Mensagem. Fernando Pessoa

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BIBLIOTECA GERAL

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma. (…) Senhor, falta cumprir-se Portugal.

Fernando Pessoa, In Mensagem

FERNANDO PESSOA Mensagem


FICHA TÉCNICA

Título | Fernando Pessoa: Mensagem Editor | Instituto Nun’Alvres (issue) Coordenação e Organização | Biblioteca Geral do Instituto Nun’Alvres Data | Outubro, 2018

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3 1.

Fernando Pessoa ............................................................................................................... 4

1.1 Bilhete de identidade ........................................................................................................... 4 1.2 Vida e obra ............................................................................................................................ 6 1.3 Contexto social e político ................................................................................................... 16 1.4 Orpheu ................................................................................................................................. 21 1.5 Modernismo ........................................................................................................................ 26 2.

A Mensagem...................................................................................................................... 27

2.1

A génese ......................................................................................................................... 27

2.2

O título............................................................................................................................ 28

2.3

Linguagem e estilo ........................................................................................................ 29

2.4

Frases e expressões latinas .......................................................................................... 30

2.5

A simbologia .................................................................................................................. 32

2.6

Estrutura de um mito .................................................................................................... 37

2.7

Estrutura da obra .......................................................................................................... 38

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 43

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INTRODUÇÃO

A Biblioteca Escolar está ao serviço da Escola e procura o enriquecimento dos seus recursos documentais digitais e de informação que possam ao ir ao encontro das necessidades dos seus utilizadores. Promover a articulação curricular e a aplicação do Referencial Aprender com a Biblioteca Escolar, é um dos objetivos desta publicação. A compilação seguinte destina-se a apoiar os alunos na abordagem ao conteúdo disciplinar de 12ºano:  FERNANDO PESSOA: MENSAGEM

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1. Fernando Pessoa 1.1 Bilhete de identidade O que diz o bilhete de identidade de Fernando Pessoa?

Nasceu em Lisboa, em 13 de Junho de 1988. Foi educado no Liceu (High School) de Durban, Natal, África do Sul, e na Universidade (Inglesa) do Cabo de Boa Esperança. Nesta ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês, foi em 1903 – o primeiro ano em que esse prémio se concedeu. O que Fernando Pessoa escreve pertence a duas categorias de obras, a que poderemos chamar ortónimas e heterónimas. Não se poderá dizer que são antónimos e pseudónimos, porque deveras o não são. A obra pseudónima é do autor em sua pessoa, salvo no nome que assina; a heterónima é do autor fora da sua pessoa, é de uma individualidade completa

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fabricada por ele, como o seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu. “Tábua Bibliográfica” que Fernando Pessoa publicou em “Presença” nº2, 17 de Dezembro de 1928. Maria José de Lancastre, in Fernando Pessoa, uma fotobiografia, Quental Ed.

Ortónimo – nome civil complexo e correto; nome verdadeiro, real. Pseudónimo – nome falso sob o qual alguns escritores publicam a sua obra artística, Ex.; Miguel Torga é o pseudónimo do Adolfo Correia da Rocha; José Régio é o pseudónimo do José Maria dos Reis Pereira. Heterónimo – personalidade literária fictícia (com qualidades e tendências próprias) encarnada pelo autor e que representa a pluralidade da sua mundividência. Ex.; Caeiro, Campos e Reis são heterónimos de Fernando Pessoa.

Cit. por BRAGA, Zaída, RAMOS, Auxília, PARDINHAS, Elvira, In Abordagens 12. p. 16

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1.2 Vida e obra

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Fernando Pessoa nasce a 13 de junho, dia de Santo António, num prédio em frente do Teatro de São Carlos, filho de Maria Madalena Nogueira e de Joaquim Pessoa. A família do pai é oriunda de Tavira – lugar escolhido mais tarde para berço de Álvaro de Campos – e a família da mãe tem raízes nos Açores. O pai morre de tuberculose em 1893, aos 43 anos. Dois anos mais tarde, a mãe volta a casar-se, agora com João Miguel Rosa, que seria cônsul português em Durban, na que era então a colónia inglesa de Natal. Em 1896 viaja com a mãe para Durban, onde fará toda a sua instrução primária e secundária. Aí se matricula em 1902 numa escola comercial, onde aprende os elementos da sua futura profissão. Por essa altura, começa a escrever, em inglês e já sob o nome de outro - Alexander Seach -, o que continuará a fazer até 1910: é uma poesia de índole tradicional, muito à maneira dos românticos ingleses, e nela afloram todos os grandes temas futuros. 6


Em 1903, faz exame de admissão à Universidade do Cabo, recebendo, pelo ensaio que é parte da prova, e entre 899 candidatos, o Queen Victoria Memorial Prize e, no ano seguinte, matricula-se no liceu de Durban. Aí se prepara para o exame do primeiro ano da universidade, em que vem a obter a melhor nota, pelo que deveria ter acesso a uma bolsa conferida pela Colónia do Natal para ir para Inglaterra fazer um curso superior. No entanto, em 1905 volta sozinho para Lisboa e matricula-se no Curso Superior de Letras. Começa em 1907 a trabalhar como correspondente estrangeiro de casas comerciais. E, em 1908, começa a escrever poesia em português. Publica na revista A Águia, durante o ano de 1912, uma série de três artigos sobre «A Nova Poesia Portuguesa, em que o «próximo aparecer do supra-Camões» é o tema-chave. Nesse mesmo ano conhece Mário de Sá-Carneiro, que pouco depois parte para Paris, e inicia com ele uma correspondência através da qual se trocam ideias literárias e artísticas que hão de estar na base dos «ismos» de referência da

geração

de

Orpheu

Paulismo,

Intersecionismo,

Sensacionismo – na movência contemporânea das vanguardas europeias, Futurismo, Expressionismo e Cubismo. Uma carta a Adolfo Casais Monteiro escrita em 1935 situará o aparecimento dos heterónimos – Alberto Caeiro, o camponês sensacionista, Ricardo Reis, o médico neoclássico, e

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Álvaro de Campos, o engenheiro extrovertido – com precisão excessiva, no dia 8 de março de 1914. O que só de certo modo (simbólico, ficcional) corresponde à verdade, pois a consulta dos manuscritos revela que os primeiros poemas de Caeiro datam de março, e os de Campos e Reis de Junho. Será esta, porém, a fase mais produtiva de Pessoa e de todo o Modernismo. No ano seguinte, saem em março e junho os dois números da revista Orpheu, que na altura provocam escândalo e gargalhada mas hão de transformar o século XX português. Aí apresenta Pessoa a peça O Marinheiro e os poemas de Chuva Obliqua assinados com o seu nome e, principalmente, «Opiário», «Ode Triunfal» e «Ode Marítima» de Álvaro de Campos. Começa por essa época, igualmente, a interessar-se por teosofia, o que marca a sua atração de toda a vida pelos caminhos ocultos do conhecimento. Em 1917 colabora na redação do Portugal Futurista, outra revista central do Modernismo português, com Ultimatum de Álvaro de Campos - também publicado em separata. Envia The Mad Fiddle a uma editora inglesa, que recusa a sua publicação. Chega a estar em adiantada preparação o nº 3 do Orpheu, de que se conhecem provas tipográficas, incluindo sete poemas de Pessoa. No ano de 1918 publica dois opúsculos de poemas em inglês, 35 Sonnets e Antinous. Em 1919 conhece Ofélia Queirós,

