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66. É impossível conceber a civilização do Antigo Egito sem considerar sua peculiar situação geográfica. O país se alimentou dos fatores físicos de sua localização, dependendo deles ininterruptamente: a circunscrição do deserto, o ritmo do Nilo e seu vale produtivo deram aos egípcios e à sua cultura características fundamentais, como estabilidade, permanência e isolamento. De fato, os egípcios se conscientizaram tanto da imobilidade quanto do isolamento nacionais. Eles supuseram ter sempre habitado o vale do Nilo como uma raça diferenciada, imaginando que o território, com seus desertos circundantes, existira desde a Criação. (Paul Johnson. História ilustrada do Egito Antigo. Tradução de Alberto Pucheu. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 10.)

Segundo o texto: a) a necessidade de seguir o ritmo de seu rio levou o Egito a uma grave crise. b) os egípcios julgavam sua imobilidade e isolamento como maldições divinas.

membros da Igreja. Todo o saber estava em suas mãos. (Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. Tradução de Eugênio Michel da Silva; Maria Regina Lucena Borges-Osório. São Paulo: Editora Unesp/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. p. 16.) (*) historicizante: tratamento contextualizador da história, que considera não apenas as dimensões culturais, sociais e políticas do fato sobre o qual discorrer, mas procura também articulá-los com a produção intelectual da época em que ocorreu.

O texto afirma que: a) apesar de ser uma religião da história, o cristianismo não teve boa acolhida entre os historiadores. b) a perspectiva cristã da história destruiu as tradicionais noções de passado, presente e futuro. c) a civilização europeia é mais complexa que as demais por ter consciência de sua existência. d) na Idade Média, os intelectuais podiam ser encontrados entre os homens da Igreja.

c) o monoteísmo egípcio se evidencia pela crença na ideia de criação do mundo.

e) para compreender a história, o homem deve abrir mão de qualquer sentimento religioso.

d) o Antigo Egito, apesar de circundado por desertos, sempre dependeu do comércio.

69. O homem sempre buscou conhecer seu passado – tanto o passado de cinco minutos atrás quanto o de muitos milênios. Questionamos o passado porque nele encontramos respostas a essas e outras interrogações. O passado fornece elementos para compreendermos o presente. Por isso é importante estudar História: para que possamos nos conhecer melhor. É bem possível que para você a História não passe de uma disciplina teórica sem muito valor se comparada a ramos mais práticos do conhecimento, como Medicina, Engenharia e Computação. Mas História é vida, a sua vida, a vida de todos os seres humanos em todas as épocas. A ideia popular é a de que saber História significa memorizar acontecimentos, datas e nomes de personagens famosos. Errado. Hoje a memorização não ocupa mais um lugar central no estudo da História. Muito mais do que decorar fatos, precisamos buscar compreender por que as coisas aconteceram de determinada maneira. E também por que não acontecem do mesmo jeito em todas as sociedades humanas. Entender como o mundo se tornou o que é e não algo diferente. Mais do que encontrar respostas, estudar História é aprender a fazer perguntas.

e) a localização espacial do Antigo Egito repercutiu sobre sua civilização. 67. Os anfiteatros romanos tinham um formato fechado, circular ou oval. A esses vastos espaços, durante séculos, os romanos acorreram para assistir às lutas mortais entre os gladiadores e deleitar-se com leões, ursos e elefantes, que se estraçalhavam, ou devoravam homens e mulheres lançados indefesos à arena; o espetáculo também incluía criminosos, desertores e hereges, torturados, crucificados ou queimados vivos. Carlin Barton estima em 10% a chance de um lutador treinado sobreviver a cada peleja; já escravos, réus condenados ou cristãos não tinham praticamente chance alguma de saírem vivos do primeiro embate. Essa margem diminuía quando os imperadores promoviam batalhas simuladas entre exércitos de gladiadores; Trajano chegou a reunir dez mil homens em combates sem misericórdia, em um período de apenas quatro meses. (Richard Sennett. Carne e pedra. Tradução de Marcos Aarão Reis. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008. p. 106.)

(Caio César Boschi. Por que estudar História? São Paulo: Ática, 2007. p. 10.)

