Brochura da 6ª Edição da Academia de Líderes Ubuntu

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- 6ª edição | 2019 -



“Tudo parece impossível até que seja feito.” Nelson Mandela



Cuidar. Ligar. Servir. Conclui-se mais um ciclo da Academia de Líderes Ubuntu e abrese uma etapa nova de compromisso com o serviço à comunidade. Durante um semestre, construímos uma visão partilhada sobre o mundo que queremos e tornámo-nos parte ativa na construção desse novo tempo. Assumimos a responsabilidade de cuidarmos uns dos outros, de sermos construtores de pontes a tempo inteiro e de descobrir sempre o ponto em cada margem do rio onde se pode construir a ligação com o outro lado e, finalmente, de nos colocarmos ao serviço onde for mais necessário. Juntos, interagindo e caminhando, fomo-nos inspirando em líderes de referência como Mandela ou Martin Luther King mas também em cada um/a de nós. No extraordinário e no comum, no distante e no perto, encontrámos, mesmo ao nosso lado, vidas cheias de histórias de esperança e de dor, de luz e de sombras, que nos mostraram o melhor da humanidade. Juntos percorremos as etapas propostas para viajar até dentro de nós, conhecendo melhor quem somos e, nesse caminho, ganhámos mais confiança em nós próprios. Não ignoramos as nossas fragilidades e desafios, mas não nos deixamos paralisar por elas. Juntos, descobrimos o segredo da resistência às adversidades e construímos a nossa capacidade de transformar obstáculos em oportunidades. Ficámos mais fortes e capazes de ir mais longe.

Guardemos esse tesouro, para que possa dar muito fruto.

Juntos, aprendemos a sentir com o outro, num exercício de empatia, de quem conhece a sua identidade, mas sabe que esta só se completa com as outras pessoas – “eu só sou pessoa através das outras pessoas”. Fizemos a experiencia de nos colocarmos no lugar do Outro. Finalmente, juntos, demos mais sentido ao serviço. Ao serviço que promove a dignidade humana ou a restaura quando esta se encontra ferida. Ao serviço que liberta e desenvolve. Ao serviço que descobre o verdadeiro rosto humano em cada pessoa. Ao serviço que transforma a alma e enche o coração. Ser Ubuntu é tudo isto. E tudo o mais que em nós ecoou neste tempo e neste caminho. Guardemos esse tesouro, para que possa dar muito fruto.

Rui Marques Diretor da Academia de Líderes Ubuntu


Fazer magia... Ubuntu é ser e fazer magia. A partir da profunda consciência da humanidade partilhada e construída na completude do outro, Ubuntu é reflexo de ser espelho, âncora e incentivo individual e para a comunidade. Fazer e ser parte da equipa da Academia de Líderes Ubuntu (ALU) é, indubitavelmente, uma experiência transformadora. Com a profunda convicção sobre o sentido e propósito deste papel e, humildemente conscientes do desafio proposto, assumimo-nos como marinheiros de primeira viagem nesta responsabilidade de cuidar do processo, mas também das pessoas (animadores e participantes) para que esta edição fosse tão impactante quanto todas aquelas até agora vividas. A partir da experiência de diferentes edições da Academia de Líderes Ubuntu (1º, 2º, 3º e 4º), somos resultado de um processo longo, maduro e sólido de consolidação do conceito e método Ubuntu à luz das experiências, estudo e impacto que a Academia tem vindo a criar, em cada pessoa e no conjunto do seu programa. A partir, por isso, dessas várias e ricas perspetivas e memórias, procuramos, conjugar os diferentes contributos e perfis, ouvir, responder, adaptar, reconhecer, valorizar e construir, a cada nova etapa. Ubuntu é um caminho e, como todos os caminhos é muito pessoal na forma como o encaramos e percorremos. A ALU é a bússola que nos guia. Por força das diferentes circunstâncias e contextos em que nos inserimos, a vivência do conceito Ubuntu tem sido diferente para cada um de nós coordenadores, o que quisemos, na construção desta 6ª edição da ALU, foi passar-vos esta multiplicidade da prática Ubuntu. A construção de cada seminário era um desafio. Se por um lado tínhamos o benefício da consolidação de um método que hoje é facilmente repli-

cável em todos os contextos e geografias, por outro tínhamos a consciência de estar na presença de um grupo com um potencial enorme. Desde a primeira hora ainda na fase da seleção pressentimos que os participantes eram muito especiais e logo no primeiro seminário sentimos que transpareciam o espírito e o entusiasmo Ubuntu. A paixão que temos por este projeto, e a constatação de ter um grupo tão recetivo e que tão bem assimilava o conceito, tornavam a gestão dos seminários mais difíceis. Muitas vezes caímos na tentação de planear demasiadas atividades para o tempo disponível e sentimos que vos sobrecarregamos, por isso desculpem, saibam que foi por vos saber tão capazes. Quisemos que a cada seminário sentissem o que é Ubuntu, quisemos que sentissem o amor onde se constrói este conceito, quisemos que vissem o brilho nos olhos de quem, como vós, já fez este caminho e, em cada seminário que partilhamos, recebemos de volta todo o amor e brilho investidos. Essa é a magia Ubuntu, estamos gratos por nos terem permitido o privilégio de vos guiar nestas primeiras etapas do vosso caminho Ubuntu, e sobretudo por nos terem guiado a nós. Gratidão é a palavra que nos enche o coração pois foi para nós um processo de aprendizagem com cada uma das vossas partilhas, de enriquecimento e de construção. Terminamos esta academia com a sensação de que somos seres humanos mais completos e preenchidos, e que sem vocês não teria sido possível tamanha realização. Esta edição termina e sentimos que não é um adeus mas sim um até já. Iremos encontrar -nos pois ser UBUNTU une cada um de nós de uma forma indescritível. Equipa coordenadora de animadores. Eugénia Quaresma, Patrícia Oliveira, Ruben Rocha, Sara Silva e Tânia Neves


O que é? A Academia de Líderes Ubuntu é um projeto de capacitação de jovens com elevado potencial de liderança, provenientes de contextos desafiantes ou com aptidão para aí trabalharem, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento do seu potencial, capacitando-os para a intervenção adequada e eficaz nesses mesmos contextos. A isto, acresce a capacitação de animadores e educadores com vista à disseminação da metodologia no país e no estrangeiro. A Academia de Líderes Ubuntu também marca presença no contexto escolar, trabalhando com jovens dos 13 aos 18 anos, do Ensino Básico ao Ensino Secundário.

Para quem? A Academia de Líderes Ubuntu destina-se a jovens dos 13 aos 35 anos, com elevado potencial de liderança, provenientes de contextos desafiantes ou com disponibilidade e interesse em trabalhar nos mesmos. A Formação de Animadores e educadores destina-se a todos os que, tendo já experiência em formação, pretendam desenvolver Academias de Líderes Ubuntu nos seus contextos.


Ubuntu e fundamentos da Academia de Líderes Ubuntu Esta palavra de origem sul-africana, condensa uma filosofia humanista, transversal e independente de qualquer país, cultura, religião ou afiliação política. Ubuntu significa “Eu sou porque tu és”, ou seja, eu só posso ser pessoa através das outras pessoas. O bem-estar e a felicidade individual estão intimamente ligados ao bem-estar e felicidade dos outros. Partindo do pressuposto de que as nossas vidas estão interligadas, que só nos tornamos completos na relação com o outro, ser Ubuntu é, como diz o bispo Desmond Tutu, ser inter-dependente. Ubuntu acredita e defende uma humanidade comum e interdependente.

Profundamente inspirada pela Filosofia Ubuntu, a Academia de Líderes, vai enraizar-se em três conceitos estruturantes: a Ética do Cuidado, a Construção de Pontes e a Liderança Servidora.


ÉTICA DO CUIDADO Poucos são os conceitos mais próximos do Ubuntu como o é a Ética do Cuidado. Vivemos no mundo da imersão digital, da velocidade e do efémero. A vida é, cada vez mais, mediada por máquinas e softwares que, crescentemente mais sofisticados, substituem, por vezes irreversivelmente, o que antes era feito por e com pessoas. Este caminho onde escasseia o rosto e presença humana, tem despertado uma maior necessidade de busca de um sentido e de um propósito para a vida de cada um. Na essência do “Eu Sou porque Tu És” está o cuidado, a atenção, a proteção, a relação, intrínsecos à essência do ser Humano. Cuidar de mim, cuidar do outro e cuidar do planeta leva ao sentido e ao propósito, tantas vezes enublado ou escondido por uma sociedade que se foi, em tantos aspetos, desumanizando. Ubuntu restaura este sentido de humanidade, colocando o foco na pessoa e as suas relações, ajudando a conectar-se com o que de mais profundo e humano cada um de nós guarda em si. Não é difícil perceber que a Ética do Cuidado seja um dos fundamentos basilares para este caminho Ubuntu.

CONSTRUÇÃO DE PONTES Num mundo cada vez mais fragmentado e tantas vezes extremado, onde o medo é tantas vezes o motor de decisões com consequências trágicas, urge criar uma cultura de pontes e capacitar um número crescente de construtores de pontes, pessoais, territoriais, geracionais, culturais, civilizacionais, que ajudem no caminho de um mundo mais coeso e solidário, mais digno e mais humano. A construção de pontes está intimamente ligada ao que de mais profundo a filosofia Ubuntu defende. A capacidade de se reconhecer interdependente é uma das características fundamentais para qual-

quer construtor de pontes. A certeza da necessidade do outro, de ligar margens nem sempre próximas e de se deixar transformar com essa ligação, é condição essencial para quem se quer transformar em pontífice, ou seja, aquele que constrói pontes. Pelo que foi dito fica claro que ser construtor de pontes é uma das características essenciais de um líder servidor. No entanto, porque esta é uma tarefa muitas vezes difícil e que envolve empenho e regras, na Academia de Líderes Ubuntu é dada especial atenção a este tema.

LIDERANÇA SERVIDORA Inspirada por Martin Luther King, a Academia de Líderes Ubuntu assenta na convicção de que todos podem ser líderes, porque todos, nas comunidades a que pertencem, podem servir. Liderança Servidora, focada no bem comum, procura gerar consensos e mobilizar a vontade coletiva, na procura de soluções para problemas concretos. Longe do conceito de liderança centrada num só indivíduo, na verticalidade hierárquica ou na lógica do poder centra-se, ao invés, na capacidade de uma pessoa, em registo relacional, interdependente e colaborativo, potenciar as capacidades dos outros em prol do bem comum. O autoconhecimento, a autoconfiança, a resiliência, a empatia e o serviço, são essenciais no percurso de crescimento de quem deseje ser líder servidor. O líder servidor é motivado por um desejo enraizado de querer fazer a diferença na vida dos outros e no mundo que o rodeia. É a partir desta premissa que trabalhamos a liderança, assumindo que é um caminho que implica um conjunto de competências que têm de ser desenvolvidas ao longo da vida. Na convicção de que as características de liderança se aprendem e se potenciam, a Academia de Líderes Ubuntu investe na capacitação de pessoas, com o objetivo de que cada um descubra quem é, que capacidades tem, quem quer servir e como quer servir.


UBUNTU e os 5 pilares O método proposto passa pelo aprofundamento do conhecimento de si e das suas capacidades e forças, através do autoconhecimento, da autoconfiança e da resiliência – os três primeiros passos – seguindo em direção ao outro, pela empatia e serviço – os dois últimos passos, numa dinâmica perpétua e circular, onde se volta sempre ao centro de cada um, para poder ir ao encontro do outro de forma renovada e melhorada.

AUTOCONHECIMENTO Mais do que uma autoanálise intelectual, o autoconhecimento implica o reconhecimento interno de dinâmicas psicológicas e afetivas, de paixões e motivações, de medos e sonhos. A experiência da Academia de Líderes Ubuntu diz que o primeiro passo para uma verdadeira transformação de vida envolve uma viagem interior: o conhecimento de si mesmo. Para ajudar nesta viagem são propostos momentos de reflexão individual, dinâmicas variadas e técnicas de storytelling, procurando facilitar a leitura e integração positiva da história de vida de cada participante, ajudando a ajustar a perceção que cada um tem de si próprio. Promove-se a consciência do eu presente, das transformações e crescimento pessoal, bem como a projeção do eu futuro, identificando

estratégias que permitam desenvolver o potencial individual de cada participante. A consciência realista das forças e fragilidades individuais é essencial, pois é aí que assenta qualquer processo de capacitação e liderança.

AUTOCONFIANÇA Uma das consequências positivas do autoconhecimento, conduzido mediante um olhar verdadeiro e humanizador, é o reconhecimento de forças e potencialidades individuais. A autoconfiança é aqui entendida como a convicção das capacidades individuais para atingir ou realizar um determinado objetivo. Com humildade, tomar consciência das características individuais e do seu valor intrínseco, para as colocar ao serviço da comunidade. Como


nos diz John Volmink, autoconfiança fala de foco e de coragem: foco no caminho que se quer trilhar e coragem para, apesar dos obstáculos, das críticas, das dificuldades, trilhá-lo. A autoconfiança é fortalecida na medida em que, dotado de estratégias, cada um se reconheça capaz de atingir os objetivos e metas a que se propõe, cumprindo o seu desígnio no serviço ao outro. Trabalha-se para que os participantes recusem narrativas de resignação e autovitimização, recordando-lhes que são autores da sua própria história - “Eu sou o senhor do meu destino, eu sou o capitão da minha alma” (William Ernest Henley – Invictus).

na sua singularidade, para se colocar no lugar do outro. Cada participante é convidado a desenvolver a competência de se descentrar, tornando-se mais capaz de compreender, escutar o outro, de sentir com o outro numa dinâmica de encontro e construção positiva. Neste sentido, é fundamental promover o encontro, aproximar realidades, desconstruir preconceitos e combater o individualismo. É através do encontro e da relação que a compreensão, a aceitação e o respeito surgem, mediante as diferentes formas de percecionar, ver e significar a realidade. Assim, pretende-se que cada um possa entender a essência Ubuntu, na medida em que nos tornamos mais humanos quando nos aproximamos e deixamos completar pelo outro. A empatia é “a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo” (Krznaric).

RESILIÊNCIA A superação de obstáculos é um desafio universal, diário e inevitável. A resiliência concretiza-se pela capacidade de transformar estas mesmas adversidades em oportunidades de crescimento. As dificuldades, sejam elas grandes ou pequenas, simples ou complexas, desafiam cada um a superar-se, vencer, perseverar e crescer. A capacidade de transformar obstáculos em oportunidades, de não se deixar vencer pelo desânimo ou pelo desespero, ultrapassando-os de forma saudável, construtiva e acompanhada, surge como dimensão central a potenciar durante o processo formativo da Academia. A resiliência permite olhar para os contratempos com a certeza de que, depois de ultrapassados, fortalecerão a capacidade de lutar pelos objetivos e sonhos que movem cada um. Assim, cada desafio ou dificuldade que se enfrenta com êxito fortalece a vontade, a confiança e a capacidade de vencer as adversidades futuras.