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e no ano seguinte inicia o primeiro período do seu namoro com ela; são nove meses, documentados por uma correspondência amorosa publicada em 1978. Em 1921 cria a editora Olisipo, onde publica English Poems HI (um Antinous reescrito mais Inscriptions) e English Poems III (que contém Epihalamium),e, como escreverá mais tarde numa carta a Rogério Buendía, só inscriptions «são consentâneas com a decência normal». A Olisipo publica ainda A Invenção do Dia Claro, de Almada Negreiros, e a 2º edição das Canções de António Botto. Dirige em 1924 Athena. Revista de Arte mensal, que chega aos cinco números, e onde aparece pela primeira vez a poesia dos dois outros heterónimos maiores, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Em 1926, um ano depois da morte da mãe, publica «O Menino da sua Mãe» na revista modernista Contemporânea. Bernardo Soares aparece pela primeira vez publicamente em 1929, e, pelo menos no seu desenho de personagem, é uma espécie

de

resultado

literário

da

experiência

de

correspondente comercial de Pessoa, usando um registo que aproxima o seu Livro do Desassossego de uma espécie de diário, o de um homem só entregue à deambulação lisboeta e ao devaneio lírico. Nesse mesmo ano, reacende-se o amor e a correspondência com Ofélia Queirós, ao longo de quatro meses.

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O seu único livro de poemas em português, Mensagem, sai a 1 de dezembro de 1934, e ganha um dos prémios nacionais instituídos por António Ferro. Em Janeiro de 1935 envia a Adolfo Casais Monteiro a célebre e já citada carta sobre a génese dos heterónimos. Aí fixa, além dos detalhes do mítico «dia triunfal» em que os heterónimos aparecem todos de seguida, a encenação daquilo a que chama o «drama em gente», e que virá organizar devidamente as relações que as personagens de poetas estabelecem entre si – e se estabelecem entre as suas obras. Assim, Alberto Caeiro surge como o Mestre, aquele que traz a verdade – a verdade da sensação. Os outros dois são os seus discípulos, um de educação clássica estrita e outro de educação moderna científica: Ricardo Reis e Álvaro de Campos. O próprio Fernando Pessoa afirma considerar-se discípulo de Alberto Caeiro, acedendo então a um convívio quotidiano com os heterónimos num universo alternativo, e, dentre todos, estabelecendo uma relação privilegiada com Álvaro de Campos, seu verdadeiro alter ego. Outro membro do clã imaginário é Bernardo Soares, um semi-heterónimo por não ser inteiramente um outro como cada um dos outros é. E, é claro, a heteronímia é uma máquina de fantasias complexa e variada, tecido de relações e de contradições à volta de certos temas centrais, o sentir e o pensar, o ver e o imaginar, o saber

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e o sonhar, o poder criador das palavras e a verdade como contradição essencial. No dia 29 de novembro de 1935, Pessoa é internado no Hospital de São Luís dos Franceses. Morre no dia seguinte. A sua obra começa a ser publicada sistematicamente, em livro, só a partir de 1942, e a primeira versão do Livro do Desassossego apenas chega a sair em 1982. Assim atravessa todo o século XX, de que fica a ser um dos nomes maiores. Fernando Cabral Martins, «Fernando Pessoa», Centro Virtual Camões, http://cvc.instituto-camões.pt/bases-temáticas/figuras-da-culturaportuguesa/1408-fernando-pessoa.html,consultado a 6 de julho de 2011 (com supressões e adaptações).

Cit por PINTO, Alexandre, MIRANDA, Carlota, NUNES, Patrícia, In Português 12. p. 18-24

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CRONOLOGIA DA VIDA DE FERNANDO PESSOA 1888 No dia 13 de junho, às 15h20m, nasce Fernando António Nogueira Pessoa, no Largo de São Carlos, nº 4, 4ºandar, em Lisboa, filho de Maria Madalena Pinheiro Nogueira, originária dos Açores, e de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, funcionário do Ministério da Justiça e crítico musical. Com a família vivem a avó Dionísia, doente mental e duas criadas. 1893 Nasce o seu irmão Jorge. Falece o seu pai, com 43 anos de idade, vítima de tuberculose. A mãe leiloa parte da sua mobília e vai viver com os filhos para uma casa mais modesta. 1894 Morre o irmão Jorge e o escritor cria o seu primeiro heterónimo. Chevalier de Pas. Sua mãe conhece o Comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Futuro padrasto de Fernando Pessoa. 1895 O poeta escreve a sua primeira poesia, uma quadra intitulada «À minha querida mamã». O Comandante João Miguel Rosa parte para a África do Sul e a mãe de Pessoa casa-se por procuração. 1896 Em Janeiro, mãe e filho partem na companhia de um tio para Durban onde se encontra o cônsul João Miguel Rosa. Em Novembro, nasce Henriqueta Madalena, primeira filha do segundo casamento de D. Maria Madalena. 1897 O poeta faz a instrução primária e a primeira comunhão no convento de freiras irlandesas West Sreet. 1898 Nasce a irmã Madalena Henriqueta. 1899 Estuda na Durban High School durante três anos. Contacta com a literatura inglesa e cria o heterónimo Alexander Search 1900 Nasce Luís Miguel, terceiro filho do casal Miguel Rosa. 1901 É aprovado com distinção no exame nacional que põe fim ao seu primeiro ciclo de estudos e começa a escrever os seus primeiros poemas em inglês. Morre a irmã Madalena Henriqueta. A família vem a Portugal de férias. 1902 Nasce o irmão João Maria em Lisboa. A família regressa a Durban, mas Fernando Pessoa fica em Portugal, partindo, mais tarde, sozinho. Chegado à África do Sul, matricula-se na Commercial School.

