Revista Construir Nordeste. Ed. 72

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ano XV | nº 72 | maio 2014 | www.construirnordeste.com.br

R$ 12,90 | € 5,60

RCN Editores Associados

arquitetura | tecnologia | negócios | índices | preços de insumos

15 anos

A COPA DO MUNDO É NOSSA?

Às vésperas da competição, o Brasil ainda enfrenta problemas relacionados à infraestrutura. Para a nação pentacampeã, fica a pergunta: qual será o real legado do mundial?

ENTREVISTA

Wilson de Melo Jr., diretor do Instituto Opus, fala sobre mão de obra na construção civil

ARQUITETURA

Trancoso, na Bahia, ganha centro cultural com auditórios ao ar livre e acústica perfeita

VIDASUSTENTÁVEL Arquitetura escolar deve dialogar com projeto pedagógico e comunidade



À PROCURA DE SOLUÇÕES QUE ATENDAM A NBR 15.575? VOCÊ ACHOU. KNAUF DRYWALL, ALTO DESEMPENHO QUE ATENDE TOTALMENTE À NORMA.

As novas regras de desempenho na NBR 15.575 já estão valendo. A partir de agora, a construção civil deverá atender aos requisitos de desempenho acústico, proteção contra fogo e desempenho mecânico. A Knauf Drywall possui sistemas construtivos de alta performance no qual todos os produtos são totalmente normatizados, com diversas opções de paredes, revestimentos e forros para todas as necessidades. Na hora de construir ou reformar, escolha a Knauf.

Knauf. Construindo o futuro.


sumário

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CONSTRUIR VIDA

SUSTENTÁVEL

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PALAVRA | A força da inovação | Paulo Safady Simão

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ENTREVISTA Mão de obra x construção civil | Wilson de Mello Jr

22 PAINEL CONSTRUIR 28 VITRINE ESTILO | VITRINE 32 Fórum Construir Nordeste chega a 16

a

Edição

34 NBR. 15.575 Desempenho de sistemas hidrossanitários revisado

38 ESPAÇO ABERTO | PEC

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Avaliação ambiental dos pontos de recebimento de resíduos de construção civil no Recife Manifestações patológicas e estudo da corrosão presente em pontes do Recife

42 ARQUITETURA | INTERIORES | Concha acústica internacional 48 Especial Casa Cor Alagoas 49 Especial Casa Cor Pernambuco 50 CAPA | A Copa do Mundo é nossa? 57 TECNOLOGIA Segurança e produtividade na construção civil Steel Frame Drywall 76 Grupo JCPM vai além e aposta no RioMar Fortaleza e no seu entorno 78 Veneza italiana 81 IBM seleciona Casa da Criança

Colunas

14 SHARE 26 TI | Giovanni Sugamosto 37 INOVAÇÕES | Elka Porciuncula 68 TENDÊNCIAS | Renato Leal 85 CONSTRUIR DIREITO | Tiago Andrade Lima 87 CONSTRUIR ECONOMIA | Leonardo Guimarães Neto | Mônica Mercês

82 NEGÓCIOS Roca abre a sua primeira fábrica de metais sanitários no Brasil Primeira planta de vidros planos 100% brasileira 89 CUSTO UNITÁRIO BÁSICO – CUB 90 INSUMOS 97 ONDE ENCONTRAR

O Movimento Vida Sustentável (MVS) vem colocando o tema Sustentabilidade na Construção Civil na ordem do dia, entre empresários, profissionais, professores, estudantes e sociedade. Busca contribuir com a modernização do setor, divulgando os princípios da construção sustentável, com foco nas pesquisas; na divulgação de produtos e iniciativas eficientes; na multiplicação de conhecimento com a promoção de debates e capacitação, com ênfase na geração de energia, no reuso da água, drenagens e na gestão dos resíduos.



caro leitor

Às vésperas da Copa do Mundo, a infraestrutura ainda é tida como o principal entrave para a realização do evento no Brasil. A equipe da Construir NE aproveitou este momento de expectativa para fazer um balanço. A Editora Executiva, Renata Farache, e a repórter Tory Oliveira apuraram com diversos especialistas e traçaram um panorama do que vem sendo feito — ou não — nas quatro capitais nordestinas que sediarão os jogos. Questões sociais foram deixadas de escanteio? Qual, e pra quem, seria o legado? O futuro dirá. Você confere nesta edição que o Mundial vai além do campeonato — e as obras previstas também. Já o colunista Renato Leal (página 68) estimula nossa reflexão sobre o valor da utilização de sistemas construtivos sustentáveis nas obras da Copa do Mundo de 2014. No Espaço PEC (Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil), da UPE (página 39), o destaque é o diagnóstico sobre corrosão de pontes do Recife, que aponta patologias e ausência de ações de prevenção e manutenções periódicas nas estruturas de concreto armado. Conhecida como a Veneza Brasileira, as pontes não são apenas coadjuvantes nesse cenário urbano, mas obras de arte especiais. O engenheiro Luiz Priori, conselheiro da Construir NE (página 78), foi até Veneza, na Itália, e nos presenteou com uma análise do planejamento da cidade, apresentando exemplos para o Brasil. Já no Espaço Aberto, um trabalho acadêmico mostra que os resíduos indevidamente descartados aceleram o processo de deslizamento de encostas, obstruindo a rede de saneamento urbano e contaminando o lençol freático. A nossa saúde está na contramão dessa situação absurda. Na matéria de capa do Caderno Construir Vida Sustentável, falamos sobre a arquitetura em prol da educação de modo holístico. A visão é defendida pela arquiteta Doris Kowaltowsk com muita sensibilidade. Como é bom mostrar nas nossas páginas a arquitetura dedicada à educação, estimulando o acolhimento e proporcionando ambientes inspiradores. As práticas do modelo proposto são pautadas no desenvolvimento de crianças e jovens competentes e solidários. A edição está mesmo estimulante e reflexiva! Ótima leitura!

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eiro l i s a r lho de ser B u g r O

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SOMOS HERDEIROS...


DO FUTURO. “Toquinho” foto por Tatiana Feijó


expediente RCN Editores Associados Diretora | Elaine Lyra

Publisher | Elaine Lyra elainelyra@construirnordeste.com.br Editora EXECUTIVA | Renata Farache renata@construirnordeste.com.br

CONSELHO EDITORIAL Ângelo Just, Adriana Cavendish, Alexana Vilar, Bruno Ferraz, Carlos Valle, Celeste Leão, Clélio Morais, Daniela Albuquerque, Eduardo Moraes, Elka Porciúncula, Francisco Carlos da Silveira, Inez Luz Gomes, Joaquim Correia, José Antônio de Lucas Simon, José G. Larocerie, Luiz Otavio Cavalcanti, Luiz Priori Junior, Mário Disnard, Mônica Mercês, Néio Arcanjo, Otto Benar Farias, Ozéas Omena, Renato Leal, Risale Neves, Rúbia Valéria Sousa, Sandra Miranda, Serapião Bispo, Gustavo Farache

CONSELHO TÉCNICO Professores: Alberto Casado, Alexandre Gusmão, Arnaldo Cardim de Carvalho Filho, Cezar Augusto Cerqueira, Béda Barkokébas, Eder Carlos Guedes dos Santos, Eliana Cristina Monteiro, Emília Kohlman, Fátima Maria Miranda Brayner, Kalinny Patrícia Vaz Lafayette, Simone Rosa da Silva, Stela Fucale Sukar, Yêda Povoas Reportagem Chloé Buarque | Danilo Medeiros | Elka Porciúncula | Isabela Morais Isana Pontes | Patrícia Felix | Pablo Braz | Renata Farache | Tory Oliveira EDITOR DE ARTE E DiagramaÇÃO Michael Oliveira Revisão de texto Claudia Oliveira Fotografia André fofano | Antoninho Perri | Demis Roussos | Felipe Araújo | Jean de Matteis Keila Castro | Liziane Eufrásio | Luiz Eduardo Vaz | Luiz Priori Jr | Tatiana Feijó Colunistas Elka Porciúncula | Giovanni Sugamosto | Leonardo Guimarães Neto Mônica Mercês I Renato Leal | Tiago Andrade Lima

Publicidade Tatiana Feijó tatiana@construirnordeste.com.br | +55 81 92844883 construir@construirnordeste.com.br | +55 81 3038-1045

Representantes para publicidade Ceará NS&A | Aldamir Amaral +55 85 3264.0576 | nsace@nsaonline.com.br São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio grande do Sul | Vando Barbosa +55 11 975798834 | +55 11 996142513 vando.barbosa@raizesrepresentacoes.com.br André Maia | 21 994684171 andremaia@raizesrepresentacoes.com.br Administrativo-Financeiro | Caetano Pisani caetano@construirnordeste.com.br Assinaturas e Distribuição | Palloma Saldanha palloma@construirnordeste.com.br NÚCLEO ON LINE | Pablo Braz pablo@construirnordeste.com.br Portal Construir NE | www.construirnordeste.com.br Facebook: Construir Nordeste faleconosco@construirnordeste.com.br Endereço e telefones Rua José Paraíso, 210 2º andar – Boa Viagem Recife – PE – Cep: 51030-390 +55 81 3038 1045 / 3038 1046



agenda

cartas Este canal de comunicação objetiva auxiliar os profissionais da construção em seus questionamentos relacionadOs à gestão e À tecnologia da construção de edifícios Sabendo-se que a destinação inadequada de pneus inservíveis pode trazer danos ao meio ambiente, que aplicações de engenharia podem empregar este tipo de material? Existem diferentes aplicações para os pneus inservíveis, seja em sua forma inteira ou cortados e triturados. No caso de pneus inteiros, podem ser aplicados em obras de contenções, em margens de rios para evitar desmoronamentos, assim como podem ser utilizados como recifes artificiais, na construção de quebra-mares, no controle de erosão. Os pneus inservíveis que são cortados e triturados são normalmente submetidos a operações de separação dos diferentes materiais que o compõe. A borracha que se obtém a partir destes processos, ou seja, triturada ou granulada, poderá ter diversas aplicações, como: em misturas asfálticas, agregado em concretos ou argamassas, em revestimentos de quadras e pistas de esportes, reforço de solos, dentre outros. A utilização destes materiais gera grandes reduções de seu volume, além de substituir parte da matéria prima natural empregada nas atividades de construção civil. Pesquisas que envolvem resíduos de pneus inservíveis têm sido desenvolvidas no Programa de Mestrado em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco pelo grupo AMBITEC. Profa. Dra. Stela Fucale Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco Grupo AMBITEC - Engenharia Aplicada ao Meio Ambiente Contato: sfucale@yahoo.com.br Verifica-se que está crescendo o uso de placas de ACM nas construções. Sei que o ganho na produtividade para a execução das fachadas é grande, e que há melhora na estética, mas quais são os reais ganhos com o seu uso? A fachada com ACM (Aluminum Composit Material) é um tipo de fachada ventilada que proporciona melhoria no desempenho térmico e acústico da edificação. Uma vez que o conforto térmico é proporcionado, consequentemente, existe a economia de energia com o condicionamento de ar. No caso específico da fachada ventilada com ACM, este material tem grande facilidade de conformação, por ser maleável, sendo um grande atrativo para projetos arquitetônicos; possui baixo peso, o que facilita sua instalação; e há facilidade de desmonte sem afetar a estrutura principal. Devido ao reuso dos seus elementos, minimiza o impacto ambiental quanto à geração de resíduo. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Para garantir a uniformidade da cor da fachada, é interessante fazer o pedido com o total necessário para o cumprimento do projeto; sua forma de armazenamento deve ser adequada para evitar empeno dos painéis; e as placas devem ser montadas na mesma direção, o que é facilmente identificável pela película de proteção. Eng. Yêda Vieira Póvoas Tavares Engenheira Civil, M.Sc., Dr. Professora da Universidade de Pernambuco

EQUIPOTEL NORDESTE DATA: 06 A 08 DE MAIO LOCAL: RECIFE/PE EQUIPOTELNORDESTE.COM.BR INNOVACIÓN EM TECNOLOGÍAS ANTE LOS NUEVOS DESAFÍOS GLOBALES DEL SECTOR DEL CEMENTO E DEL HORMIGÓN DATA: 06 a 08 DE MAIO LOCAL: QUITO E CUENCA/EQUADOR INECYC.ORG.EC/JORNADA SAMOTER DATA: 08 A 11 DE MAIO LOCAL: VERONA/ITÁLIA SAMOTER.COM.BR CONGRESSO BRASILEIRO DE CIMENTO DATA: 19 A 21.05 LOCAL: CAMPINAS/SP CBCIMENTO.COM.BR TECOBI EXPO - 2ª FEIRA DE TELHADOS, COBERTURAS E IMPEARMBILIZAÇÃO DATA: 20 A 22 DE MAIO LOCAL: SÃO PAULO/SP TECOBIEXPO.COM.BR 30ª FEIRA INTERNACIONAL DA MECÂNICA DATA: 20 A 24 DE MAIO LOCAL: SÃO PAULO/SP MECANICA.COM.BR FECONTECH - 86° ENCONTRO NACIONAL DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO I FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO DATA: 21 A 23 DE MAIO LOCAL: GOIÂNIA/GO ENIC.ORG.BR ADIT INVEST DATA: 29 A 30 DE MAIO LOCAL: BRASÍLIA/DF ADIT.COM.BR/ADITINVEST 4ª FEIRA BRASILEIRA DE FABRICANTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL I 10ª FEIRA NACIONAL DAS TECNOLOGIAS DE HABITAÇÃO E IMOBILIÁRIO DATA: 04 A O8 DE JUNHO LOCAL: BLUMENAL/SC FEIRAFABRICON.COM.BR

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PORTA DO SOL A capital nordestina que ilustra a capa da Fan Page da Revista Construir Nordeste nesta edição é João Pessoa, na Paraíba. Conhecida como Porta do Sol, por estar localizada onde o Sol nasce primeiro nas Américas, a cidade traz como um de seus porta-retratos o belo litoral de 24 km de orla, onde é possível ver falésias que se debruçam sobre o mar de ondas fortes, extensas faixas de areia sobre território selvagem e piscinas em alto mar. Ela também é considerada com uma das capitais que têm melhor qualidade de vida do Nordeste.

CASA COR Nesta edição, os arquitetos Claudio Campello e Isadora Padilha dão a sua opinião sobre a Casa Cor Pernambuco e a Casa Cor Alagoas, duas grandes mostras da mais completa exposição de paisagismo, arquitetura e decoração das Américas. Para quem quiser saber mais sobre os dois eventos, pode acessar fotos dos ambientes, perfil dos arquitetos e os destaques das mostras no portal da Revista Construir Nordeste.

FÓRUM CONSTRUIR A Revista Construir Nordeste realizou o seu 16º Fórum Construir, que trouxe como foco principal os Sistemas Construtivos Inovadores. Além da cobertura do evento nesta edição, que contou com importantes nomes da engenharia, como construtores, arquitetos, engenheiros e estudantes da área, você pode conferir a galeria de fotos no portal da RCN.

Espaço Aberto A versão completa do trabalho dos engenheiros Alexandre César Leão de Lima, Camila Borba Rodrigues, Daniela Maria Silva de Albuquerque e Kalinny Patrícia Vaz Lafayette, publicado na seção Espaço Aberto da edição 72, já pode ser acessada no nosso Portal. No artigo científico, o grupo, que integra o Programa de Pós–Graduação em Engenharia Civil da Universidade de Pernambuco, faz uma avaliação ambiental dos pontos de recebimento de resíduos de construção civil no Recife.

PROMOÇÃO CULTURAL Fique de olho na Fan Page da RCN. Vamos fazer a promoção cultural em parceria com o NOVO – Núcleo de Profissionais, Arquitetos e Designers. A ideia é divulgar a 3ª edição do Anuário de Ouro da Arquitetura e Decoração de Pernambuco, produzido pelos irmãos André e Adriana Cavendish, diretores do Núcleo. A publicação reúne uma seleção de projetos residenciais e comerciais de 35 escritórios de arquitetura consagrados de Pernambuco. O anuário traz também os vencedores do Concurso Cultural de Projetos de Arquitetura NOVO Núcleo – 4ª e 5ª edição, além de um guia das 40 lojas do mercado, selecionadas pelos profissionais mais antenados do mercado. E tem mais: apresenta no final uma versão reduzida em inglês.

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palavra

A força da inovação Paulo Safady Simão*

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Um dos aspectos mais importantes desse estudo foi a possibilidade de comprovarmos, pela primeira vez, que mesmo as famílias com renda mais baixa aceitam pagar o custo para ter inovações em suas casas...

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onta a lenda que, na Copa de 1958, antes do jogo contra a antiga União Soviética, o técnico brasileiro Vicente Feola reuniu os jogadores e combinou a estratégia da partida. Depois de exposto o plano tático, o técnico perguntou se todos haviam compreendido. Então, Garrincha, em sua simplicidade, respondeu: “Tá legal, seu Feola, mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?”. Essa história ilustra bem o comportamento que a indústria da construção no Brasil tem adotado quando o assunto é inovação tecnológica. Durante anos, temos trabalhado pela introdução de novos modelos construtivos, de produtos e métodos inovadores, mas esquecemos de perguntar o que os compradores de imóveis pensam sobre esse tema. Como o consumidor brasileiro que sonha em comprar sua casa própria vê a crescente inserção de novas tecnologias na construção? Ele está disposto, eventualmente, a pagar um preço maior pela moradia que incorpora essas “modernidades”? Que tipos de inovação ele considera mais importantes? Para responder a essas e outras perguntas, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou, com o apoio do Instituto Sensus, uma pesquisa de opinião pública que ouviu 1.100 pessoas em 24 unidades da Federação. O resultado desse trabalho inédito comprova o que até então era apenas um “sentimento do mercado”: as pessoas que estão adquirindo ou planejam comprar um imóvel estão cada vez mais exigentes com a qualidade da moradia e aprovam (81,9% dos entrevistados) as inovações tecnológicas. Um dos aspectos mais importantes desse estudo foi a possibilidade de comprovarmos, pela primeira vez, que mesmo as famílias com renda mais baixa aceitam pagar o custo para ter inovações em suas casas, desde que essas inovações proporcionem mais qualidade de vida e redução de custos de manutenção ao longo da vida útil do empreendimento. Obviamente que não se trata de buscar justificativas para aumentar o preço dos imóveis, repassando o investimento inicial, mas de evidenciar o reconhecimento do cliente quanto aos itens que agregam valor à moradia. Além disso, sabendo como os consumidores veem a inovação, os empresários de toda a cadeia produtiva

da construção poderão planejar melhor os necessários investimentos. O aumento em escala do uso de novas tecnologias, máquinas e produtos fará com que os custos se tornem gradativamente menores e permitirá avanços em todos os níveis de empreendimentos. O estudo realizado pela CBIC e Instituto Sensus fortalece, inclusive, os argumentos utilizados pela indústria da construção em seu diálogo com o governo federal no sentido de levar a inovação tecnológica também ao programa Minha Casa, Minha Vida. Podemos afirmar que a indústria da construção no Brasil avança rapidamente no sentido de recuperar o tempo perdido para alcançar o nível tecnológico já verificado nos países do chamado primeiro mundo. Prova disso é que nós já temos o quarto maior número de empreendimentos com o certificado LEED, um dos mais importantes selos de construção sustentável do planeta. Também é prova dessa evolução a implementação (em 2013) das Normas de Desempenho de Edificações (NBR 15.575), que definiu parâmetros técnicos para vários requisitos importantes de uma edificação, como desempenho acústico, desempenho térmico, durabilidade, garantia e vida útil, determinando um nível mínimo obrigatório para cada um deles. Nesse contexto, o nosso desafio como empresários, gestores públicos e organizações da sociedade civil organizada é esclarecer a opinião pública sobre os ganhos diretos e indiretos que a inovação tecnológica na construção propicia. A informação continua sendo a melhor ferramenta de que a sociedade dispõe para consolidar os avanços alcançados nas últimas décadas. Conhecendo melhor os recursos e potencialidades do nosso setor, tenho certeza de que cada cidadão será um importante parceiro para que a indústria da construção continue sendo um motor do crescimento econômico e da melhoria da qualidade do nosso povo.

*Paulo Safady Simão é engenheiro e presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)


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operamarketing

entrevista

Impermeabilização, proteção e reforço das estruturas de concreto de estádios e arenas esportivas de um dos maiores eventos do mundo. Tivemos o orgulho de colaborar com estas obras e agora temos orgulho de fazer parte da torcida que mais cresce no mercado brasileiro.

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INFORME-SE


entrevista

Wilson de Mello Jr

MÃO DE OBRA X CONSTRUÇÃO CIVIL

Gestores, auxiliares, técnicos em segurança e operadores de maquinário estão em falta no mercado construtivo. Para Wilson de Mello Jr., diretor do Instituto Opus, a disponibilidade e capacitação de mão de obra é hoje um dos principais problemas da construção brasileira, o que interfere na produtividade, segurança e qualidade das obras. Com o objetivo de promover a formação de profissionais para o segmento, o Instituto nasceu em 2001, por iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Atualmente, a entidade oferece não só cursos de operação de equipamentos, mas também formação em áreas como gestão de frotas, supervisão de rigging (içamento de peças), gerenciamento de equipamentos, entre outros. Em entrevista à Revista Construir Nordeste, o diretor do instituto revela suas preocupações com o descompasso entre a demanda e a oferta e com a qualidade da formação da mão de obra e aponta possíveis saídas governamentais e privadas para superar a crise. por Chloé Buarque e Isabela Morais


entrevista

...no ano passado não se investiu de forma adequada no segmento, e hoje contamos não só com a falta de mão de obra, mas também com a sua desqualificação. A oferta não está de acordo com a demanda. Qual o cenário atual da demanda de mão de obra qualificada na construção civil brasileira? A Sobratema desenvolveu algumas pesquisas de mercado dentro do segmento da construção pesada que nos ajudam a ter uma luz sobre essa questão. Uma delas diz respeito ao que vai acontecer nos próximos anos em nosso país em termos de obras. Foram mapeadas todas as obras — desde infraestrutura até hospitais e shoppings — que deverão acontecer no Brasil até 2018. Os dados revelaram que serão cerca de 8.300 obras, com investimentos na ordem de R$ 1,2 trilhão. Em outro estudo, projetou-se a quantidade de novos equipamentos pesados que deverão entrar no mercado e constatou-se que, só para o ano de 2014, é esperado o ingresso de 75 mil novas máquinas. Isso significa que precisaremos de no mínimo 75 mil operadores. Segundo dados da Sobratema, a cada quatro equipamentos, você precisa de pelo menos uma pessoa de apoio — seja um mecânico, um lubrificador, um gestor contábil e outros profissionais responsáveis pela gestão. Outro número levantado pela entidade mostra que

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a frota aproximada em operação no País é de mais de 500 mil máquinas. Não estamos falando apenas de operadores de máquinas, mas também de engenheiros, técnicos, gestores, supervisores, etc. A demanda por esses profissionais é enorme, e o problema, maior ainda, porque no passado não se investiu de forma adequada no segmento, e hoje contamos não só com a falta de mão de obra, mas também com sua desqualificação. A oferta não está de acordo com a demanda. Qual é a qualidade da formação desses profissionais? Temos verificado um aumento muito grande de instituições oferecendo cursos, mas eles nem são adequados ao que o mercado precisa. São cursos que geralmente não têm uma carga horária satisfatória para ensinar pessoas e não possuem um conteúdo programático adequado ao que o mercado precisa, e isso é também outro fator complicador. A maioria desses cursos parte do princípio de que o profissional participante possui as características necessárias para absorver o conhecimento que será compartilhado nas aulas, bem como as competências pessoais necessárias para desempenhar a função. A prática, porém, tem demonstrado que esses investimentos em treinamento nem sempre conseguem atingir os objetivos propostos. Verificamos, por exemplo, que alguns profissionais, mesmo apresentando um diploma de Ensino Fundamental ou Médio, possuem dificuldade de leitura e apresentam baixa capacidade de executar cálculos básicos sem o auxílio de instrumentos externos. Ou seja, o investimento está sendo feito em um profissional não adequado. No Instituto Opus, tentamos fazer nossa parte. Fechamos uma parceria com a Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi), um organismo certificador de pessoas reconhecido pelo Inmetro, e temos

trabalhado nas definições de como deve ser a certificação dos profissionais do segmento da construção e da mineração. Como garantimos que uma pessoa está apta a realizar aquele trabalho? Nós estamos adotando uma norma internacional, a ISO 17.024 – Avaliação da Conformidade – Requisitos Gerais, que define os critérios de certificação de pessoas, e trazendo esses parâmetros para o mercado brasileiro. Com isso, pretendemos elevar o patamar de critérios para garantirmos a qualidade dos profissionais que estão atuando no mercado. Há algum tipo de função que seja mais difícil encontrar pessoas treinadas para realizá-la? Eu diria que faltam profissionais de todos os tipos no nosso segmento. Hoje é difícil encontrar desde a pessoa que faz a parte mais operacional e técnica nas obras até engenheiros, gestores, administradores, RHs. Como eu disse, estão previstas mais de 8 mil obras até 2018, serão mais de 8 mil canteiros de obras pelo País nos próximos anos. Em cada um deles, você precisa de pelo menos um engenheiro, um administrador, um tecnólogo, profissionais de segurança, etc. A falta é generalizada, está presente em todos os níveis, mas a dificuldade maior ainda é em obter as pessoas qualificadas para cargos operacionais.

Hoje é difícil encontrar desde a pessoa que faz a parte mais operacional e técnica nas obras até engenheiros, gestores...


Nós não temos no País instrumentos de medida ou pesquisas que quantifiquem o quanto está se perdendo em dinheiro e em vidas com a má qualificação. E quais são os organismos responsáveis pela formação dessa mão de obra operacional? Não existe um programa estruturado de formação de mão de obra qualificada. Normalmente, esses profissionais são formados na própria obra, muitas vezes incorporando em sua capacitação os vícios do instrutor e nem sempre recebem a instrução necessária para operar com produtividade e segurança. Em algumas empresas, têm sido realizado programas internos de capacitação. A Petrobrás, por exemplo, desenvolveu cursos para técnicos de petróleo, porque há falta de pessoal. Em parceria com algumas universidades, ela criou uma espécie de faculdade própria, com foco específico na formação de pessoas. Em outro momento, a empresa também verificou que a qualidade de aplicação de camada asfáltica no País não estava adequada e criou o Instituto Pavimentar, com foco em formação de operadores para aplicação de camada asfáltica. Nessa instituição, também acontece a parceria com universidades, no sentido de contribuir com a formação de novos engenheiros através de transferência de conhecimento. A Vale fez a mesma coisa com

relação a seus técnicos de mineração. A Odebrecht tem o chamado Programa Acreditar, no qual a formação de pessoas ocorre nas regiões onde a empresa está realizando alguma de suas obras. Eles investem nas pessoas locais, capacitando-as. Quais são as principais consequências do uso de mão de obra desqualificada na construção? O primeiro ponto de destaque é o aumento de custo pela baixa produtividade. Se pararmos para comparar a produtividade do segmento da construção do Brasil com outros países, ficamos para trás. A baixa produtividade, automaticamente, vai proporcionar aumento de custos e atrasos no prazo de execução da obra. Outro ponto importantíssimo é que, com mão de obra desqualificada, aumenta em muito o número de acidentes no canteiro, que muitas vezes podem ser fatais. Perdemos vidas humanas. Com um acidente, a obra fica parada por semanas, gerando atraso. Nós não temos no País instrumentos de medida ou pesquisas que quantifiquem o quanto está se perdendo em dinheiro e em vidas com a má qualificação. Essa é uma resposta genérica que eu posso te dar, porque não temos dados concretos. Mas, se você abre qualquer jornal, vê inúmeras notícias de obras atrasadas, com o orçamento estourado. Em muitos desses casos, os problemas são gerados pela falta de qualificação dos profissionais. Que medidas poderiam reverter esse cenário? Quais seriam os agentes responsáveis por tomá-las? Algumas coisas já estão sendo feitas. A Método Engenharia, por exemplo, está trabalhando em realizar cursos para os donos das empresas fornecedoras de serviços,

para conscientizá-los da importância de ter mão de obra qualificada dentro do processo produtivo, com o objetivo de melhorar a produtividade, reduzir custos e garantir a entrega no prazo. O Senai está se esforçando para lançar, em todo o Brasil, algumas ações de formação para operadores de máquina por meio da Rede Nacional da Construção Pesada. A Odebrecht já faz isso, conforme eu já disse, por meio do Programa Acreditar e de programas específicos dentro de suas obras. O Instituto Opus desenvolve uma série de atividades em conjunto com as construtoras. Mas perto de todo universo de mercado, essas ações ainda são muito pequenas. A responsabilidade do governo é de, de alguma forma, incentivar a formação de mão de obra qualificada por meio da redução de impostos das empresas que formam pessoas. Essa medida incentivaria as empresas a realizarem mais investimentos na área de formação. Mas isso, é importante lembrar, precisa acontecer em todas as regiões do país. Na região sul e sudeste, mesmo que de forma não satisfatória, você consegue atender a demanda. Mas, se você sai dessa área e vai para o Nordeste e Norte, onde o crescimento da demanda é violento por causa do volume de obras, você não encontra ações estruturadas para contribuir com a melhoria, já que não existe uma política sobre isso.

A responsabilidade do governo é... incentivar a formação de mão de obra qualificada por meio da redução de impostos...

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Segunda Fábrica A Knauf do Brasil, multinacional alemã referência mundial em sistemas de construção a seco (drywall), está construindo sua segunda fábrica no País, no município de Camaçari, na Bahia. Com investimentos de R$ 150 milhões, a nova fábrica vai aumentar em 80% a capacidade produtiva total da empresa, que já possui um parque industrial no município de Queimados, no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com Günter Leitner, diretor-geral da Knauf do Brasil, a escolha pela Região Nordeste se deve por ser um mercado crescente, com disponibilidade de energia e infraestrutura, permitindo atender melhor os parceiros do Norte e Nordeste, além da proximidade com a matéria-prima para fabricação do gesso, a gipsita. O início da produção da fábrica está previsto para o segundo semestre deste ano.

CSM no Nordeste Obras de infraestrutura e relacionadas aos Jogos de 2014 e 2016 têm impulsionado o crescimento da divisão de fôrmas da catarinense CSM, uma das maiores e mais importantes empresas brasileiras no desenvolvimento de máquinas para construção, fôrmas, sistemas construtivos e engenharia de movimentação. Apesar da distância geográfica, sua competitividade garantiu o fornecimento de vigas jacaré e de 19 fôrmas customizadas para fabricação de estruturas de concreto para montagem da arquibancada da Arena Pernambuco. No canteiro de obras, o processo industrializado permitiu associar alta produtividade ao retorno antecipado do investimento, com racionalização dos insumos e garantia de qualidade, dada a regularidade dimensional dos componentes.

Maior Produção A T&A Pré-Fabricados deu início à produção de estacas de concreto na sua unidade paulista, localizada em Itu (SP). A indústria cearense fabricará estacas protendidas e centrifugadas, produzidas em máquinas com tecnologia desenvolvida pela própria empresa. O objetivo é que a unidade paulista forneça para obras da Região Sudeste, sobretudo no litoral, com foco para obras industriais e portuárias de maior porte. Com o investimento na unidade de Itu, a empresa mais que dobrou a sua produção de estacas, que agora é de 30 mil metros lineares/mês, passando a ser um dos maiores players do segmento no País. A T&A já produz estacas em sua fábrica pernambucana, tendo fornecido para obras em todo o País, como para a Refinaria de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e o Centro Administrativo de Brasília.

Plano de Investimentos Com 74 anos de atividade, a Eternit, líder de mercado no segmento de coberturas, com atuação em louças, metais sanitários e soluções construtivas, mantém seus investimentos em linha com o Plano de Expansão e Diversificação. Em 2013, esses investimentos somaram R$ 93,6 milhões, 34,9% maior do que em 2012, sendo destinados, principalmente, à construção da fábrica de louças sanitárias, no Ceará, à instalação da unidade de pesquisa, desenvolvimento e produção de insumos para materiais de construção, no Amazonas, e à manutenção e atualização do parque industrial do Grupo. De acordo com Nelson Pazika, Presidente e Diretor de Relações com Investidores, a Eternit continua sendo uma das empresas com maior índice de retorno aos acionistas entre as companhias de capital aberto no Brasil.