Pode-se afirmar, de acordo com o texto, que:

a) os anfiteatros, como os atuais estádios, abrigavam apenas práticas esportivas. b) escravos, réus condenados e cristãos suportavam melhor as agruras da arena. c) a cada cem lutadores treinados, noventa poderiam morrer em combate. d) após as batalhas simuladas entre exércitos de gladiadores, todos sobreviviam. e) os animais apresentados nos anfiteatros tinham um papel essencialmente ornamental. 68. Pergunta – A consciência da história existia na Idade Média? Tentava-se abstrair ensinamentos dela? Resposta – Evidentemente. O que diferencia mais claramente a civilização europeia das outras é que ela é essencialmente historicizante*, ela se concebe como estando em processo. O homem do Ocidente tem o sentimento de que progride em direção ao futuro e, assim, ele é muito naturalmente levado a considerar o passado. O cristianismo, que impregnou fundamentalmente a sociedade medieval, é uma religião da história. Proclama que o mundo foi criado num dado momento e que, num outro, Deus fez-se homem para salvar a humanidade. A partir disso, a história continua e é Deus quem a dirige. Para conhecer as intenções divinas é necessário, portanto, estudar o desenrolar dos acontecimentos. É isso o que pensavam os homens cultos, os intelectuais daquela época, ou seja, os

De acordo com o texto: a) o estudo da História não tem valor porque não traz nada de prático para a vida. b) a compreensão do presente depende de um contínuo questionamento do passado. c) a memorização de dados continua a ser o principal aspecto do estudo da História. d) a História prova que as sociedades humanas sempre apresentam os mesmos comportamentos. e) os historiadores invariavelmente oferecem boas respostas a todas as perguntas. 70. A cidade de Montezuma, chamada Tenochtitlán, ficava num planalto aproximadamente a meio caminho entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Respirando um ar rarefeito a aproximadamente 2 500 metros acima do nível do mar, ela repousava sobre uma ilha localizada num enorme lago rodeado de montanhas. A Cidade do México hoje ocupa esse local, mas o lago desapareceu. (Geoffrey Blainey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento, 2007. p. 171.)

O texto faz referência a uma cidade que: a) era a capital do Império Asteca e foi destruída pelos conquistadores espanhóis.

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b) apresentava um urbanismo rústico e uma economia exclusivamente agrícola. c) era comandada por um rei e dominava muitas comunidades na cordilheira dos Andes. d) apesar de possuir um exército débil, ofereceu uma resistência secular à investida europeia. e) era a capital do Império Inca e foi destruída pelos conquistadores franceses.

b) À desagregação da União Soviética. c) À queda do Muro de Berlim. d) Ao suicídio de Adolf Hitler. e) Ao término da guerra entre soviéticos e alemães. 74. Revolução! Precavenha-se fazendo suas compras da Margarina Elza... Esta propaganda, estampada no Diário Nacional em 1930, mostra como a perturbação da ordem invadia o cotidiano do país naquela época. De fato, entre 1920 e 1930, a ideia de revolução permeava o debate político e pairava sobre a sociedade brasileira. Militares demonstraram sua contrariedade em 1922 e em 1924, ao marcharem contra o governo federal, e um grupo de rebeldes militares percorreu o país em nome da revolução entre 1925 e 1927. Nas grandes cidades, o descontentamento de parte da população se manifestava em greves e inquietação.

71. Observe a imagem a seguir.

(Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 82, ano 7, p. 18, jul./2012.)

Beija-mão de D. João VI.

Essa cena, ocorrida no Rio de Janeiro, foi representada por um artista inglês anônimo. Em qual contexto histórico podemos afirmar que ela aconteceu? a) Durante a crise dinástica e a Revolução de Avis. b) No período em que o Brasil havia sido elevado à categoria de Reino Unido a Portugal. c) No estabelecimento do primeiro Governo Geral no Brasil. d) No Período Regencial brasileiro, antes da maioridade do futuro imperador D. Pedro II. e) No momento da Restauração Portuguesa, após o fim da União Ibérica. 72. Todo o sistema que, sob uma aparência de humanidade ou de benemerência, tendesse, numa monarquia bem ordenada, a estabelecer entre os homens uma igualdade de deveres e a destruir as distinções necessárias, traria em breve a desordem, consequência inevitável da igualdade absoluta, e produziria a subversão da sociedade. (Parlamento de Paris, 4 de março de 1776.)

