João Batista Araujo e Oliveira Clifton Chadwick
Aprender e Ensinar
9ª EDIÇÃO
BELO HORIZONTE 2008
Instituto Alfa e Beto Aprender a ler. Ler para aprender.
ÍNDICE
SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................ 13
PARTE I – APRENDER CAPÍTULO 1 – O SUJEITO Conceitos fundamentais ............................................................................................................................................ 21 O fenômeno da aprendizagem ..................................................................................................................... 21 Níveis de desenvolvimento mental ............................................................................................................. 21 Desenvolvimento social ................................................................................................................................ 23 Inteligência: uma ou múltiplas? ............................................................................................................................... 25 Inteligência e aprendizagem ........................................................................................................................ 26 Um conceito controvertido de inteligência: o fator “g” ou Q.I. ............................................................... 27 Inteligências múltiplas? ................................................................................................................................ 30 Aprendemos todos do mesmo modo? ........................................................................................................................ 32 Estilos e preferências de aprendizagem ....................................................................................................... 32 Ritmo de aprendizagem ................................................................................................................................ 33 Estratégias de processamento da informação .............................................................................................. 35 Metacognição ................................................................................................................................................ 37 Especialistas e aprendizes: modos diferentes de aprender ...................................................................................... 39 Como os especialistas lidam com a informação .......................................................................................... 40 Como os especialistas organizam seus conhecimentos ............................................................................... 41 Contexto e acesso ao conhecimento ........................................................................................................... 41 Esforço moderado para recuperar informação ............................................................................................. 41 Especialização e flexibilidade ....................................................................................................................... 42 Transformando aprendizes em especialistas: o papel do conhecimento anterior ..................................... 43 Falta de base: conhecimentos gerais e específicos ..................................................................................... 44 Falta de conhecimentos gerais ....................................................................................................... 44 Falta de conhecimentos específicos ............................................................................................... 45 Conhecimentos frágeis ................................................................................................................................. 46 Conhecimentos ingênuos ................................................................................................................ 46 Conhecimentos rituais .................................................................................................................... 47 Pensamentos pobres ......................................................................................................................... 48 Falta de pré-requisitos .................................................................................................................................. 49 Variáveis afetivas: motivação e emoções ................................................................................................................. 52 Interesses ....................................................................................................................................................... 52 Auto-imagem ................................................................................................................................................ 53 Atribuição de controle ................................................................................................................................. 55 Lugar de controle: controle interno e controle externo ............................................................................ 55 Estabilidade das causas ................................................................................................................................ 56 Graus de controle ......................................................................................................................................... 56 Efeitos das expectativas do professor ........................................................................................................... 59 Ansiedade ..................................................................................................................................................... 59 Consciência afetiva ...................................................................................................................................... 60 Motivação ...................................................................................................................................................... 62 Motivação interna e motivação externa ..................................................................................................... 62 A motivação extrínseca ................................................................................................................................ 65 Limites da motivação extrínseca ................................................................................................................. 67 Da motivação extrínseca à motivação intrínseca ....................................................................................... 67 A motivação intrínseca ................................................................................................................................ 68 Motivação intrínseca e atribuição de controle ........................................................................................... 69 Variáveis socioeconômicas ........................................................................................................................................ 70
CAPÍTULO 2 – O PROCESSO O conceito de aprendizagem .................................................................................................................................... 75 Precondições para a aprendizagem .............................................................................................................. 77 O equipamento físico e sensorial ................................................................................................................. 77 Capacidade de aprender: processos, capacidades e estruturas ................................................................. 79 O processo de aprendizagem .................................................................................................................................... 81 Armazenamento ............................................................................................................................................ 81 Percepção ....................................................................................................................................................... 83 O papel da memória na percepção e no armazenamento .......................................................................... 83 Processamento ............................................................................................................................................... 85 Fatores que influenciam o sucesso da aprendizagem ................................................................................. 85 Fator 1: conhecimento prévio ......................................................................................................... 85 Fator 2: motivação ........................................................................................................................... 86 Fator 3: estratégias e hábitos .......................................................................................................... 87 Arquivamento ............................................................................................................................................... 87 Recuperação da informação ......................................................................................................................... 88 Busca e ativação da memória ...................................................................................................................... 88 Uso do conhecimento armazenado .............................................................................................................. 89 Estruturas e processos de aprendizagem ...................................................................................................... 90 Estrutura cognitiva interna ....................................................................................................................................... 92 A natureza do que é armazenado: congruência, idiossincrasia e a proposta construtivista ................... 93 Fechando o círculo ....................................................................................................................................... 95