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Aniversário A Sika celebra em 2014 os seus 80 anos no Brasil. Com sede em Baar, na Suíça, a empresa de produtos químicos especializada no fornecimento para os mercados de construção e indústria de fabricação comemora a data com um aumento de 17,1% das vendas na América Latina no primeiro trimestre do ano. Atualmente, a Sika Brasil ocupa o sexto lugar no ranking mundial de operações da companhia, que está presente em 80 países. Segundo o José Soares, gerente geral da Sika do Brasil, isso representa um quadro bastante favorável, pois a empresa recebeu investimentos para crescer e ampliar o quadro, como a aquisição de 100% da Lwart Química, que pertencia anteriormente ao Grupo Lwart. Na foto, a construção do túnel ferroviário St. Gotthard, essencial para a ligação do Norte da Europa com o sul do continente, em que foi usado pela primeira vez um produto da Sika, o Sika 1.

Nova marca Para celebrar os 26 anos de atuação no mercado de Pernambuco, a imobiliária Eduardo Feitosa renova a marca pela primeira vez. A empresa apresenta agora um novo logo, desenvolvido pela Mooz, agência de branding e design. Para a empresa, o grande desafio de mexer em uma marca bem estabelecida é resistir à tentação de criar uma ruptura com o design original, pois existe uma relação entre a marca e o consumidor, e mudanças bruscas podem atrapalhar o reconhecimento instantâneo que a empresa possui. A marca ganhou um visual mais leve, com um ícone que se adequa aos padrões de comunicação digital.

20 anos Em 2014, a JBR Engenharia comemora 20 anos de atuação no mercado. A empresa, que presta consultoria na elaboração de projetos multidisciplinares de engenharia e de arquitetura, além de realizar o gerenciamento e a supervisão de obras de grande porte, celebra 2 décadas com um crescimento de 15% em média por ano. De acordo com Pedro Pereira, diretor-presidente da JBR, o sucesso se deve ao investimento no aperfeiçoamento dos seus talentos, na valorização dos colaboradores e no compromisso com a responsabilidade socioambiental. Há 11 anos, a JBR desenvolve ações voltadas para os moradores do entorno de sua sede, no Recife (PE), e mantém o Instituto Maria Madalena Oliveira Cavalcante, que capacita profissionalmente crianças e adolescentes.

Coldwell Banker no Ceará A Coldwell Banker, rede norte-americana líder mundial em franquias imobiliárias, inicia agora suas operações no Ceará. Presente já em cinco estados do País, a rede já começa com seis unidades em Fortaleza, e a previsão é que até o fim de ano mais de 13 empresas passem a fazer parte do grupo. Segundo a franqueada da Coldwell Banker de Fortaleza, Guimênia Nigueira, a rede irá fazer com que o comércio de imóveis em toda a região do Nordeste cresça consideravelmente, pois, além do nome forte, a empresa irá trazer inovação, treinamento e conhecimento para seus corretores. No ano passado, a rede comercializou 274 bilhões de dólares no segmento residencial e 6,7 bilhões de dólares no segmento comercial.

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* Prêmio divulgado no Anuário Tecnologia Série Estudos de 2014

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OS CAMINHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL Giovanni Sugamosto*

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Só em fevereiro deste ano, a construção civil criou mais de 30 mil postos de trabalho no Brasil, crescimento de 2,04% se comparado com o mesmo período do ano anterior...

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uito se tem falado a respeito do setor de construção civil no Brasil e de suas perspectivas de expansão para os próximos anos. É indiscutível que esse fenômeno está intrinsecamente ligado à proximidade dos grandes eventos esportivos que acontecerão no País e que vêm impulsionando este mercado de forma surpreendente já há algum tempo. Os números oficiais revelam uma previsão positiva para setor em 2014. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon–SP), a previsão de crescimento do setor é de 2,8%, caso PIB do País suba 2%. Já o emprego formal na construção civil deverá apresentar alta de 1,5%, enquanto a produção de materiais aumentará 3,6%, e a taxa de investimento deverá ficar em 19,8% do PIB. Seja para o atendimento às demandas geradas por esses eventos, como construção e reformas de estádios e hotéis, seja pela necessidade de retomada definitiva das obras de infraestrutura, que, se bem realizadas, poderão constituir o real legado para a população brasileira, muitas companhias voltadas à construção civil já estão atentas às novas oportunidades e investindo cada vez mais na profissionalização. Mas o sucesso nesse ramo de atividade exige visão de longo prazo e planejamento. Além dos grandes eventos, o Brasil é um país de desafios infindáveis a serem supridos nesse universo. O déficit habitacional, por exemplo, mesmo em queda, (em 2007, eram 10% do total dos domicílios brasileiros, e em 2012 caiu para 8,53%, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, ainda corresponde a espantosos 5,24 milhões de residências. Nesse cenário, construtoras e incorporadoras buscam cada vez mais dinamismo, afinal o tempo é curto para tantas realizações, e as expectativas são bastante altas. Indo ao encontro dessas exigências, muitas empresas vêm se valendo de soluções inovadoras e, sobretudo, incorporando a tecnologia da informação em

suas rotinas, para se manterem eficientes e competitivas em um segmento que é, e sempre será, a mola mestra de desenvolvimento de um país. Atualmente, já é possível, por exemplo, controlar todas as atividades em um canteiro de obras apenas com um tablet ou um aplicativo mobile, sem exigir um sinal de telefonia ou o manuseio de documentos em papel, o que reduz custos desnecessários e proporciona ganhos em qualidade de gestão de pessoas e tempo. Outro fator de destaque é a capacidade de geração de empregos. Só em fevereiro deste ano a construção civil criou mais de 30 mil postos de trabalho no Brasil, crescimento de 2,04% se comparado com o mesmo período do ano anterior. A continuidade de investimentos no setor, portanto, é condição sine qua non para o equilíbrio da economia, a contínua melhora do poder aquisitivo das famílias e principalmente, ponto de partida para a retomada sustentada do crescimento. Enfim, além do esforço das empresas privadas em acompanhar essa tendência de expansão, há de se ressaltar a importância de um envolvimento mais profundo do poder público para que tanta energia não se dissipe no encerramento das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Obras estruturais são cada vez mais essenciais e devem ser prosseguidas mesmo após os grandes eventos, para que o Brasil continue sendo rota não apenas dos turistas eventuais, mas também dos investidores locais e estrangeiros.

* Giovanni Sugamosto é diretor da Mega Sistemas Corporativos, é bacharel em Informática, administrador de empresas e atua há 15 anos na Mega Sistemas Corporativos.


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01 Artesanal A Square Foot, marca de tapetes da designer Lina Miranda, tem ganho seu espaço no Nordeste. A nova iorquina é um dos principais nomes no mundo quando o assunto é design de tapetes. Com know-how em decoração de ambientes e uso efetivo de espaços, Lina oferece gratuitamente consultoria in loco de interior design e desenvolve desenhos exclusivos, sem restrições de tamanho – tudo personalizado. Os tapetes tibetanos (mais grossos e aconchegantes) e dhurries indianos (mais finos) são as especialidades da Square Foot. Ambos são produzidos no Nepal e na Índia. squarefoot.com.br I 11 3083.3425.

02 Inovação Com tratamento em autoclave, o que garante imunidade contra o ataque de fungos, cupins e brocas, o Deck de Teca Autoclave, da Linha Exterior, da Indusparquet, conta também com o repelente a água (hidrofugante), conferindo maior estabilidade à madeira. Medida: 20x90x700/2200mm. indusparquet.com.br I 0800 11 36 22.

03 Área Interna Traços geométricos, misturas de materiais e acabamentos são o ponto forte da Coleção 2014 da Saccaro. O sofá da linha Tez aposta no artesanal e no sensorial. Com estrutura de madeira e revestimento em fibra natural, o destaque fica por do detalhe de costura e aplicação de botões também em madeira no mesmo acabamento da fibra. Já a poltrona Scandia, simples e prática, tem inspiração escandinava e orgânica, com formas criadas através da madeira e do tecido, proporcionando atemporalidade. Funcional, a poltrona une ergonomia e conforto com linhas leves e fluídas. saccaro.com.br I 54 4009.3600.

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04 VIDROS INTELIGENTES Fabricados com nanotecnologia, os vidros Habitat recebem uma deposição de camadas de óxidos metálicos (como titânio, níquel) na superfície durante o processo de fabricação. Essas camadas permitem a entrada de luz, mas reduzem o calor e a temperatura interna do ambiente em até 10 graus em relação à externa. Com mais luz e menos calor, reduz-se o consumo de luz artificial e de ar-condicionado, gerando uma economia na conta de energia que pode variar de 15 a 27%. A linha habitat refletivo possui um aspecto espelhado, inibindo a visão de fora para dentro do ambiente durante o dia. Disponíveis nas espessuras de 4 a 10mm, podem ser instalados como vidro comum, temperado, laminado ou duplo. vidroshabitat.com.br I 0800 741 1010.

05 Estilo em apenas um clique Da loja virtual de móveis e acessórios de design Muma, o Sky Planter é totalmente moderno e inovador. Desafiando a gravidade, é possível tirar seus vasos dos cantos escondidos, elevando-os ao alto de forma inusitada e sem sujeira. Um disco de bloqueio mantém a terra e a planta no lugar, e um sistema de reservatório conserva a água a medida que hidrata gradualmente as raízes da planta. Fabricado em plástico reciclado, está disponível em três tamanhos: pequeno, médio e grande. O design é de Patrick Morris da Nova Zelândia. muma.com.br I 81 4042.0004.

06 DNA Nordestino A pernambucana D.uas Design está com coleção nova. O banco pé palito inspirado na década de 50, tem estrutura em madeira timborana e estofado em sarja de poliéster. O produto está disponível para encomenda em qualquer uma das estampas desenvolvidas exclusivamente pelas D.uas. Medidas: largura: 100 cm x profundidade: 41 cm x altura: 43 cm. duasdesign.com.br I 81 3204.6783.

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VITRINE Estilo

arte e forma Especialista em estrutura metálica e Light Design, Sandra Moura é arquiteta e urbanista pela Universidade Federal da Paraíba. Com 26 anos de experiência, Sandra criou espaços que contam parte da história de João Pessoa, onde suas obras interferem sensivelmente no tecido urbano, buscando resgatar valores regionais com criatividade, sustentabilidade e tecnologia. A arquiteta, que tem projetos que vão além da capital paraibana, destaca-se pelo seu olhar contemporâneo e pela tênue relação utilidade e prazer. Nessa edição da Vitrine Estilo, você pode transitar pelas ideias e pelos materiais que são a marca da paraibana.

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01 Vidro O vidro devidamente utilizado proporciona beleza, economia e segurança. Material ecologicamente correto, é reciclável e possibilita a execução de projetos sustentáveis.

02 Light Design A iluminação artificial faz parte do momento criativo do projeto. Devemos sempre elaborar os espaços pensando no efeito da luz que irá transformá-lo, não esquecendo que no decorrer do dia essa luz se modifica, e o ambiente produz um diferente efeito visual.

03 Pelos de Aço Muxarabi O Muxarabi, herança deixada pelos Árabes (semelhante ao nosso combogó), fecha parcialmente os ambientes, preservando a intimidade, além de permitir ventilação e iluminação, bloqueando o calor e filtrando os intensos raios solares.

04 Concreto O concreto mescla a resistência e durabilidade da pedra com as características do aço. O resultado é um material que tem a vantagem de poder assumir qualquer forma com rapidez e facilidade, além de proporcionar estética e beleza à edificação.

05 MADEIRA Com característica marcante, a madeira é facilmente obtida, além de ser autorenovável. Tem massa específica baixa, o que lhe confere qualidades relacionadas com o conforto ambiental, isolamento térmico e absorção acústica.

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fotos: Keila Castro

O evento conseguiu reunir profissionais e estudantes de todo setor da construção.

Fórum Construir Nordeste chega a 16a Edição Evento marca primeira ação comemorativa dos 15 anos da Revista ConstruirNE

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m abril, a Revista Construir Nordeste promoveu o 16° Fórum Construir – Sistemas Construtivos. O evento aconteceu na sede do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Pernambuco (Sinduscon) e teve como objetivo principal disseminar as inovações tecnológicas da engenharia para aplicação na construção civil. Participaram incorporadores, construtores, arquitetos, engenheiros e estudantes do setor. “A edição foi a primeira ação da Revista Construir Nordeste para comemorar o seu aniversário. Queremos reforçar ainda mais nosso papel de catalisador de informações. Acreditamos que a troca de ideias e, igualmente, o registro jornalístico dos resultados desses valiosos encontros contribuem para o desenvolvimento do setor. É isso que queremos!”, comentou a publisher da revista, Elaine Lyra. De acordo com Elka Porciúncula, organizadora do evento, dentro da temática foram escolhidos sistemas construtivos enxutos, em que planejamento e

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gestão dos projetos são indispensáveis para a fase de execução da obra e para um resultado final de qualidade.“Optamos por abordar tecnologias como o Drywall, o Steel Frame e as paredes de concreto moldadas in loco.” Ana Wansul Liu proferiu a primeira palestra: A importância da compatibilização de projetos nos sistema construtivos. Graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, pós-graduada em Engenharia de Produção Aplicada à Construção Civil e mestra em Engenharia de Construção Civil, ela levou como exemplo o uso do BIM, sistema ainda pouco utilizado no Brasil, devido ao alto custo e à dificuldade de qualificação de mão de obra. A mensagem que deixou foi: “Vamos errar novos erros e aprender com erros antigos”. Em seguida, foi a vez de Wenderson Lobo, coordenador técnico da Trevo Drywall, com Projetos e subsistemas para Drywall. O coordenador pontuou os benefícios do Drywall em relação ao sistema convencional. Lobo destacou

liberdade arquitetônica, tempo de execução, redução de peso na estrutura, ganho de espaço (4 a 5% mais), redução de custos com menor desperdício, conforto térmico e acústico, facilidade de reparos, aceitação de qualquer tipo de acabamento e industrialização. Na terceira palestra do Fórum, Carlos André de Oliveira, supervisor da Placlux tratou da construção e mão de obra qualificada para Steel Frame. Segundo Oliveira, o evento foi uma grande oportunidade para o construtor brasileiro conhecer os atuais sistemas construtivos. “Foi importante mostrar para os investidores os ganhos e toda a inovação que esse sistema a seco pode proporcionar. As palestras tiveram temas pertinentes e atuais. Os debates foram muito proveitosos, e toda a cadeia da construção civil se beneficiou com os temas apresentados.”, disse. Além dos palestrantes, o primeiro debate teve a presença do engenheiro civil Luiz Priori Jr.; do especialista em Steel Frame (Ecoframe/RN), Luiz


Cláudio dos Santos; e do engenheiro civil da Empresa Brasileira de Compressores (Embraco), Clauber Gomes. Durante a discussão, um dos principais questionamentos foi a dificuldade de mão de obra qualificada. “Do que adianta novas tecnologias sem mão de obra especializada? Precisamos refletir.”, indagou Priori. A partir do questionamento, o tema gerou uma série de colocações e movimentou o Fórum, que abriu perguntas para os participantes. A importância da compatibilização de projetos também voltou a ser discutida. No geral, houve um consenso sobre os dois tópicos: é preciso rever a formação da mão de obra na construção civil, e é fundamental que a compatibilização de projetos seja feita desde a concepção do empreendimento. Após a pausa para o almoço, Paulo Braatz e João Dalberto Ziane iniciaram a palestra Paredes de concreto moldadas in loco. A dupla apresentou cases bem-sucedidos e afirmou que o grande diferencial da técnica é a redução da mão de obra. Para eles, pela configuração de montagem, o método requer um número muito menor de pessoas. Na oportunidade, os palestrantes também abordaram a NBR 16.055 – Parede de concreto moldada in loco para a construção de edificações – Requisitos e Procedimentos, que regula a tecnologia. A quinta palestra foi ministrada por Carlos Welligton. Em Ensaios necessários para aprovação do sistema na NBR 15.575, Welligton apresentou as linhas gerais que regem os tópicos da Norma de Desempenho e destacou os ensaios necessários para a aprovação do sistema na NBR 15.575. “O ensaio é a grande ferramenta para o construtor comprovar o seguimento das Normas. É fundamental.”, assegurou o professor da Universidade de Pernambuco, coordenador de pós-graduação da Escola Politécnica de Pernambuco e pesquisador do Instituto de Tecnologia de Pernambuco. Em seguida, aconteceu um outro debate, com a participação do gerente regional da Associação Brasileira de

Cimentos Portland (ABCP), Eduardo Moraes; José Afonso Pereira Vitório, diretor do Sindicato da Arquitetura e Engenharia de Pernambuco e Rubia Sousa, projetista da Vitruvius Projetos e coordenadora da Comunidade da Construção de Recife. O coordenador de Normas e Padrões da Gerência Executiva de Habitação da CEF, Frederico José de Holanda, tratou da atuação da Caixa no fomento de sistemas construtivos inovadores, dentro do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat), capitaneado pelo Ministério das Cidades e do programa De Olho na

Qualidade. “O objetivo do Sinat é suprir, temporariamente, as lacunas da normatização técnica.”, explicou. Encerrando a programação, houve um debate geral, que ainda trouxe a questão da liberação de recursos e os procedimentos jurídicos que podem auxiliar no cumprimento das normativas e leis vigentes, com a advogada Emília Belo, além de Betinha Hermano Nascimento e Genildo Valença compondo a mesa. O 16° Fórum Construir – Sistemas Construtivos teve patrocínio da Trevo Drywall, do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) e da BKS.

A publisher da Construir Nordeste, Elaine Lyra, fala a trajetória da revista.

O presidente do Sinduscon, Gustavo Miranda, participou ativamente das discussões.

Os debates foram uma oportunidade para a troca de informações e ideias.


NBR 15.575

foto: Tesis

Na nova redação, é recomendado o uso de aparelhos economizadores de águas por exemplo.

Desempenho de sistemas hidrossanitários revisado Atendimentos a conceitos de Vida Útil de Projeto e de Desempenho Acústico se colocam como principais desafios da sexta parte da NBR 15.575 por Isabela Morais

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esde julho do ano passado, as novas diretrizes estabelecidas pela Norma de Desempenho (NBR 15.575), cujo processo de revisão se estendeu de 2011 até fevereiro de 2013, já estão valendo para todos os projetos de edificações habitacionais do País. Finalizando a série de reportagens sobre o tema, a Revista Construir Nordeste traz, nesta edição, os principais pontos de discussão referentes à última seção do texto. A parte seis da Norma de Desempenho aborda os requisitos para os sistemas hidrossanitários, compreendendo os sistemas prediais de água fria e de água quente, de esgoto sanitário e ventilação, além dos sistemas prediais de águas pluviais. A normativa estabelece conceitos como durabilidade, previsão e antecipação de manutenções e

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funcionamento dos sistemas hidrossanitários, além de considerações sobre a separação dos sistemas de água fria potável, e não potável de acordo com as tendências atuais de reúso da água. Além dos requisitos de atendimento obrigatório, a redação apresenta recomendações, como o uso de aparelhos economizadores de água (torneiras com fechamento automático, por exemplo) e de soluções que minimizem o consumo de água e possibilitem seu reúso. A água tratada e as águas que foram reutilizadas não devem ter comunicação, evitando qualquer tipo de contaminação. Questões como segurança de utilização também são contempladas com a imposição de temperaturas máximas nas saídas de água quente. Vera Fernandes Hachich, sócia-gerente da Tesis e relatora responsável

pela revisão da sexta parte da norma junto ao respectivo Grupo de Trabalho, destaca: “Entre as principais alterações, houve a atualização com relação aos critérios de avaliação dos componentes do sistema hidrossanitário e a compatibilização desse texto com os das normas prescritivas publicadas entre 2008 e 2013”.

Vida Útil de Projeto e desempenho acústico Conforme aponta a engenheira, a nova Norma de Desempenho trouxe duas questões até então não contempladas em normas prescritivas de produtos para hidrossanitários: a Vida Útil de Projeto e o Desempenho Acústico. Outra novidade diz respeito ao


enfoque direcionado para a interação dos sistemas hidrossanitários com os demais sistemas do edifício, como o estrutural, as vedações, os pisos e os sistemas de coberturas. De acordo com Vera, muitas das partes dos sistemas hidrossanitários já estão familiarizadas com o conceito de vida útil, estabelecido em suas respectivas legislações prescritivas. Agora, os Programas Setoriais de Qualidade estão preparando manuais para auxiliar no atendimento à Vida Útil de Projeto (VUP), conforme indicada pela Norma de Desempenho. “As mudanças mais significativas não devem ser de alterações de produtos, mas da introdução do conceito de VUP nas recomendações das manutenções e da instalação, nos projetos dos componentes e subcomponentes do elemento em questão”, conta. A engenheira explica que, graças à variedade das peças, deve-se considerar que os componentes podem apresentar vida útil menor do que aquela estabelecida para o sistema hidrossanitário como um todo. “Vale ressaltar que a vida útil também é função da agressividade do meio ambiente, das características intrínsecas dos materiais e dos usos. O projeto deve fazer constar o prazo de substituição de peças ou produtos e as manutenções periódicas pertinentes.” Tubulações, registros e válvulas para instalações de águas pluviais, por exemplo, devem ter VUP mínima de 20 anos. Já reservatórios que não sejam facilmente substituíveis precisam ter VUP mínima de 13 anos. Já para aqueles aparentes, o mínimo é de 8 anos. O Manual de Uso, Operação e Manutenção deverá indicar prazos para substituição de peças, como borrachas de vedação, bem como os procedimentos para a troca. Também deverá indicar as cargas máximas e pressões máximas de água que podem atuar nas diferentes peças sanitárias e alertar o usuário para o perigo de usos indevidos. Componentes como tubos e conexões de PVC e reservatórios poliolefínicos para água potável, alvos de

Programas Setoriais da Qualidade, já trabalham com o conceito de Vida Útil de Projeto para a definição dos critérios de desempenho exigidos nas normas de produto. “Portanto, não são esperados impactos relevantes do ponto de vista dos custos de produção dos sistemas hidrossanitários. Tampouco será necessário alterar formas de instalação em sistemas tradicionais”, comenta. Segundo a engenheira, durante os trabalhos de reelaboração da normativa, os pontos mais problemáticos foram relativos à acústica dos sistemas. Conforme explica, a definição do comportamento acústico em obra — fator que é dependente dos processos de instalação e fixação dos aparelhos e tubulações – é bem difícil. “A Caixa Econômica Federal e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (IPT) realizaram medidas acústicas e perceberam as dificuldades de isolar a variável de ruído da operação do sistema hidrossanitário dos demais subsistemas da edificação”, explica. A solução encontrada foi deixar com o Grupo de Trabalho a missão de estudar o tema para a próxima revisão. “Nesse momento, o critério de desempenho acústico se manteve como caráter informativo”, relata. Por esse motivo, os requisitos acústicos apresentados no Anexo B do texto não são obrigatórios. Apesar disso, destaca Vera, o principal foco nessa questão foi estabelecer parâmetros de desempenho acústico para minimizar o desconforto gerado ao usuário por ruídos em prumadas coletivas de água ou esgoto, válvulas de descarga e outros equipamentos acionados em apartamentos vizinhos. O texto também apresenta formas de medir os impactos sonoros do funcionamento dos equipamentos hidráulicos. “Com isso, abre-se a possibilidade para o mercado utilizar essas orientações para aprimorar os equipamentos e avaliar o seu desempenho acústico”, diz. Entre outras alterações, a equipe do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do IPT destaca a retirada da tabela de vazões recomendadas para cada peça de utilização, o antigo

item 18.1.2 encontrado na versão de 2008 da NBR 15.575. “Contudo, sabemos que o projeto da norma prescritiva Sistemas Prediais Hidráulico-sanitário para Água Fria e Água Quente incorporou essa recomendação e está em fase de preparação para consulta pública”, ressaltam os membros da equipe.

Impactos Com a entrada em vigor da NBR 15.575-6, os maiores esforços por parte de construtoras e projetistas devem se concentrar na forma de análise dos projetos e na aquisição de componentes, considerando que o sistema hidrossanitário terá que atender aos critérios de desempenho e de durabilidade. “Tornam-se necessários detalhamentos de substituição de componentes, previsão das manutenções periódicas e instruções sobre como fazê-las”, comenta a engenheira. Para a aquisição de produtos que comprovadamente atendam aos critérios específicos, Vera aconselha a consulta ao site do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), onde, para cada produto-alvo, é possível selecionar o fornecedor qualificado de maior conveniência. “Cabe ao setor realizar constantes revisões normativas de seus produtos para que possam prever ensaios de envelhecimento que simulem as condições de uso mais frequentes.”

Entre as principais alterações, houve a atualização em relação aos critérios de avaliação dos componentes do sistema hidrossanitário e a compatibilização desse texto com os das normas prescritivas publicadas entre 2008 e 2013.

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descreve testes que precisam ser realizados ao final do processo construtivo. “Um exemplo é quando se deixa a tubulação aparente no subsolo. É preciso fazer um teste de impacto de corpo mole e corpo duro na tubulação, mesmo que se alegue que a tubulação não precisa, em geral, aguentar impactos. A questão é que, se estiver aparente, ela está sujeita a riscos de choques e precisa ser testada, especialmente se for uma área de garagem, com pessoas e carros transitando. Trata-se de uma verificação de um sistema instalado e em operação”, exemplifica.

Vale lembrar que a vida útil do sistema hidrossanitário é menor que a do sistema estrutural e das vedações verticais externas e, portanto, passível de substituição com maior frequência.

foto: tesis

Em especial no caso de sistemas construtivos inovadores, a concepção de instalações hidrossanitárias aparentes ou que possibilitem manutenção e substituição de componentes de forma a manter a integridade dos subsistemas deverá ser objeto de análise e estudos. Vera destaca: “Vale lembrar que a vida útil do sistema hidrossanitário é menor que a do sistema estrutural e das vedações verticais externas e, portanto, passível de substituição com maior frequência”. Para os agentes da cadeia construtiva que já trabalham com foco no bom funcionamento das instalações de seus produtos, a norma não representa novos desafios. “Já para quem trabalhava com pouca aderência ao conjunto de normas da ABNT, tanto a Norma de Desempenho quanto as demais normas técnicas em vigor, o trabalho será tão mais intenso quanto menor for o atendimento”, avaliam. Com relação a ensaios e testes, Vera conta que a Norma de Desempenho traz formas de verificar se a soma resultante de produtos fabricados segundo as exigências normativas é algo harmônico e funcional. Para isso, o texto

Vera Fernandes é sócia-gerente da Tesis e relatora responsável pela revisão da sexta parte da NBR 15.575.

Dúvidas sobre a normA Em parceria, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o IPT e o Senai criaram uma plataforma virtual para que membros da cadeia produtiva do setor da construção e demais interessados possam esclarecer dúvidas gerais sobre a Norma de Desempenho. O Web Fórum promove as discussões por meio de perguntas e respostas sobre os requisitos e conceitos expressos nas seis partes da NBR 15.575. Para responder às perguntas, o canal conta com a colaboração dos maiores especialistas no País. A ferramenta também oferece uma ferramenta colaborativa para divulgação de publicações e artigos, bem como de eventos sobre a Norma de Desempenho em todo o País. O canal ficará ativo para interações durante 12 meses. Ao final desse período, a CBIC pretende compilar todas as dúvidas e todos os esclarecimentos coletados e elaborar um guia com a previsão de publicação em 2015. Após essa etapa, a ideia é de que o fórum se torne uma página web informativa. Para se cadastrar na plataforma, acesse http://cbic.org.br/forum-norma/ perguntas_respostas.php.

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INOVAÇÕES

Tecnologia no Canteiro de Obra Elka Porciúncula *

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construção civil tem se favorecido muito com avanço da tecnologia através dos avanços da computação, eletromecânica e robótica, os quais os engenheiros e arquitetos têm utilizado para aperfeiçoar seus projetos e obras. A adoção dessas tecnologias consiste principalmente na aplicação de plataformas de computação utilizando o desenho tridimensional e as tabelas que são impressas e estabelecem informações da edificação. A indústria da tecnologia está no caminho de novas metas para inovação visando redução de tempo de projeto, monitoramento e simulação, como exemplo a resistência estrutural para garantir segurança contra ações da natureza, terremotos, rajadas de vento e até furacões. Já passamos da etapa do tridimensional CAD (3D) para uma nova plataforma com o surgimento do Building Information Modeling (BIM), que permite que engenheiros e arquitetos possam desenhar seus projetos em um formato de quatro dimensões pelo qual eles podem ver até mesmo o menor detalhe da construção. Utilizando o BIM, podemos identificar conflitos em projetos no mesmo documento, sendo uma ferramenta colaborativa que envolve todos os projetistas. Para disseminar o uso do BIM no Brasil, verificou-se a necessidade de implantação de normas técnicas que suportem a tecnologia dessa plataforma e a adoção de sistemas de classificação de componentes da construção civil num processo de modelagem da informação, resultando num processo de modernização de planejamento, projeto, construção, operação e manutenção, através de um sistema que represente a complexidade dos processos do setor, comparando os sistemas de classificação internacionais e sistemas já utilizados no Brasil. A padronização de referência aos componentes da construção civil tem interface direta nas melhores práticas em todo ciclo de vida do empreendimento. A publicação da ABNT NBR 15965-1 2011 define o sistema de classificação da informação da construção: Terminologia e estrutura e da ABNT NBR 15965-2 2012 define o Sistema de classificação da informação da construção: Característica dos objetos da construção.

Essas normas técnicas organizam e padronizam os requisitos de construção, produtos e atividades, facilitando, assim, a comunicação entre arquitetos, especificadores, construtores, fornecedores, colaborando com o cumprimento de cronogramas e orçamentos. O modelo virtual da construção permite imediata extração de toda documentação necessária à representação do projeto, folhas de detalhes, quantitativos, para o processo de execução da obra. Corresponde a uma base importante de compatibilização de todos os projetos, aceitando aplicativos de orçamentos, planejamento, sistemas de suprimento e logística e também de simuladores de desempenho acústico, térmico, de energia, etc. Finalmente, a simulação em 4D possibilita a realização de análise de riscos do projeto, possibilitando que todo o processo construtivo passe por uma análise sistêmica integrada durante toda a sua implementação, sendo indispensável a participação interdisciplinar de todos os responsáveis pelos projetos. Em obra, é possível termos sistemas de acompanhamento e controle mais eficientes com uso de tablets ou outros dispositivos. Podemos criar uma base de indicadores de avanço de obra comparando os resultados projetados e o realizado, como medição de m³ de concreto, por exemplo. A participação de todo setor produtivo é de fundamental importância na utilização do BIM no Brasil. A integração da cadeia de suprimento é essencial, sendo necessária a construção de uma biblioteca padronizada da plataforma. Ao realizar um projeto em BIM, o projetista deve contar com o auxílio de uma listagem de produtos que serão utilizados na construção, tornando mais rápida a conclusão de toda a documentação que a edificação gerará, pois todos os dados já estarão disponíveis, sem que ele precise buscar ou até criar essas informações.

O modelo virtual da construção permite imediata extração de toda documentação necessária à representação do projeto, folhas de detalhes, quantitativos, para o processo de execução da obra.

*Elka Porciúncula é arquiteta, assessora técnica da Ademi PE e sócia-diretora da Paralelas Projetos

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espaço aberto

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DOS PONTOS DE RECEBIMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO RECIFE O depósito irregular dos resíduos da construção civil nas cidades promove o aparecimento de doenças, contamina o solo, acelera o processo de deslizamento de encostas, obstrui a rede de saneamento urbano e contamina o lençol freático. As ações de manejo e disposição final desses resíduos têm uma dimensão ambiental que se destacam e interferem, direta ou indiretamente, nas demais esferas que compõem a sustentabilidade. Dentro de tal contexto, este artigo propõe analisar os pontos de recebimento dos resíduos (PRR) existentes na cidade do Recife a partir da temática ambiental, avaliando a influência que exercem em seu entorno — tanto no espaço construído como no natural —, e a contribuição deles na redução dos impactos resultantes do armazenamento inadequado dos resíduos de construção e demolição (RCD) oriundos dos pequenos geradores. Para isso, foram realizados: levantamento bibliográfico referente ao tema, recolhimentos de dados com a empresa responsável pela limpeza urbana e manutenção da cidade e visitas aos PRR com o objetivo de conhecer o funcionamento deles. A proporção desses impactos foi verificada em maior escala, observada a interferência desde a sua influência em volta dos pontos como em todo o ecossistema e na paisagem urbana.