A partir do texto, podemos afirmar que:

a) a igualdade entre os homens deveria ser alcançada por intermédio de uma monarquia bem ordenada. b) o regime monárquico é o único modo de se chegar à igualdade entre os homens, a fim de manter a ordem social. c) somente uma igualdade absoluta conseguiria estabelecer ordem na sociedade. d) a subversão da ordem é uma consequência da desigualdade social. e) mesmo sendo estabelecida por uma monarquia, a igualdade entre os homens gera uma desordem social. 73. A primavera de Berlim floresceu na inesquecível noite de 9 de novembro, quando o regime comunista decidiu abrir as fronteiras do país. Em poucos dias, ainda sob o efeito da espantosa guinada, quase 4 milhões de pessoas puderam passear pelas ruas de Berlim Ocidental, deslumbrar-se com suas vitrines, fazer algumas compras e compartilhar com outra multidão de alemães, que os esperava do lado oposto, a euforia de ver desmanchar no ar a sinistra solidez de um dos grandes símbolos da opressão em todo o mundo. (Adaptado de Veja, ed. 1 106. p. 102.)

A qual fato histórico a reportagem se refere? a) À morte de Josef Stálin. 2

A partir do texto, podemos afirmar que:

a) as greves e a inquietação demonstravam a insatisfação de uma fração da população urbana nesse período. b) as propagandas da época eram usadas para propagar ideias revolucionárias. c) nesse período, as instituições políticas estavam bem estabelecidas, evitando qualquer perturbação na ordem social. d) após o golpe, os militares governaram o Brasil entre os anos de 1920 e 1930. e) entre 1925 e 1927, militares se uniram em nome da revolução para derrubar Getúlio Vargas do poder. 75. Foi esse mundo de cidades-estado livres e autônomas que enfrentou no início do século V, a ameaça persa. As guerras Médicas, ou Medas, constituem um momento essencial na história do mundo grego. Afinal, desse confronto, nasceriam a hegemonia ateniense e a civilização clássica estreitamente associada a ela. Desde meados do século VI, os persas tratavam de submeter ao seu domínio os países situados na vasta região que vai do planalto do Irã às margens do Mediterrâneo. A Mesopotâmia, a Ásia Menor e depois o Egito caíram em suas mãos, assim como as cidades-estado gregas, que haviam brilhado durante dois séculos e visto o nascimento do pensamento científico e filosófico. (Claude Mossé. Dicionário da civilização grega. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. p. 12.)

De acordo com o texto, assinale a alternativa correta. a) Os persas eram submetidos aos gregos, e nunca se constituíram uma grande ameaça. b) Após o final das Guerras Médicas, os persas exerceram a hegemonia sobre Atenas. c) As Guerras Médicas se constituíram na disputa entre as cidades-estado Atenas e Esparta. d) Uma das consequências das Guerras Médicas foi o despontar da civilização clássica associada à hegemonia ateniense. e) Com as Guerras Médicas, Atenas domina as regiões da Mesopotâmia, Ásia Menor e Egito. 76. Nem sempre a memória de Vargas recebeu tratamento tão nobre. Em primeiro lugar porque se trata de um personagem bastante ambíguo – se por um lado contribuiu com inegáveis avanços para o desenvolvimento do país, por outro liderou um período autoritário e de repressão política em seu primeiro governo (1930-1945). Além disso, no último meio século o Brasil atravessou grandes mudanças políticas e institucionais. À experiência democrática iniciada em 1946 sucederam-se, a partir de 1964, vinte anos de ditadura militar, até que em 1985 se iniciasse novo processo de construção da democracia. Para

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cada um desses momentos veio à tona um Vargas diferente. (Marieta de Moraes Ferreira. “Mal ou bem, só falam dele”. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 35, p. 14, ago./2008.)

Assinale a alternativa correta de acordo com o texto. a) A repressão política e o autoritarismo marcaram o primeiro governo de Vargas. b) Vargas combatia as mudanças políticas e institucionais que ocorriam no Brasil. c) Vargas foi o primeiro presidente eleito democraticamente em 1946. d) Vargas se suicida em 1964, causando o fim da democracia e o início de vinte anos de ditadura militar. e) Com as mudanças que o Brasil atravessou, afastou-se a figura de Vargas da memória brasileira. 77. No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo da nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal. Dentre esses círculos, foi sem dúvida o da família aquele que se exprimiu com mais força e desenvoltura em nossa sociedade. E um dos efeitos decisivos da supremacia incontestável, absorvente, do núcleo familiar, está em que as relações que se criam na vida doméstica sempre forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. (Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 [1936]. p. 146.)