CAPÍTULO 3 – O PRODUTO Os quatro domínios da aprendizagem ...................................................................................................................... 99 Informação verbal .................................................................................................................................................... 102 O ensino dos vários tipos de informação ................................................................................................... 103 Focalizar a atenção ..................................................................................................................................... 103 Repetição (memorizar e decorar) .............................................................................................................. 105 Paráfrase (“diga com suas palavras...”) ...................................................................................................... 106 Conceitos concretos: um tipo especial de informação verbal .................................................................. 107 O ensino dos conceitos concretos ............................................................................................................. 108 O ensino de informação verbal e conceitos por meio de perguntas ........................................................ 108 Estruturando e relacionando informações e conceitos: agrupamentos, redes e mapas conceituais ..... 109 Habilidades intelectuais ......................................................................................................................................... 113 Conceitos definidos .................................................................................................................................... 113 O ensino de conceitos definidos ................................................................................................................ 114 Como identificar relações: analogias e metáforas ....................................................................... 115 Regras .......................................................................................................................................................... 117 Tipos especiais de regras: princípios e algoritmos ..................................................................................... 117 Princípios ..................................................................................................................................................... 117 Algoritmos ................................................................................................................................................... 117 O ensino de regras, princípios e algoritmos .............................................................................................. 118 Inferência .................................................................................................................................................... 119 Inferência e contextualização .................................................................................................................... 122 Generalização .............................................................................................................................................. 123 Generalização e metacognição .................................................................................................................. 124 Solução de problemas ................................................................................................................................. 125 Processos cognitivos na solução de problemas .......................................................................................... 126 Modelo analítico de solução de problemas ............................................................................................... 126 Ensinar conteúdos ou habilidades? ............................................................................................................ 128 Ensinar disciplinas ou adotar o enfoque multidisciplinar? ....................................................................... 129 Estratégias cognitivas .............................................................................................................................................. 132 Metacognição .............................................................................................................................................. 132 Processos da metacognição ........................................................................................................................ 133 Metacognição como instrumento de planejamento e regulação da aprendizagem ............................... 135 Metacognição na generalização e na solução de problemas ................................................................... 137
“Aprendizagem consciente” como uma estratégia de metacognição ...................................................... 140 Características da aprendizagem consciente ............................................................................................ 141 Aprendizagem consciente e controle do contexto de aprendizagem ...................................................... 142 Ênfase no processo versus produto da aprendizagem ................................................................................ 142 Ênfase no contexto ...................................................................................................................................... 143 Criatividade ................................................................................................................................................ 143 Atitudes e Valores ................................................................................................................................................... 145 Comportamentos, hábitos, atitudes e valores ........................................................................................... 145 Comportamentos visíveis ............................................................................................................................ 147 Hábitos ........................................................................................................................................................ 147 Atitudes ....................................................................................................................................................... 147 Valores e crenças ........................................................................................................................................ 147 Conceitos que ajudam a compreender e lidar com essas variáveis ......................................................... 148 Modelagem .................................................................................................................................................. 148 Aprendizagem social ................................................................................................................................... 150 Pressão de grupo ......................................................................................................................................... 150 Dissonância cognitiva ................................................................................................................................. 151 Processos interpessoais ................................................................................................................................ 152 Preconceito e tolerância ............................................................................................................................ 152 Resiliência e fatores de risco ..................................................................................................................... 153 Auto-eficácia, competência e autodeterminação .................................................................................... 154
