Edição 77 Revista Cosntruir Nordeste

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ano XVI | nº 77 | maio 2015 | www.construirnordeste.com.br

arquitetura | infraestrutura | tecnologia | negócios | urbanismo

ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO

Diante do adensamento urbano, surgem duas tendências que tentam responder às demandas atuais: o isolamento e a busca pelo convívio. De um lado, cresce o número de pessoas que procuram condomínios fechados. De outro, há uma valorização da convivência com a diferença e a ocupação dos espaços públicos pela população

A advogada Sandra Pires fala sobre o Estatuto das Cidades e os Instrumentos Urbanísticos

ARQUITETURA

Centro de Formação Olímpica em Fortaleza (CE) tem projeto adaptado para atender 26 modalidades

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40 47

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sumário 15

ENTREVISTA Para interferir no desenho urbano e valorizar a cidade | Sandra Pires

20 PAINEL ACONTECE 26 À PRIMEIRA VISTA 28 VITRINE ESTILO | André Carício

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30 ESPAÇO ABERTO | PEC - Consumo de água em canteiros de obra Uso de análise termográfica para detecção de manifestações patológicas na construção civil 34 CAPA Faça você mesmo

42 ARQUITETURA Fortaleza ganha centro de formação olímpica 54 TECNOLOGIA - Intervidro é referência no segmento de construção civil - Muito além da elegância 58 NEGÓCIOS - Pormade expande mercado no nordeste - Perfil empresarial: Saulo Suassuna

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Colunas

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SHARE

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PALAVRA | Márcia Rezeke

54

65 NEGÓCIOS: OPNIÃO | Mônica Mercês

64 ISSO É DIREITO | Emília Belo





caro leitor

Muito bom falar sobre o presente que Fortaleza está ganhando: o Centro de Formação Olímpica do Nordeste, que tem na sua concepção aspectos sociais e ambientais. Dentre as soluções sustentáveis da obra, ressaltamos o reservatório para captação de água da chuva. O complexo esportivo será o maior legado que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos deixarão para a capital cearense. Na matéria de capa desta edição, abordamos dois aspectos em contraponto: o interesse crescente por uma vida intramuros, expressa pela vivência em condomínios fechados, e a valorização do convívio com as diferenças na ocupação dos espaços públicos. É um convite para a reflexão sobre o que está por vir. A convivência urbana também é foco no artigo da página 77. A arquiteta paisagista Patrícia Paegle considera que a maior lição que a cidade pode nos oferecer é a ideia de que estamos todos juntos, para melhor ou para pior, logo, temos que fazer com que esta convivência funcione. Palmares, em Pernambuco, é o destaque no artigo sobre sustentabilidade e resiliência urbana. O autor, o engenheiro Luiz Priori, diz que poucos desastres são genuinamente naturais; a maior parte deles é intensificada pela ação do homem e pelas mudanças climáticas (Pág. 63). O consumo de água em canteiros de obras verticais no município de Recife (PE) é o tema do trabalho apresentado no Espaço Aberto. A engenheira Simone Rosa da Silva fala que apesar de existirem diversas pesquisas sobre o uso racional da água em edificações, pouco tem sido explorado sobre o tema durante a etapa de construção. Ótima leitura!


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Jornalista graduado pela UFPE, é aficionado por

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DESAFIOS GLOBAIS A Saint-Gobain Glass, uma das maiores produtoras de vidros impressos do Brasil, anuncia sua chegada nas redes sociais. A empresa, que está presente no Brasil há mais de 70 anos e possui produtos conhecidos internacionalmente pela sua qualidade e versatilidade, pretende se aproximar de arquitetos, fornecedores e clientes. Nos novos seis canais de comunicação da Saint-Gobain Glass, será possível ter acesso a todo o portfólio de produtos, conhecer aplicações possíveis do vidro, além de conferir notícias e curiosidades da empresa. Facebook: /saintgobainglassbrasil. Instagram: @saintgobainglassbrasil. Twitter: @sgglassbrasil. Linkedin: Saint Gobain Glass Brasil. Pinterest: sgglassbrasil.

APLICATIVOS A Gerdau lançou, com exclusividade para o mercado brasileiro, dois novos aplicativos para facilitar a rotina dos consumidores: Gerdau Catálogo de Cercas e Gerdau Catálogo de Produtos. Os dois aplicativos já estão disponíveis, gratuitamente, para plataformas Android e iOS e poderão ser usados em tablets e smartphones. O Gerdau Cálculo de Cercas indica a quantidade exata de produtos da marca que o cliente precisará para montar sua cerca, com base na metragem e nas características do terreno. O aplicativo também destaca os diferentes produtos e as soluções da empresa voltados exclusivamente para a construção e manutenção de cercas, tais como arame ovalado, arame farpado, grampos, balancins, arame para arremete, alambrados, mourões de aço e outros componentes. Já com o Gerdau Catálogo de Produtos, o consumidor poderá acessar remotamente a linha completa de produtos oferecidos pela Companhia para os segmentos da construção civil, indústria e o agronegócio. A ferramenta também permite consultar especificações e aplicações, tabelas técnicas com pesos e medidas e manuais com instruções de uso que auxiliam na busca das soluções mais adequadas para a demanda usuário.

CONTEÚDO EXTRA A dissertação apresentada no curso de Pós-Gradução em Engenharia Civil, da Escola Politécnica de Pernambuco, da Universidade de Pernambuco, sobre o consumo de água em canteiros de obras verticais no Recife, das engenheiras Simone Rosa e Camilla Pires, conteúdo da seção Espaço Aberto (página 30), está disponível no portal da revista Construir Nordeste. No portal, também é possível conferir o resultado do estudo do conforto térmico em um edifício com telhado verde, comandado pelo engenheiro agrícola e ambiental, do Instituto de Tecnologia de Pernambuco, Pedro Moraes I construirnordeste.com.br.

EBOOK Já está disponibilizado em ebook o livro Edifício Ambiental, que reúne contribuições de 42 engenheiros, arquitetos e pesquisadores renomados. A publicação traz projetos e práticas mais avançados em termos de qualidade ambiental no Brasil e no exterior. A proposta é discutir, de maneira crítica e tecnicamente substanciada, questões como desempenho, qualidade e eficiência energética. Dividido em cinco partes, o livro aborda conceitos de qualidade e tecnologias construtivas, discute o ambiente urbano e os processos de projeto, traz análise de edifícios existentes e aprofunda reflexões sobre os desafios ambientais e as forças de mercado. São cerca de 600 páginas repletas de imagens, desenhos e esquemas que permitem o estudo aprofundado de edificações como o Velódromo das Olimpíadas de Londres, o edifício de escritórios One Airport Square, na República de Gana, ou o Commerzbank, na Alemanha — ícones da arquitetura mundial — e de outros projetos inovadores que contaram, em diversos casos, com a participação direta dos autores da obra.

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entrevista

Sandra Pires

Para interferir no desenho urbano e valorizar a cidade por Renata Farache

foto por Pires

Advogada formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestre em Direito Público pela UFPE, Sandra Pires é sócia da Pires Advogados e Consultores e especialista em Direito Ambiental e Urbanístico pela Faculdade Maurício de Nassau, onde atua também como professora de Direito Administrativo e Urbanístico. Ainda é vice-presidente da Comissão de Precatórios Judiciais e secretária da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB–PE. E foi com todo esse expertise que Sandra conversou com a revista Construir Nordeste e falou sobre o Estatuto das Cidades e os instrumentos urbanísticos. Ela, que é uma apaixonada pelo Direito Urbanístico, acredita na força dos instrumentos e afirma que, quando bem empregados, podem nos ajudar na criação das cidades, em cidades para amar.


entrevista

Podemos afirmar que o Estatuto da Cidade desenvolveu a ideia da “função social da cidade” e introduziu entre nós o conceito do “direito difuso a cidades sustentáveis”.

O Estatuto da Cidade surge como uma nova possibilidade para solucionar ou minimizar graves problemas observados nas cidades brasileiras. Qual é o grande ganho dele? O Estatuto da Cidade veio para regulamentar o capítulo sobre Política Urbana presente na Constituição Federal (arts. 182 e 183). Diz o art. 182 da CF que a política urbana, a ser executada pelos municípios, tem que seguir as diretrizes fixadas em lei. Então, a Constituição demandava uma legislação específica para que os princípios e instrumentos nela enunciados pudessem ser implementados. Portanto, em primeiro lugar, o ganho obtido com o Estatuto da Cidade está no fato de ele ter regulamentado a Constituição Federal a fim de lhe dar concretude. Além disso, podemos afirmar que o Estatuto da Cidade desenvolveu a ideia da “função social da cidade” e introduziu entre nós o conceito do “direito difuso a cidades sustentáveis”. Gostaria de ressaltar que de vários setores têm surgido comentários revelando certa descrença em relação ao alcance dessa denominação oficial. Afinal, muitos planos diretores municipais não têm sido implementados devidamente; outros são essencialmente artificiais e decorrem da contratação de assessorias técnicas que nem sempre conhecem bem as cidades em que vão trabalhar, propondo instrumentos inadequados para as realidades locais; outros são meramente

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retóricos, tendo incorporado formalmente diversas diretrizes e instrumentos do Estatuto da Cidade para a condução da política urbana, sem que tais princípios e instrumentos tenham sido efetivamente aplicados na cidade; muitos outros têm sido distorcidos por mudanças legislativas casuísticas; e por aí seguem os problemas. Entretanto, é preciso registrar que o Estatuto da Cidade foi inegavelmente um marco quanto ao controle dos processos de desenvolvimento urbano. Sua efetiva materialização em políticas e programas vai depender sobretudo da edição ou reforma de leis locais. Mas ele vingou? O que ainda não foi explorado? Sim, podemos dizer que o Estatuto da Cidade vingou, o que não significa dizer que todas as suas normas têm ampla aplicação. É uma lei que tem sido aclamada e premiada internacionalmente por ser um paradigma jurídico a ser seguido pelos países que, como o Brasil, estão buscando princípios, instrumentos, mecanismos, recursos e processos para a formulação de políticas públicas efetivas de regulação, controle e indução dos processos de desenvolvimento urbano. Não podemos negar, por exemplo, os ganhos com os milhares de Planos Diretores que foram implementados em tantos municípios e o grau de participação social defendido pelo Estatuto no estabelecimento de políticas urbanas. Entretanto, não resta dúvida que inúmeros instrumentos ainda não foram implementados a contento, a exemplo de diversas figuras jurídicas elencadas no art. 4°, Capítulo??? V, do Estatuto, como a transferência do direito de construir, as operações urbanas consorciadas, a outorga onerosa do direito de construir e os consórcios imobiliários. Isso porque, via de regra, a eficácia desses instrumentos demanda lei local que os regulamente de forma específica e, consequentemente, demanda maturidade dos municípios para compreender a utilidade desses instrumentos e saber regulá-los.

Quais são os principais instrumentos previstos? Eles estão sendo bem aproveitados? Quais são os principais entraves para a aplicação? Há instrumentos no Estatuto da Cidade de várias tipologias. O art. 4° prevê como instrumentos: I - planos nacionais, regionais e estaduais; II - planejamento das regiões metropolitanas; III - planejamento municipal; IV - institutos tributários e financeiros; V - institutos jurídicos e políticos; VI - estudo prévio de impacto ambiental e estudo prévio de impacto de vizinhança. Eu diria que, bem ou mal, o planejamento urbano acontece; já inúmeros instrumentos jurídicos, incluindo o Estudo de Impacto de Vizinhança, não. Para eleger alguns instrumentos que são importante para o setor imobiliário, mas que não possuem ainda uma aplicação disseminada, podemos citar aqueles que acima fizemos referência (transferência do direito de construir, as operações urbanas consorciadas, a outorga onerosa do direito de construir e os consórcios imobiliários) acrescidos do Estudo de Impacto de Vizinhança. Embora sejam citados nos planos diretores de inúmeros municípios, eles não têm sido de grande eficácia. Isso porque esses instrumentos foram inseridos nos Planos Diretores de forma muito genérica, demandando regulamentação na maioria dos casos, o que se encontra pendente na maior parte das cidades brasileiras. As cidades, por sua vez, têm dificuldade de fazer essa regulamentação, uma vez que isso demanda corpo técnico e jurídico bem capacitado, o que muitas não possuem.

muitos planos diretores municipais não têm sido implementados devidamente; outros são essencialmente artificiais e decorrem da contratação de assessorias técnicas que nem sempre conhecem bem as cidades em que vão trabalhar, propondo instrumentos.


Tirar do papel esses instrumentos implica em elaborar as leis que faltam, já que o próprio Estatuto da Cidade demanda lei específica para regulamentar cada uma das figuras jurídicas citadas.

E como podemos tirá-los do papel? Tirar do papel esses instrumentos implica em elaborar as leis que faltam, já que o próprio Estatuto da Cidade demanda lei específica para regulamentar cada uma das figuras jurídicas citadas. Obviamente que algumas cidades têm implantado esses instrumentos. Podemos citar, por exemplo, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, que já há algum tempo adotam os referidos instrumentos. Vale citar as operações urbanas consorciadas do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e a da Água Espraiada, em São Paulo. Impossível aqui, em poucas palavras, explicar no que consiste cada um desses instrumentos. O que pode ser dito é que, no fim, o que todos pretendem é dar flexibilidade ao uso do espaço urbano, fazendo com que todos saiam ganhando.

usuários permanentes. A primeira coisa a fazer, para ter uma operação urbana, é aprová-la por lei, assim como o seu plano, o qual deve prever, dentre outras coisas, a definição da área a ser atingida, o programa de ocupação da área, a finalidade da operação, o programa para atender a população diretamente afetada e as contrapartidas a serem exigidas de proprietários, usuários e investidores. Como relacionar as PPPs e as leis de instrumento? Há um instrumento que lembra as PPPs, que é a concessão urbanística. Esse instrumento só existe no município de São Paulo e não está previsto no Estatuto da Cidade. A concessão urbanística é o contrato administrativo por meio do qual o poder público, mediante licitação, delega à pessoa jurídica ou ao consórcio de empresas a execução de obras urbanísticas de interesse público, por conta e risco da empresa concessionária, de modo que o investimento desta seja remunerado e amortizado mediante a exploração dos imóveis resultantes destinados a usos privados nos termos do contrato de concessão, com base em prévio projeto urbanístico específico e em cumprimento de objetivos, diretrizes e prioridades da lei do Plano Diretor Estratégico.

Na prática, como iniciar uma operação urbana consorciada?

A senhora diz que “Temos que nos preocupar em criar cidades que as pessoas amem”. Será que é possível conciliar os interesses empresariais (construtores) e ainda assim ter uma cidade urbanisticamente inteligente, uma cidade para amar?

Esse tipo de instrumento serve para operar a transformação estrutural de um setor da cidade. Envolvem o redesenho de um bairro ou setor de um bairro, tanto do seu espaço público como privado, com a combinação de investimentos privados e públicos. Trata-se, portanto, de um instrumento de implementação de um projeto urbano para uma determinada área da cidade, implantado por meio de parceria entre proprietários, poder público, investidores privados, moradores e

Sim! Temos exemplos disso espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil. Veja Nova York, Paris, Londres. São cidades amadas. No Brasil, veja Gramado, veja o Rio de Janeiro. Embora existam inúmeros problemas urbanos no Rio de Janeiro, não há dúvida de que é uma cidade amada. Portanto, é possível, sim, conciliar interesses entre o setor imobiliário e o poder público. Eu diria até que no Brasil o setor imobiliário pode ser um grande aliado do poder público, já que este comumente não tem

orçamento suficiente para realizar obras na cidade, e os instrumentos urbanísticos podem ajudar nisso. O que falta para conseguirmos cidades bem planejadas, dos pontos de vista jurídico (e urbanístico, se quiser citar)? De que forma a sociedade civil e o Governo podem intervir no processo? Essa pergunta é muito complexa, e, consequentemente, a resposta também é. Entretanto, vou tentar responder de forma muito resumida. Cidades bem planejadas demandam bons governantes que norteiem boas políticas públicas e profissionais experientes e comprometidos. Além disso, a população deve participar, em alguma instância, desse planejamento. Isso dará maior legitimidade ao planejamento da cidade pelo poder público e satisfação geral. Um bom momento para começar esse planejamento é revisando o Plano Diretor com muita seriedade entre técnicos e setores da sociedade. Além de escutar a população, deve ser feito um bom diagnóstico da cidade para avaliar bem o que se tem e aonde se quer chegar. Isso irá nortear o planejamento. A senhora acredita num futuro melhor para as nossas cidades? Sim, acredito muito. Temos muita gente boa pensando as cidades.

é possível, sim, conciliar interesses entre o setor imobiliário e o poder público. Eu diria até que no Brasil o setor imobiliário pode ser um grande aliado do poder público, já que este comumente não tem orçamento suficiente para realizar obras na cidade.

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palavra

A CVM E OS CONDO-HOTÉIS *Márcia Rezeke

Condo-Hotel nada mais é que um hotel pulverizado entre vários proprietários, submetido a uma plataforma de condomínio edilício, porque assim foi aprovado pelos órgãos públicos...