Com base na leitura do texto anterior, assinale a alternativa correta. a) O Estado burocrático, baseado no predomínio do interesse público sobre o particular, foi implantado com sucesso no Brasil Republicano. b) A família é a base da ordenação social e, desse modo, as relações familiares devem, necessariamente, interferir nos interesses públicos. c) No Brasil, os interesses familiares são a base das relações sociais, afetando, também, as práticas políticas e a condução do Estado. d) A impessoalidade e o predomínio da esfera familiar são os princípios que nortearam o processo de construção do Estado brasileiro. e) No Brasil, nunca se separou a esfera pública da esfera privada, tornando-se, essa, uma característica cultural elogiada pelo autor do texto. 78. Getúlio Vargas, o estancieiro gaúcho que liderou a Revolução de 1930, tentou formalizar o jeitinho para acabar com o jeitão. Vale dizer: buscou civilizar a classe dominante para que o proletariado existisse. Criou uma legislação trabalhista avançada, mas a expansão capitalista seguiu desobedecendo as regras e, junto com os empregos formalizados pela nova legislação, a avalanche do trabalho informal engolfava todas as relações sociais. A informalidade é a forma, o jeitinho substituiu as relações racionais e obrigatórias pela intimidade, como já demonstrou Sérgio Buarque de Holanda. (...) O trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. (...) Quando o trabalhador ou trabalhadora que tem consciência dos seus direitos recusa o emprego sem carteira, escuta, às vezes: “malandro, não quer trabalhar”. (Francisco de Oliveira. “Jeitinho e jeitão – uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro”. Revista Piauí. ed. 73, p. 34, out./2012.)

Com base na leitura dos textos de Sérgio Buarque de Holanda (questão 77) e de Francisco de Oliveira, assinale a alternativa correta.

a) Ao contrário de Sérgio Buarque de Holanda, Francisco de Oliveira defende a flexibilização das leis trabalhistas, tendo em vista que a informalidade é, hoje, a regra geral. b) Francisco de Oliveira critica os estudos de Sérgio Buarque de Holanda sobre a formação da cultura brasileira, denunciando a inconsistência teórica da análise do autor. c) Sérgio Buarque de Holanda, escrevendo imediatamente depois da Revolução de 1930, analisa as relações trabalhistas no Brasil tendo por base o texto de Francisco de Oliveira. d) Francisco de Oliveira utiliza, como uma das bases de seu argumento, o cerne do texto de Sérgio Buarque de Holanda, aplicando-o às relações de trabalho no Brasil. e) Francisco de Oliveira afirma que o “jeitinho” passa pela aceitação das normas existentes e seu estrito cumprimento, como exemplifica a organização das relações trabalhistas no Brasil. 79. Não é preciso pressupor que o curso da Revolução Russa estivesse antecipadamente determinado em todos os seus pormenores ou na sequência de todas as suas principais fases e incidentes. Mas a sua direção geral não fora fixada pelos acontecimentos de um par de anos ou meses; fora preparada pela evolução dos eventos de muitas décadas, de várias épocas. O historiador que se esforça por reduzir a montanha da Revolução a um punhado de contingências, coloca-se diante dela tal qual os líderes políticos que procuraram impedir a sua erupção. (Isaac Deutscher. A revolução inacabada – 1917-1967. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 7.)

No excerto anterior, Isaac Deutscher defende um tipo de análise histórica que: a) relega à Revolução Russa o papel de mero episódio dentro do processo de modernização europeia. b) valoriza a compreensão dos processos históricos, não se restringindo ao estudo de episódios isolados. c) acredita na evolução dos seres humanos e afirma que a Revolução Russa foi um “desvio”. d) afirma que a Revolução Russa estava predestinada a ocorrer e todos os seus caminhos estavam traçados. e) categoriza a Revolução Russa como um episódio inacessível à pesquisa histórica. 80. Manter um salão de debates é uma ocupação fascinante. É preciso atender à composição do auditório, evitar os excessos e intromissões, valorizar cada um, e assim sucessivamente. Se a dona da casa desempenhar bem os seus deveres terá muitas satisfações: a mundana de ter um nome no meio cultural; a intelectual de conversar com as maiores mentes do século, escutar enquanto falam de ideias inovadoras, responder no mesmo tom. Em suma, o prazer imenso de participar da aventura do Iluminismo e a ilusão de acreditar que no tempo e no espaço do salão são abolidas, como que por magia, as distinções de classe, de patrimônio, de sexo. (Michel Vovelle (Org.). O homem do Iluminismo. Lisboa: Editorial Presença, 1992. p. 346-347.)

