Boa Vista celebra bons resultados na educação

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Foto: Prefeitura de Boa Vista

EDIÇÃO 5 • JUNHO 2015

> Trabalho realizado com seriedade garante educação de qualidade para as crianças de Boa Vista

BOA VISTA CELEBRA BONS RESULTADOS NA EDUCAÇÃO Parceria de sucesso com o Instituto Alfa e Beto alavanca a educação em Boa Vista, que agora conta com a tecnologia como aliada. Professores e pais relatam entusiasmados os efeitos positivos na aprendizagem das crianças provocados pela chegada do Galáxia Alfa, software pioneiro que auxilia na alfabetização. Para os educadores da educação infantil, está cada vez mais fácil planejar as atividades em sala de aula com a ajuda do sistema de gerenciamento Zero a Quatro na Palma da Mão. Não há dúvidas: a educação, desde a Primeira Infância, é levada a sério em Boa Vista.

Saiba mais nessa newsletter que preparamos para você!


EDITORIAL

CELEBRANDO O

DESENVOLVIMENTO DE BOA VISTA

Foto: Divulgação

A maior alegria de um educador – seja ele um pai, um professor ou um responsável em qualquer sistema educativo – é ver os alunos se desenvolvendo. Como Presidente de uma instituição cujo interlocutor direto não é o aluno, mas a rede de ensino, a maior alegria é ver as pessoas da rede se desenvolvendo. E é isso que assistimos em diversos lugares do país, mas que assisto muito de perto, e com grande alegria, em Boa Vista. Graças ao fôlego da Prefeita Teresa Surita, aqui estamos envolvidos em programas que vão desde a gravidez até o final das séries iniciais do ensino fundamental. Cada programa com sua especificidade, com seus desafios. E todos eles vão caminhando, com suas pequenas e grandes vitórias, como documentado nesta Newsletter. Promover mudanças é muito difícil – e isso se tem tornado cada vez mais difícil na administração pública e numa sociedade que é cada vez mais diversificada em > João Batista Araujo e Oliveira

EXPEDIENTE

Psicólogo, PhD em Educação, João Batista fundou, em 2006, o Instituto Alfa e Beto. Trabalhou como professor no Brasil e no exterior. Foi do Banco Mundial e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e deu consultoria a projetos em mais de 60 países. Criou programas inovadores relacionados à correção de fluxo, gestão da educação e alfabetização. Autor de mais de 30 livros e artigos científicos, foi secretário-executivo do MEC na gestão Paulo Renato. É coautor do capítulo sobre alfabetização da Academia Brasileira de Ciências sobre Educação Infantil (2011) e relator do grupo internacional de trabalho de alfabetização infantil da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados (2013).

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suas aspirações, seus modos de ver a vida e em suas próprias expectativas. Essas dificuldades, no entanto, devem ser enfrentadas e superadas, pois devem paralisar a ação de todos nós que nos sentimos responsáveis pelo futuro de nossas crianças. Nos vários programas aqui retratados e recheados com saborosos e emocionantes depoimentos, o leitor encontrará um fio condutor, uma linha comum, um princípio básico que orienta todas as atividades do Instituto: dar a cada um – a criança, a grávida, o aluno, o educador, o gestor, o pai das famílias - instrumentos para que ele se desenvolva e se torne cada vez mais um ser independente e autônomo. Leia e confira!

Produção: R2 Editorial

Reportagem: Simone Mateos /IW Comunicações

DIagramação: Nelson Pinho

2015 / edição 5 - Publicação do Instituto Alfa e Beto (IAB)

IAB EM PAUTA


ENSINO ESTRUTURADO

EDUCAÇÃO DE BOA VISTA AVANÇA EM PARCERIA COM O ALFA E BETO Boa Vista incorpora tecnologia para alfabetizar. Parceria com o Alfa e Beto, reduziu para a metade o índice de analfabetismo na rede que agora adota os programas de ensino estruturado em todas as séries iniciais.