CAPÍTULO 4 – O CONTEÚDO Estrutura das disciplinas ......................................................................................................................................... 157 Estrutura das disciplinas, estrutura do conhecimento e estrutura da aprendizagem ............................ 159 As disciplinas: o que é importante ensinar? .......................................................................................................... 161 O ensino da língua materna ...................................................................................................................... 161 Aprendendo o bê-a-bá: os primeiros passos ................................................................................. 162 Promovendo a decodificação automática .................................................................................... 163 Vocabulário e compreensão da leitura ......................................................................................... 164 As habilidades intelectuais envolvidas no desenvolvimento da compreensão da leitura ....... 164 O domínio da língua materna ...................................................................................................... 166 Como ensinar a língua materna com eficácia ............................................................................. 167 Ler .................................................................................................................................................. 167 Leitura, conteúdo e valores ................................................................................................. 168 O que todos os professores podem fazer .............................................................................. 169 Escrever .......................................................................................................................................... 170 Ensinar gramática? ................................................................................................................ 170 Como todos os professores podem contribuir para a melhoria da qualidade do que os alunos escrevem ........................................................................... 171 Ouvir .............................................................................................................................................. 171 O que todo professor pode fazer para ajudar os alunos a se tornarem bons ouvintes ...... 171 Falar ................................................................................................................................................ 172 O que os professores podem fazer para ajudar seus alunos a se expressarem com clareza ...................................................................................................... 172 Matemática ................................................................................................................................................. 173 O que significa saber Matemática ............................................................................................... 174 O que não evidencia que o aluno sabe Matemática ................................................................. 175 O que ensinar ................................................................................................................................ 175 Questões e sugestões práticas sobre o ensino da Matemática ................................................................. 175 Memorização e “decoreba” ........................................................................................................... 175 Algoritmos e solução de problemas .............................................................................................. 176 Problemas verbais .......................................................................................................................... 176 Método dedutivo ........................................................................................................................... 176 História e Geografia ................................................................................................................................... 177 Geografia ....................................................................................................................................... 177 História .......................................................................................................................................... 179 Ciências Naturais ........................................................................................................................................ 181
Estruturando o ensino das ciências .............................................................................................. 183 O que não é ensinar as diversas ciências ........................................................................... 184 Conteúdos e habilidades das diferentes “ciências” ............................................................ 184 Biologia e Ciências da Vida ....................................................................................................................... 184 Física .............................................................................................................................................. 184 Química ......................................................................................................................................... 185 Como selecionar conteúdos? ................................................................................................................................... 187 Conteúdos, tópicos, habilidades ou problemas ......................................................................................... 187 Temas férteis ................................................................................................................................................ 188 Representações poderosas .......................................................................................................................... 190
PARTE II – ENSINAR CAPÍTULO 5 – O PLANO DE CURSO Currículo .................................................................................................................................................................. 197 O que é “currículo”?................................................................................................................................... 197 Constantes no currículo ............................................................................................................................. 198 A escola e os valores ................................................................................................................................... 201 O que a escola pode fazer: colocando os conceitos e instrumentos na prática ..................................... 203 Instrumentos e oportunidades para definir, ensinar e promover comportamentos, hábitos, valores e atitudes ..................................................................................................................................................... 203 Currículo e métodos ................................................................................................................................... 205 Os objetivos de ensino ............................................................................................................................................ 208 Os objetivos e o processo de ensino/aprendizagem .................................................................................. 208 Alcance dos objetivos ................................................................................................................................. 209 Metas: os objetivos de longo prazo ............................................................................................................. 210 Objetivos de médio prazo: resultados mensuráveis .................................................................................. 211 Objetivos de curto prazo: objetivos específicos ......................................................................................... 212 Objetivos, processos e resultados da aprendizagem ................................................................................. 213 Informação verbal ....................................................................................................................................... 213 Habilidades intelectuais ............................................................................................................................ 213 Os quatro componentes dos objetivos ....................................................................................................... 214 Primeiro componente: o desempenho esperado .......................................................................... 214 Segundo componente: condição para demonstrar o desempenho ............................................. 217 Terceiro componente: o nível de rendimento esperado ............................................................. 218 Quarto componente: a estrutura subjacente .............................................................................. 219 Ensinando simultaneamente domínios diferentes .................................................................................... 220 Os meios de ensino .................................................................................................................................................. 