Palavras-chave PRR: Resíduos sólidos da construção civil; Sustentabilidade Ambiental. *Alexandre César Leão de Lima Bolsista, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil e-mail: acll_pec@poli.br *Camila Borba Rodrigues Bolsista, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil e-mail: cbr_pec@poli.br *Daniela Maria Silva de Albuquerque Bolsista, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil e-mail: dmsa_pec@poli.br *Kalinny Patrícia Vaz Lafayette Professora, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil e-mail: klafayette@gmail.com

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Introdução A indústria da construção civil exerce uma grande contribuição para o desenvolvimento da economia do Brasil, em que representa cerca de 14% do Produto Interno Bruto (PIB), gerando empregos diretos e indiretos, além de influenciar outros setores da economia com a produção de insumos, equipamentos e prestação de serviços durante seu processo produtivo (MARTINS, 2012). No entanto, apesar do panorama positivo exercido pelo setor, a construção civil também é responsável por cerca de 60% do montante de resíduos gerados no ambiente urbano. A estimativa per capita apresentada no setor é de 510 Kg/hab por ano, e o volume produzido traz consequências significativas para a sociedade, como a poluição do ar e do solo, além de propiciar a proliferação de pragas urbanas e colocar em risco a saúde da população. Segundo Gusmão (2008), aproximadamente 90% dos resíduos de construção civil (RCC) são reaproveitáveis; porém, quando destinados de forma inadequada, ocasionam uma série de problemas, principalmente de ordem ambiental.

facilitar o descarte do RCC sob condições e locais adequados; o disciplinamento dos atores e dos fluxos; e o incentivo à minimização da geração e à reciclagem, a partir da triagem obrigatória dos resíduos recolhidos. (BRASIL, 2010b). A implantação desses pontos de recolhimento deve ser baseada num prévio diagnóstico da região, a fim de conhecer a localização dos pontos irregulares de deposição, o perfil dos geradores, a área necessária para a construção do ponto e o investimento financeiro a ser disponibilizado. Os pontos de recolhimento de pequenos volumes devem ao mesmo tempo servir a outros tipos de resíduos, como por exemplo, resíduos recicláveis e até mesmo lâmpadas, pneus, baterias entre outros, devem estar localizados de acordo com as áreas críticas de deposição irregular, distribuídos de forma homogênea e distando no máximo 2,5km do gerador, (BRASIL, 2010b). Até o final de 2013, o município do Recife vinha adotando apenas medidas corretivas ou emergenciais, prática que se apresenta insustentável, levando a custos elevados e caracterizando uma gestão ineficiente, contribuindo, assim, para o acréscimo de áreas degradadas.

Contextualização Legal Situação dos PRR De acordo com a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama–Brasil, 2002), a responsabilidade pela destinação correta dos resíduos, seja ele público ou privado, é de quem o gera. No âmbito municipal, Recife instituiu a Lei 17.072 (RECIFE, 2005) que estabelece as diretrizes e os critérios para o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, definindo o papel do grande e pequeno gerador. O pequeno gerador é definido como aquele responsável pela atividade de construção, demolição, reforma, escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos de até 1m³/dia, sendo proibida a disposição, em qualquer volume, para a coleta domiciliar regular. Já o grande gerador é aquele que gera volumes superiores a 1m³/dia, devendo elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), informando quantidade, qualidade, transporte e destinação desse resíduo. Embora a responsabilidade pela destinação correta dos resíduos seja do gerador, seja ele público ou privado, pequenos geradores não respeitam essa determinação, depositando esse material em vias públicas, terrenos baldios ou na beira de córregos, canais e rios, degradando o ambiente natural e a paisagem urbana. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) criou o manual para implantação de sistema de gestão de resíduos de construção civil em consórcios públicos (BRASIL, 2010b) como forma de facilitar e disciplinar a ação correta dos geradores, fiscalizar os fluxos dos materiais e incentivar a adoção dos corretos procedimentos para disposição de resíduos de construção. O manual prevê a criação de pontos para recebimento de pequenas quantidades de resíduos da construção civil com o objetivo de

Segundo a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), o Recife possui nove pontos de recolhimento de resíduos (PRR) dispostos pela cidade; no entanto, atualmente oito pontos estão em funcionamento. A localização dos pontos foi determinada em função da geração elevada de resíduos no local e também pela dificuldade na coleta pela prefeitura. Todos os pontos possuem um compactador para resíduo orgânico e caçambas estacionárias para deposição de resíduos volumosos. A administração é realizada por uma empresa contratada pela prefeitura da cidade, que é responsável pela coleta, pelo transporte e pela deposição dos resíduos sólidos dos pontos, bem como pelo treinamento da equipe de coleta e de operação. Aspectos ambientais envolvidos na implantação dos PRR A questão ambiental é uma das vertentes da sustentabilidade onde a preocupação com a preservação do meio natural tem sido uma das maiores no nível global, refletida também no ambiente construído e consequentemente na qualidade de vida das presentes e futuras gerações. Segundo Paschoalin e Graudenz (2012), os principais impactos acarretados ao meio ambiente relacionados aos RCC talvez sejam aqueles associados à deposição irregular. As ações de manejo e deposição final desses resíduos têm uma dimensão ambiental que se destaca interferindo direta ou indiretamente nas demais esferas que compõem a sustentabilidade. Apesar do RCC ser em sua maior parte inerte, o acúmulo em locais inadequados como terrenos baldios, margens de

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Caçamba estacionária com presença de resíduos orgânicos, poda, entulho e RCC no PRR Afogados.

Deposição irregular de resíduos no terreno ao lado no PRR Boa Viagem.

cursos d’água, vias e espaços públicos estimula a criação de pequenos lixões a céu aberto tornando-se nichos ecológicos de diversas espécies de agentes patogênicos, como também degradam a paisagem urbana e contribuem para o entupimento dos sistemas de drenagem. Analisando os PRR acerca da temática ambiental, foi observado que eles apresentam notórias lacunas que contribuem para a pouca efetividade do sistema. Há uma deficiência das ações de manejo dos resíduos de RCC nos locais. Observa-se resíduos volumosos como peças de madeira, podas, grandes embalagens, equipamentos domésticos e até mesmo resíduos orgânicos e tóxicos, confirmando a falta de uma separação e deposição adequada para cada categoria de resíduos urbanos. Apesar dos PRR serem um instrumento que vai de encontro aos ideais da sustentabilidade, percebeu-se a falta do cumprimento às diretrizes básicas para atender à função das áreas destinadas ao recolhimento voluntário dos RCC. Somente um ponto de recolhimento está localizado de acordo com a área crítica de deposição irregular, e assim mesmo não estão instalados de forma adequada, proporcionando dano ao ambiente físico, poluição visual e proliferação de vetores de doenças à população de seu entorno.

Somado a esses fatores, a falta de envolvimento da população, de informação, fiscalização e monitoramento efetivo nos locais corroboram e comprometem a funcionalidade de sua infraestrutura, refletindo, assim, um espaço físico absorvido pela ação antrópica visivelmente degradado. Considerações Finais A situação dos pontos de recebimento de resíduos (PRR) na cidade do Recife retrata um aspecto paradoxal, pois, apesar da prefeitura promover a melhoria das condições urbanísticas de um local específico para o descarte adequado de tais resíduos, o mesmo não dispõe de infraestrutura, logística e apoio da população para o seu correto funcionamento. Em consequência, surgem vários aspectos que degradam a paisagem e causam danos à população, impactos ambientais que são observados especificamente em cada ponto. Assim, faz-se necessária uma total remodelagem do atual sistema de recebimento de pequenos volumes, de forma a garantir uma convergência das três esferas da sustentabilidade, a fim de ratificar a eficiência dos pontos de recebimento de resíduos na cidade do Recife.

Bibliografia BRASIL (2010b). Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Manual para implantação de sistema de gestão de resíduos de construção civil em consórcios públicos. Brasília. Brasil (2002) “Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil,” Diário Oficial da União, Brasília. GUSMÃO, A. D (2008). Manual de Gestão dos Resíduos da Construção Civil. CCS Gráfica. Camaragibe. MARTINS, F. G. (2012) Gestão e gerenciamento de resíduos da construção civil em obras de grande porte: estudos de caso. Dissertação (Mestrado em Engenharia Hidráulica e Saneamento). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. PASCHOALIN, J; GRAUDENZ, G. (2012). Destinação irregular de resíduos de construção e demolição (RCD) e seus impactos na saúde coletiva. RGSA, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 127-142, jan/abril 2012. RECIFE. (2005) Lei nº 17.072, de 04 de janeiro de 2005: Estabelece as diretrizes e critérios para o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Disponível em: http://www.recife.pe.gov.br/diariooficial>. Acesso em: 22 jun. 2013.

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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS E ESTUDO DA CORROSÃO PRESENTE EM PONTES DO RECIFE Natália Müller Pintan* e Eliana Cristina Barreto Monteiro *

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Recife é uma cidade conhecida como a Veneza Brasileira, onde é de se esperar que a sua paisagem seja caracterizada por inúmeros canais, rios e inúmeras pontes. Conhecidas como obras de arte especiais, as pontes são estruturas utilizadas para cruzar rios, lagos ou qualquer outro obstáculo que envolva água. Essas pontes são bem antigas, e, como é de nossa cultura, há uma ausência no sentido de se prevenir ou realizar manutenções periódicas nas estruturas de concreto armado. O que implica muitas vezes na deterioração precoce das estruturas, principalmente em cidades inseridas em ambientes agressivos. Há um costume de se pensar que a vida de uma estrutura não tem fim, principalmente quando se trata de uma ponte. Isso ocorre devido às mesmas apresentarem estruturas bem robustas. A corrosão de armaduras destaca-se como um dos mais importantes e onerosos processos de deterioração da estrutura. Em regiões mais próximas ao mar, esse processo esta relacionado com mais frequência à ação de íons cloretos. Nesse sentido, esta pesquisa estudou o estado de conservação avaliando e diagnosticando as possíveis manifestações patológicas encontradas nas estruturas de oito pontes inseridas na zona costeira do Recife. Também foram realizados ensaios como potencial de corrosão, esclerometria, indicador de cloretos e carbonatação, em algumas pontes para um melhor entendimento das mesmas, contribuindo assim para que haja uma mudança nessa cultura de falta de inspeção, manutenção e recuperação. As pontes analisadas foram: Ponte 12 de

Setembro (Antiga Ponte Giratória), Ponte Maurício de Nassau, Ponte Buarque de Macedo, Ponte Princesa Isabel, ou Santa Isabel, Ponte Duarte Coelho (Ponte da Maxambomba), Ponte Engenheiro Antônio de Góes (Ponte Governador Agamenon Magalhães), Ponte Governador Paulo Guerra e Ponte de Afogados. A Figura 1 mostra as manifestações patológicas mais frequentes nas pontes inspecionadas. A infiltração/umidade é um dos fatores que possibilitam o desenvolvimento de outras patologias na estrutura; com a sua presença, ocorre a lixiviação dos materiais componentes do cimento e consequentemente o aparecimento de eflorescências. A mesma também torna propícia a penetração de agentes agressivos, provocando a corrosão nas armaduras e o enfraquecimento do concreto. Como mostrado na Figura 1, a manifestação patológica mais frequente ocorre devido ao sistema de drenagem não apresentar um funcionamento adequado, e as águas pluviais acumulam-se nas estruturas. Apenas 37,50% das pontes estudadas apresentam-se com sistemas de drenagem em funcionamento. As manifestações patológicas podem vir a afetar o desempenho da estrutura ao longo de sua utilização, diminuindo

assim sua vida útil. A maioria das pontes analisadas está inserida em um ambiente marinho, a grande incidência de corrosão de armaduras nessa área foi devido aos íons cloreto, e na ponte localizada longe do mar foi constatada a corrosão por carbonatação. As estruturas analisadas apresentaram valores de índice esclerométrico, indicando que a qualidade do concreto apresenta em sua maioria uma superfície boa, dura e satisfatória. Tais resultados devem ser cuidadosamente analisados, uma vez que algumas dessas estruturas apresentaram carbonatação. O ensaio de potencial de corrosão indicou que a maioria das estruturas apresentou uma incerteza no estado de corrosão, pois a armadura apresentou 50% de probabilidade de estar em processo de corrosão. Apenas duas estruturas mostraram uma probabilidade de 95% de certeza de estar em processo de corrosão. Acredita-se que a elevada resistividade da estrutura possa ter prejudicado as leituras de potencial de corrosão. As manifestações patológicas existentes e diagnosticadas abrangem uma porção significativa da estrutura de algumas das pontes estudadas, principalmente em áreas de importante e elevada concentração de carga.

* Natália Müller Pintan Eng. Civil, Mestre em Eng. Civil pela Universidade de Pernambuco, Área de Concentração em Construção Civil *Profª. Eliana Cristina Barreto Monteiro Eng. Civil, Mestre em Estruturas pela Universidade de Brasília e Doutora em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo – USP

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Teatro de Trancoso: arquitetura, arte e cultura.

CONCHA ACÚSTICA INTERNACIONAL Em Trancoso, as praias de águas calmas e claras do teatro a céu aberto de François Valentiny são visíveis do palco e da plateia. Um gigante de concreto emoldurado por matas e falésias por Isana Pontes fotos: Jean de Matteis

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ara o viajante desavisado acostumado às imagens bucólicas do vilarejo de Trancoso — de 11 mil habitantes, no extremo sul da Bahia —, é de outro mundo a visão que, desde março deste ano, se estabelece naquele cenário: um imenso anfiteatro com uma arquitetura arrojada e única. Obra construída especialmente para abrigar todos os anos o festival Música em Trancoso, evento internacional de 8 dias, além de outras possíveis ações que

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promovem o ensino da música clássica para jovens. A fim de contemplar o mix — educação, arte, arquitetura e cultura — numa construção diferenciada e com a acústica precisa dos grandes festivais do gênero pelo mundo, os patrocinadores da iniciativa (um grupo de empresários estrangeiros e brasileiros) optaram pela assinatura famosa de François Valentiny, que, enamorado pelo projeto e pela natureza de um dos lugares mais belos e exclusivos do País, não só aceitou

a proposta, como acabou comprando uma casa de veraneio no local, situado na Costa do Descobrimento do Brasil. Da prancheta internacional e dos ideais de quatro amigos, nasceu e cresceu o centro cultural de Trancoso, que, mesmo depois de inaugurado ainda não tem um nome definitivo, totalmente associado ao festival Música em Trancoso. Um conjunto de diversas edificações, sendo a principal o anfiteatro que sobrepõe duas salas de espetáculo iguais — uma


Vista noturna do prédio durante o festival Música em Trancoso

a céu aberto, de frente para o mar azul da Bahia, e a outra coberta, no subterrâneo. Cada uma com 1.100 lugares, para acolher simultânea e confortavelmente duas audiências. Desenvolvido e ajustado ao longo duas edições do evento, o centro cultural teve finalmente a inauguração dos seus auditórios neste ano, dias antes da terceira edição do festival de 2014, realizado de 15 a 22 de março. Mesmo acontecendo no período off temporada, a realização do Música em Trancoso já fez circular, nos três eventos — por um dos vilarejos mais queridos do jet set internacional — 200 músicos e 10 mil pessoas, de vários cantos. A concretização do sonho de quatro empreendedores que têm em comum o amor pela música clássica e o ativismo social: Sabine Lovatelli, Reinold Geiger, Carlos Eduardo Bittencourt e François Valentiny. O evento foi transformado em mais uma ponte entre jovens músicos e artistas consagrados de diversos países, além de

um plus na promoção de Trancoso. No vilarejo frequentado por aventureiros, turistas e muita gente chique, os idealizadores do projeto, possuem casas de veraneio e desejam manter aquecida a cultura e a economia local fora da temporada de Réveillon e Carnaval, quando a cidade está movimentada. A edição deste ano teve como mantenedora a L’Occitane e patrocínio do Itaú BBA, BNDES, Mondelli e Chenue do Brasil, foram investidos cerca de R$ 12, 5 milhões, o que também dimensiona o valor que a iniciativa agregou.

Muitos ajustes Durante o processo de construção, François Valentiny suou a camisa e emagreceu muito sob o calor de Trancoso, mas, graças à adoção de tecnologias modernas e de critérios de sustentabilidade, conseguiu cumprir sua missão numa velocidade recorde: pouco mais de 1 ano. Segundo ele, o esforço foi para

harmonizar o centro cultural ao espírito à paisagem local, neutralizando — ao máximo — o impacto entre a dureza de uma imensa obra de concreto e uma exuberância natural. Até chegar ao desenho da edificação que atendia a esse paradoxo, traçou centenas de esboços disposto a implementar um centro de cultura de referência internacional. Para quem não conhece a cidade, vale reforçar a tarefa hercúlea que o profissional teve: mesmo frequentado por gente sofisticadíssima, o lugar mantém charme rústico e atmosfera muito particular com encantos naturais e uma energia que enfeitiça a todos que já pisaram no famoso Quadrado, como é chamada a praça central da vila. A igreja do pedaço e a arquitetura nativa das antigas casas de pescadores (que hoje abrigam hotéis, pousadas, restaurantes e outros) foram objetos e personagens que Valentiny teve de estudar de forma cuidadosa a fim de não entrar com edificações pesadas.

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O anfiteatro tem 1.100 lugares.

A mão de obra foi brasileira, que se adaptou às Normas européias.

Outro desafio: a adequação da acústica de um lugar construído a céu aberto, no qual o vento interfere — e muito — para quem se apresenta. Também requereu ajustes o entendimento com a equipe de mão de obra brasileira que executou o projeto, nem sempre sintonizada com as exigências das normas técnicas das construções europeias. No final, tudo deu muito certo, e o resultado agradou ao arquiteto e aos artistas que se apresentaram. “Aqui as pessoas acordam com um sorriso todos os dias. Deve ser a energia trazida pelo Sol”, creditou Valentiny. O desenvolvimento do projeto contou também com a expertise de Margot Reuter, arquiteta brasileira-luxemburguesa, que gerenciou o canteiro de obras, criou desenhos e desenvolveu detalhes para a implementar a construção. Na área de planejamento tridimensional, ela foi apoiada por arquitetos de escritório de arquitetura e construção que François Valentiny mantém em Luxemburgo, na Áustria. Contornos – As formas ora vazadas, ora triangulares do teatro, foram estratégias arquitetônicas bem-sucedidas de Valentiny para aproveitar a luz solar e a ventilação trazida pelo mar (reduzindo com isso o uso de energia elétrica e dos equipamentos de refrigeração). As fendas no concreto permitem aos artistas e à plateia espiar a belíssima natureza ao redor. Detalhes da experiência de um arquiteto consagrado pelas casas de ópera que projetou em diversos países, incluindo a Sala de Concertos Saarbrücken, na Alemanha, entre outras.

Dos esboços ao centro As articulações para o projeto que associa o teatro e o festival em Trancoso começaram quando François Valentiny conheceu Sabine Lovatelli, na Europa. A partir daí e dos muitos interesses em comum, os dois se tornaram grandes amigos. A empresária alemã é fundadora e presidente do Mozarteum Brasileiro, que há mais de 3 décadas traz o melhor da música clássica para o Brasil.

MAIO 2014 44 Os vazados favorecem a visão, iluminam e ventilam.


Já Valentiny é um fã da musica clássica do mundo. Há 5 anos, o arquiteto veio a Trancoso, a convite de Sabrine. Num jantar, no qual estavam o presidente mundial da L’Occitane, Reinold Geiger, e o também empreendedor Carlos Eduardo Bittencourt, empresário residente há 30 anos no local, eles discutiram a oportunidade de criar um festival internacional de música. O arquiteto esboçou, então, o anfiteatro e o cenário provisório do primeiro festival internacional de música no Sul da Bahia, que aconteceu em 2012, num terreno emprestado por um dos parceiros. A repercussão nacional e lá fora foi tanta que o grupo de amigos empreendedores culturais resolveu apostar em projeto de arquitetura mais sólido, com uma acústica que pudesse atender aos padrões dos grandes festivais internacionais. Como no primeiro festival choveu muito, o arquiteto teve de acrescentar um auditório coberto no subsolo e um segundo, com as mesmas características, que ficasse a céu aberto, cada um com 1.375 m² construídos. A arquitetura que Valentiny concebeu serviu como solução para que plateia e músicos se desloquem com agilidade, sempre que forem surpreendidos por mudanças meteorológicas, sem que essas intempéries comprometam a continuidade do evento. Com os ajustes, os auditórios passaram a ter um total de 2.750 m² construídos. O centro cultural de Trancoso também inclui um anexo, o “Facilities”, sobre mais de 790 m² construídos, com oito salas de ensaio, um espaçoso bar e salas de reunião, cujo design contrasta curvas com aberturas triangulares. No edifício, há painéis imponentes, gravados em bronze, da renomada ítalo-brasileira Maria Bonomi. As gravuras se referem à natureza do sul da Bahia, com suas falésias impressionantes e, ainda, ao local de nascimento da nação brasileira. Bonomi, que fixou residência no Brasil em 1946, é pintora, muralista, curadora, figurinista, cenógrafa, professora e outra convidada de Sabine Lovatelli para participar da finalização do projeto.

Neste ano, 10 mil pessoas participaram do Música em Trancoso.

Entre as atrações do festival, músicos brasileiros e estrangeiros.

MAIO 2014 45 Design arrojado contrasta curvas com aberturas triangulares.


arquitetura/interiores

Processos mais simples otimizaram a construção.

ENTREVISTA | VALENTINY RCN - Que características o senhor destaca na construção e por quê? FV - O trabalho de um arquiteto está relacionado à sua personalidade. O projeto da construção do centro cultural agregado ao Música em Trancoso reflete meu estado de espírito sobre desafios socioculturais atuais e o desejo de contribuir positivamente de alguma forma. Então, destaco nesse projeto os materiais, as escalas e as formas, nessa ordem, porque, para mim, em contraste, a função é intercambiável e sem importância. RCN – Em que o seu projeto de centro cultural de Trancoso difere dos demais pelo mundo que têm sua assinatura? FV – Tive de perceber profundamente a empatia e a identidade ambiental local e imprimi-la como pano de fundo do projeto. RCN – Podemos considerar um projeto sustentável? FV - Diria que sim, porque adotamos um sistema construtivo mais limpo, prático e econômico. Para a área externa do teatro e para o edifício “Facilities”, usamos concreto projetado. Queríamos alcançar um caráter escultural monolítico para que todos os edifícios do centro Cultural de Trancoso (nome provisório da obra) dialogassem como conjunto, além de tecnologias de cubagem, construção e compilação. Essas soluções trouxeram vantagens ambientais comparadas aos sistemas tradicionais, entre os quais mais produtividade e menos desperdício no canteiro de obras.

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RCN - Foram usados materiais recicláveis? FV - Não. Mesmo assim, o projeto levou em consideração a vegetação existente na área e cuidou de, ao inserir as construções do centro cultural na paisagem, conservar as árvores e demais plantas nativas, para que o concreto fosse inserido com mais naturalidade. Adicionamos às edificações uma piscina artificial. RCN - Quais os materiais usados e benefícios? FV - Na seleção de materiais, os com estrutura de suporte em aço e betão projetado como invólucro exterior e de madeira foram reduzidos ao mínimo. Isso nos permitiu colmatar grande largura útil, sem a necessidade do uso de qualquer apoio adicional que afetaria o espaço do espectador. A camada externa de concreto projetado enfatiza o caráter monolítico do edifício, de modo que o conjunto pode atuar como escultura. Usamos madeira no palco, no bar e nas paredes do corredor de acesso do “Facilities”. RCN - O projeto está finalizado? FV - Além do anfiteatro e dos anexos, meu projeto inclui a construção de um mirante, marco que servirá mais tarde como uma entrada, além de uma torre de observação para a área do festival, que deve ser edificada nos arredores do aeroporto e do Terravista Golfe Club. Mais informações: www.musicaemtrancoso.org.br


François Valentiny foi escolhido por seu premiado portfólio, que inclui edifícios residenciais e empresariais e casas de óperas e concertos. Tem entre suas marcas a preocupação de integrar os projetos com sustentabilidade. Foi assim quando construiu a Kleines Festspielhaus de Salzburgo, na Áustria, projeto que alinhou com uma montanha situada nos arredores. No pavilhão da Expo Luxemburgem Xangai, de 2010, o arquiteto utilizou bastante material reciclado. Valentiny atuou, ainda, em conselhos de arquitetura e construção na Europa. Atualmente, além de desenvolver projetos na empresa que dirige, na Áustria, ele dá aulas na Universidade de Xangai. No projeto do centro de cultura de Trancoso, Sabine Lovatelli, encantou-se com a solução desenhada pelo arquiteto desde os primeiros rabiscos, que já incluíam os vazados triangulares. Para definir a criatura, o criador elegeu uma mão aberta, por meio da qual sugere o som se projetando e refletindo nos dedos e através deles. Ele buscou fazer um projeto simples, mas com alternativas de ter esse espaço ao ar livre e, mesmo com os vãos, conseguir uma acústica perfeita. Quando o teatro ficou todo pronto, os testes demonstraram que o tempo de reverberação do som da sala ao ar livre ficou compatível com a acústica das grandes salas de espetáculo — menos de 2 segundos. A sala coberta tem tempo de reverberação ainda menor. François está fora do Brasil desde o final de março. Entre as possibilidades aqui, estuda montar um escritório em São Paulo. Independentemente do que o futuro trará, o arquiteto já se sente muito realizado com os resultados plantados por aqui: o nascimento de mais uma obra com a sua assinatura para abrigar música e talentos.

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ESPECIAL CASA COR AL

FOTO: Luiz Eduardo Vaz

Por Isadora Padilha Arquiteta e urbanista, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (AL) Para Isadora, o linving, projeto de Lúcio Moura, é o coração da Cor Cor AL.

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Casa Cor é atualmente conhecida como a maior mostra de arquitetura e decoração das Américas. Realizada desde 1987, está presente em 17 estados do País e no Distrito Federal e em outros seis países além do Brasil. Este ano, pela primeira vez, o evento aportou em Alagoas, alcançando uma adesão estrondosa entre os profissionais e também um grande sucesso de público, com uma média diária de 350 visitantes. A mostra foi sediada no edifício que abrigava o antigo Colégio Batista Alagoano, instituído como Unidade Especial de Preservação (UEP) pelo Plano Diretor de Maceió e carinhosamente apelidado como Casarão”pelos profissionais que atuaram nesta primeira edição. Muitas questões são apontadas por esta escolha, mas a que se coloca com maior ênfase diz respeito à maneira como a arquitetura contemporânea pode se propor a dialogar com o patrimônio reconhecido e, num sentido mais amplo, com a chamada pré-existência, ou seja, o ambiente onde a construção virá se inserir, no seu entorno, trabalhando sua valorização. Tendo passado por diversas outras edições da Casa Cor, sempre vi com alguma preocupação a dissonância entre os ambientes, em que

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muitas criações pareciam gritar para serem ouvidas. Felizmente, isso não ocorre com a maioria dos espaços presentes na Casa Cor Alagoas, onde os profissionais apresentam uma sintonia muitas vezes surpreendente. De modo geral, arquitetos e designers parecem ter se deixado inspirar pelo clima antigo da casa, realçado por meio de objetos e pelo uso inteligente de certos revestimentos, instituindo uma espécie de “atmosfera”. Nesse sentido, é preciso destacar o living proposto por Lúcio Moura, que se constitui como o verdadeiro coração da casa. De modo engenhoso, o arquiteto reaproveitou o piso e optou por deixar à mostra a estrutura do edifício, expondo tijolos, telhas e o madeiramento, suavemente embranquecidos. Sua proposta ainda combina exemplares generosos de talhas de madeira de lei, expostos como obras de arte únicas nas paredes, em perfeita harmonia com o amplo pé-direito do ambiente, junto a outros objetos de aparência antiga. Exemplo de arquitetura como coisa posta, e não imposta, como diria o grande Hélio Duarte, que ilustra o que há para se ver, de modo geral: ambientes de refinada simplicidade e bom gosto.

Mas há outras lições a se extrair da Casa Cor Alagoas, como a tendência no uso da vegetação na maioria dos ambientes, com a ampla difusão de jardins verticais e quadros vivos decorando as paredes. Junto a isso, vemos a profusão no uso de obras de artistas e artesãos locais, que realmente enriquecem os espaços. As duas tendências aparecem combinadas em diversos momentos, em verdadeiras obras de arte mural, onde o grafite, a pintura ou o desenho complementam a natureza. Soluções inspiradoras para nossas cidades. Infelizmente, o clima excessivamente quente que temos enfrentado faz as plantas sofrerem em alguns dos ambientes externos. Também no enfrentamento frequente a essas questões, a arquitetura nos permite repensar nossa relação com o meio natural, ao se propor como arquitetura–abrigo, sempre na busca da sombra. Por fim, devemos dizer dos novos aprendizados trazidos com o evento, que pela primeira vez se viu fiscalizado pelo nascente Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas (CAU/AL). São relações que se constroem buscando o bem coletivo e a valorização da arquitetura, com o exercício profissional de qualidade e em bases justas. E eu, só posso desejar sucesso e vida longa ao evento.


FOTO: FELIPE ARAÚJO

ESPECIAL CASA COR PE

Claudio Campello é arquiteto e já assinou 17 ambientes da Casa Cor PE. Com eles, levou dois prêmios: ambiente mais sustentável e melhor uso público. Cláudio elegeu a varanda de convívio, da dupla Josemar Costa Jr. e André Azevedo, o ambiente que mais representa a Casa Cor.

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Casa Cor Pernambuco 2014 abriu a suas portas numa casa à beira mar de Piedade, no Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Com projetos elegantes e sofisticados, a visita foi muito agradável e deu uma leve sensação de querer mais. Os 34 espaços foram, em sua maioria, amplos, dando liberdade aos profissionais. Aliás, este sempre foi um dos pontos fortes da mostra: dar possibilidade ao público de conhecer o trabalho dos profissionais em seu estado mais puro, sem a interferência de um cliente. Assim, fica mais fácil a identificação com o estilo de determinado arquiteto ou designer de interior. Outro ponto forte é a oportunidade de conferir materiais, móveis, objetos e iluminação — tudo integrado em um único ambiente. Não à toa, o Casa aconteceu este ano com uma novidade positiva: uma nova data, de março a abril. A recente mudança tornou-se ainda mais atrativa. Profissionais e fornecedores conseguiram preparar o evento sem enfrentar a atribulada agenda de final de ano. O período permite, em tese, que os ambientes tenham a execução mais detalhada, o que beneficia a experiência da visitação e facilita a visualização dos diversos materiais empregados. Saliento: em tese! Poucos trechos do percurso chamaram a atenção pela falta de acabamento.

Percebi o resgate às referências históricas, à brasilidade e a busca de materiais de linguagem natural, todos reunidos em composições predominantemente geométricas. Assim, madeira e pedra foram bastante utilizadas. O design brasileiro também esteve bastante presente em móveis como os assinados por Sérgio Rodrigues ou Jader Almeida, entre outros. O combogó, elemento vazado criado em Pernambuco, no século 20, ganhou bastante espaço, estando presente em mais de 30% da mostra. Sua aplicação surge desde divisórias e peitoris até como painel decorativo iluminado, sejam cimentícios ou em louça. Na iluminação, ficou em destaque o emprego de rasgos de luz, embutidos em forros e móveis, e o uso de luminárias pendentes. Estas aparecem não só em mesas de jantar, mas também sobre criados–mudos e mesas laterais. E quase sempre em conjunto e raramente em composições simétricas. Também vale ressaltar a evolução da tecnologia e aplicação das fitas de LED. Elas surgem em delgados e resistentes perfis metálicos com filtro difusor e com coloração mais natural. Isso permitiu criar rasgos mais delicados, em gesso ou marcenaria, com iluminação agradável e homogênea que não mostra os pequenos focos de cada fonte luminosa.