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A

CVM publicou a Deliberação n. 734, na qual delega competência à Superintendência de Registro de Valores Mobiliários para conceder dispensas em ofertas públicas envolvendo empreendimentos hoteleiros. Para muitos, foi um avanço para agilizar as dispensas de ofertas públicas envolvendo os condo-hotéis; para outros, como eu, não passou de uma norma para acalmar os ânimos dos envolvidos, sem trazer qualquer solução efetiva para a questão. A CVM, desde dezembro de 2013, passou a entender que a comercialização de condo-hotéis, sob qualquer estrutura jurídica, corresponde à distribuição de contrato de investimento coletivo (CIC), colocando no mesmo caldeirão empreendimentos aprovados pela Lei n. 4591/1964, com outros que caminham à sua margem, misturando o joio ao trigo, tratando como iguais os desiguais, o que causa flagrante desigualdade. Pior, empreendimentos lançados antes de dezembro de 2013, com estoque, também estão servindo de tempero para essa sopa indigesta e fazem com que esse País seja uma nação de passado incerto. Não se contesta a relevante função e atuação da CVM, como órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais. O que se questiona é o exercício de suas funções no caso dos condo-hotéis, à medida que sua intervenção não observa princípios legais e econômicos, desconsidera as especificidades desse mercado regrado e regulado e não atenta às danosas repercussões que vem impingindo ao desenvolvimento econômico e aos seus atores. Em um mercado com 460 empreendimentos projetados até 2020, segundo o FOHB, a aprovação de 9 pedidos de dispensas de registro de condo-hotéis em pouco mais de um ano é algo desalentador. As vendas pararam, empreendimentos foram recolhidos e recursos investidos pelos incorporadores foram perdidos. Intervir em um mercado regrado e regulado, da forma como o fez a CVM, sem regras próprias e específicas, com base em uma interpretação do art. 2º, inc. IX, da Lei n. 6385/1976, utilizando normativas aplicáveis a valores mobiliários outros, sem agentes qualificados e capacitados para esse

tipo de produto, é agredir a ordem constitucional e econômica, em ofensa, prima facie, à sua própria função fiscalizadora e coibidora de abusos. Condo-Hotel nada mais é que um hotel pulverizado entre vários proprietários, submetido a uma plataforma de condomínio edilício, porque assim foi aprovado pelos órgãos públicos, e cuja comercialização é precedida do registro do memorial de incorporação no Registro de Imóveis, sob pena de a incorporadora cometer crime contra economia popular ou contravenção penal. A exploração de suas unidades necessariamente deve ser feita por uma operadora hoteleira, considerando que exploração de meio de hospedagem é adstrita a esse tipo de empresa. Na incorporação imobiliária de condo-hotéis não há que se falar em existência de capitalização da incorporadora ou da operadora hoteleira, através da comercialização das unidades, porque os recursos aportados pelos adquirentes se destinam à produção do empreendimento. A robustez do investimento feito pelo adquirente está na propriedade, porque o imóvel possui valor intrínseco, independente da exploração hoteleira. O risco é comercial e não risco de investimento. A incorporação imobiliária e a operação hoteleira das unidades encontram previsão na Lei n. 4591, no CDC e demais legislações de direito privado aplicáveis em razão da estrutura escolhida para a operação hoteleira. Esses condo-hotéis não podem ser considerados valores mobiliários. Em se tratando de condomínio edilício, com uma gama diversificada de proprietários, o dirigismo contratual conjuga e harmoniza as diferenças entre eles, derivadas das limitações e dos poderes de cada um, o que não implica na captação de investimento, figura típica de um CIC. Fica para reflexão a pergunta: até que ponto um órgão regulador como a CVM, responsável por disciplinar e fiscalizar o mercado mobiliário, pode, ao interpretar uma norma, paralisar todo um segmento pujante do mercado imobiliário e hoteleiro? * Márcia Rezeke é advogada, sócia-fundadora da Rezeke & Azzi Advogados


M&T EXPO 2015 contará com 1.000 marcas NACIONAIS E INTERNACIONAIS Feira deve atrair um público aproximado de 54 mil visitantes, entre profissionais, técnicos e empresários brasileiros e do exterior

O

São Paulo Expo Exbhition & Convention Center, em São Paulo, será uma vitrine de soluções tecnológicas e novidades em equipamentos para a construção e mineração, entre os dias 9 e 13 de junho. Nesse período, estará acontecendo a M&T EXPO 2015 — 9º Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Construção e 7ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Mineração, o maior e mais importante evento de negócios para o setor na América Latina. Em 110 mil m² de área, cerca de 500 expositores do Brasil e do exterior mostrarão lançamentos de 1.000 marcas fornecedoras de equipamentos direcionados aos segmentos da construção, infraestrutura e mineração. Esses produtos que serão levados na feira reforçam o papel da M&T EXPO como fomentador de inovação para o setor, a fim de beneficiar os usuários de máquinas, com o aumento de produtividade e rentabilidade, economia de recursos naturais, redução de custos, maior sustentabilidade, melhoria na operação e, consequentemente, maior competitividade. Entre os principais produtos expostos nos estandes das empresas estão equipamentos para terraplanagem, pavimentação, içamento, perfuração de

rochas, mineração, entre outros, além de motores, material rodante e demais peças e componentes. Por conta da importância do evento e dos inúmeros lançamentos preparados pelas empresas expositoras, a Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) promotora e organizadora da M&T Expo 2015, tem como estimativa receber um público de cerca de 54 mil visitantes do Brasil e do exterior, formado por profissionais e técnicos das áreas de mineração e construção, que querem conhecer as recentes inovações tecnológicas do segmento, e por empresários na busca por oportunidades de negócios. Um dos destaques desta edição é a comemoração dos 20 anos da trajetória bem-sucedida da M&T Expo. Sua primeira edição foi promovida em 1995 e, ao longo desse período, consolidou-se como o mais completo evento dos segmentos da construção e de mineração da América Latina. Em sua primeira edição, havia 75 expositores, 95 marcas, em uma área total de 8 mil m², e contou com 7.500 visitantes. Na última edição, promovida em 2012, foram 494 expositores, 1.042 marcas e 54.597 visitantes. Outra característica da feira é ser considerada como um importante termômetro

Em 2009, a feira foi um importante divisor de águas ao alcançar um montante estimado de R$ 1 bilhão em negócios.

foto: sobratema

para os fabricantes, usuários e fornecedores de equipamentos para construção e mineração. Na edição de 2012, parte dos compradores preferiu aguardar a realização da feira para conhecer as novidades dos fabricantes e, também, para negociar a compra de novos equipamentos ou finalizar negócios já iniciados, o que culminou na movimentação de cerca de R$ 1,2 bilhão (estimativa), considerando os negócios realizados. Para Hugo Ribas Branco, diretor de Feiras e Operações da Sobratema, essas duas características consolidaram a M&T EXPO como principal vitrine para negócios, lançamentos e inovações tecnológicas em equipamentos para a construção e mineração na América Latina, tornando-se uma referência para o mercado. “Além disso, depoimentos dos expositores e dos visitantes reforçam que há uma expectativa em saber o que a feira vai apresentar para conhecer tendências e depois definir o rumo de seus negócios”, explica. Mais um destaque desta edição será o M&T EXPO Congresso. A programação é formada por seminários organizados pela Sobratema, por entidades setoriais e pelos expositores, e eventos especiais. Direcionado aos executivos, empresários, engenheiros, técnicos e profissionais dos principais fabricantes, distribuidores e locadores de equipamentos, construtoras mineradoras e pedreiras, e de representantes de entidades setoriais e órgãos governamentais, o Congresso apresenta uma oportunidade para ampliar o conhecimento e analisar e discutir os principais temas que norteiam o setor, como desenvolvimento tecnológico, sustentabilidade, segurança, qualificação profissional, tendências de mercado. SERVIÇO mtexpo.com.br.


painel acontece Pragana A exposição Colagem Impressa, de Carlos Pragana, foi prorrogada e deve ficar na Florense Recife até setembro. A mostra revela o olhar de um artista autodidata sobre inquietações, desejos e contemporaneidades. Mesmo tendo sua assinatura reconhecida principalmente em grandes telas abstratas, onde pincel e tinta acrílica reinam absolutos, Pragana tem se reinventado. Agora, de revistas e outros impressos — principal material da técnica —, nascem elefantes, mesas, pessoas, tudo montado e organizado em medidas que não chegam a 30 cm. Prontas, as colagens são escaneadas em alta resolução, em scanners profissionais, e impressas em papel couché em várias medidas, que chegam facilmente a 2 m. “Só então as montagens originais, feitas em pequena escala, são descartadas, garantindo a exclusividade de cada obra”, explica Carlos. Para conhecer o pouco mais do trabalho do artista: pragrana.com.br.

Domodi Sob o comando do empresário Doriva Medeiros, a Domodi, marca especializada em móveis para ambiente externo, chegou ao Recife (PE) para oferecer novo conceito de mobília e atendimento. O showroom tem guiado pela ideia de fugir do convencional e oferecer conforto, tudo regado a uma boa dose de inovação. O lugar tem atraído não só os clientes diretos, mas, ainda, profissionais da área que buscam garimpar novidades. “Apesar do momento de crise, quando as pessoas repensam qualquer tipo de investimento e diminuem o consumo, a receptividade tem sido ótima. Nosso grande diferencial é a pronta-entrega, temos todos os produtos, o que garante ainda mais comodidade ao cliente”, afirma Doriva.

CRESCIMENTO Mesmo diante de um cenário com retração no setor imobiliário, a Moura Dubeux se preparou estrategicamente para encarar o atual momento da economia. A meta da empresa é atingir R$ 1 bilhão em lançamentos até o final de 2015. Consolidada como uma das maiores incorporadoras do Brasil, a Moura Dubeux acumulou no primeiro trimestre deste ano R$ 21,515 milhões de lucro líquido, aumentando 31% em relação ao mesmo período de 2014. A empresa, líder do setor da construção civil em Pernambuco, atua também no Rio Grande do Norte, Ceará, na Bahia e em Alagoas, estados que correspondem a 60% das operações. De acordo com Gustavo Dubeux, acionista da MD, a expansão da empresa, registrada nos últimos anos, “mostra que estamos no caminho certo com relação aos empreendimentos que lançamos no mercado, mas não podemos esquecer que esse sucesso se deve a uma relação de confiança que temos com os clientes”.

GESTÃO O case de gestão de pessoas da JBR Engenharia ficou em terceiro lugar no Prêmio Ser Humano Paulo Freire, concedido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH–PE). A dissertação “Endomarketing na perspectiva da educação para gestão ambiental – Um estudo de caso na JBR Engenharia”, elaborada pela psicóloga Rosana Freire, foi desenvolvida como trabalho de conclusão do Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável da Universidade de Pernambuco (UPE) e constatou que o uso de técnicas de endomarketing, na perspectiva da educação, contribuiu para a gestão sustentável da empresa. “Se ampliarmos o olhar a partir do caso da JBR verificamos que sem uma ação interna, as empresas não conseguirão atingir uma gestão voltada para sustentabilidade”, comentou Rosana, que também é sócia da Consultoria Gestão & Solução.

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painel acontece

Hostel O Cult Hostel Design, de José Otávio Meira Lins, foi apresentado ao Trade Turístico de Pernambuco. O empreendimento é o primeiro no estilo design da capital pernambucana e tem 66 leitos em quatros quartos coletivos. Com projeto inspirado em hostels design da Europa e do Rio de Janeiro, assinado pela arquiteta Maria Meira Lins, O Cult reúne conforto, arquitetura contemporânea, praticidade e funcionalidade. O local ocupa a área onde antes funcionavam os salões de convenções do Cult Hotel da Rede Marolinda, em Boa Viagem, no Recife (PE). Segundo Maria Meira Lins, o desafio foi criar algo charmoso utilizando materiais e móveis de estilo e reaproveitando toda a iluminação existente. “Adaptar o espaço não foi o mais difícil, porque eram grandes áreas com vãos livres”, afirma.

Administração A LMS|TGI, empresa especializada em gestão de empreendimentos comerciais e shopping centers, assume a administração geral do Paulista North Way Shopping. O centro de compras, em Paulista (PE), está com 75% da obra concluída e tem previsão de inauguração para outubro deste ano. Escolhida entre outras seis empresas do Brasil para administrar o North Way, a LMS|TGI será responsável por gerenciar todas as operações do shopping, em áreas como segurança, manutenção, financeiro, estacionamento, marketing e comercial. “Vencemos a concorrência em virtude dos resultados já alcançados, pela qualidade da nossa equipe técnica e pelo conhecimento do mercado local”, aponta o consultor da LMS|TGI, Eduardo Lemos.

GreeNmix Com projeto assinado pelo escritório Humberto Zirpolli Arquitetura, o Greenmix, que se instalou no bairro de Boa Viagem, na zona sul do Recife, já é considerado o maior e mais completo mercado de comida saudável do Brasil, com 5.000 itens disponíveis. São 700 m de espaços estrategicamente bem pensados para produtos saudáveis, como hortifrúti orgânico e hidropônico, zero açúcar, veganos, nutrição esportiva e ainda padaria glúten free, restaurante, ambiente kids e cozinha show para cursos. À frente do empreendimento, estão o empresário Ricardo Canella e as filhas Rafaela e Mariana Dias.

SIL Com meta de crescimento de 20% no mercado nordestino em 2015, a Sil, fabricante de fios e cabos elétricos de baixa tensão, fortalece a sua estrutura comercial com contratação de um gerente regional de vendas. Quem assume o cargo é Márcio Scorsatto, profissional com ampla experiência no varejo de material elétrico. Sua principal função é aproximar a empresa dos clientes, além de coordenar a atividade dos representantes dos nove estados nordestinos e ampliar a equipe, já que diversas cidades da Região têm se destacado como polos de desenvolvimento, com índices acima da média nacional. Para Scorsatto, o mercado local possui características próprias, questões culturais específicas que precisam ser observadas e entendidas para que sejam trabalhadas de forma adequada. Atualmente, o Nordeste representa em torno de 15% do faturamento anual da companhia.

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Aeroporto Depois da instalação no Aeroporto Internacional Guararapes/GIlberto Freyre, na capital pernambucana, o Siesta Box já fechou contrato e vai implantar o projeto em mais dois aeroportos do País. Os módulos privados têm 5 m² e todo o conforto de hotelaria: são dotados de tecnologia para autoatendimento e proteção acústica, têm acesso controlado por senha individual, além de sistema de climatização. Contam, ainda, com TV em LCD 32’’ e acesso a mais de 100 canais por assinatura e Wi-Fi. A estrutura e o design foram planejados para montagem rápida e dinâmica. Os boxes podem ser instalados em ambiente de grande circulação e permanência limitada, tais como: portos, hospitais, shoppings, feiras, canteiros de obras, eventos remotos e locais de difícil acesso. Até o final do ano, o Siesta Box mantém o plano de expansão e instalação em outros ambientes.

paiva O Grupo Ricardo Brennand inaugurou a primeira operação de varejo na Reserva do Paiva, Cabo de Santo Agostinho (PE): o Empório Gourmet. O empreendimento acompanha o conceito do bairro planejado, tem seu posicionamento estratégico e poderá ser usufruído por um público das mais diversas origens como a Zona Sul — notadamente dos bairros de Piedade e Candeias ou os que procuram um destino turístico, vindos de cidades, como Recife ou Porto de Galinhas, por exemplo. Com uma área de construção de 1.710 m² e área total do terreno de 4.041 m², conta com uma ampla gama de bares e restaurantes. Nesse primeiro momento, estão em pleno funcionamento Koni Mix, Caffé Trieste, Carmem Delicatessen, Dantas Boutique de Carnes, Tortteria, Beijupirá, Pé de Suco, Empório do Açaí, Motor Burguer e Pizza da Praça.

PAIVA ii Em 5 anos de operação, mais de 14 milhões de veículos já percorreram a Rota dos Coqueiros e R$ 75,6 milhões foram investidos para aproximar o Recife às praias do litoral sul de Pernambuco e à Suape. Nesse período, também foram aplicados esforços para garantir a segurança da via, que tem monitoramento 24 horas. Os números de segurança viária da concessionária são significativos. Mais de 6 mil usuários receberam nesse período os cuidados das equipes. A média mensal, atualmente em 120, vem conquistando números menores em função do amplo trabalho que vem sendo realizado com medidas operacionais e campanhas educativas, refletindo nos últimos 12 meses uma redução de 63,45% no número de acidentes.

PARCERIA Os produtos da Trevo Drywall, única fabricante 100% brasileira de chapas para drywall, estão sendo comercializados pela unidade de Fortaleza (CE) do Leroy Merlin, gigante varejista de materiais para construção civil. Segundo Pricila Correali, gerente comercial da Trevo Drywall, a parceria ajudará a popularizar o drywall entre os consumidores finais. “É uma excelente vitrine para a nossa marca e, principalmente, para um tipo de um sistema construtivo ainda pouco conhecido no Nordeste.” O negócio também compreende a venda de acessórios para instalação. Fundada em 2008 e investida pelo fundo Rio Bravo Nordeste, a Trevo Drywall é uma empresa certificada pelo PSQ-Drywall.