223 O livro didático ........................................................................................................................................... 224 Critérios para a escolha do livro didático .................................................................................... 225 Livros e materiais estruturados/sistemas de ensino ..................................................................... 226 A televisão e os vídeos ............................................................................................................................... 227 Os computadores como meios de ensino ................................................................................................... 228 Os principais problemas ................................................................................................................ 231 Interatividade ....................................................................................................................... 231 Superficialidade .................................................................................................................... 232 Estrutura ................................................................................................................................ 232 Estratégias cognitivas e afetivas de aprendizagem ..................................................................... 233 Retroalimentação .......................................................................................................................... 233 Outros meios de ensino .............................................................................................................................. 234 Pessoas como recursos ou meios de ensino .................................................................................. 236 Projetos ........................................................................................................................................... 236 Elaborando um plano de curso ............................................................................................................................... 238 Detalhando um plano de curso .................................................................................................................. 238 Primeira etapa: coleta de informações e tomada de decisões .................................................... 239 Segunda etapa: registro do plano ................................................................................................. 240
CAPÍTULO 6 – O PLANO DE AULA Como elaborar um plano de aula ........................................................................................................................... 245 A aula, a sala de aula e o plano de aula ................................................................................................... 245 Elementos pedagógicos do plano de aula .................................................................................................. 246 Objetivos e conteúdos .................................................................................................................. 248 O que os alunos já sabem ou devem saber (pré-requisitos) ....................................................... 249 O que o professor irá rever na aula .............................................................................................. 251 Considerações sobre motivação, representações poderosas e aplicações práticas .................... 252 Atividades a serem desenvolvidas ............................................................................................... 255 Materiais necessários .................................................................................................................... 257 Como avaliar .................................................................................................................................. 259 Planejando aulas de revisão, avaliação e recuperação ......................................................................................... 261 Aulas de revisão ............................................................................................................................ 261 Aulas de recuperação ................................................................................................................... 262
CAPÍTULO 7 – A AULA Introdução................................................................................................................................................................ 265 Condições necessárias e suficientes para dar uma boa aula .................................................................... 266 Estrutura da aula: eventos de ensino que promovem a aprendizagem ................................................................ 268 Transformando aulas expositivas em situações de aprendizagem ............................................................ 268 Papéis do professor numa aula expositiva .................................................................................................. 269 Formas de exposição: técnicas de oratória ................................................................................................ 270 Combinando princípios da instrução e técnicas de oratória ................................................................... 271 Interações críticas com os alunos ........................................................................................................................... 275 Motivação .................................................................................................................................................... 276 Perguntas e respostas .................................................................................................................................. 278 Como usar perguntas ..................................................................................................................... 279 Como ensinar os alunos a fazer perguntas ................................................................................... 282 Como ensinar os alunos a ouvir .................................................................................................... 283 Como dar feedback ........................................................................................................................ 284 Erros e feedback: como identificá-los, como corrigi-los .............................................................. 284 Tipos de erro e domínios de aprendizagem ................................................................................. 285 Uso do tempo na sala de aula: o conceito de “tempo na tarefa”............................................................. 287 Dever de casa .............................................................................................................................................. 290 Ladrões do tempo da aprendizagem: problemas de disciplina ................................................................. 291 Problemas disciplinares mais freqüentes ..................................................................................... 291 Os valores no dia-a-dia ................................................................................................................ 292 Problemas disciplinares mais graves ............................................................................................. 293 Como criar um clima eficaz na sala de aula ............................................................................................. 294 Estratégias gerais ........................................................................................................................... 295 Estratégias específicas para problemas específicos ...................................................................... 295 Além da sala de aula: o clima da escola ................................................................................................... 298 A dinâmica dos indivíduos e dos grupos ............................................................................................................... 299 Introdução ................................................................................................................................................... 299 Turmas: homogeneidade e heterogeneidade ........................................................................................... 299 Lidando com a classe inteira ..................................................................................................................... 300 Lidando com grupos .................................................................................................................................... 301 Por que usar grupos na sala de aula ............................................................................................. 301 Estilos de liderança do professor e a dinâmica dos grupos ......................................................... 302 Papéis dos alunos em grupos de estudos ...................................................................................... 303 Como usar grupos ........................................................................................................................................ 304 Técnicas de grupo para desenvolver competências ................................................................... 304 Tempestade cerebral ............................................................................................................. 304 Phillips 6/6 ............................................................................................................................. 306 Técnicas de grupo para desenvolver conhecimentos ................................................................. 306 Tutoria ................................................................................................................................... 306 Grupo-tarefa .......................................................................................................................... 307 Role-playing ............................................................................................................................ 307