As cores aparecem sempre de forma bastante planejada, com destaque para as monocromias e os ambientes de base neutra, com aplicação de cor cuidadosamente espalhada pelo ambiente. As paletas dominantes foram as azuis, e os tons, do vermelho ao amarelo, passando pelos laranjas. Os revestimentos foram usados em profusão, cobrindo pisos, paredes e, em alguns casos, até o teto. Vale conferir atentamente este ponto, pois nem sempre os revestimentos são o que parecem ser. Pedra pode ser papel de parede, madeira pode ser plástico, concreto pode ser pintura. E esta escolha entre o material natural ou um artificial dependerá de aspectos estéticos, econômicos e funcionais. Nos pisos, as referências a madeiras, pedras e cimentados predominaram. Já nas paredes, a variedade foi bem maior. Mosaicos de MDF coloridos, azulejos decorados, papéis de parede, relevos cimentícios. Nos tetos, encontramos espelhos, tecidos, placas de PVC e até pastilhas. De modo geral, são projetos que emocionam pela criatividade e pelo equilíbrio, cada um com o seu estilo. Estudados de forma cuidadosa desde o layout, a escolha de materiais, os móveis, a iluminação, e até a colocação esmerada de objetos e obras de arte. Com tanta diversidade, certamente foi fácil para o visitante encontrar “o seu lugar”. MAIO 2014

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A Copa do Mundo é nossa? Qual será o legado da Copa do Mundo no Brasil para as suas cidades-sedes? Antes vista com otimismo pela sociedade e como uma boa oportunidade de negócios pelos empresários, a realização do maior e mais importante campeonato de futebol também virou motivo de protestos e questionamentos à esquerda e à direita em todo o País. A falta de transparência, os atrasos nas obras de infraestrutura e a ausência de diálogo com as populações afetadas pelas novas construções ameaçam se tornar um gol contra. Nesta edição, conversamos com arquitetos, professores e urbanistas das capitais do Nordeste que sediarão os jogos para descobrir, afinal, quais serão os impactos do megaevento na Região. E, para você, leitor, o que ficará além da possibilidade de levar a taça? por Tory Oliveira



Em Salvador, na Bahia, assim como em outras arenas, o complexo vai abrigar mais do que partidas de futebol: estacionamento, shopping, hotéis e uma casa de shows fazem parte do projeto.

foto: André fofano

Atrasos, ausência de diálogo com a população e falta de transparência marcam o legado urbanístico do Mundial nas cidades-sede do Nordeste

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utrora vista com euforia e expectativa pela população brasileira e como uma vitrine de oportunidades de investimentos por empresários e pelo poder público, a Copa do Mundo no Brasil, em sua reta final, transformou-se também em motivo de protestos e questionamentos. A realização da competição de futebol no Brasil trouxe luz a problemas sociais e de infraestrutura nas doze cidades escolhidas para receber as seleções entre junho e julho de 2014. E lançou uma sombra de desconfiança sobre o País do Futebol.

O legado real da Copa nós só saberemos daqui a alguns anos. Mas um dos problemas é o impacto econômico. Qual é o valor final dos custos dos projetos?

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A organização da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) não incluiu projetos sociais, não estabeleceu diálogos e pouco permitiu a participação dos movimentos sociais na elaboração. Por outro lado, as prometidas obras urbanísticas e de infraestrutura enfrentam atrasos no cronograma, acusações de gastos acima do previsto e ceticismo da população, duvidosa de que as obras serão concluídas a tempo do Mundial. Segundo dados oficiais do site Portal da Copa, o total investido nas cidades-sedes já chega a R$25,6 bilhões Apenas em infraestrutura, números oficiais calculam o gasto de R$8 bilhões em 45 obras de mobilidade urbana em todo o País. A janela de oportunidade proporcionada, em teoria, pelos jogos possibilitaria a construção de dois (VLTs) Veículos Leves Sobre Trilhos, 10 BRTs (sigla para Bus Rapid Transit, uma espécie de corredor exclusivo de ônibus), 17 corredores e vias e 16 estações, terminais e centro de controle de tráfego. Os portos e aeroportos

também receberam investimentos da ordem de 6,9 bilhões, divididos em 36 obras e intervenções. Assinada em janeiro de 2010 pelos representantes das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo junto ao Governo Federal, a Matriz de Responsabilidades do Mundial (documento com os investimentos prioritários para a realização do evento) listou, inicialmente, obras de mobilidade e a construção de arenas esportivas. Em julho, foram incluídos projetos para a revitalização e construção de aeroportos e portos. O montante estimado à época para as obras de infraestrutura era de R$17,7 bilhões, com previsão para conclusão em dezembro de 2013. A 2 meses da realização do Mundial, o quadro é bem diferente do previsto: só 18% das obras de infraestrutura foram entregues. De acordo com os objetivos listados na Matriz de Responsabilidades, apenas 3 das 50 obras de mobilidade urbana previstas foram entregues (7%). A situação é um pouco melhor nas obras aeroviárias, 11 das 25 foram concluídas.


Pesquisadores de diversos estados ouvidos pela reportagem, porém, criticaram a falta de transparência e a dificuldade para conseguir informações e dados concretos e detalhados sobre as diversas obras espalhadas pelo País.“O legado real da Copa nós só saberemos daqui a alguns anos. Mas um dos problemas é o impacto econômico. Qual é o valor final dos custos dos projetos? Isso não vem sendo divulgado para as cidades”, reclama a arquiteta e urbanista Ana Maria Filgueira Ramalho, responsável pelo estudo “Metropolização e Megaeventos: Impactos da Copa de 2014” e uma das pesquisadoras do Observatório das Metrópoles, responsável por monitorar os impactos do evento no Recife, cidade-sede e capital de Pernambuco. Outra avalição diz respeito às violações dos direitos das populações locais, em alguns casos removidas de seus locais de origem para dar lugar às obras e novas construções relevantes para a realização da competição. Na visão de Raquel Rolnik, urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade de São Paulo, para as pessoas diretamente atingidas, ao invés de um legado, a Copa deixa um ônus. “A implantação de projetos de infraestrutura removeu comunidades e assentamentos que se encontravam naqueles locais há décadas, sem que uma alternativa adequada de moradia tenha sido oferecida”, disse a relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, em entrevista ao portal Terra, em fevereiro deste ano. Na Região Nordeste, onde haverá jogos em quatro cidades-sedes, o principal impacto urbanístico são as novas arenas de futebol, erguidas sobre os antigos estádios em três dos quatro municípios. Os processos ocorreram de maneira distinta em cada uma das capitais selecionadas para receber jogadores e torcedores a partir de junho. A capital Recife é um dos locais em que o processo de transformação catalizado pela Copa do Mundo foi mais complexo. Lá, optou-se por criar uma nova centralidade metropolitana, batizada de Cidade

da Copa. Erguida na confluência de quatro municípios da Região Metropolitana Oeste, a 19 quilômetros de Recife, a nova cidade abrigará, além da já inaugurada Arena Pernambuco, condomínios residenciais, centro de eventos e redes de hotéis. O estádio foi entregue em abril de 2013 e foi testado em três partidas da Copa das Confederações, evento futebolístico que precede a Copa do Mundo. Orçado em R$532, 6 milhões (400 milhões oriundos de financiamento federal), a Arena Pernambuco possui capacidade para receber 46 mil torcedores. Cinco partidas serão disputadas no novo estádio, quatro da primeira fase e uma das oitavas de final. Trata-se, na verdade, de um bairro planejado, distante do núcleo da cidade de São Lourenço da Mata, onde está oficialmente localizado.“O local surge como elemento âncora de desenvolvimento dessa cidade, em que a proposta é reunir residências, hotéis e centro de convenções, ou seja, a proposta é criar uma nova centralidade de fato para a Região Metropolitana Oeste”, explica Ana Maria Filgueira

foto: Odebrecht

Planejamento territorial da Cidade da Copa, a 19 km da capital pernambucana.

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o estritamente necessário para entrar na arena. Não há piso tátil pelo dique e nem mesmo uma articulação com o entorno do bairro de Nazaré”, analisa. Obras de maior impacto, como a instalação do BRT foram excluídas da matriz de responsabilidades em 2012, mesmo após gastar R$500 milhões em investimento. “O Brasil teve um grande tempo de preparação, bastante investimento e um retorno muito discreto para a população. Isso se repete em outras cidades do Nordeste”, reprova Carapiá. A falta de transparência na execução das obras de infraestrutura e mobilidade foi, inclusive, mensurada pelo Instituto Ethos. Para o cálculo, que resultou em um ranking das cidades-sedes, foram levados em consideração, por exemplo, o tempo de resposta para obter os dados solicitados. Em uma escala que vai de 0 a 100, Salvador pontuou apenas 17. O resultado em Natal, capital do Rio Grande do Norte, foi ainda pior: 15. Carapiá sentiu a dificuldade na pele.“O acesso à documentação é muito restrito, você é passado sempre de uma secretaria para a outra”,reclama. Para o pesquisador, a realização do megaevento também escancarou a falta de organização e de harmonia entre as entidades envolvidas. Entre os benefícios para a população da capital baiana,

estão a construção da Arena Fonte Nova, que substituiu um estádio que, de fato, encontrava-se com a estrutura bastante degradada. Tratava-se, entretanto, de um estádio erguido na década de 1950, assinado pelo arquiteto local Diógenes Rebouças. Podem ser listadas também outras iniciativas, como as melhorias no porto e no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães — ampliação do pátio de aeronaves, a construção de uma torre de controle e a reforma no terminal de passageiros. “Esses projetos são benéficos, porque modernizam e possibilitam trazer mais turistas para a cidade, benefícios que não podem ser muito contestados”, pondera. No entanto, segundo ele, as reformas em Salvador foram pontuais e, caso não se articulem com outras de maior porte, não causarão grandes impactos na vida da população. A demolição de antigos estádios, ligados à cultura e à sociedade locais, para dar lugar a arenas com tamanho e infraestrutura definidas pela Fifa, também teve seus benefícios relativizados por Ana Maria. “Isso gera uma mudança na própria arquitetura do local e cria um novo elemento urbano. Um estádio esportivo possui algumas especificidades: está mais próximo da informalidade, do

FOTO: Demis Roussos

Ramalho. Inspirada no distrito de Minato Mirai 21, na cidade japonesa de Yokohama, a Cidade da Copa carrega a pretensão de ser a primeira smart city (cidade inteligente, em tradução livre) do Brasil. A pesquisadora conta que a região possuía ocupação rarefeita, marcada pela presença de moradias precárias. A nova cidade, portanto, terá um entorno muito empobrecido, capaz de gerar um contraste socieconômico grande, na opinião da arquiteta. Esse modelo de planejamento urbano seria o grande legado da Copa para Pernambuco, fato criticado pela pesquisadora. “O que nós questionamos: é legado para quem? Copa para quem? Existiam cerca de 300 famílias morando naquele local”. Para Ana Maria, o plano diretor da cidade foi “flexibilizado” para abarcar a nova construção, em detrimento dos antigos moradores do local e da construção de habitações populares. “O processo de elaboração desse megaevento deu-se por meio da proximidade entre Estado e empresas, sem dar à população local o poder de decisão”, lamenta Ana Maria. Mais direto, o arquiteto e urbanista Piero Carapiá, afirma, logo de cara, que a Copa do Mundo não foi um bom negócio para o Brasil ou para o Nordeste. Pesquisador do grupo Observatório da Copa em Salvador, Carapiá conta que, desde o início, já era possível perceber indícios de que a escolha de um país como o Brasil como sede do Mundial era, no mínimo, arriscada. Nas duas última edições do evento, realizadas na Alemanha e na África do Sul, apesar dos problemas, as obras de infraestrutura concentraram-se principalmente no sistema rodoviário, mais fáceis de se executar no prazo previsto. Como vivemos em um país de dimensões continentais, apostou-se em obras de mobilidade urbana, como a construção de metrôs e reformas necessárias em aeroportos e portos. No entanto, em Salvador, capital baiana, objeto de estudo de Carapiá, foram realizadas apenas duas pequenas obras de microassaessibilidade, ambas no entorno da Arena Fonte Nova, estádio que sediará os jogos. “Só fizeram

Os acessos Norte e Sul do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte, devem ser entregues até o final deste mês


comércio, do torcedor e dos aspectos culturais da cidade”, explica ela.“Quando esse elemento arquitetônico se transforma em arena, os espaços passam a ser fechados, cobertos e com uma série de regras diferentes das culturas locais”. Além da demolição do estádio João Machado para a construção da Arena das Dunas, a Copa do Mundo não deixará muitas marcas duradouras em Natal. “A obra do aeroporto já estava planejada e aconteceria mesmo sem a Copa, assim como as obras de mobilidade. Não foi o projeto Copa que as desenhou”, diz Maria do Livramento Clementino, membro do Observatório das Metrópoles na capital do Rio Grande do Norte e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para Livramento, a Copa deixará como lição a dificuldade do Poder Público brasileiro em realizar grandes obras de infraestrutura com data para conclusão. “Aqui em Natal, está tudo um caos, mas vai ter Copa porque o estádio está de pé, a rede hoteleira suporta e o aeroporto velho continuará funcionando”, opina. Os problemas são semelhantes aos encontrados em Fortaleza, no Ceará, onde as obras de mobilidade urbana já não serão terminadas a tempo. A poucos meses da Copa, os projetos estão sofrendo

alterações, e o prazo está sendo extendido, analisa Rodolfo Damasceno Gois, mestre em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). “A obra que realmente será concluída é o estádio. Se você pensar, é feito primeiro o estádio, para só depois crescer e fazer a parte de mobilidade. Deveria ser o contrário.”

Protestos x turismo Os questionamentos e manifestações a respeito da Copa do Mundo de 2014 no Brasil são oriundos tanto da direita quanto da esquerda, catalizados por uma espécie de insatisfação geral entre alguns setores da sociedade, em especial a classe média. No ano passado, além da vitória da Seleção Brasileira, a Copa das Confederações ficou marcada por protestos que reuniram 864 mil pessoas em seis cidades-sedes em que os jogos foram realizados, entre elas Salvador e Fortaleza. O balanço foi divulgado pela Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos (Sesge). De acordo com o órgão, o protesto realizado no Rio de Janeiro (RJ) reuniu o maior número de pessoas: 300 mil. A manifestação de Belo Horizonte ficou em segundo lugar, com 60 mil ativistas, seguida do ato de Salvador (20 mil) e Brasília (2,5 mil).

Dentre as obas previstas em Fortaleza, no Ceará, está o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Na foto, a estação do ramal Parangaba-Mucuripe já pronta com o VLT.

Por outro lado, apesar da onda de protestos, um estudo divulgado em abril pelo Ministério do Turismo concluiu que a realização da Copa das Confederações em solo brasileiro movimentou R$20,7 bilhões na economia do País. Realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pesquisa revela que R$11 bilhões são referentes a gastos de turistas, do Comitê Organizador Local e de investimentos públicos e privados. Os outros R$9,7 bilhões fazem parte da renda somada ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Deste valor, 58% ficou nas cidades-sedes que receberam o evento esportivo. O restante foi distribuído pelo País. Segundo o ministro do Turismo, Vinicius Lage, o resultado mostra que o impacto do torneio não se restringe aos locais de realização dos jogos.“Eles têm impacto em todo o Brasil”.

Esses projetos são benéficos, porque modernizam e possibilitam trazer mais turistas para a cidade, benefícios que não podem ser muito contestados.

FOTO: Demis Roussos

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Raio-x dos investimentos Fortaleza (Ceará) Serão R$948 milhões em investimentos para obras de mobilidade urbana no aeroporto Pinto Martins e no terminal marítimo de Mucuripe. Na área de mobilidade, existem seis projetos com previsão de entrega até maio de 2014. Entre eles, três BRTs e um VLT.

Natal (Rio Grande do Norte) Em Natal, a previsão é de R$ 1,1 bilhão, dividido entre obras de mobilidade urbana, no aeroporto e no porto. São três projetos de mobilidade, com previsão de entrega para este mês (maio). Entre as obras, estão a construção de um novo aeroporto no município de São Gonçalo do Amarante.

Recife (Pernambuco) Ao menos R$918 milhões foram destinados para as obras de mobilidade urbana e no porto do Recife. A única obra prevista para o aeroporto da cidade foi excluída do documento. Dos sete projetos previstos na área de mobilidade, um está pronto: o viaduto da BR–408, responsável por dar acesso à Arena Pernambuco. A reforma no porto foi finalizada em outubro de 2013.

Salvador (Bahia) O valor das obras de mobilidade e reforma no aeroporto e no porto de Salvador somam R$172 milhões. As estruturas de acessibilidade no entorno da Arena Fonte Nova estão prontas, mas ainda estão inacabadas as rotas de pedestres na região, orçadas em R$7 milhões. A principal obra de mobilidade listada na Matriz de Responsabilidade, o BRT de acesso ao aeroporto, acabou excluída do documento. No aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães, a reforma completa deverá ser concluída apenas em julho, durante a realizaçao do megaevento.

linha do tempo

Para saber mais No Portal da Copa, website do Governo Federal, além de acessar informações sobre o campeonato, você pode conferir vídeos e fotos que traçam o andamento das obras nas 12 sedes do evento. São intervenções em estádios, mobilidade urbana, aeroportos e portos nas cidades que receberão as partidas em 2014: copa2014.gov.br.

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Tecnologia

Atualmente, os escoramentos metálicos podem ser utilizados em todos os tipos de obras: das mais simples às mais complexas.

FOTO: divulgação

Segurança e produtividade na construção civil Usados como apoio e absorção de pesos, o sistema de escoramento metálico proporciona eficiência e estabilidade na construção de obras por Pablo Braz

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razido para o Brasil na década de 1950, o sistema de escoramento metálico foi inicialmente usado em obras de construção pesada ou pouco convencionais. Com a racionalização do setor e a busca constante por métodos que otimizassem as obras, o processo começou a ser usado em empreendimentos imobiliários, levando os fabricantes e locadores a uma rápida adaptação ao novo nicho de mercado. Definido como um conjunto de estruturas provisórias destinadas a suportar o seu peso próprio e o peso da peça a ser escorada, o sistema de escoramento metálico hoje é representado por equipamentos mais leves e versáteis, adequados à geometria das obras. De acordo com o engenheiro civil Jorge Souza, mestre em Construção Civil pela Universidade de Pernambuco (UPE) e professor de Estruturas Metálicas no

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Centro Universitário do Vale do Ipojuca (Univafip), os escoramentos metálicos atualmente são usados para todos os tipos de obras, desde as mais simples até as mais complexas, cumprindo um papel importante. “Eles dão apoio à estrutura de concreto, até que esse material adquira resistência suficiente, além de absorverem as cargas adicionais de trabalho, como ferramenta, equipamentos e equipe da obra. São essenciais na hora de executar lajes, vigas ou elementos que necessitem de apoio até se tornarem autoportantes”, explica. O engenheiro ressalta também que esse sistema veio para o País como uma inovação tecnológica para a época e se perpetuou como tal até o ano de 2009, quando foi aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT ) a primeira norma sobre forma e escoramento, a NBR 15.696. “O Sistema Nacional

de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores (Sinat) descreve que um produto ou serviço só deixa de ser inovação a partir de sua regulamentação em norma do país de atuação. Portanto, a NBR 15.696 veio padronizar essas rotinas executivas e dar mais qualidade e segurança ao serviço”, diz Souza. De acordo com o professor, são muitas as vantagens na utilização do escoramento metálico, principalmente quando comparadas ao uso da madeira. Destacam-se: a elevada absorção de carga, melhorando a capacidade de dimensionamento; a redução do consumo de fôrma devido à facilidade de montagem e desmontagem, diminuindo o desperdício de materiais e permitindo o reaproveitamento de peças; e a redução de mão de obra nos canteiros. “O processo potencializa a rapidez na conclusão da obra, dando mais


eficiência e agilidade, resultando em um ganho de produtividade, se comparado às técnicas tradicionais”, ressalta Jorge. O pesquisador afirma ainda que o sistema de escoramento metálico proporciona uma maior segurança na construção da obra, pois impede o deslocamento excessivo de bordas, evitando problemas patológicos nos subsistemas e, quando bem dimensionado, esse sistema, que tem um conjunto rígido, não causa deformações na hora de absorver e transferir as cargas. “Porém, para tornar o processo mais seguro, é necessário que o responsável pela obra tenha o conhecimento pleno da norma NBR 15.696. Nela, o profissional irá encontrar tudo que precisa saber para acompanhar e cobrar o mínimo de desempenho no canteiro. É preciso também ficar atento ao desenvolvimento de novos produtos e tecnologias acerca do assunto”, complementa.

Para Renato Nunes, gerente de filial da Mecan, empresa brasileira fabricante e locadora de andaimes, elevadores e escoramentos, uma dessas novidades é o emprego das vigas do cimbramento em alumínio, o que reduz sensivelmente o peso, evitando problemas de ergonomia e, consequentemente, melhorando a produtividade em obra. Outra nova mudança apontada por ele são os equipamentos com maior capacidade de carga, que diminuem o uso de peças no conjunto, podendo aumentar o espaçamento e melhorar o acesso no local do projeto. “O Brasil está em um processo de desenvolvimento e evolução nos métodos de execução nas obras, o que reflete no mercado de vendas e locação desse sistema”, conta. Nunes diz que o mercado de locação do escoramento metálico se demonstrou estável no primeiro trimestre de 2014, comparado com o ano de 2013, com percepção de

moderado crescimento a partir do mês de abril. Já o mercado de venda demonstrou uma leve retração, em relação ao mesmo período do ano anterior. “Isso aconteceu devido à queda no número de lançamentos de imóveis no final de 2013. Entretanto, nesse segundo trimestre, é possível perceber uma pequena reação do mercado e uma movimentação maior nas construtoras. Presumo que isso pode melhorar o mercado nos próximos meses”, esclarece. Mesmo com a expectativa de um mercado promissor para o setor, Renato revela que ainda é preciso vencer o desafio da falta de mão de obra qualificada. “Pensando nisso, já estão se criando parcerias com algumas instituições de ensino, disponibilizando informações e experiência para que possa qualificar esses profissionais. Acredito que com isso se possa evoluir, podendo assim lançar novos métodos construtivos e tecnologias em escoramento metálico”, finaliza.

Capacidades: 05 a 40 toneladas vãos até 40m.

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Motovibradores Vários modelos de alta e baixa frequência. 59 MAIO 2014


Tecnologia

FOTO: PlacLux

Por não utilizar tijolos, cimento ou concreto, a tecnologia é mais leve e econômica.

Steel Frame Sistema de construção a seco baseado em estruturas de aço galvanizado permite obra rápida, limpa e econômica por Isabela Morais

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apidez, praticidade, segurança, resistência e redução de desperdícios e custos. Essas são só algumas das vantagens da aplicação do método de construção a seco que tem encontrado cada vez mais espaço no mercado da construção civil brasileira, o sistema construtivo Steel Frame. A tecnologia, já consagrada nos Estados Unidos, no Japão e em diversos países da Europa, tem como conceito básico o uso de componentes industrializados no processo construtivo. O Steel Frame é composto por um conjunto de estrutura metálica em aço galvanizado leve com fechamento em chapas internas e externas que compõem uma armação de baixo peso, mas ao mesmo tempo muito resistente. Após a montagem da estrutura, em geral são aplicadas placas de cimento ou painéis de OSB para o revestimento externo. Já as paredes internas são compostas por placas de gesso acartonado (drywall), o que garante uma superfície lisa, pronta para

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receber o acabamento. No miolo, as soluções de isolamento termoacústico garantem desempenho acima do verificado no sistema tradicional de alvenaria. A tecnologia também é conhecida como Estruturas em aço leve, Construção LSF (Light Steel Framing), ou Construção em aço galvanizado.

Vantagens Segundo Janilson Cassiano de Lima, consultor da Associação Brasileira de Construção Metálica (ABCEM), o Steel Frame é método rápido, seguro e dinâmico, resistente ao fogo e com excelente desempenho térmico e acústico. Por se tratar de um sistema construtivo a seco, não faz uso de tijolos ou de cimento, e o concreto só é empregado nas fundações ou caves. Por isso, tem a vantagem de ser mais leve, o que garante uma economia em fundações e estrutura. “Os especialistas calculam que seja possível

alcançar uma economia de cerca de 20% no valor das fundações”, garante. Wenderson Lobo, arquiteto e coordenador técnico da Trevo Drywall, destaca que a tecnologia permite uma obra mais limpa e com pouco desperdício de material. “O canteiro de obras fica mais organizado, e há pouco uso de água. Seus materiais são recicláveis, a mão de obra é menor, e também o tempo para a execução das obras diminui”, conta.

É cada dia maior o uso do Steel Frame nas construções. Apesar de ainda ser uma parcela tímida, o investidor e o construtor brasileiro têm percebido os grandes benefícios.


O Steel Frame pode ser utilizado em qualquer situação, seja na construção de casas, prédios, shoppings, hospitais e hotéis. Em todos os casos, deve-se contratar um profissional habilitado.

de umidade no ambiente, evitando o conhecido problema de umidade ascendente nas paredes”, conta. Lobo destaca: “O Steel Frame pode ser utilizado em qualquer situação, seja na construção de casas, prédios, shoppings, hospitais, hotéis, etc. Em todos os casos, deve-se contratar um profissional habilitado”.

Aceitação no mercado O Steel Frame tem encontrado cada vez mais espaço na construção civil brasileira, embora nossos números ainda sejam modestos em comparação com o mercado dos países desenvolvidos. Segundo dados do Centro Brasileiro da Construção em Aço, atualmente o metal está presente em 46% das novas construções nos Estados Unidos. No Brasil, seu uso estimado é de 3%. Apesar das inúmeras vantagens de um sistema construtivo a seco, a tecnologia, por aqui, ainda enfrenta certa resistência cultural. Por ser leve e não contar com o uso de cimento e concreto, o sistema é erroneamente relacionado à fragilidade. A falta de informações técnicas sobre a tecnologia também colabora para a propagação do preconceito. Lobo garante: “A durabilidade é a mesma de um empreendimento de alvenaria”. A resistência da estrutura, assegurada pelo metal, não a difere de qualquer outra edificação. Mas, aos poucos, o sistema de construção a seco tem rompido os paradigmas da construção civil brasileira.

FOTO: Keila castro

Como as paredes funcionam como shafts visíveis, a execução e manutenção de instalações elétricas e hidráulicas são facilitadas. “A logística torna-se mais ágil, pois o volume de material a ser transportado é menor”, explica o arquiteto. Outras vantagens do Steel Frame são o baixo impacto ambiental, a facilidade de montagem e manuseio e a otimização dos custos. Além disso, os perfis de aço galvanizado não contribuem para a propagação do fogo e oferecem mais resistência à corrosão. De acordo com a necessidade do projeto, é possível utilizar diversos tipos de isolamento entre as paredes internas e externas, o forro e os telhados. Uma solução comum é o emprego de camadas de lã de vidro ou rocha no miolo, o que garante um desempenho térmico e acústico acima da média. Com a tecnologia, é possível fixar uma grande quantidade de mantas isolantes sem a necessidade de reforçar a estrutura das paredes. “Esse método construtivo foi concebido em um país com temperaturas rigorosas, portanto é um sistema com pouca troca térmica entre interior e exterior”, comenta o consultor da ABCEM. As limitações do Steel Frame são poucas, e a mais importante delas é a altura do empreendimento. Segundo Lima, seu uso é indicado para galpões e obras residenciais ou comerciais com até quatro pavimentos. “A tecnologia permite adequar o projeto para situações como isolamento térmico ou acústico, equilíbrio

Wenderson Lobo é arquiteto e coordenador técnico da Trevo Drywall.

“É cada dia maior o uso do Steel Frame nas construções. Apesar de ainda ser uma parcela tímida, o investidor e o construtor brasileiro têm percebido os grandes benefícios. A cada dia, mais e mais profissionais se interessam em se qualificar para adotar essa nova tecnologia já largamente utilizada em todo o mundo”, avalia. Para o consultor da ABCEM, não há dúvidas: “O Steel Frame é o sistema construtivo do futuro”.

DURABILIDADE

Acima de 300 anos, com obras já comprovadas com mais de 250 anos nos EUA

FUNDAÇÃO

Representa de 4 a 7% do custo total da obra

PRECISÃO

Janelas e portas com precisão de milímetros

LINEARIDADE

Estrutura em aço galvanizado: linear e com medidas precisas

CARGA ESTRUTURAL

Tem em média 65kg/m2 (74% de redução de carga)

TUBULAÇÕES

Colocação em tubulações sem desperdício e retrabalhos

PRAZOS

Prazo de execução até 1/3 menor e com maior precisão

UTILIZAÇÃO DE ÁGUA

Conhecido no Brasil como sistema construtivo a seco, o consumo de água é mínimo

MANUTENÇÃO

Fácil detecção do problema e regularização simplificada

RESISTÊNCIA A FOGO

Os produtos têm elevada resistência a fogo e não alastram

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Tecnologia

drywall Sistema construtivo a seco para paredes, tetos e revestimentos garante agilidade e limpeza na obra e excelente desempenho acústico por Isabela Morais

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construção, reduzindo em cerca de 25% o prazo de conclusão”, afirma. A rapidez se deve pela facilidade do transporte das peças. Em média, cada m² possui cerca de 20 kg, enquanto as paredes convencionais chegam a 180 kg m². “Os materiais usados são muito mais leves, reduzindo estruturas e fundações, o que se traduz indiretamente em economia. Durante a montagem, por não haver a necessidade de cimento ou de quebra de materiais, o sistema não gera lixo. Os resíduos da obra são estimados em no máximo 5% e são totalmente recicláveis, comenta. As instalações elétricas e hidráulicas passam pelo interior das paredes, e, devido à natureza da tecnologia, os reparos são facilmente executados por um profissional especializado, sem a necessidade do famoso “quebra-quebra” de paredes. Para Alex Ferreira, da Knauf Drywall, a tecnologia também permite soluções criativas para os projetos, como o uso de curvas e recortes para iluminação embutida. Além disso, é possível utilizar qualquer tipo de acabamento: pintura, textura, azulejos, granito, mármore, etc.

rywall é um sistema construtivo de paredes, forros e revestimentos internos à construção, não estrutural, que utiliza perfis de aço e chapas de gesso. A tecnologia é formada por um miolo de gesso e aditivos e é revestida em ambos os lados com lâminas de cartão. Por fora, tem-se a aparência comum de uma parede de alvenaria. No caso das paredes, durante a montagem, é montado um esqueleto com os perfis de aço, e as chapas de gesso são parafusadas de cada lado da estrutura. Em seguida, é feito o tratamento das juntas e das cabeças dos parafusos, deixando a superfície pronta para receber pintura. Nos Estados Unidos, no Japão e nos países da Europa, o sistema é amplamente disseminado há pelo menos 100 anos. Já no Brasil, os investimentos em construção a seco se expandiram a partir da década de 1970, com a chegada da primeira fábrica de drywall ao País. Até 1995, porém, o uso do sistema se restringia a prédios comerciais. A consolidação da tecnologia aconteceu na década de 1990, com a abertura do mercado às multinacionais, o que permitiu a instalação de três grandes fabricantes no Brasil — a Knauf, a Lafarge Gypsum e a BPB Placo. Hoje, o sistema construtivo tem encontrado cada vez mais espaço no mercado como uma solução alternativa à alvenaria convencional.

Uma das vantagens da tecnologia é a liberdade no uso de acabamentos.