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4ª edição do ADIT Juris por Jéssica Leite

Representantes das áreas Jurídica e Imobiliária se reuniram por dois dias em São Paulo, para discutir sobre os rumos da indústria imobiliária nacional. Em sua quarta edição, o Seminário de Soluções Jurídicas para os Setores Imobiliário e Turístico do Brasil, ADIT Juris, superou o número de participantes da versão anterior, atingindo a marca de 260 participantes. Sendo bastante elogiado pela escolha dos temas, o ADIT Juris 2015 contou com a presença de empresários e dos melhores escritórios de advocacia do País, que garantiram o sucesso do evento. Para o advogado Theo Keiserman de Abreu (Campos Mello Advogados) o ADIT Juris é o Seminário de maior evidência do Direito Imobiliário do Brasil. “Aqui podemos trocar ideias com os melhores profissionais do mercado imobiliário. Os painéis foram muito bem propostos, o que nos instiga a debater”, disse. “Falamos sobre a qualidade jurídica da originação dos recebíveis imobiliários, que são fundamentais para que possamos atrair investidores, recursos financeiros e segurança jurídica”, explicou o advogado Carlos Ferrari (N,F&BC Advogados). Para ele, a cada ano há um avanço considerável no entendimento dos empresários brasileiros. foto: adit

Próximo Evento da ADIT Brasil debaterá o setor de Investimentos O próximo seminário realizado pela ADIT Brasil será o ADIT Invest, que neste ano chega a sua 10ª edição e será realizado em Minas Gerais. O evento já se concretizou como instrumento de conexão entre os setores Imobiliário e Financeiro, reunindo: incorporadoras, construtoras, investidores, redes hoteleiras, fundo de investimentos e securitizadoras. Sempre se renovando e se adaptando às tendências do mercado, o seminário tem por finalidade apresentar aos empresários e investidores as melhores soluções para viabilização e desenvolvimento dos empreendimentos, levando em consideração o momento econômico atual. Alguns dos temas abordados nesta edição serão: o impacto da CVM nos condo-hotéis; funding através do mercado de capitais para projetos imobiliários; desvalorização do Real e os seus efeitos no setor turístico; análise do setor de loteamentos e suas perspectivas, entre outros. Em entrevista, o presidente da associação, Felipe Cavalcante, fala sobre a relação do Seminário com o Mercado Imobiliário. Como surgiu o ADIT Invest, e qual é o papel dele perante o Mercado? O ADIT Invest surgiu pela necessidade de se ter uma união entre o Mercado Financeiro e o Mercado Imobiliário. Existem diversos instrumentos de Financiamento Imobiliário que ainda são desconhecidos pelos Empresários brasileiros. Portanto, além de funcionar como ponto de encontro, o ADIT Invest também tem o papel

Felipe Cavalcante, presidente da Adit Brasil.

de disseminar informações para os Empresários e Investidores de todo o País, atualizando-os a cerca do que há de mais moderno sobre o funding para o mercado imobiliário do Brasil. A falta de informação e orientação dos empresários dificulta o crescimento do Mercado? A ausência de conhecimento de alguns Empresários do setor Imobiliário acaba minimizando o potencial de suas empresas, deixando-os restritos as formas antigas. Desta forma, é fundamental que os mesmos compreendam que existem instrumentos financeiros que podem ser úteis no desenvolvimento das empresas, seja para a antecipação de recursos ou para o financiamento de empreendimentos. Em sua concepção, o mercado consegue compreender as discussões promovidas pelo seminário para em seguida colocá-las em prática? Colocar as discussões propostas no seminário em prática é um processo natural para Empresários e Investidores. O ADIT Invest é um evento totalmente rico em informações e focado em networking bem como, procura proporcionar aos participantes a ampliação da rede de relacionamentos, cerca de 90 % dos presentes encontra parceiros em potencial. Mais Informações: adit.com.br/aditinvest



À PRIMEIRA VISTA

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01 ESFERA Com forma simples e uso versátil, a Esfera é uma luminária que pode ser apoiada tanto em móveis quanto no chão. O peso do concreto é atenuado pela suspensão da estrutura em um tubo de cobre, o que confere à peça a leveza necessária para suavizar o ambiente.

02 FÍSICA Madeira, sargento e cobre se encontram nessa composição de formas e materiais tão distintos, mas que produzem uma harmonia visual instigante. A Física, como seu próprio nome induz, desafia as leis da normalidade, remetendo ao equilíbrio, à gambiarra e à propriedade de seus materiais.

03 AGLOMERADO Essa luminária pendente é feita com pedaços de pontalete e fios coloridos. A combinação de materiais simples e industriais em uma estrutura aglomerada, ao ser suspensa, consegue um resultado delicado.

04 ENCANO A presença marcante dos materiais comuns na construção civil, como o concreto e o cobre, contrasta com a estética minimalista da sua estrutura. Peça de maior sucesso da marca, a Encano é quase uma assinatura da Tomada. Sua iluminação dimerizável propõe sensação de aconchego e conforto ao ambiente. tomada.lu I facebook.com/tomadaluminarias

PLUGADOS Concreto, madeira, cobre, arames e uma lâmpada. A mistura desses elementos com influências industriais deu origem àTomada. Suas luminárias passam por um processo de criação totalmente artesanal que une arte e design a materiais pouco convencionais. O resultado é um produto único que te convida a apostar no inusitado para personalizar sua casa do jeito que você deseja. Além de produzir as luminárias do portfólio da marca, os designers mineiros Danilo Guerra e Henrique Cançado gostam de sonhar junto com seus clientes, elaborando peças exclusivas e projetos personalizados de iluminação.

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05 INSPIRAÇÃO Em alta na arquitetura e decoração, o estilo industrial ganha ainda personalidade na nova coleção da Biancogres. Contemporâneo, assim como a arquitetura londrina, a linha de Porcelanatos Digitais London confere modernidade aos ambientes. São quatro referências, duas delas com estampadas e duas com superfícies totalmente lisas. Um dos destaques é o London Pub. O estilo urbano e a atmosfera de Londres são expressas em seu design. São seis opções de placas, com diferentes grafismos entre si, o que permite inúmeras opções de paginação, cheias de atitude. 52 x 52 cm. biancogres.com. 27 3421. 9000.

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06 LIVRO A arquiteta e designer de interiores Leonice Alves acaba de lançar seu primeiro livro. “Estilo, Paixão e Histórias de Vida”, conta com os principais projetos realizados pela profissional nos últimos cinco anos, e é lançado pela Editora Stock Company. A arquiteta tem um estilo que vai do clássico ao contemporâneo e atua com projetos residenciais, comerciais, interiores, urbanismo, dentre outros, além de já ter feito trabalhos em grandes metrópoles e no exterior. O livro chega com formato 24×32, capa dura e terá distribuição gratuita para as empresas do segmento. stockcompany.com.br


VITRINE Estilo

ALÉM DO QUE SE VÊ Para ele, projeto tem que ter alma. Aliás, duas almas: a dele – e do cliente, claro. Porque é preciso ter sensibilidade para enxergar além e captar a maneira de viver, os costumes, os gostos e as expectativas do cliente, para a partir daí criar algo que tenha personalidade e identidade própria. “Quando começo algum projeto, entro de cabeça em tudo o que diz respeito a ele”, conta André Carício. O arquiteto pernambucano - que tem como marca registrada o máximo de aproveitamento do espaço e uma boa resolução da planta -, destaca também o uso da iluminação para valorizar ambientes e peças de decoração, obras de arte e mobiliários. Outra característica do pernambucano é o uso da madeira e o aproveitamento da ventilação natural. “Procuro deixar os ambientes de forma que o proprietário se sinta bem e relaxado, um ambiente onde possa passar aconchego, conforto e ao mesmo tempo que seja atemporal”. Nessa edição, você pode conferir alguns projetos e um pouco desse “estilo” de Carício. É para se inspirar.

01 ILUMINAÇÃO A sala de jantar branca foi projetada para um apartamento onde os proprietários gostam de um estilo mais “clean”, mas sofisticado do ponto de vista de iluminação. Por isso, criamos as estantes com fundo em “lona tensionada” com iluminação difusa. Já a estante, fica pela frente fixada por tubos de aço inox, onde parece “flutuar”. Com desenho da nossa equipe, essa estante ocupa um lugar de destaque no projeto.

02 ACONCHEGO O restaurante foi um projeto para a Casa Cor Pernambuco 2014 e por ter sido à beira mar, valorizamos a vista com um grande lounge de espera voltado para a praia. Uma grande escultura em madeira da artista plástica Náiade Lins foi colocada sobre uma parede de bloco de concreto.

03 MADEIRA Nesse loft, procuramos utilizar a madeira e móveis em tons de cinza, onde conseguimos aconchego e sofisticação ao mesmo tempo.

04 ARTE O destaque desse apartamento ficou para essa grande tela de Lula Cardoso Ayres de (6,20m x 2,10m), onde ocupa a extensão de toda parede. Para valorizar ainda mais essa grande e importante obra de arte, optamos por deixar a sala toda branca, o que provoca ainda mais a sensação de destaque e uma boa iluminação natural para ela.

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CONSUMO DE ÁGUA EM CANTEIROS DE OBRAS A indústria da construção civil contribui de maneira significativa para o esgotamento dos recursos naturais, em especial a água, e pode influenciar o uso desse recurso com implementação de medidas de conservação. Apesar de existirem diversas pesquisas sobre o uso racional da água em edificações, pouco tem sido explorado sobre o tema durante a etapa de construção. Diante disso, essa dissertação apresentada no Curso de Pós-graduação em Engenharia Civil, da Escola Politécnica de Pernambuco da Universidade de Pernambuco, teve o objetivo de investigar o consumo de água em canteiros de obras verticais no município do Recife (PE). Foram selecionadas duas obras de uma única construtora que apresentam localização e etapas construtivas semelhantes e coletados dados relativos ao consumo mensal de água, número mensal de funcionários, custo total da obra e de água e cronograma de atividades, além da instalação de hidrômetros setorizados nos vestiários para verificar o comportamento da utilização da água nesse ambiente. Como resultados, verificou-se que tanto os funcionários como a quantidade de atividades realizadas influenciam a quantidade de água utilizada. Os trabalhadores consomem a maior parte de toda a água. Além disso, foi notado que aproximadamente um quarto da água é utilizado diretamente na construção e o outro um quarto é utilizado nos refeitórios, na cozinha e em atividades indiretas.

Simone Rosa da Silva Engenheira Civil (UFRGS, 1989), Mestre em Engenharia Civil (IPH/UFRGS, 1993), Doutora em Engenharia Civil com ênfase em Recursos Hídricos e Tecnologia Ambiental (UFPE, 2006). Professora Adjunta da Universidade de Pernambuco (desde 2009), coordenadora do Mestrado Acadêmico em Engenharia Civil da UPE e docente colaboradora no Mestrado Profissional em Tecnologia Ambiental do ITEP. Principais linhas de pesquisa: gestão dos recursos hídricos, hidrologia e conservação de água em edificações. Atuou na gestão do Governo do Estado de Pernambuco desde 1992, como pesquisadora do IPA, Gerente de Outorga e Cobrança da Secretaria de Recursos Hídricos, membro de comitês de bacias hidrográficas e representante de Pernambuco em Câmaras Técnicas do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco. É membro da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), sócia fundadora da ONG Associação Águas do Nordeste (ANE) e representa a UPE no Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco.

CAMILLA PIRES DOS SANTOS Engenheira Civil (UFPE, 2010), Mestre em Engenharia Civil (UPE, 2014). Atuou como Engenheira Civil na empresa Geosistemas Engenharia e Planejamento Ltda. e tem experiência na área de Engenharia Civil.

PALAVRAS-CHAVE Água. Canteiro de obras. Consumo de água. Construção. Uso racional.

1- INTRODUÇÃO Apesar do setor da Construção Civil no Brasil ser responsável por parcela significativa da formação de capital e de ser uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e social, é um grande gerador de impactos ambientais. Os desafios enfrentados pela Construção Civil basicamente são a redução e otimização do consumo de água e energia, a redução dos resíduos gerados, a preservação do ambiente natural e a melhoria da qualidade do ambiente construído.

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Em relação ao consumo de água, é crescente a preocupação e atenção dispensada para o aumento de sua eficiência em reconhecimento das necessidades ambientais e vantagens econômicas. No Brasil, vários pesquisadores vêm desenvolvendo diagnósticos e programas de uso racional da água em diferentes tipologias de edifícios. Contudo, as interferências causadas pelos canteiros de obras sobre o consumo de água, segundo Araújo (2009), não têm merecido a devida atenção das empresas, dos profissionais e dos acadêmicos.


Com essa preocupação, o objetivo dessa pesquisa foi investigar o consumo de água em canteiros de obras de edifícios no município de Recife (PE) através da análise dos principais fatores influentes desse consumo nos canteiros de obras, da estimativa de distribuição de água entre uso humano e atividades construtivas, identificação da existência ou não de medidas para racionalização de água nos canteiros estudados, avaliar o custo da água na obra estudada e calcular indicadores de consumo de água. As informações apresentadas neste artigo correspondem aos resultados obtidos em um dos canteiros de obras estudados e fazem parte de uma pesquisa desenvolvida no Mestrado Acadêmico de Engenharia Civil da Universidade de Pernambuco, concluída em 2014. 2 - USOS DA ÁGUA EM CANTEIROS DE OBRAS O canteiro de obras, por definição da Norma Regulamentadora Nº 18 (MTE, 2013), é a área de trabalho onde se desenvolvem atividades para a execução de uma obra e operações de apoio. Nele, a água é um elemento importante tanto para a realização de várias atividades construtivas como para o consumo humano. A utilização da água no canteiro de obras para as necessidades humanas, segundo Pessarello (2008), está relacionada basicamente às demandas essenciais dos funcionários do canteiro, e estas são preservadas de acordo com a legislação trabalhista. A área de vivência, por existir durante toda a construção, é responsável por parcela significativa do consumo de água de toda a obra, devendo receber atenção especial no tocante à eficiência desse recurso para essa finalidade (WRAP, 2012). No canteiro, os locais em que há consumo de água, segundo a NR18 (MTE, 2013), são instalações sanitárias, alojamento, local de refeições, lavanderia e cozinha, quando houver preparo de refeições. Na literatura nacional e internacional, encontram-se alguns índices de consumo de água, porém são valores bastante distintos, conforme mostrado na tabela 1. Diante dessa variabilidade de consumo per capita e das particularidades de cada região, buscou-se encontrar valores adequados à realidade da Região Metropolitana do Recife. Tabela 1 – Consumo per capita de água em canteiros de obras

3 - RESULTADOS Seleção da construtora A construtora escolhida para a pesquisa atua há mais de 30 anos na Região Metropolitana do Recife (PE) realizando obras verticais com múltiplas finalidades. Essa empresa selecionada mostrou interesse em participar da pesquisa, pois se preocupa e identifica-se com a questão ambiental em suas obras. Seleção da obra A obra selecionada foi um edifício residencial de alto padrão, localizado no bairro de Boa Viagem, 17 andares, dois apartamentos de 150 m² por andar, cobertura de 300 m², totalizando uma área construída de 7.467,66 m². Os itens de lazer são salão de festas, sauna e piscina. O mês de início da obra foi agosto de 2010, com conclusão em janeiro de 2014, totalizando 42 meses de obra. Em janeiro de 2014, o edifício foi considerado concluído e inaugurado pela construtora, porém algumas reformas finais nos apartamentos seguiram até junho de 2014. O período de coleta das informações obtidas no canteiro foi de dezembro de 2010 a dezembro de 2013, devido ao fato desse canteiro de obras não possuir registros anteriores a dezembro de 2010, início da etapa de fundação. Nessa obra, foi instalado um hidrômetro setorizado no vestiário, com o objetivo de observar o comportamento da água utilizada nesse ambiente, pois especula-se que o maior consumidor de água em um canteiro de obras é o funcionário, porém poucos registros existem com relação a esse assunto. O período de realização da instalação e das leituras do hidrômetro setorizado ocorreu entre janeiro e junho de 2013. O curto período de leituras deveu-se à retirada do hidrômetro pelos funcionários e posterior instalação inadequada, invalidando os dados coletados após a data de junho de 2013. Coleta dos dados Os dados foram coletados através de entrevistas realizadas durante visitas ao canteiro de obras e envio de dados pela equipe de Gestão da Qualidade da construtora. Foram registradas informações sobre o consumo mensal de água, formas de abastecimento, número mensal de funcionários, custo total da obra e de água, fases da obra, atividades realizadas consumidoras de água e período de execução, além de verificar a existência ou não de desperdício e/ou medidas de racionalização. Consumo de água por funcionário Com as leituras do hidrômetro setorizado, foram calculados indicadores de consumo de água por funcionário por mês, dia e hora. Para o indicador de consumo de água por mês, utilizou-se a unidade metro cúbico por pessoa por mês (m³/pessoa/mês), para melhor comparação com o volume de água mensal utilizado em todo o canteiro, registrado no almoxarifado, conforme equação 01.

i1 = Durante a construção, a água é um recurso que compõe diversas atividades em um canteiro de obras. A sua forma de utilização varia de acordo com as operações realizadas ao longo das fases de construção. Todavia, a água não é vista ou tratada como um material de Construção Civil. Essa situação, segundo Neto (2013), pode ser observada nas composições de custos dos serviços de engenharia que não incluem a água como insumo das atividades correntes. Algumas das atividades que utilizam água são compactação de aterro, fabricação de concreto, argamassa, cura do concreto, teste de impermeabilização, pintura a látex e limpeza. O desperdício, segundo Yazigi (2011), é o consumo de recursos em qualquer atividade sem que isso agregue valor ao cliente, qualquer ineficiência na utilização da mão de obra, materiais e equipamento em quantidades superiores àquelas necessárias à produção da edificação. O desperdício de água pode ocorrer devido à negligência dos usuários, execução de instalações hidrossanitárias por mão de obra desqualificada, concepção de projeto inadequada, vazamentos, falha ou inexistência de manutenção. Além disso, o uso de água potável em atividades com potencial para reúso de água como supressão de poeira e limpeza pode ser considerado desperdício.