Painel de debates .................................................................................................................. 308 Grupos de pesquisa ............................................................................................................... 309 Técnicas de grupo para desenvolver competição e colaboração ............................................... 310 Aprendizagem cooperativa ................................................................................................... 311 Quando não usar grupos ............................................................................................................... 312 Sugestões práticas para trabalhos de grupo ................................................................................. 312 Duplas .......................................................................................................................................................... 315 Lidando com cada aluno: estratégias e técnicas para individualizar o ensino na sala de aula ............ 317 Individualizar os objetivos ............................................................................................................ 318 Individualizar o ritmo de aprendizagem ...................................................................................... 319 Individualizar a atenção: freqüência e natureza do feedback .................................................... 320 Individualizar a motivação ........................................................................................................... 320 Individualizar diferenciando os papéis dos alunos ...................................................................... 321 Individualizar variando métodos .................................................................................................. 321 Criando hábitos de estudo: aprendendo a aprender ............................................................................................. 323 O papel do professor ................................................................................................................................... 323 Os seis grupos de hábitos de estudo mais importantes ............................................................................. 325
CAPÍTULO 8 – A AVALIAÇÃO Introdução................................................................................................................................................................ 329 Avaliação e teste: qual a diferença?.......................................................................................................... 331 O que avaliar? ............................................................................................................................................. 332 As três avaliações: diagnóstica, formativa e somativa .......................................................................................... 333 Avaliação formativa: corrigir rumos .......................................................................................................... 336 Avaliação diagnóstica: conhecer o aluno ................................................................................................. 333 Avaliação formativa e recuperação ........................................................................................................... 338 Avaliação somativa: selecionar, reter, promover, reenturmar .................................................................. 340 Avaliação somativa e notas ........................................................................................................................ 342 Promoção automática: argumentos e contra-argumentos ........................................................................ 343 Instrumentos de avaliação informal ....................................................................................................................... 347 Avaliação formativa e feedback: o que e como falar com o aluno ........................................................... 351 Avaliação formal: principais regras para elaborar testes e provas ........................................................................ 353 Como ajudar os alunos a se prepararem para testes e provas .................................................................. 354 Como usar resultados de provas para ensinar e recuperar alunos ........................................................... 356 Outros tipos de evidência de desempenho ............................................................................................... 357 A comunicação com os pais e responsáveis .............................................................................................. 358 Como elaborar itens de prova .................................................................................................................... 359 Como ler e interpretar os resultados do SAEB ...................................................................................................... 366 O que indicam os resultados do SAEB ..................................................................................................... 366 Como são definidos os conteúdos das provas do SAEB ............................................................................ 366 O termômetro: como são definidas as “notas” .......................................................................................... 367 O termômetro e o paciente: a quantas anda a qualidade da educação? ............................................... 368 Como analisar os dados .............................................................................................................................. 369 Como usar os resultados ............................................................................................................................. 370 A importância de testes calibrados ........................................................................................................... 370 Aprofundando o entendimento: o que as médias dizem e o que escondem .......................................... 370 ANEXO: Proposta pedagógica ................................................................................................................................ 373 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................... 383 ÍNDICE REMISSIVO ............................................................................................................................................. 391
PAR TE ARTE
I
Aprender Na primeira parte deste livro são apresentados conceitos, princípios e instrumentos básicos cujo entendimento todo professor precisa ter sobre a aprendizagem. Os assuntos são expostos em quatro capítulos, com foco no aluno, no processo, no produto e nos conteúdos da aprendizagem. Embora o objetivo dessa primeira parte seja examinar princípios e conceitos, os capítulos são apresentados de forma prática, com exemplos de aplicações para a sala de aula. No primeiro capítulo, o livro aborda a inteligência e a maneira como os alunos aprendem. Nesse aspecto, analisa como os especialistas aprendem e recomenda aos professores que desenvolvam a competência de operar como especialistas. São apresentadas sugestões para os professores usarem na sala de aula com o objetivo de tornar seus alunos especialistas nas habilidades de aprender a aprender. O segundo capítulo do livro apresenta o processo de aprendizagem, desde a percepção até o armazenamento e a recuperação da informação, e discorre sobre a estrutura cognitiva interna. O terceiro trata da classificação do conhecimento e dos domínios de aprendizagem. O quarto capítulo, que fecha o ciclo da aprendizagem, examina a estrutura das disciplinas, mostra o que é importante ensinar e como selecionar conteúdos.
APRENDER: O SUJEITO
1
CAPÍTULO
Este capítulo contém informações, idéias, conceitos, exemplos e sugestões a respeito de como um professor pode conhecer melhor os seus alunos. O capítulo está organizado em torno de temas como o fenômeno da aprendizagem, a inteligência, os estilos, as preferências e os ritmos na aprendizagem, bem como estratégias para processar informações. Mostra de que maneira professores e alunos podem beneficiar-se do modo como os especialistas aprendem. São abordadas, ainda, duas variáveis importantes na aprendizagem: a afetiva e a socioeconômica.
