Tgi iriscaruso 2014

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Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU Campus Vila Mariana I Bacharelado em Design de Produto

Iris Alves Caruso

Trabalho de Graduação Interdisciplinar Trip Board Oluolu

Trabalho de Graduação Interdisciplinar – TGI apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário FMU como exigência para obtenção do grau de bacharelado em Design Industrial na especialidade de Design do Produto. Orientadores: Prof. Dr. João Gomes Filho Prof. Esp. Sandro Ferraz

São Paulo, 2014.


CARUSO, Trabalho de Conclusão de Curso Iris Alves Caruso, São Paulo, São Paulo, 2014. Xx páginas.

I. Assunto: Trabalho de conclusão de curso II. Autora: Iris Caruso. III. Título: Trip Board Oluolu. IV. Tema: Lúdico


Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU Campus Vila Mariana I Bacharelado em Design de Produto

Iris Alves Caruso

Trabalho de Graduação Interdisciplinar – TGI apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário FMU como exigência para obtenção do grau de bacharelado em Design Industrial na especialidade de Design do Produto. Orientadores: Prof. Dr. João Gomes Filho Prof. Esp. Sandro Ferraz Profª. Esp. Aline Okomura

Aprovado em Dezembro de 2014. Prof. Dr. João Gomes Prof. Esp. Sandro Ferraz Profª Esp. Aline Okumura



Dedico este trabalho ao meu pai. Ele me guia pelos mares da vida, me alertando dos perigos que as ondas e a correnteza podem me trazer. Meu pai me ensinou a ter respeito pelo mar, porque assim como as pessoas, ele pode enaltecer ou afogar. Dedico esse projeto ao meu pai, porque ele nĂŁo sĂł me carregou no colo, mas me colocou numa prancha e deixou a onda da vida me levar, pra que eu aprendesse a levantar sozinha.


Agradeço à minha mãe, por ser minha Iemanjá – Mãe cujos filhos são peixes – pelo amor e pela paciência, por nunca desistir de mim, por me levar à superfície da água mesmo quando eu insistia em mergulhar fundo... E por um dia ter me falado “Você vai amarelar mesmo por causa de UM caldo!?”. Valeu, mãe, pela persistência! Agradeço também ao meu padrinho Zé Espírito por me ajudar e compartilhar suas incríveis experiências. À Raissa, minha companheira sagitariana de apê, de vida, de risadas e de sermões. Ao Bruno Bassan, pelo apoio, paciência e por compartilhar seus conhecimentos de Design (e de vida) comigo, sem ele esse trabalho jamais teria sido concluído! Ao Thiago Sanches e ao Bruno Baldíbia, pelos grandes amigos que são e sempre serão. Ao Wilgi, por me mostrar que a força está onde menos se espera. À Cris Galindo e ao Edson Laino, por me darem outra perspectiva. Aos amigos Ed, Nádia, Amanda e Rita pela alegria de viver. Aos designers talentosos e amigos Felipe Testa, André Moreno, Guilherme Furtado, Felipe Siqueira e Guilherme Casimiro por me valorizarem pela pessoa que sou. Aos professores Sandro Ferraz, João Gomes, Aline Okomura, Elô Penna, Ermano Luigi, Edney Eboli, Thon Salmeron, Rogério Sorima, Rogério Murback, Marcelo Bastos, Juliano do Amaral, Rodrigo Vilalba, João Liberato, Tarcísio Cardoso e Daniel Robledo pelas lições em sala de aula e fora dela. À Lucy e ao Gaspar, que mesmo longe, sempre me apoiaram em tudo. Enfim, a todos àqueles que eu me esqueci de citar e principalmente aos surfistas mencionados ao longo desse trabalho, o meu obrigada pela colaboração com meu projeto e com o Surf! Sem vocês nada disso teria sido possível.


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O termo “lúdico” deriva do latim ludu (brincar, jogar) e o que caracteriza esse termo é a experiência de plenitude que este vem a possibilitar a quem o vivencia em seus atos. Assim como a arte transforma a concepção do real e ilusório, desvirtuando o pensamento da realidade, o esporte também tem sua parcela de ludicidade quando consideramos as sensações dos indivíduos enquanto os praticam. São os momentos extremos do esporte que delimitam um universo lúdico que faz das sensações de instabilidade uma fonte de prazer. O Surf é um esporte que nasceu dessa necessidade de abstrair a realidade. Ele se desenvolve em meados das décadas 60 e 70 como um movimento de contracultura, que buscava romper os padrões tradicionais da sociedade na época. Esse comportamento reflete como o lúdico é exercido no Surf, desde seu surgimento, até os dias de hoje: um esporte associado à realização pessoal e prazeres sentidos em diversas formas, que busca a abstração do mundo real – do sistema. A partir daí surgiu a ideia de conceber um projeto de produto relacionado à ludicidade que o Surf permite em sua essência como esporte e estilo de vida. Desde o surgimento do Surf, a construção de pranchas tem sido uma constante revolução de materiais, modelagens, técnicas e shapes. Hoje a indústria do Surf gera cerca de 14 bilhões de dólares anuais, que tendem a crescer a cada ano. Esse projeto consiste na elaboração de uma linha de pranchas de Surf completamente diferentes das existentes no mercado. Elas fogem de todos os padrões já inventados sobre pranchas de Surf no mundo. O projeto piloto, uma prancha modular, traz a sensação de liberdade e o espírito aventureiro do Surfista a uma nova era de tecnologias de materiais com um design lúdico inovador. Esta prancha proporciona segurança e conforto ao usuário ao transportá-la até a praia, devido à sua estrutura modular e caber dentro de uma mochila de 60cm, além de permitir que ele viva uma experiência única e incrível no mar através desse novo conceito, por ser fabricada em PET transparente, dando uma visão do mar abaixo do surfista enquanto ele está na água. Palavras-chave: Lúdico. Surf. Prancha. Modular. Oluolu.



PARTE I – EMBASAMENTO TEÓRICO.....................................................................................................62 1 PESQUISAS....................................................................................................................................................17 1.1 Levantamento Bibliográfico.................................................................................................................17 1.1.1 Definição do tema: Lúdico....................................................................................................17 1.2 Definição do Público-Alvo.................................................................................................................18 1.3 Pesquisas de Campo.............................................................................................................................21 1.3.1 Netnografia............................................................................................................21 1.3.2 Entrevista com público-alvo...................................................................................................8 1.3.3 Entrevista com profissionais..................................................................................................42 1.3.4 Vivência................................................................................................................50 13.5 Análise e síntese da pesquisa................................................................................................54 2 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.................................................................................................56 2.1 Estudos Preliminares............................................................................................................................56 2.1.1 Desenhos de Estudo................................................................................................................56 PARTE II – RELATÓRIO TÉCNICO............................................................................................................62 1 APRESENTAÇÃO.........................................................................................................................................63 1.1 Considerações Gerais sobre o TGI............................................................................................................63 2 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................64 2.1 Considerações sobre a definição do tema e sobre o respectivo recorte............................................64 2.2 Considerações sobre o público-alvo..................................................................................................66 2.3 Usuário / Estilo de vida............................................................................................................................72 2.4 Considerações sobre a definição sobre produto..............................................................................72 2.4.1 Design...........................................................................................................................................72 2.4.2 Praticidade...................................................................................................................................74 2.4.3 Consciência Ambiental..............................................................................................................74 2.4.4 Economicamente viável.............................................................................................................74 2.4.5 Saúde.............................................................................................................................................74


2.4.6 Definição do produto final......................................................................................................75 2.5 Painel Semântico....................................................................................................................................76 2.6 Painel Iconográfico................................................................................................................................77 3 CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA.............................................................................................................78 3.1 O Surf e a Indústria Mercadológica.............................................................................................78 3.1.1 Análise Geral do Mercado.....................................................................................................83 3.1.2 Ambiente Externo....................................................................................................................84 4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DO PRODUTO................................................................86 4.1 Metodologia do Projeto do Produto..................................................................................................86 4.1.1 Realimentaçãodapesquisarealizadanaprimeiraetapa...............................................................86 4.1.2 Concepção do produto: conceituação e estudos formais, funcionais, estruturais, ergonômicos, tecnológicos e estético-formais..............................................................................................87 4.1.3 Aplicação das Bases Conceituais/ Produto........................................................................87 4.1.3.1 Uso principal e específico......................................................................................................87 4.1.3.2 Operacional...............................................................................................................................87 4.1.3.3 Ergonômica..........................................................................................................................87 4.3.3.1 Dimensionamento da prancha.................................................................................88 4.1.3.4 Níveis de informação.............................................................................................................90 4.1.3.4.1 Informação visual ......................................................................................................90 4.1.3.4.2 Informação tátil...........................................................................................................90 4.1.3.4.3 Informação sinestésica...............................................................................................90 4.1.3.5 Aparência estético-formal.......................................................................................................90 4.1.3.6 Imagem simbólica....................................................................................................................91 4.1.3.7 Dimensão semiótica................................................................................................................91 4.1.3.8 Técnica................................................................................................................92 4.1.3.9 Tecnológica......................................................................................................92 4.1.3.10 Material........................................................................................................92 4.1.3.11 Sistema construtivo..................................................................................................................93 4.1.3.12 Sistema de fabricação..............................................................................................................93 4.1.3.13 Normalização...........................................................................................................93 4.1.3.14 Criatividade no design...........................................................................................................93


5 REGISTRO DO PROJETO DO PRODUTO........................................................................................95 5.1 Desenhos técnicos: vistas externas e cortes – nível básico.....................................................95 5.2 Pranchas de ilustrações do produto 2D e/ou 3D – ergonômicas................................................103 5.3 Pranchas de ilustrações do produto 3D – situações de uso.......................................................104 5.4 Modelo tridimensional do produto...............................................................................................105 5.5 Modelo tridimensional do produto: escala reduzida ou protótipo..............................................113 6

CONCLUSÃO............................................................................................................................................114

APÊNDICE – A MARCA...............................................................................................................................115 ANEXO I – PLANO DE MARKETING.....................................................................................................122 ANEXO II – GLOSSÁRIO.............................................................................................................................138 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................................145


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Parte I

Embasamento Teรณrico 16


1. PESQUISAS 1.1 Levantamento bibliográfico 1.1.1 Definição do tema: Lúdico O conceito de lúdico é estudado por muitos pesquisadores contemporâneos como a prática de alguma atividade que faça o ser humano se sentir abstraído do mundo real, liberando sensações de espontaneidade e liberdade. O termo “lúdico” deriva do latim ludu cujo significado é brincar, jogar, e o que caracteriza esse termo é a experiência de plenitude que este vem a possibilitar a quem o vivência em seus atos, incluindo os jogos, os brinquedos e as brincadeiras (FERREIRA, 2010). Cada autor define a ludicidade em diferentes níveis de estado da mente. Por exemplo, para Negrine (2000 apud SÁ, 2007), a capacidade lúdica é um estado de espírito que vai se instalando progressivamente na conduta de cada um de acordo com seu modo de vida. Para ele, o lúdico está associado às raízes do ser humano. Antunes (2008) constitui o lúdico como estratégia insubstituível para ser utilizada a fim de estimular a construção do conhecimento humano, bem como na possibilidade de progressão das diferentes habilidades. O que caracteriza o lúdico é, principalmente, “a experiência de plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos” (LUCKESI, 2000), trazendo satisfação e alegria ao sujeito que pratica. Em sua pesquisa para o 5º Congresso Internacional de Educação, Pesquisa e Gestão de 2013, Thaís Fernanda Pilar relata a importância da atividade lúdica para a inclusão de crianças com deficiência intelectual. Em seu estudo, afirma que além de proporcionar prazer e ser responsável pela interiorização do conhecimento e inclusão, a educação feita de forma lúdica – com brincadeiras e descontração – proporciona o desenvolvimento do conhecimento da criança de forma espontânea e natural. Ela relata que o conhecimento e a integração se firmam através da ludicidade proporcionando bem estar individual e, assim, quando o deficiente é reconhecido e valorizado, seu desenvolvimento inter e intrapessoal permitem com que seja mais facilmente incluído na sociedade. 17


As brincadeiras, os esportes, as histórias e aventuras que as crianças vivem, são a porta de entrada delas na cultura. A apropriação das transformações histórico-culturais são possíveis graças à fusão de símbolos culturais com os quais a criança se identifica com sua cultura, desenvolvendo habilidades sociais e moldando-as de acordo com sua vivência (ALVES, 2003). Para o psicólogo Álvaro Marcel, mestre em psicologia da infância e da adolescência, a atividade lúdica em geral é uma construção humana que envolve fatores sócio-econômicos-culturais, bem como atividade humana transformadora da natureza. Ao citar Huizinga (1991) em sua pesquisa, Álvaro afirma que adultos, jovens e crianças se misturavam nas atividades lúdicas sociais, como no domínio de armas, festas, cultos e rituais, num cerimonial de celebrações de caráter místico. Em algumas sociedades, principalmente nas não-industriais, havia também um elemento espiritual, invisível e inebriante, como forma de abstração lúdica. Elkonin (1998 apud Alves, 2003) aponta a história dos povos do extremo oriente como ilustrativa da relação trabalho-jogos, onde o brinquedo e a atividade da criança são modificadas de acordo com seu lugar na sociedade. Por fim, podemos citar que, através da arte, a representação do lúdico também retrata a cultura e os costumes de cada época, abstraindo da realidade, mas, de alguma forma, caracterizando-a. O espírito lúdico que surgiu no pós-modernismo, criou novos conceitos arquiteturais e até mesmo o domínio da abstração, literatura e mimetismo, transformando a concepção do real e ilusório, da transcendência e dos dogmatismos, fazendo surgir um novo olhar de positivismo e alienação através de representações gráficas e projetuais, desvirtuando o pensamento da realidade.

1.2 Definição do Público-Alvo O público-alvo são surfistas a partir de 15 anos, homens ou mulheres, de baixa renda (classe C) ou classe média (B), que simpatizem com o esporte ou que já o praticam. Cada um segue uma profissão diferente do mercado, não tendo uma profissão específica que defina o perfil do usuário. Analisando o comportamento deste público, nota-se que os simpatizantes ao Surf e iniciantes no esporte possuem o mesmo estilo de vida e comportamento de surfistas de longa data ou profissionais. São estas características: simplicidade e dinamicidade no modo de vida. Esse público preza pelo conforto e praticidade na hora do Surf. Costumam agir de acordo com seus princípios que são gratidão, humildade, respeito e compaixão com o semelhante. São pessoas engajadas com programas sociais e do meio ambiente e fazem do Surf não apenas um esporte, mas um estilo de vida simplista e humilde a se seguir. 18


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Fonte: Circuito Bivolt de Surf

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1.3 Pesquisas de campo 1.3.1 Netnografia - comportamento online do público alvo Foram analisados alguns sites relacionados ao público em estudo. Os resultados obtidos, como serão observados a seguir, mostram que os sites, páginas relacionadas ao Surf e até mesmo os próprios surfistas profissionais fazem muitas postagens de paisagens (ondas, picos de Surf) e de causas relacionadas ao esporte, como ações filantrópicas, posts sobre ecologia e campeonatos. Na maioria das postagens, sejam em blogs, sites ou mídias sociais, a maior parte dos adeptos apenas “curte” os comentários ou posts e os compartilham. As exceções se dão no caso de posts dos profissionais do Surf ou de notícias inusitadas ou duvidosas sobre o assunto, como o que será representado adiante. Os elogios, tanto às paisagens, quanto aos surfistas são muito frequentes.