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1903 Faz as provas de exame organizadas pela Universidade do Cabo, «Matriculation Examination». Obtém algumas classificações fracas, contudo ganha o Prémio Rainha Vitória pelo melhor ensaio em inglês. 1904 Volta a High School onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário para preparar as provas do «Intermediate» onde obteve as melhores notas da Colônia do Natal, o que lhe permitiria ganhar uma bolsa para estudar numa Universidade em Inglaterra. Todavia, essa bolsa foi atribuída a um inglês (apesar deste figurar no segundo lugar na lista dos admitidos). Vai aprofundando os seus conhecimentos de literatura clássica e inglesa. Nasce outra irmã, Maria Clara. 1905 Talvez desiludido, regressa definitivamente à Pátria, sozinho. Vai viver primeiro com a tia Maria da Cunha e, depois, com a tia Anica. Escreve poesia em inglês e lê poetas como Baudelaire e Cesário Verde. 1906 Matricula-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A mãe e o padrasto vêm de férias à capital e Fernando Pessoa vai viver com eles. Morre a irmã Maria Clara. 1907 Após o regresso da família a Durban , passa a viver com a avó Dionísia e com as duas tias. Abandona o Curso Superior de Letras e, com a herança que recebe por morte da avó, Dionísia, vai a Portalegre comprar material para instalar uma tipografia em Lisboa com a designação de Empresa Ibis - Tipografia Editora que não soube gerir, tendo de renunciar ao seu projeto e de procurar outra atividade para substituir. 1908 Começa a trabalhar como correspondente estrangeiro para empresas comerciais. 1910 Escreve poesia e prosa em português, inglês e francês. É fundada, no Porto, a revista A Águia. 1911 Traduz para português uma Antologia de Autores Universais, a pedido de um editor inglês. 1912 Nasce o Movimento da Renascença Portuguesa. Pessoa escreve, em A Águia, artigos e um ensaio sobre a nova poesia portuguesa. Mário de Sá Carneiro, seu amigo, parte para Paris e inicia-se a correspondência entre os dois.

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1913 Época de intensa atividade literária do autor. Constitui-se o 1º núcleo Modernista Português no qual se evidenciam Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros. 1914 Surgem os seus três principais heterónimos, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Muda de casa com a tia Anica. O grupo que irá fundar o Orpheu encontrase na cervejaria Jansen, à rua Victor Cordon. 1915 A tia Anica parte para a Suiça. Em Março, sai o primeiro número de Orpheu onde Pessoa é um importante colaborador. Em Junho sai o 2º número, sendo diretor Fernando Pessoa. Por falta de verba, o 3º número não é publicado. No final deste ano, sua mãe adoece com uma apoplexia. 1916 O escritor pensa estabelecer-se como astrólogo. Sá-Carneiro envia-lhe uma carta de Paris solicitando que lhe arranje ajuda monetária. Pessoa envia-lhe algum dinheiro, no entanto o amigo acaba por se suicidar no hotel de Nice, no dia 26 de Abril. O poeta, em carta escrita à tia Anica, afirma ter sentido mediunicamente a crise por que passava Sá-Carneiro. Nesta época Pessoa muda frequentemente de habitação, vivendo em quartos alugados. 1918 Morrem os seus amigos Santa-Rita Pintor e Amadeu de Sousa-Cardoso. 1920 O poeta conhece Ophelia Queiroz. Inicia-se o namoro e troca de cartas entre ambos. Por morte de seu padrasto em Pretória, a mãe e os três irmãos regressam a Lisboa. Pessoa vai viver com eles. Está então a viver uma grave crise psíquica. Interrompe o namoro com Ophélia. 1921 Funda a Editora Olisipo onde publica poemas em inglês. 1924 Sai o 1º número da revista Athena, dirigida pelo poeta e pelo pintor Ruy Vaz. 1925 Finda a publicação da revista Athena. Morte de D. Maria Madalena, mãe do autor. 1926 Tem início a publicação da Revista de Comércio e Contabilidade que Pessoa dirige com o seu cunhado e na qual colabora com vários artigos. 1927 Sai o primeiro número da revista Presença para a qual o autor escreve. 1929 Fernando e Ophélia reatam o namoro.

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1930 O autor inicia correspondência com Aleister Crowley,. Este mago inglês vem visita-lo a Lisboa. 1931 Pessoa e Ophélia rompem definitivamente.

ALVES, Filomena, MOURA, Graça , In Página Seguinte. p. 22-23

1932 Concorre para o lugar de conservador-bibliotecário no Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães, em Cascais, porém o lugar vem a ser ocupado pelo pintor Carlos Bonvalot. 1933 Enfrenta uma grave crise de neurastenia, apesar disso, dedica-se, com grande criatividade, à produção literária de Fernando Pessoa ortónimo. 1934 Publica a Mensagem, sendo-lhe atribuído o segundo prémio do Concurso «Antero de Quental». 1935 Escreve uma extensa carta a Adolfo Casais Monteiro, explicando a génese dos heterónimos. Adoece com uma grave crise hepática e no dia 29 de Novembro é internado no hospital de S. Luís dos Franceses. Falece no dia 30. É sepultado no dia 2 de Dezembro no cemitério dos Prazeres. 1988 No centenário do seu nascimento, os restos mortais do notável poeta são transladados para o Mosteiro dos Jerónimos.

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1.3 Contexto social e político O tempo da vida de Fernando Pessoa (1888-1935) veio a coincidir, quase ano por ano, com aquele arco histórico de meio século que levou a sociedade portuguesa desde as primeiras crises do liberalismo oitocentista até à consolidação de uma ditadura de extrema-direita, em muitos aspetos semelhante aos regimes autoritários que prevaleceram no período de Entre-Guerras em numerosos países europeus. Ora, dificilmente poderia aquela evolução política deixar de ter sido acompanhada, senão precedida, por transformações sociais e económicas bastante profundas. Todavia, ao enquadrar e denotar politicamente tais transformações, estou não só a sublinhar voluntariamente o facto de elas terem assumido, ao longo do período, a forma de uma acesa e prolongada crise política, marcada por sucessivas ruturas de regime, como ainda a indicar o modo como o próprio Pessoa viveu a crise, nela participando à sua maneira, de molde a estreitar o laço entre o político e o cultural. Com

efeito,

convém

desde

assinalar

que,

independentemente da originalidade da sua intervenção e da genialidade da sua obra literária, Fernando Pessoa não foi, politicamente, portugueses

diferente nem

da

maioria

particularmente

dos

original

intelectuais quanto

às 16


obsessões da época. Além dos paradoxos que cultivou tão deliberada como brilhantemente, nem por isso deixa de sobressair, na sua visão de Portugal, a dupla perspetiva do nacionalismo redentor, inicialmente associado ao Partido Republicano, e do elitismo conservador, por seu turno associado aos movimentos autoritários cada vez mais numerosos após o advento da República em 1910. É sabido como ambas as vertentes vieram a convergir, não sem que Pessoa para isso tenha contribuído com a sua quota-parte, na ditadura militar que pôs termo ao regime liberal em 1926. A consecutiva tomada do poder por Salazar conduziria, finalmente, à institucionalização do Estado Novo Corporativo no início da década de 30, a tempo ainda de Pessoa se distanciar do rumo que a ditadura tomara. Dito isto, não deixa de ser legítimo argumentar, do ponto de vista histórico, que o modernismo português, com Fernando Pessoa no seu centro, surge, em plena crise da intervenção na Primeira Guerra mundial (1915), a culminar um processo de aceleração crescente da vida cultural e artística do País, homólogo de um processo paralelo de modernização social e económica. Parece-me

haver,

efetivamente,

uma

interação

indiscutível entre o caráter altamente problemático e conflitual da evolução social do País – sobretudo a partir do momento em

