CARTAS AO MAX: limiar afetivo da obra de Max Martins - Élida Lima

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Chegou-me às mãos este livro, todo “livrebuque”, grafado numa “escritaffemina” que revela dois poetas em diálogo, como se eles pudessem, amantados em uma brochura, con-versar na entrelinha de um conjunto de interseção e nos convidassem, ó gozo, a flanar, flautear, fruir, afinal, diante dos ditos e interditos de palavras que sinalizam sua “estranha potência” num alphabeto simbi(ótico).

de circuncisão que se desfaz das peles dos adjetivos e dos advérbios excessivos.

Meio palimpsesto, meio carta, cartografia, meio álbum-catálogo. Élida faz de seu talento investigativo algo criativo, criatividade que é levada, neste Cartas ao Max, às últimas consequências. Assim Ave, Max! Ave, Élida e sua escrita de estranha potência!

Limiar afetivo da obra de Max Martins

Cartas ao Max propõe uma leitura singular da obra de Max Martins, poeta paraense que representa uma renovação da literatura brasileira no século XX. A autora ilumina a obra de Max Martins por meio da criação de cartas que propiciam trocas filosóficas entre o poeta e pensadores contemporâneos. Cartas ao Max é um dos únicos títulos a reunir hoje a poesia de Max Martins e o estudo de sua obra.

Limiar afetivo da obra de Max Martins

Élida teve, neste empreendimento, a cobertura da academia, nem sempre disponível a ousar, e, juntamente com seu orientador, Peter Pál Pelbert, e seus arguidores, Luiz Orlandi, Rosane Preciosa e Noemi Jaffe, no mestrado de Psicologia Clínica da PUC-SP, assinalou seu nome entre os que tratam o “mag(r)o poeta” com o respeito (e desfaçatez?) devido. E respeitar Max não é deixá-lo nas catacumbas da academia, mas trazê-lo à tona, revolvê-lo em um estudo que é todo disfarce e verdade, verdade que Élida erigiu e construiu disfarçada (disfarce, de novo?) em cartas que sussurram ao leitor artifícios criativos.

Santa Maria de Belém do Grão Pará Paulo Nunes escritor, professor e pesquisador

SOBRE A AUTORA

Invisíveis Produções Invisíveis Produções

Élida Lima é paraense, escritora, poeta, ensaísta e publicitária. Bacharel em Comunicação pela UNAMA-PA (2005) e Mestre pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC-SP (2012). Também assina o livro de poesia Voados (2011), edição da autora. Cartas ao Max é o livro de estreia de Élida Lima na categoria de crítica literária.

Série Literatura

Limiar afetivo da obra de Max Martins

Primeiramente quero dizer de Élida Lima em seu de-cantado exercício, espécie de néctar, ela, então aluna na Comunicação Social da Universidade da Amazônia (antes de conhecer seus escritos, eu a via como uma infanta, no etimológico que a palavra propicia), ela com seu olhar em prontidão, sempre de caneta em punho, e aquele augusto escrito, arbusto, que me deixava, em lendo seu texto na folha de papel almaço, abandonar a caneta vermelha e subir na árvore e apanhar o fruto, como talvez o quisesse Barthes quando fala de prazeres advindos do texto.

Sem mais rodeios, me refiro a Élida e seu/nosso Cartas ao Max, livro corajosa e carinhosamente confessado, não raro, em primeira pessoa, recurso que é máscara de brinquedo, “personae”, em que a linguagem, se maltratada, cobrará, tenho certo, pedágios. Pois bem, Élida não se intimidou diante de sua tarefa. Ousada, corajosa, ela foi mexer em ninho de cabas (para o Sudeste do Brasil, “marimbondos” ou “vespas”) porque trouxe ao leitor destas Cartas... uma face (das muitas interfaces) diferente de Max Martins. E Max na Amazônia não é um poeta, mas “o” poeta (se não, que o confirme os que acaso tiverem em punho um de seus livros, catados num sebo qualquer, porque as editoras comerciais parecem não querer saber de nosso “homo ludens”), aquele que refundou a poesia e põe em estado de alerta todos aqueles que aqui na linha do Equador, depois dos anos 60, nos (intro)metemos a desafiar Apolo. Max é tão importante nas terras do grande rio que está na iminência de se transformar em mito verbicovisual, maestro mesmo no iniciar meninos-vate em poetas com seu verso que é lâmina


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