Parte I – APRENDER
CONCEITOS FUNDAMENTAIS O fenômeno da aprendizagem Níveis de desenvolvimento mental Desenvolvimento social
O fenômeno da aprendizagem As pesquisas sobre Psicologia e Educação realizadas nas últimas décadas fornecem idéias interessantes que nos ajudam a entender melhor como os alunos aprendem. Entre elas, destacamos: 1. As crianças são naturalmente dispostas a aprender desde muito cedo. Elas apresentam tendências ou inclinação positiva para obter e usar muitos tipos de informação. São particularmente interessadas em conceitos fisiológicos, biológicos, conceitos de causalidade, de números e de linguagem. 2. As crianças despendem uma enorme quantidade de vontade, iniciativa e esforço para ampliar sua aprendizagem. Desde cedo aprendem a utilizar estratégias de aprendizagem e de metacognição (como aprender a aprender). 3. As crianças descobrem suas próprias teorias sobre o que significa aprender e como fazê-lo, decidem o que podem e o que não conseguem aprender e possuem idéias semiconscientes a respeito de sua inteligência e do funcionamento de sua mente. 4. Muito da aprendizagem das crianças é automotivada. Mas outras pessoas desempenham papéis significativos no desenvolvimento da aprendizagem das crianças. O ser humano convive e depende de outras pessoas. A família, os professores, os colegas, todos ajudam a guiar a aprendizagem, estimular diferentes tipos de interesse, fomentar gostos, etc. Além disso, a televisão, os filmes, os jogos eletrônicos e até mesmo os jornais constituem importantes elementos que influem na aprendizagem das crianças. 5. As pessoas são únicas no que se refere a seus estados emocionais, seus ritmos de aprendizagem, suas etapas de desenvolvimento, suas capacidades e talentos, seus sentimentos sobre sua própria eficácia e suas necessidades. O professor precisa levar em consideração essas diferenças ao organizar as situações de ensino/ aprendizagem e ao ministrar suas aulas. 6. O aprender é um processo natural que surge da curiosidade das pessoas. Favorecida por um ambiente positivo, a aprendizagem desenvolve-se quando o que se está aprendendo adquire significado, relevância e boa estrutura. A função principal da escola e do professor é criar esse ambiente adequado e propício para que o aluno possa aprender.
Níveis de desenvolvimento mental A mente desenvolve-se biologicamente de forma progressiva desde o útero materno e atinge seu desenvolvimento pleno por volta dos 16 anos. Com ligeiras variações, entre os sete e os 11 anos, as crianças passam por uma etapa de desenvolvimento mental denominado período de pensamento das operações concretas. Por volta dos 11 anos, começam a pensar de forma mais “amadurecida”, como adultos. Este estágio é chamado de operações formais. Esses dois conceitos trazem implicações práticas para a aprendizagem escolar. Quando chegam à escola, por volta dos sete anos, os alunos estão passando de um modo de pensamento pré-lógico e unidirecional para um modo de pensamento lógico relacionado com experiências concretas. Eles baseiam seus pensamentos e, portanto, sua aprendizagem nas situações concretas que ocorrem em sua 21
APRENDER E ENSINAR
vida. Progressivamente vão adquirindo estruturas mentais que lhes permitam pensar de maneira mais formal, mais abstrata, entender relações entre objetos, captar relações de causa/efeito e começar a utilizar o pensamento hipotético. O quadro 1.1 resume o tipo de pensamento das crianças em termos do conteúdo e da forma como elas pensam esses conteúdos. Note-se a freqüência do uso da palavra “prática” – quer dizer, a importância do fato de a criança estar ativamente envolvida no que aprende, uma vez que, durante esse período, os alunos estão apenas começando a pensar de forma abstrata e hipotética. O quadro mostra a forma de pensar típica de um aluno no início e no final do estágio de operações formais1. Quadro 1.1 Principais transformações no período das operações formais Conteúdo
Características iniciais
Características que continuam
Ação
Pensamento lógico reversível relacionado com experiências concretas Conservação de qualidades, classificação e seriação
