Revista CESAR - nº 03

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CESAR Startups: cenário nacional

e os mecanismos de apoio

CESAR lança WebSérie sobre Futuro das Profissões

Crescem os investimentos em startups

CESAR cria plataforma para geração de startups

Revista CESAR | 3ª Edição

REVISTA



05 Empreendedorismo na academia, no mercado e nas pessoas Sergio Cavalcante

O Boom da startups: um diálogo com a minha mãe Filipe Pessoa

08 Fuga de cérebros

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Silvio Meira

CESAR cria Plataforma Integrada de Geração de Startups PIGS

de Sucesso: Fusion DMS 12OCasecenário das Startups e mecanismos de apoio no Brasil Tempest: um caso de sucesso internacional

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Do primeiro cliente ao primeiro investimento O Programa Mind The Bizz

CESAR.LABS estimula a criação de novos empreendimentos através do Corporate Partners

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21 A tecnologia e as mudanças no mercado de trabalho ACONTECE Indústria

Investimento em startups cresce e aquece o ecossistema

26 Programa Summer Job

Importância do Design para Competitividade

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CESAR oferece cursos de graduação

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Revista CESAR - volume 3 Uma publicação da Gerência de Comunicação Institucional do CESAR Jornalista Responsável - Roberta Fernandes (DRT 2457 PE) Textos - Equipe de Comunicação Institucional CESAR Claudia Giane Fabiana Andrade Juliana Lopes Vanessa Cintra Verônica Lemos Diagramação & Design - Leo Macedo


EMPRE ENDE DORISMO na academia, no mercado e nas pessoas. Empreender no Brasil é um desafio. E isso não é

Quando a gente identifica que há um problema na

novidade, principalmente para quem optou em

capacidade empreendedora e inovadora do Brasil,

arregaçar as mangas e ter a sua própria empresa. O

como é que devemos agir? É nisso que o CESAR vem

empresário tem que perseverar não apenas dentro do

trabalhando. Aplicamos na Faculdade CESAR a

seu negócio, estudando o mercado, entendendo o

metodologia PBL - Problem Based Learning

cliente, mas principalmente junto à confusão

(Aprendizagem Baseada em problemas) e trabalhamos

burocrática, jurídica, trabalhista e fiscal que toma conta

com design thinking em diversos projetos. Realizamos

da vida empresarial. Mas não é só isso. O

programas diferenciados, como o Summer Job (oferece

empreendedor brasileiro não tem uma bagagem de

experiência prática a estudantes brasileiros e

inovação. O universo é restrito e um dos principais

estrangeiros) e Open Labs (capacitação para startups

motivos é que não temos uma educação

em estágio inicial), além de residências, observatórios

empreendedora.

em empresas e aceleração de startups.

Nas universidades, por exemplo, os alunos de um

A partir do momento que identificamos problemas

determinado curso não fazem conexão com os demais

dentro da área de inovação e empreendedorismo, o

departamentos. As universidades não são uma união

CESAR, enquanto instituto de inovação, tem que

de diversidade como deveriam ser. Existe também a

reagir. E é isso que estamos fazendo.

mercadofobia dentro do mundo acadêmico, pois a realidade e problemas do mundo real não chegam dentro das salas de aula. Muitas vezes, os interesses dos professores estão conectados com interesses

Sergio Cavalcante

pessoais e não da sociedade. A disciplina de design

Superintendente do CESAR

deveria ser obrigatória em todos os cursos, principalmente nos da área de tecnologia. Como validar uma ideia? Como criar oportunidades? Como criar cenários futuros? A grande maioria dos nossos empreendedores não sabem responder essas perguntas.

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O Boom das startups: um diálogo com a minha mãe Vivemos atualmente um verdadeiro boom global na criação de startups, principalmente no segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação. Jornais e revistas destacam empreendedores e suas startups, taxistas quebram carros de motoristas de Uber, restaurantes locais começam a receber pagamento em Bit Coins e minha mãe, uma professora aposentada de 70 anos, me chama para conversar sobre o assunto. Filipe, o que é esse negócio de startups de que tanto estão falando? É uma empresa pequena? Não, mãe. Startups não são empresas pequenas. São organizações de pessoas que estão buscando encontrar um modelo de negócio para produtos ou serviços novos. Ou seja, é uma forma em que as pessoas se organizam para criar e vender um produto ou serviço novo, que os clientes paguem e que gere dinheiro suficiente para que a startup cresça, se desenvolva e vire uma empresa. Como estão trabalhando em algo novo, e há muito risco envolvido, na maioria das vezes as startups falham e nunca chegam a virar uma empresa propriamente. Meu filho, mas por que tem startups em todos os cantos agora? Os custos de montar startups no setor de TIC caíram cerca de 100 vezes nos últimos 15 anos, ficou muito barato dar os primeiros passos para construir software e usar infraestrutura para suportá-lo. Além disso, empreendedorismo foi sistematizado como disciplina e existem metodologias, como Lean Startups (método de gestão em que produtos e serviços são desenvolvidos no menor tempo e ao menor custo possível) e Customer Development (metodologia que

considera que tudo definido como problema do cliente e na solução proposta pelas startups são apenas hipóteses que precisam ser testadas, validadas e renovadas), que ajudam os empreendedores a criar suas startups. Outra coisa importante, os Millennials, nascidos no início dos anos de 1980 entraram em idade produtiva nos últimos anos e eles gostam de tecnologia e querem empreender. E por que dizem que as startups são tão importantes? Diversos estudos realizados por instituições como Banco Mundial e OCDE apontam para as startups como os principais veículos de geração de riqueza e introdução de inovação. As startups também criam mais e melhores empregos nas economias nacionais. Em diversos países, como Finlândia, Israel e Austrália, o incentivo à criação de startups faz parte da estratégia de fortalecimento da economia nacional, com incentivos financeiros vindos do governo. O Easy Taxi é uma startup do Brasil, não é? Como são as startups aqui no Brasil? Sim, o Easy Taxi surgiu aqui sim. No Brasil, uma pesquisa da revista HSM mapeou 15.000 startups no ano de 2016 e existem diversas iniciativas, tanto públicas, como privadas, que buscam apoiar as startups nacionais. Como exemplo, temos o SEED em Minas Gerais e o FINEP Startup. No primeiro caso, para startups ainda em fase inicial, com recursos nãoreembolsáveis. Já no segundo, com aportes de capital em startups que apresentem protótipos funcionais e algumas vendas no mercado.

