetos inovadores, passando pela produção de ideias novas.

Tema: Inovação e motivação Os incentivos previstos no SIIGeP visam estimular práticas inovadoras em três domínios: valorização dos recursos humanos, melhoria dos ambientes de trabalho e desenvolvimento de modelos de gestão. No domínio da valorização dos recursos humanos, uma das finalidades é: “a motivação dos trabalhadores através do desenvolvimento de metodologias de envolvimento e participação dos mesmos na melhoria do funcionamento dos serviços”. (Vd. Artigo 1.º, n.º 4, alínea b, da Portaria n.º 186/2018).

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Nesta finalidade apontam-se dois caminhos para a motivação dos trabalhadores, ou seja, o seu envolvimento e a sua participação na melhoria do funcionamento dos serviços. Estão aqui enquadradas duas formas de associar a inovação à motivação: 1. Inovar nas metodologias de envolvimento e participação dos trabalhadores; 2. Inovar no funcionamento dos serviços através do conhecimento e das ideias dos trabalhadores (um processo conhecido pela expressão anglo-saxónica “employeedriven innovation (EDI)”).

Inovação no envolvimento dos trabalhadores O resultado mais importante do envolvimento dos trabalhadores é a criação de uma cultura colaborativa. Esta é uma das finalidades indicadas no SIIGeP para o domínio do desenvolvimento de modelos de gestão: “O desenvolvimento de metodologias de trabalho colaborativo e gestão transversal, dentro de uma entidade, entre entidades da mesma área governativa ou entre entidades de diversas áreas governativas e outras administrações públicas”. (Vd. Artigo 1.º, n.º 6, alínea a, da Portaria n.º 186/2018).

Com o envolvimento dos trabalhadores no processo de inovação pretende-se que estes contribuam com o seu conhecimento dos processos e das reais necessidades e expetativas dos cidadãos, as suas capacidades e a experiência acumulada no posto de trabalho. Para que este envolvimento se concretize em processos de inovação, as lideranças deverão facilitar a criação de equipas de trabalho interdepartamentais com desafios de inovação, disponbilizar tempo para que os trabalhadores realizem pesquisas e aprofundem o seu conhecimento sobre os problemas e instituir momentos de envolvimento alargado como, por exemplo, os “dias abertos”.

Inovação conduzida pelos trabalhadores A inovação conduzida pelas trabalhadores (“employee-driven innovation”) pode ter resultados benéficos a vários níveis. Por um lado, aumenta a qualidade das mudanças introduzidas, porque estas são baseadas no conhecimento daqueles que estão na linha da frente dos serviços públicos. Por outro lado, melhora o ambiente de trabalho, aumenta a satisfação no local de trabalho e conduz à diminuição do absentismo que tenha as suas causas na insatisfação dos trabalhadores.

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Tornaram-se conhecidos alguns mecanismos facilitadores da inovação conduzida pelos trabalhadores, por terem sido postos em práticas em organizações inovadoras, de vários setores. Aqui ficam alguns exemplos: A. Criador de Ideias - Utilização de um mecanismo de transformação da criatividade dos trabalhdoress em idéias práticas, oferendo a estes uma parte do seu tempo de trabalho para desenvolverem os seus esforços criativos aplicados a ideias em cujo sucesso acreditem. Esta opção ficou conhecida por ter isso utilizada, entre outras organizações, pela ‘Apple’, através de um programa chamado ‘Blue Sky’ (https://applemagazine.com/apples-blue-sky-is-providing-more-employee-perks/3088), pela ‘Google’, através da política de 20% do tempo, abandonada entretanto (https://www.inc.com/nateklemp/google-encourages-employees-to-take-time-off-to-be-creative-heres-how-you-can-too-withoutsacrificing-outcomes.html)

e pela ‘LinkedIn’, através do projeto ‘InCubator’ (https://www.wired.com/2012/12/llinkedin-20-percent-time/); B. Explorador de Ideias - Utilização da figura do “explorador de ideias”, criando ao mesmo tempo uma rede interna que desempenhe um papel de intermediário entre as ideias descobertas e as necessidades de desenvolvimento de novas soluções internas. Trata-se de uma estratégia de inovação aberta que ficou conhecida por ter sido utilizada pela ‘Procter & Gamble’ (https://sloanreview.mit.edu/article/creating-employeenetworks-that-deliver-open-innovation/); C. Utilizador-inovador – Utilização de um processo em que o trabalhador se comporta como inovador dentro da sua organização, através da modificação ou criação de processos, produtos ou serviços. Trata-se de simular a chamada inovação a partir dos utuilizadores, conhecida pela expressão anglo-saxónica “user-driven innovation”. O programa de ‘Cisco’, designado ‘My Innovation’ é um exemplo de uma iniciativa que acolhe esta esta abordagem (https://newsroom.cisco.com/documents/10157/1781523/2019_WhitePaper_Final_CMRG6.pdf ).

Desafio Um processo de inovação conduzida pelos trabalhadores deve contar com ferramentas de recolha e registo de ideias, de seleção e priorização dessas ideias visando o seu desenvolvimento futuro, de partilha de informação e discussão de desafios e oportunidades de inovação e, claro, de motivação para o envolvimento e participação dos trabalhadores.

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Aceite o seguinte desafio: Descreva em texto, num cartaz ou numa apresentação, um programa de inovação conduzida pelos trabalhadores, adequado a uma entidade pública. Envie-nos o resultado para projetos.inovacaoap@ina.pt até ao dia 17 de abril. Devolveremos o seu projeto com comentários.

Sugestões de leitura Kallevig, Anthony; Aasen, Tone Merethe Berg (2014). “Employee-driven innovation - an organisational challenge”. Conference paper. XVIII ISA World Congress of Sociology, Yokohama. 13. – 19. July 2014. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/268142251_Employee_Driven_Innovation__an_Organisational_Challenge

Mats Holmquist, Mats; Johansson, Anna (2019. “Employee-Driven Innovation: An Intervention Using Action Research”. In Technology Innovation Management Review, May 2019 (Volume 9, Issue 5), pp. 44-54. Disponível em https://timreview.ca/sites/default/files/article_PDF/HolmquistJohansson_TIMReview_May2019.pdf

Rua Filipe Folque, 44 | 1069-123 Lisboa | www.ina.pt CONTACTE-NOS NAS REDES SOCIAIS

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