O texto analisa as relações de gênero no século XVIII, enfocando o movimento intelectual iluminista e a realização de “salões” para debate de ideias. Com base na leitura do texto e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta. a) Os salões de debates eram frequentados por intelectuais e, por isso, neles não eram reproduzidas as hierarquias de gênero existentes na sociedade. b) O Iluminismo, contrariamente ao fluxo liberal da sociedade europeia, defendia que a mulher fosse cada vez mais submetida ao poder masculino. c) De acordo com o texto, por ameaçarem os valores da sociedade burguesa, as mulheres iluministas eram chamadas pejorativamente de “mundanas”.

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d) O fascínio exercido pelas mulheres durante o século XVIII relacionava-se à sua capacidade intelectual, nunca à sua beleza ou a outros aspectos pessoais. e) As mulheres eram consideradas importantes por organizarem os salões, mas sua capacidade intelectual não era plenamente reconhecida. 81. O autor em desacordo com um regime, caso teimasse em ultrapassar os limites da tolerância oficial, podia frequentemente imitar Victor Hugo ou Karl Marx, fugindo para o estrangeiro para disseminar suas ideias malquistas a partir do abrigo do exílio. Um editor de livros não tem essa opção: ou calará sua crítica, ou se exporá, e seu negócio, à enorme quantidade de sanções de que dispõe o Estado.

e) evitar a injustiça e permitir aos cidadãos serem virtuosos e felizes. 84. (UFU) No pórtico da Academia de Platão, havia a seguinte frase: “não entre quem não souber geometria”. Essa frase reflete sua concepção de conhecimento: quanto menos dependemos da realidade empírica, mais puro e verdadeiro é o conhecimento tal como vemos descrito em sua Alegoria da Caverna. A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula recoberta de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede que essa ideia também esteja presente no círculo imperfeito que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a forma.

(Laurence Hallewell. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005. p. 535.)

(Abel Jeannière. Platão. Tradução de Lucy Guimarães. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.)

Com base na leitura do texto, pode-se afirmar que a censura e a repressão estatal são fenômenos que:

Com base nas informações anteriores, assinale a alternativa que interpreta corretamente o pensamento de Platão.

a) raramente ocorreram na história da humanidade. b) se restringem a governos ditatoriais. c) prejudicam as atividades culturais. d) favorecem os escritores e prejudicam os editores. e) facilitam a expressão crítica por meio da literatura. 82. Vivemos em uma sociedade de tudo, menos de prazer. O espetáculo, a publicidade, em suma, a visão de mundo hegemônica diz: “Goze, goze, goze”. Agora, daí a gozar... é outra história! Só estamos autorizados a comer meia folha de alface. Temos que nos matar de exercícios físicos, fazer palavra cruzada para evitar Alzheimer. Check-up cinco vezes por ano. (...) E um medo pavoroso de câncer. Nunca houve tanta propaganda em torno de pratos exóticos e refinados no Brasil, da cozinha tailandesa à peruana, passando pela do Tibete e a do Brunei. Mas o sujeito não pode usufruir de nada, absolutamente nada disso. Ele vai ficar com medo do colesterol, de ser olhado como um estulto, um irresponsável, pelos amigos: “Neurótico, não cuida de si. Vai fazer psicanálise, ioga”. Então, abre-se mão do prazer, que se tornou, paradoxalmente, algo extremamente escasso. E isso numa cultura que se autorrepresenta como “hedonista”. (Jurandir Freire Costa. “O corpo é o maestro”. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 40, ano 4, p. 43, jan./2009.)

Pode-se afirmar, segundo o texto, que: a) a mesma sociedade que disponibiliza prazeres limita-lhes o desfrute.

a) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo inteligível”, mas do mundo sensível. b) Todo conhecimento verdadeiro começa pela percepção, pois somente pelos sentidos podemos conhecer as coisas tais quais são. c) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto demonstra que as ideias do “mundo inteligível” não são perfeitas, tal qual o “mundo sensível”. d) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de identificação dos seres; o “mundo inteligível” é onde se obtêm os conhecimentos verdadeiros. e) As ideias são abstrações dos objetos do mundo sensível, mas quando idealizadas, passam a não corresponder mais à realidade. 85. (UFU) A Itália do tempo de Nicolau Maquiavel (1469-1527) não era um Estado unificado como hoje, mas fragmentada em reinos e repúblicas. Na obra O príncipe, declara seu sonho de ver a península unificada. Para tanto, entre outros conceitos, forjou as concepções de virtú e de fortuna. A primeira representa a capacidade de governar, agir para conquistar e manter o poder; a segunda é relativa aos “acasos da sorte” aos quais todos estão submetidos, inclusive os governantes. Afinal, como registrado na famosa ópera de Carl Orff: Fortuna imperatrix mundi (“A fortuna governa o mundo”).

b) o hedonismo desenfreado tem conduzido muitos indivíduos à neurose.

Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinam cessem de existir.

c) o avanço da medicina preventiva tornou melhor a vida das pessoas.

(Nicolau Maquiavel. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 79-80. (Coleção Os Pensadores).)

d) apesar de fazerem bem à saúde, os pratos exóticos não são bem acolhidos. e) a publicidade transforma em coisas más os mais singelos prazeres da vida. 83. (UFF) Durante a maior parte da história da humanidade, o bem-estar e o interesse dos governantes têm predominado sobre o bem-estar e o interesse dos governados. Os gregos foram os primeiros a experimentar a democracia, isto é, regime político em que os cidadãos são livres e o governo é exercido pela coletividade para atender ao bem-estar e ao interesse de todos, e não só de alguns. Aristóteles refletiu sobre essa experiência e concluiu que a finalidade da atividade política é: a) agradar aos deuses. b) habituar os seres humanos a obedecer. c) preparar os cidadãos como bons combatentes para conquistarem outros povos. d) impor a todos um pensamento único para evitar a divisão da sociedade.

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Com base nas informações anteriores, assinale a alternativa que melhor interpreta o pensamento de Maquiavel. a) Trata-se da virtú, quando Maquiavel diz que as “causas mudaram”; e de fortuna, quando se refere ao príncipe prudente, pois um príncipe com tal qualidade saberia acumular grande quantidade de riquezas. b) Trata-se da fortuna, quando Maquiavel diz que “as causas que o determinaram cessem de existir”; e de virtú, quando Maquiavel diz que o príncipe deve ser “prudente”. c) Apesar de ser uma frase de Maquiavel, conforme o texto introdutório, ela não guarda qualquer relação com as noções de virtú e fortuna. d) O fragmento de Maquiavel expressa bem a noção de virtú, ao dizer que o príncipe deve ser prudente, mas não se relaciona com a noção de fortuna, pois em nenhum momento afirma que as “circunstâncias” podem mudar. e) Trata-se apenas da fortuna, pois o fragmento enfatiza que, ao mudarem as circunstâncias que constrangeram o príncipe a

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empenhar sua palavra em algo que lhe é desfavorável, ele não deve mais honrá-la. 86. (UEM) Afirma o filósofo Galileu Galilei (1564-1642): “A Filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o Universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras: sem eles nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.” (Galileu Galilei. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 119. (Coleção Os Pensadores).)

Segundo esse fragmento, é correto afirmar: a) Conhecer algo natural implica poder traduzir as informações em conceitos matemáticos.

da, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente do econômico, não passarem para dentro do país. Como para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se no futuro, que agora parece remoto. (Roberto Schwarz. “Os sete fôlegos de um livro”. In: Sequências brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 54-55.)

Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados no texto é: a) Brasil, um país que vai pra frente. b) Brasil, a eterna esperança.

b) A matemática restringe-se ao estudo do Universo.

c) Brasil, glória no passado, grandeza no presente.

c) A matemática é uma língua não escrita.

d) Brasil, terra bela, pátria grande.

d) A filosofia é o primeiro momento da investigação, que precede a matemática.

e) Brasil, gigante pela própria natureza.

e) O estudo da filosofia não se identifica com o estudo da natureza. 87. (Enem) A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem. (Paul Valéry. Cadernos. Apud Maria Victória de Mesquita Benevides. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.)

Nessa definição, o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma democracia incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política? a) A distribuição equilibrada do poder. b) O impedimento da participação popular. c) O controle das decisões por uma minoria. d) A valorização das opiniões mais competentes. e) A sistematização dos processos decisórios. 88. (Enem) Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra.” (Alexis de Tocqueville. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc., Great Books 44, 1990.)

Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte-americanos do seu tempo:

90. (Enem) Opinião Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa andar, deixa andar... Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu. (Zé Ketti. “Opinião”. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28.04.2010.)

Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de: a) entretenimento para os grupos intelectuais. b) valorização do progresso econômico do país. c) crítica a passividade dos setores populares. d) mobilização dos setores que apoiavam a ditadura militar. e) denúncia da situação social e política do país.

a) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas. b) tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido. c) valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento ético. d) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso econômico. e) acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia doméstica. 89. (Enem) Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de inorganicidade social – o oposto da interligação com objetivos internos – trazida da Colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holan-

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