Apesar deste crescimento do número de startups no Brasil, alguns problemas já foram identificados pela Fundação Dom Cabral. Os principais são: a falta de uma oportunidade de negócios concreta para exploração pelas startups; dificuldade de montar um bom time; escassez de capital nos estágios iniciais de desenvolvimento e falta de estratégia e método para desenvolvimento das startups e seus produtos. Como é que vocês no CESAR ajudam as startups a se desenvolverem? No CESAR nós aceleramos startups. Ou seja, aplicamos uma metodologia estruturada que fornece acompanhamento, mentorias de empreendedores experientes, capital, consultorias especializadas e conexões com parceiros e clientes. O objetivo é fornecer as ferramentas para que as startups consigam, de maneira rápida, eficiente e barata, criar um produto ou serviço mínimo que os clientes queiram adquirir. E no seu trabalho, com quantas startups vocês já trabalharam? Nos últimos três anos, avaliamos cerca de 300 startups, a maioria originada em Pernambuco. Destas, apenas 23 foram levadas ao Comitê de Investimentos para apresentação a investidores privados, 15 foram consideradas aptas a receber investimentos, oito foram efetivamente investidas e aceleradas, e três puderam ser consideradas casos de sucesso. Por que tão poucas recebem esse incentivo, meu filho? Na nossa experiência, existe ainda um distanciamento dos empreendedores de potenciais


clientes e suas demandas - sendo que parte significativa das soluções apresentadas surgiram de ideias dos empreendedores e não de problemas concretos identificados junto a clientes. Outro problema que encontramos é a ausência do uso de metodologias de prototipação rápida e validação das soluções em desenvolvimento – às vezes gastase muito tempo para desenvolver algo que, quando levado ao cliente, ele não quer ou não precisa. E o que vocês estão fazendo para ajudar estes meninos que querem empreender e têm dificuldade?

juntar a comunidade empreendedora com setores da economia local. De forma organizada, trabalharemos melhor a identificação de oportunidades de inovação concretas, levaremos às startups e vamos incentivá-las a criar soluções para estas oportunidades.

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Meu filho, você pode me levar para conhecer uma startup? Quem sabe não posso ajudar os meninos a... Mãe, a senhora não vai querer ser empreendedora, vai!? Mas se quiser, pode. Vamos fazer uma visita ao CESAR.LABS?

Temos uma iniciativa, junto com o SEBRAE e o Núcleo de Gestão do Porto Digital, chamada Mind the Bizz, que serve para preparar melhor os empreendedores que estão na fase anterior à aceleração. Ajudamos a absorver e aplicar métodos para identificar oportunidades de criar soluções para problemas relevantes para potenciais clientes. Também orientamos na melhor maneira de criar os produtos e serviços, bem como testá-los junto a possíveis clientes. Outra iniciativa que vamos iniciar em breve tem o objetivo de Fotografia: Alcione Ferrira

Ps1: Este diálogo fictício é dedicado à minha mãe, que, como toda boa professora, tem muita imaginação e gosta sempre de aprender sobre coisas novas. PS2: Todas as informações apresentadas nas minhas respostas são verídicas.

Filipe Pessoa,

executivo chefe de empreendedorismo do CESAR.


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Foto Divulgação

Silvio Meira, Professor emérito da UFPE e fundador do CESAR.

fuga de cérebros CESAR lança WebSérie sobre o Futuro das Profissões. O primeiro vídeo, com Silvio Meira, aborda como o Brasil pode evitar que profissionais qualificados deixem o país. De acordo com dados da Receita Federal, entre 2014 e 2016 foram entregues 55.402 Declarações de Saída Definitiva do País, um crescimento de 81,61% na comparação com o triênio anterior. Esses dados só confirmam que os brasileiros cansaram de esperar o país dar certo e quem está disposto a começar do zero no exterior são profissionais qualificados, investidores e empreendedores. Para Silvio Meira, professor emérito da UFPE e fundador do CESAR, apesar do mundo estar em crise, como nos Estados Unidos e vários países da Europa, o caso do Brasil é mais grave. “No Brasil, a crise afeta a confiança das pessoas no futuro do país. E o nome dessa crise é a permanente fuga de cérebros”, afirma. No primeiro vídeo da WebSérie sobre o futuro das profissões, Silvio aborda a importância do país criar condições para que as pessoas acreditem no potencial de desenvolver o Brasil. “A gente precisa esquecer de certas reencantações que se faz da economia do passado. A gente, sistematicamente, fica apostando em refinarias de petróleo, em fábricas de automóveis. Essas coisas não vão interessar aos brasileiros competentes, que estudam e desenvolvem seus conhecimentos no Brasil. Também não vai interessar a quem está fora voltar para cá”, afirma.

Segundo Silvio, as pessoas estão procurando os trabalhos do futuro, que estão ligados a genética, a nanotecnologia, nas plataformas, mercados e rede, nas novas formas de articular a sociedade. “Se a gente não olhar para o futuro e ficar tentando recuperar o Brasil em função de produtos, de serviços, de sistemas de produção e de coisas associadas ao passado, aí é que a gente vai ter mais brasileiros deixando o Brasil e menos brasileiros que estão fora voltando”. Para assistir ao vídeo completo e acompanhar a WebSérie acesse youtube.com/cesarinovacao


Sua Startup no CESAR.LABS Nossos diferenciais: Consultorias - Um time de especialistas do CESAR nas mais diversas áreas do conhecimento. Laboratórios - UX, sistemas embarcados, robótica e prototipação 3D. Business Design - Desenvolvimento de estratégias em conjunto com a área de negócios do CESAR. Programas Educacionais - Workshops customizados, oficinas de ideação, além de 50% de desconto nos cursos online da Faculdade CESAR. Client Day - Evento de graduação das startups, onde elas apresentam seus serviços/produtos para o mercado.

www.cesarlabs.com


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start ups CESAR cria Plataforma Integrada de Geração de Startups