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que, na década de 1880, a industrialização e a urbanização, conquanto tardias e tímidas, vieram romper os equilíbrios tradicionais no seio das elites dirigentes e, o que é mais significativo ainda, entre elas e novas camadas sociais emergentes, como o proletariado e, em especial, essa «classe média» de que Pessoa, lucidamente como sempre, se reclamava -, parece-me haver, dizia eu, uma interação constante entre a evolução social descrita e aquilo a que chamei a aceleração – isto é, a atualização formal e temática – da vida cultural portuguesa de fins de Oitocentos e princípios de Novecentos. Quanto mais não fosse sob a forma, como acima se dizia, da crise política ininterrupta desencadeada pelo Ultimato britânico de Janeiro de 1890 e a revolta republicana de um ano mais tarde, aos quais se sucederam a bancarrota do Estado e a inversão da orientação tradicional da economia portuguesa sinalizada pela adoção da pauta aduaneira protecionista de 1892. Pode dizer-se que, desde a crise de 1890-1892, a sociedade portuguesa não conheceu descanso, havendo-se tornado um campo experimental da agonia do Liberalismo – oligárquico e caciquista, mas efetivo – penosamente instaurado em meados do século XIX. O vanguardismo modernista e futurista irrompe, assim, simultaneamente como expressão

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paroxística do «crepúsculo do Estado liberal», e como antecipação de uma recomposição social e cultural que, para Pessoa e os seus companheiros do Orpheu, terá sem dúvida sido mais bem interpretada pela breve ditadura carismática de Sidónio Pais (1917-1918) do que pelo autoritarismo reacionário e burocrático de Salazar. É

exato,

em

contrapartida,

que

o

exacerbado

nacionalismo do modernismo português – e de Pessoa em particular – contém uma componente decadentista que, tanto do ponto de vista estilístico como temático, denota o real atraso – e o correspondente sentimento de frustração – da sociedade portuguesa relativamente aos nacionalismos triunfantes, quando não agressivos, dos países mais poderosos. É sintomático, neste contexto, o caráter essencialmente passadista, para não dizer regressivo, do imperialismo português, o qual, apesar de cobrir ainda territórios vastíssimos, se encontrava numa posição ameaçada desde a «Partilha de África» e, sobretudo, desde a humilhação do Ultimato de 1890, de que tantos ecos se podem escutar na obra de Pessoa. Também a este nível se articulam claramente a história social, económica e política, por um lado, e a história cultural, por outro. Tão-pouco se entenderiam algumas das manifestações do movimento modernista, por mais esteticamente sublimadas

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que tenham sido, se não tivéssemos presente a concreta evolução social e económica do País nas primeiras décadas do século XX. Nomeadamente, o advento do movimento operário e o desencadeamento da conflitualidade social moderna, que a implantação da República apenas veio agudizar, não só sobredeterminaram a crescente instabilidade política e as repetidas tentativas autoritárias, como se projetaram, por assim dizer negativamente, no imaginário modernista. Além de toda a heteronímia, tanto Caeiro-o-rural como Campos-ocosmopolita ou Reis-o-de-parte-alguma comungam do mesmo imaginário unitariamente antissocial. Não convém esquecer, porém, que é efetivamente moderna, no contexto da época, a insistente e por vezes violenta rejeição, por parte da vanguarda estética, da moral humanitária e do ideário social que animavam não só os vários setores do movimento operário, como até muitos segmentos da classe dirigente republicana e liberal. Do mesmo modo, era profundamente moderna a adesão de Pessoa e alguns dos seus amigos àquilo a que se chamava, na altura, o industrialismo e o comercialismo, enquanto valores em total contraste com o Portugal tradicional hipostasiado pela Direita radical, particularmente o Integralismo Lusitano de inspiração maurrassiana. Aqui, Campos-o-do-volante é evidentemente paradigmático.

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Nem tradicionalistas nem progressistas, os modernistas portugueses projetaram, durante um momento breve mas crítico, uma luz original sobre as tendências contraditórias que percorriam uma sociedade cujas estruturas económicas e sociais, ao transformarem-se, levantavam mais contradições e dificuldades do que elas próprias tinham, provavelmente, recursos para superar. Minoritários como foram, a exemplo aliás de outros grupos intelectuais da época, os modernistas puderam no entanto pôr em destaque, por vezes de forma bastante direta, as tensões profundas – e, por isso mesmo, dinâmicas – que agitavam a sociedade portuguesa do seu tempo.

1.4 Orpheu

A designação «Orpheu», remetendo para mito fulcral da vivência do poético, questionado e experimentado nas suas mais misteriosas dimensões, abarca tanto a emblemática Revista Trimestral de Literatura, de cujo título herda o nome e da qual apenas saíram dois números em 1915 (26 de março e 28 de Junho, respetivamente) e um terceiro, se bem que incompleto, em 1984, apesar de ter sido anunciado para 1916 e

posteriormente

1917,

quanto

«os

de

Orpheu»,

o 21


agrupamento (e não grupo) formado pelos colaboradores diretos (Luís de Montalvor, Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Almada, Alfredo Guisado, Armando Cortes-Rodrigues, Ângelo de Lima, Raul Leal, Santa-Rita Pintor, Amadeu de Sousa Cardoso), aqueles que a ela estiveram ligados «sem contudo estarem presentes nas páginas da revista» (António Ferro, Camilo Pessanha, Ponce de Leão, Vitoriano Braga), e as personalidades públicas «que depois de Orpheu escreveram à Orpheu» (Mário Saa, Numa de Figueiredo). A

resultante

destes

fatores,

«breve

conluio

de

circunstâncias felizes» (cf. C. Martins), origina uma geração apostada no «novo», no moderno, visando cultivar uma «arte todas as Artes» (cf. F. Pessoa) dando especial relevo à relação literatura-artes plásticas, sem, no entanto, possuir um programa no sentido estrito nem arvorar um manifesto como tal assumido. Em sintonia com a vanguarda europeia procurase uma afirmativa prática artística «cosmopolita no tempo e no espaço» (F P.). A releitura crítica da tradição e dos movimentos literários vigentes (decadentismo, simbolismo e saudosismo) é suportada por uma subversão paródica (cf. F. Guimarães) e irónica através da qual se instaura uma rutura aberta face aos cânones instituídos, postulando-se o primado da poesia, a autenticidade da busca experimentalizante, a originalidade e a liberdade criativas.