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Sítios:

Foram visitados vários sites de marcas conceito do Surf, vestuário, produtos, atualidades e clima (para o acompanhamento da maré). Todos os sites têm seguidores que acompanham frequentemente as notícias postadas e, quando presente o link, participam de fóruns relacionados aos posts. No caso dos sites sobre Surf, os que têm links para mídias sociais são curtidos e compartilhados, mas o intuito real é o acompanhamento desses sites acerca das atualidades no mundo do Surf, como campeonatos, teasers, histórias, vídeos, entre outros, como mostrados nos exemplos coletados a seguir.

Zé Caruso “Véia” Califórnia, 1979

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Site “Tem Onda”: Calendário dos campeonatos de Surf em março de 2014.

“What Youth”: Revista digital de esportes radicais, como skate, snowboard e Surf. Postagens e vídeos de usuários, projetos em vigor e a vivência desse público no dia-adia fazem parte do conteúdo.

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“ASP”: Site com as atualidades do mundo do Surf. Vídeos, notícias, fotos, projetos e eventos são postados semanalmente na página.

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Reportagem do jornal on-line do Estadão, na sessão “Jornal do carro”, mostrando prancha desenvolvida pela Mercedes Bens em conjunto com o Surfista havaiano Garrett McNamara. A nova prancha é ideal para a prática do Surf in Town, modalidade onde um Surfista é rebocado por um Jet-Ski (mais comum) ou por um Helicóptero até a onda, por ser muito grande e rápida e a remada não ser possível para alcançá-la.

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Site “Waves”: serve para acompanhar ao vivo como estão as ondas em diferentes praias do Brasil e do mundo, através de câmeras instaladas em cada pico, ou por satélites.

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Twitter:

Na postagem da foto de uma onda do Dive n’ Surf Oregon Pro, desafio entre surfistas locais que disputam a melhor onda entre as maiores do planeta, torcedores do Surfista Shawn Dollar o encorajam para a final, que terminou em 31 de março de 2014. No placar final, Shawn ficou em segundo lugar, com uma pontuação de 24.17, perdendo para Alex Gray, que fechou com 27.17. Em terceiro lugar na competição ficou Grant Baker, da África do Sul, com 23.67 pontos.

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A postagem à esquerda, do twitter da ESPN Surfing, mostrando um pico de Surf com fundo de pedras e corais, onde, apesar de perigoso, deixa os surfistas “felizes”. Essa postagem teve 233 respostas ou compartilhamentos e 215 pessoas favoritaram esse tweet.


A notícia à direita, publicada no Surf News Daily e divulgada pelo twitter, mostra uma roupa de neoprene, própria para o Surf em águas frias, que “espanta” tubarões. Na rede social, a reação dos surfistas sobre a veracidade da notícia e da própria roupa.

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“Weird”: marca de roupas de surfistas e skatistas. Público mais agressivo, aqueles que gostam das manobras perigosas ou dos famosos “aéreos”.

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O link do twitter que leva ao site The Surfer’s Journal, mostra mais uma tarde onde o Surfista Taj Burrow enfrenta as ondas do pico com fundo de pedras e corais em Rabitts Rabitts, recife de Yallingup, Austrålia.

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Instagram:

Em sua página pessoal de fotos do Instagram, Mick Fanning, Surfista profissional, tricampeão do Association of Surfing Professionals (ASP) World Championship Tour (WCT), leiloa sua lycra para arrecadar fundos para ajudar um amigo que sofre de uma doença rara nos pulmões. Adiante, fãs, seguidores e amigos elogiam a atitude de Eugene (como é conhecido) em prol de seu amigo.

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No post abaixo, na página pessoal de Kelly Slater, unodecacampeão mundial, brinca que o natal chegou mais cedo, devido às boas ondas, e, nos comentários, vários fãs elogiam seu trabalho como Surfista profissional. Em um dos comentários é usada a palavra “Sick” em inglês, que é uma gíria; significa “irado”, “demais”, expressando as características positivas sobre o assunto, e não no significado “doente”, ao pé-da-letra.

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Facebook:

Foram reunidos vários posts de amigos da autora sobre Surf, onde eles expressam suas ideias, decepções, emoções e notícias sobre o tema. Aqui o usuário se refere ao campeonato Quiksilver Pro Gold Cost, que finalmente apareceu um link onde podese acompanhar o andamento do campeonato. Esse post mostra a dificuldade, principalmente no Brasil, de os surfistas acompanharem os campeonatos que só passam nas televisões gringas e nos sites patrocinadores.

Entusiasmo dos surfistas com o início do campeonato da Quicksilver.

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Postagem de um Surfista de Santos. Normalmente, quando tem quem registre, os surfistas fazem postagens de seu dia de Surf, caso ele tenha sido bom. Esse comportamento não é para esbanjar talento, ou mostrar como surfam bem, e sim acaba sendo uma forma de agradecimento ao dia e incentivo aos demais amigos que Surfem. É uma forma de divulgar o que se faz bem e traz satisfação, comportamento comum nessa geração de redes sociais diversas.

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Usuário do facebook narra em tempo real o que acontece na bateria do WCT, onde Medina, mineiro, já se destaca frente aos outros surfistas. Kelly Slater, mesmo sendo campeão mundial e mais experiente que Medina se sente tenso, já que segundo as palavras de Fanning, “Ele é mais novo, não tem medo de errar. Ele ainda tem tempo pra isso e não se importa se isso acontecer porque sabe que é natural entre os mais novos. Eu também era assim, não tinha medo e isso é bom, bom pra ele, ruim pra nós!”, se referindo ao bom desempenho de Medina no campeonato de uma forma descontraída. Os comentários dos outros usuários sobre o post concordam com a afirmação e ainda confirmam a maior pontuação de Medina no primeiro round contra Slater. A seguir, outro post sobre a mesma bateria contra Slatere Fanning e incentivando Miguel Pupo, também brasileiro, a vencer Joel Parkinson, australiano, rumo às semi-finais com dois brasileiros, cena não muito comum nos últimos campeonatos mundiais.

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Até 11 de Março a classificação do WCT era a seguinte, segundo o site da ASP:

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ComentĂĄrios sobre o campeonato de aĂŠreos da temporada Hawaiana pela revista Surfar, comparando os concorrentes e elogiando as manobras feitas.

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Os vencedores da temporada foram Yago Dora “Yagoat” melhor aéreo, Miguel Pupo, melhor tubo e Everaldo Pato com a maior onda, como mostra o post a seguir:

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1.3.2 Entrevistas com o público-alvo Foram entrevistados sete surfistas amadores e profissionais com idades de 23 a 42 anos. A entrevista foi semelhante a uma conversa informal, se utilizando da técnica de entrevista qualitativa, aberta e de profundidade, que procura conhecer o público alvo de uma forma mais intimista, analisando seu modo de vida, psicológico e preferências pessoais, a fim de compilar as informações pessoais de cada entrevistado, relacionando intimamente com suas necessidades e, portanto, desenvolvendo um produto que tenha um design emocional, que tenha uma relação de afinidade mais próxima ao consumidor. Os entrevistados foram: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7)

Guilherme Vestphal, 24 anos, gastrônomo. Fabrizio Mani, 30 anos, bombeiro salva-vidas. Pérsio Simões, 42 anos, engenheiro. Felipe Duarte, 33 anos, doutor em Biologia Marinha. Renan Mazzaro, 27 anos, arquiteto. Fábio Franco, 31 anos, administrador de vendas. Daniel Cortez, 39 anos, chefe de equipe da Volcom.

Foi possível analisar, por meio dessas entrevistas, que a principal relação entre o Surfista e o esporte são as sensações que a prática deste proporciona. Foram relatados sentimentos como liberdade, respeito, realização pessoal e satisfação, unânimes em comentários dos entrevistados. A prática do Surf como resposta espiritual e psicológica auxilia o designer a desenvolver um produto que possua características marcantes dessas sensações, caracterizando a marca/produto de acordo com o gosto pessoal e o apelo emocional do público-alvo. Além das sensações, a pesquisa permitiu coletar dados que indicam que o chamado “Surf de raiz”, referente aos praticantes do esporte da década de 60, os quais passaram a essência do Surf aos seus filhos, que hoje vêm a prática de uma forma mais respeitosa e culturalmente rica. Os surfistas dessa época transpareceram a prática como contracultura, conceito que se estendeu até meados da década de 80, antes do surgimento dos campeonatos de Surf de uma forma mais eminente no Brasil. Antigamente o Surf era visto como prática espiritual e de saúde, que apoiava os movimentos hippies e anti-ditatoriais. Os surfistas entre os anos de 1960 e 1980 eram politicamente engajados e viam o esporte como uma forma de fugacidade da cidade grande ou do modo de vida capitalista e consumista que começara a se intensificar na época. Os surfistas desta época (pais dos entrevistados), associavam o Surf à cultura, então muitos eram 38


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Felipe Duarte

Mentawai, IndonĂŠsia 40


adeptos a movimentos artístico-musicais que surgiram em conjunto, e apreciavam bandas como Led Zeppelin, Deep Purple, The Beatles, Yes, Jethro Tull, Iron Butterfly, Pink Floyd, Black Sabbath, entre outros. Para eles, o Surf era um modo de se reunir os amigos, trocar informações sobre bandas, viagens e cultura, além de ser um momento de descontração, relaxamento e alegria compartilhada. Os entrevistados que tiveram os pais nascidos, ou que viveram nessa época, foram os que mais associaram o Surf à formação de seu caráter. Para eles, o Surf ajudou não apenas no desenvolvimento do corpo de forma saudável, mas também os fez entender a importância da preservação ambiental e do respeito entre os demais seres humanos, principalmente entre aqueles que estão juntos no mar. O Surf, de uma forma unânime é visto como o meio de fugacidade do mundo externo, fortalecedor do corpo e espírito, momento de adrenalina e de relaxamento (às vezes vivenciado de uma só vez numa única onda) e como prática que preenche a alma. Para eles, o Surf vai além de um simples esporte, é como que um ritual, onde há respeito pela natureza e pelo corpo e onde pode-se viver de forma íntegra e única. Segundo relatos dos entrevistados, a maioria já tem ou teve tudo que precisa (ou precisava) para surfar. Todos os produtos disponíveis no mercado, mesmo que para alguns não pudesse haver acesso, foram experimentados de alguma forma – ou por empréstimo de amigos ou comprado – e, por mais que a maioria dos produtos relacionados ao Surf presentes no mercado tenham sido aprovados pelos surfistas, eles dizem que na água é apenas o indivíduo e o mar, e que não precisam de algo tão necessário que não possa ser descartado. Essa informação foi importante para a percepção de que o produto a ser desenvolvido precisa ser análogo às expectativas do público-alvo e que ele pode vir apenas para complementar outros já presentes no mercado. Também foi possível analisar que, quanto mais simples o produto, mais provável será sua utilização; ou ainda quanto mais diferenciada no quesito “dificuldade”, mais adeptos terão a esse produto. Portanto, pode-se concluir previamente que o produto a ser desenvolvido siga os padrões da simplicidade buscada pelos surfistas, mas que seja caracterizado segundo às sensações que se têm quando Surfam, podendo ser desde um produto lúdico, prático e que mantenha a conexão e as sensações obtidas da relação Surfista-mar. A exemplo do que foi citado anteriormente, os surfistas deram algumas “dicas” do que eles gostariam de ter ou de usar dentro dessas características. Esses dados foram anotados em cartões de insights que foram analisados posteriormente em um brainstorm. 41


1.3.3 Entrevistas com profissionais Foram entrevistados 4 profissionais da área: um chefe de equipe de surfistas atletas da Volcom, Daniel Cortez; um shaper “old school”, que fabricava pranchas por prazer, nas décadas de 70 e 80, José Augusto do Espírito Santo; um representante de vendas da marca de Surf Rip Curl, Fábio Franco; e um shaper da nova geração, que se utiliza da tecnologia para fabricar suas pranchas. Foram considerados na entrevista a forma com que os surfistas encaram o mercado de compra, venda e usabilidade dos produtos relacionados ao Surf; qual a preferência em questão de produtos e materiais utilizados no esporte e como este evoluiu ao longo dos anos. As entrevistas também foram feitas informalmente, numa linguagem mais próxima com os estilos dos entrevistados, de modo que conectasse mais a entrevistadora a eles, utilizando-se, inclusive, de gírias desse meio. A seguir dá-se o resumo das entrevistas: e Daniel Cortez “Cabrito”, 39 anos, team manager da Volcom Daniel Surfa há 27 anos, possui um estilo mais agressivo nas ondas, fazendo manobras aéreas de alto grau de dificuldade. É de uma geração marcada por garotos que gostam de testas seus limites, tanto no skate como no Surf, onde todos se esforçavam pra ver quem “voava” mais alto na onda para sair nos filmes de Surf da época. Apesar do estilo aéreo de surfar, Daniel também gosta de “tirar onda” fazendo brincadeiras na água, como plantar bananeira e fazer poses de Yoga no Surf. Antes de tudo, Surfa por prazer, depois por profissão. Foi atleta profissional e hoje trabalha para a marca que o patrocinou durante os anos de atleta profissional, a Volcom. Atualmente é chefe de equipe (team manager) da Volcom Brasil. Daniel teve uma boa carreira como atleta e quando estava encerrando-a, começou a mostrar competência para que o marketing da Volcom pudesse colocá-lo na equipe após término como atleta. Mas não foi fácil se adaptar à nova profissão. Ele se viu numa situação onde teve que mudar seu modo de vida e sua rotina e, o mais difícil, conciliar o prazer do Surf com a família e a carreira, sem tempo hábil para se dividir entre eles. Nessa época sua filhinha estava com apenas 1 ano de idade e Daniel se viu na obrigação de tentar mudar a nova rotina para que seus pilares – pessoal, familiar e profissional – se mantivessem intactos. Hoje trabalha home office e 1 vez por semana presencial na Volcom, em São Paulo. Daniel afirma que a parte mais chata do seu trabalho é ter que despedir amigos. Já que sua profissão exige contratação, planejamento, organização e também demissão dos 42


atletas, Daniel diz que é complicado você conviver com amigos do meio, contratá-los e, no fim, ter que mandá-los embora. Porém, sabe-se que a carreira de atleta é curta, por isso “uma hora o ciclo acaba, se encerra e começa outro. A nova geração está ai”, diz ele. Cortez é chefe de equipe da Volcom Brasil, por isso tudo que envolve o programa Surf passa por ele. Além das contratações, realiza eventos, organiza o ano de cada atleta, planeja sua carreira, viagens, entre outros deveres. Apenas o treino é de responsabilidade dos atletas, que recebem um salário mensal. Os atletas patrocinados ganham e usam todos os produtos que a Volcom fabrica, desde de tênis, camisetas, bermudas, camisetas, até acessórios da marca em geral. Cada atleta possui uma cota mensal desses produtos. Os produtos da Volcom são importados, mas muitos destes também são fabricados no Brasil, onde a marca possui uma equipe de designers desenvolvedores, uma equipe comercial e de marketing também. A entrevista ainda abordou o fato de como os surfistas encaram o mercado de compra, venda e usabilidade dos produtos relacionados ao Surf. Há um programa na Volcom que envolve alguns dos atletas “top de linha” e a equipe de desenvolvimento de produtos, onde os primeiros dão um feed back acerca de produtos ideais para eles, seja no quesito tecido, fechamento, costura ou outros. Uma parceria com riders x brand. Cortez termina a entrevista afirmando que o mercado de consumo do Surf evoluiu muito nos último anos e que acha isso muito positivo para o esporte. Atualmente a informação dos novos produtos disponíveis no mercado é muito mais fácil e prática devido à internet e os vários meios de comunicação.