Fotografia

Alcione Ferreira


Pesquisas realizadas pela Fundação Dom Cabral, nos anos de 2012 e 2014, respectivamente, revelaram as causas da mortalidade de startups brasileiras. O primeiro relatório constatou que os empreendedores brasileiros que tiveram suas empresas fechadas se escondem atrás de uma cultura de intolerância ao fracasso e deixam o insucesso ser um desestímulo para o empreendedorismo em série no Brasil. Mas por que essas empresas não conseguem se estabelecer no mercado? Quatro pontos foram destacados: falta de conexão do produto com uma necessidade concreta de mercado; dificuldade de montar um bom time; escassez de capital e falta de estratégias de negócios. Já em 2014, a pesquisa foi focada em compreender características, comportamentos e atitudes de empreendedores de startups. Baseado nisso, ficou constatado que o número de sócios envolvidos é um fator de risco para a sobrevivência da startup; o volume de capital investido, anterior ao início das vendas, pode representar um risco à sobrevivência do negócio; e o local de instalação pode determinar as suas chances de sucesso. Observando esses cenários, o CESAR criou a Plataforma Integrada de Geração de Startups (PIGS). “Com os dados dessa pesquisa realizada pela Fundação, acrescentando o nosso aprendizado adquirido na aceleração de duas turmas de startups no CESAR.LABS, montamos a plataforma que vai começar a funcionar ainda neste segundo semestre”, afirma Filipe Pessoa, executivo chefe de empreendedorismo do CESAR. Ampliar a eficiência de geração de startups, atuando nos elos anteriores à aceleração propriamente dita, ou seja, nas fases de identificação das oportunidades de inovação e nas práticas de exploração é um dos objetivos do projeto, que é dividido em três fases. Na primeira, chamada de Observação, a meta é identificar oportunidades de inovação em segmentos de mercado ou cadeias de valor específicas. Em seguida será feita a fase de Experimentação, onde serão realizadas atividades de exploração e prototipação partindo dos briefings de inovação. Por fim, é a hora da Aceleração, onde será utilizada a metodologia já desenvolvida e testada pelo CESAR de forma intensiva em times de empreendedores para seu amadurecimento. Nesta etapa final do programa, as startups contarão com acompanhamento estruturado em mentorias, capital, consultorias especializadas e conexões. “Os times terão um período de até nove meses para chegar a um MVP (Produto Mínimo Viável) que gere demanda por parte dos clientes potenciais, cujas oportunidades de inovação foram identificadas e exploradas nas fases anteriores da plataforma”, explica Filipe. O programa também vai qualificar 80 potenciais empresários em métodos e processos de identificação e exploração de oportunidades de inovação, bem como em prototipação e validação de MVPs, além da criação de um documento metodológico contemplando as etapas de realização do projeto contendo exemplos ilustrativos da aplicação da metodologia.

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CASE DE SUCESSO

fusion|dms Conheça a startup, acelerada pelo CESAR.LABS,

que cresceu em faturamento 431% em um ano

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Cento e cinquenta clientes distribuídos em 22 estados, cobrindo, desta maneira, todas as regiões do país. Trinta e dois funcionários e um crescimento de 431% no faturamento de 2016 para 2017. Esses são alguns dados da Fusion DMS, empresa que entrou no processo de aceleração do CESAR em 2014. Os planos para o futuro são muitos. Segundo Emílio Saad Neto, CEO da Fusion DMS, a expectativa para este ano é triplicar o faturamento e chegar na casa dos R$ 4,5 milhões. Mas não para por aí. “Para 2018 estamos pensando em

em expansão internacional e criar parcerias estratégicas para o crescimento da empresa”, afirma Emílio. A história de empreendedorismo de Emílio começou cedo, aos 15 anos. Hoje, com 32, o empresário conta que teve que mudar o modo tradicional de pensar o negócio. “Quando abri o meu primeiro negócio, em 2008, eu achava que só era ter uma ideia e trabalhar bastante. Na realidade, a gente tem que subir degrau por degrau para conseguir ter

sucesso”. A empresa não deu certo e em 2009 ele voltou ao mercado de trabalho. “Apesar de trabalhar em uma empresa e ter meu dinheiro no final do mês, não tirei a ideia de ter meu próprio negócio. A Fusion surgiu nesse momento”. Para o segundo negócio, além de estudar o mercado, ele fez algo diferente. “Não abri uma empresa e saí por aí vendendo. Desta vez eu fiz um produto mínimo viável (MVP), passei três anos desenvolvendo e testando a solução em empresas reais que toparam participar sem


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para mim foi ter passado pelo processo de aceleração do CESAR”, comenta Emílio. Para Emílio, o processo de aceleração foi bem mais do que mentorias. Ele pôde conhecer o ecossistema existente no Recife. “Na primeira empresa eu trabalhei sozinho. Na Fusion, consegui me relacionar e aproveitei o melhor que o CESAR, o Porto Digital e o ecossistema podem oferecer a um empreendedor”. Participando do programa do CESAR.LABS, ele conheceu investidores e grandes empresários e assim pôde trocar experiências. “Depois de um mês de aceleração, a gente mudou completamente a solução e o valor agregado de que entregamos para o mercado e tudo começou a dar mais certo. Em 2016, com toda crise, a Fusion conseguiu crescer 431% em termos de faturamento, e eu não estou falando de 10, 20 mil reais. Eu estou falando de um faturamento bem maior que um milhão de reais”. No começo de 2017, a empresa conseguiu fechar com um fundo de investimento do Recife. nenhum custo, mas que me cederam um ambiente para entender melhor o negócio”, afirma Emílio. Em 2014, ele abriu a FusionTrak como a empresa era chamada inicialmente - montou equipe e começou a vender. Neste mesmo ano ele concorreu ao processo de aceleração do CESAR, o que fez mudar a sua visão de empreender. “É um engano achar que o grande divisor de água da primeira empresa que deu errado para hoje foi o fato de ter estudado o mercado e ter feito o MVP. O grande divisor de água

“Sobre a Fusion eu tenho duas certezas: a primeira é que vamos ser uma empresa muito grande. A outra é que vamos ser sempre uma empresa do Recife. A gente nunca vai sair do Porto Digital, sempre vamos vivenciar esse ecossistema”, finaliza Emílio.

Foto Divulgação

Emilio Saad Neto,

CEO da Fusiontrak | DMS.


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O cenário das Startups e mecanismos de apoio no Brasil

O ecossistema brasileiro de startups cresce a todo vapor, e prova disso são os numeros no Brasil. Na base da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), uma entidade sem fins lucrativos que promove o ecossistema brasileiro desde 2011, existem mais de 4.200 empresas cadastradas. Segundo os dados da associação, São Paulo lidera a lista de Estados com maior número de empreendimentos. No total são 1.320. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 365 e Rio de Janeiro com 343. Pernambuco está na sétima posição, com 114 empresas cadastradas. Mas não é somente o número de startups que cresce. Programas de apoio ao empreendedorismo inovador e startups também vêm surgindo de maneira expressiva nos últimos anos. De maneira geral, elas podem ser classificados em dois grupos: público e privado. Nos programas públicos é o governo (federal, estadual ou municipal) que aporta os recursos para a viabilização.