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Orpheu revista afigura-se como a face visível de um conjunto de procedimentos transformados «em radical experiência literária e humana» (A. Saraiva), marca plena do eclodir de um modo tornando paradigmático, erigindo-se em «revista signo de um movimento sinédoque do modernismo» (C. Martins). «Balão de ensaio de múltiplas experiências poéticas novas» (C. C. Rocha), atesta uma estética plural e, por vezes, eclética onde se combinam processos de escrita em continuidade com a estética finissecular (cf. Números 1 e 3 da revista) com outros reivindicadores do exercício «da fratura enquanto se pratica o retrato da rutura» (F. F. Morna): Paulismo,

Intersecionismo,

Sensacionismo,

Futurismo,

Simultaneísmo. Fruto, em grande parte, do diálogo criativo levado a cabo por Fernando Pessoa e Sá-Carneiro, os verdadeiros mentores, no âmbito do literário, do projeto destinado a concretizar uma «arte avançada» da qual faziam parte as planeadas, mas nunca editadas, revistas Esfinge (1913), Lusitânia (1914) e Europa (1914, Orpheu sabia-se viragem e proclamava-se diferente porque «soma-síntese de todos os movimentos literários modernos» (Fernando Pessoa). A publicação veicula marcas de escrita moderna, como o explorar da visualidade e da materialidade verbal, a encenação desnudante do trabalho poético e do seu agente pela via da

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fragmentação do todo e da desintegração, engendrando uma experimentação incessante, que visa alargar a prática do literário, expandindo-lhe os limites e quebrando as limitações preestabelecidas por convenções adotadas e aceites. A abertura formal inerente a tais procedimentos converte Orpheu em entidade nitidamente processual e como tal «extinta e inextinguível». A

dimensão

provocatória

«teatral»

de

algumas

manifestações públicas gera, pela receção-reação da imprensa (artigos, notas, pastichos e paródias de textos em «estilo paúlico»), aliada a certas conotações políticas, o escândalo, conferindo à revista um efeito de choque «vanguardista» pela face interveniente e agressiva, ou como tal encarada. Orpheu 1, cuja direção é publicamente constituída por Ronald de Carvalho e Luís de Montalvor, autor do texto introdutório, salientando o papel comunicacional e gnóstico da poesia, evidencia uma postura pós-simbolista, aliás maioritária nos textos da publicação, com a exceção dos de Fernando Pessoa, Sá-Carneiro e Almada, nos quais se patenteiam pequenos sinais de rutura constitutivos do Paulismo: libertação da imagem e a violação da sintaxe. Desde logo os poetas de Orpheu foram designados pejorativamente pela imprensa como paúlicos.

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Orpheu 2, o número mais «avançado» em termos de experimentação de escrita, da responsabilidade assumida de Pessoa e Sá-Carneiro, corporiza o Intersecionismo, «corrente», «ismo», que ascende ao moderno pelo «excesso» e pela subversão operada no interior dos sistemas vigentes, atingindo-se um grau de complexificação expressiva e elaboração formal mais alto que o «ismo» anterior por «ampliação» e construção «poligonal», ligando-se assim ao Futurismo e à vanguarda.

Manuel Villaverde Cabral, «Fernando Pessoa na sociedade do seu tempo», in Eduardo Lourenço e A. Braz de Oliveira (coords.), Fernando Pessoa no Seu Tempo, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1988.

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1.5 Modernismo

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2. A Mensagem 2.1 A génese Na obra Mensagem, poema simbólico e mítico, de linguagem épico-lírica, o poeta descobre a essência da Pátria, desde a sua formação até à atualidade, sua contemporânea. Segundo Pessoa, Portugal teria um desígnio divino a cumprir, orientar espiritual e culturalmente as outras nações do mundo, concretizando, assim, o Quinto Império. Depois das Glórias do passado, Fernando Pessoa afirma que Portugal tem uma missão mais ousada, mais nobre, mais sublime: conduzir os povos nas dimensões espiritual (busca de novos valores – Amor, Fé, Patriotismo) e cultural (difusão das múltiplas manifestações da arte – Literatura, Poesia e outras) Mensagem foi a única obra publicada durante a vida de Fernando Pessoa (1934).

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2.2 O título

Primeiramente, Fernando Pessoa intitulou a sua obra de Portugal. Todavia, por sugestão do seu amigo Cunha Dias (que considerava esse título uma forma propagandística para a situação política da época), esse vocábulo foi substituído por Mensagem. A palavra remete para a Antiguidade Clássica, mais precisamente para a explicação que Anquises deu a seu filho Eneias sobre o sistema do Universo: «Mens aglifat molj em» que significa «o espírito move a massa». Assim, pode concluir-se que o título, de profunda conotação simbólica, encerra já o carácter secreto e misterioso do ideal superior que norteou a sua conceção. A arquitetura lapidar do Poema a e sua linguagem hermética condensam-se num vocábulo simples, arauto de uma comunicação muito especial da parte do poeta que se considerou o «Super-Camões». ALVES, Filomena, MOURA, Graça , In Página Seguinte. p. 201-207

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2.3 Linguagem e estilo

A linguagem é lapidar, também carregada de simbolismo e, por vezes, arcaizante. Corresponde este aspeto à vontade do autor de intemporalizar conceitos que convergem para o ideal absolutizado que deseja cumprir, assumindo-se como um Super Poeta, um Supra Camões. O lirismo revela a emoção do poeta, perante a grandiosidade da Pátria, representada na excelência dos seus heróis bélicos, na audácia dos seus nautas, no idealismo dos seus profetas. Os elementos épicos presentificam um «épico sulgeneris», voz de incitamento aos portugueses para devolverem à Pátria a sua glória passada, numa sublimação futura. «Na Mensagem as palavras denunciam uma inteligência que não adere “às verdades” da fé messiânica o mito chama-se objectivamente mito, a lenda; à febre de grandeza que despreza os limites dá-se o nome de loucura. Mais ainda: a madrugada do Quinto Império é irreal. D. Sebastião é revocado da nãoexistência (“do fundo de não seres”). O poeta, dormindo, ouve uma voz misteriosa: “Mas, se vamos dispertando, / Cala a voz, e há só o mar”. A linguagem abstrata, laconicamente afirmativa, como as palavras ambíguas das pitonisas, comprime o pensamento como se o gravasse em inscrições lapidares. 29


(…) Assim, em versos de densidade poética e sugestão rítmica insuperáveis. Fernando Pessoa, comunicando-se, foi também o intérprete comovido da História Nacional.» Jacinto Do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa (texto com supressões). 7º ed. Editorial Verbo

2.4 Frases e expressões latinas

Ao iniciar a Mensagem com a citação latina Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis signum ( Bendito Nosso Senhor que nos deu sinal), o autor revela acreditar que lhe foi superiormente confiada a missão de ser o intermediário entre o divino e a ação da Pátria. Em toda a obra está patente o amor à Pátria. O poeta incumbido de uma missão patriótica eleva Portugal a uma nova glória, desejando libertá-lo da mediocridade e apatia em que estava mergulhado. Missão, talvez demasiado difícil e grandiosa, em que o autor solenemente se empenhou. As expressões latinas que, de modo lapidar, se interligam com cada parte, em particular, associam-se semanticamente à interiorização lírica do canto épico do passado da Pátria, amplificado numa dimensão terrena e profética.

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A primeira parte, Brasão, celebra os heróis, os construtores da Pátria, os escolhidos por Deus para a estruturarem nos limites geográfico-político e religioso, através da espada abençoada. Nesta perspetiva, Pessoa apresenta-se como o escolhido para assumir Bellum sine bello (Guerra sem guerra), isto é, o poeta que escreve os feitos gloriosos do passado para redimensionar Portugal numa outra missão, esta de carácter espiritual e cultural. Na segunda parte, Mar Português, com a expressão Possessio maris (Domínio do mar), o «lírico sui-generis» (movido por esse mesmo ideal), evoca a expansão marítima, a conquista do húmido elemento pelos navegadores que sublimaram

a

Pátria,

engrandecimento

marcado

pelo

sofrimento e lágrimas. Na terceira parte, O Encoberto, a expressão latina Pax in excelsis (Paz nas alturas) configura-se semanticamente como um final de ciclo, recomeço de outro, de natureza sublime e etérea. Apesar da decadência e morte da pátria, prenuncia-se a sua ressurreição pela voz dos visionários, arautos do sebastianismo profético que viria a concretizar um ideal absolutizado, o do Quinto Império, originário da vontade divina. Finalmente, a expressão Valete,Fratres (expressão de despedida entre membros de sociedades secretas) termina o 31


poema, representando simbolicamente o apelo otimista do poeta aos seus compatriotas.