Daniel Cortez “Cabrito” Mentawai, Indonésia

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e Fábio Franco, 31 anos, representante da Rip Curl Fábio Surfa desde 1994, por paixão ao esporte. Começou vendo os vídeos dos profissionais da Santa Cruz, da Califórnia, então começou a treinar sozinho para fazer os aréreos como os deles. De tanto treino ficou alcançou seu melhor e hoje é capaz de realizar aéreos incríveis com apenas 1 metro de onda. Apesar da perfeição em suas manobras, Burns nunca se profissionalizou. Atualmente trabalha como representante da Rip Curl, marca de Surfwear, pois não consegue abandonar o mar nem quando está fora dele. Amante de punk rock, faz da música sua inspiração e do mar seu refúgio. “Eu amo surfar. O mar é onde me sinto à vontade, renovo minhas energias e me conecto mais com a natureza”. Fábio afirma que cada experiência no mar é única em sensações e prazeres e que sempre é diferente e satisfatório surfar. Apesar da alegria de estar no mar, em 1996, Fábio presenciou uma cena assustadora num dos seus dias de Surf: a queda a poucos metros de distância dele de um dos aviões da esquadrilha da fumaça, o avião Tucano T-27, cuja causa da queda permanece desconhecida. Em 2010, a Revista Hardcore juntamente com a Union Air Brazil convidou Burns para gravar um vídeo para a 8ª edição da Academia de Aéreos, onde ele ensina a fazer o frontside Superman, manobra que exige que o Surfista voe no lip, tire os dois pés da prancha no ar, agarre nas bordas (duble grab) e retorne de pé na prancha sobre a onda. Uma manobra de alto grau de dificuldade, realizada com facilidade pelo Burns1. As revistas Hardcore, Venice e Surfar também já correram atrás desse “profissa” para fazer reportagens e postar fotos dele. Fábio Franco “Burns” Santos, Brasil

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Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gCRnI0PbFyw


e Zé Espírito, 58 anos, shaper Zé Espírito é um pioneiro do Surf brasileiro. Descobriu o Surf em meados de 60 e com certeza suas histórias dariam um belo livro. No dia que essa entrevista foi feita, em Abril deste ano, participou também do bate-papo Zé Caruso “Véia”, amigo de infância do Espírito, que juntos vivenciaram maravilhosas experiências que fazem parte da história do Surf brasileiro. Nessa conversa, Espírito começou contando como começou a divulgação do Surf em 74, no Rio de Janeiro e São Paulo. Um resumo da entrevista segue adiante: O Carlão, amigo de ambos do Rio, trouxe dois filmes, Red Hot Blue e Island Magic, que continham takes dos melhores surfistas na época que como Gerry Lopes, Ben Aipa, entre outros; e na época não haviam canais de Surf como os de hoje, muito menos subsídios para passar filmes como esses. Então o Espírito pegou uma filmadora e um projetor que ele tinha e juntando uma galera, paravam onde fosse (posto de gasolina, lanchonete, escola, faculdades) para rodar os filmes e cobravam o ingresso de quem quisesse assistir – e todos queriam, pois era algo novo. Com o tempo o negócio foi se profissionalizando em São Paulo, até que a FAAP cedeu um espaço a eles para que rodassem os filmes. Quando a Faculdade Getúlio Vargas cedeu o espaço, eles conseguiram reunir cerca de 300 pessoas e foi o maior sucesso. Para eles o legal era que então todos começaram a trocar as informações que tinham sobre o esporte, e se tornava algo divertido, as pessoas iam pra descontrair, juntavam pessoas do Rio e São Paulo, rodavam filmes V8, enfim, surgia uma nova tribo que via no Surf algo diferente, um novo jeito de ser, um estado de espírito. Todos esperavam o final de semana para viajar, passavam “perrenge”, dormiam no carro, em lonas... E na época não tinha nem asfalto nas estradas, mas mesmo assim, pela sensação de estar na praia, pôr os pés na água e subir numa prancha, era como apertar “reset” em todos os problemas, esquecer de todo o resto e ter paz interior. As viagens internacionais eram apenas pra surfar. Surf era tudo que importava pra eles. Nessa época (‘75, ‘76), eles saíam em viagens em busca de ondas, e contam que muita gente olhava pra eles sem nem saber o que era aquilo que eles carregavam (pranchas), pelo Brasil inteiro. Era tudo muito barato, então era fácil sobreviver meses só viajando para surfar. Inclusive, o Caruso conta que uma vez, afundou um navio e foi parar na praia um contêiner da Kodak. Eles encheram o porta-malas do carro e viajaram pelo sul do Brasil com o dinheiro da venda dos filmes. Espírito conta que um dos primeiros contatos que ele teve com uma prancha foi em Pitangueiras, no Guarujá, onde tinha uma casa que vinham muitos gringos que levaram uma. 45


Ele ainda conta que nessa época ninguém tinha a informação de como pegar uma onda, então eles possuíam pranchas tipo “balsa” e remavam deitados na onda já estourada; até que um dia apareceu um filme preto e branco, onde os surfistas pegavam a onda de lado. Isso foi uma descoberta incrível pra eles, mesmo sem saber como desviar dos demais surfistas na hora de surfar! As primeiras pranchas deles foram de fibra de vidro da Glaspac, uma fábrica de pranchas que ficava na Avenida Santo Amaro, em São Paulo, que eram grandes e pesadas. Tinha uma livraria na Rua Augusta, São Paulo, que vendia revistas importadas, onde eles encomendavam as revistas de fora, como a Surfer, e esse era o contato deles com o Surf estrangeiro, de onde vinham as informações já que não haviam subsídios na época. O primeiro a trazer PU para o Brasil foi o Cel Parreiras, em 1965, que fundou a primeira fábrica de pranchas no Brasil: a São Conrado Surfboard, no Rio de Janeiro. Então, uns anos depois decidiram fabricar as próprias pranchas de Poliuretano (PU). O Espírito, juntamente com um amigo do Peru, o Jorge, fizeram a própria fabriquinha e uma “Surf shop”, chamada Tambo onde vendiam camisetas com estampas das que viam nas revistas. Na época a Roger Foam entrou no Brasil e começou a nomear pessoal para serem representantes deles no país. Eles conseguiram uma representação. O Antônio “Gerry Lopes” entrou para a equipe e juntos começaram a fazer pranchas para vender. Quem fazia pranchas nessa época era só o Homero, precursor em Santos, o “Kiko” e o “Pinguim” em Itanhaém, o “Chola” e o Brito, que fabricavam a Mope. O Zé Espírito e o Zé Caruso ainda contaram muitas histórias – que realmente dariam um livro, mas para registro, essa é uma foto da última prancha (até o momento) que fizeram juntos e que rendeu umas boas risadas!

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e Emerson Cortez, 36 anos, shape designer Emerson começou a shapear pranchas na década de 90, pelo processo antigo. Atualmente desenha os modelos em programas como Dsd , Aku shaper e 3D Shape Design e envia pra uma máquina que faz o design que ele criou, chamada CNC Machine (Computer Numerical Control), depois é só dar um “finish” pra tirar algumas imperfeições da máquina e a prancha já vai pra outra fábrica pra ser revestida por resina e fibra de vidro. Emerson tem um Blog2 e uma página no Facebook, onde divulga seu trabalho. A seguir estão algumas fotos do seu trabalho.

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Blog disponível em: http://jbaboard.blogspot.com.br/

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1.3.4 Vivência Relatório de Vivência 1 Santos, 01 de março de 2014. Fui à praia com minha amiga, o intuito era surfar, mas o mar estava flat devido à falta de vento no litoral no dia. O sol forte e a quantidade de pessoas na praia e no mar, bem como a falta de lugar para estacionar me desmotivaram a cair na água. Vejo que vários surfistas sofrem o mesmo problema que eu, pois muitos estão dando a volta no Canal 1 e migrando sentido Canal 7 para pegar a balsa sentido Guarujá, onde o vento bate em outra direção. Entrei no site da Waves para me certificar se haveria onda ou não, li a seguinte atualização do dia anterior:

Resolvi voltar para casa, constrangida por não ter conseguido surfar, depois das 14h.

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Relatório de Vivência 2 Santos, 04 de março de 2014. Terça-feira de carnaval e a maioria dos turistas estão ou voltando para suas respectivas cidades ou não acordaram cedo, pois fui com meu pai até o Quebra-Mar (Santos) e não havia ninguém na praia. Também não tinha onda, o mar continuava flat, então resolvemos ir para o Guarujá, na praia do tombo (onde sempre tem onda, mesmo que em nenhum outro pico tenha!). Lá também estava vazio, conseguimos entrar no mar sem crowd e pegar umas 3 ondas cada um. Tomei uma “vaca” e então a prancha espirrou para fora d’água, estourando o leash, me obrigando a sair do mar, pois não me senti segura o suficiente para surfar sem o leash. Eu iria cansar mais por ter sempre que remar atrás da prancha... Meu pai está com 62 anos e Surfou muito bem para quem não treina há pelo menos 2 anos. Reparei que dos outros 6 surfistas que estavam no mar, apenas 2 entravam sempre na série (que se repetia a cada 4 minutos com cerca de 5 ondas cada), fazendo manobras simples de batida e “dropando” apenas. Meu pai colocou a chave do carro no bolso da bermuda, esqueceu e entrou com ela no mar, danificando o chip! Tivemos que pegar a chave reserva com minha mãe! Conversando com amigos surfistas, alguns deles disseram que a mesma situação já tinha acontecido com eles também. Tive um insight para fazer algum compartimento à prova d’água para colocar a chave no bolso, sem danificá-la. Chegamos no Tombo às 8h30 e voltamos às 10h, quando começou a chegar mais gente na praia.

Relatório de Vivência 3 Santos, 22 de março de 2014. Fui com meu pai numa loja de Surf em Santos, para comprar parafina e um leash novo para a prancha, já que da última vez que surfamos, ele estourou. De início fomos bem mal atendidos, por não termos “cara de surfistas”, por parecermos “surfistas de final de semana” ou mesmo turistas. É normal esse tipo de pré-conceito com quem está começando agora ou com os “invasores de praia”, turistas que só aparecem pra atrapalhar os outros, pegar onda alheia e, muitas vezes, sujar a praia, os vulgos “haulies”, mas pessoalmente, acho ridículo esse tipo de julgamento, sem nem ao menos saber ou conhecer as pessoas. Enfim, como eu dizia, fomos mal atendidos de início até eu perguntar onde ficava o local onde shapeavam as pranchas. A menina que nos atendia respondeu que depois que mudaram a loja 51


de lugar, o “museusinho” de pranchas e a oficina mudaram de lugar. Foi aí que meu pai comentou que uma das suas pranchas, uma verde água da O’Neil, da década de 70, estava neste museu, então, a partir desse momento, os atendentes começaram a nos tratar de igual pra igual. É impressionante como o círculo do Surf pode ser ao mesmo tempo tão acolhedor e tão fechado. Tão livre e com tantas pessoas que julgam as que vem de fora numa discrepância tão grande. Saindo da loja fomos para casa, pegamos a prancha e seguimos em direção ao Quebra-Mar. O tempo começou a fechar e escurecer, eram cerca de 16 horas. Às vezes descemos o banco de trás e o do passageiro da frente para a prancha caber dentro do carro, mas dessa vez prendemos-na com um rack de fita (que tem uma espuminha central para não riscar ou amassar o capô). Quando chegamos no Quebra-Mar o tempo já estava pior, chuviscava e ventava um pouco. Mesmo assim caímos no mar. Eu fui a primeira a surfar, fiquei cerca de uma hora apenas, para dar chance para o meu pai surfar antes que escurecesse. Foram as melhores 4 (sim, apenas quatro) ondas que eu peguei em anos. Nunca treinei constantemente e, querendo ou não, surfar 3 dias em menos de 1 mês já é uma vitória para mim. É bom voltar às raízes! Fiz umas duas batidas nas ondas e saí feliz e satisfeita de todas (as poucas) ondas que Surfei. Meu pai também foi bem. Vi que teve um pouco de dificuldade para surfar... Acho que ele fica chateado por não praticar sempre, mas como qualquer esporte, exige treino e assim como eu, ele também precisa treinar mais. Acho que foi bom pra ele surfar naquela chuva (que foi aumentando com o passar das horas) e no anoitecer, pois tinha menos gente na água, e pra mim também foi bem mais agradável surfar sem ninguém ficar “regulando” nossos movimentos! Lembro-me com perfeição da sensação depois de sair da água: o vento estava quente. Sentia meu peito preenchido de orgulho e satisfação pessoal, e percebi que um sorriso cobria meu rosto. A praia estava suja e feia, o anoitecer dublado, mas para mim aquele momento era perfeito e maravilhoso. Meu pai me deu uma “pranchada” na cabeça, rimos, não foi sem querer, foi para que levássemos a prancha juntos, como se fazia antigamente quando elas eram de madeira, bem mais pesadas que as de hoje. Com a prancha sobre nossas cabeças nos protegemos da chuva e seguimos pelo jardim da praia até onde estacionamos o carro. Chovia mais, muito forte, mas ao invés de nos preocuparmos por estar molhando todo o carro enquanto tentávamos prender a prancha no rack que escorregava de nossas mãos, nós estávamos tranquilos e rindo de toda situação. Se fosse qualquer outro caso, com certeza estaríamos estressados e chateados pelo cheiro de molhado que dominaria o carro no dia seguinte... Chegamos em casa umas 19 horas. Um pouco cansados, encharcados, eu machucada, pois bati o pé na quilha numa hora que fui pular da prancha, mas satisfeitos e relaxados. Com certeza preciso voltar mais finais de semana pra repetir essa vivência com meu pai. Isso está sendo muito bom e importante pra nós. Tanto para nos mantermos unidos, como para nos exaurir de todo estresse acumulado na semana, devido ao trabalho, cotidiano, problemas financeiros ou que mais nos chateia na vida. O Surf transforma e mantém um ser vivo dentro da gente. Pode ter certeza. 52