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MAIO 2014

FOTO: Dreamstime

Vantagens e aplicações Segundo Carlos Roberto de Luca, químico industrial e gerente técnico da Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, a tecnologia oferece diversas vantagens. “A maior delas, com certeza, é a velocidade na

Outro ponto é que, por serem mais estreitas do que tijolos e blocos, as paredes permitem um ganho de área útil no projeto de aproximadamente 5%. Por fim, destaca-se o grande isolamento acústico proporcionado pelo material. “Se houver a necessidade de maior isolamento acústico, pode ser usada lã mineral internamente”, diz. A tecnologia é indicada para construções residenciais de alto padrão e populares, comerciais e industriais. De acordo com o consultor técnico, o consumo de drywall tem crescido em torno de 12% ao ano no País, média acima dos índices de crescimento da própria construção civil brasileira. “Pesquisas têm mostrado que a resistência cultural que existia vem caindo à medida que o material é mais utilizado e mais conhecido. As perspectivas para o futuro são as melhores com estimativas de grande crescimento na área residencial”, prevê de Luca. Segundo o técnico da Knauf, o consumo de chapas em todo o Brasil aumentou de 6 mil m² em 2004 para quase 20 mil m² em 2012.


ano IV | nº 21 | maio 2014

UM NOVo OLHAR

Com novas propostas pedagógicas, escolas já contam com professores, alunos e pais na concepção do projeto arquitetônico do ambiente de ensino. A ideia é tirar proveito das edificações para estimular o aprendizado P. 72

Resiliência Urbana O engenheiro Luiz Priori vai até Veneza, na Itália, faz uma análise do planejamento da cidade e traz exemplos para o Brasil. P. 78

Entrevista Presidente da Abema, Hélio Gurgel, fala sobre a política pública do licenciamento ambiental e o desenvolvimento sustentável P. 65

Tendências Renato Leal questiona a utilização de sistemas construtivos sustentáveis nas obras da Copa do Mundo de 2014. P. 68


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entrevista

Hélio Gurgel

O meio ambiente é responsabilidade de todos

Presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), o advogado ambientalista Hélio Gurgel Cavalcanti é exemplo de compromisso e dedicação com as questões ambientais. Fundador e primeiro presidente da Comissão de Meio Ambiente da ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Pernambuco, Hélio é reconhecido como um dos mais atuantes defensores do desenvolvimento sustentável no País. Dono de um rico e extenso conhecimento, já publicou artigos e livros e participou de congressos e seminários no Uruguai, na Argentina, em Portugal e na França. Gurgel ocupa ainda os cargos de membro da Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e de Conselheiro do Conama. O repórter Pablo Braz conversou com o advogado. O bate–papo contou com a participação da arquiteta, assessora técnica da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco e conselheira da Revista Construir Nordeste, Elka Porciúncula. Confira a entrevista. por Elka Porciúncula e Pablo Braz


entrevista

O meio ambiente é responsabilidade de todos, ou seja, da coletividade e do Poder Público. Cabe ao Poder Público exercer seu papel, mas é cobrado também como obrigação da coletividade esse cuidado sobre o ambiente. Como é possível tornar o processo de licenciamento ambiental mais ágil e claro para a construção civil, respeitando o meio ambiente? No licenciamento ambiental, pode haver um avanço muito grande a partir do momento em que o empreendedor apresente um projeto a ser licenciado de uma forma conclusiva e abrangente, que inclua ao mesmo tempo todas as possibilidades dentro do reaproveitamento de água, redução de energia, destino de resíduos e efluentes em geral, tudo o que vem a ser estabelecido pela legislação. O processo poderia ser muito mais simples e objetivo se houvesse a quebra de alguns paradigmas e exigências que são descabidas e inaceitáveis, através de mudanças na lei. Enquanto isso não for feito, ao agente público ambiental cabe observar e exigir aquilo que a legislação obriga. Há realmente muito o que se pensar nesse trabalho. A Abema, por exemplo, analisa possibilidades de se simplificar o processo, que tendem a ser elucidadas em pouco tempo. Não se pretende criar dificuldades para o empreendedor e nem atravancar o progresso, mas fazer com que isso flua de forma mais objetiva, porque as dificuldades somente fazem florescer irregularidades, tanto da parte do empreendedor quando da parte do mau agente público ambiental. Verifica-se, ainda, que não

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há mecanismos bem eficientes que façam uma fiscalização detalhada das obras, uma checagem apurada de rotina, que possa gerar um relatório efetivo sobre determinadas construções, não somente se estão devidamente licenciadas, mas se estão dentro dos parâmetros sustentáveis. Qual seria, então, o papel da Abema dentro dessa política de licenciamento e de gestão ambiental? A Abema busca uma relação articulada entre União, estados e municípios com base nos princípios de gestão ambiental compartilhada e de descentralização de políticas públicas, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações ambientais entre os órgãos de meio ambiente do País. Além disso, promove a participação da sociedade nos mecanismos de Gestão Ambiental e na articulação com os demais setores para viabilizar programas e projetos que contemplem o desenvolvimento sustentável. Pensando nisso, a Abema produziu em 2013 um documento intitulado Novas Propostas para o Licenciamento Ambiental para o Brasil, em que se tem propostas formuladoras de novas políticas ambientais, a convergência de legislação estadual e federal, notadamente sobre resoluções do Conselho nacional do Meio Ambiente (Conama), fazendo o paralelo com disposições trazidas por diversos órgãos normativos, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ABNT, por exemplo, não é um órgão oficial do governo, e sim uma associação com parâmetros estabelecidos e que, pela sua credibilidade, apresenta normas que são utilizadas amplamente, porque apresenta uma base técnica, um conteúdo extremamente pontual e qualificado, que serve de norte para elaboração e disposição das normas ambientais. E como o Poder Público, através do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), tem se comportado diante das questões ambientais? É preciso considerar não só o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), mas a máquina estatal como um todo, que

é inchada e extremamente burocrática. É fato notório que o organismo estatal não anda com tanta disposição e operação. Até bem pouco tempo atrás, a questão do licenciamento ambiental não tinha tanta importância para o governo. Há menos de 20 anos é que se vem trazendo à luz o significado disso e o papel do Estado na fiscalização das relações ambientais. Os recursos sempre foram também destinados em grande parte para as questões de segurança e saúde, que são realmente prioritárias. Os assuntos ambientais foram deixados em segundo plano, o que levou o Sisnama a funcionar de uma forma insatisfatória. Por isso, hoje estamos enfrentando um quadro nacional seríssimo, como o abastecimento de água, em que os reservatórios brasileiros atualmente só contam com 35% de sua capacidade. Mas passou-se agora a se dar mais atenção a essa atividade, que é de responsabilidade do Estado também. Portanto, vale ressaltar que a questão ambiental, de acordo com a constituição, é uma responsabilidade dividida. O meio ambiente é responsabilidade de todos, ou seja, da coletividade e do Poder Público. Cabe ao Poder Público exercer seu papel, mas é cobrado também como obrigação da coletividade esse cuidado sobre o ambiente. A redução do consumo de água e o gerenciamento de resíduos da construção civil são duas grandes questões para a sustentabilidade. Como o senhor avalia a regulamentação do uso de água e dos resíduos da construção civil? A regulamentação do uso de água e dos resíduos da construção civil tem que se basear nos princípios de reduzir, reutilizar, recuperar, repensar e recusar, norteando, assim, um consumo responsável. Mas isso depende muito do próprio empreendedor e daquele que vai usufruir do empreendimento, o futuro habitante, que são elos importantes da cadeia. Tem-se percebido que alguns empreendedores têm adotado técnicas de Greenwashing, uso de uma imagem ambientalmente responsável que não condiz com a realidade, por meio de ações de marketing que fazem tudo parecer verde, mas que de fato não é. Mas verifico também que existem empreendedores


conscientes e responsáveis que estão buscando não somente medidas sustentáveis na implantação do empreendimento, mas também no desenvolvimento futuro do projeto. Soluções que o morador possa manter depois. Por exemplo, um projeto que prevê o reúso de água com uma cisterna subterrânea de 500 mil litros, que, diante de um total colapso do fornecimento de água pública, possa ser suficiente para abastecer os moradores através da captação da água de chuva. Projetos que vão futuramente prever a instalação de painéis solares e a fixação de geradores eólicos também são medidas de sucesso para o empreendimento. Em relação aos resíduos da construção civil, a legislação veio disciplinar o que em parte já vinha sendo feita por alguns empreendedores conscientes, que entendem que esses recursos constituem riquezas, verdadeiras matérias–primas. A reutilização de resíduos provenientes da demolição de prédios em outras obras, a transformação de vidro moído em areia e outras técnicas e estudos trazem para o empreendedor uma considerada economia. É importante reforçar também que a normatização sobre o destino desses resíduos exime a responsabilidade do Poder Público de retirar esses entulhos, além de propiciar ao empreendedor e aos que trabalham com reciclagem melhorar seus lucros operacionais. E quanto ao uso de bens naturais certificados por parte da construção civil? Um exemplo seria a questão do uso da areia, em que a construção civil é a maior usuária desse bem mineral. Esse ponto foi ordenado pelo Poder Público. Quando o empreendedor utiliza a areia, muitas vezes não está interessado em receber a certificação da proveniência desse produto, para saber se foi explorada de uma forma política e ambientalmente correta. Agora, o Conselho Nacional de Meio Ambiente acolhe a denúncia, institui um grupo de trabalho e elabora um parecer para então se criar um normativo para a exploração de areia em rios. Isso gera consequências positivas, sobretudo ao evitar o dessasoreamento de alguns rios que precisam ser dragados naturalmente para terem seus

cursos mantidos, evitando assim transbordamentos e enxurradas. O resultado foi a resolução 01/2013, que disciplina a autorização de areia para utilização na construção civil. Já existe no setor a obrigação do uso de madeira certificada, porém haveria uma necessidade de ajustes para fazer a exigência com relação ao uso da areia, através de estudos de rastreamento e análise laboratorial. Mas hoje já se avançou bastante. Por exemplo, com relação ao uso da madeira, é exigido o Documento de Origem Florestal (DOF), que certifica a origem daquela madeira, evitando, assim, a banalização do desmatamento. Em alguns estados, é necessário até mesmo “chipar” o caminhão e a carga para que não se utilize o mesmo DOF várias vezes. O documento, junto com o chip, permite não só garantir que aquele transportador está levando uma única carga para o destino final, como também permite o rastreamento da carga para evitar que ela seja desviada para outras áreas não pré-delimitadas. A resolução do Conama de 1988 definiu as unidades de conservação da natureza. Dentro dessa resolução, cada Estado definiu as suas unidades de conservação, e cada município tem seu enquadramento nessas unidades. Deverá existir uma normatização dos usos que são feitos em cima dos conselhos de meio ambiente para cada área delimitada. Como é que se configura a avaliação desses códigos de utilização do solo pelos conselhos de gestão em relação a essas unidades de conservação da natureza? A diversidade de tipos de área de conservação leva a uma adequação na legislação, sendo exigido um estudo prévio adequado, porque envolve não somente as questões da flora, mas também da fauna. É uma situação em que se trabalha esses recursos naturais, flora e fauna conjuntamente, para que haja uma integração não somente no ambiente florestal, mas sobretudo no ambiente urbano. Pensando nisso, cada conselho de gestão se autorregulará. Respeitado os limites, ele disporá sobre sua forma de reunião, de divisão, porque a ideia é de trazer autonomia, observado as limitações superiores e hierarquicamente

estabelecidas. Isso é uma forma de descentralizar e democratizar a gestão, pois os conselhos são compostos de pessoas que estão presumivelmente envolvidas com o local, que já se tem o conhecimento daquela área e irão otimizar a utilização dos recursos que foram disponibilizados e traçar metas eficazes para chegar a resultados adequados. Com relação à regularização da legislação ambiental, o que tem sido feito quanto às competências municipais, estaduais e federais para licenciamento de projetos na construção civil? Há uma evolução na legislação ambiental muito recente. Nos dois últimos anos, ocorreu uma grande transformação a partir da aprovação do código florestal e, sobretudo, através da Lei Complementar 140, que trouxe pela primeira vez a possibilidade do município fazer o licenciamento ambiental, pois o que antes era prerrogativa somente da União e dos estados passou a ser também do município. É necessário, então, que os municípios se estruturem para licenciar, passando depois a legislar sobre seu ambiente local, dentro das restrições que são possíveis. No entanto, as propostas que houver para licenciamento através de análises de estudos ambientais serão atribuídas ao município que dispuser de estrutura para tanto. Isso ajuda a não sobrecarregar por sua vez o Estado, que é obrigado a fazer a fiscalização de todos os municípios. Por exemplo, Petrolina, município de Pernambuco, fundou sua própria Agência de Meio Ambiente, espelhando-se totalmente na estadual, mas mantendo sua autonomia. Porém, em direito ambiental, existe o princípio de hierarquização das leis, no qual a legislação inferior não poderá ser menos restritiva do que a superior, ou seja, se um determinado dispositivo ambiental determina em um diploma federal que a distância de uma margem seja de 50 metros, ao estado que legislar sobre isso o poderá fazer desde que seja uma distância maior. O mesmo vale para município e Estado. E não será diferente em relação aos conselhos municipais, estaduais e o federal do meio ambiente, que devem obedecer até com muito mais critério esses princípios que já estão estabelecidos pela legislação.

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TENDÊNCIAS

Em tempos de copa do mundo Renato Leal *

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Valorizando a sustentabilidade e o meio ambiente em todas as etapas da Copa, estaríamos dando uma lição ao mundo.

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esde o momento em que fomos pleitear à Fifa a realização desta Copa do Mundo de 2014 que posicionei-me de uma forma contrária, por entender que o País tinha outras prioridades estuturais de foco e investimento, tais como saúde, educação e formação de infraestuturas que viessem a criar condições para o desenvolvimento da indústria, da agricultura e dos serviços e para a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. Agora, na iminência da sua realização, vejo que esse sentimento é geral da sociedade brasileira e que nada mais há a fazer, senão torcer para que o vexame — tanto em campo quanto na sua realização - seja o menor possível. Há poucos dias do início da copa — e como o tema aqui é sustentabilidade — andei pensando sobre esta perspectiva e resumo aqui alguns temas para a reflexão e que gostaria que as entidades competentes tivessem as respostas. 1. Sobre a sustentabilidade dos estádios: Estando alguns ainda não concluídos, ou seja, feitos numa louca corrida contra-tempo, pergunto-me se foram escolhidos materiais e sistemas construtivos que respeitaram os princípios básicos da sustentabilidade. Houve preocupações com consumo energético e de água durante e para o período pós-copa? Foram utlizadas tecnologias que permitam que cada um desses estádios sejam provedores de energia elétrica, e não consumidores? Foram feitos investimentos na produção de energia limpa ou vamos ter que ligar as nossas termoelétricas dia e noite? E pensou-se na criação de vizinhança arborizada, de forma a compensar a aridez dos estádios e seus estacionamentos? Tempo nós tivemos de fazer da forma correta. 2. Sobre as soluções de mobilidade: Em diversas capitais do País, que sediarão jogos da Copa do Mundo, passou-se ao público em geral que o grande investimento público seria na infraestrutra, e que nos estádios a predominância seria de recursos privados. Fechado o balanço — se é que um dia vão fechar — foi isso o que realmente ocorreu? Nas opções escolhidas para o transporte público nas cidades, foram consideradas as melhores

no longo prazo — amigas do ambiente, com menos geração de poluição e resíduos — ou se ambarcou nas soluções possíveis sem considerar a consequência ambiental? 3. Sobre o tratamento dos resíduos das obras e do período da Copa: Todos sabemos do impacto dos resíduos produzidos pela construção civil, problema que permeia desde as pequenas obras de reforma e construções individuais até os grandes prédios e obras públicas. O que dizer das obras dos estádios? Para onde foram os resíduos gerados? Foram reútlizados nas obras? As obras de apoio, em caráter não permanente, terão todos os seus materiais reaproveitados? E durante a Copa do Mundo? Somente três reflexões, pois o espaço é curto. Se as respostas a estas perguntas foram predominantemente não, mais uma vez perdemos uma oportunidade de nos mostrarmos como um País com preocupações ambientais, que busca incessantemente a modernidade, o desenvolvimento e o bem-estar social, numa lógica de um desenvolvimento sustentável. Que pena. Podem chamar de preciosismo por eu estar cobrando uma postura diferente com relação à Copa. Mas estou sendo coerente com um dos argumentos que foi utilizado para irmos atrás dela: Uma oportunidade de mudar a imagem do Brasil no mundo. Valorizando a sustentabilidade e o meio ambiente em todas as etapas da Copa, estaríamos dando uma lição ao mundo. Pelo jeito, perdemos essa oportunidade. Pelo andar da carruagem, vamos sair pior na fotografia do que estávamos antes. Mais uma vez, que pena.

* Renato Leal estrutura negócios, atuando no Brasil e em Portugal



eu digo

Eficiência energética hoje ou colapso amanhã Volkmar Denner*

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Todo mundo fala sobre economizar em impostos, mas quase ninguém fala com a mesma paixão sobre economizar energia. Mas esse deveria ser o nosso principal objetivo.

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omo o planeta poderá satisfazer sua sede por energia nas próximas décadas é uma das questões mais importantes da atualidade? A expansão mundial das energias renováveis e o futuro da geração de energia elétrica estão atualmente no centro da discussão energética. Proponho adotar aqui uma visão mais ampla: o aumento da eficiência energética e a reestruturação da geração de energia devem caminhar juntos. De acordo com a International Energy Agency (IEA), a participação global de eletricidade gerada a partir de fontes renováveis aumentará para 30% até 2035. Os demais 70% terão de ser atendidos por fontes de energia convencionais. No entanto, as fontes são finitas, os custos estão aumentando, e o impacto de utilização das mesmas é prejudicial ao meio ambiente. Apenas aprimorando radicalmente o nosso histórico em eficiência energética poderemos reduzir o consumo de energia, assegurar o fornecimento, reduzir o preço da implantação de energias renováveis, as emissões de CO2 e atenuar o aumento do custo da energia para consumidores e empresas. Nesse sentido, à medida que avançamos em direção a uma fonte de energias renováveis, o aumento da eficiência energética desempenhará um papel ainda mais importante. É necessário ressaltar que a tecnologia avançada é a pedra angular de qualquer estratégia de eficiência energética. Temos que trabalhar firme para desenvolver e implantar tecnologias relevantes em todas as áreas de consumo. Uma das metas é usar uma ampla gama de tecnologias para melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões de CO2. Através das tecnologias disponíveis atualmente, já é possível atingir reduções significativas no consumo e nas emissões de CO2 dos motores de combustão interna. Mas, apesar desse potencial dos motores de combustão interna, o futuro pertence à mobilidade elétrica. O conforto e a acessibilidade ao dirigir são decisivos para o desenvolvimento dos produtos da mobilidade elétrica. Com isso, as e-bikes se tornaram um grande sucesso em um curto período de tempo.

É preciso também melhorar a eficiência dos edifícios existentes, bem como desenvolver projetos inovadores para os novos empreendimentos. Com modernas tecnologias de aquecimento, como as caldeiras de água quente e os sistemas de controle, já podemos economizar muita energia. Olhando para o futuro, existe a casa energy-plus, ou seja, uma residência que gera mais energia do que consome. E isso me conduz a outro ponto: o comportamento e as atitudes das pessoas são tão igualmente importantes. Caso contrário, o uso generalizado das tecnologias avançadas não se estabelecerá. O relatório mais recente da IEA diz que as soluções de eficiência não estão sendo promovidas rápido o suficiente, de forma a contribuir de maneira substancial para garantir o fornecimento, a acessibilidade e a proteção climática. A eficiência energética tem que ser essencialmente levada em consideração dentre milhares de decisões diárias de investimentos realizados pelas empresas e pelos consumidores. Todo mundo fala sobre economizar em impostos, mas quase ninguém fala com a mesma paixão sobre economizar energia. Mas esse deveria ser o nosso principal objetivo. Já foram dados alguns passos nessa direção, como os sistemas para a identificação do consumo de energia de eletrodomésticos, que estão sendo utilizados com sucesso na Europa. Há também discussões sobre a necessidade de modernizar as residências, assim como progressos existem no campo da eletromobilidade. Até mesmo a discussão sobre os custos com a eletricidade tem o seu lado positivo. Isso significa que a eficiência energética está começando a ganhar relevância junto à sociedade.

*Dr. Volkmar Denner é presidente mundial da Robert Bosch GmbH


BOAS PRÁTICAS

APP O aplicativo Lixarada promete ser um aliado na denúncia de lixões clandestinos, incluindo aqueles que acumulam resíduos advindos do setor da construção civil. O app foi projetado pela WiseWaste, empresa nacional pioneira no segmento de logística reversa e valorização de resíduos, que alertou para a falha de implementação de um sistema de coleta seletiva no Brasil, fazendo com que muitos resíduos não sejam destinados corretamente. O Lixarada funciona assim: depois de baixado, o aplicativo pede que o usuário preencha um cadastro para criação da conta. A partir daí, as pessoas podem tirar fotos do local a ser denunciado e encaminhar as queixas de forma anônima ou não. A WiseWaste compila as reclamações em um relatório e manda para as prefeituras ou subprefeituras. A denúncia ainda pode ser compartilhada no Facebook, tanto pelo denunciante como por outros usuários do app. Segundo o desenvolvedor do aplicativo, Guilherme Brammer, o Lixarada também serve como um instrumento de participação dos cidadãos no cumprimento da Lei no 12.305, a qual determina que os lixões a céu aberto sejam extintos até 2014. “O aplicativo consegue envolver a população e o Poder Público na solução desse problema, que ainda é comum nas cidades em todo o Brasil”, reforça Brammer. Atualmente, o Lixarada está disponível apenas para sistema IOS (IPhone) e tem previsão de lançamento para Android ainda este ano. O app pode ser baixado gratuitamente através do site: http://www.wisewaste.com.br/lixarada

SENSIBILIDADE Caracterizado como um dos resíduos deixados em obras de construção civil, os sacos de cimento podem ser reaproveitados de maneira sustentável e criativa ao invés de serem simplesmente descartados. A prova disso é o trabalho realizado desde 2010 pelas artesãs da Cooperativa de Trabalho e Produção das Pessoas Unidas de São Sebastião (Cooperunião), localizada na região administrativa do Distrito Federal (DF), que elabora charmosas flores para decoração a partir dos sacos de cimento. O grupo, formado por quatro Marias (Maria Freitas, Ivonete Maria, Maria José e Maria Nilda), explica que adequou a técnica de fazer flores com filtros de café usados ao papel kraft dos sacos de cimento, que são materiais resistentes, lembrando o couro. Essa transformação passa por cinco etapas: coleta nas obras de construção, lavagem dos sacos de cimento, tingimento, corte das pétalas e folhas e montagem das flores, finalizando o processo com a impermeabilização das peças. Um dos que aprovam o trabalho artístico é o estilista Ronaldo Fraga, que já encomendou as flores para decorar dois de seus desfiles, um em Brasília e outro em Belo Horizonte. Além das flores, carro-chefe da produção, a cooperativa também elabora capas para agendas e cadernetas, porta-lápis, caixas para presentes, chaveiros e outros itens artesanais.

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Alunos e comunidade devem participar ativamente do projeto do ambiente escolar.

foto: istockphoto.com

Novos projetos para novas escolas Quando você pensa em uma escola, qual a primeira imagem que vem à sua cabeça? Se for aquela tradicional, uma sala quadrada, cadeiras enfileiradas e professor na frente, saiba que essa proposta está desatualizada. Crianças e jovens não são os mesmos de décadas atrás — e nem poderiam. Embora muitas vezes ignorada, essa nova geração pede dinâmica, interação e tecnologia. Atualmente, o projeto de uma escola não é apenas desenhado por arquitetos e engenheiros, é preciso também do olhar de professores, pedagogos e alunos. Esse é o primeiro passo para a conquista de uma educação eficiente. por Patrícia Félix


São diversos os fatores responsáveis pela concepção de uma escola modelo — muito embora, segundo a arquiteta e professora titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Doris Kowaltowski, uma instituição considerada ideal não existe. Ela é uma das defensoras de que a arquitetura escolar influencia diretamente em uma educação de qualidade. De acordo com a arquiteta, um ambiente bem organizado, limpo e com equipamentos que funcionam em um número adequado e no lugar certo possui condições mínimas para um ensino mais eficiente e produtivo. “A psicologia ambiental nos mostra que um lugar atraente, bonito e estimulante, esteticamente falando, é uma base de qualidade das relações e reflete o comportamento humano com menos agressividade”, explica Kowaltowski. A professora esclarece que, em linhas gerais, a arquitetura escolar deve representar a pedagogia adotada. É necessário ter uma inserção urbana sensível que converse com a vizinhança; um pátio com projeto paisagístico para abrigar tanto as brincadeiras,

como servir de sombra e abrigo para dias chuvosos; salas de aula generosas para permitir vários tipos de atividade; laboratórios que funcionem bem e com boas ferramentas. “É importante pensar no desenvolvimento de atividades de ensino no exterior. Os alunos precisam ter espaço para descanso e para desenvolver trabalhos em grupo fora da tradicional sala de aula. O refeitório deve ser um lugar agradável, e a comida pode ser preparada de vez em quando pelos próprios alunos. Podemos ensinar física através da arquitetura colocando um relógio de sol na sala de aula, por exemplo. Os alunos aprenderiam sobre o movimento do Sol e a geometria com a sombra”, completa Kowaltowski. Quando falamos em sustentabilidade, vale lembrar que um dos principais objetivos é que a escola sirva de exemplo e seja extensão para aplicação no dia a dia dos alunos. Nesse sentido, algumas medidas simples podem ser adotadas. “O gasto de energia elétrica pode ser mostrado em painéis embutidos nas paredes para acesso interativo. A água da chuva deve ser conduzida

Espaços ao ar livre também devem estar previstos para as atividades fora das salas de aula.

em condutores transparentes para tanques e usada para regar as áreas verdes e para a limpeza dos pátios. O projeto da edificação deve ser um projeto bioclimático”, pontua. Kowaltowski diz que, no Brasil, os arquitetos possuem ideias muito boas, mas não conseguem colocar em prática por causa da burocracia e dos custos. Ela ressalta ainda que, na Inglaterra, há um órgão chamado Design Council, que publica informações interessantes sobre o tema. Nos Estados Unidos, há cooperativas que se preocupam em melhorar o ambiente escolar, como o Cooperative of High Performance School (CHPS). Há também o Design Share, um site com análises de projetos.

A psicologia ambiental nos mostra que um lugar atraente, bonito e estimulante, esteticamente falando, é uma base de qualidade das relações e reflete o comportamento humano com menos agressividade. foto: shutterstock.com

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No Brasil Existe no Brasil um enorme abismo entre uma escola e outra, tanto na esfera pública quanto na privada. Entretanto, ainda que de forma tímida, alguns investimentos já estão sendo feitos. Segundo o arquiteto Luiz Neves, atual presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco/PE), no Recife, os grandes e tradicionais colégios particulares têm feito reformas em suas estruturas com o objetivo de adaptarem seus espaços às necessidades atuais. “Os colégios mais novos, nesse segmento, possuem estruturas mais atualizadas, mas ainda com uma grande dose de improviso arquitetônico, seja por conta das limitações espaciais em função da localização ou até mesmo pela não valorização da arquitetura como um elemento fundamental para as condições de ensino”, diz. O problema se agrava no setor público, principalmente em instituições municipais, onde a disponibilidade de terrenos em relação à demanda de localização é uma dificuldade a ser enfrentada. “Em muitos casos, essas escolas funcionam em antigas residências não adaptadas à dinâmica e às práticas escolares, embora tenhamos bons exemplos de arquitetura educacional e uma linha de financiamento federal

arquitetura aliada a uma boa gestão administrativa são indispensáveis para o desenvolvimento dessas habilidades. “Muitos educadores afirmam que o Brasil possui uma infraestrutura escolar do século 19, um corpo docente do século 20 e um corpo discente do século 21. Acredito que o envolvimento da sociedade com a gestão da escola é o primeiro passo para a melhoria da estrutura. Com esse envolvimento, os aspectos relativos às questões espaciais (tamanho, conforto, iluminação, mobiliário) e às questões de manutenção (depredação, sujeira, furtos) tenderiam a naturalmente ser resolvidas, sempre com o envolvimento de profissionais habilitados”, finaliza Neves.

para a reforma e construção de novas unidades educacionais”, destaca Neves. Para o arquiteto, um aspecto importante para a concepção de um bom projeto de arquitetura escolar é a mediação com a comunidade onde ele será inserido, principalmente quando se trata de escolas públicas, uma vez que a sociedade é o principal cliente. Trabalhando todos esses aspectos, deve-se somar a criatividade e a capacidade de inovação da equipe de projetistas, partindo de uma arquitetura que encontre o equilíbrio entre a estética, funcionalidade e relação custo-benefício até a elaboração de um bom plano de obras que permita ao construtor levantar o prédio e as infraestruturas dentro de um prazo e custo aceitáveis. “Não há como desenvolver com plenitude o aprendizado em ambientes improvisados e/ou insalubres. O mobiliário adequado também é essencial à performance. Isso vale tanto para o educando quanto para o educador”, salienta Neves. O arquiteto afirma que existe uma teoria nascida em 1930 chamada Teoria dos Big Five. Essa hipótese relaciona cinco habilidades necessárias ao processo de ensino-aprendizado, que remetem à abertura a novas experiências (inovação), disciplina e organização, amabilidade e tolerância, extroversão e sociabilidade e estabilidade emocional. Uma boa

Escola Cícero Dias

A professora Doris Kowaltowski acredita que o espaço físico da escola influencia no trabalho e aprendizado. foto: Antoninho Perri

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A Escola Técnica Estadual Cícero Dias, no Recife, em Pernambuco, faz parte de um grande projeto, fruto de uma Parceria Público–Privada (PPP) entre as Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro e de Pernambuco e o Instituto Oi Futuro. Voltado para a pesquisa e o desenvolvimento de soluções educacionais, o programa Núcleo Avançado em Educação (Nave) capacita estudantes para profissões na área digital, além de ser responsável pelos projetos arquitetônicos das escolas atendidas. De acordo com a gestora da Escola Técnica Estadual Cícero Dias, Aldineide de Queiróz, a ideia inicial do projeto arquitetônico da instituição está intimamente arraigada à filosofia abraçada pela escola, denominada Educação Interdimensional. Para se adequar à rotina escolar, por exemplo, os edifícios possuem várias janelas, como simbologia ao acesso ao conhecimento. As salas de aulas são formadas por carteiras estudantis que se interligam num formato de 180º, propiciando uma maior interação entre os estudantes — uma vez que eles trabalham em times, além de trazê-los mais próximos do professor/educador. “Elaboramos tudo com base em conceitos que trabalhassem as noções


Na escola Cícero Dias, no Recife, os ambientes foram pensados de acordo com a filosofia adotada.

Portuguesa fazem rodas de leitura e debates com convidados relacionados ao assunto trabalhado em sala de aula; o pátio aberto e ventilado também é usado como sala de aula para aulas dinâmicas e expositivas; os laboratórios de ciências e jogos digitais também possuem diversos cuidados para que possamos extrair o máximo de aprendizagem do educando. Sem esquecer que a escola atende a todos os requisitos de acessibilidade, recebendo também estudantes com limitações físicas.” Aldineide acredita que, para que nada interfira na disposição de aprender, é preciso planejamento,

lembrando que o ambiente precisa ser estimulante, explorando a criatividade. “O sistema de ensino precisa de mais Parcerias Público–Privada com essa visão e prioridade. Queremos dar um basta nas escolas tradicionais com layout de hospital ou prisão, necessitamos de uma estrutura livre, aberta e fluida, para que o estudante sinta-se livre e bem acolhido. A escola não pode ser um local de isolamento. A administração/gestão não precisa estar localizada em um ponto estratégico para vigiar ou punir. Hoje, nossas práticas são pautadas no desenvolvimento de um jovem autônomo, competente e solidário”, conclui.