2.5 A simbologia

Benedictus Dominus Deus noster Qui dedit nobis signum

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles. A primeira é a simpatia: não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja. A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi 32


erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está em baixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado. A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma: nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese: e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes. A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo. Fernando Pessoa

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MENSAGEM POEMAS - PERSONALIDADES - SIMBOLOS I.

Os Campos “O dos Castelos” “O das Quinas” Os Castelos

ESPAÇO DE VIDA E DE CONSOLIDAÇÃO DO REINO LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DE PORTUGAL COMO PREDESTINAÇÃO ALUSÃO ÀS CINCO CHAGAS DE CRISTO MENÇÃO DO SOFRIMENTO NECESSÁRIO PARA ATINGIR A GLÓRIA

“Ulisses”

SÍMBOLO DE PROTEÇÃO HERÓI MÍTICO FUNDADOR MÍTICO DE PORTUGAL

“Viriato”

FUNDADOR DA LUSITÂNIA SÍMBOLO DA LUTA PELA INDEPENDÊNCIA CHEFE MILITAR DOS LUSITANOS MORTO À TRAIÇÃO ENQUANTO DORMIA SERTÓRIO SUBSTITUIU -O NO COMANDO DOS LUSITANOS

“O Conde D. Henrique” “D. Tareja”

BRASÃO

ESPAÇO DA CRIAÇÃO HUMANA MÃE DE D . AFONSO HENRIQUES SÍMBOLO DA PROTEÇÃO MATERNA APELO PARA A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO FUTURO PARA PORTUGAL

“D. Afonso Henriques”

Segundo o brasão do Infante D. Henrique

FUNDADOR DO REINO DE PORTUGAL PRIMEIRO REI DA DINASTIA DE BORGONHA

(1ª. DINASTIA )

EXEMPLO DE FORÇA E CORAGEM )

“D. Dinis”

O POETA DA LÍRICA TROVADORESCA O POETA QUE SONHOU E LANÇOU A SEMENTE DOS DESCOBRIMENTOS : O PINHAL DE LEIRIA E A PREPARAÇÃO DA VIAGEM

”D. João o Primeiro”

PRIMEIRO REI DA 2ª . DINASTIA , A DINASTIA DE AVIS PAI DA “ÍNCLITA GERAÇÃO ” FOI UM INSTRUMENTO DA VONTADE DE DEUS

“ D. Filipa de Lencastre” As Quinas

CASADA COM D . JOÃO I MÃE DA “ÍNCLITA GERAÇÃO ” MÁRTIRES DA NAÇÃO LUTADORES E MÁRTIRES REFERÊNCIA ÀS CINCO CHAGAS DE CRISTO TRADUZ A CONSCIÊNCIA DO DESTINO DE PORTUGAL DAS CINCO PERSONALIDADES

“D. Duarte, Rei de Portugal”

REI DE PORTUGAL FILHO DE D . JOÃO E DE D . FILIPA DE LENCASTRE SIMBOLIZA A SUJEIÇÃO À VONTADE DE DEUS E O CUMPRIMENTO DO DEVER REPRESENTA AS DIFICULDADES , O SOFRIMENTO E A LUTA CONTRA AS ADVERSIDADES

“D. Fernando”

FILHO DE D .JOÃO I E DE D . FILIPA DE LENCASTRE INFANTE SANTO : CATIVO DOS MOUROS E MÁRTIR EM FEZ POR IMPEDIR O IRMÃO DE ENTREGAR CEUTA SIMBOLIZA A CAPACIDADE DE SUPORTAR OS TORMENTOS EM NOME DA FÉ

Coroa

SÍMBOLO DA REALEZA REPRESENTA A PERFEIÇÃO PELA FORMA CIRCULAR MARCA O ESTABELECIMENTO DE PORTUGAL COMO PAÍS INDEPENDENTE

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“Nuno Álvares Pereira”

CHEFE MILITAR , AUTOR DA TÉCNICA DO QUADRADO NA BATALHA DE ALJUBARROTA

O Timbre

SÍMBOLO DO PODER LEGÍTIMO

“O Infante D. Henrique”

HERÓI QUE CONJUGA O ESPÍRITO GUERREIRO E A SANTIDADE PRECE PARA QUE ILUMINE PORTUGAL NA DIREÇÃO DO QUINTO IMPÉRIO

CABEÇA DO GRIFO ( FERIDA ABERTA , NÃO CICATRIZADA ): SIMBOLIZA A IDEALIZAÇÃO A SABEDORIA FIGURA RESPONSÁVEL PELA CONCRETIZAÇÃO DOS DESCOBRIMENTOS

“D. João II”

ASA DO GRIFO : SIMBOLIZA A PREPARAÇÃO PARA A EXECUÇÃO DO SONHO IDEALIZADO REI DE PORTUGAL FIGURA FUNDAMENTAL NA CONCRETIZAÇÃO DAS DESCOBERTAS MARÍTIMAS

“D. Afonso de Albuquerque”

ASA DO GRIFO : SIMBOLIZA A AÇÃO , A CONCRETIZAÇÃO VICE REI DA ÍNDIA FIGURA FUNDAMENTAL NA CONCRETIZAÇÃO DO IMPÉRIO PORTUGUÊS DO ORIENTE

“Infante”

FRASE EMBLEMÁTICA DA OBRA “ DEUS QUER , O HOMEM SONHA , A OBRA NASCE ” O INFANTE D . HENRIQUE FOI ESCOLHIDO POR DEUS PARA CUMPRIR UMA MISSÃO REALIZOU -SE A CONQUISTA DO MAR , MAS FALTA CONCRETIZAR O SONHO DE UM IMPÉRIO ESPIRITUAL

“Horizonte”

EVOCAÇÃO DA ERA DAS DESCOBERTAS NECESSIDADE DE VENCER O MEDO APELO À CONSECUÇÃO DE UM SONHO E AO ULTRAPASSAR DOS OBSTÁCULOS PARA O ATINGIR REFERÊNCIA À RECOMPENSA DO ESFORÇO REALIZADO : A ILHA DOS AMORES

“Padrão ”

MONUMENTO DE PEDRA QUE OS PORTUGUESES ERGUIAM NAS TERRAS QUE IAM DESCOBRINDO E SIGNIFICAVA POSSE

MAR

SÍMBOLO DA CONQUISTA E MARCA DA CRISTANDADE

PORTUGUÊS

REFERÊNCIA A UM NOTÁVEL NAVEGADOR PORTUGUÊS : DIOGO CÃO

“O Mostrengo”