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©Copyright: Geoff Goldswain


1.3.5 Análise e síntese da pesquisa Pode-se observar que há simplicidade e dinamicidade no modo de vida dos surfistas. Esses atletas prezam pelo conforte e praticidade, sem exageros e costumam agir de acordo com seus princípios que costumam ser os mesmo entre os atletas: gratidão, humildade, respeito e compaixão com o semelhante. A autora foi muito bem recebida pelo entrevistados, e notou que o modo com que foi tratada independe de ela ser ou não Surfista, e sim do caráter e personalidade dos entrevistados. A impressão de o Surf ser um círculo fechado ainda se mantém apesar do bom tratamento recebido. Houve muita dificuldade em procurar fontes onde termos específicos do Surf são utilizados. Não há um “dicionário” online do modo de vida do Surfista, ou de suas gírias, e tão pouco sites ou blogs explicando determinadas siglas, expressões ou campeonatos comuns para quem já faz parte desse meio. Até mesmo em livros, houve certa “segregação”, dado que as gírias e expressões típicas de surfistas não têm uma legenda ou tradução; sendo assim, se não se conhece nada ou não se vive nesse círculo de vivência, fica muito difícil a compreensão de certas palavras, expressões e até mesmo do conteúdo presente nos textos e conversas. O Surfista é um atleta singular. É forte, saudável, determinado e satisfeito com si próprio. Todo Surfista tem um amor incondicional por si mesmo e respeita muito os demais. Mesmo em competições, nota-se a admiração uns pelos outros e o companheirismo entre os mesmos. Para que se possa surfar, é necessário ter o mínimo de investimento. Uma prancha usada custa em torno de R$ 800,00, um leash, R$ 60,00 em média e a parafina aproximadamente R$ 5,00. Não é preciso mais que isso para surfar. Pode-se surfar com mais – pranchas feitas sob medida ou com fibra de carbono que proporciona maior resistência, parafinas especiais, leashs, mais firmes, lycras ou johns (que são mais caros) para proteger-se do frio ou protetores de ouvido – ou com menos – uma prancha sem leash, pouca parafina e apenas uma camiseta para não assar a barriga com a contrição. O Surf é um esporte milenar, que proporciona não só prazer e satisfação, mas também realização pessoa, força, fortalece a saúde e os laços de amizades. Os campeonatos, que ocorrem até com certa frequência, são raramente televisionados no Brasil e quase nunca esse esporte é citado em televisão aberta no país, mesmo sendo um dos mais presentes na cena mundial do Surf. A maior parte dos sites e blogs sobre o assunto são internacionais, e mesmo os acessos não sendo restritos, o usuário tem que procurar bastante ou já ter conhecimento dos sites específicos sobre o assunto. O Surf é mais que um esporte, é um modo de vida, e todos que fazem parte desse meio, dificilmente conseguem largar. Os relatos mostram como um “vício saudável” que proporciona bens para a saúde física, mental e social. 54


©Copyright: J.D.S

Os surfistas, quando unidos numa causa, têm grande influência nos locais e épocas que fizeram parte, vide movimentos contra-culturais da década de 60 e 70 ou mesmo movimentos sustentáveis, como a limpeza da Praia do Tombo, no Guarujá, a única com bandeira azul (própria para uso) de todo litoral sul, graças a uma ação feita pelos surfistas do local, que se movimentaram e implantaram medidas de educação ambiental e limpeza na praia. Observando os surfistas, seu comportamento, modo de vida, consumo e interação, foi possível analisar cada detalhe deste público alvo a fim de poder embasar o projeto num produto que seja simples, de fácil uso, prático, que não agrida a natureza, que divirta ou resolva alguma problemática e que, se usado dentro d’água, não danifique.

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2. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

2.1 Estudos Preliminares 2.1.1 Desenhos de Estudo Os desenhos de estudo são ilustrações das ideias iniciais do projeto. Seu desenvolvimento implica no aperfeiçoamento do projeto, visando gerar opções de recorte de produto e, consequentemente, o recorte final. A seguir estão alguns desenhos de estudo desenvolvidos ao logo do projeto.

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Os desenhos de estudo ilustrados mostram um brinquedo para crianças e iniciantes, feito de um tipo de borracha resistente, como a de pneu, em forma de meialua, e um raspador de parafina. No primeiro, o usuário sobe na meia-lua e prende o pé em alças situadas nas suas extremidades. O intuito é treinar o equilíbrio e força nas pernas. No segundo, um “ralinho” ou “copinho”, como a que prende o leash, porém esta removível, onde sua parte inferior é dentada, própria para raspar a parafina velha da prancha.

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A seguir está um obstáculo aquático, feito de emborrachado e com pernas de alumínio, onde se preenche com areia no seu interior para fazer peso e este não boiar. A ideia é que o Surfista profissional possa treinar e desenvolver suas técnicas mesmo num dia sem ondas.

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Outro estudo foi feito na premissa de um dos insights gerados, sobre a problemática da chave do carro. Quando o Surfista vai à praia, deixa os chinelos no carro, pega a prancha e vai pra água, sem levar nada para o mar. O problema é onde deixar a chave do carro, caso vá surfar sozinho ou com alguém que também vá surfar. É perigoso deixar em quiosques da praia, e há alguns picos que não há nem quiosques por perto, ou ninguém de confiança para guardar a chave do carro. A ideia inicial era fazer esse “porta-chaves” de plástico e borracha recicláveis, de forma que não agridam o meio ambiente. A chave vai dentro do compartimento de plástico e é vedada com o anel de borracha que impede a água de entrar no recipiente, protegendo seu interior.

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Baseado no “Sofá Surf, da Design Nobil, esse sofá foi projetado para encaixar a prancha em seu assento, com o intuito de poupar espaço com estilo.

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Ideia de um relógio que calcula as tábuas de marés e o tamanho e velocidade da onda Surfada, que pode ser preso ao leash.

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Parte II

Relatório Técnico


1. APRESENTAÇÃO

1.1

Considerações Gerais sobre o TGI

Este Relatório Técnico descreve o resultado do Trabalho de Graduação Interdisciplinar – TGI, relativo ao design do produto, Trip Board Oluolu, baseado e fundamentado na temática do Design Lúdico. Temática esta que foi imposta para o desenvolvimento do TGI no seu inicio efetivo a partir do semestre anterior do curso de Design, ou seja, no 60 semestre. O presente Relatório se consubstancia, portanto, principalmente nos resultados obtidos na referida pesquisa. Apresenta todas as etapas metodológicas que envolveram desde a definição da tema com se respectivo recorte até a definição e os estudos para a conceituação, a concepção, o desenvolvimento e o registro técnico do produto como um todo. Em continuação é apresentado o conteúdo do Relatório deste TGI do 7º semestre, de Design de Produto, na sequência que segue.

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2. INTRODUÇÃO 2.1

O lúdico e o Surf

Como foi mencionado na primeira parte deste trabalho, o conceito de lúdico é estudado por muitos pesquisadores contemporâneos como a prática de alguma atividade que faça o ser humano se sentir abstraído do mundo real, liberando sensações de espontaneidade e liberdade. O termo “lúdico” deriva do latim ludu (brincar, jogar) e o que caracteriza esse termo é a experiência de plenitude que este vem a possibilitar a quem o vivencia em seus atos (FERREIRA, 2010). Assim como a arte transforma a concepção do real e ilusório, da transcendência e dos dogmatismos e faz surgir um novo olhar de positivismo e alienação através de representações gráficas e projetuais, desvirtuando o pensamento da realidade, o esporte também tem sua parcela de ludicidade quando consideramos as sensações dos indivíduos enquanto os praticam. Segundo o professor Cristian Pociello (1995), são os momentos extremos do esporte que delimitam um universo lúdico que faz das sensações de instabilidade uma fonte de prazer. O Surf é um esporte que nasceu dessa necessidade de abstrair a realidade. Ele se desenvolve em meados das décadas 60 e 70 como um movimento de contracultura, que buscava romper os padrões tradicionais da sociedade na época. Segundo a tese de Leonardo Brandão sobre “Prazeres sobre Pranchas: O lúdico e o corpo nos esportes californianos”, este afirma que a contracultura pode ter um viés que invoca os movimentos de rebeliões da juventude que marcaram essa época, como o movimento hippie, o rock’n roll, o uso das drogas e a liberdade sexual. Além disso, a contracultura também pode ser associada a algo mais abstrato e menos engajado, indicando um estilo descompromissado ou algum posicionamento mais anárquico, como afirma Carlos Pereira (1986) em seu livro “O que é contracultura” (apud BRANDÃO, 2009). Esse comportamento reflete como o lúdico é exercido no Surf, desde seu surgimento, até os dias de hoje: um esporte associado à realização pessoal e prazeres sentidos em diversas formas, que busca a abstração do mundo real – do sistema. 64


©Copyright: Willyam Bradberry

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Este modo de vida alternativo pode ser exemplificado por expressões utilizadas no Surf, como cita Cesinha Chaves em seu artigo publicado na “Revista Tribo Skate 74” (2001): “ Drop in, tune in and drop out diziam os Gurus da época Timothy Leary e William Borrougs que promoveram uma grande mudança na sociedade americana através das drogas e de pensamentos que incentivavam o modo de vida alternativo. Assim o lance era drop in, ou seja tomar ácido, tune in, sintonizar-se, e drop out – desligar-se do sistema.”

Essas expressões hoje apenas ilustram o nome dos movimentos do Surf dentro d’água – drop in é entrar na onda, tune in, a remada para pegar velocidade na onda e drop out (ou “dropar” como ficou no Brasil), o ato de acompanhar de pé a onda, sem manobras.

2.2

Considerações sobre o público-alvo

Para a realização deste projeto, foi selecionado um público-alvo predominantemente de jovens, com faixa etária a partir de 15 anos, de baixa renda, que habitam as periferias das cidades litorâneas do sudeste do Brasil e que já surfam ou querem aprender a surfar.

©Copyright Annelie Carlsson

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2.3

Usuário / Estilo de vida

O Surfista busca um estilo de vida que prese a liberdade. Liberdade de movimento, de expressão, de abstração ou simplesmente de liberdade de sentir o contato com a natureza. “O Surf se torna um meio de expressão, uma arte ou uma dança”, diz Timothy Leary em entrevista do documentário “Dogtown and Z-Boys” (2001). Isso mostra que o Surfista, por mais que seja engajado politicamente ou socialmente, na hora que Surfa, só quer saber da interação direta dele, da prancha e do mar. Os surfistas costumam ter um estilo de vida natural, saudável e despojado. Acordam cedo para trabalhar e mantém uma rotina diária de exercícios físicos e boa alimentação. Estão preocupados com o meio ambiente e frequentemente participam de programas de inclusão social. Bem-humorados e divertidos, levam a vida de forma simples e, em sua maioria, estão em constante busca de equilíbrio do corpo, da mente e do espírito.

2.4

Considerações sobre a definição sobre produto

Procurando atender ao estilo de vida minimalista e natural do Surfista, bem como suas dificuldades de se locomover com a prancha e sua preocupação ambiental e com a saúde, o produto desenvolvido procurou atender a todas essas exigências. 2.4.1 Design Dado que, segundo indicam as pesquisas realizadas na Parte I desse projeto, os surfistas não sentem uma forte necessidade da utilização de outros produtos na água que não a prancha ou a roupa de proteção, e portanto só adquiririam um novo produto relacionado ao Surf se fosse realmente inovador ou estivesse dentro de seu orçamento, foi decidido que o produto a ser desenvolvido seria uma prancha completamente diferente dos padrões tradicionais. E como já dizia a G&S (companhia de fabricação de pranchas da década de 70) em uma propaganda na revista Surfer, da edição de março de 1978, acerca de novos modelos de pranchas, “Se você der um nome à prancha, alguém vai tentar construí-la. O dia de um vencedor é o próximo dia do perdedor”. Então o objetivo era construir uma prancha fora dos padrões mercadológicos que chamasse a atenção do público-alvo.

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2.4.2 Praticidade A maior dificuldade do Surfista no trajeto até a praia é a forma como ele transporta a prancha. Quem mora nas periferias da cidade, normalmente vai até a orla de bicicleta, moto ou carro, sendo que nos dois primeiros meios de transporte, os surfistas têm grandes riscos de sofrer acidentes, mesmo com a utilização de racks nas bicicletas, pois limita a movimentação do quadro nas curvas, ou o usuário tem que guiar apenas com uma das mãos pois a outra está carregando a prancha. Portanto, para o desenvolvimento deste projeto, foi pensado de que forma o usuário poderia carregar a prancha, sem colocar em risco sua vida. 2.4.3 Consciência Ambiental Amante da natureza, o Surfista se incomoda com o fato de que as pranchas existentes atualmente no mercado sejam fabricadas apenas em materiais agressivos ao meio ambiente e que não têm retorno para reciclagem; por isso o projeto se baseou em materiais baratos, de fácil acesso e que pudessem ser retornáveis, para maior aproveitamento e menor agressão ao meio ambiente. 2.4.4 Economicamente viável Por ter sido escolhido um material retornável, o custo de produção cai, deixando a prancha mais acessível a todos. Além disso, em função de sua fabricação ser em nível industrial, o que supõe produção em série, seu custo cai consideravelmente. 2.4.5 Saúde O Dr. Joel Steinman, Surfista e especialista em medicina aplicada ao Surf, em sua obra “Surf e Saúde” (2003, p. 471), alerta aos riscos de saúde associados à produção de pranchas de Surf atualmente. Segundo ele, a inalação da poeira de espuma de poliuretano (PU) resultante do processo de “shapear” (modelar o bloco), irrita as vias aéreas e pode causar problemas respiratórios como bronquite ou até mesmo câncer a longo prazo. Joel ainda afirma que a inalação da resina também é perigosa, pois libera estireno que evapora durante o processo de endurecimento da resina. O nível tolerável que o shaper (fabricante de pranchas) poderia inalar é de 50 partículas por milhão (50ppm) a 100ppm em um período de 8 horas, com intervalos de 15 minutos, mas o que ocorre é a inalação deste composto químico de 60 a 100ppm no período de sanding (decantação da resina), mais 4 a 30ppm nas áreas de glassing (laminação) somados a cerca de 20ppm no momento do polimento. 74


Se não bastasse o pó do PU e o estireno da resina, o shaper ainda tem contato com o peróxido de metil-etil-cetona, um catalisador que irrita fortemente as vias aéreas, a pele e os olhos, e é inclusive uma das substâncias relacionadas às suspeitas de alguns tipos de leucemias em quem participa desse manuseio (STEINMAN, 2003). O tecido da fibra de vidro também foi colocada na lista de substâncias causadoras de câncer e ela pode bloquear os poros da pele causando fortes coceiras. 2.4.6 Definição do produto final Dadas as pesquisas e considerações anteriores, foi definido que o produto é uma prancha de Surf modular, fabricada em Nylon® e Politereftalato de Etileno (PET) translúcido ou transparente. O nome escolhido para o produto foi Oluolu, que significa “felicidade”, em havaiano. ©Copyright Annelie Carlsson