EMPATIA A empatia sintetiza a capacidade de ver e entender o mundo através do ponto de vista do outro. Implica estar disponível para reconhecer a outra pessoa

SERVIÇO O serviço é uma dimensão essencial e engloba uma forma concreta de ser e estar em relação. Ambiciona-se que cada participante Ubuntu, consciente da sua responsabilidade no mundo, possa adquirir as competências humanas e as ferramentas técnicas necessárias, para se tornar um líder servidor ativo na luta por um mundo melhor. Conhecendo-se a si próprio, confiando nos seus talentos, acreditando na sua capacidade de superar as adversidades e sentindo com o outro, cada participante encontra-se pronto a servir liderando, promovendo e restaurando a dignidade humana. O serviço é o ponto de partida, mas também de chegada de um processo de construção individual que é circular, crescente e sempre incompleto. Torno-me pessoa. Por último, a Academia de Líderes Ubuntu é um programa de educação não-formal que assume um modelo pedagógico centrado nos participantes, através de uma abordagem participativa e experiencial. Assente numa metodologia que é, na sua essência, profundamente relacional, a educação não formal está em total sintonia com os princípios da filosofia Ubuntu.


O Início Seminário I

1

Construir Pontes Seminário III

2

3

Liderar como Mandela Seminário II

Vidas Ubuntu Seminário V

4

5

Vencer Obstáculos Seminário IV

6

I Have a Dream Seminário VI


A 6ª Edição da Academia Seminário a Seminário Academia de Líderes Ubuntu


O Início


Seminário I O caminho da 6ª edição da Academia de Líderes Ubuntu (ALU) começou com a introdução à Filosofia e ao método Ubuntu através de vídeos, histórias e de um breve enquadramento histórico e com a apresentação de histórias dos grandes líderes inspiradores da Academia. Para introduzir o percurso histórico da ALU, contamos com o testemunho de Saibana Baldé, participante da primeira edição e um dos fundadores da Academia Ubuntu Guiné-Bissau. Este convidado partilhou a sua experiência na Academia e a contribuição dos participantes da primeira edição na co-construção das edições seguintes, bem como a história da internacionalização da ALU para o seu país de origem, que representou a primeira experiência de internacionalização da Academia de Líderes Ubuntu. Para a apresentação da história de Nelson Mandela, enquanto principal líder inspirador da ALU, foi proposta a visualização do “Goodbye Bafana”, um filme que retrata a vida deste líder sul africano durante o tempo difícil que passou na prisão e a relação que desenvolveu com o seu carcereiro. Neste primeiro seminário, em Alfragide, o trabalho de autoconhecimento e do conhecimento do grupo de participantes foi iniciado com as dinâmicas do Bingo Humano e do Speed Meeting, enquanto que a empatia e a importância do cuidado aos outros foram exploradas com a dinâmica dos balões. Sendo o personal storytelling e a partilha de histórias de vida de grande importância para o autoconhecimento e para a inspiração dos outros, os animadores foram convidados a partilhar as suas histórias de vida com os participantes no momento muito especial que constitui a Biblioteca Humana. Uma das novidades desta edição foi o desafio da construção do “Dado da Paz” tendo contado com Carlos Palma, empreendedor de origem uruguaia e fundador do projeto, para fazer a sua contextualização e lançar a dinâmica. Assim, em cada seminário, os “ubuntus” passaram a construir dados com mensagens em todas as faces a remeterem para gestos e ações que inspirem a paz. Um dos momentos mais marcantes deste seminário foi a entrega das t-shirts Ubuntu, sendo esta a primeira vez que os participantes da 6ª edição vestem a t-shirt 466/64.


Liderar como Mandela


Seminário II Este seminário, que teve lugar em Almada, serviu para trabalhar de uma forma aprofundada o conceito de liderança servidora na sua componente teórica e prática, inspirado no modelo de liderança do Nelson Mandela. Para trabalhar esta temática e aprofundar o conhecimento acerca do contexto histórico do Apartheid na África do Sul, visualizamos o filme “Invictus”. Ao filme, seguiram momentos de reflexão acerca das características de Mandela enquanto pessoa e enquanto líder servidor, bem como acerca dos perigos que resultam de situações de conflito e de ataques à dignidade humana. Assim, uma das dinâmicas foi a adaptação da dinâmica “Play your part” da fundação Nelson Mandela, para a realidade nacional, servindo para desafiar os participantes, divididos em pequenos grupos, a debater questões relacionadas com a discriminação e exclusão social. Ainda sobre a história de vida de Mandela e o seu modelo de liderança, contamos com o testemunho de António Mateus, jornalista português que entrevistou e acompanhou várias vezes este líder no período pós-apartheid. Dentro do conceito da liderança servidora utilizamos a dinâmica “Faz o que eu digo” para analisar a importância da liderança pelo exemplo e a necessidade da coerência entre o que um líder faz com o que diz. Outro momento inspirador deste fim de semana foi, mais uma vez, a Biblioteca Humana, em que os participantes inspiraram e foram inspirados, com a partilha e a escuta de histórias de vida. Na sequência deste seminário, os participantes levaram para casa mais um “dado da paz” para lhes servir de inspiração nas suas tarefas diárias de construção da paz.


Construir Pontes


Seminário III Este seminário foi inspirado na metáfora da construção de pontes. Em Aveiro, a cidade das pontes, partindo da análise do processo de construção de pontes físicas, trabalhámos a dinâmica e a importância da construção de pontes relacionais entre pessoas, povos e culturas. Sendo a construção de pontes uma das caraterísticas fundamentais de um líder servidor, foram utilizadas várias dinâmicas para capacitar os “ubuntus” a serem construtores de pontes. Assim, estes tiveram a oportunidade de conhecer as 7 regras do Pontífice e de visitar uma exposição fotográfica com pontes de diferentes partes do mundo e com diferentes caraterísticas, escolhendo aquela com que mais se identificam enquanto pessoas que ligam margens e partilhando as razões dessa escolha com o resto do grupo. Para compreender a complexidade e dificuldades dos processos de comunicação interpessoal bem como a necessidade de uma comunicação empática e escuta ativa para a gestão de conflitos, muito fundamentais para um pontífice, utilizamos a dinâmica dos Derdianos. No final desta atividade, depois de um momento de reflexão em pequenos grupos, foi possível compreender como os vários pontos de vista enriquecem a interpretação de uma realidade. Este foi um seminário muito rico no que se refere a convidados tendo contado com a presença do Dr. Pedro Calado, Alto Comissário Para as Migrações, que partilhou a sua experiência e o trabalho desenvolvido pela instituição na integração dos migrantes, ultrapassando as barreiras culturais. E, também foi nesta ocasião que os participantes tiveram o enorme privilégio de conhecer o grande inspirador da Academia de Líderes Ubuntu, o Prof. John Volmink, que partilhou a sua vivência pessoal do processo de reconciliação nacional na África do Sul pós-apartheid. Nádia Gonçalves, recentemente chegada da Venezuela onde organizou e participou na semana Ubuntu aí desenvolvida, deu a conhecer a dramática situação que se vive na Venezuela e os efeitos positivos que a intervenção da Academia Ubuntu teve nos vários participantes da semana ocorrida no final do mês de agosto. Tanto a Biblioteca Humana como a do Dado da Paz tiveram lugar durante este seminário Construir Pontes.


Vencer Obstรกculos


Seminário IV Com a sublime paisagem da Serra da Estrela e a proposta para ultrapassar obstáculos, o objetivo desta formação foi desafiar os formandos para a reflexão pessoal acerca dos próprios desafios e obstáculos, mas também da perseverança, persistência e superação. Para proporcionar aos participantes situações de superação de obstáculos, a formação começou com uma caminhada na Serra da Estrela, através de um trilho de superação. Antes do início do percurso, cada participante recebeu dois postais com letras das músicas “Tu és mais forte” e “Melhor de mim”. Ao som das duas músicas, os participantes fizeram a caminhada inspirados pelas palavras de resiliência, superação e força expressas nas letras presentes nos postais. Depois da inspiradora caminhada, os “ubuntus” conheceram, através da extraordinária comunicadora Hope Azeda, a história do Ruanda antes, durante e depois do genocídio que ocorreu nesse país há cerca de duas décadas e meia. Com este testemunho, foi possível ouvir histórias de pessoas que enfrentaram momentos de grandes desafios. Hope Azeda falou também do seu próprio projeto no qual, através da arte, procura curar e dar um sentido a tudo o que foi vivido ou contado. Houve oportunidade para os participantes conheceram um outro projeto que usa a arte para inspirar e ampliar as oportunidades para jovens vítimas da exclusão social. Estiveram neste seminário os fundadores e alunos do Conservatório d’Artes de Loures, que não só animaram este fim de semana de formação com as suas atuações como através da partilha das suas histórias de vida. Para aprofundar as questões acerca da resiliência e a superação de obstáculos, foi visualizado o filme “O Circo Borboleta”, um filme que retrata a vida de Will, uma pessoa com deficiência que, com a ajuda de Mendez, supera os maiores obstáculos da sua vida. Inspirados na forma como o Mendez olha para o Will, no final deste seminário, os participantes levaram como trabalho de casa escreverem uma carta a si próprios, sob o tema – Uma carta de Mendez para mim, partindo de algumas pistas de orientação.


Vidas Ubuntu


Seminário V Com o objetivo de promover a empatia e sensibilizar para o respeito e a aceitação das diferenças interpessoais, começamos este seminário com a dinâmica “Aproxima-te da linha se…”. Esta atividade proporcionou aos participantes a possibilidade de reconhecer aquilo que os torna únicos e compreender também aquilo que os une e, assim, desenvolver o sentimento de empatia. Neste seminário, que teve lugar em Gaia, foi dado um grande destaque ao personal storytelling. Para se compreender melhor a importância das histórias de vida foi visualizado o filme “Páginas da Liberdade” que, baseado numa história verídica, retrata a forma como uma professora, consegue ajudar os seus alunos na forma como se vêm a si mesmo e vêm os outros. No sentido de proporcionar momentos de maior atenção ao interior de cada participante, de forma a conseguirem olhar para as suas vidas e estruturar as suas próprias histórias e narrativas, assumindo-se como “senhores (as) dos seus destinos” foram promovidos vários exercícios e momentos de reflexão, tais como o exercício da “linha da vida”, vídeos com histórias de vida poderosas, contos e testemunho de alguns convidados. Dos convidados, além do Fredo Ferreira, antigo participante da academia que partilhou a sua história de vida, contámos também com o testemunho do João Pedro Gaspar, da Plataforma de Apoio a Jovens Ex-Acolhidos (PAJE), que partilhou a forma como tem dedicado a sua vida ao trabalho com os jovens para a sua reinserção na sociedade. Mais ainda do que nos restantes seminários a biblioteca humana deste fim de semana foi marcado pelas inspiradoras histórias de vida dos que se disponibilizaram a partilhar. Sendo o cuidado e a empatia uma das grandes dimensões da Academia Ubuntu, no início deste seminário, cada participante foi convidado, de uma forma discreta, a cuidar do outro da mesma forma que se cuida de um tesouro. Em segredo, cada um foi sendo cuidado por alguém, que só foi revelado nono final. Mais uma vez, os formandos saíram deste seminário com os seus “dados da paz”, contendo mensagens que remetem para ações e/ ou gestos que visam a promoção da paz.


I Have a Dream


Seminário VI Para completar o caminho da 6ª Edição da Academia de Líderes Ubuntu, voltamos ao Seminário da Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, onde começámos esta grande caminhada. Inspirado nas vidas e lutas de Martin Luther King e de Rosa Parks, este seminário teve como objetivo despertar e consolidar a dimensão do sonho, da ação e do envolvimento dos participantes da Academia Ubuntu nas suas comunidades. Assim, com a visualização das biografias destes dois grandes líderes, os participantes foram desafiados a refletir sobre a concretização da herança daqueles na vida pessoal e na comunidade. Além destas grandes figuras mundiais, os participantes foram inspirados com testemunhos de vida de outros líderes servidores que desenvolvem projetos de grande serviço a comunidade, entre os quais: Armando Guimarães, Presidente da Cruz Vermelha de Guimarães; Mark Mekelburg, responsável do Nariz Vermelho em Portugal; Alexandra Machado, Diretora Geral da Girl Move; Mónica Rocha e Mello, empreendedora social. Para perceber a dinâmica e a importância de encontrar um propósito para a vida pessoal de cada um, os participantes visualizaram o filme Patch Adams, inspirado na vida deste grande homem que, depois de encontrar o propósito da sua vida, dedicou-se ao serviço dos que mais precisam. Como a entreajuda deve estar na base de qualquer dinâmica de serviço, os Ubuntus foram desafiados a participar no “Jogo das Ilhas”, cujo segredo consiste em cada grupo ajudar o outro e só desta forma se poder salvar a si próprio. Assim, como em todos os seminários ao longo desta caminhada, neste também houve o grande momento da Biblioteca Humana entre os participantes e o momento final de reflexão e avaliação do “Dado da Paz”. Houve tempo para cantar o “Eu sou porque tu és, tu és porque nós somos… Ubuntu” enquanto eram escritas dedicatórias refletindo sobre o melhor de cada um que, guardadas em envelopes, serão revisitadas sempre que a saudade apertar. No final e para fechar com chave de ouro esta caminhada, inspirados no memorável discurso do Martin Luther King – I Have a Dream, cada Ubuntu subiu ao palco partilhar o respetivo sonho e a missão que leva desta 6ª Edição.


Em todos os contextos, o dado tornou-se um lembrete querido para “sermos a mudança que queremos ver no mundo”.


As muitas faces da Paz Apostando na criação de experiências significativas e transformadoras e potenciando a permeabilidade dos participantes em serem inspirados quer por grandes referências mundiais, quer por heróis anónimos do dia-a-dia, a Academia de Líderes Ubuntu utiliza a partilha de testemunhos e as entrevistas como montra de projetos e meios de pôr em prática a filosofia Ubuntu. Carlos Palma, um professor uruguaio que viveu grande parte da sua vida em países em guerra, foi um dos primeiros convidados a partilhar a sua história com os participantes desta edição e a desafiá-los a construir a paz utilizando um “Dado da Paz”. Este projeto surgiu no Egito pelas suas próprias mãos, fruto do seu questionamento constante e proactivo sobre como poderia contribuir para uma cultura de paz em contextos em que é urgente construir pontes, promover a empatia e refletir sobre o papel de cada um na edificação de uma sociedade pacífica. Rapidamente pôs em prática o lançamento diário do Dado da Paz na sua sala de aula, e foi vendo o impacto que tinha nos seus alunos que se apercebeu do potencial da iniciativa, que desde então tem divulgado pelo mundo fora. Em cada um dos seis seminários que constituíram esta edição da Academia, os participantes foram incentivados a refletir e a listar possíveis ações a implementar quotidianamente no sentido de construir pontes e criar a paz. Escolhidas as seis ações, os participantes construíam o Dado da Paz e levavam para as suas vidas o compromisso de o lançar e pôr em prática estas ações. Dados de várias cores, com ações mais ou menos simples desde sorrir, elogiar o próximo, dar abraços, tomar iniciativa, ouvir antes de falar (ente muitas outras ações) mas que evocavam sempre o compromisso de todos. Muitos participantes referiram o momento de rodar o dado como uma tomada de consciência de si como agentes ativos e influentes na criação de uma cultura de paz e as partilhas de pequenas mudanças operadas e observadas foram multiplicando-se! Outros partilharam o dado com amigos, familiares, colegas de trabalho e alunos e exponenciaram o impacto deste exercício. Em todos os contextos, o dado tornou-se um lembrete querido para “sermos a mudança que queremos ver no mundo”.