CORRESPONDE À FIGURA DO ADAMASTOR OPÕE -SE AO “HOMEM DO LEME ”, SÍMBOLO DE PORTUGAL E REPRESENTANTE DE UM POVO QUE ENFRENTA OS SEUS MEDOS E OS DERROTA

“Epitáfio de Bartolomeu Dias”

BARTOLOMEU DIAS FOI O PRIMEIRO HOMEM A DOBRAR O CABO DAS TORMENTAS ,

“Os Colombos”

COLOMBOS É UM NEOLOGISMO A PARTIR DO APELIDO DE CRISTOVÃO COLOMBO , UM

MAS , ANOS MAIS TARDE , MORRE NESSE LOCAL VÍTIMA DE UM NAUFRÁGIO EPITÁFIO É UMA INSCRIÇÃO TUMULAR

GENOVÊS QUE AO SERVIÇO DE ESPANHA , DESCOBRE A AMÉRICA SIMBOLIZA TODOS OS DESCOBRIDORES E TODAS AS TERRAS QUE OUTROS POVOS DESCOBRIRAM DEPOIS DE PORTUGAL TER “RASGADO O VÉU ” DO MAR

“Ocidente”

SIMBOLIZA A DESCOBERTA DO BRASIL DEUS QUIS E OS PORTUGUESES SONHARAM E CONCRETIZARAM O SEU SONHO A CONJUGAÇÃO DO ALTO

(“MÃO DO HOMEM ”) E DO DESTINO (“MÃO DE DEUS ”)

POSSIBILITA A CONCRETIZAÇÃO E O DESVENDAR DO DESCONHECIDO

“Fernão de Magalhães”

PERSONALIDADE QUE REALIZOU A PRIMEIRA VIAGEM DE CIRCUM -NAVEGAÇÃO (AO SERVIÇO DE ESPANHA ) A SUA ALMA OUSADA E AMBICIOSA NUNCA MORRERÁ

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“Ascensão de Vasco da Gama” “Mar Português ” “A última Nau”

“Prece”

SUBIDA DE VASCO DA GAMA AOS CÉUS ( SÍMBOLO DA PERFEIÇÃO )

O MAR É O REFLEXO DA VONTADE DIVINA ATINGIR UM OBJETIVO IMPLICA SOFRIMENTO NAU QUE LEVOU O SONHO QUE FICOU POR CUMPRIR SE DEUS PERMITIR E O HOMEM QUISER , D. SEBASTIÃO HÁ DE VOLTAR

ORAÇÃO PARA QUE A ESPERANÇA RESSURJA DESEJO PARA QUE O IMPÉRIO MATERIAL (“DO MAR ”) DÊ LUGAR AO IMPÉRIO

DELINDRO, Fernanda, PEREIRA, Mª. João In Preparar o Exame Nacional: Português 12. p. 187-190

ESPIRITUAL ( UMA OUTRA VIAGEM )

O

ENCOBERTO

Os Símbolos

OS CINCO GRANDES MITOS PORTUGUESES : O DE D. SEBASTIÃO, O DO QUINTO IMPÉRIO , O DO DESEJADO , O DAS ILHAS AFORTUNADAS E O DO ENCOBERTO

“D. Sebastião”

MANIFESTAÇÃO DA CRENÇA NO REGRESSO DE D . SEBASTIÃO E NO CUMPRIMENTO DA

“O Desejado”

GALAAZ É O CAVALEIRO DA TÁVOLA REDONDA QUE CONHECEU O SANTO GRAAL (SÍMBOLO DA PAZ E FELICIDADE DE TODOS OS POVOS )

SUA MISSÃO

O DESEJADO É O MENSAGEIRO DA NOVA ERA

“As Ilhas Afortunadas”

LOCAL ONDE SE ENCONTRA O DESEJADO QUE VIRÁ FUNDAR O QUINTO IMPÉRIO

“O Encoberto”

ALUSÃO À ORDEM ROSA -CRUZ QUE PRECONIZA A NECESSIDADE DA BUSCA DO

Os Avisos

AVISOS DOS PROFETAS DE PORTUGAL : BANDARRA , VIEIRA E PESSOA

“O Bandarra”

SAPATEIRO DO SÉCULO XVI , AUTOR DE TROVAS PROFÉTICAS SOBRE O FUTURO DE

CONHECIMENTO E A COOPERAÇÃO ENTRE AS PESSOAS

PORTUGAL AS SUAS TROVAS PROFETIZAVAM O REGRESSO DE D. SEBASTIÃO

“António Vieira”

ALUSÃO A PADRE ANTÓNIO VIEIRA COMO PROFETA DO ENCOBERTO TENDO COMO REFERÊNCIA A SUA OBRA INCOMPLETA HISTÓRIA DO FUTURO E A SUA MENÇÃO DO QUINTO IMPÉRIO

“Screvo o meu livro à beira mágoa” Os Tempos “Noite”

CRENÇA NA EXISTÊNCIA DE D. SEBASTIÃO ATENUA O SOFRIMENTO DO SUJEITO POÉTICO OS TEMPOS SÃO CINCO : O TEMPO DO NEVOEIRO , O TEMPO DO ENCOBERTO , O TEMPO DO REGRESSO OU DA HORA , O TEMPO DO QUINTO IMPÉRIO , O IMPÉRIO DO ESPÍRITO PORTUGAL PERDEU O PODER , PERDEU O RENOME , MAS NÃO PERDEU O NOME ( A ESSÊNCIA , A MARCA DISTINTIVA DA NOSSA IDENTIDADE )

“Tormenta”

PORTUGAL ESTÁ SUBMERSO NUM ABISMO

“Calma”

A CALMA HÁ DE VOLTAR E A VIAGEM PROSSEGUIRÁ NÃO NA DESCOBERTA DE TERRAS , MAS EM BUSCA DO AUTOCONHECIMENTO E DA REALIZAÇÃO

“Antemanhã”

ANÚNCIO DO AMANHÃ ENQUANTO INÍCIO DE UMA NOVA ERA

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2.6 Estrutura de um mito

Assim, a estrutura da Mensagem, sendo a de um mito, numa teoria cíclica, a das idades, transfigura e repete a história de uma pátria como o mito de um nascimento, vida e morte de um mundo, morte que será seguida de um renascimento. Desenvolvendo-a como uma idade completa, de sentido cósmico, e dando-lhe a forma simbólica tripartida – Brasão, Mar Português, O Encoberto – que se poderá traduzir como: os fundadores, ou o nascimento: a realização, ou a vida; o fim das energias latentes, ou a morte: essa que conterá em si, como gérmen, a próxima ressurreição, o novo ciclo que se anuncia – o Quinto Império. Assim, a terceira parte é toda ela um fim, uma desintegração; mas também toda ela cheia de avisos, prenche de pressentimentos, de forças latentes prestes a virem a Luz: depois da Noite, e Tormenta, vem a Calma e a Antemanhã; estes são os Tempos. Dalila L. Pereira Da Costa, O Exoterismo de Fernando Pessoa, Lello e Irmãos Editores