Alunas da Cícero Dias aprovam projeto e aproveitam intervalo para interação e relaxamento. foto: TATIANA FEIJÓ

volumétricas em seu entorno, de modo a unir setores como: administração e sala dos professores, salas de aula e laboratórios, a biblioteca e o auditório, permitindo que todos os espaços estejam ligados e de certa forma abracem o pátio interno. Tal tipo de distribuição propicia melhor visão em qualquer ponto da escola, além de favorecer a ventilação e provocar o encontro dos nossos jovens nos horários do intervalo e na culminância de atividades externas às salas de aula”, esclarece. A estudante Beatriz Feijó, 19 anos, do 3º ano do Ensino Médio, confirma. Na opinião dela, o ambiente escolar foi pensado e planejado para o bem–estar do aluno. “A estrutura nos dá a oportunidade de sair da sala e poder nos ligar com a natureza. Pelo fato de a escola ser integral, os intervalos são os momentos em que temos para unir os amigos no pátio, e respirar ar fresco, uma forma de recarregar as nossas energias”, comenta. A arquitetura escolar é essencial para um aprendizado eficiente. Tendo como lema a frase portas e janelas abertas para o conhecimento, a Cícero Dias investe em interação e dinâmica. Aldineide pontua que a proposta não se limita apenas à estrutura, mas também às práticas desenvolvidas diariamente pelos educadores. “Graças ao layout acolhedor da biblioteca — denominado Espaço de Acesso ao Conhecimento —, os professores de Língua

foto: Midiaeducação do NAVE Recife

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O Rio Mar Fortaleza já obteve a certificação Alta Qualidade Ambiental (Aqua) na fase “Programa” e “Concepção para Edifícios do Setor de Serviços”,

foto: cena 7

Grupo JCPM vai além e aposta no RioMar Fortaleza e no seu entorno Tecnologia e características físico-geográficas viabilizaram um projeto sustentável e inovador por Pablo Braz

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sustentabilidade é hoje um dos pilares essenciais para a construção civil. O desafio de desenvolver um projeto potencialmente sustentável aumenta de acordo com a dimensão e a complexidade do empreendimento, sendo essencial a aplicação de medidas adequadas que valorizem uma urbanização eficiente e comprometida com o meio ambiente. Com a proposta de respeitar parâmetros de sustentabilidade e a ideia de se firmar como um dos maiores centros de compras do Nordeste, o RioMar Fortaleza, shopping do grupo João Carlos Paes Mendonça (JCPM), traz uma planta com avançadas tecnologias construtivas e de operação que prometem não só conforto aos clientes, mas a redução considerável do uso de recursos, como água e energia, o gerenciamento consciente dos resíduos da construção e a preocupação ambiental e social com a comunidade do seu entorno.

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Com inauguração prevista para outubro deste ano, o RioMar, localizado no bairro de Papicu, na capital cearense, investe em algumas práticas sustentáveis em sua concepção. Segundo Sérgio Alves Maffioletti, gerente de Desenvolvimento Socioambiental do Grupo JCPM, uma das iniciativas que merece destaque é o sistema de esgoto a vácuo, que demandará 80% menos de água para descargas do que o convencional, e eliminará, na mesma proporção, o impacto do lançamento de efluentes no esgotamento sanitário da cidade. “A estimativa é que, para o consumo de água no uso dos sanitários, tenha-se uma economia diária de quase 87%, equivalente ao consumo de 2.431 habitantes do entorno. Esse mesmo volume, após utilizado, iria para a rede de esgoto pública, o que não ocorrerá com essas medidas”, pontua. Além disso, o sistema de ar condicionado terá um processo de reciclagem da água de condensação, recolhendo e

reutilizando parte da água resultante da desumidificação do ar. Maffioletti explica que, para não impactar a concessionária com o abastecimento de água potável para atividades como irrigação, limpeza e abastecimento de sanitários, foram realizados estudos hidrogeológicos e de análise da água subterrânea, que indicaram o uso de poços já existentes e a viabilidade de abertura de mais um poço, sem impacto ao sistema hídrico, com água de boa qualidade. Já em relação à redução do consumo de energia, através da construção de domus de vidro, será possível o aproveitamento de 100% da iluminação natural em grande parte da área que recobre o mall e a praça de alimentação, impedindo a absorção de calor e garantindo a entrada da luz visível. “Isso faz com que não se precise manter a iluminação artificial durante o período diurno, tendo assim uma economia considerável de energia. No projeto arquitetônico, foram


que têm as suas rendas revertidas para o sustento de catadores vinculados ao ICC. Aplicando um conceito mais amplo da sustentabilidade, as ações não se limitam apenas ao espaço do próprio mall. A engenheira civil Ana Rocha Melhado, diretora da Proactive, empresa que presta consultoria em gestão de projetos e certificações ambientais ao empreendimento, diz que entre as principais iniciativas previstas para o entorno do shopping está o plantio de 2.500 árvores nas áreas internas e calçadas de ruas vizinhas, permitindo que esta vegetação aja no controle da radiação solar, temperatura, umidade do ar, ação dos ventos e poluição do ar. As calçadas e a área ao redor da Lagoa do Papicu serão revitalizadas e cercadas, com objetivo de conservar o ecossistema. Será implantado um processo de drenagem natural para retenção de águas pluviais e infiltração no lençol freático, através de canteiros centrais e pisos semipermeáveis, diminuindo a sobrecarga na drenagem pluvial pública. Outra medida eficaz, direcionada para a urbanização da região, é o alargamento e ordenamento das vias locais, bem como a implantação de uma nova via e um complexo de viaduto e túnel, além da melhoria da sinalização e iluminação da região,

facilitando o acesso ao shopping. “O projeto do RioMar Fortaleza não só assegura a qualidade ambiental aos usos definidos, mas também oferta equipamentos de comércio e serviços, beneficiando assim toda a região do Papicu, anteriormente estagnada, mas que será requalificada através de estruturas internas e externas que permitirão uma melhor qualidade de vida à comunidade”,reforça Ana. O shopping já obteve, com a assessoria da Proactive, a certificação Alta Qualidade Ambiental (Aqua) - na fase “Programa” e na fase “Concepção para Edifícios do Setor de Serviços”, concedida pela fundação Vanzolini e de reconhecimento internacional, e agora busca conseguir o selo para fase “Realização” e finalmente para a de “Uso e Operação do empreendimento”. No total, R$ 600 milhões estão sendo investidos na construção do Rio Mar Fortaleza, que ocupará uma área total de terreno de 114 mil m², com espaço construído de 303 mil m² e área bruta locável de 93 mil m². O empreendimento abrigará 401 lojas, sendo 15 âncoras, 12 megalojas, 361 lojas satélites, cinema com 12 salas, diversões eletrônicas, academia de ginástica, teatro, oito restaurantes, 50 operações de fast-food e estacionamento com 6.100 vagas.

Para o gerente Sérgio Maffioletti, o Rio Mar Fortaleza beneficiará a comunidade em seu entorno

foto: Liziane Eufrásio

também feitos estudos de insolação da região, fotoperíodo e direção dos ventos, que influenciaram não só na forma e posição do domus, mas também na posição do próprio shopping em relação à iluminação natural dos prédios e das casas ao redor, evitando sombreamento das áreas vizinhas que impactem na qualidade de vida”, complementa o gerente. Outra solução importante na racionalização dos custos energéticos é o sistema de automação predial, que controla as necessidades reais de iluminação, climatização e demais operações de acordo com programação e por sensores, agregado a uma estrutura de refrigeração com uso de água gelada e de vigas frias, e ao uso de motores e equipamento com controle de funcionamento por inversores de frequência. “A aplicação dessas medidas, atreladas a outras tecnologias, permite uma redução de 31% no consumo de energia. Em termos financeiros, isso pode representar aproximadamente uma economia de 1 milhão e trezentos mil reais por mês”, ressalta Sérgio. A obra do RioMar Fortaleza se diferencia também por dispor de uma central de gerenciamento de resíduos dentro da própria obra. Para isso, foi instalada uma recicladora de concreto, para recuperação em circuito fechado dos produtos sólidos (brita) e líquidos (água) das sobras e resultantes da limpeza de betoneiras. Com uma área de 275 m², a central permite a recepção de mais de 40% de materiais recicláveis, como papel, plástico, vidros e metal, realizando no local os processos de segregação, triagem e prensagem. Para Maffioletti, além de atender à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que responsabiliza os grandes geradores de resíduos a buscar a coleta seletiva e destinação correta dos materiais, essa central se firma como uma possibilidade de melhoria de cooperativas de catadores locais, fornecendo a esses profissionais todo o aparato funcional para que realizem o processo de reaproveitamento durante a construção e após a sua conclusão. Um dos parceiros do projeto é o Instituto Internacional Chico Mendes (ICC), que recebe como doação resíduos recicláveis gerados, que são vendidos e

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VENEZA ITALIANA Resiliência urbana: capacidade de adaptação na defesa do patrimônio ameaçado pelos efeitos do clima texto e fotos por Luiz Priori Jr

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ode parecer redundante citar Veneza como uma cidade italiana, porém, nem tanto, uma vez que a cidade do Recife é conhecida (nacionalmente) pelo codinome de “Veneza Brasileira”. Urbanisticamente falando, a única característica que permite uma associação entre duas cidades tão distintas é o fato de ambas terem uma relação muito estreita com o mar e os cursos d’água: rios (Recife) e canais (Veneza). Contudo, eu diria que o enfrentamento dos efeitos decorrentes das inundações urbanas — que assolam regularmente essas duas cidades — é o que as torna semelhantes, e a ocorrência desse tipo de evento foi o que me levou a estudar a Veneza Italiana. As inundações urbanas que ocorrem nas duas “Venezas”, no entanto, são resultantes de fenômenos hidrológicos distintos: na Veneza Brasileira, as cheias são consequência das chuvas que causam o transbordamento da calha do rio, e, na Veneza Italiana, as inundações se dão em virtude das marés altas. No primeiro caso, as enchentes são causadas por drenagens deficientes ou insuficientes e, no segundo caso, as inundações são

causadas pelo fluxo excessivo de água. Esses fenômenos tendem a se agravar com as mudanças climáticas, uma vez que, segundo o IPCC (Intergovernamental Painel on Climate Change), com o aquecimento global, a tendência para os próximos anos é de aumento da frequência de chuvas pesadas e de elevação do nível do mar, que pode chegar até 60 cm no final do século. Dentro do conceito de resiliência urbana, dois aspectos fundamentais foram considerados nessa análise: a vulnerabilidade na infraestrutura da cidade e a capacidade adaptativa da população para lidar com esse fenômeno. Veneza não está construída sobre a água, mas na água. Ela foi edificada em bancos de areia acima no nível da água, fato que deu origem a verdadeiras ilhas. As edificações estão estruturadas sobre fundações constituídas de estacas de madeira sobre um lastro de pedras calcárias, resistentes à erosão marinha; entretanto, a estrutura da maior parte das edificações foi feita com tijolos cerâmicos, que não apresentam a mesma característica.

Veneza e Recife (Veneza Brasileira) – o convívio com a água como semelhança.

Os primeiros indícios da existência de uma cidade, onde hoje está situada Veneza, datam de antes da era cristã, se bem que as construções hoje presentes na cidade remetam a épocas posteriores, atingindo seu apogeu na idade média e seu declínio no século 18. Assim, a cidade representa a condensação de 1.000 anos de arquitetura, num perfeito e intacto patrimônio, agregando edificações com características e tipologias que vão desde os tempos medievais até a época presente. O resultado é um patrimônio histórico fabuloso, de valor incomensurável. Segundo o Dr. Pierpaolo Campostrini, diretor do CORILA (Consortium for Coordination of Research Activities Concerning the Lagoon System), o sistema formado pela cidade de Veneza e sua lagoa constituem um complexo de grande interesse histórico, artístico e ambiental que atualmente está passando por uma fase delicada devido às agressões ambientais, acentuadas pelas mudanças climáticas.


Através dos anos, o eustatismo e o recalque vêm modificando a relação entre terra e água na lagoa de Veneza. Apenas nos últimos 100 anos, ela perdeu 23 cm da profundidade. Todavia, mesmo que sejam apenas alguns centímetros, isso representa uma grande perda para uma cidade que está na superfície da água. As intervenções no ecossistema da lagoa de Veneza começaram no século 14 com o desvio dos rios que desaguavam nela, de modo a conter a sedimentação, e praticamente eliminaram a renovação de areia e sedimentos vindos do continente. No final do século 20, esses problemas foram intensificados por causas recentes como a elevação no nível das marés, a erosão no litoral e a deterioração ambiental. Por essa razão, através do Consozio Venezia Nuova, as autoridades marítimas criaram um Plano Geral de Intervenções, visando a atuar em três eixos: defesa da cidade contra as inundações, defesa contra as tempestades marítimas e defesa do meio ambiente. Hoje, a cidade é um dos centros mais importantes de controle das mudanças climáticas na Europa, segundo o Dr. Carlo Giupponi, da Universidade Ca’Foscari Venezia. Dentro desse plano para a redução da vulnerabilidade da infraestrutura urbana, três obras estão sendo fundamentais. A primeira consiste na elevação do nível dos pisos dos espaços públicos e das calçadas dos cais da parte mais baixa da cidade, como a famosa Praça de São Marcos. Até o momento, mais de 100 km de calçadas de cais já foram elevadas. A segunda obra visa a conter a erosão das praias, nos molhes que separam (e protegem) a lagoa do mar Adriático, através da reconstrução das praias e das dunas costeiras, uma vez que elas são a primeira defesa contra as tempestades marítimas e representam elementos típicos do meio ambiente e da paisagem do balneário de Veneza. Já foram recompostos 45 km de praias. Por fim, a terceira e maior obra consiste na construção de um dique de proteção contra a elevação do nível do mar, fechando os três acessos da lagoa para

Veneza Italiana construída na água.


o mar. Chamado de Sistema Mose, esse complexo de engenharia consiste em uma série de portões. O fechamento dessas portas permite que a lagoa seja isolada do mar. Graças às suas características funcionais, esse sistema garante não apenas uma total proteção contra cheias, mas também salvaguarda as atividades portuárias, a qualidade da água e a morfologia da lagoa. O sistema foi projetado para lidar com um significativo aumento no nível do mar resultante do aquecimento global. Um projeto que, segundo o Dr. Emiliano Ramieri, do consórcio THETIS, responsável pela fiscalização da obra, tem um custo orçado em 5 bilhões de euros. Segundo a Dra. Velentina Giannini, do Centro Euro-Mediterraneo sui Cambiamenti Climatici, a capacidade adaptativa da população local para lidar com as inundações periódicas na cidade, mantendo a execução das tarefas cotidianas, passa por três questões fundamentais: manter a população alerta, orientar os moradores sobre como devem agir e proteger os imóveis. Para manter a população alerta sobre os dias e as horas em que a

cidade ficará parcialmente inundada, existem dois sistemas. Um através de sirenes de alerta que são ouvidas em toda a área que será atingida, e o outro através de mensagens enviadas para os celulares dos moradores cadastrados. Através dessas mensagens, os habitantes ficam cientes de todos os detalhes das inundações, como locais atingidos, nível máximo da água e tempo de duração da inundação (apenas durante a maré alta). Durante a inundação, são colocados estrados elevados nas calçadas e as pessoas podem circular usando botas de plástico com cano longo. Para a proteção dos imóveis, foi desenvolvido um sistema de barreiras que são colocadas nas portas das casas e impedem a entrada da água. Mesmo assim, muitas edificações possuem bombas de recalque, nas entradas das casas, de modo a expulsar a água que, porventura, ultrapasse a barreira. Gostaria, ainda, de citar dois graves problemas que pude observar nas minhas incursões pela cidade de Veneza. O primeiro foi o grande número de edificações com o pavimento inferior — que fica imediatamente

Detalhas dos pisos inferiores das casas e da erosão dos blocos cerâmicos pelo contato com a água marinha.

Detalhes das calçadas e proteção contra a entrada da água nas portas das casas.

acima do nível de água — abandonado, evidenciando que os moradores já se conformaram em perder parte da área útil dos seus imóveis, tomada regularmente pelas águas. O segundo foi a acentuada deterioração nas fiadas iniciais de blocos cerâmicos, que vêm sendo regularmente submersas, uma vez que esses blocos não têm a mesma resistência da pedra calcária contra a erosão marinha. Esse é um problema de grande complexidade, cuja solução implica em elevados custos, devido ao local em que se encontram as edificações e à antiguidade dessas construções. Concluindo, pude verificar que a cidade tem um plano consistente de defesa contra os efeitos do clima, além de ser uma das cidades líderes na Europa no programa das Nações Unidades de cidades resilientes. Gostaria que o empenho da Veneza Italiana na preservação do seu patrimônio servisse de exemplo para que a Veneza Brasileira também se preocupasse mais com a proteção do patrimônio social, infraestrutural e cultural da nossa cidade, frente às modificações do clima que estão por vir.


SOCIAL

IBM SELECIONA CASA DA CRIANÇA Projeto é beneficiado pela segunda vez por programa da multinacional por Danilo Medeiros

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Casa da Criança foi contemplado pelo programa mundial Corporate Service Corps (CSC) da IBM, que tem como objetivo auxiliar no crescimento socioeconômico das cidades, com ajuda de profissionais voluntários da própria empresa. Dessa vez, foi desenvolvida uma tecnologia direcionada ao monitoramento e acompanhamento do Programa Cia. dos Anjos, beneficiando diretamente todas as instituições assistidas nacionalmente. O objetivo é profissionalizar as gestões tanto no setor administrativo-financeiro como também na personalização do atendimento de cada criança nas áreas da saúde, educação e lazer. Com a implantação da ferramenta, será possível mensurar o gerenciamento das organizações, através de planilhas e gráficos, custos fixos, e localizar onde foram investidos os valores de cada contribuição específica. Também será individualizado o acompanhamento das crianças, com seus históricos de saúde e escolar, além de conter as suas

aptidões e dificuldades e as atividades das quais participa, entre outras informações. A ideia é, que, no final do ano, por exemplo, tenha-se dados precisos de todas as instituições, para análise e ajustes de desempenho. Para tanto, o Projeto recebeu, durante quatro semanas, dois colaboradores da IBM para o desenvolvimento da Tecnologia de Gestão do Programa Cia dos Anjos (TG Cia. dos Anjos), que já está em funcionamento na Creche Lar de Clara, no Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. “O CSC é um programa que treina futuras lideranças enquanto ajuda no avanço de entidades localizadas em países em desenvolvimento. A iniciativa consiste em enviar grupos heterogêneos de funcionários da IBM de diversos países para trabalharem durante 3 a 4 semanas, sendo que as equipes têm a missão de analisar os cenários locais, entender os desafios das instituições e compartilhar conhecimentos e modelos de gestão que possam melhorar sua

atuação em seu segmento”, explica Alcely Barroso, diretora de Cidadania Corporativa da IBM Brasil. Para a presidente do Casa da Criança, Patrícia Chalaça, a TG Cia. dos Anjos vem contribuir bastante com projeto. “O Brasil oferece educação gratuita às comunidades de baixa renda, mas, infelizmente, na grande maioria, é uma educação básica, sem um atendimento personalizado, que vise identificar as necessidades de cada criança para incentivá-la e supri-la com o reforço específico. As instituições que acolhem esses jovens garantem que eles estejam matriculados na rede pública de ensino, mas nem sempre recebem o suporte necessário para um trabalho único”, afirma. Em 2010, o Corporate Service Corps (CSC) desenvolveu um portal para coordenar a gestão das franquias sociais do Casa da Criança. A ferramenta está em uso e tem sido bastante útil, não apenas para o coordenação nacional do Projeto, mas para todos os arquitetos que participam.

Em cinco anos de programa, 2.500 funcionários da IBM de todo o mundo participaram do Corporate Service Corps.

foto: Casa da Criança


NEGÓCIOS

foto: GRUPO ROCA

A fábrica terá produção inicial de 500 mil unidades/ano, devendo chegar a 1,5 milhões de peças/ano até 2017.

ROCA ABRE A SUA PRIMEIRA FÁBRICA DE METAIS SANITÁRIOS NO BRASIL Com faturamento em 2013 de R$ 944,2 milhões, o Grupo faz nova aposta no País e se estabelece no Nordeste. Por Chloé Buarque

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om investimento de R$ 44 milhões, o Grupo Roca, líder mundial em itens para salas de banho, inaugurou a sua primeira planta industrial para fabricação de metais sanitários, no município de Vitória do Santo Antão, em Pernambuco. A empresa — que conta com as marcas Roca, Laufen, Incepa, Celite e Logasa — já possui, no País, cinco unidades para a produção de louças sanitárias, além de outras três para revestimento cerâmico. Ou seja, a ideia é levar o conceito de soluções completas para ambientes de banho. Somente no passado, a empresa teve um faturamento de R$ 944,2 milhões no Brasil. “Nossos objetivos comerciais são ousados. Ficamos surpresos com a grande aceitação das nossas linhas, o que superou nossas expectativas de projeção para o mercado brasileiro”, afirma Joan Jordà, Managing Director do Grupo Roca Sanitários Brasil. A escolha de Pernambuco para sua nona planta industrial no País se deu por diversos fatores, como localização geográfica, boa malha rodoviária e sinergia logística com a fábrica de louças sanitárias também localizada no Estado, em Jaboatão dos Guararapes. Outro ponto decisivo é o fato de o crescimento do Grupo ter

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ocorrido nos últimos anos com destaque na Região e, por isso, a proximidade com o mercado consumidor tornou-se estratégica. Já em funcionamento, a fábrica de Vitória de Santo Antão inicia a produção com oito linhas completas de torneiras, misturadores e acessórios para banheiros das marcas Celite e Roca. As instalações têm capacidade para fabricação de 1,5 milhão de peças de metais sanitários/ano – produção que deve ser alcançada em três anos, gerando no período 300 postos de emprego, sendo 150 deles ainda em 2014. Atualmente são 50 funcionários, 95% deles de pessoas da região.

Tecnologia de Ponta Instalada em terreno de 50 mil m², a nova unidade tem na sua primeira fase uma estrutura com uma área de fábrica e armazém de 10 mil m², que pode ser expandida para até 15 mil m². A partir do programa Eco Roca — processo que visa o reaproveitamento e a redução no consumo de recursos naturais e a preocupação com a qualidade do ambiente de trabalho —, foram investidas diversas tecnologias na fábrica de Vitória de Santo Antão. Alguns deles:

- Sistema de iluminação natural com telhas translúcidas prismáticas, o que possibilita a passagem de luz de maneira adequada e economiza energia elétrica. - Estrutura isolada termicamente, trazendo conforto aos colaboradores. - Sistemas de exaustão, instalados em todas as áreas da produção. - Galvanoplastia (completamente automática) utiliza avançados sistemas de cromação por colunas de troca iônica, em substituição às tradicionais, e menos eficientes cascatas. - Aproximadamente 70% da água da galvanoplastia é reutilizada no processo. Apenas 30% é descartada para uma estação de tratamento de águas residuais própria; - Ainda na galvanoplastia, um sistema retira os resíduos de níquel das águas de lavagem, devolvendo a matéria-prima ao processo produtivo, o que evita o descarte para a estação de tratamento. A mesma metodologia foi feita com o cromo. - Aproveitamento das águas pluviais para irrigação. - Moderna estação de tratamento de águas residuais, que permite o tratamento das águas descartadas no processo e das pluviais para atividades de jardinagem.


NEGÓCIOS


NEGÓCIOS

Primeira planta de vidros planos 100% brasileira Com tecnologia inovadora e projeto sustentável, a Vivix Vidros Planos se instala no município de Goiana, em Pernambuco

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Vivix Vidros Planos acaba de dar início à produção das primeiras chapas de vidros planos 100% brasileiras. A planta, que pertence ao Grupo Cornélio Brennand, é resultado de um investimento de mais de R$ 1 bilhão e tem capacidade produtiva de 900 toneladas/dia de vidros planos, destinados a atender aos mercados da construção civil e moveleiro de todo o País. A construção do empreendimento durou 24 meses, a partir do início das obras civis, e contou com a participação de empresas de 15 países especializadas em plantas de vidros planos. Durante a implantação, cerca de 5.600 pessoas trabalharam no local, entre colaboradores e parceiros. “Estamos nacionalizando um conhecimento antes detido apenas por empresas estrangeiras”, comenta Paulo Drummond, presidente da Vivix. Para atender ao mercado nacional, a empresa conta com um armazém de 50 mil m², na própria planta, com capacidade de armazenagem de 45 mil toneladas de vidros planos e um centro de distribuição em São Paulo com uma área de armazenamento de 15 mil m² e capacidade para estocar 15 mil toneladas de

vidros planos. “O vidro produzido pela Vivix já começa a substituir as importações que eram significativas no mercado vidreiro”, comenta Drummond.

Ineditismo e sustentabilidade O parceiro tecnológico do Grupo Cornélio Brennand neste negócio é o grupo francês Fives, que possui a liderança mundial em tecnologia para fabricação de vidros planos e está presente em mais de 30 países. A Vivix utiliza uma tecnologia inédita no Brasil, a L.E.M.™ (Low Energy Melter™), que permite que a empresa tenha um processo de produção muito eficiente do ponto de vista energético. Mas o ineditismo da planta não para por aí. A empresa é uma das poucas indústrias de vidros float do mundo a utilizar o método Mine to Line, que consiste em controlar a fabricação do vidro a partir da extração das matérias–primas em minas próprias. Para isso, a Vivix conta com uma usina de beneficiamento no município de Pedra de Fogo (PB). “Somos a única empresa do

setor, no Brasil, a possuir a própria usina. Isso porque entendemos que a qualidade de nosso produto está diretamente relacionada à qualidade dos insumos. Dessa forma, teremos total controle do processo”, enfatiza Drummond. No local escolhido para a usina, são minerados e beneficiados a sílica, o feldspato, a dolomita e o calcário, que são utilizados na produção de vidros planos. Esse projeto possui uma capacidade instalada de 800 mil toneladas de sílica/ano. O complexo industrial da Vivix foi concebido por arquitetos especialistas em projetos de plantas de vidro FLOAT e buscaram a simplicidade como resultado final, não deixando de lado a estética e a modernidade. A planta está estruturada em 90 mil m² de edificações, que possibilitaram uma grande flexibilidade de estoque e eficiência produtiva. A área de fabricação está preparada para atender às demandas de visitas e no treinamento de clientes de toda a cadeia. O projeto arquitetônico também inclui toda área verde do entorno da planta, mantendo a harmonia com a natureza vizinha. Os 10 hectares de área verde serão mantidos pela água proveniente do tratamento do efluente sanitário.

Números da implantação da Vivix • Pátios e arruamento: 70 mil m2 • Volume de concreto: 55 mil m3 • Estruturas metálicas/Equipamento: 24 mil t • Aço no concreto: 8.200 t

• Estacas no terreno: 3 mil unidades • Empresas diretas e indiretas: 78 • Funcionários treinados no exterior: 70 • Estrangeiros na obra: 190

• Cabos elétricos: 760 km • Tubulações: 700 t • Refratários: 10 mil t • Área Construída: 90.000 m2

Chapas de vidros planos incolores já estão sendo em produzidavvvvs. O próximo passo será a produção de espelhos e laminados.

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foto: VIVIX


construir direito

A importância do PGIRS para erradicação dos lixões Tiago Andrade Lima*

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concepção de marcos e diretrizes pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada com o advento da Lei Federal nº 12.305/2010, norteou a atuação do Estado e dos geradores de resíduos de maneira geral com vistas ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. Dentre os marcos, a Lei estabeleceu, no seu artigo 54, o prazo de 04 (quatro) anos para a erradicação dos lixões no Brasil. Dessa forma, considerando que a Lei entrou em vigor no mês de agosto do ano de 2010, resta patente que se avizinha uma obrigação deveras importante para a minimização dos impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos dispostos inadequadamente. Essa obrigação é, sem dúvida, a que mais chama a atenção dos órgãos de fiscalização, em especial do Ministério Público. Em tese, é a mais importante de todas, porquanto a disposição final do lixo realizada de modo inadequado pode se tornar um problema de saúde pública, com a disseminação de vetores de doenças e com a contaminação do solo e do lençol freático com o vazamento do chorume, líquido resultante do lixo e com alto potencial de contaminação. Todavia, antes da disposição final, a Lei, com muita propriedade, tratou de diferençar dois conceitos básicos: resíduos sólidos e rejeitos. Rejeitos, pela PNRS, são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. Destarte, resta clarividente que o artigo 54, quando tratou da necessidade de disposição final adequada, deixou expresso que seria dos rejeitos, e não dos resíduos sólidos, porquanto estes são passíveis de reaproveitamento. Assim, forçoso reconhecer que a disposição final ambientalmente adequada não se traduz, de modo simplório, no simples encaminhamento dos resíduos sólidos

ao aterro sanitário. Pelo contrário, a Lei criou um complexo de atividades e ações que incluem a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético. Desse modo, antes de se optar pelo encaminhamento dos resíduos sólidos ao aterro sanitário, há que se percorrer um longo processo para reaproveitamento daqueles resíduos, de modo que sejam encaminhado à disposição final tão somente os rejeitos. Nunca é demais lembrar que são objetivos da política a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Portanto, quando a Lei requereu dos geradores a elaboração dos Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS), o fez com o objetivo de contemplar todas essas fases, de forma organizada e sistematizada, evitando o descarte de resíduos que possam ter valor econômico e retornar à cadeia produtiva. Tal iniciativa incentivará uma nova cadeia produtiva, diminuirá a quantidade de rejeito gerado, trazendo benefícios sociais, econômicos e ambientais ao gerador que observar essa fase do planejamento. Aos órgãos fiscalizadores, antes de cobrar dos geradores a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos, cabe analisar se esses resíduos são realmente rejeitos e qual a situação do gerenciamento integrado dessa cadeia.

...quando a Lei requereu dos geradores a elaboração dos PGIRS, o fez com o objetivo de contemplar todas essas fases, de forma organizada e sistematizada, evitando o descarte de resíduos que possam ter valor econômico e retornar à cadeia produtiva.

* Tiago Andrade Lima é Especialista em Direito Ambiental, Mestre em Tecnologia Ambiental e titular da área de Direito Ambiental da Queiroz Cavalcanti Advocacia

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CONSTRUIR ECONOMIA

BRASIL E PERNAMBUCO: O DESAFIO DA PRODUTIVIDADE Leonardo Guimarães Neto*

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...a produtividade do trabalho no Brasil correspondia, em 2010, a pouco mais de 1/5 da respectiva produtividade dos Estados Unidos..

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MAIO 2014

o mundo globalizado no qual estão presentes não só os pesos pesados constituídos pelos países desenvolvidos e industrializados, mas as economias emergentes extremamente competitivas e inovadoras, o Brasil está desafiado a alterar, significativamente, seus processos produtivos e sua estrutura econômica. Na verdade, o País está condenado a ser, da perspectiva econômica, eficiente, competitivo e inovador. Nesse particular, a produtividade do trabalho é, sem dúvida, o ponto central do desafio. Para que se tenha uma ideia da dimensão do problema, é suficiente assinalar que a produtividade do trabalho no Brasil correspondia, em 2010, a pouco mais de 1/5 da respectiva produtividade dos Estados Unidos e a pouco mais de 1/3 da produtividade da Coreia do Sul. O que chama a atenção a esse respeito é um estudo recente do economista José Gabriel Palma, de Cambridge (Reino Unido), em que ele mostra que, em 1960, a produtividade do trabalho coreano correspondia a 70% da produtividade brasileira. Ou seja, naquele tempo nós éramos mais eficientes e competitivos em relação à Coreia. Perdemos espaços não só para os países desenvolvidos e industrializados, mas para a maioria dos países asiáticos emergentes. E Pernambuco, como se situa nesse contexto? As informações disponíveis mostram que a produtividade total do trabalho em Pernambuco correspondia a 61% da brasileira, em 2000, e passou para 64% em 2010. É verdade que houve um avanço e que alguns segmentos produtivos, como a construção civil, registraram uma participação maior e um avanço em relação ao mesmo segmento nacional. Correspondia a 71% em 2000 e avança para 76% em 2010. Não obstante, o importante segmento produtivo da indústria de transformação pernambucana, apesar da recuperação econômica registrada nesta década, representa metade (52% em 2000, e 50% em 2010) da produtividade do trabalho da indústria de transformação nacional. Vale o destaque para o fato de que o conjunto da economia Nordestina não está melhor,

nesse particular, que o Estado de Pernambuco. Na comparação com o País, a produtividade nordestina total representava, em 2010, 57%. Não se pode esquecer que a questão da produtividade, seja em relação ao trabalho, ao capital ou ao conjunto dos fatores de produção não exige somente o desempenho, o esforço e o interesse de isolados segmentos sociais ou instituições. Há, sem dúvida e principalmente, um esforço a ser desenvolvido, sobretudo pela classe empresarial, à qual cabe a permanente busca de processos produtivos eficientes e competitivos, a procura continua por inovações, o oferecimento de condições para que os seus trabalhadores não só se integrem aos processos produtivos adotados, mas se envolvam no aperfeiçoamento contínuo dos processos, o que exige permanente qualificação e condições adequadas de trabalho. Além disso, há o outro lado da busca permanente de eficiência e de aumento contínuo da produtividade que diz respeito aos fatores sistêmicos e que envolvem, sobretudo, o Estado, em suas várias esferas, e os segmentos privados/públicos aos quais cabe a produção e o fornecimento de insumos e produtos difundidos pelas cadeias produtivas de economia nacional e estadual. Sem infraestrutura econômica de transporte e logística; sem o fornecimento regular de energia; sem um processo contínuo de formação e qualificação da força de trabalho; sem um sistema de inovação no qual não só esteja presente um corpo eficiente de pesquisadores e cientistas, mas em relação ao qual exista uma articulação permanente com os setores produtivos; sem um sistema financeiro não somente adequado ao financiamento do processo de acumulação, mas voltado para o financiamento da disseminação das inovações nas mais importantes cadeias produtivas, não se pode avançar.