Volume de água medido (m³) N º de funcionários

O consumo per capita refere-se ao consumo dos dias úteis (22 dias) do mês padrão, sem feriados (equação 02). A unidade utilizada para este resultado foi L/pessoa/dia, para comparação com os valores apresentados na Tabela 1.

i × 1000 ( L) i2 = 1 2 dias

O último indicador de consumo calculado é o consumo de água por funcionário por hora (L/pessoa/hora). Esse indicador foi calculado tendo como referência a hora de um trabalhador com carga horária semanal de 44 horas, de segunda a sexta, ou seja, uma média de 8,8 horas diárias. O cálculo desse indicador está apresentado na equação 03.

i3 =

i2 ( L) 8,8 horas

Não foram consideradas as atividades consumidoras de água da área de vivência relativas ao refeitório e à cozinha, portanto o consumo de

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água diário de um funcionário é superior ao medido pelo hidrômetro instalado no canteiro de obras. Dentre as atividades consumidoras de água não inclusas nessas medições setorizadas, estão a água utilizada nos bebedouros e para lavar a louça após o almoço. As medições mensais realizadas de fevereiro a junho de 2013, obtidas com a instalação do hidrômetro setorizado, registram que o consumo per capita dessa obra foi em média de 86,64 L/pessoa/dia, sendo o valor mínimo de 68,18 L/pessoa.dia e o valor máximo de 95,38 L/pessoa/dia. A média obtida está acima dos valores previstos pela literatura existente, comparando-se com os valores apresentados na Tabela 1. O consumo de água de um funcionário por hora foi de 9,84 litros e o consumo médio mensal por funcionário foi de 1,91 m³/pessoa/mês. Distribuição da água no canteiro de obras A distribuição real do consumo de água no canteiro de obras indica que a maior parte de toda a água utilizada é destinada para o uso humano nos vestiários (57,90%). As atividades construtivas executadas nesse canteiro que necessitam de água, somadas, representam 16,91% do consumo total (1.044,06 m³), e 25,19% da água utilizada durante toda a construção refere-se a “Outros”, que incluem o desperdício de água, consumo humano no refeitório e na cozinha, usos indiretos como limpezas, testes de verificação das tubulações hidrossanitárias e pluviais, aspersão de água no solo para redução da poeira. Observa-se que, dentre as etapas construtivas realizadas nessa obra, a etapa com o maior consumo desse recurso é a de impermeabilização (480,74 m³), com a realização dos testes de estanqueidade, representando 7,79%. Em contrapartida, a etapa com o menor consumo de água foi a etapa de fundação, que apresentou o menor percentual de consumo de água de 0,11%, ou 6,69 m³, do volume de água. Isso deve-se ao fato do concreto utilizado nos blocos de fundação ser usinado e apenas o concreto magro ser preparado in loco. Custo da água O custo estimado para a aquisição da água foi calculado a partir de informações obtidas no canteiro de obras sobre o volume mensal de água e custo dos carros-pipas. Com isso, estimou-se o custo médio mensal e total para todo o período construtivo. Por fim, foi estimado percentualmente a representatividade do custo para aquisição desse recurso natural em relação ao custo para a construção de toda a obra. Essa obra foi exclusivamente abastecida diariamente por carrospipa de 8 m³ e despendia o valor de R$100,00 por carro-pipa durante o período de janeiro de 2010 a abril de 2013, ou seja, R$12,50/m³. Entre maio e dezembro de 2013, o custo do carro-pipa de 8m³ passou a ser de R$160,00, ou R$20,00/m³. A média de custo para a aquisição de um carro-pipa nesse canteiro foi de R$112,00, ou R$14,00/m³. Devido ao fato desse canteiro ser abastecido completamente por carro-pipa, não houve custos relativos ao lançamento de água servida no sistema de esgoto da cidade. Com um consumo médio de água de 171,53 m³/mês, o custo médio mensal de água para o canteiro de obras é R$2.417,22, totalizando R$ 87.020,00 para os 42 meses de obra. Este valor corresponde a 0,74% do custo total da obra. Para a situação hipotética do concreto estrutural ser preparado no próprio canteiro de obras, o consumo total de água aumentaria de 1.040,61 m³ para 1.515,79 m³, e, proporcionalmente, o custo aumentará de R$87.020,00 para R$93.716,38, representando 0,79% do custo total desta obra. Consumo de água por área construída O consumo de água por área construída é um indicador de consumo de água geral e foi obtido a partir da relação entre o volume de toda a água utilizada e a área construída da obra pesquisada (equação 04). Conclusões Nesta pesquisa, constatou-se que o consumo de água no canteiro de obras estudado é influenciado pela quantidade de atividades realizadas, pois, como observado no período de início, na etapa de fundação, o volume de água consumido é significativamente inferior em comparação aos meses em que existem várias frentes de serviço realizando atividades simultaneamente, tais como revestimento, impermeabilização, alvenaria, estrutura e instalações.

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Outro fator influenciador no consumo de água no canteiro é o número de funcionários. À medida que aumentam as frentes de serviço, o número de funcionários aumenta e, consequentemente, o consumo de água. Notou-se que 57,90% de toda a água consumida no canteiro estudado é direcionada para o uso humano no vestiário. Isso indica que o impacto causado pelos funcionários ao consumo de água é ainda superior, pois a água destinada às áreas de refeitório e cozinha não foram avaliadas nesta pesquisa. Com a estimativa do consumo de água para os funcionários, notou-se que o consumo per capita calculado de 86,64 L/pessoa/dia é superior a outras referências consultadas na literatura. Apesar desse consumo calculado ser superior ao da categoria acima citada, apresenta-se próximo ao estabelecido para essa categoria, sendo justificado pelo fato de que os funcionários desta obra passam grande parte de seu tempo no trabalho e tomam ao menos um banho por dia no fim da jornada de trabalho. Esse comportamento é comum nos canteiros de obra do município do Recife (PE). A identificação do consumo de água em atividades construtivas e por funcionário colaborou para a elaboração da distribuição dos usos da água nos canteiros estudados, que, segundo pesquisa, identificou que além dos 57,90% de água direcionados para o uso dos funcionários nos vestiários, 25,19% desse recurso é utilizado tanto nas áreas de refeitório e cozinha, como na realização de atividades indiretas como limpeza de equipamentos e ferramentas, diminuição da poeira e desperdício. Além disso, verificou-se que apenas 16,91% de toda a água é utilizada diretamente para a execução da obra em questão. Observou-se que as etapas apontadas como maiores consumidores de água foram o revestimento e a alvenaria. Todavia, com esta pesquisa constatou-se que a quantidade de água utilizada por estas etapas juntas representam menos de 3,0% do total. As atividades avaliadas como maiores consumidoras de água nos canteiros foram a cura do concreto e a realização de testes de impermeabilização, representando em média 14,56% do consumo total de água. Além da distribuição da água no canteiro de obras estudado, calculouse que o volume de água utilizado por área construída é 0,83 m³/m², que, ao ser comparado com os resultados obtidos por Pessarello (2008), que variam de 0,37 a 0,68 m³/m², nota-se diferenças significativas, sugerindo a necessidade de mais estudos sobre esse indicador de consumo de água. O custo para a obtenção desse recurso natural representa 0,74% do custo total para a construção dessa edificação. Notou-se que o custo de aquisição de 10 m³ de água por carro-pipa custa de R$112,00 a R$140,00, valor superior ao cobrado pela Concessionária para um volume semelhante de 8 m³. Essa preferência pela forma de abastecimento de água do tipo carro-pipa, apesar de ter um custo maior em relação ao da concessionária, justifica-se no fato da demanda de água utilizada ser superior ao volume de água fornecido pela concessionária. Identificou-se a existência de formas de racionalização da água no canteiro de obras estudado, como o reaproveitamento de água dos lavatórios para os mictórios, a utilização de placas de conscientização, o uso de argamassas prontas com quantidades específicas de água, o uso de concreto usinado e recobrimento na cura do concreto. Apesar dessas medidas, verificou-se a existência de desperdício de água, principalmente por negligência dos funcionários, especialmente na falta de atenção para desligar torneiras e mangueiras após o uso nas atividades da obra, tornando-se potenciais pontos de trabalho para a otimização da água. Outras formas que podem ser aplicadas para o racionamento desse recurso são o gerenciamento da quantidade de água utilizada em cada atividade, ou setor, através de hidrômetros setorizados e leituras frequentes desses hidrômetros, substituir e/ ou implantar componentes economizadores de água, como bico de gatilho nas mangueiras, consertar os vazamentos existentes, realizar campanhas de economia de água entre os funcionários. Ao concluir esta pesquisa, verifica-se a importância da continuidade do estudo devido à sua relevância no âmbito das construções sustentáveis e da necessidade de otimização do uso desse recurso precioso para a vida terrestre.

O trabalho completo está disponível no nosso portal: construirnordeste.com.br


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USO DE ANÁLISE TERMOGRÁFICA PARA DETECÇÃO DE MANISFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Diego José Araújo Viégas e Yêda Vieira Póvoas*

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s manifestações patológicas, além de reduzirem a vida útil da edificação, podem gerar desconforto e risco para as pessoas que utilizam diretamente o empreendimento e para os transeuntes de seu entorno. A termografia infravermelha constitui uma poderosa ferramenta preditiva usada no diagnóstico precoce de falhas e outros problemas. A câmera termográfica é um equipamento interessante para inspecionar e detectar de forma ágil, eficaz e não destrutiva os problemas que estão ocultos. Essa câmera mede, por meio da emissão de raios infravermelhos dos objetos, a temperatura superficial dos elementos construtivos, sendo possível detectar alterações na superfície ou até mesmo uma perda de calor do alvo (Figura 1). Os sistemas de termografia infravermelha captam a radiação térmica pelo fato de todos os corpos estarem a uma temperatura

superior ao zero absoluto e convertem-na em uma imagem, termograma (Figura 2), que representa a distribuição da temperatura superficial do objeto observado. O termograma vem acompanhado por uma medição térmica precisa, em que a temperatura é representada em forma de escala para mostrar as condições reais de um objeto. A escala varia da menor para a maior temperatura medida, apresentando diferença de tonalidade. O tom azul-escuro mostra a região mais fria, e o tom amarelo representa a região mais quente. Para operar a câmera, antes de captar o termograma, é necessário inserir o valor de emissividade do objeto, da temperatura ambiente, da umidade relativa, da distância até o objeto, entre outros dados. Encontra-se em andamento uma pesquisa de mestrado na Poli–UPE intitulada Utilização de termografia infravermelha em fachadas de edificações para verificação de

descolamento de revestimento cerâmico, em que está se verificando a capacidade da análise termográfica para a detecção de manifestações patológicas. Essa análise é bastante difundida em outros ramos da Engenharia, como na Engenharia Mecânica (aquecimento de motores) e na Elétrica (curto-circuito). Por se tratar de ferramenta pouco utilizada na detecção de manifestações patológicas, o equipamento é pouco conhecido na Engenharia Civil. No entanto, a manutenção preditiva com o auxílio da termografia infravermelha vem se tornando cada vez mais eficiente e eficaz, aumentando a confiabilidade e tornando possível o aumento da vida útil dos empreendimentos, evitando as reformas/manutenções não planejadas. Esse fato torna a termografia infravermelha viável e atraente tanto para o solicitante da inspeção quanto para o perito.

Figura 2 - Termograma Figura 1 - Câmera termográfica

* Diego José Araújo Viégas é Eng. Civil pela Poli-UPE; Mestrando em Engenharia Civil da Universidade de Pernambuco – UPE * Yêda Vieira Póvoas é Eng. Civil pela Poli-UPE; Mestre e Doutora em Engenharia de Construção Civil e Urbana pela Universidade de São Paulo – USP

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Entre o público e o privado A ONU estima que, em 2050, 66% da população mundial viverá em cidades. Diante do adensamento populacional nas próximas décadas, emergem no coração das cidades duas tendências distintas e opostas: o isolamento e a busca pelo convívio. De um lado, cresce o número de pessoas em busca da chamada vida intramuros, expressa pela vivência em condomínios fechados. De outro, aumenta a demanda por um modo de vida que valoriza a convivência com a diferença e a ocupação dos espaços públicos pela população de modo geral. por Tory Oliveira


A segurança e o medo da violência são apontados como os principais motivos para justificar a moradia em condomínios fechados. A oferta de áreas verdes e de lazer é também outro ponto importante, além da exclusividade.

Durante grande parte da trajetória dos seres humanos na Terra, vivemos no campo, em áreas rurais, com modos de vida distintos daqueles encontrados em regiões caracterizadas como urbanas. Em 1950, por exemplo, apenas 30% da população mundial vivia em centros urbanos. No futuro próximo, porém, a situação será invertida — e grande parte da humanidade viverá em cidades. Projeções realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que a proporção da população mundial vivendo em áreas urbanas passará dos atuais 54% para 66% em 2050. Esse contingente representa um acréscimo de 2,5 bilhões de indivíduos morando em cidades até a metade do século, com 90% do aumento concentrado em cidades na Ásia e na África. Desde 1950, a humanidade observou um crescimento acelerado no número de habitantes que viviam em aglomerados urbanos: passou de 746 milhões para 3,9 bilhões em 2014. Apesar do nível ainda baixo de urbanização, sozinha a Ásia abriga metade (53%) dos seres humanos vivendo em cidades, seguida pela Europa (14%) e pela América Latina (13%). Até 2045, cerca de 6 bilhões de pessoas deverão viver em ambientes urbanos. Essa transformação trará, principalmente para os países em desenvolvimento como

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o Brasil, desafios da área de habitação, transporte e infraestrutura, além de serviços básicos como educação, saúde, energia e emprego, aponta a ONU. John Wilmoth, diretor da Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, foi categórico ao apresentar os dados.“O nosso sucesso ou não em construir cidades sustentáveis será um enorme fator no sucesso da agenda de desenvolvimento da ONU para depois de 2015.”

Dentro dos muros Diante do adensamento populacional projetado para as próximas décadas, emergem no coração das cidades duas tendências distintas e opostas que tentam responder às demandas desse novo modo de vida: o isolamento e a busca pelo convívio. De um lado, cresce o número de pessoas, em especial das camadas médias e altas da sociedade, que busca a chamada vida intramuros, expressa pela vivência em condomínios fechados ou pela busca por espaços privatizados dentro da própria cidade. De outro, aumenta a demanda por um modo de vida que valoriza a convivência com a diferença e a ocupação dos espaços públicos pela população de modo geral.

No primeiro caso, explica o arquiteto e urbanista Anderson Kazuo Nakano, trata-se de uma tendência que está em curso, e não apenas nas cidades brasileiras. “Há um grupo de pessoas que vê a cidade a partir do ponto de vista dos impactos e das ameaças e riscos, do ponto de vista social, da violência urbana e de encontros indesejados com outros grupos sociais”, afirma o doutorando em Demografia no Núcleo de Estudos Populacionais da Universidade de Campinas (Unicamp). Esse grupo, diz o também professor em Direito Imobiliário da Fundação Getúlio Vargas (FGV–SP), tende a se organizar em espaços mais controlados, habitados por grupos socioeconômicos muito similares entre si, com o mesmo padrão de consumo e valores culturais. “Eles se relacionam com a cidade de maneira mais limitada, por conta de receios da violência urbana e de entrar em contato com grupos de menor renda.” Um dos primeiros tipos de bairro-condomínio surgiu na década de 1970, na região metropolitana de São Paulo, nos municípios de Barueri e Santana do Parnaíba — o Alphaville. “Trata-se de uma importação do modelo de subúrbio norte-americano, que lá existe desde a década de 1930 e que ganhou força no pós-Segunda Guerra, muito por conta da volta ao país dos jovens que participaram do


O parque High Line, em NY, é um dos grandes exemplos da iniciativa por espaços de convivência. Construído sobre uma ferrovia suspensa desativada, elevada a oito metros do chão, ele se estende por uma das áreas mais movimentadas de Manhattan.

conflito e do baby boom”, explica Kazuo Nakano. No Brasil, esse fenômeno chegou nos anos 1970, espalhando-se, em seguida, pelas cidades médias e outras regiões do País. “Alphaville virou uma franquia, e, ao lado disso, surgiram os loteamentos fechados, que nem existem como figura no nosso ordenamento jurídico.” O que existe, afirma o professor, é o chamado loteamento público, ou seja, a delimitação de uma área verde, como uma praça. Apesar disso, a partir da década de 1990, passou a ser comum o fechamento de bairros inteiros dentro de uma cidade. “Você põe uma guarita e controla o acesso. Parece um condomínio fechado, mas não é, porque as ruas e vias de uma cidade são públicas.” Diante disso, como o poder público pode atuar? Na visão de Kazuo Nakano, por meio de legislação e de planejamento urbano. “Há bastantes instrumentos para definir isso nos planos diretores e nas leis de uso e ocupação do solo. Hoje existe um grande cabedal de instrumentos jurídicos para o ordenamento urbano. A responsabilidade dos municípios é tirar isso do papel, mas nem todos conseguem.” Segundo Rafael Arantes, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a proliferação de condomínios fechados nas cidades brasileiras está relacionada a um conjunto de determinantes

que operam em vários níveis, desde elementos mais gerais, estruturantes da realidade, até dimensões mais subjetivas e vinculadas aos imaginários sociais. Em primeiro lugar, esclarece o também pesquisador do Núcleo Salvador do Observatório das Metrópoles, é importante considerar que os condomínios fechados são produtos imobiliários que vêm se difundindo nas cidades brasileiras na esteira de um processo de ampliação do poder de ação do mercado imobiliário na transformação da estrutura das cidades. “O que alguns autores vêm chamando de mercantilização do desenvolvimento urbano”, afirma. Esse processo somente pôde se constituir porque, concomitantemente a ele, o Estado tem assumido um papel subsidiário nas suas funções de planejamento e gestão urbana, terceirizando ao mercado essas funções, associado ao discurso do empreendedorismo urbano que entende as cidades como ativos econômicos que devem ser geridos dentro de uma lógica mercadológica. “Dentro desse panorama surgem e se expandem os condomínios fechados, que passam a utilizar em suas estratégias publicitárias um conjunto de elementos que captam, e ao mesmo tempo estimulam, determinadas representações sociais e imaginários presentes na sociedade.”

Rafael Arantes ressalta que pesquisas internacionais — e outras desenvolvidas em solo brasileiro — tentam abarcar as motivações que levam alguém a buscar esse estilo de vida dentro da cidade. A segurança (ou a ilusão de segurança) emerge como um dos motivos centrais. “Justificadas pelo aumento da violência, mas principalmente pelo discurso do medo cada vez mais presente nas nossas cidades — discurso esse, diga-se de passagem, incentivado por uma indústria da segurança, ou seja, por um ‘capital do medo’ —, a principal dimensão da crescente valorização desses empreendimentos é a segurança, a busca da moradia fortificada.” Além desse elemento central, outros podem ser encontrados: a busca por um novo estilo de vida, por uma maior qualidade de vida, próxima à natureza ou o acesso a um conjunto de equipamentos de lazer e serviços privativos. Essa última dimensão é especialmente relevante para famílias com filhos, que buscam dar mais liberdade e autonomia a eles. “Em síntese, portanto, no Brasil, muitas pessoas vêm buscando nos condomínios fechados aquilo que acreditam não mais existir nas cidades, nas suas áreas públicas — segurança, estrutura, qualidade de vida, confiança, etc. Isso passou a ser buscado através da aquisição desse produto

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O arquiteto e urbanista Anderson Kazuo Nakano.

imobiliário que se oferece como a solução para essas questões”, analisa Rafael. As consequências da proliferação de condomínios fechados, porém, são muito negativas para a cidade como um todo. Ao encastelar as pessoas dentro de espaços privativos, há uma desertificação da calçada, do espaço público, o que gera, por sua vez, um aumento da insegurança. “Você vê isso nos bairros de classe média e classe média alta. Para quem está passando do lado de fora dos condomínios, caracterizados muitas vezes por grandes espaços murados, isso traz insegurança, medo, principalmente à noite”, afirma Kazuo Nakano. No entanto, pondera, esse modo de vida não precisa ser, necessariamente, ruim. “Não adianta dizer que esses espaços precisam ser exterminados. Há pessoas que desejam viver assim, e a cidade precisa acomodar essas opções de vida da melhor maneira possível.” E é por isso que o arquiteto defende regras para a implantação desse tipo de moradia dentro da cidade. “Não podemos ter metade da cidade com bairros murados,

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que muitas vezes precisamos contornar para circular no espaço urbano. É preciso limitar isso”, pondera. Para o sociólogo Rafael Arantes, o processo de autossegregação contribui para a configuração de um modelo de cidade assentado na tensão, na separação, discriminação e suspeição, no qual são reafirmados hierarquias e privilégios sociais, já que os condomínios fechados se conformam como uma negação da diversidade e heterogeneidade, que sempre marcaram as cidades modernas. “Se originalmente os fossos da cidade construíam uma barreira entre os cidadãos e os estrangeiros, atualmente o processo de autossegregação e fortificação produz uma apartação entre membros de uma mesma sociedade e isso tem consequências profundas tanto sobre aqueles que passam a viver intramuros, por assim dizer, quanto para a sociedade como um todo”, defende. Assim, os condomínios fechados e os demais enclaves fortificados — termo cunhado pela pesquisadora da Universidade de Berkley Teresa Caldeira, autora do livro Cidade dos Muros — constroem uma cidade que não produz encontros, diálogos, vínculos ou solidariedade. Ao contrário, na opinião de Rafael, criam suspeição, separação, exclusão. “Como a solução encontrada por determinados grupos sociais é seu enclausuramento em espaços privativos, e inclusive porque essa lógica tem se ampliado também para os demais grupos, a tendência é a de que as pessoas busquem soluções privadas para problemas que são coletivos, ou seja, um individualismo indiferente ao bem comum que tem gerado uma dessolidarização dos destinos coletivos das nossas cidades.”

