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2. LEITURA DIALOGADA
As leituras diárias são fonte de desenvolvimento e ampliação da linguagem, para elaboração do pensamento e, consequentemente, para formação do comportamento leitor.
Esquematicamente, poderíamos conceber a relação entre pensamento e linguagem como dois círculos que se cruzam, mostrando que em uma parte desse processo os dois fenômenos coincidem, formando o chamado campo do “pensamento verbalizado”
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[...] (VYGOSTKY, 2001 p. 139)
Como sequência desse primeiro movimento de inserção ao universo desta leitura, a professora ou o professor poderá despertar a atenção da criança para a observação da ilustração da capa. É aconselhável que sejam feitos os registros das observações e expressões das crianças – considerar as diversas formas de expressão, marcadas por falas ou gestos; as intenções de fala marcadas pelo corpo e as subjetividades, as quais podem fazer a diferença nessa construção.
As cores fortes e traços bem marcados das ilustrações conduzem ao movimento que também podemos perceber no texto, seja por meio da poesia concreta, seja pelo conteúdo abordado nas múltiplas linguagens necessárias para o desenvolvimento integral da criança.
A temática do livro nos possibilita ampliar a abordagem, para dialogar com os saberes do corpo infantil como parte da natureza e do ambiente. Para tal, podemos usar os elementos explícitos na narrativa que remetem à natureza, gerando reflexões e despertando curiosidade sobre o meio em que vivemos.
Ao apresentar a capa, faça perguntas às crianças, tais como: que animal é esse da capa? Onde ele vive? Na terra? Na água? Em quais lugares da natureza podemos encontrá-lo? Nesse momento, pode-se convidar a criança que já conheça o animal a contar às demais algumas de suas características. Após essa aproximação, outros questionamentos são importantes para o conhecimento dos elementos da natureza e também para ampliar vocabulário e conhecimento de mundo.
É o que Morin (2002, p. 63) chama de quarto saber, o de ensinar a identidade terrena – compreendendo o futuro comum entre as espécies. Trata-se de uma prática que promove a reflexão sobre a relação entre os seres, independentemente das regiões do planeta, assim como suas particularidades. Trata-se de adquirir uma consciência planetária. Em um terceiro movimento, é possível levantar questionamentos acerca da cadeia alimentar e características físicas, tais como: do que será que ele se alimenta? Como ele se locomove? É possível, considerando as respostas e mediações, construir essa relação entre as características físicas do animal, o meio onde vive e a sua alimentação: um caracol conseguiria comer um passarinho?
Essa prática da leitura da capa do livro, tão rotineira em sala de aula, é importante, e a sugestão é que seja retomada ao fim do processo, para que as crianças comparem o que pensaram antes com as inferências realizadas no decorrer dessa leitura, adicionalmente ao diálogo acerca do que leram. Somente nesse movimento, de forma natural, já está implícito o trabalho com os tempos passado, presente e futuro e, filosoficamente, com o que éramos, somos e poderemos ser.
Essa comparação do pensamento inicial com o pensamento transformado, na socialização de informações e impressões entre as crianças, é importante para que desde muito cedo elas aprendam que, por meio da troca dos conhecimentos adquiridos e as dialéticas possíveis, os nossos pensamentos ganham corpo e estão em movimento, assim como o caminhar do caracol; assim como o caminhar pela vida; assim como o movimento proporcionado pela imagem desenhada pelas palavras, típico da poesia concreta. Percebe como o texto dialoga perfeitamente com a construção de saberes e com o desenvolvimento infantil?