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2.7 Estrutura da obra

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O livro divide-se em três Partes ou três Épocas: Brasão, Mar Português e O Encoberto, correspondentes, em termos lusíadas, às Idades do Pai (os fundadores da nação portuguesa), do Filho (os que, recolhendo a herança, a dilataram pelos mares e continentes) e do Espírito (que ainda não veio, embora tenha sido anunciado, o Espírito encoberto, que espera o Desejado). Na Parte I, Brasão, retrato heráldico da pátria antiga, os Sete Castelos correspondem exatamente, embora transpostos para uma história lusíada sacralizada, às Sete Idades. A primeira [é a do] mítico Ulisses, a que se seguem Viriato, o Conde D. Henrique, D. Tareja e D. Afonso Henriques, ocupando D. Dinis o lugar da 6º Idade. Como em Fernão Lopes, a Sétima Idade Portuguesa é aberta por D. João, agora ladeado por Filipa de Lencastre. O primeiro é apresentado como Mestre, sem o saber, do Tempo / Que Portugal foi feito ser. E a segunda é vista como Princesa do Santo Graal / Humano ventre do Império / Madrinha de Portugal, assim instituindo o equilíbrio dos princípios masculino e feminino, paternal e maternal. Ulisses, Viriato, o Conde D. Henrique, D. Afonso Henriques, D. Tareja, D. Dinis e D. João I / D. Filipa seriam pois os castelos do brasão português em número fixado a partir da dinastia de Avis no brasão nacional. 39


Se os Castelos são 7, as Quinas ou as Chagas de um Portugal – Cristo, sacrificando-se a um destino glorioso, porque da Ordem divina, são 5 correspondendo a 5 mártires da pátria. O quinto é D. Sebastião, Rei de Portugal, sendo os anteriores o rei D. Duarte, O Infante Santo, D. Fernando, o Infante D. Pedro e o Infante D. João. Estranha, mas compreensível, é a designação de Nun´Álvares, afinal de contas Condestável do Reino, mas não Rei, como portador da coroa. É Nun´Álvares que coroa simbolicamente o fundador da dinastia de Avis, D. João I, com o qual se inicia a sétima idade do Mundo. [P]ara o poeta, a cabeça do Grifo, o Espírito, a Sabedoria, o sonho inspirado do Alto, é representado pelo Infante D. Henrique. O Infante não foi um conquistador, foi o Iniciador, o sonhador, o “ descobridor da ideia da descoberta”, a cabeça da Ordem de Cristo e da epopeia. Em contrapartida, as asas do grifo, isto é, os órgãos físicos, materiais que transportaram o sonho do plano celeste ao plano terrestre, que o asseguraram, são as figuras paradigmáticas da força, da potência e da vontade D. João II e Afonso de Albuquerque. O 7 com o 5 dá 12, exatamente o número de poemas da Segunda Parte ou Época, Mar Português.

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Toda a terceira parte, O Encoberto, se baseia no 5 e no 3. Cinco símbolos, revelando os cinco grandes mitos portugueses. Três são os Avisos (do Profetas de Portugal, o Bandarra, Vieira e Pessoa). E por último, cinco tempos, culminando com o Quinto, por aqueles profetas vaticinado, o tempo do Nevoeiro, o tempo do Encoberto, o tempo do Regresso ou da Hora, o tempo do Quinto Império, Império do Espírito como Espírito da Verdade. E no final o anúncio-mensagem: É a Hora! revela-nos como o poeta, mais do que evocar a poesia lusíada ou cantá-la em termos líricos-épicos, quis fazer ou refazer. Fazer ou refazer Portugal, como Portugal-Universo. CATARINO, Ana, et all, In Sentidos 12. p. 118, 119

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Partes II. Parte I III. BRASÃO Bellum Sine Bello (guerra sem guerra)

Parte II MAR PORTUGUÊS Possessio Maris (a posse do mar)

CATARINO, Ana et all, In Sentidos 12. p. 119

Parte III O ENCOBERTO

Pax In Excelsis

(paz nas alturas)

MENSAGEM – estrutura da obra Secções Poemas PRIMEIRO – “O DOS CASTELOS” I. Os Campos SEGUNDO – “O DAS QUINAS” PRIMEIRO – “ULISSES” II. Os Castelos SEGUNDO – “VIRIATO” TERCEIRO – “O CONDE D . HENRIQUE ” QUARTO – “ D. TAREJA” QUINTO – “ D. AFONSO HENRIQUES ” SEXTO – “ D. DINIS” SÉTIMO I – “ D. JOÃO O PRIMEIRO ” SÉTIMO II – “ D. FILIPA DE LENCASTRE ” PRIMEIRA – “D. DUARTE , REI DE PORTUGAL ” III. As Quinas SEGUNDA – “D. FERNANDO , INFANTE DE PORTUGAL ” TERCEIRA – “ D. PEDRO , REGENTE DE PORTUGAL ” QUARTA – “ D. JOÃO , INFANTE DE PORTUGAL ” QUINTA – “ D. SEBASTIÃO , REI DE PORTUGAL ” “NUNO ÁLVARES PEREIRA ” IV. A Coroa A CABEÇA DO GRIFO “ O INFANTE D . HENRIQUE ” V. O Timbre UMA ASA DO GRIFO “ D. JOÃO O SEGUNDO ” OUTRA ASA DO GRIFO “ AFONSO DE ALBUQUERQUE ” VII. “OCIDENTE ” I. “O INFANTE” II. “HORIZONTE ” VIII. “FERNÃO DE MAGALHÃES ” III. “ PADRÃO” IX. “ASCENÇÃO DE VASCO DA GAMA” IV. “ O MOSTRENGO ” X. MAR PORTUGUÊS V. “EPITÁFIO DE XI. “A ÚLTIMA NAU ” BARTOLOMEU DIAS ” VI. “ OS COLOMBOS” XII. “PRECE” PRIMEIRO – “D. SEBASTIÃO ” I. Os Símbolos SEGUNDO – “O QUINTO IMPÉRIO ” TERCEIRO – “O DESEJADO ” QUARTO – “ AS ILHAS AFORTUNADAS ” QUINTO – “ O ENCOBERTO ” PRIMEIRO – “O BANDARRA” II. Os Avisos SEGUNDO – “ANTÓNIO VIEIRA” TERCEIRO – [ESCREVO MEU LIVRO À BEIRA MÁGOA ] PRIMEIRO – “NOITE” III. Os Tempos SEGUNDO – “TORMENTA” TERCEIRO – “ CALMA” QUARTO – “ ANTEMANHÔ QUINTO – “ NEVOEIRO”

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BIBLIOGRAFIA Alves, Filomena, Moura (2015). Página Seguinte: 12ºano. Lisboa: Texto Editora. Catarino, Ana, et all. (2017) Sentidos: 12ºano. Lisboa: Leya. Pinto, Alexandre, Miranda, Carlota, Nunes, Patrícia (2017) Entre nós e as palavras: Português 12. Barcarena: Santillana.

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