Cidades para pessoas: uma contratendência Ao mesmo tempo, afirma Kazuo Nakano, emerge na disputa de forças na sociedade uma outra tendência — ou contratendência. Nas cidades, o que há de mais intenso e contraditório é justamente a convivência em meio às diferenças. “Eu vejo grupos de diferentes tipos de vida e padrão socioeconômico que vão buscar ter contato e vivências

em áreas mais misturadas do ponto de vista econômico ou cultural. Eles procuram desenvolver uma urbanidade coletiva baseada em contatos. Eles organizam, por exemplo, festas em espaços públicos”, analisa o arquiteto. Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, também concorda que os dois movimentos são reais e existentes. “O que acontece, e é um fenômeno interessante, é que estamos vivendo uma transição”, afirma. Isto é, as características de um modo de vida oriundo de um passado recente estão convivendo, dentro das cidades, com um modo de vida característico de um futuro próximo.“Isso é o que define um período de transição. Estamos ainda convivendo com um mercado imobiliário acostumado à sua zona de conforto. O mercado oferece hoje o que vendeu ontem.” Isso acontece, na visão do arquiteto, porque ainda há um déficit habitacional muito grande no Brasil. No entanto, já existe, dentro do próprio mercado imobiliário, nichos de excelência que já perceberam que os tempos mudaram e estão buscando investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. No século 21, explica Valter Caldana, já não moramos apenas em nossas casas, mas na cidade. “A cidade é a grande casa, e isso se deve, em boa parte, aos novos modos de produção, de consumo e de conectividade”, analisa o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Mackenzie. “Diante disso, as novas gerações, principalmente, já se aperceberam disso e estão exigindo uma nova cidade.” No fundo, o que se passa é que existe essa convivência entre as duas tendências, que estão se sobrepondo. O que vai acontecer? Na visão de Caldana, os grupos contemporâneos tendem a sofisticar seu padrão de compra e definir alterações nas ofertas disponíveis no mercado imobiliário. “Novos produtos e a qualificação dos espaços públicos, seja pelo poder público ou pelo privado.” Isso já é realidade em cidades como Nova York (EUA), Los Angeles (EUA), Londres (Inglaterra) ou Paris (França), onde já está bastante avançada a questão da qualificação dos espaços públicos. “No Brasil,


nós praticamos durante muitos anos o chamado extrativismo urbano. Nossa relação com a cidade nos últimos 200 anos sempre foi muito negativa. Sempre retiramos e raramente devolvemos alguma coisa para a cidade”, explica Caldana. Isso levou às cidades brasileiras a um ponto de esgotamento, do ponto de vista de infraestrutura, principalmente. Estamos, estima Caldana, 20 anos atrasados na discussão. No entanto, estamos tentando tirar o atraso com rapidez, ressalta. “As jornadas de junho de 2013, por exemplo, que exigiam melhorias no serviço público, no caso o transporte, mostram isso.” Para Kazuo Nakano, a busca por uma cidade mais inclusiva e aberta está se tornando um valor e uma experiência urbana cada vez mais forte. “As cidades têm muito conflito e acúmulo de problemas, mas, ao mesmo tempo, ela é uma geografia de oportunidades”, afirma. Rafael Arantes, do Observatório das Metrópoles, pondera que, para haver uma transformação das cidades brasileiras, é preciso, necessariamente, alterar a ordem social que tem produzido tais características: a ampliação do poder do mercado imobiliário e a restrição do planejamento e da gestão por parte do poder público. “Dessa forma, tendo a não ser tão otimista”, conta. De todo modo, diz, usando uma reflexão do filósofo Antonio Gramsci, é preciso unir o pessimismo da razão com o otimismo da vontade e, mais ainda, da capacidade de ação. “Movimentos da sociedade são muito importantes tanto para se alcançar reivindicações mais diretas quanto para a constituição de determinado acúmulo de forças. Estes, sim, podem permitir alterar a lógica atual que governa a produção das cidades brasileiras, de modo a construir uma cidade menos desigual, que garanta a efetivação dos direitos dos seus cidadãos e que permita a configuração de espaços públicos, abertos e plurais, onde se possam desenvolver padrões mais democráticos de relação entre os distintos grupos sociais”, defende. A relação de desprezo com a cidade, característica marcante da vida brasileira nos 2 últimos séculos, está esgotada, decreta o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Mackenzie. “Esse

modelo não serve mais. Podemos até dizer que o novo modelo ainda não está pronto, mas já temos bons indícios de quais serão os pilares desse novo modo de vida.” São eles: a valorização do espaço público e um maior deslocamento da moradia pela cidade. “Não vamos mais morar a vida toda no mesmo bairro. A mobilidade urbana hoje cobra um custo muito alto, não vai dar para morar em um local e trabalhar em outro a 10 quilômetros. Isso vai criar um giro no mercado imobiliário.” O fato é que os dois movimentos estão em curso nas cidades do Brasil. Resta saber como se comportarão o poder público, o mercado imobiliário e a própria sociedade nesse jogo de forças urbanístico.

Megacidades Atualmente, quase metade da população urbana vive em cidades com menos de 500 mil habitantes. Apenas um em cada oito reside nas 28 megacidades do mundo, todas com mais de 10 milhões de habitantes. A população atual das megacidades cresceu para 452 milhões — 12% do contingente de pessoas vivendo em áreas urbanas hoje. A capital do Japão, Tóquio, é a maior cidade do mundo, concentrando 38 milhões de habitantes. Delhi, na Índia, agrega 25 milhões, e a chinesa Xangai (23 milhões) ocupa o lugar de terceira maior cidade do mundo em número de habitantes. Cidade do México, Mumbai (Índia) e São Paulo aparecem no ranking empatadas, com 21 milhões cada uma. Projeções da ONU revelam que, daqui a 15 anos, em 2030, o número de megacidades deverá saltar de 28 para 41. Outra mudança deverá ocorrer na localização dos maiores aglomerados urbanos: décadas atrás, eram os países desenvolvidos que ostentavam as maiores cidades. Nos próximos anos, porém, esse posto será ocupado pelos países em desenvolvimento, em especial os localizados na Ásia e na África. Tal mudança trará grandes desafios para o poder público e para as áreas de arquitetura e urbanismo, especialmente por conta do crescimento das demandas nas áreas de moradia e infraestrutura.

Rafael Arantes, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.

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Entrevista com Rita Martins Advogada especialista em mercado imobiliário sediada em Salvador (BA), Rita Martins faz um contraponto e afirma que o poder público também precisa se posicionar.“Quem tem que incentivar a integração das cidades, a derrubada dos muros, das guaritas e dos portões não é exclusivamente o empresário da construção civil, mas o governo, com uma série de medidas a médio e curto prazos”, defende. Leia, a seguir, a entrevista com a advogada.

ConstruirNordeste:Comoasenhoracomeçouatrabalharnessesetor? Rita Martins:Sempre quis seguir a carreira jurídica,mas comecei a trabalhar nesse setor específico por influência do meu pai,que era Oficial do Registro de Imóveis do Primeiro Cartório de Salvador,na Bahia. ConstruirNordeste:Comoé,atualmente,alegislaçãoarespeitodeloteamentosparacriaçãodecondomíniosfechadosnasprincipaiscidadesbrasileiras? RitaMartins:ExisteaLeideParcelamentodoSoloUrbanoeaLeideIncorporaçõesImobiliárias—Condomínios.Arigor,atualmente,pelalegislaçãodisponível,ouvocêfaz um loteamento,que é a divisão da gleba bruta em lotes urbanizados,onde as vias de circulação,as praças e demais áreas de convivência pertencerão ao poder público, ou você faz um condomínio fechado onde as áreas de praças e de convivência são privadas,devendo existir a edificação e não apenas lotes.Contudo,o mercado imobiliário evoluiu bastante,assim como as formatações dos empreendimentos imobiliários.O empresário pesquisa o mercado e procura dar forma ao desejo do cliente. A legislação vai a reboque.Em decorrência disso,hoje no Brasil,cada região usa a legislação existente de forma diferente,de acordo com as interpretações e a legislação municipal local.Precisamos ordenar isso. ConstruirNordeste:Alegislaçãoatualésuficienteparaabarcarascontradiçõesdocenárioimobiliário/urbanístico? Rita Martins:Não.Como falei anteriormente,a legislação que temos disponível hoje,para estruturarmos empreendimentos imobiliários,principalmente os de grande porte,é muito limitada.A Lei de Parcelamento do Solo Urbano é de 1979 – Lei de Loteamentos e a Lei 4.591 são de 1964 — Condomínios — ou seja,elas trazem previsões para um mercado imobiliário de outras décadas, com outras necessidades. Não existe hoje uma legislação que atenda às necessidades do mercado. Por isso observamos o uso de um certo“mix”das duas legislações,para atender ao planejamento urbano de novos bairros e comunidades.Como vender,por exemplo,um lote num empreendimento aberto,com a nossa total carência de segurança pública? Ou o empreendimento oferece total segurança ao adquirente ou ele não paga pelo produto.Assim,encontramos hoje,em larga escala,condomínios de lotes,portanto,parcelamento do solo urbano,permitido,inclusive por muitas legislações municipais, que precisam dar forma jurídica à sua expansão urbana,atendendo ao mesmo tempo às necessidades atuais do cidadão. ConstruirNordeste:Quaissãooscasosmaisexemplares,quemerecemsercitados,sobreoassuntoqueasenhorajásedeparou? Rita Martins:São vários! Nosso escritório já estruturou várias comunidades planejadas em diversas cidades,buscando obviamente o fundamento jurídico na legislação existente, mas usando a criatividade dentro do bom senso. Os municípios buscam se adequar para fazer suas regiões prosperarem.Temos o caso do Alpha Parque Recôncavo,localizado nos municípios de Santo Antônio de Jesus e Conceição do Almeida,que obteve muito sucesso comercial e foi inovador na região.Trata-se de um condomínio fechado de lotes residenciais,onde todas as praças e ruas são privadas,oferecendo total segurança ao adquirente final.O adquirente é responsável por todaamanutençãodoempreendimento,nãodependendodasmudançasnaadministração;outrocasoéoVillasdeSãoJoséemItacaré—umcondomíniodeglebas, destinados a empreendimentos imobiliários para primeira e segunda residências,que também é fechado.Vários são os municípios em diversos lugares do Brasil que têm previsão legal mais sofisticada. ConstruirNordeste:Muitosloteamentosaindasãofeitosdeformailegal.Oqueopoderpúblicopodefazer? Rita Martins:Sim.Eventualmente nos deparamos com algum consumidor que comprou lote em empreendimento irregular,não registrado.O poder público tem que fiscalizar e diminuir o nível de tolerância com essa prática. ConstruirNordeste:Atualmente,estãoemcursodoismovimentosdistintoseopostosnasmaiorescidadesbrasileiras.Porumlado,muitosmembrosdaclasse média e média alta buscam viver em condomínios fechados.Ou seja,há uma privatização,na visão desses urbanistas,do espaço da cidade,que gera várias consequências negativas para a população como um todo.Por outro,há a emergência de outros movimentos que pregam uma relação mais aberta com a cidadeeaocupaçãodoespaçopúblicoportodos.Qualavisãodasenhorasobreessetema? Rita Martins:Eu acho que tem que haver equilíbrio.Num país em que você não tem o direito de parar o carro na porta da sua casa,sair calmamente e entrar em casa, não se pode falar ainda em relação aberta com a cidade,porque isso na realidade hoje representa risco de vida.O que você quer é que seus filhos possam brincar na rua,andar de bicicleta,ir ao clube a pé,enfim,isso só é possível hoje dentro dos empreendimentos fechados.Observe,por exemplo,a cidade de São Paulo,todas aquelas casas maravilhosas à venda por preços bem atrativos e demoram para serem vendidas e muitas vezes apenas para a finalidade comercial.Vemos seguranças privados em cada esquina,cercas elétricas,grades.E esse quadro não é diferente no resto do Brasil.Em Salvador,lembro perfeitamente quando os prédios não tinham grades e o porteiroficavaládentro,sentadonumamesa,bempertodoelevador.Achoqueacidadetemqueseabrir,estarmaisintegrada,mas,paraissofuncionarnaprática,aponto de transformar o desejo daqueles que querem adquirir um imóvel,muitos problemas precisam ser,no mínimo,amenizados.Quem tem que incentivar a integração das cidades,a derrubada dos muros,das guaritas e dos portões não é exclusivamente o empresário da construção civil,mas o governo,com uma série de medidas a médio e curto prazos.Do que adianta termos ciclovias,à semelhança dos europeus,se não podemos usá-las com tranquilidade?

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VANTAGENS PARA SUA OBRA, BENEFÍCIOS PARA VOCÊ. As portas PORMADE, além de características incomparáveis, têm muitos benefícios para atender as necessidades dos clientes. A porta é o acabamento de uma obra, e por isso trabalhamos com eficiência para dar conforto e praticidade a quem compra.

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arquitetura

No total, foram investidos R$ 226, 8 milhões. A entrega da obra está prevista para o próximo mês de dezembro.

Fortaleza ganha Centro de Formação Olímpica Com entrega prevista para dezembro deste ano, o complexo esportivo será o maior legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 para a região por Mellyna Reis

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fotos por Danilo Borges e GCP Arquitetos

cidade do Rio de Janeiro não será a única a receber os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no ano que vem. Depois do desafio de sediar a Copa do Mundo de 2014, o Nordeste segue na rota dos megaeventos internacionais e novamente terá um papel de destaque em 2016. Pelo menos duas capitais, Salvador (BA) e Fortaleza (CE), que foram cidades-sedes do mundial de futebol, irão dar suporte à superestrutura que está sendo preparada na Cidade Maravilhosa. Na Bahia, a Arena Fonte Nova será mais uma vez palco do futebol, onde cerca de dez partidas dos torneios olímpico

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e paralímpico estão confirmadas. Já em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, o Centro Pan-Americano de Judô, inaugurado no ano passado, deverá ser utilizado para o chamado período de aclimatação e treinamento dos atletas. Depois de registrar uma ocupação hoteleira de 98% e um público total ultrapassando a marca de 350 mil pessoas nos seis jogos da Copa, incluindo dois da Seleção Brasileira, o Ceará está prestes a receber o mais importante legado que os Jogos de 2016 vão deixar para a região: o Centro de Formação Olímpica do Nordeste (CFO-NE). Assinado pela GCP Arquitetos,

cujo escritório fica em São Paulo, o projeto contou com um investimento de R$ 19,8 milhões por parte do governo estadual e mais uma contrapartida do governo federal de R$ 207 milhões, totalizando R$ 226,8 milhões. O complexo, que está sendo erguido ao lado da Arena Castelão, vai abrigar 26 modalidades esportivas em uma área de 45.117,87m² construídos, com espaços criados para atender desde o esporte de base até o alto rendimento. A entrega está prevista para dezembro deste ano. O CFO-NE terá o maior ginásio multiuso climatizado do Brasil, com cadeiras retráteis e capacidade para 17.100 pessoas


Todos os espaços foram projetos para atender as exisgências de 26 confederações desportivas.

em eventos esportivos, e até 21 mil em eventos culturais. No local também haverá quadras de basquete, vôlei e handebol, salas para lutas como esgrima, olímpica, judô e boxe; piscinas olímpicas, tanque de salto, pistas de atletismo e BMX, dentre outros. A estrutura ainda conta com academia, sala de fisioterapia e alojamento para 248 atletas. Além das modalidades olímpicas e paralímpicas, o complexo esportivo possui uma das pistas de skate mais modernas do país aberta ao público. O Skate Plaza está funcionando desde o ano passado. O projeto foi assinado pelo arquiteto Sérgio Coelho, diretor e sócio-fundador da GCP Arquitetos, sediada em São Paulo (SP). A equipe de desenvolvimento foi formada por oito profissionais, sob a liderança do arquiteto e coautor, Daniel Mariano, e coordenação-geral da bióloga e diretora executiva, Alessandra Araújo, também responsável pelo paisagismo e estratégias de sustentabilidade do centro. Apesar de a empresa ter know-how em grandes empreendimentos voltados para a prática de esportes – a Unisys Arena, em São Paulo, e a Arena Pantanal, em Cuiabá, são alguns dos trabalhos assinados pelo escritório –,

a GCP contou com consultorias especializadas que asseguraram os tratamentos necessários para esse tipo de edificação. Coelho ressalta que o maior desafio foi equacionar os fluxos com suas hierarquias público x privado, agregando em uma área relativamente pequena – cerca de 86 mil m² – os programas de treino, alojamentos, áreas de apoio, o Skate Plaza e a arena multiuso. Foi necessário um alinhamento para que os espaços construídos sejam homologados pelas entidades e suas correspondentes internacionais, e assim, validar os recordes obtidos neles. “Várias versões de plano diretor e de soluções arquitetônicas foram necessárias para chegarmos a soluções satisfatórias, levando-se em conta ainda as restritas exigências que a Certificação LEED impõe ao projeto”, esclarece. As exigências a que o autor se refere são especificações para atender em conformidade com o que foi solicitado por 26 confederações desportivas, já que o centro será usado como base para a aclimatação de delegações estrangeiras nos Jogos de 2016. Além disso, o Governo do Ceará, responsável pela obra, exigiu que constassem

estruturas com as devidas normas técnicas para contemplar o caratê e o futsal, que não estão incluídos no programa olímpico, mas que serão desenvolvidos no equipamento. Se por um lado as especificações tornaram o projeto bastante complexo, por outro fazem dele uma referência em equipamentos esportivos à altura dos que estão sendo erguidos no Rio de Janeiro ou que já existem em outros países. O diretor da GCP considera a sinergia entre tantas modalidades um diferencial do centro. “Otimizamos ao máximo o uso dos cerca de 45 mil m² construídos, ao mesmo tempo em que preservamos a privacidade de treinamento de cada modalidade e suas especificidades, bem como a relação do programa privado de formação + treinamento e utilização pública”. Um exemplo da capacidade de funcionamento simultâneo do CFO é a arena multiuso, a qual pode ser utilizada com duas quadras paralelas para treinamento e eventos ou shows. O edifício de alojamento também é um atrativo à parte. O local é equipado com 84 apartamentos, recepção, refeitório, cozinha industrial, ambulatório, laboratórios, academia, sala de fisioterapia, auditório, biblioteca, oficina para equipamentos, praça de


Perspectivas da área do ginásio. Um dos destaques do projeto fica por conta da cobertura com manta emborrachada, que tem a proposta de garantir estanqueidade e conforto térmico. A fachada também é outro ponto importante: tem revestimento de chapadas metálicas onduladas e perfuradas para garantir ventilação natural e sombreamento.

convívio e salas de apoio para as várias federações. Visando a energia renovável, o prédio contará com placas solares para aquecimento da água, integradas com boilers e sensores para manutenção da temperatura aquecida. “Estas estratégias geram uma economia de aproximadamente 20% de consumo de energia, resultado extremamente positivo considerando a alta demanda”,avalia.