Lógica combinatória proposicional (se A = B e B = C, A = C) Classificação e seriação
Espaço
Compreende relações entre objetos e espaço relativo
Compreende Geometria elementar
Tempo
Coordena ordem e duração temporal
Compreende o conceito de tempo relativo
Causalidade
Entende relações de causa/efeito em problemas concretos
Pode identificar variáveis dentro de problemas complexos
Jogos
Capaz de entender jogos de caráter prático
Abstração e reflexão
Imitação
Imitação prática
Abstração e pensamento hipotético
Auto-imagem
Egocentrismo limitado
Conceito realista de si mesmo
Linguagem
Linguagem prática
Linguagem abstrata
Objetos
É de enorme importância para o professor conhecer o desenvolvimento das crianças entre os sete e os 15 anos. A capacidade de seu cérebro amplia, a memória ativa aumenta de tamanho, de forma a poder manejar entre sete e nove elementos ou unidades de informação de cada vez. A capacidade para aprender um idioma atinge o seu ápice, a capacidade de fazer representações simbólicas começa a aflorar, permitindo que os alunos compreendam e lidem com muito mais informações na forma de representações ou de conceitos teóricos (abstrações). Isso é essencial para possibilitar pensamentos de nível mais complexo, como a reflexão, o pensamento simbólico, o pensamento sintético, as abstrações e conceitos abstratos. O nível de desenvolvimento da criança deve ser respeitado, já que estabelece limites ao que uma pessoa pode aprender em cada etapa. De um lado, é importante observar que esses níveis de desenvolvimento seguem padrões determinados biologicamente, o que significa que são independentes dos estímulos do meio ambiente. Isso é verdade, exceto nos casos de total privação, em que, por falta de estímulos (1) CHADWICK, C. B. Teorias de aprendizaje para el docente. Santiago: Ed. Universitaria, 1983. Ver também FLAVELL, J. La psicología de Jean Piaget. Barcelona: Paidós, 1982. O livro que talvez expresse as idéias de Piaget com mais propriedade seja o de CASE, R. El desarrollo intelectual: del nacimiento a la edad madura. Barcelona: Paidós, 1989.
22
Parte I – APRENDER
– ou, no extremo, na falta de domínio da língua –, a criança fica sem condições de desenvolver normalmente essas capacidades. Ou seja: há pouco ou nada que se possa fazer para alterar, apressar ou intensificar a seqüência e o ritmo de desenvolvimento dessas competências. Por outro lado, é preciso considerar que – dada a lógica de desenvolvimento dessas estruturas e suas características – é possível ensinar a crianças de qualquer idade ou em qualquer nível muitos conceitos, inclusive habilidades de nível mais elevado, desde que se encontre uma forma adequada que lhes permita estruturar esses conceitos e habilidades. Nesse sentido, os níveis de desenvolvimento, apesar de relativamente fixos, não determinam o que a pessoa é capaz de aprender numa certa idade, e sim as formas e níveis de abstração em que é capaz de aprender. Em sua grande maioria, os alunos do ensino fundamental estão passando por uma etapa que Piaget denominou de “pensamento de operações concretas” (sete a 11 anos) e pela última etapa denominada de “pensamento de operações formais” (11 a 15 anos) (Flavell, 1982). Isso significa que os alunos estão evoluindo de um estágio de ver o mundo de forma concreta para um estágio no qual desenvolvem capacidades intelectuais para pensar o mundo e compreendê-lo de forma mais abstrata.
• Compare a situação de seus alunos com a informação apresentada no quadro 1.1. • Analise onde eles estão e até onde podem ir, em sua disciplina. A palavra “concreto” não significa necessariamente que o aluno precisa manipular fisicamente um objeto para aprender o seu significado. Quando o aluno conhece o conceito de vaca e sabe identificar uma vaca e distingui-la de outros animais, ele adquire o conceito concreto do que seja uma vaca. Depois disso, o professor não precisa desenhar uma vaca para referir-se ao animal – a palavra adquire um significado concreto, isto é, o conceito adquirido pelo aluno tem referenciais concretos, como, por exemplo, quando aprende que o conceito “verbo” diz respeito a palavras que indicam uma ação.