Foto: Prefeitura de Boa Vista

Boa Vista é uma das cinco capitais brasileiras pioneiras no uso de um videogame especialmente concebido para ensinar a ler e escrever. Criado pelo Instituto Alfa e Beto, o Galáxia Alfa é o primeiro software no mundo com um programa completo de alfabetização no formato de um divertido videogame, que já foi elogiado por pesquisadores da área. Dia 26 de maio, quase 3 mil tablets chegaram às escolas que atendem aos mais de 4,4 mil alunos de 1º ano da rede municipal. A própria prefeita Teresa Surita fez a entrega simbólica do primeiro aparelho, na Escola Municipal Pingo de

> Prefeita Teresa Surita: tablets farão a diferença na aprendizagem IAB EM PAUTA

Gente, na presença de toda a equipe de coordenadores da secretaria municipal de Educação. “A tecnologia hoje faz parte da vida das pessoas e quando a criança aprende a lidar com isso de forma orientada você tem um resultado muito melhor: estimula a curiosidade, a inteligência, a compreensão e dá uma maior amplitude de conhecimentos sobre o mundo”, disse a prefeita durante a cerimônia. A adoção do software foi motivada pelos bons resultados obtidos em Boa Vista com os programas de ensino estruturado do IAB, que começaram a ser usados na rede municipal a partir de 2013. Naquele momento, o diagnóstico inicial revelou um quadro assustador: metade (49%) das crianças matriculadas do 2º ao 5º ano permanecia analfabeta, incluindo uma em cada quatro no 5º ano. Era preciso ensinar as crianças a ler e escrever para que pudessem acompanhar os programas de ensino estruturado adotados inicialmente no 4° e 5º ano, além da pré-escola. Com o Programa de Alfabetização Intensiva do IAB, quatro meses depois, 85% dessas crianças estavam lendo, escrevendo e fazendo avanços nos conteúdos de sua própria série. Em 2014, repetiu-se, com êxito semelhante, a experiência nos 4ºs e 5ºs anos, e o Alfa e Beto começou a ser usado também no 1º ano. Ao término do período, a rede

havia logrado alfabetizar aos seis anos um percentual de alunos duas vezes maior do que o obtido até então, e os resultados do primeiro bimestre deste ano são três vezes superiores aos de 2014. Na alfabetização intensiva, estendida em 2015 a todos os alunos do 2º ao 5º que necessitam, o primeiro exame mostrou que, transcorrido apenas um quarto do tempo do curso (cinco de vinte semanas), 40% das crianças já estão lendo e escrevendo. “Os alunos aprendem muito mais com o programa porque agora a gente tem bons materiais, trabalha com cronograma, planejamento, tem um norte claro do que vai fazer em sala em cada momento, cada dia, cada semana. Antes era tudo disperso, a gente perdia o foco com as atividades extra e raramente cumpria o currículo. Agora o extra que se encaixa no tempo que sobra”, diz a professora do 1º ano Elizangela Bastos, que no fim de maio já tinha a maioria da sua sala lendo pequenos textos ou palavras. A diretora da Escola Ioládia Batista da Silva, Uzielita Cardoso, que atuou vários dos seus 20 anos de magistério como alfabetizadora, opina de forma bem similar: “Antes o ensino era fragmentado, solto, a gente alfabetizava de forma aleatória, sem sequência, ficava mais difícil para a criança aprender a decodificar. Com o ensino estruturado vem tudo numa sequência lógica, sabemos o que fazer a cada hora do dia, as 3


atividades são cronometradas e a criança se alfabetiza muito mais rápido”. Com seus 20 anos de magistério, Uzielita reconhece: “Com o Alfa e Beto, a escola passou a trabalhar de forma unificada, a oferecer um ensino com padrão de qualidade, de referência. Só não trago minha filha da escola privada para a rede municipal porque ela já está no 9ºano, que a rede não oferece”. Para ela, elemento chave para os bons resultados é o acompanhamento: “Hoje, o gestor sabe o que acontece em cada turma, a frequência de cada aluno, qual precisa de reforço e em quais conteúdos. Tudo é monitorado. Se o aluno falta um dia, já ligamos para saber por quê. Com isso, a infrequência caiu muito”, conta Uzielita, que tem sob sua responsabilidade 1.217 alunos da pré-escola ao 5º ano. O depoimento reflete o que pensa a maioria dos docentes que já usou o programa. Eles atribuem o sucesso a um elenco de boas práticas próprias do Alfa e Beto: bons materiais didáticos, com atividades para os alunos, manuais de orientações sobre como ministrar os conteúdos, e ao trabalho organizado com metas, planejamento e avaliações constantes dos resultados: “Hoje medimos a aprendizagem dos alunos a cada passo, o que possibilita recuperar as defasagens e não deixar ninguém para trás como acontecia antes”, diz Fabiane Macedo Freitas, coordenadora da escola Nova Canãa, que tem 15 anos de experiência profissional. “A mudança foi difícil porque o programa é muito exigente, os professores reclamavam e até os pais por causa da quantidade de lição de casa e da cobrança para que eles se envolvessem naquilo. Mas todos estão vendo que vale a pena, porque as crianças aprendem mais e porque facilita muito ter um planejamento que vem detalhado e é para valer”, diz a diretora Nara Santana, da Escola Edsonina de Barros Villa. Embora achem o programa exigente,