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Conceito Considerando que o Centro de Formação Olímpica é um equipamento público, a GCP teve uma preocupação na escolha de materiais e sistemas de ótimo desempenho, com baixa manutenção e excelente relação de custo x benefício. Foram adotadas estratégias de sustentabilidade,

nas quais estão incluídos o custo de obra, os fluxos de circulação e o partido arquitetônico, uma vez que o governo estadual pretende que o CFO seja um marco contemporâneo na capital cearense. “Naturalmente, a primeira necessidade era a de prover Fortaleza com um equipamento esportivo para formação e treinamento no mais alto padrão de qualidade, com certificação internacional de todas as modalidades envolvidas”, enfatiza Sérgio Coelho. O arquiteto explica que o diálogo com a Arena Castelão e comunidades adjacentes foi levado em consideração na hora de planejar o desenho. “Como condicionante principal tivemos o tamanho do terreno para atender as necessidades, além do prazo bastante curto de desenvolvimento – sendo que parte do detalhamento final foi feito em paralelo à construção. Por outro lado, também foram fundamentais as soluções de arquitetura e engenharia corretas em relação ao meio ambiente e relação com a comunidade do entorno, garantindo a sustentabilidade operacional do empreendimento”, afirma. As coberturas, os fechamentos e painéis móveis do edifício de treinamento contam com um sistema de isolamento termo-acústico. Os edifícios principais do centro foram envelopados com elementos de sombreamento que, em alguns pontos, permitem a passagem de luz para painéis de vidro de baixa refletância térmica. Esses componentes contribuíram para filtrar o ganho térmico direto que ocorreria se os fechamentos em vidro estivessem expostos. “Por tratar-se de um complexo esportivo, a relação com a área externa é fundamental e, por isso, optou-se por vidros com desempenho térmico”, justifica. No edifício-terraço de vestiários do BMX, vôlei de praia e tênis, haverá um telhado-jardim cujas funções serão prover uma área pública ajardinada e isolar térmica e sonoramente os vestiários de baixo. Na circulação térrea da arena multiuso, a escolha por painéis de aço perfurados e rasgos fechados em policarbonato alveolar propicia excelente ventilação e iluminação natural


no foyer semi-aberto, que dá acesso ao interior condicionado (arquibancadas). Como na maioria das áreas fechadas foi inevitável que houvesse ar-condicionado, a GCP optou por um sistema de climatização que vai operar em equilíbrio de demanda e controle de temperatura, exaustão e retorno do ar, otimizando ao máximo os equipamentos. Isso será possível por meio da roda entálpica, um recuperador de calor que aproveita a energia térmica do ar de exaustão, que muitas vezes sai em uma temperatura inferior à externa. O material da roda é poroso e absorve a energia do ar que está sendo exaurido. A roda gira e quando o ar externo entra, passa primeiro por este “filtro” antes de ser resfriado. “Assim é possível gastar menos energia com o resfriamento”, garante o autor do projeto. A redução de consumo de energia por este sistema de climatização pode chegar a 20%. Já o aquecimento da piscina e tanque de saltos será feito por sistemas a gás, os quais também possuem armazenadores de calor que aperfeiçoam o consumo. Esporte com sustentabilidade Os aspectos sociais e ambientais foram o grande norte de concepção do Centro de Formação Olímpica do Nordeste. Dentre as soluções sustentáveis está o reservatório para captação de água da chuva com capacidade de 628 m³, instalado próximo ao prédio principal e sob a superfície do equipamento esportivo. O sistema vai abastecer as áreas paisagísticas e banheiros, gerando uma economia de 50% no consumo de água. O projeto ainda prevê a instalação de dispositivos de economia nos sanitários: torneiras programadas e o sistema de descarga Dual Flush, de 3 e 6 litros, o qual permite o acionamento parcial e total. O paisagismo também respeitou critérios rígidos de consumo de água. Foram utilizadas plantas nativas e adaptadas para cada zoneamento hídrico do projeto. As áreas verdes foram segmentadas em vários desses zoneamentos, considerando as variáveis de vento, insolação, temperatura e envoltória.

Tanto as coberturas como os pisos foram especificados para atender o Solar Reflectance Index (SRI), uma taxa de equilíbrio entre as superfícies branca (altamente reflexiva) e escura (alta capacidade de absorção de calor). A superestrutura dos edifícios é em concreto pré-moldado ou in situ, com coberturas em estrutura metálica no modelo TPO, fechamentos laterais em alvenaria, vidro ou painéis metálicos. As paredes internas em alvenaria, vidros ou dry wall. “Os materiais e sistemas escolhidos são basicamente “pré-engenheirados”, propiciando rapidez de construção, que era um dos desafios do projeto, além de grande diminuição de desperdício na obra, adequação à certificação ambiental e controle de

qualidade”, destaca. Todo o material orgânico proveniente da limpeza do terreno vem sendo armazenado para reaproveitamento em áreas verdes do próprio centro, cumprindo a meta de desviar 50% dos resíduos de aterros sanitários e incineração. Outra preocupação do projeto, que está situado em área urbana, é manter a integração com os moradores das proximidades, criando espaços de convivência acessíveis para pedestres, fácil acesso ao transporte público e incentivando o uso de transportes não poluentes como bicicletas. Em dias e horários determinados pela administração, o centro irá atender escolas públicas e comunidades vizinhas, com foco na iniciação e prática desportiva.

Área total: 85.922,12m² (área total) e 45.117,87m² (área construída) Ginásio: 17.100 pessoas sentadas (evento esportivo); 21 mil pessoas (evento cultural) Camarotes, bares e salão multiuso Piscinas: olímpica e de saltos ornamentais Campo e pista de atletismo Ginásio para ginástica olímpica e de lutas Pistas de skate e BMX Quadras de vôlei de praia e de tênis de saibro Alojamentos para até 248 atletas Áreas de apoio: administração, vestiários, academia, laboratórios, ambulatórios, sala de fisioterapia, biblioteca, salas de federações e de reuniões, cozinha industrial, refeitório e praça de convívio.

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arquitetura

IMPLANTAÇÃO A ALOJAMENTO E TREINAMENTO B GINÁSIO PRINCIPAL C PRAÇA D PISTA DE TREINO E PISTA DE ATLETISMO F CAMPO DE FUTEBOL G SALTO EM DISTÂNCIA E TRIPLO H PISCINA OLÍMPICA I TANQUE DE SALTOS J QUADRAS DE VÔLEI L QUADRAS DE TÊNIS M BLOCO DE VESTIÁRIOS N PISTA DE BMX O PISTA DE SKATE P PASSARELA (LIGAÇÃO COM ARENA CASTELÃO) Q BLOCO DE UTILIDADES R ESTACIONAMENTO

Esquema de reaproveitamento de água tratada pela Estação de Tratatamento de Efluentes.

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Esquema de convecção térmica. O objetivo é o conforto térmico e a redução do consumo de energia. O uso do espelho d’água promove diferencial de temperatura, criando oportunidade de circulação de ar.

Esquema de proteção solar visando melhoria de conforto térmico e redução de consumo de energia.


Programa esportivo.

SÉRGIO COELHO UM PIONEIRO EM ARQUITETURA SUSTENTÁVEL Legado, inovação e sustentabilidade. Estes são os conceitos praticados pelo arquiteto Sérgio Coelho, um especialista em grandes projetos de empreendimentos esportivos. Formado em arquitetura em 1986, pela Universidade de São Paulo (USP), Coelho é diretor e um dos fundadores da GCP Arquitetos, sediada em São Paulo (SP), que está prestes a completar 18 anos no mercado. Com atuações na Europa, em empresas como BDP e GIAD, a carreira do profissional também é marcada pela participação em projetos de hotelaria, indústrias, varejo e nas áreas de transporte, lazer e urbanismo. Instalado na capital paulista, o escritório comandado por Sérgio Coelho é considerado pioneiro em arquitetura sustentável. Além da habilidade estética, a GCP Arquitetos preza pelas práticas de inovação tecnológica, sustentabilidade e otimização de custos de construção.“Toda a experiência acumulada em cerca de dezoito anos de GCP foi utilizada nesse projeto”,ressalta o arquiteto, refirindo-se o Centro de Formação Olímpica do Nordeste. Além do projeto atual, Sérgio Coelho ficou à frente de outros grandes empreendimentos esportivos em solo brasileiro: o Master Plan para a Cidade do Esporte e a Unisys Arena, ambos em São Paulo, o Centro de Treinamento Terras Altas na cidade de Embu (SP), o Centro Poliesportivo e Lazer de Osasco, o Centro Esportivo Manoel Nascimento Junior (Santos) e a Arena Pantanal, em Cuiabá, que recebeu quatro partidas da primeira fase da Copa do Mundo 2014. No currículo dele ainda constam projetos de resorts, shopping centers, intervenções urbanas, edifícios institucionais, indústrias, centros de distribuição, supermercados e hipermercados, lojas de departamentos e de atacado, interiores corporativos e, claro, equipamentos esportivos. Vários desses trabalhos, inclusive, foram reconhecidos por premiações nacional e internacionalmente.

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FOTO: Raphael Sagatio

Experiência do ITEP comprova que Telhado Verde reduz temperatura e melhora qualidade ambiental

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esde o final de 2014, a instalação de telhados verdes passou a ser obrigatória por lei no Recife para edifícios com mais de quatro pavimentos e construções que possuam mais de 400 m² de área de coberta. Referência na oferta de soluções tecnológicas e sustentáveis, o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) já vem desenvolvendo essa técnica de forma pioneira e em caráter experimental no Complexo de Controle Ambiental Vista Alegre (CCA), no município de Palmares, na Mata Sul do Estado. Localizado em um terreno de 20 mil m², o Complexo instalou o telhado verde em uma área de 43 m² no teto no casarão que funciona como escritório. Nesse projeto do Itep, o telhado verde vem se mostrando uma solução eficiente para redução da temperatura e das ilhas de calor. Além disso, o telhado vem servindo para a captação de água da chuva, que é drenada e direcionada para uma tubulação acoplada ao próprio teto para posteriormente ser utilizada em diversos fins.

Serviço Itep 81 3183.4399 itep.br

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De acordo com o engenheiro agrícola e ambiental do Itep, Pedro Moraes, responsável pelo projeto, a técnica consiste na colocação de plantas na cobertura de residências ou edifícios e requer manutenção simples. “É necessário apenas uma poda a cada 6 meses para manter o funcionamento adequado da estrutura”, explica ele. “Além de ajudar a reduzir as ilhas de calor e diminuir a incidência de ventos, a técnica contribui para a melhoria na qualidade do ar, a redução do impacto das chuvas e ainda promove o aumento da vida útil do telhado em até 25 anos”, informa Pedro Moraes, destacando que “o telhado verde é uma ótima solução de paisagismo”. Os estudos realizados pelo Itep confirmam a eficiência do telhado verde na criação de microclimas e na redução da temperatura ambiente em valores significativos. Para medir os dados relativos ao conforto térmico gerado pelo telhado verde, os profissionais do Itep realizaram medições da temperatura

em seis pontos distintos entre o telhado e o interior do casarão. A redução na temperatura ambiente em comparação às áreas cobertas com telhas cerâmicas chegou a 14 °C. “Esse fato comprova uma modificação do meio ambiente proporcionada pela vegetação do telhado verde, que cria um microclima, reduzindo as ilhas de calor da região de sua instalação”, explica o engenheiro civil do Itep, Aroldo Melo, responsável pelos estudos de conforto térmico e acústico. Ainda de acordo com Aroldo, o telhado verde, se utilizado por um número maior de edificações, pode gerar uma climatização em larga escala. “Segundo estudos de ecologistas, se uma cidade grande aderisse aos telhados verdes, a temperatura na cidade cairia cerca de 5%. Além disso, as taxas de carbono seriam reduzidas e se atestaria o aumento da umidade relativa do ar.”, aponta. Entre os benefícios gerados pela técnica também estão a melhoria na qualidade do ar e o aumento no número de aves e insetos polinizadores.

A revista Construir Nordeste apresentou o projeto na edição 76, na seção Espaço Aberto. O resultado completo já pode ser conferido no portal da revista I construirnordeste.com.br.

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Serão R$ 6 milhões investidos, em uma área de 20 mil metros.

FOTO: Juliana Bandeira

Intervidro é referência no segmento de construção civil Há oito anos no mercado, a empresa pernambucana vai expandir para todo o Nordeste, com foco na comercialização de vidros planos comuns, de controle solar, especiais e de alta eficiência por Laylla Lyra

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vidro é uma das descobertas mais surpreendentes do homem e sua história é cheia de mistérios. Embora os historiadores não disponham de dados precisos sobre sua origem, imagina-se que o material já era conhecido antes da Era Cristã, cuja descoberta aconteceu de maneira casual. Foi no início do século XX, entretanto, que a indústria do vidro ganhou força e desde então, houve uma contínua expansão do setor. De acordo com o Panorama Vidreiro, publicação da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro), só em 2014 a capacidade de produção de vidros planos foi superior ao dobro da marca de 2008, atingindo quase 7 mil toneladas ao dia. A publicação também apontou que, em 2013, o consumo de vidros no Brasil cresceu 12,9%, chegando próximo a 2 milhões de toneladas, frisando que em apenas sete anos esse volume mais que dobrou.

Diante deste cenário, o mercado de construção civil é, atualmente, o maior consumidor de vidros planos no Brasil, utilizando entre 60% e 70% da demanda total, variando de acordo com o período. Alavancado pelos investimentos realizados por todos os elos da cadeia produtiva vidreira, o segmento dispõe de soluções para atender as mais diversas necessidades, como conforto acústico, proteção térmica, estética, iluminação e segurança. Mais: a busca por edificações mais eficientes, normas técnicas rigorosas e o aumento da renda estão sendo estratégicos na qualificação da especificação e aplicação do vidro em empreendimentos do país. Consolidada no mercado há oito anos, a fábrica pernambucana Intervidro passa a integrar o Pólo Industrial Vidreiro, que abrigará seis empresas, entre elas também, a Norvidro e Pórtico Esquadrias, no Município de Goiana, Zona da Marta Norte do Estado. O Pólo, que

terá 12 hectares de área, reúne investimentos calculados em R$ 53,9 milhões e deve gerar aproximadamente 700 empregos, representando um investimento de R$ 60 milhões. Apenas a Intervidro irá desembolsas cerca de R$ 6 milhões e gerar 102 empregos diretos, em uma área de 20 mil metros. Já a partir de agosto deste ano, a empresa irá fundar uma unidade fabril com o objetivo de atender, mais amplamente, às demandas dos segmentos de construção civil, aumentando o seu mix de produtos e sua capacidade de produção, passando a atender todo o Nordeste. Neste primeiro momento, entretanto, a nova sede ocupará uma estrutura de 3,5 mil m², com capacidade para chegar a 10 mil m² em futuras expansões, previstas para acontecer a cada dois anos. Segundo Bruno, integrar o Pólo Vidreiro vai permitir à empresa não só aumentar, mas diversificar sua produção, oferecendo ao mercado produtos diferenciados

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e soluções sob medida. A previsão é que até o final deste ano, a nova fábrica já esteja em funcionamento. A Intervidro começou no segmento após perceber as potencialidades do setor, a empresa passou a importar o produto, firmando parcerias com marcas importantes, como Guardian, Cebrace e, recentemente, a Vivix, seu principal parceiro. “Resolvi explorar este segmento, porque, na época que comecei, o setor estava crescendo no Brasil e Pernambuco estava assistindo ao desenvolvimento do seu Pólo Industrial e precisava do vidro para compor os empreendimentos instalados no Estado. A partir daí, passamos a estudar alguns mercados e decidimos focar no segmento da construção”, diz Maçães. Além dos vidros temperados e laminados, a marca também produz os especiais refletivos de controle solar. “Aproximadamente 10% da operação está dedicada à vidros de controle solar. Devido à urgência da redução de gastos com energia, a procura por este tipo de

material, que contribui para a diminuição da temperatura ambiente interna em relação à temperatura externa, cresceu consideravelmente e representa até 15% no consumo anual na conta de luz”, afirma o empresário. Para Maçães, os diferenciais da Intervidro hoje são: localização, agilidade e pontualidade no atendimento, além da tecnologia utilizada. “Executamos procedimentos como o corte e a lapidação com materiais de ponta, garantindo agilidade e precisão no acabamento do material e também procedimentos como o temperamento, que significa aquecer o vidro em altas temperaturas e depois resfriá-lo, produzindo um material de maior qualidade e resistência”, explica. Além disso, a empresa também conta com o serviço de consultoria. Com o objetivo de auxiliar arquitetos e construtores na escolha mais adequada do vidro, levando em consideração o custo/benefício para projetos distintos, a empresa orientam os clientes sobre as especificações de cada produto. “Neste

serviço – que é gratuito, levamos em consideração a incidência de calor, redução de energia e pontos de luz, que podem variar conforme a incidência do sol no empreendimento. Devido à diversidade de graus de eficiência que existe no mercado, muitas pessoas necessitam de um auxílio para escolher o tipo correto do vidro e sua eficiência”. Bruno também destaca o responsabilidade socioambiental, que garante a reciclagem de todo material utilizado no beneficiamento dos vidros. “Temos a preocupação de reciclar toda a sobra. Por se tratar de material infinitamente reutilizado, as aparas e os resíduos de vidros gerados no processo produtivo são encaminhados para indústrias que o reaproveitam totalmente. Além disso, geramos empregos diretos e temos a preocupação constante com a qualificação dos profissionais. Por isso, oferecemos cursos em parcerias com o Sesi, Senai, Sebrae e Prefeitura Municipal, por meio da AEG – Associação das Empresas de Goiana”, pontua o empresário.