A voz dos Participantes Testemunhos


Adelaide Costa| 28 anos | Portuguesa e Angolana | Residência: Lisboa

Dizem que cada coisa tem o seu tempo. E abençoado foi este tempo que me permitiu participar na Academia de Líderes Ubuntu (ALU). Quis participar na edição anterior, mas não foi possível, e nesta só consegui inscrever-me no último dia! Este foi, definitivamente, o momento certo para mim. Confesso que vim um pouco a medo, por estar sozinha, não ter comigo nenhum conhecido, sempre tive dificuldade em iniciar conversa com estranhos. Mas, mesmo antes de chegar, fiz amigos ao encontrar outros participantes que, como eu, estavam à procura do lugar onde seria o primeiro seminário. Estando lá foi tão fácil fazer mais e mais amigos... desde o primeiro dia que me senti pertencente, “encontrei a minha tribo”! Confesso que nem tudo foi sempre 100% harmonioso. No meio de tanta gente e de tantas visões, houve situações em que eu fiquei negativamente surpreendida. Mas, até nessas alturas, optei por aprender alguma coisa. Especialmente sobre mim. E sobre os meus próprios pré-conceitos e expetativas... As dinâmicas, as reflexões, as partilhas, tudo tem contribuído para eu estar cada vez mais em sintonia com a pessoa que quero ser e com a vida que quero ter. De certa forma, a ALU tem me ajudado a voltar ao meu Eu. Tem-me devolvido o sorriso espontâneo, e acima de tudo, devolveu-me a esperança na Humanidade. Ainda existem muitas pessoas boas, absolutamente maravilhosas, que passam despercebidas no dia a dia, o que não diminui em nada o seu valor. A oportunidade de conhecer pessoas tão maravilhosas, não apenas os oradores convidados, mas principalmente outros participantes, animadores e pessoas que ganharam destaque para mim pelo apoio incondicional, voluntário e de peito aberto que me têm dado, (mesmo algumas só tendo me conhecido em 5 minutos), tem surtido efeitos muito positivos em mim.

Gosto de pensar nas histórias de vida que conheci na Academia de Líderes Ubuntu, olhar para estas pessoas e perceber que realmente o lema “eu sou porque tu és “é tão simples e tão mais profundo que essa simples frase. Mas ela tem-se espelhado muito na minha vida. Eu, hoje, sou mais feliz, porque a forma de ser destes meus Ubuntus me faz feliz. A forma de ser dos outros, tem um efeito em nós, e vice-versa. Então que façamos a melhor escolha. Qual é o impacto que queremos ter sobre a vida dos outros? Gosto de olhar para este grupo de pessoas que admiro e perceber que, tal como eles, eu também tenho algo de bom para dar ao mundo. Este foi um caminho que me abriu horizontes, mas cabe-me a mim pegar nas lições, aplicar e assim ganhar asas para voar. Sou grata pela oportunidade. Esta edição chegou ao fim. Mas as aprendizagens e sobretudo as amizades, levo comigo para a vida. Eu sou Ubuntu!

Aline Oliveira 35 anos | Brasileira | Residência: Porto A Academia de Líderes Ubuntu foi um presente, já que o universo “sabe das coisas” – essa é uma fala que trago desde a primeira vivência obtida junto ao grupo. No tempo certo, talvez diferente do meu, surgiu o Ubuntu, conceito esse em que já ouvira falar, sem maior aprofundamento. “Eu sou porque tu és” me chamou a atenção, uma vez que cresci e me fiz nas relações humanas. Pensei: Será nesse contexto que encontrarei meu lugar no Porto enquanto “porto seguro”? Será nesse meio que conhecerei boas pessoas, daquelas dispostas a dar as mãos, e assim, pensarmos juntos na possibilidade de mudar o mundo? Assim foi. E foi incrível,


mágico. Ainda não entendia direito onde é que estavam essas pessoas. Agradeci, me emocionei. Agradeci de novo, já que o grupo veio como força, fortalecimento e um reforço positivo de possibilidades de construção da esperada rede de apoio. Por meio dos seminários pude me observar, observar a minha volta e ter pertencimento. Diante da diversidade de pessoas, pude me reconhecer em diferenças e semelhanças e me “ressignificar”, resgatando um pensamento já antigo: “um novo mundo é possível” – estou onde deveria estar, junto de gente da gente, gente disposta para a construção, e principalmente com o olhar apurado e ampliado para a educação. É junto dos “bão” que a gente fica “mió”, já dizia o Escritor Guimarães Rosa, e foi junto dessa nova composição familiar, construída num novo território, pude me sentir em “casa”, acolhida. O Ubuntu me deu o que mais prezo: Pessoas. Gratidão. Conforme os seminários iam acontecendo, pude ver em mim uma potência que por hora estava adormecida. Autoconfiança... Quantas vezes precisamos ouvir do outro falas qualitativas que não validamos em nós mesmos? A Academia me deu ferramentas para que eu pudesse ter um respiro, parar e mais do que isso, me olhar, validando o que é bom, o que é positivo e o que pode e deve ser trabalhado. Me vejo como uma boa articuladora, uma pessoa voltada para o relacionamento interpessoal, mas construir pontes num novo território, não é tão simples assim, já que é preciso alteridade, disponibilidade e abertura do outro também. Gosto de dizer que essas pontes vêm sendo construídas com amorosidade, esperança e passos mais firmes por meio de habilidades obtidas através da Academia: dar o primeiro passo, essa foi uma das lições do nosso querido dado da paz. Consegui dar muitos passos e então repensar a forma que quero caminhar. Obrigada a todos e todas que fizeram parte desse bonito processo, levo-os comigo! Gratidão.

Ana Isabel Anica 33 anos | Portuguesa | Residência: Faro Que impacto a ALU teve na forma como me vejo? Participar na Academia foi um enorme privilégio e sem dúvida uma experiência única e fantástica. Sinto-me imensamente grata por ter tido esta oportunidade. Com todo este percurso de cada sessão e de cada partilha e reflexão, levou-me a parar um pouco e a analisar e questionar algumas coisas que facilmente com a rotina do dia a dia, por vezes vão ficando lá no canto para quando tivermos tempo e não vamos estando despertos para o que nos rodeia. Para mim é tão importante e é algo que vou buscando, sempre que possível, o questionarmo-nos a nos próprios e aprender com o que pensamos, sentimos e o porquê de isso acontecer e da forma que acontece. Para mim foi importante perceber que mesmo com as minhas limitações/características posso, de facto, acrescentar para quem tenho à minha volta, não sendo perfeita, mas dando sempre o meu melhor de acordo com aquilo que acredito, tenho um papel, uma missão minha e singular, que tem valor. Reforçar a ideia de dar o meu melhor a cada dia e momento e tentar superar-me, construir-me com o que vou encontrando. Sair da minha zona de conforto e dar-me ao outro, disponibilizar-me para novas aprendizagens e perspetivas, estar num constante processo de crescimento, transformação e construção. Que impacto teve na relação com os outros? Para mim o outro e o respeito pelo outro é algo tão importante e fundamental na minha vida. Neste caminhar levou-me a estar mais sensível ao outro, que por trás de cada um existe uma história surpreendente e fantástica e que podemos aprender tanto com quem temos à nossa volta. Temos de olhar o outro sem os “óculos” já de ideias pré-concebidas que temos, temos de desconstruir isso para nos levar a ver o outro com uns


“olhos” sensíveis, genuínos e estarmos abertos a nos surpreender com o outro. Temos de ser flexíveis e conhecer o outro lado, em colocarmo-nos no lugar do outro, não olhar apenas para nós e achar que a nossa ideia e visão é a única correta e importante. Estarmos dispostos a ser surpreendidos pelos outros, e nesta Academia foi realmente o que aconteceu com todos os testemunhos que tive o privilégio de ouvir. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Com todas as partilhas, testemunhos, perspetivas que a Academia me proporcionou e o que vi e questionei, leva-me a ter mais a certeza de que, por mínimo que seja, nós podemos fazer parte de uma transformação à nossa volta e que podemos fazer tanto pelo “mundo” que nos rodeia. Sim, existem coisas que achamos assustadoras e impossíveis de mudar ou dar outro rumo, mas acredito que fazendo a nossa parte podemos transformar o que nos rodeia de uma forma que nem sempre percebemos a sua total dimensão. Um constante desafio que temos a cada dia que temos o privilégio e a bênção de ter quando acordamos todos os dias. É fantástico ver a transformação que pode acontecer de simplesmente valorizarmos o outro, acreditar no outro e no que temos à nossa volta. Genuinamente Grata!

sobre generosidade e coragem bem como tornar bastante mais consciente a infindável quantidade de semelhanças que nos unem às pessoas que nos rodeiam. Perceber estas conexões humanas, deixar-me espantar por elas e ter o coração pronto a escutar o que tinham para me ensinar aumentou o conhecimento sobre mim mesma e sobre os lugares onde pertenço. Que impacto teve na relação com os outros? O conceito Ubuntu: “eu sou porque tu és; eu só posso ser pessoa através das outras pessoas” desafiou-me a ir mais a fundo na reflexão sobre individualismo e interdependência humana e na minha necessidade de outros/as para ser eu e me humanizar. Tornar-me pessoa na presença do outro/a e tornar outro/a pessoa na minha presença... é uma lição que quero levar comigo para onde quer que vá! Na ALU tive oportunidade de me desenvolver enquanto construtora de pontes, facilitando ligações entre pessoas, margens, objetivos... E neste sentido, constatar que não o faço sozinha, mas com outras pessoas que também acreditam que a criação de estruturas e oportunidades de reconciliação é uma das chaves para a coesão e justiça social. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Participar nesta aventura foi uma experiência muito bonita e enriquecedora do ponto de vista da minha construção como pessoa, mas também da forma como encaro o meu papel e responsabilidade na transformação do que está à minha volta. Trouxe-me esperança, otimismo e alegria renovadas e um sentimento de pertença à família Ubuntu.

Ana Isabel Forte 35 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa Que impacto a ALU teve na forma como me vejo? A ALU contribuiu para que olhasse de uma forma diferente para a minha história de vida e das outras pessoas ensinando-me a valorizar as narrativas do que somos, sonhamos e fazemos... Ouvir as histórias de outros/as participantes na Academia e partilhar a(s) minha(s) fez-me aprender muito

Andrelina Semedo 31 anos | Cabo-verdiana | Residência: Lisboa A Academia de Líderes Ubuntu simplesmente


transformou o meu mundo interior, tornei-me numa pessoa com uma alma totalmente sorridente, acreditando ainda mais que todos temos a nossa importância neste mundo. Afinal de contas “eu sou porque tu és”!

Bhoye Diallo 18 anos | Guineense (Guiné Conacri) | | Residência: Lisboa Hoje, graças à Academia de Líderes Ubuntu, tornei-me uma pessoa mais determinada, lutando pelos meus sonhos e batalhando pela sobrevivência e superação diária. A sociedade atual coloca na nossa mente muitos tipos de tensões, stress, estados e reações psicológicas, que levam à necessidade de se efetuar uma reflexão aprofundada sobre nós próprios, a fim de procurar novas formas de estar em sociedade. Se ontem não conseguia traçar bem os meus objetivos de vida, hoje, graças aos pilares ensinados na Academia, a saber (autoconhecimento; autoconfiança; resiliência; empatia; serviço), consigo direcionar a minha atenção para o que é realmente mais importante na minha vida. Todas as minhas palavras são insuficientes para expressar a minha gratidão pela oportunidade de participar na Academia. A Academia mudou completamente a minha maneira de ver as coisas, ajudando-me a ter uma abordagem mais compreensiva perante a vida. Também me permitiu conhecer pessoas maravilhosas que me deram força e coragem para realizar os meus sonhos e que hoje são um grande trunfo para mim. Graças a essa contribuição que elas trouxeram para a minha vida, eu também entendi que posso ajudar a mudar a vida de outras pessoas, trazendo-lhes uma ajuda valiosa, como transmitir motivação e força para lutarem pelos seus suces-

sos e batalhando para que não sejam dominados pela preguiça e pelo medo. Para mim ter conhecido o Ubuntu foi a coisa mais importante da minha vida. Eu diria que a filosofia Ubuntu deve ser ensinada a todos para que todos possam viver melhor em sociedade e harmonia.

David Sanhá 25 anos | Guineense | Residência: Lisboa Primeiramente, devo dizer que foi uma honra participar na 6ª Edição da Academia de Líderes Ubuntu, que me foi proporcionado momentos incríveis, que despertaram em mim emoções intraduzíveis em simples palavras. Sem dúvida esta foi uma experiência única e enriquecedora, por toda a convivência com pessoas de várias nacionalidades, vários pensamentos, em que afinal mesmo com todas as nossas diferenças aparentes ou linguísticas temos algo em comum, a nossa Humanidade. Sinto-me grato por ter pertencido a um projeto onde o Mundo ao nosso redor é valorizado, hoje em dia é cada vez mais necessário compreender o outro, de forma a saber colocar-se no seu lugar. Devo confessar que tinha alguma dificuldade de falar de mim próprio, questionava-me sobre o meu próprio destino, mas a participação na ALU desvendou o meu verdadeiro EU. Vejo-me de uma forma diferente, descobri o melhor de mim e o que sou capaz. Aprendi algo muito importante, que é melhor ter esperança do que ter medo, é melhor acreditar do que ter dúvidas, é melhor fazer apostas do que perder oportunidades porque, afinal, o maior erro que se pode cometer na vida é o não fazer. Hoje, sinto-me verdadeiramente um agente de transformação e consigo observar o mundo de uma forma diferente, pensava que não era possí-


vel mudar o mundo, pois ele existe da forma que o conhecemos há milénios, que apenas podia mudar a minha vida nele, promovendo a paz, a democracia, igualdade e direitos humanos. Mas, neste momento, olhando para o mundo, tenho certeza que ele pode mudar, é possível se efetivamente caminharmos juntos, de mãos dadas, contribuindo cada um à sua medida para esta grande transformação, o mesmo é dizer, para a construção de um mundo melhor ninguém está dispensado, basta a vontade de lutar para o conseguir. Obrigado Ubuntu!