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professora do 5º ano da Escola Vovó Júlia. os alunos em geral estão gostando: “Esses Sua turma usa o Programa Prova Brasil, livros são mais interessantes, explicam que dedica o primeiro semestre a fazer mais. Tem algumas atividades difíceis, mas uma revisão completa das séries anterioo professor sempre nos ajuda a fazer”, diz res exatamente para sanar as defasagens. Hanna Victória, de 9 anos, da Escola Pingo O gráfico ao lado mostra os avanços feide Gente. Sua colega Francimara de Souza, tos pelos estudantes do Programa Prova da mesma idade, concorda: “Os livros de Brasil do ano passado para cá. antes eram bons, mas esses são melhores. Antes a gente só soletrava, hoje a gente lê e faz um resumo do que entendeu”. Para dar conta das exigências do programa, os professores estão se esforçando para envolver os pais na vida escolar > Testes aplicados pelo Instituto Alfa e Beto mostra avanço das turmas de dos filhos 4o e 5o ano de Boa Vista em Língua Portuguesa. Nas turmas de 4o ano, o com as mais ganho foi de 13 pontos percentuais em dois meses. Já no 5o ano, o salto foi variadas esde 33 pontos percentuais no mesmo período tratégias. EliNo global, a rede toda reduziu de 49% zângela, por exemplo, aproveita a hora em para 29% o percentual de alunos analfaque eles vêm buscar os filhos na escola. betos (sendo que os 4ºs e 5ºs passaram “Uma vez por semana, quando vamos code 35% para 10%), mas a expectativa é meçar lição nova, faço a mãe vir até a sala que os avanços sejam bem maiores este de aula buscar a criança para eu explicar o ano. Afinal, é a primeira vez que a alfabetique vamos trabalhar naqueles dias e pedir zação intensiva está acessível para todas que me ajude em casa com as lições. Isso as séries e a primeira vez que os 2ºs e ajudou muito”. 3ºs anos estão usando os programas A despeito das dificuldades para sanar de ensino estruturado, sem contar que níveis tão altos de analfabetismo na rede, os 1ºs anos estão sendo alfabetizados os avanços logrados se fazem notar até com a ajuda do Galáxia Alfa, que tornou entre alunos do 5º ano, boa parte deles a aprendizagem ainda mais prazerosa. A alfabetizados em 2014 e alguns até coordenadora do Programa de Alfabetineste ano: “Meus alunos hoje tem nível zação Intensiva, Cristina Borges, diz que, comparável aos da rede privada e os que para garantir que todos os que precisam chegam da rede estadual têm dificuldade tenham acesso este ano à alfabetização para acompanhar, mas isso só foi possível intensiva, a secretaria já contratou 50 porque tivemos a alfabetização intensiva novos docentes. no ano passado”, diz Sandra de Castro, IAB EM PAUTA


TECNOLOGIA

GALÁXIA ALFA ALFABETIZA BRINCANDO Com apenas uma semana de experiência em sala de aula com o Galáxia Alfa, alunos e professores da rede municipal de Boa Vista estão entusiasmados com o potencial pedagógico e lúdico do videogame que ensina a ler e escrever. “Eles aprendem brincando, se concentram muito e avançam rapidamente nas fases”, diz a professora Maria Cristina Crispim, do 1º ano da Escola Jael da Silva Barrada. No game, as crianças têm de superar inúmeros desafios em dois mundos diferentes para conseguir ajudar Babu e Buba a libertar os povos Panuis e Nupais e, enquanto jogam, praticam todas as habilidades necessárias para se alfabetizar, passando de fase só quando já dominam a anterior. Os professores ficam impressionados em ver como as crianças aprendem sozinhas a jogar e avançam com uma velocidade incrível: “Eles ficam concentradíssimos e vão descobrindo tudo sozinhos, não precisa explicar nada”, diz Alessandra Rodrigues Monteiro, professora do 1º ano da Escola Edsonina de Barros Villa. A grande vantagem do jogo, segundo ela, é que essa concentração cresceu também na aula que antecede o jogo. “Melhorou muito a concentração deles na aula porque eles ficam todos na expectativa de jogar e sabem que o conteúdo que estamos vendo vai ajudá-los no jogo”, diz Alessandra que, como os outros docentes, acredita que essa motivação terá impacto muito positivo na aprendizagem. O único problema é ter de explicar que ‘não podem levar para casa para continuar jogando’ e lidar com a vontade dos alunos das outras séries que não param de perguntar quando haverá games educativos para eles também. Até os pais estão entusiasmados com a novidade. É o que conta Janete Bezerra, IAB EM PAUTA