Dentre as iniciativas existentes, pode-se destacar: Inovativa Brasil (do MDIC), Startup Brasil (MCTIC) e Sinapse da Inovação (FAPESC, FAPEAM, FAPES). Nos programas privados, as empresas é que concebem e operam, sozinhas ou por meio de parcerias, o processo de identificação, seleção e desenvolvimento das startups, como é o caso do Corporate Partners, desenvolvido pelo CESAR. Segundo Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil, promover a inovação é o único caminho para consolidar um setor privado nacional cada vez mais competitivo, resiliente e com abertura internacional. “As startups são hoje a fonte principal no desenvolvimento de novos produtos e serviços, e o papel da Amcham Brasil é conectar essas inovações com as grandes corporações e também investidores’’, afirma Deborah. Mas apesar de crescente, nem todos os programas de incentivo atendem as necessidades reais do ecossistema.


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Quem afirma isso é Luiz Gomes, um dos community leaders do Mangue.zal. “Os programas estão aprendendo sobre o contexto de startups e, muitas vezes, erram na aproximação por olharem esse contexto com a cabeça dos negócios de tecnologia do início dos anos 2000”, afirma. Apesar disso, ainda segundo Luiz, alguns programas se destacam pelo “impacto positivo tanto no negócio quanto nas comunidades locais, como é o caso do SEED-MG, CUBO/Google Campus-SP, ACATE-SC e ACE-SP”. Inovação - O Brasil vem implantando ações para aprimorar os ecossistemas de inovação nas diferentes regiões. Para verificar o grau de consistência desse ecossistema é preciso avaliar suas distintas dimensões, entre elas: talentos (existência de empreendedores), ICTI (laboratórios e pesquisadores para geração de novas ideias e tecnologias), capital (disponibilidade de recursos econômicos e financeiros para geração e desenvolvimento de inovações), ambientes de inovação (incubadoras,

aceleradoras, parques tecnológicos), clusters de inovação (existência de aglomerações produtivas fundamentadas na inovação), políticas públicas (programas, projetos e legislação para estímulo à inovação) e governança (formalização e interação entre os atores do ecossistema). “O caso do Recife é um bom exemplo da estruturação de um ecossistema de inovação que vem promovendo um desenvolvimento sustentável na região, gerando tecnologia, trabalho e renda”, afirma Carlos Eduardo Negrão Bizzotto, coordenador de projetos da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - Anprotec.


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TEMPEST

um caso de sucesso internacional Foto Divulgação

Para que isso acontecesse foi necessário sair do CESAR. “Como empresa incubada nosso objetivo sempre foi o spino, e para isso deveríamos buscar projetos fora do CESAR’’. ‘’Outra coisa que também logo percebemos é que permanecer trabalhando apenas em projetos pontuais do CESAR não nos traria a receita recorrente que precisávamos, e assim, enquanto trabalhávamos nos projetos, paralelamente iniciamos um esforço para diversificar a nossa oferta de serviços. Essa estratégia foi o que pavimentou o nosso caminho como empresa sustentável e permitiu o crescimento desde então”, afirma Evandro. No ano seguinte foi aberta a filial de São Paulo e em 2012 iniciou a operação em Londres, no Reino Unido. A internacionalização não foi algo que aconteceu por acaso. “Não foi bem uma oportunidade que se apresentou, mas sim uma que nós próprios criamos”, comenta Evandro. “Alguns clientes do sudeste tinham sede no exterior e gostavam dos nossos serviços. Estávamos cientes, portanto, de que nosso padrão de serviços e de atendimento não devia nada em qualidade ao mercado externo”.

Evandro Hora,

Sócio-fundador e presidente do conselho da Tempest. Com 17 anos de experiência em soluções de cibersegurança e combate a fraudes digitais, a Tempest é referência no mercado pela sua expertise técnica, integridade, maturidade operacional e capacidade de entrega. Criada no ano 2000 por estudantes da UFPE, a Tempest nasceu dentro do CESAR. Segundo Evandro Hora, sócio-fundador e presidente do conselho da Tempest, eles estavam no lugar certo e na hora certa. “Em 1998 éramos estudantes da UFPE e o CESAR estava começando a incubar empresas. Certamente que nossa expertise em segurança da informação chamou a atenção, pois o comércio eletrônico no Brasil estava começando e obviamente, a fraude. Assim nasceu o convite para a incubação, o que ocorreu no ano 2000”. Em 2003, a empresa viu a necessidade de aumentar sua participação no mercado e contratar mais colaboradores.

A operação da empresa vem dando continuidade ao plano de crescimento fundamentado em três pilares: expansão da internacionalização, diversificação do portfólio de ofertas e incremento dos investimentos - em equipe, P&D e em startups, como é o caso da El Pescador e da CoinWISE. Em 2015, a Tempest adquiriu 70% do capital da El Pescador, que oferece serviços inovadores e especializados no aculturamento da segurança da informação. “Temos apoiado com investimentos em inovação, novos produtos e tecnologias para a expansão da oferta, além de marketing”, detalha Evandro. Já a CoinWISE surgiu dentro da própria Tempest. “Há dois anos criamos um laboratório de inovação e novas tecnologias, e investimos em pesquisa e desenvolvimento para ver o que poderia sair dali. Em janeiro deste ano ocorreu o spino desse laboratório, sob a forma da startup CoinWISE, também com personalidade própria, especializada na tecnologia dos blockchains e suas aplicações, o que inclui as criptomoedas. Como é uma startup, também estamos apoiando com investimentos e várias ações nesse início do seu ciclo de vida”, afirma. Atualmente a companhia conta com cerca de 170 colaboradores e atende clientes de médio e grande porte dos principais setores do mercado do Brasil e de países como Inglaterra, Estados Unidos, Suíça, Chile e Argentina. Em 2016, a Tempest faturou R$ 30 milhões e a meta para este ano é de R$ 50 milhões.