* Leonardo Guimarães é economista e sócio-diretor

da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K


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MAIO 2014

87


construir ECONOMIA

Lições pós-boom imobiliário II Mônica Mercês*

N

As empresas que optaram por manter os cuidados necessários na sua política de crédito estão avançando e repassando aos bancos sua carteira saudável de clientes.

88

MAIO 2014

o artigo anterior, iniciei uma reflexão sobre as lições aprendidas com o encerramento do 1º ciclo dos empreendimentos do mercado imobiliário brasileiro, pós-boom. Abordei a etapa de Aquisição de Áreas e neste comento sobre o lançamento e a venda do empreendimento. Importante salientar que reunir essas duas ações foi proposital, pois as duas estão tão interligadas que julguei melhor uni-las, afinal se lança com um único propósito: vender. A preparação para o lançamento de um empreendimento imobiliário se dá muitos meses antes. Na maioria deles, anos antes, e requer, por exemplo, estudos de mercado, desenvolvimento do produto/conceito, legalizações, campanhas, preparação do estande de vendas, definições de tabelas de preços, para ficar apenas nessas grandes fases. Vivemos recentemente uma época em que vários empreendimentos vendiam no mesmo dia do seu lançamento, alguns até mesmo antes da abertura dos estandes. Um momento de mercado que foi aguardado há décadas pelas empresas e consumidores. Essa “animação mercadológica” seduziu novos empreendedores que adentraram na atividade com a perspectiva de grandes retornos, muitos sem ter a mínima noção da complexidade da atividade. Vender imóveis também passou a atrair profissionais de outras áreas, igualmente seduzidos pelos ganhos, só que nesse caso mais rápidos do que dos empreendedores. Surgiram vários segmentos de mercado para atender perfis de consumidores diferentes. Empresas decidiram criar marcas e até mesmo empresas distintas para separar e definir bem seu portfólio. Estratégia certa ou errada? Cabe muita discussão, quem sabe tema para um texto futuro. Lembro ter ouvido de uma amiga, que trabalhava numa grande empresa do setor, que passaram uma parede no meio de sua sala, do dia para a noite, separando as empresas de alto padrão e de imóvel popular. Separaram mesmo? Na teoria, pois na prática os processos se misturavam e se atropelavam, comentava ela. Esse fato ocorreu em 2010, e só para registro, hoje, essa empresa não atua mais no segmento popular.

Era necessário velocidade para chegar na frente. Nada de errado nisso. Entretanto, velocidade e riscos andam juntos. Que tal pensar também que muitas vezes se chega antes indo mais devagar? Mas para não ficar apenas falando dos pontos de alerta, registro que o setor cresceu e amadureceu muito quando o assunto é tipologia, design de projetos, tecnologia embarcada nos empreendimentos, campanhas de marketing, experiências nos estandes. Sim, muitos produtos interessantes se venderam ao mercado, e as entregas, do que antes era imaginário, agora passa a fazer parte das paisagens urbanas das cidades brasileiras. Mas, por outro lado, e ainda falando em velocidade, não posso deixar de apontar um dos grandes riscos de se vender velozmente: colocar dentro de casa clientes financeiramente “não sadios”, pois, mais à frente, no momento de repassá-los para os bancos, a surpresa surge e junto com ela distratos de vendas passadas. As empresas que optaram por manter os cuidados necessários na sua política de crédito estão avançando e repassando aos bancos sua carteira saudável de clientes. As que não fizeram isso começam a sentir as consequências dessa falta de cautela. Tais lições, neste momento de mercado “normal”, se bem apreendidas, manterão em dia os negócios daqueles que são profissionais do setor. Os demais, que por motivos diversos não as absorveram, tendem, novamente, a serem seduzidos por outras animações mercadológicas em atividades diferentes. Lição número 2 exposta, no próximo artigo a etapa seguinte à abordagem está voltada à produção de obra.

* Mônica Mercês é economista, assessora de Planejamento e Inteligência de Mercado da Diretoria da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário – QGDI.


cub - custo unitário básico

ABRIL de 2014

O

s valores abaixo referem-se aos Custos Unitários Básicos de Construção (CUB/m²), calculados de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591, de 16/12/64 e com a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Estes custos unitários foram calculados conforme disposto na ABNT NBR 12.721:2006, com base em novos projetos, novos memoriais descritivos e novos critérios de orçamentação e, portanto, constituem nova série histórica de custos unitários, não comparáveis com a anterior, com a designação de CUB/2006”. “Na formação destes custos unitários básicos não foram considerados os seguintes itens, que devem ser levados em conta na determinação dos preços por metro quadrado de construção, de acordo com o estabelecido no projeto e especificações correspondentes a cada caso particular: fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipamentos e instalações, tais como: fogões, aquecedores, bombas de recalque, incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação e exaustão, outros; playground (quando não classificado como área construída); obras e serviços complementares; urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instalação e regulamentação do condomínio; e outros serviços (que devem ser discriminados no Anexo A - quadro III); impostos, taxas e emolumentos cartoriais, projetos: projetos arquitetônicos, projeto estrutural, projeto de instalação, projetos especiais; remuneração do construtor; remuneração do incorporador.” Os preços unitários dos insumos constantes do lote básico foram cotados no período de: 1 à 24 de abril de 2014. A partir de fevereiro/2007, com a entrada em vigor da NBR 12.721/2006, adotamos o projeto-padrão R-16-N como o novo CUB PADRÃO do SINDUSCON/ PE, e passamos a divulgar os valores referentes a materiais, mão de obra, despesas administrativas e equipamentos, que formam este CUB Padrão, bem como suas variações percentuais no mês, no ano e em 12 meses.

Projetos

Padrão De Acabamento

Variação Percentual

Projetos-Padrões

R$/ m² Mensal

Acumulado No Ano

Acum. Em 12 Meses

RESIDENCIAIS

R-1 (Residência Unifamiliar)

PP-4 (Prédio Popular)

R-8 (Residência Multifamiliar)

R-16 (Residência Multifamiliar)

Baixo

R-1-B

1.185,79

4,07%

8,32%

9,11%

Normal

R-1-N

1.446,17

4,45%

8,58%

9,56%

Alto

R-1-A

1.838,70

3,85%

8,47%

9,61%

Baixo

PP-4-B

1.088,07

3,98%

8,32%

9,49%

Normal

PP-4-N

1.361,92

4,31%

8,61%

9,57%

Baixo

R-8-B

1.027,67

4,00%

8,30%

9,40%

Normal

R-8-N

1.162,50

4,63%

8,52%

9,51%

Alto

R-8-A

1.479,39

3,75%

8,54%

9,81%

Normal

R-16-N

1.134,26

4,54%

8,54%

9,58%

Alto

R-16-A

1.459,61

4,61%

8,44%

9,46%

PIS

771,42

4,23%

6,93%

8,12%

RP1Q

1.115,44

5,52%

7,95%

8,63%

Normal

CAL-8-N

1.309,59

4,77%

8,39%

9,08%

Alto

CAL-8-A

1.441,39

4,32%

8,46%

9,35%

Normal

CSL-8-N

1.112,89

5,08%

8,50%

9,09%

Alto

CSL-8-A

1.262,44

4,54%

8,87%

9,78%

Normal

CSL-16-N

1.483,27

5,07%

8,44%

9,19%

Alto

CSL-16-A

1.681,32

4,54%

8,78%

9,82%

GI

623,06

4,82%

7,82%

8,56%

PIS (Projeto de Interesse Social) RP1Q (Residência Popular) COMERCIAIS CAL-8 (Comercial Andares Livres)

CSL-8 (Comercial Salas e Lojas)

CSL-16 (Comercial Salas e Lojas)

GI (Galpão Industrial)

VARIAÇÃO DO CUB-PADRÃO: R-16-N 6,21%

VALOR(R$/m2)

Variação Percentual Mensal

No Ano

Em 12 Meses

CUB DE MATERIAIS

590,54

0,94%

7,64%

CUB DE MÃO DE OBRA

491,51

9,76%

9,76%

9,86%

CUB DE DESPESAS ADMINISTRATIVAS

46,05

0,00%

8,99%

8,99%

6,16

0,00%

-1,91%

-0,16%

1.134,26

4,54%

8,54%

9,58%

CUB DE EQUIPAMENTOS DE OBRA CUB TOTAL

9,50%

MAIO 2014

89


insumos ABRIL-2014 - Cotação no período de 05 a 26-04-2014. Esta seção contém a listagem de preços unitários de insumos para construção civil. Responsabilidade técnica do engenheiro Clelio Fonseca de Morais (CREA nº 041752. Titular da CM-Assessoria de Obras Ltda.) Fone: (81) 3236.2354 - 9108.1206 | cleliomorais.custodeobras@gmail.com | www.cleliomorais.com.br | Assinantes da Revista Construir Nordeste têm desconto de 50% sobre o preço da assinatura anual da lista de preços de serviços, contendo a listagem resumida de preços unitários (com preços unitários de materiais e mão de obra separados); um quadro com diversos indicadores econômicos e setoriais dos últimos 13 meses, e mais outras informações interessantes para o setor. AGLOMERANTES Cal hidratado Calforte Narduk

kg

0,58

Cal hidratado Calforte Narduk (saco com 10 kg)

sc

5,78

Cimento Portland

kg

0,440

Cimento Portland (saco c/ 50 kg)

sc

21,87

Cimento branco específico Narduk

kg

1,02

Cimento branco específico Narduk (saco com 40 kg)

sc

40,99

Gesso em pó de fundição (rápido)

kg

0,43

Gesso em pó de fundição (rápido) (saco com 40kg)

sc

17,31

Gesso em pó para revestimento (lento)

kg

0,35

Gesso em pó para revestimento (lento) (saco com 40kg)

sc

14,00

Gesso Cola

kg

1,53

Gesso Cola (saco com 5kg)

sc

7,67

ARTEFATOS DE CIMENTO

Vigota treliçada para laje B16 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 6,00m Vigota treliçada para laje B16 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 6,00m Vigota treliçada para laje B20 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 7,00m Vigota treliçada para laje B20 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 7,00m Vigota treliçada para laje B25 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 8,00m Vigota treliçada para laje B25 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 8,00m Vigota treliçada para laje B30 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 9,00m Vigota treliçada para laje B30 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 9,00m

m

7,66

m

8,24

m

7,71

m

13,30

m

7,95

m

14,86

m

8,45

m

9,24

ARTEFATOS DE FIBROCIMENTO Caixa d'água cônica CRFS de 250 litros c/tampa Brasilit

un

79,02

Caixa d'água cônica CRFS de 500 litros c/tampa Brasilit

un

150,16

Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/9x19x39cm(2,5MPa)

un

1,55

un

252,86

Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/12x19x39cm(2,5MPa)

Caixa d'água cônica CRFS de 1000 litros c/tampa Brasilit

un

1,75

Cumeeira articulada Fibrotex CRFS TTX superior Brasilit

un

4,10

Bloco de concreto p/alvenaria vedação c/14x19x39cm(2,5MPa)

un

2,07

Cumeeira articulada Fibrotex CRFS TTX inferior Brasilit

un

4,10

Bloco de concreto p/alvenaria estrutural c/14x19x39cm(4,5MPa)

un

49,90

un

2,40

Bloco de concreto p/alvenaria estrutural c/19x19x39cm(4,5MPa)

un

49,90

un

3,06

Caixa de concreto p/ar condicionado 7.000 BTU's aberta 60x40x40cm

un

56,33

un un un

34,37 34,33 34,33

Caixa de concreto p/ar condicionado 7.000 BTU's fechada 60x40x50cm

un

71,97

Telha Kalheta 8mm de 3,00m Brasilit

un

147,67

Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's aberta 70x50x40cm

Telha Kalheta 8mm de 4,00m Brasilit

un

181,95

un

74,83

Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's aberta 70x45x60cm

un

Caixa de concreto p/ar condicionado 10.000 BTU's fechada 70x45x60cm

un

73,00

Elemento vazado de cimento Acinol-CB2/L com 19x19x15cm

un

2,80

Elemento vazado de cimento Acinol-CB6/L/Veneziano 25x25x8cm

un

4,20

Elemento vazado de cimento Acinol-CB7/L/Colmeia com 25x25x10cm

un

86,33

4,90

Elemento vazado de cimento Acinol-CB/9/Boca de Lobo 39x18x9cm

un

4,20

Lajota de concreto natural lisa para piso de 50x50x3cm

m2

15,13

Lajota de concreto natural antiderrapante para piso de 50x50x3cm

m2

16,10

Meio fio de concreto pré-moldado de 100x30x12cm

un

15,50

Nervura de 3,00m para laje pré-moldada com SC=200kg/m2

m

8,06

Piso em bloco de concreto natural "Paver" de 6cm c/25MPa (48pç/m2)

m2

28,17

Piso em bloco de concreto natural "Paver" de 6cm c/35MPa (48pç/m2)

m2

30,83

Piso em bloco de concreto pigmentado "Paver" de 6cm c/25MPa (48pç/m2)

m2

32,67

Piso em bloco de concreto pigmentado "Paver" de 6cm c/35MPa (48pç/m2)

m2

35,50

Piso em bloco de concreto natural Unistein de 8cm c/25 Mpa (34pç/m2)

m2

33,67

Piso em bloco de concreto natural Unistein de 8cm c/35 Mpa (34pç/m2)

m2

37,33

Piso de concreto vazado ecológico (tipo cobograma)

m2

32,00

Tubo de concreto simples de 200mm classe PS1

m

12,60

Tubo de concreto simples de 300mm classe PS1

m

19,12

Tubo de concreto simples de 400mm classe PS1

m

27,92

Tubo de concreto simples de 500mm classe PS1

m

35,68

Tubo de concreto simples de 600mm classe PS1

m

55,25

Tubo de concreto simples de 800mm classe PS1 Tubo de concreto simples de 1000mm classe PS1 Tubo de concreto simples de 1200mm classe PS1 Tubo de concreto armado de 300mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 400mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 500mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 600mm classe PA2 Tubo de concreto armado de 800mm classe PA2

m m m m m m m m

105,30 154,60 230,00 45,00 56,15 73,00 106,00 187,25

Tubo de concreto armado de 1000mm classe PA2

m

249,50

Tubo de concreto armado de 1200mm classe PA2 Verga de concreto armado de 10x10cm Vigota treliçada para laje B12 com SC=150kgf/m2 p/ vão de até 4,00m Vigota treliçada para laje B12 com SC=300kgf/m2 p/ vão de até 4,00m

m m

469,00 12,95

m

8,46

m

9,05

Cumeeira articulada TKO superior para Kalhetão CRFS Brasilit Cumeeira articulada TKO inferior para Kalhetão CRFS Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 5G 1,10m Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 10G 1,10m Brasilit Cumeeira normal CRFS TOD 15G 1,10m Brasilit

Telha Kalheta 8mm de 5,50m Brasilit

un

215,30

Telha Kalheta 8mm de 6,00m Brasilit

un

239,94

Telha Kalheta 8mm de 6,50m Brasilit

un

254,74

Telha Kalhetão 8mm de 3,00m CRFS Brasilit

un

221,43

Telha Kalhetão 8mm de 6,70m CRFS Brasilit

un

451,29

Telha Kalhetão 8mm de 7,40m CRFS Brasilit

un

513,73

Telha Kalhetão 8mm de 8,20m CRFS Brasilit

un

612,43

Telha Kalhetão 8mm de 9,20m CRFS Brasilit

un

618,47

Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 1,22x0,50m Brasilit

un

7,01

Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 2,13x0,50m Brasilit

un

12,48

Telha Fibrotex CRFS de 4mm com 2,44x0,50m Brasilit

un

12,07

Telha Maxiplac de 6mm com 3,00x1,06m Brasilit

un

Telha Maxiplac de 6mm com 4,10x1,06m Brasilit

un

Telha Maxiplac de 6mm com 4,60x1,06m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha Residencial CRFS de 5mm com 2,44x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 6mm com 2,44x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,22x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,53x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 1,83x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 2,13x1,10m Brasilit Telha ondulada BR CRFS de 8mm com 2,44x1,10m Brasilit

m3 m3 m3 m3 un m

68,33 65,00 64,00 52,00 0,40 10,00

sc

6,51

ARGAMASSA PRONTA Argamassa Megakol AC-I Narduk uso interno (saco 20kg) Argamassa Megakol AC-I Narduk uso interno Argamassa Megaflex AC-II Narduk uso externo (saco 20kg) Argamassa Megaflex AC-II Narduk uso externo Argamassa Megaflex AC-III Narduk alta resistência (saco 20kg) Argamassa Megaflex AC-III-E Cinza Narduk alta resist. (saco 20kg) Massa para alvenaria (saco 40kg)

kg

0,33

sc

11,95

kg

0,60

sc

21,59

sc

23,21

sc

11,22

Reboco pronto Reboduk Narduk interno (saco 20kg)

sc

5,05

Reboco externo pronto (saco 20kg)

sc

5,25

Rejunte aditivado interno (saco 40kg) Rejunte aditivado interno Narduk Rejunte aditivado flexível externo (saco 40kg) Rejunte aditivado flexível externo Narduk

sc kg

42,86 1,07

sc

56,39

kg

1,41

kg kg kg kg kg kg

5,71 5,79 6,47 6,85 8,09 6,68

Arame farpado "Elefante" - fio 2,2mm - rolo com 250m

un

117,42

Arame farpado "Elefante" - fio 2,2mm - rolo com 400m

un

187,78

ARAMES Arame galvanizado nº 10 BWG liso 3.40mm Arame galvanizado nº 12 BWG liso 2.76mm Arame galvanizado nº 14 BWG liso 2.10mm Arame galvanizado nº 16 BWG liso 1.65mm Arame galvanizado nº 18 BWG liso 1.24mm Arame recozido 18 BWG preto

Arame farpado "Touro" - fio 1,6mm rolo com 250m Arame farpado "Touro" - fio 1,6mm rolo com 500m

un

99,75

un

185,34

Bomba centrífuga trifásica de 1/2 CV Schneider

un

540,46

Bomba centrífuga trifásica de 3/4 CV Schneider

un

577,32

Bomba centrífuga trifásica de 1 CV Schneider

un

611,00

Bomba centrífuga trifásica de 1 1/2 CV Schneider

un

790,43

Bomba centrífuga trifásica de 2 CV Schneider

un

847,25

Bomba centrífuga trifásica de 3 CV Schneider

un

690,30

Bomba centrífuga trifásica de 5 CV Schneider

un

1.430,92

115,55

Bomba centrífuga trifásica de 7,5 CV Schneider

un

1.760,67

180,08

Bomba centrífuga monofásica de 1/4 CV Schneider

un

461,49

un

186,39

Bomba centrífuga monofásica de 1/2 CV Schneider

un

539,79

un

25,80

Bomba centrífuga monofásica de 3/4 CV Schneider

un

585,38

Chave de proteção magnética trifásica até 5CV WEG

un

160,71

Chave de proteção magnética trifásica até 7,5CV WEG

un

173,08

Chave de proteção magnética trifásica até 10CV WEG

un

207,79

BOMBAS CENTRÍFUGAS

un

31,67

un

37,17

Bóia para bomba com 10 amperes

un

47,59

un

43,55

Bóia para bomba com 20 amperes

un

47,65

un

49,93

CARPETES

un

31,20

Carpete Flortex Tradition Grafite da Fademac com 3mm

m2

11,23

un

37,83

Carpete Reviflex Diloop Grafite da Fademac com 4mm

m2

12,15

Concreto usinado FCK=10MPa Concreto usinado FCK=15MPa

m3 m3

239,00 245,00

Concreto usinado FCK=15MPa bombeável

m3

253,00

Concreto usinado FCK=20 MPa Concreto usinado FCK=20 MPa bombeável Concreto usinado FCK=25 MPa Concreto usinado FCK=25 MPa bombeável

m3 m3 m3 m3

255,50 265,00 278,67 290,00

Concreto usinado FCK=30 MPa

m3

289,00

Concreto usinado FCK=30 MPa bombeável

m3

300,00

Concreto usinado FCK=35 MPa

m3

310,00

Concreto usinado FCK=35 MPa bombeável Taxa de bombeamento

m3 m3

320,00 32,50

m2 m2 m2 m2

336,67 303,33 336,67 450,00

m2

283,33

m2

326,67

un

44,63

un

52,27

un

62,87

un

39,50

un

49,70

un

59,50

un

69,70

un

79,90

CONCRETO USINADO

ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO

AGREGADOS Areia fina Areia grossa Saibro Barro para aterro Barro para jardim Pó de pedra Brita 12 Brita 19 Brita 25

Brita 38 Brita 50 Brita 75 Pedra rachão Paralelepípedo Meio fio de pedra granítica

m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3

44,00 45,00 37,67 23,33 35,00 43,33 73,00 73,00 73,33

Janela de alumínio com bandeira Janela de alumínio sem bandeira Janela de alumínio tipo basculante 0,60x1,00m Porta de alumínio com saia e bandeira ESQUADRIAS DE FERRO Gradil de ferro c/cantoneira L de 1.1/4" e barras de 1"x1/4" Portão de ferro em chapa preta nº 18 (cant.)



Portão em tela de ferro quadrada 13mm e fio 12

m2

510,00

Tubo de ferro preto de 2" Tubo de ferro preto de 4" Tubo de ferro preto de 6" Tubo de ferro galvanizado de 2" Tubo de ferro galvanizado de 2.1/2" Tubo de ferro galvanizado de 4"

m m m m m m

18,37 38,76 90,87 31,12 38,98 86,13

EQUIPAMENTOS CONTRA-INCÊNDIO

Ferro CA-25 de 25mm Ferro CA-50 de 6,3mm

kg kg

3,21 3,75

Ferro CA-50 de 8mm

kg

3,78

Ferro CA-50 de 10mm

kg

Ferro CA-50 de 12,5mm Ferro CA-50 de 16mm

Soleira de granito preto tijuca de 15x2 cm

m

Rodapé de granito preto tijuca de 7x2cm

m

24,67

3,50

Lajota de granito verde ubatuba de 50x50x2cm

m2

190,00

kg

3,26

150,00

3,28

Ferro CA-50 de 20mm

kg

3,44

Lajota de granito verde ubatuba de 15x30x2cm Bancada de granito verde ubatuba de 60x2cm

m2

kg

ml

182,00

Ferro CA-50 de 25mm

kg

3,16

Divisória de box em granito verde ubatuba 7x2cm

ml

39,00

Soleira de granito verde ubatuba de 15x2cm Rodapé de granito verde ubatuba de 7x2cm

ml

30,00

ml

19,33

gl lata gl bd kg

68,25 305,31 33,50 146,83 40,40

Adaptador de 2.1/2"x1.1/2"

un

54,33

Ferro CA-50 de 32mm

kg

3,05

Adaptador de 2.1/2"x2.1/2"

un

68,37

Ferro CA-60 de 4,2mm

kg

3,44

un

236,00

Ferro CA-60 de 5mm

kg

3,47

un

17,67

Ferro CA-60 de 6mm

kg

3,33

Caixa de incêndio com 75x45x17cm para mangueira predial Chave Storz Esguicho Jato sólido de 1.1/2"

un

53,67

Ferro CA-60 de 7mm

kg

3,30

Extintor de água pressurizada 10 litros

un

113,33

Ferro CA-60 de 8mm

kg

2,61

Extintor de CO2 de 6kg

un

461,67

Extintor de pó quimico 4kg

un

98,27

Extintor de pó quimico 6kg

un

110,60

Extintor de pó quimico 8kg

un

143,00

Extintor de pó quimico 12kg

un

181,67

un

219,33

un

466,67

Mangueira predial de 1.1/2" x 15m com união Mangueira predial de 1.1/2" x 30m com união Porta corta fogo P90 de 0,80x2,10m

un

917,50

Porta corta fogo P90 de 0,90x2,10m

un

972,50

Registro Globo 45° de 2.1/2"

un

139,33

Tampa de ferro fundido de 60x40cm "incêndio"

un

234,00

Tampão cego de 1.1/2" T.70 articulado

un

60,12

Porta em compensado liso semi-oca de 0,60x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,70x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,80x2,10x0,03m Porta em compensado liso semi-oca de 0,90x2,10x0,03m Porta em compensado liso de 0,60x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,70x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,80x2,10x0,03m EIDAI Porta em compensado liso de 0,90x2,10x0,03m EIDAI Porta em fichas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em fichas de madeira maciça de 0,90x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em venezianas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,60x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,70x2,10x0,03m Porta em amolfadas de madeira maciça de 0,80x2,10x0,03m Porta em almofadas de madeira maciça de 0,90x2,10x0,03m Grade de canto em massaranduba até 1,00x2,10m para pintura esmalte Grade de caixa em massaranduba até 1,00x2,10m para pintura esmalte Grade de caixa em Jatobá até 1,00x2,10m para verniz ou cera

un

63,68

un

54,93

un

55,26

un

65,00

un

68,30

un

66,55

un

74,02

un

84,44

un

167,30

un

198,07

un

242,67

un

241,77

un

182,00

un

203,00

un

219,25

un

154,26

un

160,26

un

185,67

un

216,00

un

45,33

un

106,33

un

55,00

EQUIPAMENTOS h

75,83

Andaime tubular de 1,5x1,0m (2peças=1,00m)

mês

12,00

Betoneira elétrica de 400L sem carregador

mês

337,88

Compactador CM/13 elétrico Compactador CM/20 elétrico Cortadora de piso elétrica Furadeira industrial Bosch ref. 1174 Guincho de coluna (foguete) Mangote vibratório de 35mm Mangote vibratório de 45mm Motor elétrico para vibrador Pistola finca pinos Pontalete metálico regulável (1 peça) Serra elétrica circular de bancada

mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês

363,33 575,33 597,67 163,33 302,33 81,67 81,67 90,67 177,50 6,00 121,33

FERROS Ferro CA-25 de 12,5mm Ferro CA-25 de 20mm

kg

5,64

m2

12,41

Bloco de gesso com 50x65x7,5cm para parede divisória

un

7,17

Placa de gesso lisa para forro com 65x65cm

un

3,18

m

15,00

m

18,00

m

20,00

MADEIRAS

m

13,33

Assoalho de madeira em Ipê de 15x2cm Assoalho de madeira em Jatobá de 15x2cm Rodapé de madeira em Jatobá de 5x1,5cm

m2 m2 m

m

18,00

Lambri de madeira em Angelim Pedra de 10x1cm

m2

29,50

un

47,97

un

43,47

m m m

1,80 5,82 2,87

kg

5,74

m2

5,57

kg

5,74

m2

8,49

kg

5,50

m2

9,89

Rodateto de gesso - friso com largura de até 6cm aplicado Rodateto de gesso - friso com largura de até 15cm aplicado Rodateto de gesso - friso com largura de até 20cm aplicado Junta de dilatação de gesso em "L" de 2x2cm aplicada Junta de dilatação de gesso em "L" de 3x3cm aplicada Dobradiça em aço cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 1500 LaFonte Dobradiça em aço cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 1410 LaFonte Dobradiça em latão cromado de 3"x2.1/2" sem anéis ref. 90 LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 521 E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 521 I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 521 B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 436E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 436I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 436B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 2078 E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 2078 I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 2078 B-CR LaFonte Conjunto de fechadura de cilindro ref. 608E-CR LaFonte Conjunto de fechadura interna ref. 608I-CR LaFonte Conjunto de fechadura para WC ref. 608B-CR LaFonte

kg kg

3,02 3,26

Granilha nº 02 (saco com 40kg) Granilha nº 02 Bancada em granito cinza andorinha de 60x2cm c/1 cuba,test.e esp. Divisória de box em granito cinza andorinha de 7x2 cm Soleira de granito cinza andorinha de 15x2 cm Rodapé de granito cinza andorinha com 7x2cm Lajota de granito cinza andorinha de 50x50x2cm Lajota de granito preto tijuca de 50x50x2cm Lajota de granito preto tijuca de 15x30x2cm

gl

33,95

bd

136,79

gl bd gl lata bd bd gl bd cart gl bd gl bd bd bd bd bd

25,90 125,45 59,42 237,36 17,30 67,45 45,88 154,80 26,47 40,05 148,52 74,88 225,46 59,88 136,43 201,48 170,01 71,74 78,05 8,93

un

5,82

un

10,23

Folha de "fórmica" texturizada branca de 3,08x1,25m Folha de "fórmica" brilhante branca de 3,08x1,25m Estronca roliça tipo litro Barrote de madeira mista de 6x6cm Sarrafo de madeira mista de 10cm (1"x4") Tábua de madeira mista de 15cm (1"x6")

m

4,25

un

86,15

Tábua de madeira mista de 22,5cm (1"x9")

m

5,61

Tábua de madeira mista de 30cm (1"x12")

m

8,09

Madeira serrada para coberta (Massaranduba) Peça de massaranduba para coberta de 7,5x15cm Peça de massaranduba para coberta de 6x10cm

m3

2.379,00

m

26,93

m

18,39

Barrote de massaranduba para coberta de 5x7,5cm

m

9,53

m

4,74

m

14,88

FERRAGENS DE PORTA un

4,59

un

63,54

un

63,90

un

61,08

un

49,80

un

49,80

un

86,43

un

54,31

un

63,87

un

134,96

un

107,28

un

107,28

GRANITOS

Retroescavadeira 580H, 4x4 (com operador)

IMPERMEABILIZANTES Acquella (galão de 3,6 litros) Acquella (lata de 18 litros) Bianco (galão de 3,6 litros) Bianco (balde de 18 litros) Compound adesivo (A+B) (2 latas=1kg) Desmol CD - líquido desmoldante p/concreto (galão de 3,6 litros) Desmol CD - líquido desmoldante p/concreto (balde de 18 litros) Frioasfalto (galão de 3,9 kg) Frioasfalto (balde de 20kg) Neutrol (galão de 3,6 litros) Neutrol (lata de 18 litros) Vedacit (galão de 3,6 litros) Vedacit (balde de 18 litros) Vedacit rapidíssimo (galão de 4 kg) Vedacit rapidíssimo (balde de 20kg) Vedaflex (cartucho com 310ml) Vedapren preto (galão de 3,6 litros) Vedapren preto (balde de 18kg) Vedapren branco (galão de 4,5 kg) Vedapren branco (balde de 18kg) Sika nº 1 (balde de 18 litros) Igol 2 (balde de 18kg) Igol A (balde de 18kg) Silicone (balde de 18 litros)

Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 3,4mm tipo Q61 (0,972kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 3,4mm tipo Q61 (0,972kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 4,2mm tipo Q92 (1,480kg/m2) Tela de ferro c/malha 15x15cm c/fio de 4,2mm tipo Q92 (1,480kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 3,8mm tipo Q113 (1,803kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 3,8mm tipo Q113 (1,803kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 4,2mm tipo Q138 (2,198kg/m2) Tela de ferro c/malha 10x10cm c/fio de 4,2mm tipo Q138 (2,198kg/m2) FORROS, DIVISÓRIAS E SERVIÇOS DE GESSO