O Shopping RioMar Recife, em Pernambuco, utiliza em sua envoltória vidros do tipo Cool Lite KNT, da Cebrace, que são seletivos, temperáveis, com baixa-emissividade (low-e) e com grande neutralidade. Quando utilizado como vidro duplo, isola termicamente até cinco vezes mais do que um vidro transparente monolítico, tendo um baixo fator solar e alta transmissão luminosa. A obra, que recebeu o selo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), conta com 17 mil m² de vidros, sendo 30% duplos insulados de controle solar low-e serigrafados na cor azul e o restante de laminados low-e, incolores e temperados, com diferentes espessuras e grandes dimensões.

SERVIÇO Intervidro intervidro.ind.br 81 3242.0101

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Resolvi explorar este segmento, porque, na época que comecei, o setor estava crescendo no Brasil e Pernambuco estava assistindo ao desenvolvimento do seu Pólo Industrial e precisava do vidro para compor os empreendimentos instalados no Estado.

Bruno Maçães, diretor da Intervidro.


Tecnologia

FOTO: cebrace

O Shopping RioMar Recife, em Pernambuco, utiliza em sua envoltória vidros seletivos, temperáveis, com baixa-emissividade e grande neutralidade.

muito além da elegância Os vidros de proteção solar presentes nas envoltórias dos empreendimentos não só embelezam a edificação, mas são também essenciais para o controle luminoso e filtragem da radiação solar por Pablo Braz

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efletindo modernidade e sofisticação, o vidro hoje é um dos elementos mais presentes na estrutura da fachada de diversos edifícios, sejam eles residenciais ou comerciais. Mas, além da função estética e do toque versátil, a utilização do vidro nas envoltórias dos empreendimentos precisa estar atenta também aos aspectos térmicos desse material. Com esse intuito, é que surgem os chamados Vidros de Proteção Solar, que possuem uma camada metalizada na superfície, fazendo o papel da filtração da radiação solar e permitindo o controle da quantidade de luz que passa pelo vidro. De acordo com a engenheira civil Bárbara Marques, coordenadora de Mercado das Regiões Norte e Nordeste da Cebrace, maior produtora de vidros e espelhos da América do Sul, esse tipo de vidro funciona como uma barreira contra os raios ultravioleta (UV), que causam desbotamento de móveis e tecidos e podem ser prejudiciais à saúde das pessoas quando há a superexposição,

sem contar que controlam a entrada de calor e de luminosidade no ambiente, promovendo eficiência energética dos equipamentos de ar condicionado, podendo reduzir em até 30% o gasto energético da edificação. “Quando os raios solares atingem um vidro de proteção solar, o mesmo “bloqueia” esses raios através de três fenômenos: transmissão, reflexão e absorção, distinguindo, dessa forma, os diversos tipos de vidro em termos da quantidade de energia e luz que permitem passar”, explica. Com relação aos tipos de produto desse segmento, Marques destaca os Vidros de Proteção Solar Superseletivos, que têm desempenho superior ao permitirem grande entrada de luz e pouco calor; os de Proteção Solar Seletivos, que possibilitam um equilíbrio entre entrada de luz e calor; e os vidros que barram os raios UV e reduzem o calor, os mais procurados pela clientela brasileira. A engenheira também ressalta que no mercado hoje já é possível

encontrar o vidro azul neutro (transparente), que ainda não estava disponível entre os vidros de alta seletividade; e também o vidro com tonalidade prata refletiva na parte externa, tornando-o espelhado, qualidade que oferece alto bloqueio do calor, e com a face interna com aspecto estético neutro. Outra novidade apontada por Marques é o uso de vidros insulados, os quais potencializam as propriedades energéticas dos vidros de proteção solar sem perder a passagem de luz. Já quanto à elaboração do produto, ela pode acontecer pelo processo online, que se dá no momento de fabricação do vidro, onde são depositados compostos óxidos na massa vítrea durante o banho float; e o processo off-line, no qual o vidro, depois de estar pronto, é colocado numa câmara a vácuo e os óxidos são depositados e fixados em uma de suas camadas. Bárbara cita também outro processo chamado de Magnetron, responsável pela produção

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dos vidros da linha Cool Lite da Cebrace. Nesse sistema, colocamos o vidro dentro um maquinário chamado coater. Dentro do coater, é criado um ambiente de vácuo onde então é gerada uma camada de plasma que altera a polaridade de átomos de argônio que são utilizados no mecanismo. Esses átomos de argônio realizam, assim, o bombardeamento iônico do material metalizado que é utilizado para criar a camada no vidro de proteção solar. Essa camada, quando depositada no vidro, possui a espessura de 40 a 60 nanômetros, detalha. Com isso, todo o processo de produção demanda um custo para quem optar por esses materiais, mas que é justificado pelos inúmeros benefícios que são agregados com isso. “Podemos dizer que o payback para o uso desses vidros fica entre 1 a 3 anos, dependendo do tamanho da obra, sem falar na economia de energia proporcionada”, completa a engenheira.

Devido a essa relação de custo/benefício positiva, Bruno Maçães, diretor da Intervidro, empresa pernambucana do Grupo Interchoice, responsável pela comercialização e pelo beneficiamento de diversos tipos de vidro, afirma que vem crescendo gradativamente sua utilização em novos projetos, à medida que os profissionais do setor e os consumidores conhecem as vantagens do seu uso. “Países mais desenvolvidos já utilizam o vidro de controle solar em larga escala, o Sudeste do Brasil já adotou há alguns anos, e o Nordeste começa a ver essa tendência com mais frequência nos novos empreendimentos hoteleiros e empresariais”, pontua. Segundo Maçães, essa tendência do uso desses vidros, que podem reduzir em até 80% a entrada de calor no ambiente interno, estende-se não só a projetos comerciais, mas também em prédios residenciais, pois o

que acontecia antes de o vidro deixar passar o calor e a pessoa expulsar esse calor utilizando a energia do ar-condicionado está ultrapassado. “É importante contar com um consultor comercial técnico que estude a incidência de calor para especificar o vidro de melhor custo benefício para o empreendimento, evitando superestimar a eficiência do vidro para uma área que não recebe tanto calor”, complementa. Outra evolução destacada por Bruno é a chegada com mais força ao Brasil da utilização do vidro de controle solar com painéis fotovoltaicos geradores de energia. “Isso colabora para que os empreendimentos alcancem mais facilmente a eficiência verde através de conceitos sustentáveis em benefício do meio ambiente e do bolso dos clientes, sem contar com a proteção do patrimônio e do bem-estar do usuário”, conclui.

SERVIÇO Cebrace cebrace.com.br 12 3954.9000

FOTO: cebrace

O RioMar Recife conta com 17 mil m2 de vidros, sendo 30% duplos insulados de controle solar low-e serigrafados na cor azul, e o restante de laminados low-e, incolores e temperados.

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construir direito

Aspectos Tributários e o setor mobiliário Emília Belo*

A

carga tributária para os empreendedores da construção civil que exercem a atividade de venda de imóveis e optem pelo lucro presumido, inicialmente, é de 5,93% e atinge 6,73% (com o adicional do IR) sobre o faturamento bruto da empresa. Para as incorporações imobiliárias, entretanto, existe o RET, concedido quando ocorre a constituição do patrimônio de afetação, com o objetivo de segregar todos os bens e direitos relacionados ao empreendimento, do restante do patrimônio do incorporador, conferindo uma maior garantia aos consumidores. No RET, a carga tributária é reduzida para 4% sobre o faturamento bruto da empresa, podendo atingir 1% para os empreendimentos enquadrados no programa Minha Casa Minha Vida. Sem razões justificáveis, o legislador acabou por privilegiar de forma desproporcional a atividade de incorporação, em relação às demais atividades imobiliárias, como o loteamento. Seria importante que os loteadores pudessem, da mesma maneira, constituir patrimônio de afetação e serem beneficiados com o RET. Uma alternativa que já vem sendo adotada por alguns loteadores é, quando possível, alterar o projeto do loteamento para, em cada quadra, realizar pequenos condomínios, incorporações imobiliárias, e recolherem pelo RET. Em relação aos proprietários, é possível realizarmos diferentes formas de planejamento tributário, lícitas, que permitem uma redução da carga tributária em relação à parcela que receberão do empreendimento, estejam realizando permuta física ou financeira. A definição do melhor modelo depende das peculiaridades do caso concreto, mas é possível trazermos algumas variáveis, que auxiliam nessa identificação. Quando estamos diante de uma permuta física e o imóvel está em nome de pessoa física, é importante analisar se é vantajoso integralizar o bem em uma pessoa jurídica. Na pessoa física, a tributação sobre o resultado da alienação futura das unidades recebidas será de 15% sobre o ganho de capital. Como muitas vezes os imóveis estão contabilizados no IR, em valor abaixo do mercado, essa tributação pode ser maior que a aplicável à empresa do setor imobiliário, optante pelo lucro presumido, que é de 5,93% ou 6,73% sobre o faturamento. Já se o proprietário tiver por

objetivo locar essas unidades, na pessoa física pagará até 27,5% sobre essa receita, enquanto que, na pessoa jurídica, optante pelo lucro presumido, essa alíquota é de 11,33% ou 14,53% (com o adicional do IR) sobre o faturamento da empresa. Deve-se levar em consideração, quando da definição da integralização de um imóvel pertencente a uma pessoa física em uma sociedade, a incidência ou não do ITBI, bem como a tributação sobre o valor da permuta, nos termos do novo parecer normativo do Cosit nº 9, de 04/09/14. Quanto a este recente parecer do Cosit, que entende como receita tributada, para as empresas optantes do lucro presumido, o valor da permuta realizada, recomendamos verificar se não é vantagem fazer uma alteração da opção do lucro presumido, para o real, no ano da permuta, evitando o pagamento do imposto sobre essa operação, o que seria uma forma de planejamento tributário também permitida pela nossa legislação. Para as permutas financeiras, em que a troca do imóvel se dá por uma participação nos lucros do empreendimento, o proprietário poderá obter vantagens tributárias participando de uma sociedade com o empreendedor, através das usuais SPE e SCP. Nesses casos, o proprietário receberá a sua participação como distribuição de dividendos, que é livre de tributos, mas, na prática, possuirá a mesma carga tributária do empreendedor, pois os tributos arcados por este normalmente são deduzidos da participação que cabe ao proprietário no empreendimento. De qualquer maneira, como já exposto, a carga tributária do empreendedor é, em regra, menor do que a da pessoa física, o que pode representar um benefício ao proprietário. Existem, assim, muitas variáveis na definição da melhor estrutura tributária para o proprietário do imóvel, mas, quase sempre, um planejamento fiscal garante ganhos financeiros, de forma lícita, para os proprietários de imóveis, sendo essencial, para uma melhor solução, a análise de forma individual de cada negócio.

Sem razões justificáveis, o legislador acabou por privilegiar de forma desproporcional a atividade de incorporação, em relação às demais atividades imobiliárias, como o loteamento.

*Emília Belo é titular da área de Direito Imobiliário da Queiroz Cavalcanti Advocacia e mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade de Lisboa

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NEGÓCIOS NEGÓCIOS

Com um depósito de 5.000 metros, a matriz na cidade de União da Vitória, no Paraná, oferece um armazenamento programado pra obras atrasadas ou que ainda não estejam apropriadas para receber as portas.

foto: pormade

Pormade expande mercado no Nordeste Na contramão da crise, empresa paranaense intensifica sua presença na região

R

eferência nacional no setor de portas internas para residências horizontais e verticais e pioneira em produtos e processos no segmento de madeira para construção civil, a Pormade vem expandindo a sua atuação no mercado do Nordeste brasileiro, firmando novas parcerias e fortalecendo a sua equipe comercial e técnica. “A busca de novos mercados tem sido uma constante preocupação da empresa. O Nordeste é uma região muito promissora, para a qual poucas empresas miram seus negócios, devido ao distanciamento e a questões de logística. A Região possui a terceira e quarta maiores cidades do Brasil, com um potencial de expansão difícil de achar em outros grandes centros”, explica Marcelo Costa, especificador e gestor da Região. De acordo com Costa, atualmente o Nordeste comporta grandes polos econômicos, dentre os quais se destacam as regiões metropolitanas de Salvador, do Recife e de Fortaleza. Para o mercado da construção civil, esse potencial se

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evidencia muito pelo reflexo da chegada de grandes indústrias, não somente nos grandes centros, mas também em localidades mais distantes. “A previsão de crescimento das regiões metropolitanas brasileiras até 2025 supera os 140%, e quem imagina que esse crescimento será em São Paulo e no Rio de Janeiro está enganado. As capitais do Norte e Nordeste do Brasil estão no topo do ranking, e nós estamos nos preparando para isso”, justifica. Recentemente, a Pormade firmou parceria com a Coopercon/CE, pioneira na implantação do modelo associativista na construção civil. Hoje, a empresa atua nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Aracaju, Maceió, Recife, Caruaru, João Pessoa, Natal, Mossoró e Fortaleza, onde já possuem equipes comerciais, técnicas e de instalação exclusivas da Pormade. E foi a partir dessa união que a Pormade conseguiu disponibilizar na Região o seu principal produto: o serviço, oferecendo e executando soluções criativas.

“Não se pode vender porta sem o serviço agregado. Vendemos a porta abrindo e fechando na obra de nosso cliente. Temos 70 mil m² de área para construir e montar a solução para cada um de nossos clientes. Produzimos cerca de 2 mil portas por dia, e temos capacidade para mais que duplicar essa produção, acreditamos no Nordeste como parte importante desse consumo”, afirma Costa. O setor de portas exige um acompanhamento da obra por cerca de 2 anos. Apesar das portas entrarem na obra apenas na sua fase final, o planejamento deve ser feito na concepção do projeto, para evitar erros de instalação. Pensando nisso, a Pormade também montou a primeira biblioteca BIM de seus produtos, com o objetivo de conversar com a equipe de engenharia e arquitetura antes de qualquer movimentação de canteiro de obra. Atualmente, a empresa é a única fabricante de portas que possui a tecnologia para trabalhar com as equipes de especificação


A Pormade controla a produção das portas desde o seu corte.

foto: pormade

técnica. “Se pensarmos na porta no momento do projeto e trabalharmos em parceria com a engenharia e arquitetura, conseguimos evitar uma série de problemas futuros de ordem técnica e financeira. A porta precisa ser especificada no projeto, pensando em quem vai morar, quem vai executar, quem vai instalar e quem vai pagar pelo produto. E não tem como fazer isso se não for em conjunto com todas as partes envolvidas”, pontua Marcelo. O Nordeste possui um mercado de cerca de 800 mil portas para os próximos 2 a 3 anos. Com as recentes liberações do governo para mais 3 milhões de moradias, o mercado só tende a crescer. “Estamos nos preparando para esse mercado criando nosso alicerce técnico para que possamos oferecer o melhor padrão de serviço nesse segmento. A empresa sempre foi pioneira em tudo o que fez, e hoje não é diferente. Nós vendemos serviço, a porta vai de brinde”,finaliza o gestor. Com a ideia de abraçar todas as camadas econômicas da construção civil, a Pormade lançou dois novos segmentos: as Portas Fit, direcionadas para o mercado comercial, mais econômico: são portas com um valor extremamente acessível, porém com qualidade mantida em produtos certificados para projetos MCMV. Outra novidade são as Portas Premium, que serão

foto: pormade

NEGÓCIOS

SERVIÇO Pormade Portas pormade.com.br 0800.42.2323 Marcelo Costa é o gestor da região.

lançadas nos próximos meses e que têm acabamento de extrema qualidade e padrões que seguem as tendências mundiais em estética de portas. O objetivo é atingir

todos os mercados da construção e todas as exigências do mercado de porta pronta: das obras econômicas e de médio padrão até as obras de alto valor agregado.

PRODUTOS - Lâmina de madeira pré-composta que garante homogeneidade e padronização em todas as portas em verniz para garantir um diferencial estético.

nas espessuras das paredes.Um batente de 14 cm pode ser instalado em uma parede de até 21 cm de espessura. Solução para o melhor custo x benefício em instalação de portas.