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Do primeiro cliente ao primeiro investimento Programa Mind The Bizz chega a sua quarta turma e se consolida como uma formação para negócios nascentes no Porto Digital Foto Divulgação

Em todo ambiente de inovação é sempre importante a renovação dos empreendimentos, das capacidades das pessoas e o surgimento de novas oportunidades de negócios. Entretanto, a falta de uma formação faz com que muitos empreendimentos fechem suas portas nos primeiros cinco anos de vida. Os dados são baseados na Pesquisa de Sobrevivência das Empresas no Brasil (2013), feita pelo IBGE. Muitos fatores estão relacionados a essa alta taxa de mortalidade dos negócios. O principal deles apontado pelo SEBRAE em outras pesquisas é em relação ao pouco conhecimento de mercado devido à ausência de planejamento por parte dos empreendedores. Pensar em negócio e fazer negócio é algo pouco trabalhado nas formações de base, em universidades e no dia a dia dos brasileiros. Por isso, o conhecimento inicial para fazer nascer um negócio está hoje reunido em uma formação chamada Mind The Bizz (MTB), do Porto Digital, em parceria com o Sebrae Pernambuco, e com execução do CESAR, por meio de sua aceleradora CESAR.LABS. O Mind The Bizz, que no mês de setembro entra na sua quarta turma, é um Programa para novos negócios que acontece por 10 semanas com uma imersão em trabalhos práticos e conhecimentos atuais sobre empreendedorismo,

inovação e investimento. “A metodologia traz para os negócios desenvolvidos os conhecimentos em lean startup, design thinking, customer development e cenários de futuro para as equipes terem as capacidades necessárias para lançar no mercado algo novo e captar o primeiro investimento com investidores”, explica Ed Dantas, consultor de empreendedorismo do CESAR. O Programa é destinado para empreendedores e gestores de empresas que tenham um novo produto ou serviço como potencial negócio disruptivo, dentro de uma empresa já existente ou a partir de uma nova startup a ser criada. “O programa é um processo fundamental para qualquer empreendedor, seja ele iniciante ou mais experiente, que esteja querendo aperfeiçoar o seu negócio, projeto ou ideia, buscando aprender novos conceitos e abrir a mente para novas abordagens”, afirma Toni Azevedo, do BloodStream e sócio da agência Fishy, que participou da terceira turma do MTB. Segundo Breno Jaruzo, coordenador do MTB, a maioria das equipes dos empreendimentos que entram no programa são formadas por técnicos que não têm boa noção de como formatar um produto como negócio para o mercado. Um dos principais objetivos também é qualificar empresários e executivos de pequenos negócios através


Fotos Divulgação

19 Breno Jaruzo

Hugo Gomes Toni Azevedo

de ações integradas com foco na transformação de ideias em projetos estruturados. “Quando algum negócio nascente que faz parte do Mind The Bizz consegue validar o produto e vender para alguém é uma grande vitória para a gente. Também não podemos deixar de citar que empreendedores já maduros nos procuram para ajudar a formatar novos produtos”, afirma Breno. Outro ponto importante que deve ser destacado é que oito dos 37 empreendimentos que passaram pelo programa entraram em incubadoras ou aceleradoras, como é o caso da EcoLivery, que passou pelo MTB há um ano e hoje é acelerada em Minas Gerais no Programa SEED. Para Hugo Gomes, CEO da EcoLivery, foi importante participar do MTB e conseguir estruturar uma metodologia de inovação. “Nós já tínhamos clientes quando participamos do programa, mas queríamos validar nossos serviços e produtos e não sabíamos exatamente como fazer isso. Através de oficinas e consultorias, conseguimos fazer a validação e implementar a inovação de forma estruturada. Usamos a metodologia até hoje sempre que precisamos oferecer um novo serviço aos clientes”.

Ed Dantas


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CESAR.LABS estimula a criação de novos empreendimentos através do Corporate Partners Com o intuito de ampliar a aceleração de startups, e as aproximar de empresas maduras, o CESAR.LABS criou o programa CESAR.LABS Corporate Partners. Segundo Eiran Simis, gerente de empreendedorismo do CESAR, o programa tem como objetivo realizar investimentos conjuntos em startups que atendam requisitos previamente acordados entre o CESAR.LABS e uma corporação com foco em um segmento de mercado. "A execução e gestão compartilhada dos investimentos nas startups é a principal característica do programa. O CESAR.LABS e o Corporate Partners dividirão os riscos e retornos dos investimentos em proporções iguais, contribuindo com o mesmo montante de capital na iniciativa. Atualmente temos três empresas parceiras no programa, que são Neurotech, URJA Social e Procenge", afirma.

breve, estar anunciando os primeiros investimentos”, comenta. “Estamos gostando muito do programa. Embora ainda não tenhamos conseguido selecionar uma startup para acelerar, as etapas de definição da tese de investimentos e de seleção, com a nossa participação direta no processo de avaliação das candidatas indicadas pelo CESAR.LABS, com contatos e apresentações de cada negócio, já estão sendo uma experiência enriquecedora para a Procenge no âmbito de sua estratégia de inovação aberta”, afirma José Luna, diretor de produtos & inovação da Procenge. Atualmente estão sendo avaliadas mais de 200 startups que participaram da primeira chamada do Corporate Partners. A previsão é que seis empresas entrem no programa de aceleração neste segundo semestre.

Segundo Rodrigo Cunha, diretor de inovação da Neurotech, o processo de seleção de startups para investimento tem sido muito rico de aprendizado e de melhor conhecimento do mercado de startups em Fintech e AdTech. “Temos tido oportunidade de conhecer diversas empresas e empreendedores em maiores detalhes e realizar provas de conceito para atestar a sinergia prática entre as soluções da Neurotech e as soluções das startups. Esperamos, em

Fotos Divulgação

Eiran Simis,

Gerente de Empreededorismo do CESAR.

José Luna,

Diretor de Produtos & Inovação da Procenge.

Rodrigo Cunha,

Diretor de Inovação da Neurotech.


ACONTECE INDÚSTRIA

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Como o Brasil está se preparando para a Quarta Revolução Industrial? O ACONTECE Indústria, que será realizado dia 21 de setembro, em São Paulo, reúne especialistas para debater sobre o Futuro do Trabalho.