Dayse Cunha 28 anos | Brasileira | Residência: Braga A Academia de Líderes Ubuntu surgiu como um doce presente nessa jornada percorrida durante um ano de estudos em Portugal. Lembro-me de quando me interessei pelo email enviado à turma do Mestrado em Intervenção Precoce pela Professora de Metodologia, Susana Caires. Busquei mais informações ao site da ALU e também pude ter uma ótima indicação pela Tânia Martins. Com isso foi crescendo uma ansiedade boa de saber como seria minha experiência com a ALU. Sempre gostei de poder fazer mais em qualquer sítio onde pudesse doar ao menos um bocado da gratidão que sinto pela vida que tenho, e a tamanha resiliência herdada da minha mãe que sempre me acompanhou em toda a minha caminhada. O laço que tenho com o voluntariado é tão forte que por onde vou tento saber o que posso fazer para ajudar em diversas situações. Em muitas destas situações me deparo com algumas incertezas e inseguranças que acabam por subestimar as minhas competências. Sei que posso ir além de algumas limitações que acabo criando por medo de não dar certo, e quando consigo superar vejo que o obstáculo não era tão difícil, mas o receio de errar me

impede de prosseguir e alçar voos mais altos. No decorrer dos seminários, nas palestras, partilhas, filmes, nos encontros com histórias de vidas Ubuntu magníficas, com histórias de líderes mundiais que correram risco de vida, abdicaram de muitos momentos em sua vida pessoal em prol de um objetivo maior, de um propósito, pude perceber a importância de olhar para si, de refletir sobre quem somos e como vemos o outro, e principalmente, como nos relacionamos com o outro. Essa relação que no mundo atual fica cada vez mais distante e sem comprometimento, que é agradável e forte virtualmente, mas a presença física torna-se a cada dia mais escassa e intensa. Onde é difícil confiar na palavra, acreditar nas intenções, no preocupar-se sem interesse, no afetar-se, no doar, no dar, apenas por querer doar, dar afeto. Sabemos que há muitas pessoas nesse mundo carentes de Ubuntu, de poder ser pessoa através de outras pessoas, de acreditar em gestos singelos, atitudes altruístas, empatia, de saber que existem mais pessoas com esse propósito. Pessoas que acreditam que podemos ser mais, e ajudam a desenvolver o melhor de nós para extrair o melhor que há nos outros. Ubuntu é isso! É entrega, é serviço, é coragem para vencer obstáculos, é liderança para encaminhar pessoas que querem fazer a diferença, é se conhecer e acreditar em ti, que podes chegar longe, que podes fazer muito mais. “Eu Sou Porque Tu És , Tu És Porque Nós Somos. UBUNTU. UBUNTU”

Dicla Gonçalves 27 anos | Cabo-verdiana | Residência: Lisboa Entrei para a Academia sem qualquer ideia de como iria ser esta caminhada. Lembro-me de ter


pensado em desistir porque uma colega minha me disse que eu tinha que ter uma experiência extraordinária para contar e que teria de impactar a vida de todos com quem poderia cruzar nas entrevistas. Não. Não me identifico com esta versão. A verdade é que, estas semanas foram brutais e muito especiais para mim, justamente porque senti que eu não precisava inventar uma estória bonita para contar porque eu sou um ser humano único e a minha historia de vida vale ouro! Conheci pessoas incríveis que guardo no meu coração com muito carinho. Pessoas que, com um sorriso, me fizeram acreditar que era possível sonhar sem limites e sem quaisquer barreiras. Posso dizer seguramente que a Academia me tornou um ser humano melhor e sou muito grata a todos que fizeram parte deste percurso comigo. Pude ver que o ser humano é forte quando ele se preocupa com o seu interior e quando ele se refaz depois de uma perda ou desafio. Os meus heróis deixaram de ser o Spiderman, o Batman... os meus heróis são reais e andam espalhados por todos os cantos de Portugal. São pessoas que não desistiram e souberam desafiar a sorte! Durante este percurso pude conhecer estórias inspiradoras vindas de pessoas que sorriram e choraram ao reviverem algumas experiências que outrora foram devastadoras. Choraram de alívio e gratidão à vida. Já não se sentem derrotadas, mas sim escolhidas para vencer! Vi pessoas que não desistiram, apesar de sentirem medo. Pessoas que perceberam que carregar a ferida na alma também faz parte do nosso percurso. Pessoas que estiveram nestas semanas para se fortalecerem, para sonharem e para acreditarem que o melhor está por vir. Sou grata à Academia porque eu sei que o diamante que custou lapidar em mim, brilhará e chegará a mais pessoas através do meu sorriso, do meu abraço, das minhas palavras... da minha vida!

Diogo Pedro 24 anos | Português | Residência: Caldas da Rainha “Tudo parece impossível até que seja feito!” – Nelson Mandela A palavra que mais ecoa dentro de mim ao longo destes seminários é Gratidão. A Academia de Líderes Ubuntu tem tido um impacto enorme na visão de mim mesmo, do outro e no propósito de servir a comunidade. Sair fora da caixa ao tocar em pontos como o autoconhecimento e autoconfiança, que sempre foram grandes fragilidades para mim, a ALU foi mais um espaço onde tive oportunidade de os desenvolver. A partilha na Biblioteca Humana mostrou-me que na minha história de vida encontro vários momentos de superação, crescimento, desenvolvimento e isso ajudou-me a valorizá-la. A ALU foi mais uma oportunidade de desenvolver empatia, a cada seminário que passava, era mais um leque de histórias que tinha o privilégio de adicionar na minha biblioteca de vida. Tem sido extraordinário o contacto com pessoas de ampla diversidade, mas com um propósito que nos une, “o outro”. “Não há verdade sem consequência, mas há uma diferença entre não saber e não querer saber, a minha ignorância. Mas é a tua indiferença que te impede de ver!” - D’Alva. Perceber o que é resiliência fez-me meditar sobre as minhas metas e reajustar os meus objetivos para as alcançar. Percebo que será um caminho de dor, mas sei que estarei no caminho certo. Na ALU tive o privilégio de conhecer e de perceber que bem perto de mim existem pessoas e projetos com serviço. Pessoas que preparam a liderança com o foco no servir primeiro, com cuidado e com Amor por tudo aquilo que fazem. “Eu sou porque tu és, tu és porque nós somos. Ubuntu!”


Eric Mendonça 27 anos | Brasileiro | Residência: Leiria

Profundidade. Acredito que essa seja uma das palavras que reverberam no meu interior quando eu penso na minha experiência na ALU. Foram aproximadamente seis meses de caminhada e nesse pouco tempo pude ter contato com vários tipos de sentimentos. Viver essa Academia me fez mergulhar em um universo muito novo para mim que é o universo da multiculturalidade de uma forma mais concreta. Nunca havia tido oportunidade de estar e compartilhar alguns passos com um grupo de pessoas onde sua grande maioria fosse de estrangeiros, foi um mergulho bem intenso. Falei de profundidade pois o primeiro mergulho foi em mim mesmo, o conceito Ubuntu lhe faz ter essa reflexão com relação a si, isso aconteceu de forma diferente pois dei esses passos sem o peso da “obrigação” da mudança, muitas vezes somos condicionados a olhar para dentro de nós já com o input do “tenho que mudar isso”, e fazer essa reflexão com o princípio apenas do autoconhecimento foi um desconforto confortável, se é que isso possa existir. Estar rodeado de pessoas que não lhe querem mudar e você também não tem intenção em mudá-las, propicia um ambiente de grandes mudanças e transformações e é isso que eu levo comigo depois da ALU, um ambiente com tanta riqueza em forma de vidas onde isso se multiplica em cada passo que damos em direção ao outro. É de fato a concretização do “Eu sou porque tu és”. Conceito forte que me ensinou a ver o outro e querer conhecer o outro pelo que ele foi e é, ter contato com a história real dele e se deixar ser enriquecido por ela numa caminhada também de construção pessoal, é ser ensinado a construir nossa vida com os tijolos que os outros nos dão e poder ver isso também na vida do outro.

São esses passos que me motivam hoje a transformar o mundo ao meu entorno e também aonde não posso ir ou estar, ser Ubuntu me motivou e reacendeu esse acreditar que podemos sim impactar pessoas e mudar vidas. Isso é algo profundo, tão profundo que muitas vezes não temos noção do tamanho do impacto que estamos gerando, nem onde podemos chegar, mas com uma diferença, temos a sensação de certeza que estamos no caminho certo. Obrigado 6ª Academia de Líderes Ubuntu.

Filipa Costa | 30 anos | Portuguesa | Residência: Vila Nova de Gaia

Libertador!!!!! Eu sou porque tu és, tu és porque nós somos…e isto resume tudo! A Academia surgiu na minha vida como o encaixe perfeito nesta minha construção enquanto um pequeno ser humano que ambiciona tanto ainda…, mas que procura no outro o suporte para continuidade desta caminhada…. Aprendi que o outro é a chave para o meu/nosso crescimento e transformação, pois sem ele nada somos e nada seremos...! Foram tantos momentos partilhados e vividos durante todos os seminários, histórias e testemunhos bastante fortes, que guardo com todo o carinho. Pessoas especiais que conheci e que nunca esquecerei… Hoje percebo que Academia mudou algo em mim…encaro como um processo introspetivo e bastante enriquecedor e acima de tudo emotivo. Nunca me irei esquecer da nossa ida à Serra da Estrela, todas as emoções vividas…foi sem dúvida um momento de grande libertação (ufaa)…. Fico agradecida por me terem dado a possibilidade de participar nesta experiência. Foi muito importante para mim! Todo este processo de autoanálise, autoconhecimento foi revelador e deu


para perceber que muito ainda posso fazer/mudar…. Basta ACREDITAR! Agora…só me resta dizer…OBRIGADA a todos e a todas! E sabem que mais.... EU e TU seremos sempre UM! Vamos Ser Felizes!

Filipa Mariz 24 anos |: Portuguesa | Residência: Porto Viver uma vida com um olhar Ubuntu, é viver uma vida com o coração aberto para os outros e perceber que não há nada mais extraordinário do que isso. Todas as pessoas no Mundo deveriam ter a oportunidade de conhecer a filosofia Ubuntu. Em vez de verem a vida a preto e branco, começariam a ver a cores. Em vez de verem frustração, ódio e raiva, veriam alegria, paz e luz. Em vez dos sonhos serem meras projeções, passariam a encontrar a coragem e a determinação para começar a concretização dos mesmos. Em vez de se focarem somente em objetivos individuais, dedicar-se-iam a uma causa maior – um objetivo comum. Em vez de serem destruidores de pontes, passariam a querer ser construtores. Em vez de julgar o outro, teriam mais compaixão e empatia para conhecer a outra margem. Em vez de um favor ser visto como uma moeda de troca, deixariam de aguardar pela recompensa, porque esse sim é o verdadeiro significado de serviço. Em vez de esconderem as suas fraquezas por vergonha e medo, mostrariam a sua vulnerabilidade, porque ser Ubuntu é ser autêntico, aberto e verdadeiro com os outros e consigo mesmo. Em vez de só enaltecerem as imperfeições, passariam também a ver as suas qualidades e os seus talentos, colocando-os ao serviço da humanidade. Em vez de reclamar, teriam mais vontade de agradecer. E afinal, o que significa para mim ser Ubuntu?

Ser Ubuntu é compreender que todos somos fonte de inspiração para alguém, que a nossa história de vida é única e que não faz sentido compararmo-nos com os outros, porque cada um de nós tem de percorrer o seu próprio caminho. Ser Ubuntu é perceber que sem os outros estamos incompletos, porque são eles que nos ajudam a criar a nossa própria identidade, a crescer e a ir mais longe. Ser Ubuntu é confiarmos em nós próprios e acreditarmos que podemos chegar onde quisermos. Ser Ubuntu é ser resiliente. Ser Ubuntu é ter consciência que ninguém é invisível. Ser Ubuntu é compreender o conceito de perdão e por isso, aprender a viver junto. Ser Ubuntu é assumirmo-nos como bons líderes e como tal, percebermos que esta liderança deve ser feita através do exemplo. Ser Ubuntu é assumirmos a responsabilidade de falar por todos aqueles que neste Mundo são silenciados e esquecidos. É ver uma ponte ser destruída e agir. Na Academia foi-me transmitida uma nova perspetiva de olhar e estar na vida. Não há dúvidas que o nosso mundo precisa desesperadamente de mais pessoas Ubuntu e eu tive o privilégio de estar rodeada de pessoas que almejam sê-lo.

Getúlio Cavalcante 28 anos | Brasileiro | Residência: Porto Enquanto pertencente à Humanidade, a diversidade da história de vida dos participantes da ALU, colocados todos lado a lado, me mostrou que cada pessoa é única e carrega uma história muito mais complexa que o aparente nas relações cotidianas. Eu, que me considerava tolerante, me vi muitas vezes na desconfortável posição de ter meus preconceitos expostos e quebrados. Assim, carrego comigo a missão de melhorar a capacidade de ouvir ativamente e respeitar a história e visão de mundo de cada pessoa, indepen-


dente das diferenças ou semelhanças comigo. Do ponto de vista relacional, o cuidado demonstrado pelos participantes e pelo meu amado grupo “Malala” ao longo dos seis meses me mostrou o poder da aceitação e acolhimento. Ao retirar a minha armadura e confiar nos meus amigos Ubuntu, percorri com eles um caminho de aprendizagem partilhada e superação de meus obstáculos, com a paz de poder ser eu mesmo e poder contar com um abraço, uma conversa ou mesmo um silêncio. Além da saudade, carrego comigo a importância da confiança e do cuidado na construção de relações e no exercício da liderança servidora. Como indivíduo, sou grato a ALU por resgatar o melhor de mim. Aprendi os perigos da vitimização e acomodação e que a força vem de dentro de mim. Aprendi a ter orgulho da minha história e dos meus passos, e reforcei a importância do sentido de vida e dos sonhos como motivador de ação. Descobri que não existe conflito entre cuidar de mim ou cuidar do outro. Descobri que a minha loucura afinal não é só minha. Porque eu sou através do outro. Porque a sua felicidade é a minha assim como a minha felicidade é a sua.

apoio, sempre fui vista como a carta fora do baralho. Aquela que idealiza, devaneia e acredita. Aquela que se comove, revolta e entristece com as injustiças que vê e sente. Mas também aquela que, com mais ou menos obstáculos, mais ou menos sucesso, reage e se envolve em tudo o que pode com todo o seu coração. E assim chego à palavrinha que para mim melhor descreve a Academia de Líderes Ubuntu: Coração. Fazer parte desta comunidade permitiu-me, mais do que aprender novas ferramentas educativas, abrir todo o meu coração, toda a minha alma e a minha voz a um grupo de pessoas ao qual nunca tive dúvidas que pertencia. Um dia disseram-me que nunca temos noção do quanto temos em comum com um desconhecido, em silêncio, numa sala escura. É essa a sensação na Academia – de que estas 80 pessoas já se conheciam e já se cuidavam antes de se cruzarem. Aqui foi possível encontrar, desde o primeiro minuto, aquilo que há de mais bonito na vida: a partilha, o olhar atento, o abraço e a gargalhada. E tudo isto precisamente numa fase em que, pela primeira vez e pelas circunstâncias mais tristes, começava a deixar de ver encanto e esperança no futuro. Hoje agarro-me à força de viver dos que comigo partilharam os seus obstáculos. Hoje caminhamos juntos para os ultrapassar e para nunca deixar de acreditar no nosso propósito. Por tudo isto, eu sou por vocês são. Obrigada.

Sempre com amor, Getúlio

Inês Ferrão 30 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa Desde sempre sonhadora e curiosa, sou verdadeiramente apaixonada por pessoas, pelas suas histórias e pela força coletiva para a transformação social. Estudei Serviço Social, viajei muito (de mochila às costas e nos meus pensamentos), fiz parte de vários projetos e desafios constantes. A verdade é que, apesar de nunca me ter faltado

Inocêncio José 26 anos | Angolano | Residência: Lisboa Frequentar a Academia de Líderes Ubuntu foi uma das oportunidades mais importantes que já tive em toda a minha vida. Se tivesse que descrever os momentos vividos durante os 6 meses de


formação em uma só palavra seria “transformação”. Porque é exatamente assim como me sinto, um ser humano transformado, seguro, mais confiante, sonhador e crente num futuro muito melhor, tanto para mim quanto para aquele que eu aprendi a amar ainda mais, “o Ser Humano”. A ALU ensinou-me a ver para além do que os meus olhos conseguem ver, aprendi a ver luz onde aparenta haver somente trevas, a ver o ser humano como o ser mais lindo e precioso do planeta, a ver um mundo capaz de mudar para melhor. Aqui aprendi a me valorizar e valorizar o meu semelhante. Aprendi que o meu sucesso está fortemente dependente do sucesso do outro, assim como a minha felicidade somente é possível se o outro também estiver feliz. Afinal de conta somos todos Ubuntus, Eu sou porque tu és. A Academia despertou em mim o espirito de missão, o cuidar de mim para essencialmente cuidar do outro, o serviço, trabalhar para melhorar a vida daqueles que me rodeiam. Pois ao melhorar a vida dos outros, estarei a melhorar a minha própria vida. Agora vejo o mundo como um lugar cheio de oportunidades, oportunidades para cada ser humano escrever a sua própria história ajudando os outros a escrever as suas. Esta é a chave do sucesso. A ALU ajudou-me a reafirmar a minha crença naquele que me amou antes mesmo da minha existência. Aquele que ofereceu o seu único filho para que a humanidade não perecesse, pois todo aquele que nele cré ainda que morrer será ressuscitado. Sou e serei eternamente grato ao meu Deus por ter colocado a ALU no meu caminho.