- Linha de batentes e guarnições em madeira laminada e com base em poliuretano (Produto patenteado) o que torna os batentes resistentes à umidade e evita a absorção de umidade em contato com o piso.

- Kit porta pronta (branca e verniz com suas variações). O kit porta pronta já vem montado, com dobradiças e fechadura, travado e pronto para instalar. É a solução para rapidez e eficiência na instalação das portas. Aumenta a velocidade na instalação de portas, e o acabamento é perfeito. Diminui a interferência de equipe de terceiros em obra e diminui o custo final por porta instalada, podendo uma pessoas instalar até 50 portas em um dia.

- Batentes, guarnições e rodapés em composto de madeira e PVC. É a madeira à prova–d’água a solução para o problema de umidade em portas de madeira (Branca, Primer e Verniz). - Batentes e guarnições reguláveis. Elimina a necessidade de se trabalhar com batentes de medidas variáveis, pois possui uma haste com regulagem de até 7 cm de variação

- Produtos com selo FSC de Rastreabilidade, garantindo a procedência de 100% de seus componentes em madeira, bem como a garantia de qualidade de tintas e colas utilizadas em todo processo fabril.

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NEGÓCIOS PERFIL EMPRESARIAL

Saulo Suassuna Fernandes Filho.

Masterplan do bairro Vívea Nova Camaçari.

Com uma historia pautada em 40 anos de experiência no mercado imobiliário e mais de um milhão de metros quadrados construídos em empreendimentos residenciais, comerciais, hotéis e condomínios horizontais, o grupo Suassuna Fernandes, sediadO NO Recife (PE), é marcado hoje pela diversificação e produtividade no cenário da Região Nordeste. Além do segmento imobiliário, representado pela empresa Suassuna Fernandes Engenharia, o grupo conta também com atuação no ramo do desenvolvimento urbano, através da Nova Urbanismo, e na construção de imóveis para a locação, com a Tripe A Properties. Com projetos desenvolvidos nos estados da Bahia, Pernambuco, DO Ceará e Alagoas, o grupo pretende investir futuramente no Pará, NA Paraíba, São Paulo e NO Rio de Janeiro. O Central Park, edifício de alto padrão com cinco suítes por apartamento, e o Vívea Nova Camaçari, primeiro bairro planejado da Bahia, são alguns destaques da Suassuna Fernandes. Para saber mais sobre o grupo, a Construir Nordeste conversou com o engenheiro civil, arquiteto e urbanista Saulo Suassuna Fernandes Filho, Presidente da Nova Urbanismo e Diretor de Negócios do Grupo Suassuna Fernandes, que falou sobre as principais estratégias e OS projetos adotados por eles. Por Pablo Braz

MÓDULOS RESIDENCIAIS INTELIGENTES Acredito que os Módulos Residenciais Inteligentes serão o futuro do mercado imobiliário. Os terrenos estão cada vez mais escassos, em especial nos lugares mais procurados. Por exemplo, quando fechamos negócio na Praça Fleming, no bairro da Jaqueira, zona norte do Recife, percebemos que essa área estava carente de apartamentos grandes e lançamos, em sociedade com a Rio Ave, o edifício Central Park, que possui cinco suítes de 312 m². Foi impressionante o sucesso do produto e a procura do mercado por todos os tamanhos, de uma a quatro suítes. A história se repetiu também na Praça da Jaqueira. Foram planejadas inicialmente unidades menores, mas tivemos tantas solicitações de apartamentos maiores que pensamos: Porque se limitar a um tipo de apartamento e privar famílias maiores de morar naquele local? Nasceu assim o Jaqueira Park Selma Suassuna, o primeiro exemplo de Módulos Residenciais Inteligentes. A Suassuna Fernandes

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criou um planta baixa cujas prumadas de instalações, estrutura, esquadrias e composição de fachada funcionam perfeitamente para que o pavimento abrigue unidades de 54, 58, 112, 116, 170 ou 224 m². As possibilidades de uma a quatro suítes fazem com que ele seja o apartamento para todas as fases da vida — slogan do empreendimento. Além de atender a famílias de todos os tamanhos, é possível comprar um pavimento, morar em um módulo menor e deixar os demais alugados. À medida que a família for crescendo, incorporam-se novos módulos, e quando os filhos casarem, volta-se a diminuir o apartamento, locando os módulos “excedentes” ou mesmo utilizando-os para os próprios filhos. Tudo isso sem sair da localização desejada, onde já não se fabricam novas ofertas. Versatilidade, flexibilidade, conforto e economia. A Suassuna Fernandes já prepara mais três empreendimentos com esse conceito, entre os quais um será lançado ainda este ano, na Estrada do Encanamento, em Casa Forte (Recife).


DESENVOLVIMENTO URBANO Com a experiência nacional e internacional adquirida em quase 2 anos de estudos, visitas técnicas e contato com os melhores players do setor, resolvemos aplicar este know-how. Compramos então uma área de 7 milhões de metros quadrados em Alagoas, firmamos uma parceria com a Alphaville e fundamos a Nova Urbanismo, empresa de desenvolvimento urbano do Grupo, que tem como foco de atuação as regiões metropolitanas mais populosas do Brasil e aquelas cidades que possuem grande concentração de investimento público e/ou privado que provocam o crescimento desordenado e demandam planejamento urbano para absorvê-lo. Atualmente, participamos de sete empreendimentos que ultrapassam vinte milhões de metros quadrados, distribuídos por Bahia, Pernambuco, Alagoas e Ceará, em sociedades e parcerias com outras empresas. Nossas plataformas de núcleos urbanos estão fundamentadas em conceitos do Novo Urbanismo, que coloca o pedestre como prioridade e aplica no desenho urbano conceitos como uso misto de edificações, para que as pessoas possam morar, estudar, consumir, trabalhar e se divertir num só lugar e sem depender do automóvel, com integração à natureza e mais qualidade de vida. O Vívea Nova Camaçari, primeiro a ser lançado em parceria com a Cipasa Urbanismo, em novembro de 2013, já vai entregar sua primeira etapa este ano. Com 4.277 unidades no total, Camaçari foi a primeira cidade do estado da Bahia a recebê-lo devido à demanda reprimida dos executivos e trabalhadores dos polos petroquímico, automotivo, acrílico e demais indústrias da região, que possui a maior concentração industrial do Hemisfério Sul. Localizado entre a Via Parafuso e a represa do Rio Joanes, com um parque de 600.000 m², o empreendimento reforça o conceito de integração com a natureza e proximidade do trabalho.

EMPRESARIAIS BOUTIQUE O conceito Empresarial Boutique foi desenvolvido pela Suassuna Fernandes para atender profissionais liberais, autônomos e empresas que buscam reconquistar a qualidade de vida tomada pelo trânsito do trajeto de casa para o trabalho, que passou a demandar várias horas por dia. Horas que poderiam ser utilizadas para dormir um pouco mais, cuidar da saúde e ficar com a família. A exemplo dos “Hotéis Boutique”,esses empresariais possuem alto padrão de acabamento, privacidade,

exclusividade de poucas unidades e espaços inéditos como coberturas com terraços e espaço gourmet integrados à sala de reunião, além de imóveis especiais de preservação restaurados e integrados aos empreendimentos. Essa linha de produtos se iniciou com a Galeria Praça de Casa Forte, que virou cartão-postal do bairro de Casa Forte, zona norte do Recife, tendo na sequência os empresariais Boutique Alcides Fernandes, Lucas Suassuna, Beta Suassuna e o atual lançamento Germana Suassuna.

CINCO SUÍTES Depois de vários anos sem um lançamento de luxo na Zona Norte do Recife, tivemos a ideia de criar algo que reunisse alta tecnologia, materiais de acabamento e planta baixa com ambientes contemporâneos inéditos no mercado. Assim, a dupla de arquitetos Zezinho e Turíbio Santos, referência em Pernambuco, elaboraram as cinco suítes, varanda gourmet integrada, ambiente de adega e galeria de entrada (onde é possível acessar diretamente as alas íntima, social e de serviço do apartamento), além da suíte máster com pele de vidro, dois closets e sala de banho com hidromassagem do Central Park, situado

no bairro da Jaqueira, no Recife. A fachada do edifício é toda revestida em alumínio composto, pele de vidro, pastilha de porcelana NKG e Portobello 5x15 cm. Internamente, pedras grandes de porcelanato 80x80 cm e mármore importada em áreas comuns, que dão o tom do padrão. O mercado tem o costume de utilizar um padrão simples, admitindo que os compradores vão fazer reforma. No Central Park, nós já entregamos com acabamento de alto padrão. Poucos clientes alteram os materiais que são itens de série do empreendimento. A Suassuna Fernandes está preparando outros projetos nesse padrão, com áreas grandes e pequenas.

LOCAÇÃO E LOGÍSTICA Na parte de imóveis para locação, investimos em imóveis comerciais e corporativos, com algumas participações em propriedades “monousuárias”, como o prédio da Ilha do Leite do Hospital alugado à Rede D’Or e o futuro Hotel Ibis, na Avenida Agamenon Magalhães, ambos no Recife. Na área de logística, estamos desenvolvendo o Downtown Suape (60 hec) e Downtown Pecém (74 hec), que são plataformas de suporte e infraestrutura para as respectivas regiões portuárias. O primeiro fica na PE-60, esquina com o acesso principal ao Porto de Suape, e vizinho ao empreendimento Latitude Suape e à Refinaria Abreu e Lima. O do Pecém (CE) fica no coração do plano diretor do complexo industrial e portuário, na única zona destinada ao comércio e serviços, com locais para galpões para built to suit, permuta ou venda, hotéis de negócios, empresariais e outros equipamentos.

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NEGÓCIOS OPINIÃO

Uma sugestão para reflexão! Mônica Mercês*

O Brasil, nos últimos anos, avançou, e estamos num outro patamar. Alguém duvida disso? Manter é tão desafiador quanto crescer.

S

omando-se todas as riquezas produzidas no País em 2014, segundo o IBGE, alcançamos o patamar dos R$ 5,5 trilhões. Esse foi o nosso Produto Interno Bruto – PIB. Isso significou uma estabilidade em comparação ao ano de 2013 (0,1%), com alguns setores crescendo 8,7%, como foi o caso do setor de extrativa mineral, 4,6% dos Serviços de Informação, 3,3% de Atividades Imobiliárias, para ficar nos exemplos mais expressivos. Outros foram na direção contrária: comércio (-1,8%), construção civil (-2,6%), produção e distribuição de eletricidade, gás e água (-2,6%) e indústria de transformação (-3,8%), setores esses fundamentais para a dinâmica de qualquer economia mundial.

Para 2015, as estimativas para o PIB oscilam em torno de uma redução de 1%. Com isso, quero aqui evocar o realismo, com otimismo, deixando de lado o receio e seu parceiro perigoso: o pessimismo. É extremamente importante que se compreenda que retirar 1% do PIB do nosso país fará falta, sem dúvida. Mas não é o fim do mundo. E isso não é dito. Parece até que entramos num buraco negro sem luz adiante. Ajustes são e sempre serão feitos e, neste momento, ele é mais do que necessário. É fundamental! Sei que o ideal mesmo é sempre acrescentar, óbvio. Seja 1%, sejam 5% ou 10%. Seja quanto for. Mas chamo a atenção que retirar 1% significa, neste caso, produzir outros tantos R$ 5 trilhões. E isso não é pouco! Em várias rodas de conversa, nas leituras, nos diversos canais de rádio e TV, os holofotes estão voltados apenas para a perda de 1%. E aí confesso que sonho um dia acordar com uma manchete de jornal, ou na rádio, ou nas redes sociais, que seja estimulante, digna de um bom dia! Algo como: Vamos produzir, trabalhar, pois temos R$ 5 trilhões para girar nosso país em 2015. Foco, trabalho, produtividade!!! Será que verei isso um dia? Se não, sugiro que façamos o seguinte: para todas manchetes negativas lidas, pois sei também que elas são importantes para que possamos ter informações e criticidade, lembremos sempre dos trilhões previstos para 2015. Que tal a sugestão? O Brasil, nos últimos anos, avançou, e estamos num outro patamar. Alguém duvida disso? Manter é tão desafiador quanto crescer. Mas temos que

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resgatar já a confiança e entender que crises existem na história da humanidade. Crises existem nas nossas vidas pessoais. E ambas passam, deixando aprendizados, para os mais atentos, ou provocando terremotos, devastações, para os menos preparados. Opto por categorizar o Brasil como atento e, no lugar de ficarmos atrás da moita com medo dos tais 1%, vamos levantar a cabeça, arregaçar as mangas e criar, trabalhar, inovar, com positividade e, claro, convergindo energias para as áreas capazes de fazer diferença, de multiplicar a geração de riquezas. Olhando para os números do PIB 2014 torço muito que nossos líderes estimulem e dinamizem essas áreas. Uma delas, que acompanho particularmente há anos, é a da construção civil, geradora de milhares de empregos e de efeitos positivos nas diversas cadeias produtivas da economia. É só olhar o “balé” das duas curvas ao longo do tempo: a do PIB da construção civil e a do PIB total do País. Quando esse setor perde dinamismo o PIB do País sofre, constatação que dispensa maiores explicações. Tenho plena consciência que os desafios a serem superados são grandes, mas não intransponíveis. Nosso país é gigante, e temos um povo trabalhador, alegre e criativo. Um povo capaz! Alguém um dia disse: positividade gera positividade. E eu não só acredito nisso, como abri um espaço nesta coluna hoje para falar um pouco dessa filosofia. Ao longo de minha vida profissional, já vi muitas linhas declinantes nos mais diferentes tipos de gráfico e indicador. Analisei impactos, fiz previsões, arrisquei tendências. Procurei detalhes, ocultos nas letras, espremendo os números, pois torturando-os, no bom sentido, eles me revelavam caminhos, sempre em busca de uma melhor compreensão dos fatos. Hoje, mais do que nunca, isso é saudável, necessário e indispensável.

*Mônica Mercês é economista, assessora de Planejamento e Inteligência de Mercado da Diretoria da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário (QGDI)


cub - custo unitário básico

Compreendendo o Custo Unitário Básico (CUB/m²) Os indicadores do Custo Unitário Básico (CUB/m2) médio Brasil, em 2014, no comparativo acumulado em 12 meses, mostraram uma trajetória declinante no 2º semestre/14 em relação a 2013, mesmo comportamento observado para o Nordeste. Em dez/2013, o indicador Brasil foi de 7,38%, reduzindo-se para 6,02% em dez/2014. Na região Nordeste o recuo foi de 1,8 ponto percentual: 7,85% (dez/13) para 6,05% (dez/14). As variações acumuladas em 12 meses nas demais regiões do país, no marcador de dez/14, foram: Sul 6,62%; Sudeste 6,31%; Centro Oeste 5,51%; Norte 3,01%. Analisando o indicador do CUB desagregado observa-se que o indicador de custo com a mão-de-obra no Nordeste teve uma maior variação acumulada em 12 meses, 9,57%), que no Brasil (8,42%) - dados de dez/14, situação semelhante para o custo com Equipamentos (13,88% Nordeste X 10,71% Brasil). A variação dos custos com materiais e despesas administrativas, no mesmo comparativo, foram: BR Materiais: 2,68% | NE materiais: 2,15% - BR Despesas Administrativas: 9,97% | NE Despesas Administrativas: 9,37%. Com isso, em dez/14, a participação dos itens mão de obra, materiais, despesas administrativas e equipamentos no CUB total, atingiu: 53,73% mão de obra | 41,74% materiais | 4,05% despesas administrativas | 0,48% equipamentos

CUB Médio Brasil Ano

Mês

CUB Médio Região Nordeste Variações %

Valor em R$/m²

Mês

Variações %

Valor

Acumuladas Ano

12 meses

Ano

Mês

em R$/m²

Mês

Acumuladas Ano

12 meses

2014

Jan

1.089,00

0,79

0,79

7,73

2014

Jan

1.018,34

1,67

1,67

9,29

2014

Fev

1.092,35

0,31

1,1

7,78

2014

Fev

1.025,07

0,66

2,34

8,92

2014

Mar

1.098,30

0,54

1,65

7,61

2014

Mar

1.027,70

0,26

2,6

8,35

2014

Abr

1.103,24

0,45

2,11

7,83

2014

Abr

1.044,86

1,67

4,32

9,23

2014

Mai

1.112,90

0,88

3,01

6,82

2014

Mai

1.052,15

0,7

5,04

9,2

2014

Jun

1.126,52

1,22

4,27

6,55

2014

Jun

1.052,36

0,02

5,06

7,32

2014

Jul

1.137,20

0,95

5,25

6,87

2014

Jul

1.056,66

0,41

5,49

7,73

2014

Ago

1.140,20

0,26

5,53

6,77

2014

Ago

1.057,47

0,08

5,57

7,18

2014

Set

1.141,72

0,13

5,67

6,69

2014

Set

1.058,24

0,07

5,65

7,22

2014

Out

1.143,19

0,13

5,81

6,39

2014

Out

1.059,69

0,14

5,8

6,49

2014

Nov

1.144,82

0,14

5,96

6,17

2014

Nov

1.063,76

0,38

6,2

6,59

2014

Dez

1.145,42

0,05

6,02

6,02

2014

Dez

1.062,22

-0,14

6,05

6,05

Serviço Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) I CUB cub.org.br

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CLASSIFICADOS

A

AÇOS

Arcelor Mittal www.arcelormittal.com +55 (81) 33438100 GERDAU www.gerdau.com.br +55 (51) 3323 2000

C cIMENTOS CIMENTO APODI www.cimentoapodi.com.br +55 (85) 33117575 08007057575 Concrepoxi www1.concrepoxi.com.br +55 (81) 33120400 Elizabeth CIMENTOS www.elizabethcimentos.com.br 0 800 730 1515 COBERTURAS METÁLICAS MARKO www.marko.com.br rollon@marko.com.br +55 (21) 32820400

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Knauf 08007049922 sak@knauf.com.br www.knauf.com.br Trevo Gesso www.trevobrasil.com +55 (88) 35716019

E

EVENTOS

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