mãe de Nicolás Silva, de 6 anos: “Ele dava muito trabalho para sair da cama de manhã, agora é só eu ameaçar tirar ele da escola e levar para uma que não tenha o tablet que ele levanta rapidinho. Chega em casa entusiasmado para fazer as lições, pede para eu conferir. Essa motivação só pode ajudar na aprendizagem”. > Nova ferramenta pedagógica entusisma não só professores O aplicativo está fore alunos como também conta com o envolvimento dos pais matado para funcionar Para desenvolver o Galáxia Alfa, o IAB em tablets nos quais, em geral, os alunos pesquisou exaustivamente a bibliografia se revezam para jogar 30 minutos por dia internacional disponível e não encontrou cada um. Mas em Boa Vista a secretaria de outro software que englobasse todas as Educação garantiu um aparelho para cada habilidades que devem ser adquiridas para aluno trabalhar em sala, a fim de evitar aprender a ler e escrever. Para acumular que todos perdessem uma parte da aula pontos e dar energia aos heróis Buba e enquanto jogam e que a professora fosse Babu, as crianças têm de vencer desafios atrapalhada pelo revezamento. que as fazem exercitar tudo o que é preciso Inovador em termos mundiais por enpara aprender a ler e escrever. Os desafios globar todas as fases da alfabetização, o incluem atividades relacionadas à coorsoftware chamou a atenção, em maio, de denação motora, ao domínio do princípio pesquisadores e psicopedagogos que estialfabético, ao reconhecimento e formaveram presentes 2º IBNequinho, encontro ção das letras; à consciência fonológica que reúne cientistas de várias áreas que e fonêmica, decodificação, identificação estudam o desenvolvimento humano na automática de palavras e desenvolvimento Primeira Infância. de fluência de leitura. Para passar para a “É um recurso que preenche uma fase seguinte do jogo, a criança tem que grande lacuna, não só por trazer para a atingir 90% de acertos. sala de aula a linguagem tecnológica da O Galáxia Alfa obedece à mesma menova geração, mas também porque inclui todologia de alfabetização do Alfa e Beto e tudo o que a ciência indica que é imporas várias fases e caminhos do jogo estão tante para alfabetizar e que raramente é articulados com as etapas do programa, contemplado pelos programas usados no permitindo uma perfeita sincronia com as Brasil”, diz Alessandra Seabra, doutora em aulas. Apesar disso, o programa está conpsicologia e pesquisadora do processo de cebido para poder ser usado também de alfabetização e do desenvolvimento infantil do Laboratório de Neuropsicologia Cogniforma autônoma para ensinar as crianças tiva da Universidade de São Paulo (USP). a ler e escrever. 5

Foto: Prefeitura de Boa Vista

Um videogame que ensina a ler


Monitoramento permanente O aplicativo também foi concebido para permitir o monitoramento permanente da aprendizagem dos alunos por parte dos professores, coordenadores, diretores e da própria Secretaria. Isso é possível porque o equipamento arquiva a evolução de cada aluno no jogo e quando é sincronizado (uma vez por semana) com a plataforma do instituto, transmite essas

informações para lá, onde são processadas com as de todos os outros tablets. Feito isso, os educadores podem obter relatórios com a evolução, os acertos e os erros mais frequentes de cada criança, de cada turma, de cada escola, de cada série ou de toda a rede. Isso permite monitorar os avanços na aprendizagem dos alunos de forma contínua, sem a necessidade de aplicar e corrigir testes.

A criança é avaliada, sem saber, enquanto brinca. Os relatórios possibilitam aos professores e coordenadores fazer mais cedo as intervenções necessárias para recuperar alunos ou turmas eventualmente defasados, o que também é feito naturalmente pelo próprio jogo já que, para passar para a fase seguinte, a criança deve refazer atividades nas áreas em que ainda não atingiu o nível adequado.