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3. CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA 3.1 O Surf e a Indústria Mercadológica1 Para que se possa analisar o mercado do produto definido, é necessário compreender a evolução mercadológica do Surf no Brasil e no mundo. A cultura Surf permitiu uma gama de produtos relacionados à prática do esporte, bastante ampla e diversificada, contendo desde as pranchas de Surf, até acessórios utilizados acoplados a ela, ao Surfista ou para uso dentro e fora d’água. Historicamente essa evolução mercadológica de produtos associados ao Surf cresce de forma lenta e progressiva, tendo um “boom” nas décadas de 70 e 80 no Brasil. Os primeiros registros da indústria do Surf são de meados de 1930 no Hawaii, mas foi em 1939 onde a prática do esporte se desenvolveu graças à inovação de Tom Blake, o primeiro fabricante de pranchas que é sabido (ZUCH, 2014). Apesar disso, o Surf não era visto como algo comercializável, e sim como um ritual místico de contato com a natureza e exteriorização da sociedade tradicional. Só uns anos mais tarde, que outro foco de comunidade foi se desenvolvendo na praia de Malibu, em Los Angeles, onde dava-se início a um Surf mais criativo e inovador, eventualmente fazendo surgir uma era de marketing de massa e apelo do Surf. Em meados de 1950, Frederick Koehner, um roteirista de filmes “B”, transformou em seriado algumas aventuras de Gidget, apelido de sua filha Surfista, Kathy Koehner. Em 1959 após comprar os direitos de Koehner, a Columbia Pictures lançou no mercado americano o filme Gidget – A Little Girl with Big Ideas, que se tornou um sucesso instantâneo, sendo responsável por levar centenas de milhares de novos praticantes às praias da América (ZUCH, 2014). Inicia-se mais intensamente a partir daí, a um novo movimento do Surf contracultura e de manifestações de massa. O Surf torna-se um movimento libertador num país que ainda estava se recuperando da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria, vindo como uma forma de libertação de uma América presa. 78

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Mais informações ver Anexo 1: Plano de Marketing


Foto de mulheres polinĂŠsias, 1918. DisponĂ­vel em: http://www.elitismstyle.com/blogazine/archives/22642


Nesta época, até as músicas utilizadas na sonografia dos filmes com melodias agitadas e marcantes foram um dos aspectos que se desenvolveram como resultado desse movimento cultural que emergia nas décadas de 1950 e 1960 principalmente, nos Estados Unidos. A indústria cinematográfica continua intensificando a influência do Surf em 1960 com o clássico The Endless Summer, que ajudou a criar outro fator determinante no desenvolvimento e aglutinação de padrões da cultura Surf. A manifestação da cultura também se deu por intermédio das revistas relacionadas à esta prática do esporte. A pioneira, a americana Surfer, impressa pela primeira vez em 1960, inicialmente concebida como um foto-livro, teve suas primeiras 10 mil cópias, que acompanhavam o filme Surf Fever do artista e cineasta John Severson, esgotadas rapidamente. Na sequência vieram as revistas Surfer Quarterly (1961) e a Surfer Bi-Monthly (1962), que em 1976 tornou-se mensal. A Surfer foi um dos fatores que construiu o estilo de vida e a indústria atualmente referida como cultura Surf, criando um meio de publicidade, em que as marcas relacionadas ao esporte falavam diretamente a uma audiência específica. O impacto do surgimento de publicações especializadas foi algo importante no desenvolvimento da cultura Surf, pois tornou possível o registro de imagens e divulgação de surfistas que eram conhecidos apenas em praias locais e também do conhecimento mais amplo acerca do esporte em si. As publicações tornaram-se um ponto de convergência de estilo e comportamento. No Brasil, o Surf demorou um pouco mais a atingir a mídia e a cultura do país, tendo os primeiros relatos do esporte em 1934 com o ex-piloto intercontinental americano naturalizado brasileiro Thomas Rittchers, sua esposa Margot Rittscher, Osmar Gonçalves e João Roberto Suplicy Haferse, em Santos, São Paulo. Em 1952, um grupo de surfistas cariocas, liderado por Paulo Preguiça, Jorge Paulo Lehman e Irencyr Beltrão, em Copacabana, com pranchas de madeirite. O esporte começava a popularizar-se. Assim, na sequência, em 1964, chegam no Brasil as primeiras pranchas de fibra de vidro, importadas da Califórnia. Próximo da década de 70, Zé Espírito, Guilhermo, Jorge “Brujo” (Bruxo) e Antônio “Gerry” Lopes trouxeram blocos de poliuretano da Clarkson (que mais tarde se torna Clark Foam) e Rogerson para fabricação própria no Brasil, mais especificamente no estado de São Paulo. A partir deste momento, o Surf ficou mais acessível aos brasileiros, que também se identificaram com o movimento contracultura pós Ditadura Militar, influenciando a prática desse esporte ao redor do país e, consequentemente, impulsionando sua indústria. Em 2010, o mercado do Surf atingiu cerca de R$ 7 bilhões em faturamento, valor justificado pela larga costa brasileira e demografia favorável à prática do esporte2. Analisando mais especificadamente o mercado atual de pranchas de Surf, temos que as pranchas podem ser fabricadas basicamente de duas maneiras: modelando os blocos manualmente ou por meio de uma “CNC shape machine” (Computer Numerical Control), 80

2

Dado da IBRASurf. Disponível em: http://www.ibraSurf.com.br/wp-content/uploads/2010/07/7.pdf


81

Bird Surf Shop. Foto: Lee Peterson, 2013.


©Copyright Flik47

82


comandada por um programa de modelagem 3D como Shape3D Program, o AKU Shape, o BoardCAD ou o SurfDesigner. que já insere as medidas desejadas da prancha para que a máquina possa ler. Portanto, qualquer prancha, seja ela o modelo que for, é feita uma a uma, com inserção de dados numéricos de acordo com o peso e medidas ideais para cada Surfista, ou seja, não há produção em série de pranchas de Surf. Os materiais disponíveis atualmente no mercado para a produção de pranchas de Surf são: Poliuretano (PU), Poliestireno (PS) ou Poliestireno Expandido - Epóxi (EPS). O PU é utilizado desde 1950 por ser de fácil modelagem, pela sua leveza e flutualibilidade. Há outros tipos de pranchas de Surf que possuem em sua composição materiais de fabricação industrial, como as de polímeros injetáveis, alumínio, fibra de carbono e madeira (esta última passa pelo processo de corte e tratamento). Os concorrentes diretos das pranchas de Surf não são em si as marcas de pranchas ou as pranchas em si, ou seja, a concorrência na verdade não é dada pelo produto, e sim por quem o fabrica (shapers), já que são feitas sob medida e de diferentes modelos personalizados. No Brasil, os principais fornecedores de PU e EPS são a Teccel e a Rhyno Foam. Mas há outros como a Seapoxy, a Conexão Brasil e a Rusty, que iniciou o programa de EPS em 2006, depois do fechamento da maior distribuidora Clark Foam. Os blocos de PU são enviados para os shapers, que colocam na CNC Machine, moldam e depois só fazem o acabamento da prancha a mão. 3.1.1

Análise Geral do Mercado3

O mercado de pranchas de Surf cresce gradativamente desde o início da década de 70 e tem ganhado mais força atualmente com as novas tecnologias para modelagem de pranchas através de programas 3D, que fazem todo o trabalho de modelagem do board, restando apenas a finalização e pintura para os shapers. A variedade de tamanhos e a flexibilidade de formas que são possíveis na confecção dos shapes, torna esse mercado cada vez mais acessível, com pranchas personalizadas num menor período de tempo. Na década de 60/70, todo o shape era recordado e colado à mão, num processo completamente artesanal (exceto a fabricação do Poliuretano – PU). Hoje, com softwares 3D de modelagem dos shapes, a tendência é tornar esse processo cada vez mais industrial, a fim de eliminar completamente a função de modelagem manual do shape, já que os materiais utilizados na confecção das pranchas são tóxicos e fazem mal à saúde de quem trabalha direta e continuamente com estes. Com a melhora dos processos de produção do PU, e a utilização de outros materiais que as pranchas podem ser feitas, como a fibra de carbono e resina EPS reciclável, o processo manual 3

Fonte: IBRASurf, 2014.

83


tem se tornado obsoleto bem como a necessidade obrigatória do uso da longarina no centro da prancha para dar maior resistência hídrica. Por isso, atualmente nem todas as pranchas possuem longarina e são mais leves do que as vendidas antigamente. Portanto, observamos uma evolução não só no processo de produção das pranchas como dos materiais, que foram de madeira maciça, a alumínio, até o atual PU, que vem sendo utilizado há mais de 3 décadas. A resina, usada para revestir o board, mantém-se a mesma, o EPS, porém hoje existem processos que reciclam o material. Além disso, há um processo de revestimento a vácuo, que impede a formação de microbolhas no EPS, que evita que esta solte gases tóxicos quando aquecidos ao sol (isso ocorre quando essas microbolhas estouram devido à ação do calor). Apesar de ser unânime o uso do EPS e do PU na fabricação das pranchas, esse material é altamente tóxico quando inalado (na produção) e poluente, se descartado irregularmente no meio ambiente. Por isso há uma necessidade urgente de introdução de novos materiais viáveis e não tóxicos ou reutilizáveis no mercado de pranchas de Surf atual. 3.1.2

Ambiente externo

Mais que um estilo, o mercado do Surf incentivou um modo de vida dos surfistas pelo mundo e no Brasil teve início como um movimento de contra-cultura na década 60/70, durante a ditadura brasileira, esses ideais se disseminaram e permanecem até hoje, como já foi citado anteriormente. Portanto, quando um Surfista adquire uma prancha, por exemplo, ele está adquirindo seu instrumento de expressão, através da arte, do esporte e do estilo de vida que vive. Este mercado vem sendo economicamente valorizado, movimentando hoje no Brasil, cerca de 7 bilhões de reais anuais com produtos de Surfwear, acessórios e equipamentos da modalidade. Segundo Romeu Andreatta, publisher da revista AlmaSurf, a situação do mercado de Surf no Brasil e no mundo é otimista. Andreatta afirma que 92% dos consumidores destes produtos são simpatizantes, ou seja, pessoas que não praticam o Surf, mas vivem o estilo de vida desta tribo. No cenário global, o Mercado de Surf atinge um PIB de US$ 20 bilhões. Social e geograficamente falando, fatores como o clima favorável do Brasil e seu amplo litoral, somados à sua população jovem, tornam o país totalmente viável para o Surf e, consequentemente para seu mercado em ascensão. A cultura Surf também vem expandindo juntamente com seus produtos, através da arte, estilo de vida, arquitetura, design, entretenimento (eventos, campeonatos, etc). Porém para que este nicho possa crescer ainda mais, é necessário um maior número de profissionais capacitados com formação acadêmica para desenvolvimentos de novos projetos relacionados à modalidade.

84


85


4. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE PRODUTO 4.1

Metodologia do Projeto do Produto

Para a consecução do TGI foi seguida a seguinte metodologia: 4.1.1

Pesquisa realizadas na primeira etapa

Para a escolha do projeto foi feita uma pesquisa minuciosa com o público-alvo, estudado seu comportamento e seu estilo de vida, bem como suas atitudes em redes sociais e no dia-a-dia. Tais pesquisas foram necessárias para que o presente projeto pudesse ser conceituado de forma a atender às demandas exigidas por tais públicos mas, acima de tudo, para que o projeto fosse concebido de forma a compactuar com a forma de agir e de pensar do Surfista. É importante observar que para um bom produto ser concebido, ele tem que ser trabalhado não só de maneira a atender ás necessidades práticas e de produção que exigem o mercado, mas principalmente, tem que ser trabalhado para que seu design seja emocional, ou seja, que o consumidor possa transferir suas crenças e sentimentos para o produto, de forma que se identifique psicologicamente com ele e sinta prazer em utilizá-lo. Portanto, as pesquisas realizadas na primeira etapa foram essenciais para que este projeto fosse concebido de acordo com os ideais de vida do público-alvo em questão.

86


4.1.2 Concepção do produto: conceituação e estudos formais, funcionais, estruturais, ergonômicos, tecnológicos e estético-formais. Para a concepção deste projeto, foi desenvolvida uma metodologia de conceituação, onde foram realizados os estudos dados a seguir. 4.1.3

Aplicação das Bases Conceituais/ Produto4

4.1.3.1 Uso principal e específico O uso principal da prancha modular é surfar. O seu uso específico é servir de apoio flutuante de forma que o usuário esteja confortável para pegar ondas no mar. 4.1.3.2 Operacional A ação operacional de montagem se dará no momento em que o usuário unir cada uma das três partes, encaixando-as através do fecho “rabo-de-andorinha” ou encaixe “macho-fêmea” presente nas laterais de cada parte, e por fim parafusando, com dois simples giros o pino situado entre os vãos das partes da prancha modular. Depois de montada, a ação aplicada é deitar-se na prancha para remar e passar a arrebentação do mar, virar-se em cima dela, aguardar a onda ideal, remar quando esta onda chegar o mais rápido possível, e, assim que o usuário estiver na crista da onda na mesma velocidade que ela, dar um impulso apoiando as mãos nas bordas laterais da prancha e esticar os braços ao mesmo tempo que uma das pernas vem para frente, sem apoiar primeiro os joelhos, mais ou menos na posição central da prancha. Quase que imediatamente (ou no mesmo momento) destes movimentos, o usuário deverá erguer seu tronco junto com a perna de trás e incliná-lo, de forma que a prancha acompanhe seu movimento, permitindo cortar a onda e segui-la lateralmente. Observação: o usuário estará de costas para a praia ou de frente a ela dependendo do pé direito estar na frente do esquerdo – goofy foot – ou atrás – regular foot – e da direção da onda – direita ou esquerda. 4.1.3.3 Ergonômica O conjunto de interação Surfista-prancha se dá num posto de atividade móvel, ou seja, o usuário está em movimento ao utilizá-la e, portanto, a conformidade da prancha irá depender do tipo de movimento que se quer realizar, como por exemplo, alta performance, 4 Aplicação das bases conceituais de acordo com a bibliografia de João Gomes Filho, Design do Objeto: Bases Conceituais (2012).