Quem nasceu no mundo analógico sempre escutou que o futuro seria das máquinas. Talvez essas mesmas pessoas não achassem que o “futuro” estaria tão presente em suas vidas. No século XX, o mundo era altamente tecnológico apenas nos livros e filmes de ficção científica. Mas a história mudou, o mundo mudou, e os avanços na tecnologia estão mexendo nas estruturas do mercado de trabalho. Mas será que o Brasil está preparado para essa Quarta Revolução Industrial? Como será o futuro do trabalho daqui para frente? É em cima dessas questões que o ACONTECE Indústria será realizado no dia 21 de setembro, na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em São Paulo. O evento, organizado pelo CESAR, trará discussões acerca das visões sobre o mercado de trabalho, a tecnologia como agente potencializador de mudança neste mercado e os impactos desse fenômeno na indústria. “Nós vamos discutir as relações de trabalho nas organizações, pois em um futuro muito próximo vamos ter no mesmo ambiente pessoas mais novas e

mais velhas, pessoas que estão ampliando as suas capacidades em função das máquinas e outras que vão ter seu trabalho radicalmente modificado por conta das máquinas. Aliado a isso, nós também vamos debater sobre políticas públicas, focando como a sociedade está se preparando para essas mudanças", comenta Eduardo Peixoto, executivo chefe de Negócios do CESAR. O ACONTECE Indústria será dividido em dois blocos. No primeiro, o debate gira em torno da questão: “Como as tecnologias irão mudar os postos de trabalho que conhecemos hoje?”. Marcos Vinicius, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços; Fábio Maia, do CESAR; e Vitor Teles, da Festo; com mediação de Manoel Fernandes, da Bites Consultoria; vão falar sobre “Quais tecnologias estão surgindo?”, “Quais postos de trabalham serão extintos?” e “Quais serão os empregos do futuro?”. Já no segundo bloco o tema será “Depois da inteligência artificial e da automação, como lidar com uma sociedade de muitos desempregados?” e terá como debatedores José Carlos Cavalcanti, Creativante; Eduardo Magrani, da

FGV; e Patricia Ellen, da McKinsey; com mediação de Adriana Salles, editora chefe da Revista HSM. Para Silvio Meira, doutor em computação pela University of Kent at Canterbury (Inglaterra), responsável pela provocação final do evento, é necessário criar condições para que os brasileiros acreditem no potencial do país, acreditem no potencial de se desenvolver e desenvolver o Brasil. “O que essas pessoas estão procurando são os trabalhos do futuro. Os trabalhos do futuro estão em genética, estão em nanotecnologia, estão em plataformas, mercados e redes, nas novas formas de articular a sociedade”, afirma. Informações e inscrições sobre o evento ACONTECE Indústria no site: https://www.cesaracontece.org/indu stria

As revoluções industriais A Quarta Revolução Industrial, também conhecida como 4.0, acontece após três processos históricos que transformaram o mundo. A primeira tem como principal característica a criação do sistema fabril mecanizado, entre os anos de 1760 e 1830. A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e permitiu a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da informação e das telecomunicações. Agora, a quarta mudança traz consigo uma tendência à automatização total das fábricas.


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INVESTI MENTOS

em startups crescem e aquecem o ecossistema No Brasil há um grande número de empreendedores que buscam recursos para alavancar suas startups. A boa notícia é que existem investidores dispostos a apostar em projetos inovadores. Uma pesquisa realizada pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos com a missão de fomento ao investimento anjo e apoio ao empreendedorismo de inovação brasileiro, revela que o investimento anjo no país cresceu 9%

em 2016. Também foi revelado que o total de investimentos no ano passado foi de R$ 851 milhões e este montante foi investido por 7.070 investidores anjo. A pesquisa aponta que cada investidor aplicou uma média de R$ 208 mil em projetos de startups inovadoras. O conteúdo completo você encontra no blog do CESAR.LABS http://bit.ly/PesquisaAnjosdoBrasil

Foto Divulgação

Maria Rita Bueno,

Diretora Executiva da Anjos do Brasil.

Segundo Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil, a perspectiva para 2017 é positiva, considerando tanto o movimento histórico, como o amadurecimento do mercado e surgimento de melhores projetos de startups. “O número de investidores anjo tem aumentado em função do amadurecimento do ecossistema e de melhores projetos à disposição para os investidores, apesar de não

haver estímulo tributário como em muitos países do mundo. O investimento anjo é um investimento produtivo, gera desenvolvimento, emprego e renda, sendo fundamental para que as startups tenham mais chances de sucesso”, afirma Maria Rita. Esse amadurecimento dos empresários também é notado por Filipe Pessoa, executivo chefe de empreendedorismo do CESAR. "A partir da nossa experiência e resultados alcançados nos últimos três anos, temos recebido a aproximação de investidores anjo que buscam metodologias consolidadas de investimento em startups. Outra tendência interessante é que, além de pessoasfísicas, este movimento está se espalhando para empresas locais de maior porte, que desejam investir em startups como forma de complementar suas ofertas e explorar a base de clientes que já possuem. Acredito que nosso próximo desafio, em conjunto com estes investidores, irá além de


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identificar e investir em novas startups. Devemos desenvolver mecanismos de criação de startups concentradas em oportunidades de inovação relevantes para economia local que tenham, também, potencial de atender o mercado nacional”. A neuroUP, startup que faz parte do portfólio do CESAR.LABS, é um exemplo de empreendimento que recebeu investimentos, tanto da área de fomento: Start-UP Brasil/ MCTICNPq e FACEPE; como capital semente do CESAR em parceria com investidores anjos e uma rodada seguinte com os mesmos investidores. “Os investimentos são importantes para acelerar e viabilizar ciclos de validação do negócio. A relação com os investidores tem sido de muito aprendizado, já que eles passaram por diversos problemas que temos atualmente. Além disso, também nos ajudam a direcionar os esforços em caminhos mais viáveis no longo prazo. Portanto, além do aporte financeiro, os investidores nos trazem experiência e mentorias que são muito valiosas neste processo”,

conta Ubirakitan Maciel, diretor executivo da neuroUP. Foto Divulgação

Para entender melhor como está o ecossistema de investidores aqui no Recife, conversamos com Yves Nogueira, empresário e investidor com 23 anos de experiência em mercados diversos. Yves é aquele tipo de pessoa que podemos afirmar que tem o empreendedorismo na veia. A primeira empresa que ele e o irmão, Ítalo Nogueira, fundaram foi em 1994, a Capital Login.

Na sequência criaram a Kurier. Ambas funcionam até hoje. Entre os anos de 2008 e 2009, o empresário saiu da operação das empresas, mas manteve a sua participação acionária, que é de 32%. “Um dos motivos da saída foi justamente para preparar para novas iniciativas voltadas para empreendedorismo e inovação”, diz Yves. Em 2013 abriu a Tynno Negócios e Participações e o olhar para esse mercado de investimento começou a ganhar um formato mais profissional. “Visitamos algumas aceleradoras, a exemplo da ACE, em São Paulo, a Start You Up, 21212, e em 2014, quando estávamos conversando com o pessoal do CESAR, ficamos sabendo do CESAR.LABS e tomamos a iniciativa de ser co-investidor, como investidor anjo. Fizemos oito investimentos nas startups do CESAR”, afirma Yves. A seguir você confere o nosso batepapo.