Níveis de desenvolvimento mental e plano de curso Ao elaborar seu plano de curso, assegure-se de que os conteúdos, a estrutura e as exigências do que está apresentando aos alunos estão adequados ao seu nível de desenvolvimento. Na maioria das circunstâncias, é melhor iniciar a nova aprendizagem a partir de atividades e conceitos concretos, relacionados com a vida cotidiana dos alunos. Por exemplo, o uso de uma linguagem prática e de exemplos oferece oportunidades para o aluno aplicar e imitar atividades concretas relacionadas com seu dia-a-dia. Deve também mostrar a lógica subjacente aos diversos conceitos e operações que vai aprendendo mediante exemplos práticos e concretos (como ilustrado na coluna 3 do quadro 1.1)
Desenvolvimento social De modo geral, no período entre os 10 e os 15 anos, os jovens passam por interessantes transformações, nas quais: o papel e a influência dos pais tendem a diminuir; eles começam a ser mais independentes, a testar seus limites e a explorar novas áreas (fumar, comer, jogar, relações afetivas, trabalhar, etc.); a importância dos colegas e companheiros aumenta; a importância dos professores aumenta. Nesses processos de autodescoberta, descoberta do outro, imitação e identificação, os jovens experimentam novas formas de relação com seus colegas. Entre tais relações, salientam-se a conformidade com as normas do 23
APRENDER E ENSINAR
grupo e a cooperação – cuja contrapartida é a expectativa de serem aceitos. Surge também a competição na busca da auto-eficácia e da diferenciação da personalidade. Esses processos ocorrem de forma diferente em rapazes e moças, mas o importante é que atingem todos. Nesse período, o aluno passa menos tempo com seus pais e mais tempo com companheiros, colegas e professores, na escola, na rua ou em outras atividades. A influência dos pais torna-se menos direta, mas nessa etapa os jovens estão internalizando os valores de seus pais. A socialização direta dá-se muito mais por intermédio de colegas e professores. Os colegas são muito importantes porque exercem uma pressão para a conformidade com as normas do grupo. Este é o período em que se formam e se consolidam amizades, o que, por sua vez, cria novas pressões para que o jovem se comporte como seus colegas. O impacto dos meios de comunicação é outro fator que vem assumindo importância cada vez maior nesse período de desenvolvimento. A música, o cinema, a televisão, a MTV, as revistas e as novelas começam a ter um forte significado na vida dos jovens. Os valores e os modelos de conduta que vêem na televisão exercem sobre eles uma grande influência: quando colocados em confronto com os comportamentos exigidos pela escola, por exemplo, esses modelos externos têm força considerável e, freqüentemente, predominam. Com isso, o processo de exposição a esses modelos, inclusive a formas extremas e violentas de comportamento, torna-se mais precoce e mais difícil de ser assimilado criticamente. Nesse período, os jovens mantêm dois tipos de conduta moral: o comportamento baseado na norma do grupo, destinado a manter um bom relacionamento e a aprovação dos demais, sobretudo dos colegas. Essa conduta pode incluir comportamentos saudáveis ou nocivos (como, por exemplo, fumar), ou a forma de se relacionar com pais, professores ou com as leis do trânsito; comportamentos exigidos pelas normas da escola ou do lar (professores e pais). Freqüentemente, essas normas competem entre si, inclusive em nível inconsciente, o que leva o aluno a tentar superar conflitos para conseguir um equilíbrio entre as necessidades impostas pelas normas desses vários grupos. Outros importantes aspectos do desenvolvimento nessa fase incluem novas capacidades como: entender outras pessoas; adotar a perspectiva dos outros; entender e compartilhar as emoções dos outros (empatia); compreender que os outros não vêem o mundo como ele próprio o vê, que possuem sua maneira pessoal de perceber e conhecer seus próprios sentimentos, motivações, gostos e decisões em relação ao que é certo ou errado, bom ou mau, o que os ajuda e o que os atrapalha, e o que contribui para o seu sentimento de auto-eficácia.
Desenvolvimento social • Considerar o desenvolvimento social de seus alunos como um processo evolutivo e positivo, em que os aspectos positivos e as forças de crescimento superam os aspectos negativos. Concentrar a atenção nesses aspectos positivos e na contribuição que você pode dar para ajudar o aluno a realizar o seu potencial. • Assegurar que suas expectativas sobre o comportamento dos alunos sejam claras, comunicadas de maneira objetiva e compreendidas pelos alunos. Deixar bem evidente onde está a demarcação do campo, dos limites. • Apresentar suas expectativas de forma positiva, (“os alunos farão” ou “deverão…”) evitando sempre que possível o negativo (“é proibido...”; “conforme combinado…”, etc.). • Manter uma linha de conduta sem ambigüidades, consistente com suas expectativas, sem fazer exceções, sabendo que seus alunos sempre estarão testando os seus limites e pedindo que cada caso seja examinado como uma exceção. • Aproveitar a capacidade crescente dos alunos de poderem adotar uma perspectiva alheia, perguntando-lhes o que seus companheiros, pais e professores pensam e o que sentem. Trata-se de uma forma a desenvolver e enfatizar a empatia. 24