87


velocidade rápida, maior flutuabilidade, entre outros. Portanto o estudo da biomecânica, antropometria e hidrodinâmica do produto foi fundamental para o que o resultado final pudesse ser aplicado às ondas do litoral sul brasileiro e ao público-alvo e questão. 4.1.3.3.1 Dimensionamento da Prancha A prancha foi modelada de tal forma que se tornasse uma composição de diferentes partes, cada quais relevantes para o bom desempenho no Surf. Foi considerado o fato de que o público-alvo inclui também pessoas que estão começando a surfar e outras que já Surfam, então foi necessário desenvolver um modelo de prancha que pudesse atender tranquilamente a ambas. l Rabeta Pin Tail Normalmente essa rabeta é para pranchas grandes, acima de 7’0”, porém devido à sua estabilidade em águas turbulentas, ela permite projeção, velocidade e manobras com pouca agilidade.

l Quilhas Os iniciantes não sentem grandes diferenças com variações de quilhas, considerando que ele vai aprender em ondas mais cheias e fáceis, como as de até 1m. As quilhas removíveis são mais caras e o iniciante pode não aproveitar seu potencial. Por isso foi escolhido o modelo de quilhas fixas, com 3 quilhas – triquilha – que proporciona maior direção e velocidade, garante maior inversão da direção da prancha e joga mais água nas manobras.

88


l Fundo Foi escolhido um fundo em “V” que facilita a troca de bordas deixando a prancha mais solta.

l Tamanho O tamanho escolhido (1,60m ou 5’2”) é ideal para quem já Surfa há muito tempo ou também para quem está querendo adquirir mais equilíbrio sobre a prancha.

89


4.1.3.4 Níveis de informação 4.1.3.4.1 Informação visual

g Intrínseca do Produto: Prancha dividida em partes; transparente, para uma interação mais visual e lúdica do usuário com a prancha e o mar; composta por informações cromáticas e icônicas na parte emborrachada e no logo da marca inserido na prancha. g Identidade do Produto: possui marca, e modelo estampados na textura da borracha. g Características de uso e técnicas: contém informações de identificação dos elementos operacionais, modo de uso, informações sobre procedência, materiais e outras propriedades no manual que acompanha o produto. 4.1.3.4.2 Informação tátil

O usuário pode se orientar em que partes deve segurar na prancha de acordo com as texturas indicadas nas partes emborrachadas da mesma. 4.1.3.4.3 Informação sinestésica

Através dessa prancha, usuário vivenciará uma experiência lúdica única, onde ele poderá enxergar o mar abaixo dele, já que o material que compõe o produto é transparente. Esse fato dá ao usuário uma conexão mais íntima com o produto e a natureza, interagindo com ambos de forma a despertar ou intensificar as sensações de liberdade e purificação sentidas na prática desta atividade. 4.1.3.5 Aparência estético-formal

g Estilo: contemporâneo g Linhas: São predominantemente orgânicas, mas há linhas geométricas também. g Cores: Personalizáveis. Porém a proposta é a prancha ser transparente com as borrachas (de vedação e deck) coloridas na cor que o consumidor preferir. g Acabamento: Toda a parte em PET será lisa, a faixa de vedação emborrachada em textura e o deck de borracha com textura, para servir como antiderrapante. 90


4.1.3.6 Imagem simbólica

A prancha é uma extensão do Surfista no mar. Ela tem que remeter as sensações percebidas por quem Surfa na hora que se encontra nesse contato íntimo entre a prancha, o usuário e a natureza. Para tanto sua transparência remete à liberdade, pois é como se o Surfista não visse limites entre ele e o mar. As cores de suas borrachas, vivas e chamativas remetem à alegria, sensação de vivacidade e harmonia no momento do Surf. Além disso, sua montagem prática e simples remete ao estilo de vida de um Surfista: sem complicações, direta, objetiva e descontraída. Seus materiais reutilizáveis remetem ao bem-estar do usuário e à sua preocupação com a natureza e a comunidade. 4.1.3.7 Dimensão semiótica

g Sintática (composição, partes e componentes): A prancha é composta por 3 peças maiores que compõe a estrutura da prancha; 4 parafusos, 1 borracha de vedação do 1º encaixe e uma borracha antiderrapante, que funciona como um deck para apoio do pé quando o Surfista está de pé na prancha. A vista explodida do produto se dá a seguir:

91


g Semântica: O significado denotativo da prancha é um apoio que boia, utilizado para deslizar nas ondas do mar. Já seu significado conotativo dá-se pelo fato de o Surf ser um esporte libertador, que remete a vários outros valores como felicidade, busca pela realização interior, prazer, saúde, contato com a natureza e satisfação própria. Há significado conotativo também no nome dado à prancha: “Trip Board Oluolu” (prancha de viagem Oluolu). Em havaiano, Oluolu significa felicidade, sentimento presente nos surfistas no momento que vão de encontro ao mar. g Pragmática: Esta prancha é resistente, durável, ecologicamente correta, fácil de montar, leve, prática para transportar, sua superfície não machuca a pele com o atrito, possui deck antiderrapante, é transparente, portanto dá uma experiência lúdica ao usuário quando está sobre ela no mar, podendo enxergá-lo através dela; é economicamente viável e socialmente justa. 4.1.3.8 Técnica

A parte técnica do produto está descrita a seguir. 4.1.3.9 Tecnológica

Tecnologia mecânica. 4.1.3.10 Materiais

Os materiais utilizados são: • Nylon® – nos parafusos • PET – na estrutura da prancha • Borracha (pneu reciclado) – para cobrir as junções das partes • Cordinha de PET – para amarrar os parafusos na estrutura, a fim de não perdê-los na montagem ou transporte das peças. Os materiais utilizados são duráveis, resistentes e reutilizáveis. 92


4.1.3.11 Sistema construtivo

Para montagem da prancha, basta unir as 3 partes, deslizando os encaixes de rabo de andorinha. Após as três peças estarem encaixadas, girar uma vez cada parafuso (que são 4) e cobrí-los com as borrachas. A mais fina no encaixe do bico da prancha e o deck encaixado no rebaixo situado na rabeta da prancha. 4.1.3.12 Sistema de fabricação

A prancha é fabricada pelo sistema de injeção e sopro, em molde por gavetas. 4.1.3.13 Normalização

Inexistente. 4.1.3.14 Criatividade no design

A criatividade deste projeto foi sua aplicação diferencial de qualquer prancha existente no mercado. Esta prancha modular foge de todos os padrões já inventados sobre pranchas de Surf no mundo. Traz a sensação de liberdade e o espírito aventureiro do Surfista a uma nova era de tecnologias de materiais com um design lúdico inovador, conseguido pelo PET transparente. Ela proporciona segurança e conforto ao usuário ao transportá-la até a praia, por ser dividida em partes, além de permitir que ele viva uma experiência única e incrível no mar através desse novo conceito.

93


94


5. REGISTRO DO PROJETO 5.1 Desenhos técnicos: vistas externas e cortes – nível básico

Os desenhos técnicos seguem adiante em escala reduzida.

95


4

SEÇÃO A-A

3

512,50

547,50

4

4

F

E

D

C

B

A

A

B A

C

C

16,50

15 18,20

9,50

2

15

2

DETALHE B ESCALA 1 : 2

Denominação

Bico da Prancha Faixa Dimensional

C

B

A

Iris Alves Caruso

Peso

PET

Toler‚ncia

400g

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

30°

Data

21/11/2014

Turma

1

Material

E

1

R5

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

35

4

R5

SEÇÃO C-C

1:5


F

E

D

C

A

B

4

4

11

35

15

184

A

E

SEÇÃO A-A ESCALA 1 : 10

E

15,70

530

596,15

0

18,20

9,52

20

R2

3

30°

R5

B

17,50

°

30

D

35

C

A

15

18,50° 4

2

201,80

10

4

DETALHE D ESCALA 1 : 1

Meio da Prancha Faixa Dimensional

C

Iris Alves Caruso B

PET

Toler‚ncia

1,5kg

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

Peso

Data

21/11/2014

Turma

1

Material

Denominação

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

6

A

DETALHE B ESCALA 1 : 2

E

24

306,15

1

4

SEÇÃO E-E ESCALA 1 : 10

4,80

R5

1

DETALHE C ESCALA 1 : 2

1:10


F

E

D

C

B

A

406,65 306,15 201,79

4

D

15,22

D

A

4

136,37

5

,75

7,2

106,71

4,89

R1 1

R1

B

3

R2

0

15

B

54

13,10

20

530

280

C

,11

125

R10

A

110,90

SEÇÃO A-A ESCALA 1 : 8

10

10

20 9,78

35

20

146,50

4,0

DETALHE C ESCALA 1 : 2

Rabeta da Prancha Faixa Dimensional

C

B

Iris Alves Caruso A

PET

Toler‚ncia

600g

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

Peso

Data

21/11/2014

Turma

1

Material

Denominação

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

SEÇÃO D-D ESCALA 1 : 8 1

30°

E

2

SEÇÃO B-B ESCALA 1 : 8

1:8


4

F

E

D

C

B

A 4

I (4 : 1)

2

3

H-H

Copinho de Leash Faixa Dimensional

C

B

Iris Alves Caruso A

Nylon

Toler‚ncia

3g

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

Data

21/11/2014

Turma

1

Peso

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

Material

Denominação

E

1

4

1

I

2:1


4

F

E

D

C

B

A 4 3

J

J

Parafuso rosa de 3 entradas Faixa Dimensional

C

B

A

Iris Alves Caruso

Toler‚ncia

Nylon

6g

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

Data

21/11/2014

Turma

1

Peso

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

Material

Denominação

E

1

2

J-J

2:1


4

F

E

D

C

B

A

0,0 R2

10,0

40,0

20,0

4

65,0

306,1

2

300,0

160,8

3

136,3

Deck

Borracha Faixa Dimensional

C

B

Iris Alves Caruso

Toler‚ncia

900g

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

A

Data

21/11/2014

Turma

1

Peso

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

Material

Denominação

E

1

4

1

0,0 R2 10,0

1:5


4

F

E

D

C

B

A 4 3

F

F

Tira de vedação Faixa Dimensional

C

B

Iris Alves Caruso A

Borracha

Toler‚ncia

40g

De 0-30 (mm)

De 30-100 (mm)

De 100-300 (mm)

+- 0.10 (mm)

+- 0.25 (mm)

+- 0.35 (mm)

D

Aluno

Data

21/11/2014

Turma

1

Peso

P08 Rev.

Esc.

Folha

Formato

F

Material

Denominação

E

1

2

F-F (1 : 3)

1:3


1

4

5.2 Pranchas de ilustrações do produto 2D – ergonômicas

103


5.3 Prancha de ilustrações do produto 3D – situações de uso

104


5.4

Modelo tridimensional do produto

105


106


107


108


109


110


111


112


5.5 Modelo tridimensional do produto: escala reduzida Imagens contidas no CD em anexo.

113


6. CONCLUSÃO Com o intuito de dar acesso às pessoas sem condições financeiras para surfar ou que moram muito longe da praia, essa prancha foi desenvolvida pra facilitar a vida do Surfista ou daquele que quer aprender a surfar. As pranchas presentes hoje no mercado são caras e feitas de materiais nocivos à saúde tanto do shaper, como do Surfista; por isso viu-se a necessidade de criar um board que atendesse às exigências dos consumidores, porém que fosse uma alternativa aos materiais atuais. A Trip Board Oluolu, foi desenvolvida para trazer uma sensação única, de ludicidade e alegria – como já mostra seu nome (Oluolu = felicidade, havaiano). Ela permite que o Surfista enxergue o mar abaixo de si no momento do treino, com seu visual incrível, possível graças à sua composição de PET transparente. Como indicado nas pesquisas que estão contidas na primeira parte desse trabalho, os surfistas possuem um estilo de vida simplista, prático e dinâmico, engajados com questões sociais, pessoais e do meio ambiente. Portanto, a Oluolu carrega em seu design todas essas características correspondentes ao seu público-alvo: ela é fácil e prática de montar e desmontar, bem como de transportá-la de uma viagem a outra; é fabricada em materiais reutilizáveis – PET, Nylon® e borracha reciclada – que não agridem a natureza e nem a saúde do usuário. E além disso, por ser produzida a nível industrial, seu custo reduz muito graças à produção em série, o que possibilita as pessoas de todas as rendas econômicas terem acesso a ela, já que custará em torno de R$ 200,00. Por fim, pode-se cocluir que o presente projeto fez jus aos 3 pilares da sustentabilidade – socialmente justo, economicamnte viável e ecologicamente correto – sem deixar de lado a inovação tecnológica, o design lúdico e atual e as exigências feitas pelo público-alvo.

114


ApĂŞndice

A Marca

115


1.

Apresentação Geral da Marca

1.1

Histórico da Criação da Empresa

A Kanaloa Surf Design foi criada em 2014, com o propósito de levar soluções criativas para problemas cotidianos do Surf. A empresa traz uma linha de pranchas de Surf fabricadas com material reutilizável que buscam sanar problema cotidianos no Surf além de inovar com sua beleza e design, sempre considerando o meio ambiente e o bem estar social. Todos os produtos são produzidos com materiais reutilizáveis e são economicamente acessíveis a todos os públicos, dado que seus processos de produção são em escala industrial. 1.2

Histórico do nome da marca e da empresa

Kanaloa era o antigo Tiki deus do mar: Kanaloa é um dos quatro grandes deuses da mitologia havaiana, juntamente Ku (guerra), Lono (paz e fertilidade), Kane (luz e vida). Nas lendas havaianas mais antigas, Kanaloa é sempre mencionado como o companheiro de Kane (ou filho dele), e os dois viajam pelas ilhas em busca de fontes de água. Kanaloa era conhecido como um deus de cura e dos oceanos e costumava ser representado por um polvo ou uma lula, bem como por uma figura esculpida específica. O uso do polvo/lula como símbolo tem a ver com a significância sagrada do número 8 e o fato de que a palavra para as duas criaturas, he’e , significa “fluir” (como o fluxo da força vital) e “livrar” (como livrar-se de uma doença). A palavra “kanaloa” significa “seguro, firme, inconquistável, e é usada como uma referência poética para comida, um símbolo para o poder. Na tradição kahuna interior, Kanaloa representa o Homem Ideal – plenamente ciente, plenamente físico e ao mesmo tempo totalmente espiritual, amando e sendo amado e vivendo em contato com sua fonte.

116


117


2.

Serviços e produtos ofertados

A Kanaloa Surf Design possui uma linha de pranchas de Surf diferentes das encontradas atualmente no mercado, que procuram atender aos problemas encontrados na hora de surfar, como um lugar para guardar a chave do carro ou de casa na prancha, ou um board mais barato para começar os treinos, ou ainda uma prancha que caiba dentro da mochila, que possa ser transportada de forma prática e segura! A Kanaloa estuda as situações adversas que encontramos ao surfar e transforma esses obstáculos em soluções para um melhor aproveitamento do Surfista no mar.

Os modelos estão ilustrados a seguir.

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nalu

Nalu’Uhane em havaiano significa “sonho do mar”, por isso essa prancha fio desenvolvida para quem quer pegar ondas e experimentar uma experiência lúdica de enxergar o mar abaixo do corpo enquanto Surfa! Essa prancha, fabricada por processos industriais, é produzida em PET, por isso é leve, resistente e acima de tudo, economicamente acessível!

‘uhane

Sua identidade visual, representada por uma pena do filtro dos sonhos e uma onda, reprsenta o significado do nome da prancha.