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um bate-papo COM YVES NOGUEIRA

Foto Divulgação

Yves Nogueira,

Empreendedor e Investidor Anjo. Revista CESAR - Como você avalia essa parceria com o CESAR.LABS? Yves Nogueira - Avaliamos de forma muito positiva. Entendemos, inclusive em conjunto com os gestores da aceleradora, que a mesma também é uma "Startup", pois passa por uma fase inicial de muito aprendizado mútuo entre os atores: Empreendedores / Aceleradora / Investidores. Mas acredito que estamos no caminho certo, os primeiros passos já foram consolidados, haja vista que outros investidores anjo já se dispuseram a aportar seus recursos. Revista CESAR - O que o deixa seguro a ponto de investir? Yves Nogueira - Uma das coisas que a gente olha com muita atenção é o time, são os empreendedores. A gente tem percebido ao longo dos últimos três anos que a solução tecnológica é importante, a rede de relacionamento dos investidores anjo da aceleradora também é um fator muito importante, mas o que faz realmente a diferença é o time dos empreendedores. Ter uma equipe multidisciplinar e, principalmente, o

empreendedor ter uma visão não só da solução que está desenvolvendo, mas ter uma visão de mercado, uma pegada mais comercial, que vai conseguir colocar o produto ou solução que está propondo no mercado para começar a faturar e a vender. Revista CESAR - O que você avalia em um empreendedor na hora de investir? Yves Nogueira - Uma das coisas mais importantes, que é crucial mesmo, é se ele vai ter foco na startup que está nos propondo investimento. A gente tem percebido também que uma das coisas que desvirtua muito o sucesso do empreendimento é o fato do empreendedor muitas vezes ter que gerar receita a curto prazo, ter que se dividir entre duas ou três atividades, muitas vezes uma atividade remunerada com salário fixo. Com isso, ele acaba não tendo foco no negócio e isso vai retardar de uma forma bem substancial na alavancagem da startup e os resultados para que se atinja o seu ponto de equilíbrio e a gente consiga

atrair os interesses de outros investidores. O conhecimento tecnológico é importante, mas a questão do foco é uma das coisas que a gente olha com muito carinho. E também o conhecimento que ele tem do mercado. Se ele já teve experiências anteriores, tanto como negócio próprio ou como executivo de uma alguma empresa. A gente também enxerga isso de uma forma muito positiva. Revista CESAR - Como incentivar mais investidores? Yves Nogueira - Isso é um trabalho que a gente vem fazendo nos últimos meses de maneira muito forte, seja no próprio Porto Digital, onde sou membro do Conselho do Núcleo de Gestão e ocupo uma cadeira de investidor anjo, seja na Amcham (Câmara Americana de Comércio), onde presido o Comitê Estratégico de TI da Amcham Recife. Para você ter uma ideia, um dos pilares de atuação desse comitê é fortalecer e atrair capital empreendedor. A gente está falando de investimento anjo, seed money e venture capital e estamos estimulando outros investidores anjo locais. Percebemos que esse estímulo já está começando a acontecer e não tenho nenhuma dúvida de que a gente vai atrair muito mais investidores. Outro segmento que a gente está fazendo um trabalho de aproximação muito grande é o “Family Oce”. A gente tem aqui em Pernambuco muitas famílias que atuam nos setores tradicionais da economia, no setor de vidro, cimento, bateria, açúcar e álcool, entre outros. A segunda, terceira e quarta gerações dessas famílias estão muito interessadas em fazer investimento em startups. Isso é um trabalho de médio prazo, a gente sabe que tem uma etapa inicial de aculturamento, de troca de informação, de criação de confiança, para que a gente se aproxime e tenha também esse tipo de investidor participando em investimentos nas startups.


quatro modalidades

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de investimento em startups

A legislação brasileira permite que investimentos em startups ocorram de várias formas, que precisam ser escolhidas de forma consciente de acordo com suas características. As mais comuns entre as startups são aporte em integralização ao capital, conhecida como "equity", empréstimo ou um misto dessas duas anteriores, conhecida como "empréstimo conversível em participação social", utilizada por mais de 90% das aceleradoras, incubadoras e investidores anjo, apesar de suas idiossincrasias. Segundo Rodrigo Colares, especialista em Direito de Propriedade Intelectual e Novas Tecnologias do escritório Da Fonte, Advogados, em 2016 foi criada ainda uma nova forma de investimento, pelo "contrato de participação", em que, entre outras características, o investidor anjo pode participar dos resultados da startup sem ser seu sócio, similar ao que ocorre em estruturas, mas não pode ter qualquer ingerência sobre sua administração ou deliberações dos sócios. Foto Divulgação

“Os investidores estão se acostumando agora a essa figura e apenas nos últimos dois meses vimos crescer uma grande demanda por esse tipo de estrutura”, afirma Colares. Confira as principais modalidades de investimentos para startups: Investidor anjo: Os investidores anjo são empresários que entendem as tendências do mercado. Eles acreditam nos projetos em que investem e estão dispostos não apenas a colocar dinheiro, mas também a contribuir nos âmbitos técnico e conceitual. O investidor se torna sócio da startup.

Capital Semente (Seed): O capital semente é aquele que viabiliza o desenvolvimento de startups em fases iniciais, mas que já têm produtos ou serviços lançados no mercado e algum faturamento. O capital semente apoia startups em fase de implementação e organização de operações, muitas delas concebidas no seio das incubadoras e aceleradoras de empresas. Neste estágio inicial, os aportes financeiros ajudam, entre outras funções, na capacitação gerencial e financeira do negócio. Venture Capital: é uma modalidade de investimento mais robusta, que pode chegar a cifras bastante altas. Para conseguir esse tipo de financiamento, uma startup já terá de ter passado pelas fases de teste e precisará comprovar que é financeiramente viável e escalável. Os investidores adquirem participação acionária acreditando no potencial de crescimento da empresa e miram nos lucros futuros, advindos de possíveis operações de venda, fusão ou abertura de capital. Private equity: é um tipo de investimento destinado a empresas consolidadas. Para consegui-lo, uma startup precisa ter passado pelas fases de implantação do projeto e efetivamente ter conquistado o mercado. Geralmente, quando recebe um recurso de private equity, o projeto já chegou a receber outros investimentos antes.