Janina Capiberibe 33 anos | Brasileira | Residência: Lisboa

São muitas emoções vibrando dentro de mim querendo serem escritas aqui, estou há pouco

tempo em Portugal, definitivamente desde novembro de 2018, deixei meu Brasil e vim para cá, buscar realizar meus sonhos, ou seja, através da minha profissão, qual seja advocacia, disseminar a cultura da paz, pautada na resolução não “adversarial” de transformação de conflitos que desempenho por intermédio da Justiça Restaurativa e a Comunicação não-violenta. Logo que cheguei já soube por uma amiga da existência da Academia de Líderes Ubuntu, quando li a ideologia pautada nos cinco pilares, sabia que eu tinha que realizar essa formação e assim me inscrevi. Já transcorreram cinco seminários, cada vivência foi transformadora para mim, pude perceber como a minha autoconfiança aumentou, me desafiei e superei a cada seminário. Percebi que a minha história de vida está nas minhas mãos e é muito valiosa, bem como eu sou criadora da minha história e líder da minha vida. “Ressignifiquei” muitos sentimentos e ideias a cerca de mim mesma, tendo mais empatia por mim e pelos que me cercam, através das histórias de vida cresci e amadureci anos, contar a minha própria história fez eu “ressignificar” momentos difíceis em superação e transformação pessoal. Desenvolvi e aumentei a minha resiliência, pois tudo que acontece tem algum propósito e me inspirar nos grandes líderes da Humanidade me deixou mais confiante e certa de que posso criar o que parece mais impossível. Percebi a importância do serviço e de se doar à outras pessoas, pois tudo que faço ao outro reflete na minha própria vida e, as minhas escolhas são o motor das minhas conquistas. Tenho certeza que após participar da Academia de Líderes Ubuntu, não sou a mesma, sou eu mesma, como toda a minha potencialidade e meus desafios, a minha grandeza e minhas fraquezas, deixo um pouco de mim e levo muito de cada um que conheci nessa formação, somos uma família de coração e o que nos une é a nossa humanidade. Com carinho e feliz por fazer parte dessa família.


Janine Souza 27 anos | Brasileira | Residência: Lisboa

Comecei minha jornada na Academia de Líderes Ubuntu quando minha amiga Cristina Cartaxo me falou da academia. Quando eu li a primeira linha do enunciado no site, vi que ela tinha absoluta razão quando me disse toda saltitante e contente: “Janine, você tem que conhecer a Academia, ela é a sua cara”. Senti profundamente que a Ubuntu tinha sido respostas das minhas orações. Estamos obtendo além de inesquecíveis experiências, conhecimentos e sentimentos, uma construção de uma base muito forte de “autos”: “autoamor”, autoestima, autoconhecimento e autoconfiança. Superamos juntos obstáculos e solidificamos além de uma linda amizade, a certeza que através da metodologia da Academia, podemos contribuir para um mundo muito melhor utilizando a mudança que tivemos no interior, agora também externamente. Me transformei com essa experiência e hoje me sinto uma Janine com letras grandes e cercada de igualmente grandes corações. Gratidão eterna a vocês e essa linda e inesquecível experiência.

Joana Fernandes 28 anos | Portuguesa | Residência: Lourinhã “Mais que certo que estou a rir, sou changemaker, educadora e já vivi em São Tomé!”

Era assim que as redes sociais me definiam antes da Academia de Líderes Ubuntu e será assim que continuarão a definir até arranjar palavras que descrevam esta experiência, porque aqui dentro não está tudo igual. É um “cá dentro” maior, mais cheio e mais rico! A Academia de Líderes Ubuntu começou por ser uma formação que me interessou, cujos cinco pilares tudo têm a ver comigo e está a acabar sendo uma família que me acolheu e abraçou quando pouco ou nada sabia de mim e quando nem eu sabia de mim tão pouco. Desde o primeiro seminário que encontro na ALU um espaço de partilha, crescimento, descoberta, empatia, transformação, inquietude e muito autoconhecimento. A palavra que me ajuda a definir esta Academia é validação. Validação de muitas crenças e ideias e principalmente validação de que é possível mudar o mundo e torná-lo melhor, assim sejam as nossas convicções e ações. O impossível só depende daquilo que eu quiser, não é assim? A ALU foi muitas vezes um espaço de aceitação e admiração, dos outros e muito de mim, se assim posso dizer. Dei por mim sentada, em silêncio a refletir em decisões deixadas por tomar e a debater-me com vontades de “agoras” que tinha de adiar por uns dias, pelo menos até retomar a rotina. Partilhei inquietudes e dificuldades que julguei nunca contar a ninguém e fizeram-me sentir que a mudança (do outro) às vezes está a uma história de distância (a nossa). Fiquei, em todos os seminários com vontade de continuar de mangas arregaçadas e a mudar o mundo aos bocadinhos, mas sei agora que tenho muita gente pronta a ajudar-me a fazê-lo! A partilha proporcionada por tamanha diversidade de corações e experiências foi sempre impulsionadora de crescimento e abertura de horizontes e o melhor de tudo isto é que foram sempre fins-de-semana felizes, que termino a sexta edição com amigos e que me sei mais capaz agora. Acredito que o impacto que posso ter no mundo começa com pequenas partilhas e um despertar de consciências muito subtil e fico feliz por saber que vou sendo empreiteira de pontes, com pequenos e graúdos, gente daqui e dali e a vontade de ser mais e melhor na construção de um caminho, mesmo que imperfeito, para a Paz. Ouvi,


nesta ALU, que “o bem segue uma sequência de Fibonacci” e tanto sentido que isto me faz! Hoje orgulho-me de ser e não apenas de existir. Orgulho-me que em mim se cruzem mil rótulos que em mínimas definições, algumas delas tão grandes, vão construindo um “eu” muito maior do que podia imaginar. Sou educadora, sou changemaker, WACTie, Ubuntu, escuteira, formadora, amiga, madrinha…e nenhum destes me define embora todos o façam. Sou uma construção em construção constante e é assim que me sinto…e bem!

Leonor Paulino 37 anos | Portuguesa | Residência: Faro

Que impacto a ALU teve na forma como me vejo? Basta um único momento nas nossas vidas para que estas se reinventem! Não sei precisar, ao lonObrigada Academia. Obrigada Ubuntus. Eu sou go da Academia, qual o momento exato, mas sei porque vocês são. Estarei sempre grata por isso. com toda a certeza, que foi um momento “UbunNo fim de contas e com isto tudo, de uma coisa tu”. Aos meus olhos, o meu espelho sempre retenho a certeza: “…o melhor de mim está por fletiu uma Leonor resolvida e “compartimentalichegar.” zada”… percorrido o caminho Ubuntu… os meus olhos olham para o mesmo espelho e encontram uma Leonor… diferente! A Leonor que sou hoje, não é a mesma Leonor que iniciou a Academia. Uma Leonor que abraçou novas premissas na sua existência e que as adotou como filosofia de vida: aceitou que o seu autoconhecimento estava incompleto; a sua autoconfiança assente numa frágil camada; a sua resiliência a necessiJoana Vieira | 33 anos tar de ser reforçada; a sua empatia revigorada; e | Portuguesa | Residência: redescobrir o seu sentido de serviço. Hoje, recoVila Nova de Gaia nheço uma Leonor “inacabada”, em construção, em transformação… e esta perceção é libertadora! Obrigada ALU! A Academia de Líderes Ubuntu revelou-se enquanto saborosa experiência de partilha, aprenQue impacto teve na relação com os outros? dizagem e humanização. Cada dinâmica conHoje, corajosamente, admito em mim novas fratribuiu um pouco para o meu crescimento gilidades e vulnerabilidades que me aproximam enquanto líder. Enquanto pessoa. Enquanto pardas pessoas, pois reconhecê-las faz com que estícula da dinâmica Ubuntu: onde o ser indivíduo tas me humanizem. Hoje, vivo com mais intense encontra intrinsecamente ligado com o seu sidade a minha relação com o outro, pois aceito ecossistema pessoal proximal e longínquo. dele uma parte de mim, o resultado da minha Na ALU foi possível ter experiências relevantes do interação com ele! Sou grata pelas pessoas que sentir, do cruzamento com pessoas com diferenfazem de mim a pessoa que sou hoje, pois tamtes valores e com um enorme valor. Foi possível ter bém eu sou um resultado dessa sinergia. Hoje, a orientação de um conjunto de dinamizadores dou outro significado à minha conexão com o ouque trouxeram até mim reflexões úteis à minha tro, pois é esta que me completa. Hoje retiro desorientação futura enquanto parte integrante de ta interdependência, a orientação na minha vida. um universo completo e missionário. As práticas Hoje, valorizo cada olhar, cada contato, cada hisde liderança servidora passaram assim a estar mais tória… hoje aprendo a amar com o outro e anseio presentes nos meus quotidianos e na essência das por retribuir as minhas aprendizagens; partilhar minhas ações: e por isso a muito devo à ALU. valores; fortalecer laços; dignificar as relações en-


tre todos, pois são estas que dão sentido à vida! Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Desde o primeiro momento na Academia que senti que a minha visão do mundo… se tornou mais completa! Consegui, finalmente, dar nome a esta “inquietação” que tenho vindo a sentir mais, prementemente, nos últimos tempos: o Serviço. O mundo, tal como o conhecemos hoje, apesar de todos os flagelos que o atingem, é um mundo belo e único! As pessoas que nele habitam são capazes de feitos únicos, corajosos, bondosos; protagonizam descobertas surpreendentes e responsáveis por salvar vidas! Ao longo da nossa história fomos responsáveis pela construção de diversas pontes; fomentamos o diálogo e a comunicação; partilhamos conhecimentos; quebramos barreiras; aproximamos o antes considerado “inaproximável”; vivemos em comunhão e em harmonia! Somos seres bondosos, justos, reconciliadores… e acredito, apenas que é necessário relembrar a humanidade que somos, naturalmente, construtores da paz!

tempo urge, os desafios são muitos e a inação é um enorme ato de egoísmo. Aumentou o conhecimento e aumentou a responsabilidade. E de todas estas vivências, a melhor parte foi, sem dúvida, ir conhecendo o grupo. Os colegas enriqueceram esta caminhada pelas reflexões e trocas de ideias, pelas diferenças e semelhanças, pelos contextos diversificados de origem e pelos projetos em que cada um está envolvido. Foi bom conhecer um pouco melhor o percurso dos diversos líderes mundiais, mas foi igualmente enriquecedor conhecer os líderes da nossa vizinhança, que no seu dia-a-dia já fazem a diferença nas suas comunidades. Absolutamente inspirador! A passagem pela ALU não foi um início e nem é um fim, o Caminho continua. Obrigada a TODOS por esta oportunidade!

Mamadú Lamine Baio 27 anos | Guineense | Residência: Lisboa Luísa Sousa 36 anos | Portuguesa | Residência: Funchal Para tudo há um momento. Apesar de ter tido conhecimento da existência da Academia de Líderes Ubuntu há vários anos, só este ano surgiu a oportunidade de a integrar. As várias sessões foram uma forma de continuar a fazer caminho, um Caminho muito pessoal de procura, reflexão e (auto)conhecimento. Embora nem sempre os temas fossem novidade, as novas abordagens e o simples facto de dar tempo para refletir, ajudaram a interiorizar e a ir mais fundo em cada questão. No entanto, esta descoberta é uma sede que não se sacia, antes se intensifica. É também o ganhar maior consciência de que o

Para mim a Academia de Líderes Ubuntu é uma Academia que ajuda as pessoas a crescer, assim como permite conhecer pessoas diferentes e fazer novas amizades. Portanto, torna-se um espaço de encontro, que nos ensina a lidar com os outros e as suas particularidades. Por isso, gostei de participar neste projeto, senti que foi fácil me integrar e participar mais em sociedade. Através de projetos como este, podemos intervir e ajudar mais a transformar as nossas comunidades, estabelecendo relações e parcerias de cooperação, entre diferentes poderes, sejam políticos, económicos ou da comunicação social. Acredito, que o trabalho conjunto pelos princípios certos, enriquecem e melhoram os países. E na ALU encontrei pessoas com o conhecimento, o entusiasmo e as ideias necessárias, para isso. Sobretudo,


encontrei um espaço de todos, em que a voz de todos é importante. Só posso acrescentar, que pessoalmente, foi uma experiência muito enriquecedora, pelas competências adquiridas e pelas vivências em grupo. Destaco ainda, o equilíbrio que durante os seminários, procuramos sempre entre o sonho e o conhecimento da realidade, de forma a ter uma intervenção social consciente.

de nós tem algo maravilhoso para contar e mostrar: todos somos possuidores de um grande potencial que nos cabe procurar e aproveitar. Antes não acreditava tanto nas minhas capacidades, e a verdade é que os aprendizados obtidos através da academia e dos colegas me tornaram mais confiante e segura. Assim, cada dia agradeço à Academia por me ter proporcionado esta oportunidade de crescer a nível pessoal. Com certeza, foi das formações mais ricas que tive e o que mais me encanta é a missão que Academia abraça: tornar-nos mais humanos e ensinar-nos a olhar pelo outro, saber que sem o outro a nossa vida não tem significado algum porque nós precisamos de alguém para sermos completos e felizes.

Mariama Fadera 24 anos | Guineense | Residência: Lisboa

Chamo-me Mariama Sofia Barbosa Fadera, tenho 24 anos e estou a finalizar a Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Conheci esta extraordinária Academia através da Associação de Estudantes da Guiné-Bissau, em Lisboa, e, para ser sincera, foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos meses. Fiz muitas amizades, adquiri conhecimentos diversos e um conjunto de competências sociais e profissionais, que hei-de levar comigo para toda a vida. Destaco também a relação com os responsáveis que foi muito positiva, uma vez que, desde cedo, se mostraram competentes, incansáveis e prestativos. Sempre fui muito determinada na persecução dos meus objetivos e o meu grande sonho é poder, de alguma forma, ajudar os que mais precisam e contribuir para que haja mais igualdade e justiça entre todos. Por isso, além da vida universitária também me dedico a outras colaborações ligadas a causas sociais. Neste sentido, a Academia apareceu como mais uma grande oportunidade para explorar esse meu lado solidário e humano. A cada seminário aprendi muito e tive grandes lições. Agora, mais que antes, sei que cada um

Mariana Parreira 32 anos | Portuguesa | Residência: Odemira Quando li a frase “eu sou porque tu és“, identifiquei-me altamente com o que parecia ser a Academia e avancei com a inscrição. O início é sempre expectante e uma novidade. Quebrar barreiras, conhecer pessoas, adaptarmo-nos ao que é esperado pelo grupo. E entre tudo isto algo de maravilhoso aconteceu! Perceber que a simplicidade do amor tem o poder da transformação! Ouvir, ver inspirações! Sentir que estamos no caminho! Mas desta vez com a lente Ubuntu. Para mim a lente Ubuntu é uma maior compreensão do mundo. É o poder das ações, é ver cada ser como único, é inspirar os pares, é respeitar a história de cada um e permitir-nos conhecer essa história. É agradecer, é perdoar, é sorrir! Ubuntu permitiu-me ter contacto com histórias de vida distintas, exemplos de resiliência, motivação. É reconhecer que temos uma história que pode ser contada e que o maior tesouro que podemos ter somos nós mesmos!