EDUCAÇÃO INFANTIL

APRENDER A PENSAR BRINCANDO

Adoção do Programa Alfa e Beto de Pré-escola tornou as crianças mais questionadoras, articuladas e autoconfiantes, dizem os professores da educação infantil

Foto: Prefeitura de Boa Vista

Crianças mais questionadoras, mais desinibidas, mais autoconfiantes, com mais vocabulário e capacidade de expressão. Esses são os diferenciais que os professores da pré-escola são unânimes em identificar nos alunos de 4 e 5 anos que passaram a usar o programa do IAB para essa idade. “O desenvolvimento deles é extraordinário com o programa, muito melhor do que antes porque todas as atividades são apresentadas instigando os alunos a participar, a pensar, a opinar. O manual do professor vem com muitas orientações sobre como a gente deve fazer isso”, diz Jiselly da Silva Lobato, que acompanhou uma turma durante dos anos. Apesar de seus dez anos de experiência profissional, ela avalia que seu desempe-

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nho em sala melhorou muito a partir do programa: “A gente ficava desassistido, eu tinha muita dificuldade para achar materiais adequados para trabalhar em classe e fazer o planejamento. Os resultados não eram tão bons porque a aula não era tão rica”. A professora Marildes Oliveira da Silva fazia avaliação semelhante já após seu primeiro ano de experiência com o programa na escola Vovó Clara. “Antes a gente focava muito em fazê-los exercitar a cópia de letras. O programa traz atividades muito mais diversificadas, sempre lúdicas e dirigidas a desenvolver habilidades diferentes, trabalha muito a imaginação, o lado artístico, instiga a criança. Agora eles falam e perguntam muito mais. Noto um avanço grande na capacidade de expressão oral, na desenvoltura e na coordenação motora deles”. Os professores destacam principalmente os exercícios de compreensão de textos de histórias infantis, as parlendas, cantigas e as conversas na rodinha: “A gente é orientado para contextualizar tudo com a escola, a casa, a realidade deles, fazendo perguntas que os levem > Ganhos na educação infantil transcendem os muros da escola

a relacionar as coisas, pensar. Não é aquela interpretação de texto com perguntas óbvias. É tudo feito para levar a pensar e se expressar. A ideia é fazer com que ele questione, pergunte e não só perguntar para ele”, explica Jiselly. Outro aspecto positivo destacado pelos docentes é o aumento da participação dos pais em função das crianças agora sempre levarem tarefas para casa: “Como eles chegam contando o que aprenderam e animados para fazer as tarefas, os pais acabam estimulados a participar. O programa ajudou a escola a conquistar a família”, diz Jiselly. Maria da Conceição Gomes, que hoje é gestora, mas que era coordenadora da pré-escola quando o Alfa e Beto começou a ser implementado, conta que as crianças estão chegando muito mais bem preparadas para a alfabetização: “Elas relacionam as letras aos seus sons, reconhecem todas as formas, cores e muitas já escrevem o próprio nome. Aliás, tem criança até do 1º período, de 4 anos, que já escreve o nome. Embora a proposta do programa não seja alfabetizar nessa idade, ele estimula tanto que algumas aprendem”. IAB EM PAUTA


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

EM BOA VISTA, A LEITURA COMEÇA NO BERÇO Dois renomados especialistas em

equipe local de avaliadores formada por

desenvolvimento infantil da Universi-

12 psicólogos de Boa Vista, participa-

dade de Nova York - o pediatra Alan

ram de reuniões com pais, educadores

Mendelson e a psicóloga Adriana

e visitaram casas da famílias atendidas

Weisleder - estiveram em Boa Vista no

pelo Família que Acolhe. Ao final da

início de maio para mais uma etapa do

visita, na sede do Família que Acolhe

estudo que vai avaliar o impacto sobre

apresentaram um relato de suas ati-

o desenvolvimento infantil do Programa

vidades e do andamento da pesquisa

Leitura desde o Berço, que começou a

à Prefeita Teresa Surita, em reunião

ser implementado este ano nas unida-

da qual participaram a Secretária Mu-

des de educação infantil Casas Mãe

nicipal de Educação e os gestores do

pela parceria da Prefeitura Municipal de

Família que Acolhe.

Boa Vista com o Instituto Alfa e Beto.

Foto: Prefeitura de Boa Vista

Programa municipal que distribui livros e ensina pais de famílias carentes a lerem para os filhos pequenos está sendo avaliado por professores da New York University

O impacto de intervenções como

Nessa visita os pesquisadores se

essa sobre o desempenho escolar pos-

reuniram com a equipe do IAB, com a

terior já foi comprovado em diversos

Foto: Prefeitura de Boa Vista

estudos internacionais. A leitura desenvolve a capacidade de

> Pais, cuidadores e educadores são capacitados em oficinas de leitura

IAB EM PAUTA

> Pesquisadores de Nova York visitam Boa Vista na companhia de Desise Rocha, do IAB (de laranja)

abstração da

crianças sobre uma variedade de temas

criança – já

muito mais ampla do que a que surge

que traz ob-

nas conversas cotidianas e ajudam a

jetos reais re-

criança a adquirir uma linguagem mais

presentados

complexa do que a que é usada no dia

por figuras,

a dia, com um vocabulário mais amplo

palavras e

e estruturas sintáticas mais elaboradas.

sinais. Livros

Como as palavras são os tijolos que

permitem aos

estruturam o pensamento, ler para uma

adultos con-

criança conversando com ela, promove

versar com as

seu desenvolvimento cognitivo.