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IMPORTÂNCIA DO DESIGN PARA COMPETITIVIDADE CRIAR UM DIFERENCIAL COMPETITIVO, PRINCIPALMENTE NO MUNDO GLOBALIZADO, REQUER DO EMPREENDEDOR UMA NOVA VISÃO NA GESTÃO DE NEGÓCIOS.

O design tem a tarefa de lançar olhares atentos para o futuro, mapear tendências, propor o melhor aproveitamento de insumos, melhorias nos processos de planejamento e produção. O entendimento do método científico como caminho "correto" para solução de problemas faz parte de um discurso na gestão, pelo menos, desde o início do século passado. “A partir dos anos 1970, com livros como Design for the Real World, de Viktor Papanek (1971) e em especial com o artigo de 1973 "Dilemmas in a general theory of planning", onde Rittel e Webber cunham o termo "Wicked Problems", fica claro que os problemas estão cada vez mais cabeludos, e uma confiança absoluta no método científico - em especial nas características reducionistas da ciência - mostram-se problemáticas. ‘’Esse foi o momento quando o método no design apareceu como uma opção que aponta para o papel do designer como integrador de equipes multidisciplinares e atividades distribuídas no tempo”, afirma H.d.Mabuse, consultor do CESAR. Segundo Clarissa Soter, professora do Mestrado

Profissional em Design do CESAR, através do design é possível olhar o empreendimento como um todo. “Ao trabalhar com o design você amplia e planeja os processos. Tudo começa a ser feito de forma sistematizada. É algo já muito usado no Design Thinking, que é o conjunto de métodos e processos para abordar problemas, fazer a análise e propor soluções”, afirma. A percepção da atividade de design na prática empresarial começa a ganhar força uma vez que a inovação vira peça fundamental para sobrevivência no mercado. “O design deixa de ter apenas uma função operacional e atua também como diferencial competitivo e estratégico capaz de fomentar a inovação”, afirma Lucas Mendes, Diretor de Produto da IMPLY. Segundo Mabuse, o design pode atuar como um integrador de vários saberes que serão utilizados como ferramentas dependendo de contexto e problemas a serem tratados. “Estamos falando da facilidade de transposição de conhecimentos das ciências humanas fortemente psicologia, antropologia e sociologia - até práticas nascidas no dia a dia das comunidades com as quais o projeto se desenvolve”.


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Lucas Mendes

A gestão do design relaciona-se diretamente ao processo de mudança do modelo gerencial convencional e hierárquico, para um modelo organizacional plano e flexível, mais informal, que encoraja a iniciativa individual, a independência e a tomada de riscos. É o modelo de pensamento orientado pelo design, com o qual são abordados os problemas e conduzidos os projetos, que propõe soluções de forma iterativa (processos contínuos), estimula a criatividade e a inovação. “A gestão por meio dos princípios do design possibilita aos profissionais a oportunidade de participar, cocriar e explorar novas possibilidades”, finaliza Clarissa.

H.d. Mabuse

Clarissa Soter


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PROGRAMA SUMMER JOB Fotos Divulgação

O CESAR Summer Job teve sua primeira edição internacional, com a participação de estudantes dos países Canadá, Estados Unidos, China, Vietnã e Omã. O programa tem o objetivo de estimular o intercâmbio de conhecimento entre o instituto de inovação e instituições de ensino, oferecer experiência prática aos estudantes, identificar talentos e promover a interação entre alunos e empresas na busca por soluções para problemas reais de mercado. Foram no total 32 estudantes. Além dos estrangeiros, alunos das principais universidades dos estados de Pernambuco, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal e São Paulo, participaram da edição 2017.2. Participaram do programa as empresas Dotz, Genomika, Liberty Seguros, Oi Futuro, Sonae, Unilever e Visa. Os estudantes, orientados por mentores de Tecnologia, Design e Negócios do CESAR, elaboraram projetos inovadores para essas organizações.


CESAR oferece cursos de graduação A seleção para estudar nos cursos de Ciência da Computação e Design acontece ainda este ano.

Agora é oficial. Quem quiser estudar Ciência da Computação e Design pode contar com a expertise do CESAR. É que ainda este semestre o instituto de inovação fará a primeira seleção para os cursos de graduação. Com isso, o braço educacional do CESAR amplia a sua atuação, que hoje já conta com mestrados profissionais, especializações, cursos de extensão e online. Os cursos de graduação vão seguir a metodologia PBL - Ensino Baseado em Problemas, além de oferecer um novo conceito de ensino superior, com proposta educacional empreendedora e inovadora. “Na primeira semana de aula os alunos não ficarão em sala. Vamos levá-los para conhecer os problemas reais da sociedade. Faremos visitas aos hospitais, estações de metrô e de ônibus, caminharemos pelas ruas e veremos as necessidades da população. Os estudos serão em cima dessas vivências”, afirma Sergio Cavalcante, superintendente do CESAR. O objetivo com os cursos de graduação é formar profissionais inovadores, indivíduos protagonistas que tenham uma visão empreendedora de negócios digitais e capazes de fomentar e executar projetos que tragam mudanças relevantes para a sociedade.

Segundo Sergio, para se propiciar uma formação profissional com o perfil que o mercado busca nos dias de hoje é preciso ambiente (interno e externo), projeto pedagógico e infraestruturas específicas. “Nossos alunos terão uma formação focada nos interesses das empresas, atuais e futuras, tanto do ponto de vista técnico quanto das habilidades intra e inter-pessoais, como protagonismo, liderança, teamwork e auto-empreendedorismo”. A área de educação do CESAR ainda conta com um diferencial com relação a outras instituições de ensino, pois faz parte do Porto Digital - um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação do Brasil composto por mais de 250 empresas. Nesse contexto, o CESAR está conectado com centenas de outras empresas, nacionais e internacionais, o que possibilita aproximar tanto as demandas reais quanto as necessidades de desenvolvimento de competências e habilidades exigidas pelo mercado. “Também contamos com 21 anos de experiência em trabalhar com inovação, empreendedorismo e startups, tendo criado dezenas de empresas e executado milhares de projetos de concepção e desenvolvimento”, finaliza Sergio.

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Sua

pós-graduação

em um dos maiores

centros de inovação

do Brasil

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