Não conseguimos mudar o mundo, mas podemos contagiar pessoas à nossa volta apenas com um sorriso. Ubuntu é um conceito, e hoje, para mim, é uma forma de ser e estar. Aquilo que ganhei na Academia foi o reforço de uma consciência humana e um compromisso com um mundo melhor que começa em mim! Obrigada!

Milton Varela 23 anos | Cabo-verdiano | Residência: Lisboa Participar na Academia de Líderes Ubuntu foi uma experiência única, foram 6 meses de muita partilha e aprendizagem. A Academia ajudou-me a conhecer-me melhor e reforçou a minha autoconfiança e a minha maneira de lidar com pessoas com diferente visão e perspetiva de vida, ainda reforçou o meu espírito de resiliência (na Academia aprendi que não há problemas sem soluções, e que não devemos desistir perante as primeiras adversidades, que devemos aprender com as nossas falhas e que podemos alcançar tudo aquilo que almejamos), cito aqui uma frase do nosso querido Nelson Mandela “Tudo parece impossível até que seja feito”. Além disso, conheci pessoas incríveis e verdadeiros guerreiros que superaram tantas adversidades e obstáculos que pareciam impossíveis de ultrapassar e hoje posso dizer que são fonte de inspiração para mim. Para além disso, a Academia ajudou-me muito no meu processo de relacionamento com outras pessoas, fez com que eu perdesse o medo de partilhar o meu ponto de vista em público e ainda me ajudou a ser mais humano (aprendi a ser um bom ouvinte e a preocupar-me mais com o próximo). Ainda mudou a minha forma de ver o mundo, fez-me acreditar que posso contribuir

para uma sociedade mais igualitária e um mundo melhor, onde possa existir menor desigualdade e exclusão social, em que todos são tratados da mesma forma independentemente da sua cor da pele, religião, origem e etnia, etc. Em suma, foi um enorme prazer fazer parte da 6ª edição da Academia Ubuntu, foi uma experiência enriquecedora que levo para o resto da minha vida, quero aproveitar para agradecer todas as pessoas que fizeram parte desta caminhada, especialmente Rui Marques que é uma pessoa que admiro muito, um líder inato e um verdadeiro Ubuntu. O mundo precisa de mais Rui Marques. Ubuntu - “Eu Sou porque tu és”, se todos interiorizarem essa filosofia e mais do que isso porem em prática não tenho a dúvida que o mundo será melhor.

Nuno Alves 46 anos | Português | Residência: Faro

Participar na 6ª edição da a Academia de Líderes Ubuntu foi um verdadeiro privilégio e estou imensamente grato, pela oportunidade, a toda a Equipa da ALU.

Que impacto a ALU teve na forma como me vejo? Participar na 6.º Edição da ALU permitiu-me iniciar um processo pessoal (embora acompanhado) e olhar-me… descobrir-me… (re)avaliar-me. Hoje tenho a noção do quão incompleto eu sou sem a presença do outro. Tudo o que sou devo ao que o outro é … ao outro que ao longo da minha vida me influenciou e inspirou, ajudando-me a crescer, a ter confiança, a não desistir e até… a amar. Vejo-me incompleto sem o outro, mas sinto-me completo devido ao outro. E foi sobretudo esta consciência, este forte sentimento, a compreen-


são desta dependência… ou melhor… desta interdependência… o maior impacto da ALU relativamente à forma como me vejo.

para nos aproximarmos da verdade é abrindo o nosso coração para receber toda a humanidade e mantê-lo livre para mais amor”.

Que impacto teve na relação com os outros? A minha relação com o outro mudou… cresceu imenso… em humanidade… apurando em mim o “sentido da dignidade”!! Olho o outro ainda com mais respeito, um respeito profundo, com a humildade suficiente para não o julgar, com a consciência que pouco sei sobre ele e que o outro não encerra em si mesmo uma “single story”. O outro ganhou em importância e o meu olhar ficou mais limpo e renovado. Olho o outro com mais empatia, com mais curiosidade… com um desejo genuíno de o conhecer e compreender melhor a sua história e circunstância. Aprender a ver o outro como alguém que é “magnifico” foi talvez o maior impacto que obtive da 6ª Edição da ALU.

Quando eu ouço a palavra “Ubuntu”, lembro-me do seu significado - “eu sou porque tu és” – e a minha mente vai para este parágrafo. O significado implícito é poderia ser resumido numa apenas palavra: amor. Posso dizer que, desde o início da minha participação na Academia Ubuntu, alguns conceitos de vida mudaram para mim, o modo como me vejo e como penso nos outros. “Eu sou porque tu és” tem significados muito profundos e eu posso afirmar, sem qualquer exagero, que se as pessoas entendessem o significado deste conceito, não haveria guerra no meu país. Nesta Academia passei por uma experiência verdadeiramente única, encontrei os sorrisos que emanavam dos corações, encontrei-me e voltei a pensar na minha trajetória de vida. Na verdade, eu encontrei em mim um ser humano efetivo, e entendi que poderia oferecer mais e mais a essa Humanidade.

Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Uma nova perspetiva de globalização… globalização da empatia… das pontes… dos valores… do serviço… do espírito Ubuntu… do sentido de família comum. Ao possibilitar a partilha de testemunhos verdadeiramente inspiradores, ao dar a conhecer projetos únicos que fazem a diferença no nosso dia a dia (em todo o mundo), por revelar que há quem não baixe os braços, por demonstrar que é possível intervir garantindo valores, por evidenciar a capacidade crescente e imparável da disseminação, a nível mundial, da rede e espírito Ubuntu, a 6.ª edição da ALU fortaleceu a minha esperança e confiança num mundo melhor e, sobretudo, dotou-me de uma nova identidade e sentido de pertença à grande Família Ubuntu. Obrigado!!

Posso dizer que na minha relação com os outros participantes e facilitadores sinto que me pegam na mão e me levam a um lugar muito bonito, o lugar do conhecimento. Conhecer essas pessoas é uma das coisas mais valiosas que concretizei na Academia. Normalmente costumo gravar os rostos das pessoas que passam pela minha vida na minha mente, mas estas pessoas ficarão com os seus sorrisos no meu coração. Descobri que o nosso propósito neste mundo é estar uns com os outros e fazer com que o caminho dessa longa jornada seja repleto de bênçãos para nós e para os outros. Adoro-vos e agradeço-vos porque o meu coração inchou de amor por todos vocês.

Ouwais Sadek 27 anos | Sírio | Residência: Lisboa

Há algum tempo li num livro “a melhor forma


Patrícia Frade 34 anos | Portuguesa | Residência: Leiria

Conheci a Academia de Líderes Ubuntu pela visão de alguém que já tinha sido impactado pela experiência Ubuntu, e com as suas palavras teve a capacidade de despertar em mim curiosidade e vontade de saber mais. Esse saber mais levou-me até à 6ª edição da ALU. Desde logo percebi que iria sair da minha zona de conforto, ao colocar-me nesta aventura, permitindo-me enriquecer ao conhecer outras pessoas com outos olhares, com diferentes caminhos percorridos. Em busca do sentido “Eu sou porque tu és”. E assim foi, e assim está a ser. No primeiro dia, no primeiro seminário, ouvir palavras de mestria sobre os 5 pilares (Autoconhecimento; Autoconfiança; Resiliência; Empatia; Serviço) fundamentais que sustentam este conceito, esta filosofia, levaram-me a refletir sobre mim. Questionei-me, como já o fizera outras vezes, e percebi que estou em mudança e aprendizagem constante, e que mais uma vez, aqui tinha muito a aprender. E aprendi. Tenho aprendido. Entendi que pelo outro posso conhecer-me numa perspetiva que me evoluí, me acrescenta, me torna melhor. A cada seminário, tive a possibilidade de conhecer as histórias daqueles com quem me cruzei, sentei e partilhei momentos. Estes momentos de partilha fizeram-me ver o quanto vale a pena tornar os outros visíveis aos meus olhos. Fiquei mais rica. Por cada singularidade, por cada sorriso, por cada lágrima, todos no mesmo sentido. Esta experiência tem valido a pena. Tanto que aprendi. Tanto que ainda tenho a aprender. O mundo à minha volta ganhou mais sentido por todos as diferenças. Pela ideia de criar pontes com estas diferenças e crescer com elas. Permitir que também comigo possa crescer pela minha individualidade, pela minha diferença. Sem novidades, temos um mundo cheio de desigualdades. Constatei, que muitas vezes as desigualdades, são

vividas com a coragem, com a ousadia e com a resiliência, e que só assim podemos dar um sentido à vida. Ter um sentido. Ganhei admiração por heróis de histórias incríveis que me fazem acreditar que pelo amor, sim pelo amor, o impossível torna-se possível. Acender a luz na escuridão. E quando se conhece a outra margem é mais fácil acender esta luz. Os caminhos são atribulados, a zona de conforto é mera ilusão, quando nos permitimos, eu sou porque tu és.

Pedro Santos 27 anos | Português | Residência: Porto

Por um acaso, cruzei-me um dia com uma parede colorida que dizia: “Somos aquilo que fazemos para mudar o que somos.” Desde dessa altura que equaciono todos os planos que pudessem concluir esta ideia de mudar o que sou. Não sei bem porquê. Parece o correto para alguém que se acredita em construção e transformação. Lembro-me cor a cor aquela parede ao lado de um viaduto para o outro lado da cidade. Ali, estática, com uma verdade gravada sem que houvesse chance para outro caminho. Mudar o que somos? Mudar o que sou? Faz algum sentido que esta permanente construção passe por deixar para trás o que trago desde que me lembro de ser? E que sentido fizesse, teria assim tanto valor para tal hercúlea tarefa de me mudar? Nunca mais voltei à cidade e aquele muro permaneceu como uma espécie de verdade que só eu sabia saber. Um dia, desses cheios de Ubuntu, sem que dessa conta, a tal frase da parede colorida apareceu-me escrita de uma forma bem mais real, bem mais bonita e com as cores do mundo: somos aquilo que fazemos com a nossa história. Afinal, isto não é sobre mudar o que somos. É sobre o que fazemos com o que somos, com a nossa


história, com as cores e os cinzentos que trazemos. Hoje, em mim, ser Ubuntu é sobre isto: o que faço com a minha história. E se não me cabe a mim reescrever a história que trago, muito menos cabe-me reescrever quem eu sou. Cabe-me fazer-me disponível para quem se cruza comigo e a quem deixo que me transforme. Fazer-me na relação com os outros. Deixar que sejam responsáveis pelo que sou e assumir a mesma responsabilidade num caminho partilhado. Em dias calmos daqueles em que achamos que só precisamos de uma varanda e que a verdade não vai além daquilo do que vemos dessa varanda, não será essa relação que acalma a ansiedade do quanto há por ver? Ser pessoa em relação é a verdade profunda. Sou pessoa porque me relaciono de um para um com outras pessoas. Pessoas que deixam de ser o outro e passam a ser parte do Eu e, nesta na interdependência, estamos juntos naquela varanda da verdade.

Sofia Amaral 30 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa

Lisboa, 5 de julho 2019 Estar a escrever este texto sobre a Academia é um privilégio. Significa que me foi dada não só a oportunidade de o escrever, mas também de ser lido por vocês, publicado ao lado de um conjunto de textos que nutrem de uma enorme gratidão, pois todos pudemos pertencer a esta família Ubuntu. São destilações de amor, depois da maturação que alcançámos neste período de seis meses. São como um licor de palavras feito da colheita e calor dos dias mais longos de verão. As árvores da Academia dão frutos suculentos e deliciosos, manifestações de uma certeza. Na loucura das tantas incertezas da vida, uma certeza! Estes textos são expressões certas de que a Academia

de Líderes Ubuntu é um privilégio que queremos levar debaixo do braço toda a vida. Debaixo do braço, abraçado ao corpo, de várias maneiras, nos nossos corações. Ao longo da Academia tenho vindo a redescobrir a ideia de privilégio e o indissociável sentimento de gratidão. Este exercício de pensar o impacto dos seminários em nós é mais um presente que recebemos e, ao mesmo tempo, um presente que oferecemos. Através de pensamentos e palavras, somos Ubuntu. É bom lembrar que a Academia nos faz pensar! Tenho observado que, em mim e nos outros, na proximidade, na humanidade, e no amor, estão as dimensões e respostas daquilo que tentamos e tentamos tanto ver. A empatia, o sentimento de pertença, a sinceridade e a simplicidade servem-me de guia. Aqui aprendemos a ouvir e a querer partilhar. Os outros inspiram-nos e é impossível dizer que não. Estou de coração aberto. É bom poder estar assim. E se fosse assim sempre? “Eu sou porque tu és.” É um tema Ubuntu que traz uma grande responsabilidade. É um espelho que nos acompanha ao longo da vida. Na Academia apareceu escrito diante de mim, a desafiar-me. Se tu fores honesto eu sou honesto, se tu fores melhor eu sou melhor. Será assim? Nós não somos efeitos das circunstâncias, mas as circunstâncias fazem-nos. Não agimos atrás das ações dos outros, mas influenciamos tudo à nossa volta e o contrário também é verdade. Somos seres autónomos e com liberdade de ser e fazer o que melhor pudermos com a nossa preciosa vida. Ser Ubuntu é ser maior, é estar ao nível do ser livre, ser que voa, que sonha, que alucina, e que, cheio de energia, ao serviço da natureza, busca, encontra e espalha paz. Agimos como um todo, ao serviço de cada um e para os outros. Ser Ubuntu é saber que ser com os outros nos possibilita sermos melhores também porque nos conhecemos melhor. Sente-se em todo o corpo e de todas as maneiras. Ser Ubuntu mais vezes na nossa vida depende de cada um. A Academia chegou num dos momentos da vida em que as coisas se alinham à nossa frente. Apareceu e, com a inevitabilidade dos momentos mágicos, integrou-me nesta viagem. Onde eu quero chegar é ao ponto de partida. O momento em que me coloco lado a lado com qualquer pes-


soa. Lado a lado não é em cima nem em baixo, é tratar o outro como igual e reconhecer-me como igual. Já dei alguns passos. Na Academia fazemos isto, naturalmente, é uma energia da Academia. E contagia! Face a esta série de descobertas, verificamos que são tantos os tesouros que estão todos os dias disponíveis à nossa volta! Verificamos também que esta colheita produziu um ecossistema excelente para o enriquecimento positivo de tudo o que nos rodeia. Concluímos então que não é assim tão difícil! E confirmamos que as coisas só parecem impossíveis até que sejam feitas. Um abraço!