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POLÍTICA PÚBLICA

PRIMEIRA INFÂNCIA COMO PRIORIDADE O apoio ao desenvolvimento nos primeiros anos de vida tornou-se prioridade absoluta da prefeitura de Boa Vista e o Instituto Alfa e Beto, seu principal parceiro para a elaboração e implementação de políticas nessa área. A motivação é clara: as evidências científicas mostram, de um lado, que receber ou não estímulos e cuidados adequados no início da vida influi em todo o desenvolvimento humano posterior e, de outro, que políticas públicas de qualidade nessa área tem um impacto muito positivo, sobretudo em realidades sociais pouco favoráveis. A partir da experiência anterior das Casas Mãe, o Família Que Acolhe (FQA) se tornou um conjunto articulado de políticas públicas cientificamente embasadas, consolidadas em lei municipal em 2013 para garantir sua continuidade.

A originalidade do Família que Acolhe começa com seu sistema integrado de gestão, que é gerenciado diretamente pelo gabinete da prefeita em conjunto com quatro secre> Família que Acolhe: cuidar da Primeira Infância agora é lei em Boa Vista tarias municiestímulos que os bebês precisam ter pais (Saúde, Educação, Gestão Social desde os primeiros momentos de vida. e Comunicação e Finanças). A integraTendo como público alvo a população ção da gestão se reflete na integração carente, o programa atende atualmendos serviços básicos que chegam às te 4,3 mil mães, sendo 1,7 mil do Bolsa famílias, desde a marcação de consulFamília, cerca de mil adolescentes grátas e acompanhamento do pré-natal vidas, 600 usuárias das Casas Mãe, 11 até o acesso à creche, pré-escola, reeducandas do sistema penitenciário, pediatra, fonoaudiólogos, e informaentre outras. ções sobre higiene, alimentação e os

Família que acolhe é debatido em Congresso de neurocientistas Duas políticas municipais de educação, Família que Acolhe, de Boa Vista, e Nova Semente, de Petrolina, foram apresentados durante o II IBNequinho – Congresso que reúne neurocientistas, psicólogos e profissionais voltados para a Primeira Infância. A Prefeita Teresa Surita fez uma detalhada apresentação do programa, ressaltando sua origem, seus fundamentos científicos, justificando a focalização nas famílias beneficiárias do Bolsa Família. Também apresentou a estrutura de funcionamento que envolve a integração das várias Secretarias e as várias parcerias que participam do mesmo. No caso do Instituto Alfa e Beto, a parceria inclui a implementação da Universidade do Bebê I (gravidez), UBB-II, programa voltado para as famílias com crianças de até dois anos, que se encontra em fase de desenvolvimento e o programa da UBB-III, as Casas-mãe, que implementam a proposta pedagógica do Instituto. Os participantes do evento ficaram impressionados com a amplitude das intervenções e o seu embasamento científico dos mesmos, mas o aspecto que mais chamou, na apresentação da Prefeita Teresa Surita, foi o fato de não se tratar de um programa, mas de uma política pública estabelecida por lei e com recursos assegurados para sua continuidade.

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IAB EM PAUTA

Foto: Prefeitura de Boa Vista

Família Que Acolhe – uma política inovadora e integrada para a Primeira Infância


Em articulação com as Casas Mãe, o FQA garante apoio às gestantes atendidas nas suas unidades, além da capacitação das equipes dessas creches para que sejam capazes de dar todos os estímulos necessários ao desenvolvimento das crianças durante sua interação diária com elas. O Programa Zero a Quatro do IAB é o indutor dessas ações nas Casas Mãe, cujos cuidadores receberam treinamento específico inicial do instituto e ainda recebem aprofundamento des-

sa capacitação através do programa de coaching Class (ver matéria). Na sede do FQA também funciona a Universidade do Bebê (UBB) uma outra iniciativa do IAB que integra a parceria com Boa Vista. Na UBB, gestantes (sobretudo as adolescentes), mães novatas, familiares e cuidadores encarregados das crianças nas creches têm acesso a programas de palestras sobre o desenvolvimento psicossocial das crianças desde o ventre e as melhores formas de

estimulá-lo em cada faixa etária. O programa está dividido em Universidade do Bebê I, para gestantes; UBB II, para famílias com crianças de até dois anos e o UBB-III focado nas Casas Mãe que implementam a proposta pedagógica do Instituto. O programa da UBB é continuamente aperfeiçoado com as contribuições que vão surgindo dos participantes e parceiros – notadamente da equipe do Família que Acolhe que implementa as atividades.

