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O ESPAÇO COMO OBRA é uma reflexão a respeito dos processos de criação e impacto social das ações dos coletivos artísticos MICO, Contrafilé, Frente 3 de Fevereiro e Política do Impossível (de São Paulo) e GAC (de Buenos Aires), que começaram a atuar em meados dos anos 1990. O intuito é compreender como as intervenções urbanas resultam e geram, ao mesmo tempo, uma rede de afetos e significados e evidenciam a emergência de uma subjetividade política contemporânea que passa, necessariamente, por discutir e concretizar políticas de representação, relação, subjetivação e modos de vida alternativos aos impostos pelo neoliberalismo.
JOANA ZATZ MUSSI
Formada em Ciências Sociais e Jornalismo, fundou e integra os coletivos de arte Contrafilé e Política do Impossível. Doutoranda na FAU/USP, na linha de pesquisa Projeto, Espaço e Cultura, sob orientação de Vera M. Pallamin. Participou, junto ao Grupo Contrafilé, dentre outras exposições, da 31a Bienal de São Paulo (2014); If you See Something Say Something, Mori Gallery, Sydney, Australia (2007); La Normalidad/Ex-Argentina, Museu Palais de Glace, Buenos Aires, Argentina (2006) e Collective Creativity, Kunsthalle Fridericianum Museum, Kassel, Alemanha (2005).
Joana Zatz faz uma investigação ativa e participante de diversos trabalhos realizados pelos coletivos na qual as ações/intervenções são pensadas em seu poder disruptivo, ou seja, em sua capacidade de presentificar acontecimentos que de alguma forma desestabilizem representações sociais e sensações prévias.
Joana Zatz Mussi
11/14/14
o espaço como obra
CAPA 09:Layout 1 copy 2
o espaço como obra ações, coletivos artísticos e cidade
Joana Zatz Mussi
Conheci Joana Zatz quando ela era estudante de graduação e me entrevistou para escrever uma matéria sobre Arte Pública. Acompanhei de perto o nascimento do Grupo Contrafilé. No Mídia Tática Brasil, fiz o convite para o agrupamento que ainda não tinha nome. Num bar, perto da Casa das Rosas, vi o nome do grupo surgir quando escolhíamos o prato do cardápio: Contrafilé! Como parceiros, criamos o coletivo Política do Impossível. Nos auto-educamos, discutimos e concebemos diversas situações em torno da vida pública. Procuramos exaustivamente escapar ao modelo de vida dominante em São Paulo. Em toda esta trajetória, Joana sempre teve muito cuidado e atenção com a "escuta vazia". Olhar vivo às sutilezas do discurso e da vivência. Uma disposição ao desenvolvimento conceitual e teórico dentro das formações coletivas diversas. Uma garantia da sistematização do conhecimento produzido. Uma coleta constante “daquilo que transborda”. Não à toa O Espaço como Obra é minucioso resultado de um esforço persistente de pesquisa. O livro configura um lugar que tanto lutamos para consolidar: do conhecimento vivido, fruto da investigação-ação. É sobretudo uma pesquisa do corpo que se expressa também pelos conceitos, costurados com as “evidências” produzidas por diversos atores de uma geração. O Espaço como Obra é uma maneira de (re)conhecer nossa maneira de conhecer. Estamos a construir pequenas pontes, atalhos, entre as peças irregulares, para abrir passagens para novos mundos.
Daniel Lima
Editor e Artista Membro-fundador da Frente 3 Fevereiro e Política do Impossível