ESQUADRIAS DE MADEIRA

38,50

sc kg

10,40 0,17

m

165,80

m

19,93

m

26,78

m

16,70

m2

111,25

m2 m2

250,00 235,00

Bancada de granito preto tijuca de 60x2cm

m

227,00

Divisória de box em granito preto tijuca 7x2 cm

m

50,50

Ripa de massaranduba para coberta de 4x1cm Prancha de massaranduba para escoramento de 3x15cm Prancha de massaranduba para escoramento de 5x15cm Chapa de madeira plastificada de 10mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 12mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 15mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 17mm c/1,10x2,20m Chapa de madeira plastificada de 20mm c/1,10x2,20m

m

28,53

un

41,18

un

46,61

un

55,93

un

73,59

un

81,79

Chapa de madeira resinada de 6mm c/1,10x2,20m

un

17,72

Chapa de madeira resinada de 10mm c/1,10x2,20m

un

25,98

Chapa de madeira resinada de 12mm c/1,10x2,20m

un

30,12

Chapa de madeira resinada de 15mm c/ 1,10x2,20m

un

36,26

Chapa de madeira resinada de 17mm c/1,10x2,20m

un

41,99

Eletroduto em PVC flexível corrugado de 1/2"

m

1,13

Eletroduto em PVC flexível corrugado de 3/4"

m

1,50

vara

3,92

vara

5,53

MATERIAIS ELÉTRICOS E TELEFÔNICOS

Eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2" (vara com 3m) Eletroduto em PVC rígido roscável de 2" (vara com 3m)

vara

8,47

vara

10,72

vara

13,75

vara

17,70



Eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2" (vara com 3m)

vara

37,18

Eletroduto em PVC rígido roscável de 3" (vara com 3m)

vara

45,05

un

1,12

un

1,20

un

1,82

Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2" Curva 90° para eletroduto em PVC rígido roscável de 3"

un

2,68

un

3,12

un

5,13

un

12,37

un

14,42

Disjuntor monopolar de 30A Pial

un

6,99

Disjuntor tripolar de 10A Pial

un

42,73

Disjuntor tripolar de 25A Pial

un

43,37

Disjuntor tripolar de 50A Pial

un

45,19

Disjuntor tripolar de 70A Pial

un

71,90

Disjuntor tripolar de 90A Pial

un

68,53

Disjuntor tripolar de 100A Pial

un

68,26

Disjuntor monopolar de 10A GE

un

5,38

Disjuntor monopolar de 15A GE

un

5,25

Disjuntor monopolar de 20A GE

un

5,50

Disjuntor monopolar de 25A GE

un

5,50

Disjuntor monopolar de 30A GE

un

5,50

Disjuntor tripolar de 10A GE

un

45,00 41,25

Disjuntor tripolar de 25A GE

un

Disjuntor tripolar de 50A GE

un

42,00

Disjuntor tripolar de 70A GE

un

71,13

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1/2"

un

0,43

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 3/4"

un

0,68

Disjuntor tripolar de 90A GE

un

60,00

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1"

un

0,89

Disjuntor tripolar de 100A GE

un

60,00

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/4"

un

1,43

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 1.1/2"

un

1,82

Quadro de distribuição de energia em PVC para 3 disjuntores

un

11,92

un

39,22

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 2"

un

2,83

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 2.1/2"

un

7,96

Luva para eletroduto em PVC rígido roscável de 3"

un

9,75

Bucha de alumínio de 1/2"

un

0,37

Bucha de alumínio de 3/4"

un

0,50

Bucha de alumínio de 1"

un

0,69

Bucha de alumínio de 1.1/4"

un

0,94

Bucha de alumínio de 1.1/2"

un

1,14

Bucha de alumínio de 2"

un

2,31

Bucha de alumínio de 2.1/2"

un

2,00

Bucha de alumínio de 3"

un

3,26

Arruela de alumínio de 1/2"

un

0,24

Arruela de alumínio de 3/4"

un

0,28

Arruela de alumínio de 1"

un

0,53

Arruela de alumínio de 1.1/4"

un

0,76

Arruela de alumínio de 1.1/2"

un

0,90

Arruela de alumínio de 2"

un

1,14

Arruela de alumínio de 2.1/2"

un

1,98

Arruela de alumínio de 3"

un

2,36

Caixa de passagem em PVC de 4"x4"

un

3,17

Caixa de passagem em PVC de 4"x2"

un

Caixa de passagem sextavada em PVC de 3"X3"

un

Caixa de passagem octogonal em PVC de 4"X4"

Quadro de distribuição de energia em PVC para 6 disjuntores Quadro de distribuição de energia em PVC para 12 disjuntores Quadro metálico de distribuição de energia para 12 disjuntores Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 12 disjuntores Quadro metálico de distribuição de energia para 20 disjuntores Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 20 disjuntores

un

70,85

un

119,99

un

37,73

un

123,50

un

46,33

Quadro metálico de distribuição de energia para 32 disjuntores

un

181,95

Kit barramento p/quadro de distribuição de energia com 32 disjuntores

un

66,10

Conjunto Arstop completo (tomada + disjuntor) de embutir

un

29,93

Conjunto Arstop completo (tomada + disjuntor) de sobrepor

un

30,23

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples Pial Pratis

cj

5,78

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores simples Pial Pratis

cj

10,25

1,82

Conjunto 4"x2" com 3 interruptores simples Pial Pratis

cj

14,56

2,95

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor paralelo Pial Pratis

cj

7,73

un

3,20

Soquete para lâmpada (bocal) com rabicho

un

1,73

cj

13,70

Soquete para lâmpada (bocal) sem rabicho

un

1,86

cj

12,38

Cabo de cobre nú de 10mm2

m

4,59

Cabo de cobre nú de 16mm2

m

6,26

cj

12,00

Cabo de cobre nú de 25mm2

m

9,65

Cabo de cobre nú de 35mm2

m

13,53

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores paralelos Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples + 1 paralelo Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 interruptor simples + 1 tomada univ. 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/2 interruptores simples+1 tomada univ. 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente universal 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 2 tomadas de corrente universal 2P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 2P+T Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 3P Pial Pratis Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente p/chuveiro elétrico 3P Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para campainha Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para minuteria Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 saída para antena de TV/FM Pial Pratis Suporte padrão 4"x2" Pial Pratis Suporte padrão 4"x4" Pial Placa cega 4"x2" Pial Pratis Placa cega 4"x4" Pial Pratis

cj

15,23

cj

6,58

cj

14,40

cj

7,71

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples Pial Plus

cj

8,68

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores simples Pial Plus

cj

15,90

Conjunto 4"x2" com 3 interruptores simples Pial Plus

cj

22,62

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor paralelo Pial Plus

cj

11,18

Cabo flexível de 1,5mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 2,5mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 4mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 6mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 10mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 16mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 25mm2 com isolamento plástico Cabo flexível de 35mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 1,5mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 2,5mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 4mm2 com isolamento plástico Fio rígido de 6mm2 com isolamento plástico

m

0,57

m

1,03

m

1,84

m

2,51

m

4,23

m

6,70

m

12,28

m

14,75

m

0,60

m

0,94

m

1,56

cj

8,90

cj

17,80

cj

6,28

cj

6,20

cj

13,26

un un un un

0,67 1,23 2,26 5,48

m

2,17

Fita isolante de 19mm (rolo com 20m)

un

10,27

Disjuntor monopolar de 10A Pial

un

7,95

Conjunto 4"x2" com 2 interruptores paralelos Pial Plus

cj

21,90

Disjuntor monopolar de 15A Pial

un

6,99

Disjuntor monopolar de 20A Pial

un

6,99

Conjunto 4"x2" com 1 interruptor simples + 1 paralelo Pial Plus

cj

18,90

Disjuntor monopolar de 25A Pial

un

6,99


Conjunto 4"x2" c/1 interruptor simples + 1 tomada univ. 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" c/2 interruptores simples+1 tomada univ. 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente universal 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 2 tomadas de corrente universal 2P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada de corrente c/ aterramento 2P+T Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente c/aterramento 3P Pial Plus Conjunto 4"x2" c/1 tomada de corrente p/chuveiro elétrico 3P Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para campainha Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 botão pulsador para minuteria Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 saída para antena de TV/FM Pial Plus Suporte padrão 4"x2" Pial Plus Placa cega 4"x2" Pial Plus Placa cega 4"x4" Pial Plus Haste de aterramento Copperweld de 5/8"X2,40m com conectores Conjunto 4"x2" com 1 tomada p/telefone 4P padrão Telebrás Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada para telefone RJ11 Pial Pratis Conjunto 4"x2" com 1 tomada p/telefone 4P padrão Telebrás Pial Plus Conjunto 4"x2" com 1 tomada para telefone RJ11 Pial Plus

un

5,73

un

21,56

cj

10,70

cj

16,60

cj

15,00

cj

21,52

Cabo telefônico CCI 50 - 1 par

m

0,27

cj

16,26

cj

18,83

cj

7,56

cj

15,20

cj

13,68

cj

11,03

cj

29,65

cj

9,90

cj

8,46

cj

15,03

un

1,03

un

2,40

Cabo telefônico CCI 50 - 2 pares

m

0,43

Cabo telefônico CCI 50 - 3 pares

m

0,67

Cabo telefônico CCI 50 - 4 pares

m

1,12

Cabo telefônico CCI 50 - 5 pares

m

0,93

Cabo telefônico CCI 50 - 6 pares

m

1,69

un

51,30

un

81,56

un

119,85

Quadro metálico de embutir para telefone de 20x20x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 30x30x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 40x40x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 50x50x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 60x60x13,5cm Quadro metálico de embutir para telefone de 80x80x13,5cm

un

144,44

Joelho 90° de PVC soldável para água de 65mm

un

13,34

Joelho 90° de PVC soldável para água de 75mm

un

47,38

Joelho 90° de PVC soldável para água de 85mm

un

53,53

Joelho 90° c/visita de PVC soldável para esgoto de 100x50mm

un

10,43

Joelho 90° de PVC soldável para esgoto de 40mm

un

0,98

Joelho 90° de PVC soldável para esgoto de 50mm

un

1,50

Joelho 45° de PVC soldável para esgoto de 50mm Junção simples de PVC soldável para esgoto de 100x50mm Registro de gaveta Targa 1509 C40 de 3/4" CR/CR Deca Registro de gaveta Targa 1509 C40 de 1.1/2" CR/CR Deca Registro de gaveta Targa (base 4509+acab. C40 710 CR/CR) 1" Deca

un

1,95

un

9,38

un

43,12

Registro de gaveta Bruto B1510 de 1.1/2" Fabrimar

un

60,26

Registro de pressão Targa 1416 C40 de 3/4" CR/CR Deca

un

59,73

Tê de PVC roscável de 1/2" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre

un

1,37

Tê de PVC roscável de 3/4" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre

un

1,95

Tê de PVC roscável de 1" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre

un

4,51

un

9,48

un

11,63

un

18,80

un

0,72

un

17,55

un

32,25

Tê de PVC roscável de 1.1/4" Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC roscável de 1.1/2" Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC roscável de 2" Fortilit/Akros/Amanco/Tigre Tê de PVC soldável de 25mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 60mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 75mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tê de PVC soldável de 85mm Fortilit/Akros/Amanco/ Tigre Tubo de ligação para bacia de 20cm com anel branco Astra Tubo de PVC roscável de 1/2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 3/4" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1.1/4" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 1.1/2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC roscável de 2" CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC soldável de 20mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 25mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 32mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

un

212,33

un

356,38

un

895,48

un

6,50

un

10,55

un

15,04

un

16,76

Ralo sifonado quadrado PVC 100x54x40mm c/grelha

un

5,08

Adaptador de PVC para válvula de pia e lavatório

un

1,31

Bucha de redução longa de PVC soldável para esgoto de 50x40mm

un

1,27

Curva de PVC soldável para água de 20mm

un

1,13

Curva de PVC soldável para água de 25mm

un

1,53

Curva de PVC soldável para água de 32mm

un

3,17

Curva de PVC soldável para água de 40mm

un

5,54

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 50mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m) Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 75mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)

Joelho 90° de PVC L/R para água de 25mm x 3/4"

un

1,80

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1/2"

un

1,00

Joelho 90° de PVC roscável para água de 3/4"

un

1,50

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1"

un

2,56

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1.1/4"

un

6,50

Joelho 90° de PVC roscável para água de 1.1/2"

un

7,56

Joelho 90° de PVC roscável para água de 2"

un

15,00

Joelho 90° de PVC soldável para água de 20mm

un

0,34

Joelho 90° de PVC soldável para água de 25mm

un

0,46

Joelho 90° de PVC soldável para água de 32mm

un

1,20

MATERIAIS DE INOX

Joelho 90° de PVC soldável para água de 40mm

un

2,90

Joelho 90° de PVC soldável para água de 50mm

un

3,33

Quadro metálico de embutir para telefone de 120x120x13,5cm MATERIAIS HIDRÁULICOS Caixa sifonada de PVC de 100x100x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 100x125x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 150x150x50mm c/grelha branca redonda Caixa sifonada de PVC de 150x185x75mm c/grelha branca redonda

Tubo de PVC soldável de 40mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m) Tubo de PVC soldável de 50mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

un un

59,26 105,72

Pia aço inox lisa c/1,80m, 2 cubas, sem válvulas, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/2,00m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat Pia aço inox lisa c/2,00m, 2 cubas, sem válvulas, concretada, Franke Douat Cuba em aço inox retangular, de 55x33x14cm, sem válvula, Franke Douat

un

270,83

un

468,87

un

293,88

un

481,76

un

169,33

Tanque em aço inox, de 50x40cm, com válvula, Franke Douat

un

374,93

Mictório em aço inox, de 1,50m, completo, Franke Douat

un

612,50

Válvula para pia de aço inox, de 3 1/2"x1 1/2", Franke Douat

un

16,42

m

131,20

m

416,53

MÁRMORES Bancada de mármore branco rajado de 60x2cm Bancada de mármore branco extra de 60x2cm Bancada de mármore travertino de 60x2cm Lajota de mármore branco extra de 30x30x2cm Lajota de mármore branco rajado de 15x30x2cm Lajota de mármore branco rajado de 30x30x2cm Lajota de mármore travertino de 30x30x2cm Lajota de mármore travertino de 15x30x2cm Rodapé em mármore branco rajado de 7x2cm

m

197,47

m2

157,50

m2

69,00

m2

58,33

m2

122,50

m2

115,00

m

14,00

Rodapé em mármore travertino de 7x2cm

m

21,33

Soleira em mármore branco extra de 15x2cm Soleira em mármore branco rajado de 15x2cm Soleira em mármore travertino de 15x2cm

m

48,33

m

21,33

m

31,00

73,20

un

50,23

un

4,52

vara

19,53

vara

26,83

vara

54,26

MATERIAIS DE PINTURA

vara

70,46

Fundo sintético nivelador branco fosco para madeira (galão)

gl

Selador PVA(liqui-base) para parede interna (galão)

gl

23,77

lata

103,13

vara

85,92

vara

129,13

vara

8,10

vara

11,73

vara

24,46

vara

41,30

vara

49,18

Tubo de PVC soldável de 60mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

vara

79,73

Tubo de PVC soldável de 75mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

vara

116,56

Tubo de PVC soldável de 85mm CL15 Fortilit/Akros/ Amanco/Tigre (vara c/ 6m)

vara

158,56

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 40mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)

vara

17,02

vara

30,88

vara

38,28

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 100mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre(vara c/6m)

vara

44,72

Tubo de PVC p/esgoto Sanifort 150mm PBV Fortilit/ Akros/Amanco/Tigre (vara c/6m)

vara

110,33

un

146,40

Válvula de retenção horizontal com portinhola de 2" Docol Vedação para saída de vaso sanitário Adesivo para tubos de PVC (tubo com 1 litro) Solução limpadora para tubos de PVC (tubo com 1 litro)

Pia aço inox lisa c/1,80m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat

un

6,51

litro

26,64

litro

24,46

Pia aço inox lisa c/1,20m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat

un

135,83

Pia aço inox lisa c/1,40m, 1 cuba, sem válvula, concretada, Franke Douat

un

176,43

Selador PVA(liqui-base) para parede interna (lata c/18 litros) Selador acrílico para parede externa (galão)

gl

23,57

Selador acrílico para parede externa (lata c/18 litros)

lata

103,53

Massa corrida PVA (galão) Massa corrida PVA (lata c/18 litros) Massa acrílica (galão) Massa acrílica (lata c/18 litros) Massa à óleo (galão) Solvente Aguarrás (galão c/5 litros) Tinta latex fosca para interior (galão) Tinta latex fosca para interior (lata c/18 litros) Tinta latex para exterior (galão) Tinta latex para exterior (lata c/18 litros) Líquido para brilho regulador (galão) Líquido para brilho regulador (lata c/18 litros) Tinta acrílica fosca (galão) Tinta acrílica fosca (lata c/18 litros) Textura acrílica (galão) Textura acrílica (lata c/18 litros) Impermeabilizante à base de silicone para fachadas (galão) Verniz marítimo à base de poliuretano (galão) Tinta antiferruginosa Zarcão (galão) Esmalte sintético acetinado (galão) Esmalte sintético brilhante (galão) Tinta à óleo (galão) Tinta à óleo para cerâmica (galão) Tinta acrílica especial para piso (galão) Tinta acrílica especial para piso (lata c/18 litros) Tinta epoxi: esmalte + catalizador (galão) Diluente epoxi (litro) Lixa para parede Lixa para madeira Lixa d'água Lixa para ferro Estopa para limpeza Ácido muriático (litro) Cal para pintura

gl lata gl lata gl gl gl lata gl lata gl lata gl lata gl lata

10,67 36,43 23,43 99,63 37,93 60,90 23,90 106,63 44,87 222,47 45,27 223,47 45,27 191,60 22,10 98,40

gl

62,70

gl gl gl gl gl gl gl lata gl l un un un un kg l kg

56,63 59,80 59,77 51,23 44,19 72,67 32,97 143,60 151,33 20,63 0,45 0,54 0,87 1,87 8,13 2,87 0,84


insumos Tinta Hidracor (saco com 2kg) Massa plástica 3 Estrelas (lata com 500gramas)

sc lata

3,40 5,13

MATERIAIS PARA INSTALAÇÃO DE ÁGUA QUENTE Tubo de cobre classe "E" de 15mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 22mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 28mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 35mm (vara com 5,00m) Tubo de cobre classe "E" de 54mm (vara com 5,00m)

un

62,54

un

100,06

un

118,43

un

209,22

un

388,27

MATERIAIS SANITÁRIOS Assento sanitário Village em polipropileno AP30 Deca

un

Assento sanitário almofadado branco TPK/A5 BR1 Astra

un

42,86

un

15,20

un

264,27

Assento convencional branco macio TPR BR1 em plástico Astra Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Azálea branco gelo Celite Conjunto bacia com caixa Saveiro branco Celite Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Ravena branco gelo Deca Bacia sanitária c/caixa descarga acoplada Ravena cinza real Deca Bacia sanitária convencional Azálea branco gelo Celite Bacia sanitária convencional Targa branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Izy branco gelo Deca

un

75,95

163,90

Torneira de parede para pia de cozinha Targa 1168 C40 Deca Torneira de mesa para pia de cozinha Targa 1167 C40 Deca Torneira para lavatório Targa 1190 C40 CR/CR (ref. 1190700) Deca

un un

183,80 185,97

un

99,52

Ducha manual Evidence cromada 1984C CR Deca

un

146,70

Válvula de descarga Hydra Max de 1.1/2" ref. 2550504 Deca

un

138,10

Válvula cromada para lavatório ref.1602500 Deca

un

37,46

Válvula cromada para lavanderia ref. 1605502 Deca

un

45,86

Válvula de PVC para lavatório

un

3,33

un

2,97

kg m2 kg

15,68 3,38 4,33

Válvula de PVC para tanque ou pia de cozinha OUTROS Corda de nylon de 3/8" Tela de nylon para proteção de fachada Bucha para fixação de arame no forro de gesso Pino metálico para fixação à pistola com cartucho Cola Norcola (galão com 2,85kg)

un

0,59

gl

31,71

Cola branca (pote de 1 kg)

kg

6,92

Bloco de EPS para laje treliçada

m3

208,75

PRODUTOS CERÂMICOS Tijolo cerâmico de 4 furos de 7x19x19cm

mil

383,33

Tijolo cerâmico de 6 furos de 9x10x19cm

mil

186,50

Tijolo cerâmico de 6 furos de 9x15x19cm

mil

326,67

Tijolo cerâmico de 8 furos de 9x19x19cm

mil

442,11

un

280,83

un

277,45

un un un

122,56 236,83 67,68

Bacia sanitária convencional Ravena branco gelo Deca

un

123,95

Tijolo cerâmico de 8 furos de 12x19x19cm

mil

474,39

Bacia sanitária convencional Ravena cinza real Deca Bacia sanitária convencional Village branco gelo Deca Bacia sanitária convencional Village cinza real Deca Cuba de embutir oval de 49x36cm L37 branco gelo Deca

un un un

125,95 169,30 173,83

Tijolo cerâmico de 18 furos de 10x7x23cm

mil

605,00

un

47,78

Cuba de embutir redonda de 36cm L41 branco gelo Deca Cuba sobrepor retang. Monte Carlo 57,5x44,5cm L40 branco gelo Deca Lavatório suspenso Izy de 43x23,5cm L100 branco gelo Deca Lavatório suspenso Izy de 39,5x29,5cm L15 branco gelo Deca Lavatório c/ coluna Monte Carlo de 57,5x44,5cm L81 branco gelo Deca

420,00

Telha em cerâmica tipo colonial (Itajá) - 32un/m2

mil

770,00

Telha em cerâmica tipo calha Paulistinha (Quitambar) - 22un/m2

mil

950,00

m2

14,67

Pedra Ardósia verde de 20x20cm

m2

20,03

Pedra Ardósia verde de 20x40cm

m2

26,00

Pedra Ardósia verde de 40x40cm

m2

26,42

Pedra Itacolomy do Norte irregular Pedra Itacolomy do Norte serrada

m2 m2

20,67 27,34

Pedra São Thomé Cavaco

m2

33,00

Pedra Cariri serrada de 30x30cm Pedra Cariri serrada de 40x40cm Pedra Cariri serrada de 50x50cm Pedra sinwalita de corte manual Pedra Sinwalita serrada Pedra portuguesa (2 latas/m2) Pedra Itamotinga Cavaco Pedra Itamotinga almofada Pedra Itamotinga Corte Manual Pedra Itamotinga Serrada Pedra granítica tipo Canjicão Almofada Pedra granítica tipo Rachão Regular de 40x40cm Solvente Solvicryl Hidronorte (lata de 5 litros)

m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 lata

17,34 17,67 18,00 21,00 27,67 15,33 15,67 18,33 20,67 26,67 32,00 27,00 33,00

gl

38,80

m2

34,54

m2

40,47

m2

45,11

m2

18,08

Resina acrílica Acqua Hidronorte (galão de 3,6 litros) REVESTIMENTOS VINÍLICOS E DE BORRACHA Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 1,6mm com flash Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 2mm com flash Piso vinílico Paviflex de 30x30cm de 2mm sem flash Piso de borracha pastilhado Plurigoma de 50x50cm para colar TELHAS METÁLICAS Telha de alumínio trapezoidal com 0,5mm Telha de alumínio trapezoidal de 1,265x3,00m com 0,5mm Telha de alumínio trapezoidal com 0,4mm Telha de alumínio trapezoidal de 1,265x3,00m com 0,4mm VIDROS Vidro impresso fantasia incolor de 4mm (cortado) Vidro Canelado incolor (cortado) Vidro aramado incolor de 7mm (cortado)

m2

31,33

un

106,99

m2

25,76

un

91,52

m2

27,44

m2 m2

27,04 91,29

Vidro anti-reflexo (cortado)

m2

30,21

Vidro liso incolor de 3mm (cortado)

m2

23,20

Vidro liso incolor de 4mm (cortado)

m2

32,77

Vidro liso incolor de 5mm (cortado)

m2

37,22 43,48 66,74

un

71,90

Telha em cerâmica tipo colonial Simonassi (Bahia) 28un/m2

mil

2.250,00

un

58,70

Telha em cerâmica tipo colonial Barro Forte (Maranhão) - 25un/m2

mil

1.640,00

un

140,92

Tijolo cerâmico refratário de 22,9x11,4x6,3cm

mil

1.285,80

Massa refratária seca

kg

0,72

Vidro liso incolor de 6mm (cortado) Vidro liso incolor de 8mm (cortado)

m2 m2

50,00

Vidro liso incolor de 10mm (cortado)

m2

83,10

Vidro laminado incolor 3+3 (cortado)

m2

110,63

Vidro laminado incolor 4+4 (cortado)

m2

131,42

Vidro laminado incolor 5+5 (cortado)

m2

161,29

Vidro bronze de 4mm (cortado)

m2

42,74

Vidro bronze de 6mm (cortado)

m2

65,06

Vidro bronze de 8mm (cortado)

m2

102,18

Vidro bronze de 10mm (cortado)

m2

131,07

Vidro cinza de 4mm (cortado)

m2

36,46

Vidro cinza de 6mm (cortado)

m2

57,54

Vidro cinza de 8mm (cortado)

m2

86,12

Vidro cinza de 10mm (cortado)

m2

108,62

Espelho prata cristal de 3mm (cortado)

m2

49,04

Espelho prata cristal de 4mm (cortado)

m2

73,27

Espelho prata cristal de 6mm (cortado)

m2

108,79

Vidro temperado de 10mm incolor sem ferragens (cortado)

m2

128,83

Vidro temperado de 10mm cinza sem ferragens (cortado)

m2

149,49

Vidro temperado de 10mm bronze sem ferragens (cortado)

m2

169,32

Tijolo de vidro 19x19x8cm ondulado

un

10,31

Junta de vidro para piso

m

0,40

Massa para vidro

kg

1,22

MÃO DE OBRA Armador Azulejista Calceteiro Carpinteiro Eletricista Encanador Gesseiro Graniteiro Ladrilheiro Marceneiro Marmorista Pastilheiro Pintor Serralheiro Telhadista Vidraceiro Pedreiro Servente

h h h h h h h h h h h h h h h h h h

5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 5,60 4,65 3,42

73,73 49,45

Bolsa de ligação para bacia sanitária BS1 de 1.1/2" Astra

un

Caixa de descarga sobrepor 8 lts. c/engate e tubo ligação Fortilit/Akros/Tigre

un

2,30 19,68

un

2,88

un

3,70

Chuveiro de PVC de 1/2" com braço

un

5,83

Chuveiro cromado de luxo ref. 1989102 Deca

un

208,47

par

7,27

par

13,46

par un

10,76 46,95

un

71,50

Misturador para pia de cozinha tipo mesa Prata 1256 C50 CR Deca Misturador para pia de cozinha tipo parede Prata 1258 C50 CR Deca Torneira para tanque/jardim 1152 C39 CR ref. 1153022 Deca Torneira para lavatório 1193 C39 CR (ref.1193122) Deca Torneira para pia de cozinha Targa 1159 C40 CR Deca Torneira de parede p/pia de cozinha 1158 C39 CR ref. 1158022 Deca

mil

76,00

un

Fita veda rosca em Teflon Polytubes Polvitec (rolo com 12mm x 25m) Tanque de louça de 22 litros TQ-25 de 60x50cm branco gelo Deca Coluna para tanque de 22 litros CT-25 branco gelo Deca Tanque de louça de 18 litros TQ-01 de 56x42cm branco gelo Deca Coluna para tanque de 18 litros CT-11 branco gelo Deca Tanque de louça sem fixação de 18 litros de 53x48cm branco Celite Balcão de cozinha em resina c/1,00x0,50m c/1 cuba Tanque em resina simples de 59x54cm marmorizado marmorizado Marnol Resinam Balcão de cozinha em resina c/1,20x0,50m c/1 cuba Tanque emMarnol resina simples de 60x60cm granitado granitado Marnol Misturador para lavatório Targa 1875 C40 CR/CR Deca

417,50

Telha em cerâmica tipo colonial (Dantas) - 35un/m2 46,93

un

Sifão de PVC de 1" x 1.1/2"

400,00

mil

un

Lavatório de canto Izy L101 branco gelo Deca

Parafuso de fixação para bacia de 5,5x65mm em latão B-8 Sigma (par) Parafuso de fixação para tanque longo 100mm 980 Esteves (par) Parafuso de fixação para lavatório Esteves (par) Sifão de alumínio fundido de 1" x 1.1/2" Sifão tipo copo para lavatório cromado de 1"x1.1/2" Esteves

mil

Tijolo cerâmico maciço de 10x5x23cm

un

Lavatório c/ coluna Saveiro de 46x38cm branco Celite

Chicote plástico flexível de 1/2"x30cm Fortilit/Akros/ Amanco/Luconi Chicote plástico flexível de 1/2"x40cm Fortilit/Akros/ Luconi

Tijolo cerâmico aparente de 6 furos (sem frisos) de 9x10x19cm

Pedra Ardósia cinza de 40x40cm

un

7,38

un

3,30

un un

260,33 70,60

un

188,35

un

68,63

un

163,45

un un

69,56 53,23

un un un

80,53 50,55 240,10

un

372,30

un

359,60

un

57,20

un

56,11

un

87,53

un

66,63

Taxa de acréscimo para tijolos paletizados(por milheiro)

mil

Bloco de cerâmica de 30x20x9cm para laje prémoldada

mil

720,00

PREGOS E PARAFUSOS Prego com cabeça de 1.1/4"x14

kg

5,96

Prego com cabeça de 2.1/2"x10

kg

5,98

Parafuso de 5/16"x300mm em alumínio para fixação de telhas

un

1,28

Arruela de alumínio para parafuso de 5/16"

un

0,16

un

0,17

Arruela de vedação em borracha/plástico para parafuso de 5/16" Porca de alumínio para parafuso de 5/16" Parafuso de 1/4"x100mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,15

un

0,31

Parafuso de 1/4"x150mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,52

Parafuso de 1/4"x250mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,71

Parafuso de 1/4"x300mm em alumínio para fixação de telhas

un

0,92

Arruela de alumínio para parafuso de 1/4"

un

0,17

Arruela de vedação em borracha/plástico para parafuso de 1/4"

un

0,12

Porca de alumínio para parafuso de 1/4"

un

0,10

REVESTIMENTOS CERÂMICOS Cerâmica Eliane 10x10cm Camburí White tipo "A" Cerâmica Eliane 20x20cm Camburí branca tipo "A" PEI4 Porcelanato Eliane Platina PO(polido) 40x40cm Porcelanato Eliane Platina NA(natural) 40x40cm Cerâmica Portobello Prisma bianco 7,5x7,5cm ref. 82722 Cerâmica Portobello Linha Arq. Design neve 9,5x9,5cm ref. 14041 Cerâmica Portobello Patmos White 30x40cm ref. 82073

m2

17,19

m2

14,45

m2 m2

37,46 32,85

m2

23,65

m2

30,73

m2

21,65

Azulejo Eliane Forma Slim Branco BR MP 20x20cm

m2

18,67

Azulejo liso Cecrisa Unite White 15x15cm tipo "A"

m2

16,41

REVESTIMENTOS DE PEDRAS NATURAIS Pedra Ardósia cinza de 20x20cm

m2

12,33

Pedra Ardósia cinza de 20x40cm

m2

13,33


COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ARQUITETURA

SOCIAL

Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo Rua Porangaba, nº 149, Bosque da Saúde. São Paulo/SP 11 3482.2510 | 11 3482.6908

Projeto Casa da Criança R. Dr. Raul Lafayette, 191, sala 1401, Boa Viagem. Recife/PE projetocasadacrianca.com.br I 81 3467.9968

Mozarteum Brasileiro R. Pedroso Alvarenga, 58 – 3º andar. São Paulo/SP mozarteum.org.br I 11 3815.6377

TECNOLOGIA

CONSTRUIR VIDA SUSTENTÁVEL Universidade Estadual de Campinas Campus Universitário Zeferino Vaz - Barão Geraldo. Campinas/SP | unicamp.br I 19 3521.7000

Knauf Av. Simon Bolívar, Jardim Armação, 4º Piso, Hall F, Sala Omulú. Salvador/BA. 0300 789 8373

ESPAÇO ABERTO

Trevo Brasil Rua Josias Inojosa de Oliveira, 5000, Distrito Industrial do Cariri. Juazeiro do Norte/CE trevobrasil.com.br I 88 3571.6019

Escola Politécnica de Pernambuco Rua Benfica, Nº 455, Madalena. Recife/PE pec@upe.poli.br I 3184.7566

Unifavip Av. Adjar da Silva Casé, 800, Indianópolis. Caruaru / PE favip.edu.br I 81 3722.8080


ONDE ENCONTRAR A

AÇOS Arcelor Mittal www.arcelormittal.com +55 (81) 33438100 ALUGUEL DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MARCOSA www.marcosa.com.br 08000848585 ARGAMASSA ARGATOP http://www.argatop.com.br +55 (81) 34232221

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d drywall Gypsum Drywall +552138045902 www.lafargegypsum.com.br Knauf 08007049922 sak@knauf.com.br www.knauf.com.br Trevo Gesso www.trevobrasil.com +55 (88) 35716019

98

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