COACHING

TREINANDO A SENSIBILIDADE DE QUEM CUIDA DOS PEQUENOS Programa de Coaching aprimora capacitação de equipes das Casas Mãe e, a partir deste ano, da pré-escola também

-escolas da rede municipal.

Além dos programas que cons-

adulto a promover interações que

tituem referência nacional na pré-

c o m p rova d a m e n t e p ro m ove m o

Como em todas as atividades do

-escola, alfabetização e séries ini-

desenvolvimento das crianças. Se-

IAB, este programa se baseia num

ciais, o Instituto Alfa e Beto oferece

gundo, o programa se utiliza de um

manual que descreve as dimensões

para seus parceiros um programa de

sistema de cofilmagem e feedback

críticias da interação do adulto-

das interações, o que requer um

-criança que influenciam o desen-

profissional especializado (coach

volvimento infantil, com orientações

ou técnico). Parte do programa é

para os professores sobre a melhor

formação de educadores que atuam em creches e pré-escolas. Este programa se baseia na sistema CLASS (Classroom Assessment Scoring System) que pode ser traduzido livremente como um sistema de registro de interações entre adultos e crianças. O sistema CLASS foi desenvolvido pelo Dr. Robert Pianta,

desenvolvido de forma presencial e parte à distância. A equipe do IAB é composta por psicólogos que foram devidamente credenciados pela Universidade de Virgínia.

da Universidade de Virgínia e tem

Esse programa, que foi oferecido

duas caracterísitcas importantes.

às educadoras e coordenadoras das

Primeiro, ele focaliza a interação

Casas-mãe, em 2014, está sendo

entre adultos e crianças e ensina o

oferecido aos professores das pré-

IAB EM PAUTA

forma de proceder. O manual serve de base para a reflexão que os participantes fazem acerca da sua interação com as crianças flagrada na filmagem de alguns momentos (cerca de 10 minutos) em sala de aula. Os psicólogos responsáveis (coaches) selecionam então dois trechos desse vídeo que exemplifiquem boas práticas e reenviam ao 9


professor juntamente com questio-

Os profissionais das Casas-mãe

ouvir o que estão ‘dizendo’ até as que

vos e/ou o que poderia ser melhora-

que passaram pelo programa contam

ainda não falam. É visível como elas

do naquela situação. Esse trabalho

o quanto aprenderam sobre o próprio

se desenvolvem mais desse jeito”, diz

individualizado se complementa

comportamento e seu impacto sobre

Gardene da Silva, que trabalha com

com reuniões periódicas para troca

as crianças ao assistirem aos vídeos.

crianças entre 2 e 3 anos na Creche

de experiências dos educadores que

“No começo, a gente abria a apostila

Tia Hérika. Para ela, as orientações

participam desta formação.

e dizia ‘ah, isso eu já faço, isso eu já

do coaching foram tão importantes

“A ideia não é criticar, mas sim

sei, isso também’. Mas vendo o vídeo

quanto as recebidas no Programa

reforçar o comportamento positivo,

a gente se dá conta do que realmente

Leitura desde o Berço.

levando o próprio educador a refletir

faz. Sabemos que é preciso ouvir a

Depois de um ano no programa a

sobre o que ele poderia fazer me-

criança, mas na filmagem você per-

coordenadora da creche Vovó Rosa,

lhor a partir daquilo que ele faz bem,

cebe que não deu tempo para ela

Elizama Souza, diz que sua concep-

mostrar que quando ele tem esse

responder. Com o coaching aprendi a

ção de ensino mudou: “A gente tinha

ou aquele comportamento, a reação

ouvir e a ver as crianças com outros

a visão de que a criança tem que

da criança é mais positiva”, explica

olhos. Então, elas também apren-

decorar coisas para aprender e que

o psicólogo Walfrido Neto, que co-

deram a ouvir melhor e o trabalho

a brincadeira era só um momento lú-

ordena o programa de coaching em

passou a fluir melhor”, conta Eugir-

dico, não víamos a relação do brincar

lânia Brandão, da

com a parte cognitiva e psicomotora.

Creche Municipal

Com o programa, aprendi a trans-

Tia Dulce.

formar os brinquedos e todas as

Foto: Prefeitura de Boa Vista

namentos sobre os aspectos positi-

> Programa de coaching visa interações de qualidade entre o educador e a criança‫‏‬

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é perguntar, espichar a conversa e

Boa Vista.