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Malana em havaiano significa “guardar”, seu símbolo representado por uma chave cheia de ondas já indica o que o Surfista pode fazer com esta prancha: guardar sua chaves! Entre outras utilidades, a Malana Board foi desenvolvida para que o Surfista possa guardar em segurança junto de si, sua chave de casa ou do carro, sem que molhá-la ou danificá-la, e uma garrafinha d’água dessas maleáveis, caso sinta sede no mar, durante o treino. Mantém a transparência, identidade de todas as pranchas da Kanaloa.

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Oluolu, em havaiano “felicidade”, é o nome da prancha modular, a Trip Board da Kanaloa. Com ela, não há preocupações de como transportar a prancha, muito menos se ela caberá no carro! Desmontável, leve e prática, esta prancha veio para revolucionar o conceito de Surf Design existente no mercado. Com diversas cores de borracha, a prancha é completamente divertida e personalizável pelo usuário.

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Anexo I

Plano de Marketing 122


Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU Campus Vila Mariana I

Plano de Marketing

Planejamento Estratégico 7º Semestre Design de Produto

Docente: Profª Tânia Ramos Discente: Iris Alves Caruso

São Paulo, 2014. 123


Sumário Executivo Desde o surgimento do Surf, a construção de pranchas tem sido uma constante revolução de materiais, modelagens, técnicas e shapes. Hoje a indústria do Surf gera cerca de 14 bilhões de dólares anuais, que tendem a crescer a cada ano. Adiante, você encontrará uma prancha completamente diferente das existentes no mercado. Ela foge de todos os padrões já inventados sobre pranchas de Surf no mundo. Traz a sensação de liberdade e o espírito aventureiro do surfista a uma nova era de tecnologias de materiais com um design lúdico inovador! Esta prancha proporciona segurança e conforto ao usuário ao transportá-la até a praia, por ser toda modular e caber dentro de uma mochila de 60cm, além de permitir que ele viva uma experiência única e incrível no mar através desse novo conceito, por ser fabricada em PET transparente, dando uma visão do mar abaixo do usuário enquanto ele está surfando. Confira o que há de mais novo na indústria do Surf e como ela quebrará os antigos tabus de designs de pranchas!

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Descrição do Produto O produto é uma prancha de Surf modular, dividida em 3 partes, de cerca de 53 cm cada, de modo que o usuário possa desmontá-la para transportá-la com mais facilidade. Ela é transparente, feita de PET e com 4 parafusos simples de Nylon® que fixa as partes com mais firmeza. Esta prancha foi desenvolvida para que o surfista possa se locomover de bicicleta ou de moto com a prancha, de modo mais seguro, sem correr o risco de sofrer acidentes por guiar com apenas uma das mãos no guidom. Além disso, a prancha, por ser fabricada com material reutilizável, não agride o meio ambiente e é economicamente viável, por ter seu modo de produção e materiais mais baratos. O produto é uma prancha de Surf modular; que contém 8 peças, sendo: I. 3 superfícies modulares, com orifícios para parafusagem, sendo uma o bico da prancha com 2 orifícios, outra a “rabeta” da prancha com 2 orifícios, ambas unindo o centro da prancha, que é encaixado por um sistema de rabo de andorinha. A prancha conterá em sua superfície um leve rebaixo, onde será encaixadas as borrachas (ver item II). O molde possui 3 quilhas acopladas, ou seja, já vêm na “rabeta” da prancha, sem necessidade de encaixe. Material: Politereftalato de Etileno (PET) soprado; Nylon®: parafusos. II. 2 borrachas para vedar as junções das superfícies, sendo uma servindo também como deck. As superfícies (I) fabricadas em PET, que se unirão e darão forma à prancha, será fabricada por injeção a sopro (Parisan). As borrachas (II), que estarão unidos às superfícies, evitarão que o surfista raspe o corpo nessas junções e se machuque. Os parafusos de Nylon® (III), unirão as 3 partes (I) com a pressão da parafusagem, evitando que as superfícies fiquem presas em falso; ou seja, para que prendam firmemente o encaixe de rabo de andorinha. O deck encaixará na “rabeta” da pracha (I) será de borracha e irá vedar a junção da parte de trás da prancha e ainda funcionar como antiderrapante para o surfista ficar em pé na prancha, sem escorregar. A prancha montada terá 1,60m (5’2”). Não existem pranchas de surf modulares acessíveis para o público-alvo em questão. As existentes, mantidas apenas em projetos pelo mundo, se utilizam de materiais caros e não-renováveis. A prancha modular permitirá o acesso e mobilidade do surfista de diferentes formas e através de diferentes meios de transporte de forma prática e segura.

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Justificativa de Lançamento O momento escolhido para o lançamento será o feriado de 02/11/2015, antes das férias escolares de verão e dos recessos de fim de ano das empresas. O intuito é lançar o produto antes do Natal, onde as vendas nessa época do ano costumam crescer cerca de 7,5% em relação aos outros meses, e divulgar o produto para o verão de 2016, onde pode ocorrer um “boom” de vendas. Além disso, o lançamento prévio ao natal e ao verão, poderá servir como incentivo àqueles que desejam iniciar algum esporte em janeiro.

Objetivos do Produto • Facilitar a mobilidade do usuário de forma prática e segura. • Inserir no mercado uma prancha feita com materiais reutilizáveis e que não agridam o meio ambiente – já que o material usado atualmente é tóxico e não reutilizável. • Tornar acessível o esporte através do baixo custo do produto. • Com o produto vendido num baixo custo no mercado, tornar possível uma inclusão social, fazendo do Surf um esporte acessível às classes C e B, popularizando-o.

Objetivos de Marketing Pré-venda • Construção de uma marca, criando uma campanha de comunicação para ser visualizado de forma ampla pelo público-alvo ou usuários relacionados a ele; Lançamento • Faturamento de subsistência (quantitativo, vender para pagar os custos básicos); • Inserir e fortalecer a marca de forma efetiva no mercado, de modo que seja reconhecida pelas soluções apresentadas em seus produtos. • Fazer com que a marca e o produto sejam associados pelo público-alvo de forma positiva, emocional e conceitual, buscando a identificação do usuário para com o mesmo.

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Características e Benefícios ao Consumidor A prancha modular é um produto prático para montar que permite que o usuário leve-a para qualquer lugar, independente do meio de transporte que for utilizar, pois é fácil de carregar e não ocupa muito espaço, podendo, inclusive, ser levada a tira-colo do surfista. Ao adquirir este produto, o consumidor estará contribuindo para o meio ambiente, por não comprar outros fabricados com materiais não renováveis ou não reutilizáveis. O material que será feita a prancha, PET transparente, é inusitada e chamativa, o que pode ser um diferencial para o usuário, que poderá ver o mar abaixo dele, durante a prática do esporte. Caso não queira adquirir a prancha no PET cristal, esta pode ser personalizada pelo comprador, sendo de difentes cores, ou ainda com grafismos aplicados pós-produção. Os materiais que a prancha é feita são de baixo custo, o que permite a venda a um preço acesível ao comprador.

Forças do Produto • O produto é diferente – não há nada igual nos quesitos materiais, design e preço. • O design diferencial, transparente ou colorido translúcido, chama a atenção do usuário e permite que ele viva uma experiência lúdica no mar. • O preço é competitivo, dado que os materiais utilizados são reutilizáveis e a produção industrial.

Fraquezas do Produto • A qualidade do produto não pode ser comparável aos existentes atualmente no mercado, pois não há concorrência direta, apenas indireta, o que pode ser difícil no quesito introdutório do produto no mercado, devido à dificuldade de aceitação de uma prancha com material diferente do que as usuais.

Como minimizar as fraquezas • Investindo no marketing de divulgação e inserção do produto no mercado.

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Expectativas, Comercialização e Preço ao Consumidor A meta é alcançar uma gama ampla de consumidores no estado de São Paulo, para que a divulgação seja intensa e positiva. A venda das pranchas será feita em lojas próprias da marca e em eventos como campeonatos de surf onde ela será divulgada por um preço acessível de até R$ 200,00.

Análise Geral do Mercado O mercado de pranchas de surf cresce gradativamente desde o início da década de 70 e tem ganhado mais força atualmente com as novas tecnologias para modelagem de pranchas através de programas 3D, que fazem todo o trabalho de modelagem do board, restando apenas a finalização e pintura para os shapers. A variedade de tamanhos e a flexibilidade de formas que são possíveis na confecção dos shapes, torna esse mercado cada vez mais acessível, com pranchas personalizadas num menor período de tempo. Na década de 60/70, todo o shape era recordado e colado à mão, num processo completamente artesanal (exceto a fabricação do Poliuretano - PU). Hoje, com softwares 3D de modelagem dos shapes, a tendência é tornar esse processo cada vez mais industrial, a fim de eliminar completamente a função de modelagem manual do shape, já que os materiais utilizados na confecção das pranchas são tóxicos e fazem mal à saúde de quem trabalha direta e continuamente com estes. Com a melhora dos processos de produção do PU, e a utilização de outros materiais que as pranchas podem ser feitas, como a fibra de carbono e resina EPS reciclável, o processo manual tem se tornado obsoleto bem como a necessidade obrigatória do uso da longarina no centro da prancha para dar maior resistência hídrica. Por isso, atualmente nem todas as pranchas possuem longarina e são mais leves do que as vendidas antigamente. Portanto, observamos uma evolução não só no processo de produção das pranchas como dos materias, que foram de madeira maciça, a alumínio, até o atual PU, que vem sendo utilizado há mais de 3 décadas. A resina, usada para revestir o board, mantém-se a mesma, o EPS, porém hoje existem processos que reciclam o material. Além disso, há um processo de revestimento a vácuo, que impede a formação de micro bolhas no EPS, que evita que este solte gases tóxicos quando aquecidos ao sol, pois isso só acontecem quando esssas micro bolhas estouram devido à ação do calor. Apesar de ser unânime o uso do EPS e do PU na fabricação das pranchas, esse material é altamente tóxico quando inalado (na produção) e poluente, se descartado irregularmente no meio ambiente. Por isso há uma necessidade urgente de introdução de novos materiais viáveis e não tóxicos ou reutilizáveis no mercado de pranchas de surf atual. No Brasil, os principais fornecedores de PU é a Teccel e a Rhyno Foam. Mas há outros 129


como a Seapoxy, a Conexão Brasil e a Rusty, que iniciou o programa de fabricação de PU em 2006, depois do fechamento da maior distribuidora Clark Foam. Os softwares de modelagem 3D para a CNC Machine ainda são poucos existentes. Aqui no Brasil, usa-se mais o Shape3D, o AKU Shape, o BoardCAD e o SurfDesigner.

Ambiente externo Mais que um estilo, o mercado do surf incentivou um modo de vida dos surfistas pelo mundo e no Brasil teve início como um movimento de contra-cultura na década 60/70, durante a ditadura brasileira, esses ideais se disseminaram e permanecem até hoje. Portanto, quando um surfista adquire uma prancha, por exemplo, ele está adquirindo seu instrumento de expressão, através da arte, do esporte e do estilo de vida que vive. Este mercado vem sendo economicamente valorizado, movimentando hoje no Brasil, cerca de 7 bilhões de reais anuais com produtos de surfwear, acessórios e equipamentos da modalidade. Segundo Romeu Andreatta, publisher da revista AlmaSurf, a situação do mercado de Surf no Brasil e no mundo é otimista. Andreatta afirma que 92% dos consumidores destes produtos são simpatizantes, ou seja, pessoas que não praticam o surf, mas vivem o estilo de vida desta tribo. No cenário global, o Mercado de Surf atinge um PIB de US$ 20 bilhões. Social e geograficamente falando, fatores como o clima favorável do Brasil e seu amplo litoral, somados à sua população jovem, tornam o país totalmente viável para o surf e, consequentemente para seu mercado em ascensão. A cultura Surf também vem expandindo juntamente com seus produtos, através da arte, estilo de vida, arquitetura, design, entretenimento (eventos, campeonatos, etc). Porém para que este nicho possa crescer ainda mais, é necessário um maior número de profissionais capacitados com formação acadêmica para desenvolvimentos de novos projetos relacionados à modalidade.

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Análise Swot As forças internas se dão pelo fato de a prancha ser fácil de transportar, compacta, é um produto industrial, portanto pode ser fabricado em série. Além disso, a prancha é feita de material atóxico e reutilizável, é economicamente viável, possui um design inovador e tem longa durabilidade. Quanto às oportunidades, podemos considerar o transporte da prancha, que poderá ser realizado sem preocupação com o espaço que a prancha vai ocupar, e/ou dano do material durante a viagem. O usuário economiza também com parafina, já que a prancha possui deck de borracha, podendo usar pouca ou nenhuma. Não foram detectadas fraquezas internas nesse produto. A ameaça externa que poderia ocorrer, que seria o caso de o usuário perder alguma das peças da prancha, será sanado pelo fato que os quatro parafusos de Nylon® (as únicas peças que poderiam se perder devido ao menor tamanho) serão presos à superfície com uma cordinha, evitando que se percam quando a prancha estiver desparafusada. Conclui-se assim, que com a prancha modular, o usuário tem a oportunidade real de adquirir um produto economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto, que atenda suas necessidades de transportar o produto em suas viagens até o mar, proporcionando acima de tudo, uma experiência lúdica incrível, de poder ver o mar abaixo de si enquanto surfa, devido à transparência do material da prancha.

Concorrentes Indiretos Todos os modelos de prancha de surf podem ser encomendados, ou seja, todas as pranchas de surf são 100% personalizáveis, portanto o consumidor pode encomendar sua prancha de qualquer maneira que quiser. A modelagem da prancha pode ser manual ou através da CNM (control number machine), intermediada por um programa 3D de modelagem de pranchas, e apenas finalizada à mão. As pranchas podem ser personalizadas com PU (poliuretano) com EPS (resina epóxi), como mostra a figura 1, EFC (Extruded Flex Core, um novo tipo de poliestireno extrudado), ou PU Swirl (espuma de cor). As cores também podem ser adicionadas com uma tonalidade de resina personalizada. Além disso, há pranchas fabricadas com blocos feitos com outras tecnologias, como por exemplo a espuma Varial Foam (figura 2), tecnologia aeroespacial com fibra de carbono na espuma. As de fabricação através de um SuperCharger (supercompressor); as feitas com madeira e EPS reciclado (figura 3), as de madeira e fibra de carbono (figura 4) e as half-half (meio-a-meio), fabricadas metade em madeira e metade em PU (figura 5).

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Figura 1 - Prancha com PU revestido com EPS.

Figura 2 - Varial Foam.

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Figura 3 - Madeira e EPS reciclado.

Figura 4 - Madeira, fibra de carbono e EPS reciclado.’

Figura 5 - Half-Half.

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Concorrente Direto O único concorrente direto do produto em questão – prancha de surf modular – é a Collapsible Surfboard, prancha modular desenvolvida pelo designer Nicholas Notara. Feita com uma placa de fibra de carbono, a prancha foi cuidadosamente projetada para manter o equilíbrio e o peso de sua contraparte tradicional, mas com a ajuda de dois pinos e uma liberação rápida alavanca pode reduzir para metade do tamanho. Um sistema de “hot-swappable fin” conclui o board com estilo e um design arrojado.