Vera Lomba 28 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa

Sempre admirei malabaristas. A destreza das mãos, a fluidez dos movimentos, a rapidez com que trocam objetos entre as mãos e o ar. Inclusive conseguem fazê-lo com vários objetos, com perfeição, sem deixar cair nenhum ao chão. Quando terminam o espetáculo temos de aplaudir, porque já todos tentámos atirar qualquer coisa a alguém – ou de uma mão para a outra – que foi parar a vários metros de distância… no chão. Eu achei que a minha vida era um espetáculo de malabarismo. Tenho estes objetivos, sonhos, ideais, privilégios, problemas – e lidava com tudo como se fossem “batatas-quentes”, segurando cada um apenas milésimos de segundo para rapidamente passar ao seguinte, sem tempo para resolver nada a não ser os que fossem “importantes e urgentes”. Mas eu queria ser uma líder servidora!

Então, achei que podia adicionar objetos de outras pessoas ao meu número de malabarismo. Quer elas me pedissem ou não. Quer fossem conhecidos ou estranhos. Quer quisessem ajuda ou não. Quer fossem objetos leves ou pesados. Só que neste processo de malabar temos sempre de fazer escolhas e tomar decisões, pois a certa altura passam a ser demasiados objetos para duas mãos de dedos curtos. Por isso o que está bom ou precisa de mais tempo pode esperar (não é?). Alguns objetos (queridos e importantes) eram postos de lado, estilhaçavam-se no chão ou iam ao ar. E as mãos ficavam cansadas, aguardando pelo fim do espetáculo, mas ninguém aplaude um malabarista se o número não é perfeito... Na Academia de Líderes Ubuntu conheci muitos malabaristas. Descobri que afinal não basta ter os objetos e começar logo a fazer as habilidades. Que é preciso olhar a luz e a sombra de cada objeto, sentir-lhes o peso. Que é preciso tempo para treinar as acrobacias especiais de cada objeto, antes de montar o espetáculo com todos. Que posso abrandar o ritmo para ganhar destreza. Mas acima de tudo, que os espetáculos de malabarismo são sempre melhores quando envolvem a troca de objetos entre pessoas. Ainda acho que a vida é como um espetáculo de malabarismo. Mas já não estou preocupada com o aplauso no fim. Quero é ter espantosos malabaristas com quem partilhar a magia do espetáculo.




A voz dos Animadores Testemunhos


as nossas ações. Portanto, ser Ubuntu é um valor impagável e poder participar nesta “Escola de Formação Humana” é ainda, mais que nunca, uma probidade.

Adilson Rafael Vieira 25 anos | Guineense | Residência: Lisboa Há sempre necessidade de moldar o ser humano. No quotidiano é premente a transformação do nosso ser para que as catástrofes que estão prestes a habitar em nós possam ser minimizadas. As vantagens são grandes e deliciosas... As evoluções são em mim imperiosas...  Em mim, reafirmo a simpatia... No meu espírito, o Ubuntu enraizou a empatia... Assim, confesso o gigante impacto que a Academia de Líderes Ubuntu tem tido na minha vida. Sem alguma aproximação social e afetiva com os outros, a palavra Ubuntu seria uma inverdade, porque na realidade, somos feitos uns pelos outros para deixar marcas boas. Dar e receber o afeto humano é a maior fortuna que constrói uma sociedade salutar. Ser peritos do amor é um antídoto de todas as vulnerabilidades que possam flechar a Humanidade. Se lutássemos de forma irredutível e com resiliência, poder-se-ia redimir o mundo do seu vicioso círculo. Infelizmente, há tanta guerra, carência de Paz interior, mormente, muito défice dos que se dedicam à verdadeira missão de confrontar os empecilhos que não permitem desabrochar a flor da Humanidade. O Serviço é um dos magníficos pilares que penso e sinto capaz de enaltecer a filosofia Ubuntu e fortalecer as ferramentas que defendem as causas da Humanidade. Somos sim arautos da Academia Ubuntu, somos embaixadores privilegiados da Academia Ubuntu. As nossas epístolas devem ser, colocar a dignidade da pessoa humana como fulcro em todas

Ana Guedes 29 anos | Portuguesa | Residência: Porto

Como descrever esta experiência? Fazer parte da Academia de Líderes Ubuntu é um desafio e um compromisso com a mudança. É sentirmos que mesmo as nossas certezas mais absolutas podem ser abaladas. Porque tudo deixa de ser estático. Tudo é inquietação. É aprendermos a reler o mundo e a reescrever a nossa história. Foi aqui que percebi que eu não sou o que me aconteceu, mas sim aquilo que escolho fazer com isso. Que estamos sempre a caminho da nossa melhor versão. Que é bom olharmos para dentro de nós, enfrentarmos as sombras e procurarmos esse fio de luz que permanece, alumiando o caminho e a essência. Percebi que é esse mesmo caminho que nos dá os alicerces mais fortes da nossa estrutura. É tomar consciência desta inevitabilidade humana que é tocarmos nas vidas uns dos outros. Por vezes de uma maneira subtil. Outras de forma irreversível e inegável. A Academia deu-me muito. Mas tudo pode ser resumido a uma palavra: propósito. Como animadora, sinto-me muito grata e feliz por ver florir a semente que fomos plantando juntos e ver a transformação dos nossos Ubuntu. Que bom que é ser porque tu és!


Ana Ramos

Berta Martins

35 anos | Portuguesa | Residência: Porto

35 anos | Portuguesa | Residência: Guimarães

Vejo a Academia de Líderes Ubuntu como uma incubadora de um “vírus de Humanidade” que contagia sistemática e intencionalmente seres humanos a serem melhores. Fá-lo de uma forma séria e, acima de tudo, inspiradora. Um vírus que convida à reflexão e responsabiliza pela ação. Que amplia a consciência e alimenta a esperança. Um vírus que me contagiou indiscutivelmente.

Adoro escrever. Adoro divagar sobre o que me vai na alma e no coração. Mas este texto, em particular, custou a sair! É mais fácil escrever quando sabemos que o texto será lido apenas por nós. A responsabilidade de escrever um texto para um potencial público acarreta grande desafio. Mas, já imbuída da filosofia Ubuntu, desta filosofia que nos leva a partilhar o que de melhor temos (nós mesmos), procurei inspirar-me e deixar-me ir...

Ter a oportunidade de integrar a equipa de animadores da 6ª edição da Academia de Líderes Ubuntu traduz-se no privilégio de me ver como um multiplicador, grato e a cada momento renovado. Autónomo nesta missão de “contagiar”. Efetivamente, poder proporcionar a outros jovens como eu este mergulho nos benefícios da diversidade e da colaboração é um bem que não tem preço, pelo sentido que confere à(s) Vida(s). Nesta nova posição, pude (mais uma vez) testemunhar o conceito Ubuntu na sua plenitude: fiquei mais rica na interação com cada Pessoa que conheci, mais completa. Sou mais e melhor graças a cada um de nós. A cada vez que fui chamada a desafiar ou a orientar, saí desafiada e orientada. Cresci ao fazer crescer. Também percebi limites. Mas, com eles, consolidei a noção de que a solução está a um sorriso e a uma palavra de distância. Porque enquanto houver outra pessoa no meu mundo, estarei sempre em casa.

Entrei neste projeto Ubuntu no início de 2017. Na verdade, foi uma decisão rápida e até impulsiva, porque o prazo de inscrição estava quase no limite quando tive contacto com o projeto. Nunca tinha ouvido falar na ALU, não conhecia a palavra Ubuntu, não conhecia ninguém que tivesse participada nesta aventura... estava em branco! Mas no pouco que li e vi, soube que o meu caminho tinha de passar por aqui. Há já vários anos trabalhava como psicóloga ajudando outros a encontrarem-se, a conhecerem-se melhor, a si próprios e aos seus fantasmas, e a Academia pareceu-me uma bela forma de aprender a fazê-lo de outras maneiras! A trabalhar e a fazer intervenção social numa lógica não formal, metodologia com que tanto me identifico. E assim foi, lá fui! Imaginava lá eu que o caminho que aí começava era tão diferente do que eu esperava. Imagina lá eu que o caminho que aí começava me iria fazer debruçar sobre mim mesma e não sobre a psicóloga que eu já era. Iria fazer debruçar-me sobre o EU pessoa!


Ubuntu foi o momento certo para voltar a virar-me para mim, a pensar sobre mim, a descobrir os meus fantasmas (sim, porque afinal, também os tinha e muitos), a reconstruir a minha história, a revisitar as minhas experiências e as “minhas pessoas”. Quem diria!? E o mais incrível nesta experiência, que assim descrita até pode parecer egoísta, é que é precisamente neste caminho de autodescoberta, de reconexão connosco mesmo, de desenvolvimento pessoal, que nos conectamos com os outros, que redescobrimos os outros e as suas riquezas. Então foi assim, fiz a quarta edição da Academia de Líderes Ubuntu como participante. E, tal como para os meus colegas, a Academia foi exatamente o que tinha de ser para mim, foi exatamente o que eu precisava naquele momento e surgiu exatamente na fase certa da minha vida.

nem a nossa gratidão! “Respeitar os meus limites pessoais e fazer o melhor que posso com os recursos que tenho a cada momento.” E esta é uma grande aprendizagem que trago comigo e que resume o que procuro transmitir com este texto.  Voltar à Academia de Líderes Ubuntu é voltar a casa. É voltar a estar com aquele velho amigo que não vês durante anos, mas é como se o tivesses visto ontem!  Voltar à Academia como animadora foi um novo desafio. Uma perspetiva diferente. Uma nova possibilidade de desenvolvimento. Um crescer constante! Aqui estou, e aqui continuarei. Às vezes mais disponível, outras vezes menos. Às vezes mais presente, outras vezes menos.  Mas sempre aqui, sempre Ubuntu!

Claro que cada um traz da Academia o que cada um traz! Quero dizer com isto que é uma opção o quanto eu me dou, o quanto eu me envolvo na experiência, o quanto eu me mostro e o quanto eu me exploro e, por conseguinte, o quanto trago de retorno! Neste percurso cresci! Duvidei de mim, questionei crenças e preconceitos, olhei para dentro e para fora, aprendi a descobrir o outro na sua essência (ou, pelo menos, a querer descobrir... e isso, faz toda a diferença), ri muito, chorei mais do que queria, senti muitos nós na garganta, dei muitos abraços, fiz amigos (bons amigos), descobri para além da cara, questionei e explorei os dois lados da moeda, senti-me grata mais vezes do que aquelas que alguma vez tinha sentido e descobri como o sentimento de gratidão nos enche o peito e nos dá paz. Depois da quarta edição fiz uma pausa da Academia. A Academia exige tempo, vontade e disponibilidade. E nem sempre o conseguimos dar, por motivos diversos. Mas também aprendi que está tudo bem! Que não temos de estar sempre disponíveis. Que não temos de estar sempre lá. Porque às vezes, simplesmente, não podemos. E está tudo bem! Aprendi que isso não muda nada! Não muda o que sentimos, nem a nossa entrega,

Joana Soares 39 anos | Portuguesa | Residência: Guimarães O impacto da Academia na minha vida é algo de difícil mensurabilidade. Se por um lado ser participante foi arrebatador, ser animadora é uma missão que me enche o coração. Sinto que cresci como pessoa, que cimentei relações com os outros, que ouvi o meu coração e me mantive mais atenta ao coração do próximo. Pensar no impacto da Academia é sempre pensar na nossa capacidade de empatia e de serviço. Estamos atentos aos outros, às suas necessidades e oportunidades de crescimento. Crescemos juntos, uns com os outros, participantes e animadores, num bonito


caminho de fé e esperança num mundo melhor. A Academia deveria ser parte integrante da formação de todos enquanto PESSOAS. A sociedade em que vivemos valoriza os conhecimentos académicos e esquece, muitas vezes, os humanos. Esquecemos de nos conhecer melhor porque estamos atentos ao que se passa ao nosso lado, criando necessidades que muitas vezes nem sentimos. Tornamo-nos pouco confiantes porque a vida trata de nos comparar constantemente, desvalorizando muitas vezes, em virtude da sorte ou do azar. Caímos e esperamos cair novamente. Como humanos contamos com o direito de falhar, mas pouco aprendemos com as falhas, acumulando tristezas e desgraças. Não nos olhamos nos olhos e muito menos no coração. Não nos colocamos nos “sapatos” dos outros e rezamos para que o nosso pé não doa. Não servimos os outros, esperamos ser servidos. Falta aos nossos jovens e aos nossos adultos os pilares do Ubuntu: autoconhecimento, autoconfiança, resiliência, empatia e serviço. Falta que a pessoa se sinta pessoa através do outro. Falta amor, falta humildade, falta fé. Chegar à Academia é um caminho de luz onde, como participante uma vez e como animadora o resto do tempo que me for possível, abraçamos o serviço de ser Ubuntu: olhamos nos olhos, vemos com o coração, sorrimos encorajando, ganhamos coragem para nos levantar e levantar o outro e servimos com humildade. Obrigada Academia, por ser aos teus ensinamentos que volto sempre, cada vez que o mundo e a sociedade me desilude. Sei que estou no meu caminho. Num mundo mais rico, mais gentil. Eu sou porque tu és!

João Quissenguele 27 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa Ontem formando e hoje animador; é uma experiência única e incomparável. Acredito que o ser humano sempre está em reconstrução, a magia do Ubuntu está na vivência e não na compreensão do método em si. Percorrer este caminho tem sido muito enriquecedor, porque o mesmo ajudou-me a diferenciar o existencialismo do humanismo. As nuvens que por muito tempo ofuscavam o meu horizonte tornaram-se nítidas. Hoje tudo parece fazer sentido, apesar do longo caminho que ainda tenho de percorrer, acredito que estou mais seguro para a caminhada. O mundo para mim parecia um puzzle mas hoje sei das regras e estou pronto para jogar. Tudo à nossa volta se move com base no nosso olhar e é importante perceber que uma simples mudança na nossa forma de ser, cria um impacto proporcional em tudo ao nosso redor. A empatia é mais veloz que a luz porque quando é posta em ação ao serviço da humanidade. Ela não obedece a regras em relação à distância, ela aproxima os corações do polo norte e do polo sul em fração de segundos. Ser Ubuntu ajudou-me a trazer até mim toda diversidade étnica, cultural, religiosa e política que possa existir no mundo. A imperfeição do ser humano é a receita que torna o nosso mundo maravilhoso, pois graças a ela o ser humano luta feito um louco para o seu aperfeiçoamento. Pena que poucos percebem a beleza da imperfeição. Não assumir este facto leva-nos a cometer erros crassos na nossa história. O meu olhar tornou-se ainda mais otimista, pois


acredito no significado da humanidade que difere exponencialmente de inércia, e o Ubuntu é uma peça fundamental do humanismo e deixando-se levar pela sua magia acredito que o mundo será um lugar melhor para todos nós.

volta, dentro e fora da Academia, fez-me ser mais corajosa quanto às minhas ações no meu dia-a-dia e fez-me continuar a acreditar que o mundo pode ser um lugar maravilhoso. E sobretudo, ajudou a lembrar-me de continuar a acreditar que o meu papel no mundo, por mais pequeno o gesto ou a ação que eu faça, podem mudar o Mundo, porque até “o simples bater de asas de uma borboleta pode mudar o universo”. E o melhor disto tudo? É que não estou sozinha! Obrigada Academia Ubuntu!