“O coaching

situações cotidianas em estímulos e

nos ensinou a dar

vejo que eles se desenvolvem muito

um papel mais ati-

mais rápido, até os pais percebem e

vo para as crian-

comentam”.

ças, fazê-las falar,

A psicóloga Lidiane Soares, da

participar, expres-

equipe do IAB, lembra uma profes-

sar seus gostos,

sora que era extremamente retraída

deixá-las tentar

e que passou por uma verdadeira

resolver as coi-

metamorfose durante o coaching:

sas sozinhas an-

“Ela, que quase não falava com as

tes de acudir, lim-

crianças, se limitava a distribuir os

par, vestir, ajudar.

materiais, terminou dando aos cole-

Isso desenvolveu

gas dezenas de exemplos de como

muito a autono-

interagir para estimular”. O exemplo

mia delas. Acabou

é importante porque o Coaching

aquilo de achar

foi concebido para dar progressiva

que para aprender

independência à rede, transforman-

ela tem só que

do os educadores que já passaram

ouvir. Agora o que

pelo programa em reprodutores do

a gente mais faz

coaching. IAB EM PAUTA


ZERO A QUATRO

MAIS TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO EM BOA VISTA No fim de maio, as equipes que trabalham nas creches de Boa Vista ganharam um aliado tecnológico de peso: tablets com o Zero a Quatro na Palma da Mão, aplicativo que reúne numa única plataforma digital praticamente toda a experiência pedagógica do Instituto relacionada à educação infantil. Com ele, os educadores têm num único tablet tudo o que é necessário para preparar suas atividades, acompanhar a evolução dos alunos, controlar faltas e preparar reuniões. O software inclui até um banco com duas mil atividades para desenvolver com os alunos em sala. O recurso já conquistou os educadores porque o sistema possibilita acessá-las por idade, por tamanho do grupo, por tema, por habilidade a ser trabalhada ou por tipo: jogos, leituras, brincadeiras, músicas, poemas e até temas para conversas durante as refeições. Todas estão articuladas com o currículo e vêm com orientações e vídeos sobre como desenvolvê-las em sala. Em Boa Vista, os equipamentos acabaram de chegar às creches e as equipes ainda estão aprendendo a utilizá-los, mas os professores de municípios que já estão com a ferramenta há algumas semanas notaram a diferença: “Eliminei um monte de pastas e livros de registro. Agora, levo no bolso todas as informações sobre os meus alunos e o trabalho desenvolvido com eles, e acesso num clique. E não preciso mais somar as faltas para encaminhar à secretaria. É só sincronizar o tablet”, diz Cristina Alves, IAB EM PAUTA

responsável por uma turma de berçário recurso integra e facilita a implementade uma creche de Petrolina (PE). ção da proposta do IAB para a Primeira Outro aspecto do programa que vem Infância. A proposta é detalhada no merecendo elogios dos novos usuários Guia IAB para a Primeira Infância, que é é a qualidade, diversidade, adequacomplementada pelo Manual de Gesção das atividades a cada faixa etária tão em Educação Infantil. Essas duas e, principalmente, o fato de estarem publicações constituem os referentes sempre voltadas a fazer as crianças básicos, e todas as coordenadoras das falarem e participarem. Com o banco Casas-mãe já participaram da capacide atividades, muitos docentes dizem tação gerencial em 2014. Em maio de terem passado a poupar muitas horas 2015 elas receberam o certificado de que eram investidas em pesquisas na conclusão em cerimônia realizada com internet ou em bibliotecas, com resula presença do Presidente do Instituto tados nem sempre tão bons como os Alfa e Beto. que o programa apresenta. A grande novidade do tablet é reAlém do roteiro, do banco de ativiunir num só instrumento – que cabe dades e dos quadros para controle do na palma da mão – todos os recursos desenvolvimento das crianças, o Zero a necessários para gerenciar, planejar e Quatro na Palma da Mão traz uma lista implementar um programa robusto de de brinquedos por faixa etária, de sucata, educação infantil. O tablet também permateriais recicláveis, orientações sobre mite acompanhar o desenvolvimento de alimentação infantil e sobre a melhor cada aluno e gerenciar o empréstimo forma de organizar e utilizar o espaço de livros. para trabalhar com as diferentes faixas etárias. Inclui ainda roteiros para reuniões de planejamento e reuniões de pais, vídeos de demonstração de atividades motoras para crianças das diferentes idades. Este novo > Planejar atividades com os pequenos agora está mais fácil e divertido 11

Foto: Prefeitura de Boa Vista

Plataforma digital facilita a gestão e enriquecer as práticas pedagógicas nas creches


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