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Ações de concorrência Normalmente as divulgações de novos materiais ou estilos de pranchas são feitos por intermédio em revistas do meio e sites. Ou seja, mídias de divulgação do próprio esporte. Não foi encontrada uma ação específica de divulgação de massa para cada modelo de prancha.

Principal concorrente Pontos positivos: • A prancha desenvolvida por Nicholas Notara tem alta performance; • Seu design remete ao estilo agressivo e futurista de uma nova geração do surf; • É a primeira da categoria de pranchas modulares já inventadas; • Seu material, fibra de carbono, é resistente e durável. Pontos negativos: • A fibra de carbono é um material caro e, portanto, sua produção encarece e o produto final fica acessível somente para classe A. • O número de peças necessárias para montagem da prancha e o tempo de montagem são grandes, o que implica numa má aceitação (ou não aceitação) da prancha pelo consumidor, que prefere algo mais prático e igualmente funcional, ou seja, acaba sendo inviável, pois não é prática para se montar.

Mercado consumidor O público-alvo são surfistas de 18 a 30 anos, homens, de baixa renda (classe C), solteiros. Cada um segue uma profissão diferente do mercado, não tendo uma profissão específica que defina o perfil do usuário. O público é de homens simpatizantes do esporte ou que gostariam de praticar o surf, mas não têm condições econômicas de adquirir as pranchas convencionais vendidas no mercado, que custam cerca de R$ 800,00. Eles moram no litoral, mas nas partes periféricas da cidade, ou seja, longe da orla. Quanto ao comportamento, os simpatizantes ao surf e iniciantes no esporte possuem o mesmo estilo de vida e comportamentos de surfistas de longa data ou profissionais. São estas características: simplicidade e dinamicidade no modo de vida. Esse público preza pelo conforto e praticidade na hora do surf. Costumam agir de acordo com seus princípios que são gratidão, humildade, respeito e compaixão com o semelhante. São pessoas engajadas com programas sociais e do meio ambiente e fazem do surf não apenas um esporte, mas um estilo de vida simplista e humilde a se seguir. 135


Plano de Comunicação Spot (Rádio) A divulgação da nova prancha no mercado pela rádio será feita num programa chamado Expression Session, da 98.1 fm, Mix FM, rádio de Santos. O programa vai ao ar quatro vezes ao dia. A primeira edição ao vivo apresenta as condições dos mares e clima do em todo litoral paulista e as três seguintes trazem notícias sobre o surf. O Expression Session foi criado e é produzido e apresentado pelo surfista e ex correspondente do site de surf Waves na baixada santista. O programa teve início em 1998 na Transamérica Santos, sendo o pioneiro no formato diário sobre surf. Mídias Sociais Será feito um Facebook, um Twitter e um canal no Youtube para a divulgação da prancha. No Facebook, terão postagens diárias sobre notícias do surf, intercalados com fotos dos surfistas utilizando a nova prancha em questão, bem como vídeos postados no Youtube. O Twitter servirá como um divulgador de ambas as mídias citadas anteriormente e um canal para comentários e compartilhamento de experiências com a prancha modular. Revistas A prancha será divulgada em 2 revistas de peso da modalidade: Hard Core e Fluir. A primeira vez que a prancha for divulgada nessas revistas, será com uma reportagem da criação e conceituação da prancha, mostrando os prós de investir num modelo novo no mercado. A reportagem trará a questão filantrópica que envolve a fabricação da prancha e sua utilidade em usos para escolinhas de surf de jovens carentes e daqueles que moram nas periferias e tem dificuldade de se locomover até o mar. Além disso, a reportagem trará a tona as questões pouco lembradas hoje em dia de um surf mais social, em prol do próximo. Nas próximas edições das revistas, terão apenas propagandas de página inteira, nas edições mensais.

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Mídia Impressa Nas estradas Imigrantes, Anchieta, Rio-São Paulo, e Bertioga, terão Outdoors divulgando a prancha. Dentro das lojas especializadas, apenas um banner propaganda em cada uma, com uma foto chamativa e o conceito da prancha inserido.

Evento de Divulgação Será feito um evento de divulgação da prancha, em Novembro de 2015, na praia de Maresias. O evento contará com a participação de alguns surfistas profissionais divulgando as pranchas e ensinando aqueles que participarem do evento a surfar. No evento será feita uma arrecadação de fundos para a doação dessas pranchas a algumas escolas de surf filantrópicas sorteadas. Terá música ao vivo para atrair público, fotos com celebridades do surf, aulas grátis e sorvetes e refrescos para amenizar o calor. O intuito desse evento, não é só divulgar o novo modelo de prancha, mas sim inseri-lo na sociedade como um veículo de inclusão social, acessível a todos.

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Anexo II

Glossรกrio 138


Gírias e vocalulários que a tribo do Surf usa com frequência1: Abar - Quando “filam” (pegam sem permissão) suas coisas no surf, tipo: rango, parafina... ABRASP - Associação Brasileira de Surf Profissional Aerial 360º - Variação dificílima da manobra citada acima, onde o surfista executa a mesma durante um vôo com a prancha. Aloha - Saudação havaiana de boas vindas. Amador - Atleta que não recebe salário. Amarradão - Quando uma pessoa está muito feliz! Arrebentar - Se sair muito bem em uma determinada situação. ASP - Association of Surfing Professional Astrodeck - material feito com borracha especial, aplicado sobre a prancha, servindo assim como anti-derrapante. Aussie - surfista australiano. Back door - Parte da onda que quebra da direita para a esquerda - para quem está olhando da praia. Back side - É quando o surfista pega onda posicionando-se de costas para ela. Back Wash - Pororoca, ou seja, onda que vem ao contrário, da direção da areia. Batida - Manobra em que o surfista acerta a crista da onda com a parte de baixo da prancha. Beach Break - Praia com fundo de areia. Big rider - Surfista que é bom e gosta de pegar ondas grandes. Bóia - é o cara que fica parado dentro da água e a galera passa por ele e pega as ondas, serve de bóia... Boia (2) - Ponto flutuante colocado em competições no outside da arrebentação, pelo qual o surfista competidor deve efetuar uma passagem para ganhar a prioridade de pegar uma onda. Bolha - área da prancha que se encontra danificada, podendo estar ou não com água. A princípio a área fica fofa. 1

Fonte: http://360graus.terra.com.br/surf/default.asp?action=reportagem&did=382

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Bottom (Fundo) - Parte do fundo da prancha (onde ficam as quilhas). Bottom Turn (Cavada) - Manobra onde o surfista faz uma curva na base da onda em direção do lip (crista da onda). Brother - Expressão usada no cumprimento de surfistas ou amigos próximos. (Fala, Brother!) Cabrerão - Medroso, froucho, bundão. Cabuloso - Doideira, esquisito, estranho. Caldo - Quando o surfista cai da prancha. Camisinha - Capa de prancha de tecido elástico que ao ser colocada na prancha se assemelha a um preservativo. Casca grossa - Surfista muito bom em determinadas características / situação difícil. Cavada - Mesmo que bottom turn. CBS - Confederação Brasileira de Surf Amador. Colocar Pilha (Pilhar) - Incentivar fazendo pressão / Aborrecer. Copinho - local da prancha onde se coloca a cordinha, leash ou strep. Crowd - Muita gente surfando numa mesma área. Cut back - Manobra em que o surfista volta na direção contrária da onda e depois retorna na direção normal, formando um ‘s’. Deck - Parte de cima da prancha (onde o surfista pisa). Do Surf - Que faz parte da tribo do surf/ Massa, Doidera, Legal. Drop - Significa descer a onda da crista até a base. Elevador - Passar por uma onda grande, subindo pela frente e descendo por trás. Evolution - prancha com mais espessura e largura, facilitando o drop e cavada. Geralmente vão de 7’até 8’6” e com bico arredondado. Expression Session - Campeonato onde todos os surfistas entram na água e o vencedor é aquele que realiza a melhor manobra entre os competidores. Flat - Mar liso, sem ondas.

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Floater - Manobra em que o surfista flutua, quase sem contato, com a crista da onda, quando ela já está quebrando. Free surfer - Surfista que não entra em campeonatos regularmente. Surfa por puro prazer e de preferência, longe do crowd. Front side - é quando o surfista pega onda posicionando-se de frente para ela. Fundo (Bottom) - Parte do fundo da prancha (onde ficam as quilhas). Glass - Liso, água limpa e transparente, dia de ondas perfeitas, sem nenhum vento. Grab rail - Manobra que o surfista coloca a mão na borda da prancha para pegar um tubo de back side. Grommett - Surfista novo que tem entre 10 a 12 anos de idade. Goofy - Surfista que pisa com o pé direito na frente (base Goofy). Gun - Prancha grande, para ondas grandes. Haolie - Expressão havaiana para surfista de fora do Hawaii/ surfista que não é do local onde está surfando. Hot dog - Prancha pequena, para ondas pequenas. Um surf hot dog é surfado em ondas pequenas e bem manobráveis. Inside - Qualquer lugar dentro da arrebentação, ou seja, a própria arrebentação. Ir Trabalhar - Ir surfar bem cedinho. ISA - International Surfing Association. Jaca - O cara que fica horas para pegar uma onda e quando consegue leva um caldo. Jojolão - Vacilão, cabaço, prego. Juaca - Aquele que é bom em pegar tubos. Kaô - Papo furado (mó kaô= maior papo furado). Larica - Qualquer tipo de comida de preparo instantâneo ou pronta que mate sua fome após o surf ou outras atividades. Leash - Corda utilizada para prender a prancha ao pé do surfista. Leque - Manobra na qual o surfista sobe ao lip da onda e quando puxa a prancha com toda força faz com que a mesma destrua o lip jogando água fazendo a forma de um leque. 141


Lip - Crista da onda. Line Up - Alinhamento dos surfistas no outside (linha de formação das ondas). Localismo - Espécie de rincha entre os surfistas, responsável por muitas brigas e confusões dentro da água, nas disputas pelas ondas. Os surfistas locais (moradores) pensam que têm mais direito ao oceano. Long John - Roupa de borracha para proteger do frio (modelo para o corpo inteiro). Mar Gordo - Quando o mar está com onda largas, que são difíceis de pegar quando se está muito perto do início da mesma. Maral - Vento que sopra do mar em direção a areia, geralmente aumenta o mar. Marola - Parte mais rasa do mar e com ondas menores. Maroleiro - Surfista que gosta de ondas pequenas. Merreca - Onda “péssima”; sem condições de fazer um belo Surf. Merrequeiro - Surfista que só pega ondas pequenas. Me Quebrei - Me dei mal. Mormaço - Quando está cheio de surfista na área e você tenta pegar a onda na sua e os caras ficam te enchendo, pegando as ondas e vindo para cima de você. Morra - onda grande e gigante. Noronha - Local onde não existem direitas nem esquerdas perfeitas. Local de ondas baixas. Off Shore - Vento lateral da terra para o mar. Este vento normalmente é quente e alisa as ondas. On Shore - Mesma coisa que MARAL, ou seja, vento que sopra do mar para terra. Outline - Esboço de uma prancha. É o desenho, a “linha de fora”, o contorno que o shaper utiliza para começar a criar. Outside - Qualquer local para fora da arrebentação. Pala - Dar Bandeira é dar uma pala. Pangas do Pântano - é aquele que mora na praia (caiçara), tem tudo para fazer o esporte (surfar) e tem medo do mar. 142


Pico - Mesmo que Point, local bom para ser freqüentado / Parte mais alta de uma onda. Pipocar - amarelar, ficar com medo de um mar grande ou similar. Point - Qualquer local ou lugar que as pessoas considerem interessante. Point Break - Praia com fundo de pedra. Pororoca - Quando as ondas vão até o raso e voltam, se chocando com as ondas que ainda estão indo, o que atrapalha o surfista quando está descendo. Também conhecido como Back Wash. Prego - Surfista que não sabe pegar onda muito bem. Pro - Surfista profissional, competidor e que ganha dinheiro com o esporte. Queixão - Rabeador: Surfista que dropa no rabo da onda de outro. Quebra-coco - Onda oca e rápida que se forma depois da onda principal estourando bem próximo da praia. Quilha - dá segurança a prancha, direcionando-a na onda e proporcionando manobras. Quiver - prancha. Rabear - É quando um surfista entra na frente da onda de um outro surfista que já está dropando a mesma e acaba por quebrar o lip. Raberar - O mesmo que rabear. Rabuda - Roubar uma onda. Ramado - Do lugar. Rango - Comida. Reef Break - Praia com fundo de coral. Regular - Surfista que pisa como pé esquerdo na frente (base Regular). Rip - Estar no Rip é estar em forma. Secret Point - Local secreto. Sessão - Parte de uma onda. Cada sessão propicia manobras diferentes. Série - Sequência de ondas. Show - Uma coisa boa. “O mar estava show.” 143


Strap - O mesmo que leash ou cordinha. Stryle - Alucinante, parecido com show. Sufrista - Não sabe surfar, mas se acha o melhor na água, fica falando demais e surfando nada. Swell - Ondulação. Tá Show - Está muito bom. Tá Gringo - Quando o mar está excelente. Tail Slide - Manobra em que o surfista derrapa a rabeta da prancha. Pode ser conjugada com outras manobras. Terral - Mesma coisa que Off Shore. Tocossauro - Prancha velha, amarelada, pesada, escabufada. Tube Rider - Surfista quem é bom em tubos. Tubo - Manobra em que o surfista fica dentro da onda. Traction - Borracha anti-derrapante colada no deck da prancha. Trip - Viagem de surf, geralmente para um lugar com altas ondas. Vaca - Tombo; Queda; Wipe Out. Varrer - Quando uma onda grande, ou série de ondas grandes pega todos desprevenidos no inside. WCT - World Championship Tour, é a 1ª divisão do Circuito Mundial de Surf. Wipe Out - Mesmo que Vaca; ou seja, tombo, queda. WQS - World Qualifing Series, é a 2ª divisão do Circuito Mundial de Surf.

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Bibliografia

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Vídeos Documentários Dogtown and Z-Boys. Ficha Técnica: Título Original: Dogtown and Z-Boys. Gênero: Documentário. Tempo de Duração: 87 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2001. Site Oficial: <www.dogtownmovie.com>. Estúdio: Agi Orsi Productions / Vans Off the Wall. Distribuição: Sony Pictures Classics / Imagem Filmes. Direção: Stacy Peralta. Roteiro: Stacy Peralta e Craig Stecyk. Produção: Agi Orsi. Música: Paul Crowder e Terry Wilson. Fotografia: Peter Pilafian. Desenho de Produção: Craig Stecyk. Edição: Paul Crowder. VARIAL SURF TECHNOLOGY. What is Varial Foam?. Fev, 2014. Disponível em: http://vimeo. com/84251831.

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