Mariana Carvalho 25 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa

Quando me inscrevi na Academia de Líderes Ubuntu, na 5ª Edição, jamais imaginava que o que ia encontrar ia ser tão bom e inspirador, com pessoas e formas de estar tão humanas. Sabia que este lugar, era um lugar de confirmação dos meus valores e de inspiração para continuar o resto da minha vida a tentar ser mais e melhor, para mim e para os outros. A 5ª edição chegou ao fim, e surgiu então a grande oportunidade de poder continuar a fazer parte desta família, sendo animadora Ubuntu na 6ª Edição. Um privilégio para mim e uma grande responsabilidade em multiplicar tudo aquilo que aprendi enquanto formanda, desta vez para outros “rebentos”. Desta vez, e agora do lado de “fora”, o caminho não deixou de ser menos importante ou transformador, muito pelo contrário. Este caminho enquanto animadora Ubuntu, além de me ter dado o privilégio de conhecer pessoas incrivelmente incríveis com corações maravilhosos, fez-me crescer, fez-me estar mais atenta às pessoas à minha

Marino Gaspar 28 anos | Portuguesa | Residência: Lisboa O meu caminho: A minha caminhada na Academia de Líderes Ubuntu começou já há alguns anos, na 2ª edição da Academia. Ainda hoje me lembro do nosso primeiro dia na Católica, a forma como fomos recebidos e a química imediata que houve entre todos os participantes, sem exceção. O compromisso enquanto participante foi, talvez, dos objetivos mais difíceis, porque sempre que saía da Academia vinha com a uma grande dor de cabeça por pensar tanto em tantas coisas, e perceber que a mudança no mundo também passa por mim e pela minha atitude perante a sociedade. Com a Academia fui crescendo, fui sendo inspirado pela vida de tantos líderes inspiradores – os dos manuais e não só… fui-me reconstruindo.


Às vezes dou por mim no canal de YouTube do projeto a rever os vídeos dos seminários e a recordar os momentos e as oportunidades incríveis que vivi enquanto participante da Academia de Líderes Ubuntu. No final deste caminho enquanto participante, partilhei a minha história de vida e percebi que isso poderia ter impacto nos outros e, por isso, decidi usá-la para servir e amar quem DEUS colocasse à minha frente para a ouvir. Tornei-me animador da Academia, e tentei sempre cumprir com as expetativas e corresponder aos desafios que me iam sendo colocados. Confesso que nem sempre foi fácil, mas caminhar é mesmo assim - ao longo do caminho vamos subindo montanhas e desviando as pedras que nos vão aparecendo à frente. Partilhei os bons e maus momentos com duas equipas diferentes, os “Gandhis” e os “Malalas”. Crescemos e aprendemos a servir, a amar, e hoje a grande conclusão que tiro é que que guardo cada um dos membros desta equipa no meu coração. Na 5ª e 6ª edição da Academia, sou “animador livre” e cumpro uma função mais especializada de “apoio técnico audiovisual” (sou responsável técnico pelas atividades nos seminários), dando igualmente suporte à logística e animando algumas dinâmicas sempre que é necessário. Aprendi e experimentei também que um líder servidor deve dar o lugar ao outro para que o outro possa também viver e aprender aquilo experienciei ao longo dos anos. Na vida, um líder servidor tem vários papéis, todos eles importantes e fundamentais na construção do projeto que é tornar este mundo, um mundo melhor. E agora: Com o caminho feito nestas varias edições da Academia de Líderes Ubuntu, tornei-me mais calmo e ponderado, aprendi a ser mais discreto e melhorei, e muito, a minha vida profissional e pessoal. Tomei decisões que nunca na vida pensei tomar… quando era participante da Academia tinha um emprego, que embora fosse estável, andava a des-

truir-me por dentro. Não era feliz com as relações humanas que vivia no meu trabalho, nem com as condições económicas que a minha atividade trazia. Com o que aprendi na Academia tentei melhorar estes fatores, mas como a minha situação não mudou, ganhei coragem e aproveitei uma das oportunidades que a vida me deu mudei de emprego. Comecei a fazer aquilo que me faz feliz. Neste caminho também acabei por mudar a minha vida, sair de casa e começar a construir um novo paradigma para a minha vida. Acho que sem o que aprendi, e sem as pessoas que me inspiraram e continuam a inspirar todos os dias, nenhuma destas mudanças poderia ter acontecido na minha vida. O que poderei fazer para mudar o mundo: Nos últimos anos, além do trabalho desenvolvido a nível profissional, tive a oportunidade de trabalhar e servir com o IPAV, nesta missão que é: “Restaurar a dignidade humana”. Penso que no futuro, e em primeiro lugar, vou continuar com estre trabalho, onde poderei continuar a crescer e a trabalhar para que o mundo seja um lugar melhor. Além disso, continuarei com a minha missão no Pragal, a de vestir a camisola do Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto, onde tenho animado os jovens e crianças, representado o centro nas ações de angariação de fundos, e tentado inspirar as pessoas a tornarem possíveis as atividades dos jovens desta associação. Na prática, o que faço, e continuarei a fazer será “Inspirar, Servir, Amar e Liderar” onde a vida me levar. Conclusão: Sou um Ubuntu, cheio de sorte por poder continuar a ser inspirado, a servir e a caminhar com esta grande equipa. Obrigado!


No entanto há algo crucial para que seja possível um abraço… Um outro. É impossível haver um abraço sozinho e o mais importante que eu retiro da Academia de Líderes Ubuntu é o facto de eu precisar de outros para me sentir abraçado e desse modo poder abraçar! Nicolau Osório 24 anos | Portuguesa | Residência: Porto Um abraço molhado! Se eu tivesse que descrever a Academia em duas palavras seriam estas. Para quem nunca vivenciou o espírito Ubuntu não é muito fácil explicar o ambiente que se sente dentro da Academia. O abraço representa, acima de tudo, proximidade, uma proximidade tão confortável como a do melhor abraço que já receberam, uma proximidade que nos permite partilhar sem medos de preconceitos ou julgamentos, uma proximidade que queima e nos faz mostrar aquilo que não queríamos que fosse visto, mas que, depois de exposto é acolhido com aquele aperto final que nos faz perceber que não estamos sozinhos e que a nossa frágil humanidade não é singular nem só. Este abraço é por vezes molhado… Com lágrimas. Lágrimas reprimidas, escondidas, esperadas. Lágrimas que vêm, por vezes, fazer de lupa quando nos maravilhamos com esta mesma fragilidade humana, surpreendente, e queremos entender melhor como é que acontece. Gotas de comoção.  Ficamos pequenos perante pessoas verdadeiramente humanas e inspirados a permanecer pequenos humanos com um sentido. Lágrimas estas que, antes de vir para a Academia, eram estrangeiras no meu rosto. Demonstrações físicas da minha fragilidade, de mim. Mas este abraço molhado, apesar de parecer sentimental e a dois, é na verdade o resultado da identificação e reflexão sobre esta metodologia Ubuntu, que me leva a abraçar o mundo e mim de uma forma mais completa e entregue.

Patrícia Oliveira 37 anos | Portuguesa | Residência: Santa Maria da Feira Fazer parte da ALU é sentido por mim como sendo um privilégio e todos os dias agradeço a oportunidade por fazer parte desta família maravilhosa. Todos os dias sinto-me mais rica, mais valorizada, com mais esperança e com o sentimento de que cada dia será melhor. A ALU permitiu descobrir o melhor de mim, a aceitar-me como sou e a valorizar o meu Eu. A acreditar que sou mais forte e que no fim vou vencer, parafraseando as palavras do Boss AC. A ALU deu-me oportunidades para conectar comigo e com o outro. A ver o melhor de mim e a encontrar o melhor do outro. A compreender a importância de perdoar e de me perdoar. Com a Academia passei a olhar o mundo com outros olhos, com um olhar mais Ubuntu, com mais compaixão, respeito e empatia. Percebi e senti que a minha humanidade está ligada a humanidade do outro. Em cada Academia, em cada seminário, sou presenteada com experiências únicas e especiais;


presenteada com pessoas maravilhosas com histórias que são uma lição pela sua força, dinamismo, resiliência. Estas histórias fazem com que olhemos para o outro com amor, com empatia, com “estamos juntos”. “Eu sou porque tu és!”

Rita Ferreira 23 anos | Portuguesa | Residência: Póvoa de Varzim

Tornarmo-nos humanos através da relação com os outros - é esta a premissa da filosofia Ubuntu. Uma missão que se renova e se alimenta da partilha de histórias, de valores, da empatia e da entreajuda e que vi revigorada nesta 6ª edição. É urgente empenharmo-nos na mudança de paradigma de uma sociedade materialista e maximizadora do lucro, onde a natureza humana é vista como uma falha a ser contornada e se privilegia a robotização para uma sociedade que veja a relação e complexidade humanas no como as chaves para o desenvolvimento e bem-estar da Humanidade. Na Academia de Líderes Ubuntu acreditamos que esta mudança será efetivada por líderes servidores, aqueles que redefinem o conceito de “líder” como aquele que se coloca ao serviço da sua comunidade, que se coloca no lugar do outro e que assume a missão de unir na diferença. Finda esta edição, sigo com esperança renovada em ver esta transformação efetivar-se e ainda

mais certa que o caminho para a realização da Humanidade passa por despertar e valorizar o que de mais instintivo há em cada um: a capacidade de amar. Obrigada a todos os que fizeram parte deste caminho!

Sónia Cunha 35 anos | Portuguesa | Residência: Porto

A Academia de Líderes Ubuntu surgiu na minha vida num momento de mudança. Nunca tinha ouvido falar no projeto, mas acredito que as coisas certas surgem nos momentos certos. Eu tinha regressado, recentemente, de uma missão de voluntariado em África, que me deixou com muitas questões e uma maior vontade de intervir em prol da dignidade humana. O primeiro seminário foi mágico, aquelas pessoas eram iguais a mim, apesar de todas as diferenças aparentes. Eu senti-me em casa, entre iguais, pois os propósitos eram os mesmos. Nestes seminários, sentia que estávamos isolados a pensar o mundo e a filosofia Ubuntu fazia tanto sentido no meu novo caminho. O simbolismo, o cuidado e as pessoas que nos orientavam durante os seminários não existiam assim fora deste espaço. Na ALU criamos um verdadeiro espaço de partilha, de reflexão e de amor por nós e pelo outro. Esta paz, este olhar, eu tentei levar para o meu dia-a-dia. Tentei multiplicar a filosofia Ubuntu nos meus dias e hoje vejo as mudanças a acon-


tecer. A experiência continuou, agora como animadora, o que me enche de orgulho e responsabilidade, pois quero muito que outros usufruam desta experiência, tal como eu a senti. Ao olhar para o percurso da ALU, fico feliz que tanta gente conheça esta filosofia e que esta faça sentido nas suas vidas e comunidades. Também fico feliz por estarmos a conseguir que se recupere a importância dos afetos e do cuidado com o outro. Por fim, é com enorme alegria, que vejo a nossa família a crescer, todos os dias, mais um bocadinho e a ter um impacto extraordinário na vida de tanta gente.

Tcherno Baldé 26 anos | Guineense | Residência: Lisboa A Academia de Líderes Ubuntu continua a ter um significado muito especial na minha vida. À medida que nos vamos nesta filosofia, percebemos que é um processo contínuo. Temos de trabalhar cada dia para sermos mais Ubuntus, para nos mantermos que ligados com os valores que esta filosofia representa. Enquanto animador tenho tido a oportunidade de pôr em prática um dos pilares da nossa Academia, o Serviço. Tem sido bom sentir que este ato de serviço é também um ato de receber. Receber dos participantes, dos animadores e dos convidados.

Para mim a Academia é sempre um lugar de reflexão, questionamento e inspiração. Aqui refletimos sobre o que se passa à nossa volta e à volta dos outros; questionamos muitas “verdades”; inspiramo-nos com as histórias de vida, uns dos outros. Acima de tudo, Ubuntu nos apela a não sermos indiferentes, porque sempre que acreditamos e lutamos, vencemos.



A todos os que fizeram parte da 6ª Edição da ALU, obrigado! Participantes: Adelaide Siomara da Cruz Costa | Adilson José Tavares Andrade | Adrianozinho Guto Gomes Pires | Alexandre Jorge Da Silva Aveiro Santos | Alfa Umaro Canté | Aline da Silva Oliveira | Ana Aua Só | Ana Isabel da Silva Castro Forte | Ana Isabel Gonçalves Anica | Ana Luísa Freitas Sousa | Ana Margarida Alves Ferreira | Ana Rita Alves Ferreira | André Levi Moreira Ferreira | Andrelina Eulina dos Santos semedo | Anísio Bucar Mané | António Luís Matias Lourenço | Batista Dafá | Bhoye Diallo | Carlos Stock Alberto Dos Santos | David | Dauda Sanhá | Dayse Santos da Cunha | Diogo Filipe Santos Pedro | Ednilze Rosa Afonso Luiz | Eric Darwison Salgado de Mendonça | Ester A. Caetano | Filipa de Jesus Mariz | Filipa Manuela Gomes da Costa | Getúlio Vargas Cavalcante | Inês Ferrão | Inocêncio De Cristo João José | Ivanilson Francisco Coimbra | Janina Morgantini Capiberibe | Janine Brandão de Souza | Joana Ferreira Justino Belchior Fernandes | Joana Isabel Silva Vieira | Joana Rodrigues Xavier de Carvalho Peres | Joana Sofia Valente da Costa | Jonathan Manuel Lima Vieira | Josimar de Ceita Afonso | Juliana Gonçalves Meira | Juvinal Marcelo de Pina da Silva | Karlton Junnyior McSwell | Liliana Borges Ribeiro | Malam Sissé | Mamadú Lamine Baio | Mamadu Meta Gomes Candé | Margarida de Sande Ribeiro de Magalhães Cardoso | Maria do Carmo Costa Sousa de Menezes | Maria Inês Pina Cabral de Sá Couto | Maria Leonor Paulino | Mariama Sofia Barbosa Fadera | Mariana Teresa Viana Parreira | Marilyn Sophie Dos Ramos Calado | Marta Isabel Fernandes Rodrigues


| Milton Leandro Tavares Varela | Neti Da silva | Nuno José Domingues Alves | Ouwais Saqed | Patrícia Carina Domingues Frade | Paulino Tavares Delgado | Pedro Amaro Azevedo Santos | Pedro André Jesus Martins | Pedro Miguel Pereira Pinto | Rita Santos | Saiming Besna Na Fonta | Salvador Lopes | Sandra Madalena Alves Silva | Sofia Bairrão Dias Amaral | Soraia Maria Dos Santos Batalha | Vailton Fernando Sá Vieira | Vera Luís Lomba Animadores: Adilson Manuel Rafael Vieira | Ana Catarina Oliveira Ramos | Ana Filipa Guedes | Ana Rita Lopes Ferreira | Daniel Araújo Rodrigues | Fatu Banora | Filipa Silveira Monteiro da Gama Pereira | Helena Teixeira | Joana Isabel das Neves Soares | João dos Santos André Quissenguele | José Nicolau Avides Moreira Pinto Osório | Luisa Jalles Rasquilho Vidal | Luísa Margarida de Jesus Sargento | Mariana Mendes Carvalho | Marino Arruda Gaspar | Rafael Marques Nunes | Sónia Vera Magalhães da Cunha | Tcherno Amadú Baldé | Virgínia Martins Coordenadores: Eugénia Costa Quaresma | Patrícia Almeida Oliveira | Rúben André Martins da Rocha | Sara Daniela Martins Marques Silva | Tânia Neves



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